Resumos do VII Congresso Brasileiro de Agroecologia – Fortaleza/CE – 12 a 16/12/2011
10890 - Fisiologia das sementes de Fava D’antas (Dimorphandra mollis Benth) após
tratamento térmico, biológico e extratos.
Physiology of seeds Fnts Clarosava D'tapirs (Dimorphandra mollis Benth) after thermal
treatment, biological and extracts
SOARES, Eriksen Patric Silva¹; SOUZA, Ana Paula Rocha ²; OLIVEIRA, Patrícia
Cristina1; FLÁVIO, Nicoletta Stefânia Dias Silva²; AZEVEDO, Daiana Maria Queiroz²;
SALES, Nilza de lima Pereira²
1
Universidade estadual de Montes Claros - UNIMONTES, campus Janaúba – MG.
eriksenpatric@yahoo.com.br; oliveira.patricia30@yahoo.com; 2Universidade Federal de Minas Gerais–
UFMG. Apaula_moc@hotmail.com; daianamaria3@yahoo.com.br; nsales_ufmg@hotmail.com.
Resumo: A fava d’anta (Dimorphandra mollis Benth.) tem um grande potencial
econômico, entretanto toda essa matéria-prima é extraída de forma descontrolada, não
havendo o cuidado com a multiplicação da espécie. Alternativas de tratamento de
sementes se mostram necessárias, para substituição dos químicos, dessa forma
objetivou-se com este trabalho verificar a influência dos métodos alternativos sobre a
qualidade fisiológica das sementes. As sementes foram tratadas por meio da termoterapia
(calor seco e úmido), dos extratos (canela e pimenta-do-reino), e do controle biológico
utilizando isolado de trichoderma sp. As sementes tratadas foram submetidas ao teste
padrão de germinação e vigor. O tratamento de sementes com extratos de canela,
pimenta – do – reino, água quente a 50°C por 30’ e calor seco 70°C por 96h, não
interferem na fisiologia das sementes, somente o tratamento biológico interferiu na
germinação, vigor e IVG das sementes.
Palavras-Chave: Controle biológico, termoterapia, germinação, qualidade fisiológica
Abstract: The fava d'anta (Dimorphandra mollis Benth.) Has a great economic potential,
however all this raw material is extracted in an uncontrolled manner, with no care for the
multiplication of the species. Alternative seed treatment may be required to replace the
chemicals, thus aimed to check this work the influence of alternative methods on the
physiological quality of seeds. The seeds were treated with thermotherapy (moist and dry
heat), extracts (cinnamon and black pepper kingdom), and biological control using
Trichoderma sp. The treated seeds were tested with standard germination and vigor. Seed
treatment with extracts of cinnamon, pepper - the - kingdom, hot water at 50 ° C for 30
'and 70 ° C dry heat for 96 hours, do not affect the physiology of seeds, only the biological
treatment interfered with the germination, vigor and IVG seeds.
Key Words: Biological Control, Thermotherapy, germination, physiological quality
Introdução
Diante da intensa exploração de espécies nativas do cerrado pela indústria farmacêutica e
cosmética, de grande importância na produção de medicamentos, encontra-se a fava
d’anta (Dimorphandra mollis Benth.) familia Fabaceae (Subfamilia Caesalpinioideae) – é
conhecida popularmente como fava-d'anta, faveira, favela e falso barbatimão, entre
outros. Onde ela tem sido bastante explorada devido seu principio ativo do composto
rutina, presente no seu fruto (YOKOZAWA et al. 1997). As sementes são portadoras de
microrganismos que podem interferir na germinação e vigor. O tratamento de sementes,
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para o controle de patógenos que causem dano econômico mais utilizado é o controle
químico, seguido pelo controle físico e o biológico.
A utilização de Trichoderma spp. no controle de patógenos de plantas tem seu efeito
comprovado, certas linhagens podem ter efeito benéfico no crescimento e no
florescimento de plantas (BAKER, 1989). De acordo com Melo (1996), o Trichoderma
possui mecanismos de ação pelos quais podem atuar, esses mecanismos são antibiose,
hiperparasitismo, competição e também em alguns casos através de promoção de
crescimento.
A termoterapia consiste em expor as sementes à ação do calor, onde o calor em
combinação com o tempo de tratamento, visa à erradicação ou redução do inóculo
infectivo de um agente causador de doenças. A transferência de calor pode ser feita
através da água, vapor e calor seco. Trata-se de uma medida que requer rigoroso controle
da binômia temperatura e tempo de exposição (MACHADO, 2000; ZAMBOLIM, 2005).
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi propor métodos alternativos para o
controle de patógenos de sementes de D. mollis e verificar a influência dos tratamentos
sobre a qualidade fisiológica das sementes.
Metodologia
Os ensaios foram conduzidos nos Laboratórios de Fitopatologia e de Sementes, do
Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais em Montes Claros
no Norte de Minas Gerais. O experimento foi realizado no mês de Junho de 2011. As
sementes são procedente da comunidade de Aboboras, município de Montes Claros -MG
e foram colhidas em agosto de 2010.
No método com calor seco, as amostras serão subdivididas em partes iguais para uma
pré-secagem para que as sementes perdessem umidade em estufa de circulação forçada
de ar por 24h a 30°C. Posteriormente, essas foram acondicionadas em saquinhos de filó e
submetidas ao período de exposição ao calor por 96 horas, em estufa com circulação
forçada de ar, regulada para temperatura constante de 70°C (SILVA et al., 2002).
No método da água quente, seguiu-se a metodologia descrita por Carmo et al. (2004),
com algumas modificações. Amostras de sementes foram colocadas em recipientes de
vidro contendo 100mL de água destilada, os quais foram mantidos em banho-maria com
temperatura ajustada para 50°C, por 30 minutos de exposição. A suspensão de sementes
foi periodicamente agitada manualmente.
O isolado de trichoderma sp. utilizado no tratamento de semente foi obtido no ICA, de
trichoderma sp. foram desenvolvidas em meio de cultura Batata-Dextrose-Agar
(FERNANDEZ, 1993) por sete dias, a 25º +/- 2ºC e fotoperíodo de 12 horas.
Para inoculação das sementes com o agente de biocontrole, foi preparada uma
suspensão com conídios de Trichoderm em água destilada e esterilizada, na qual as
sementes ficaram submersas por três minutos (FARIA et al., 2003). A concentração da
solução, determinada em câmara de Neubauer, foi de aproximadamente 106 conídios por
mililitro.
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Os extratos aquosos foram obtidos a partir de pimenta do reino (Syzygium aromaticum) e
canela (Cinnamomum zeylanicum). Para a obtenção dos extratos foram utilizados 20g do
material vegetal com 100 ml de água destilada autoclavada (AQUINO et al., 2010). Em
seguida as sementes foram colocadas em contato com os respectivos extratos por 15
minutos. Sendo agitada constantemente com o auxilio de um bastão de vidro.
Para verificação se os tratamentos afetam a germinação das sementes, realizou-se um
teste de germinação, conforme metodologia descrita por Brasil (2009). Para o teste de
germinação, utilizaram-se 200 sementes (quatro repetições de 50 sementes) para cada
tratamento, distribuídas em papel germitest, mantidas em câmara de geminação com
temperatura constante de 25°C, conforme normas padrão. O substrato foi umedecido com
água destilada na quantidade equivalente a 3,0 vezes o peso do papel seco.
Foram realizadas contagens diárias de emissão de radícula, após 24 horas de deposição
das sementes no germinador. As avaliações sobre plantas normais, necrose, foram
realizadas no ultimo dia de contagem, ou seja, nos 15 dias segundo Honorio (2010). Ao
final desse período determina-se o IVG (Índice de velocidade de germinação) através do
somatório do número de plântulas germinadas em cada dia, dividindo-se pelo número de
dias decorridos entre a semeadura e a emergência, de tal maneira que o maior índice
indicou maior vigor. Para o cálculo foi utilizada a fórmula sugerida por Maguire (1962),
citada por Carvalho e Nakagawa (2000):
em que:
IVG = índice de velocidade de germinação;
G1, G2, Gn = número de plântulas germinadas na primeira, segunda, até a última
contagem;
N1, N2, Nn = número de dias da semeadura à primeira, segunda, até a última contagem.
Resultados e discussão
Observou-se efeito significativo dos tratamentos. Os tratamentos calor úmido, extrato de
canela, extrato de pimenta-do-reino, fungicida não interferiram na germinação das
sementes, quando comparado com a testemunha. Quando se realizou o tratamento
biológico, houve redução da germinação, foi observado que as sementes apodrentavam
depois de germinadas, devido à presença do fungo nas sementes (TAB. 1). Quando se
usou fungicida e calor úmido foram observado às melhores medias de germinação das
sementes.
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Tabela 1: Medias de germinação das sementes de Fava D’anta, aos 15 dias da semeadura,
quando submetidas aos tratamentos térmicos, com extratos vegetais, tratamento biológico e com
fungicida CERCOBIN 700 WP.
Testemunha
Calor úmido
Canela
Pimenta
Biológico
Fungicida
Calor seco
CV
Germinação das sementes(médias) e comparações
49 A
49 A
47,5 A
47,5 A
30,45 B
49 A
46,5 A
2.362
*Medias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas na coluna, não diferenciam entre si pelo teste de Tukey 5% de
probabilidade.
Houve efeito significativo entre os tratamentos, onde quando somente o tratamento
biológico diferiu do fungicida. Quando se tratou com fungicida o vigor das sementes foi o
melhor, diferindo estatisticamente do tratamento biológico, pois o mesmo deteriorou as
sementes. E ainda os outros tratamentos, não diferiram entre si, nem do controle
biológico e do fungicida (TAB. 2).
Houve efeito significativo, o tratamento que diferiu da testemunha e dos demais,
estatisticamente foi o tratamento biológico, obtendo pior media no índice de velocidade de
germinação (IVG) e não diferindo estatisticamente dos tratamentos térmico. O tratamento
biológico foi seguido pelo calor seco (70°C), calor úmido (50°C), respectivamente. Os
tratamentos que obtiveram maiores médias de índice de velocidade de germinação (IVG)
comparadas á testemunha sendo assim um incremento no IVG foram o fungicida, canela
e pimenta–do–reino e, constituindo o último o que obteve maiores medias (TAB. 2).
Tabela 2: Media da germinação, aos cinco dias após a semeadura (vigor) e medias do índice de
velocidade de germinação (IVG), contagem do 1 dia após plantio ao 15 dia das sementes
germinadas de sementes de fava d’anta submetidas aos tratamentos térmicos, extratos vegetais,
biológico e fungicida CERCOBIN 700 WP.
Tratamentos
Testemunha
Calor úmido
Canela
Pimenta
Biológico
Fungicida
Calor seco
CV
Tratamentos
Testemunha
Calor úmido
Canela
Pimenta
Biológico
Fungicida
Calor seco
CV
Vigor das sementes (médias) e comparações
45.2500 AB
33.5000 AB
47.0000 AB
46.5000 AB
30.5000 B
48.5000 A
45.5000 AB
16.518
IVG (médias) e comparações
69.6785 A
66.7892 AB
74.8555 A
81.1940 A
50.2026 B
74.7016 A
64.7643 AB
12.664
*Medias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas na coluna, não diferenciam entre si pelo teste de Tukey 5% de
probabilidade.
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Esse experimento diverge com Luz (2003), onde trabalhou no tratamento biológico de
sementes de milho, onde não interferiu na germinação. Sendo que no presente trabalho
no tratamento biológico foi observado os piores resultados de germinação, vigor e índice
de velocidade de germinação (IVG). Catão et al. (2010) e Aquino et al. (2010), realizaram
estudos no tratamento de sementes de mamona e girassol respectivamente, com extratos
de canela e pimenta – do– reino, sendo que este trabalho concorda com os autores, na
questão da não interferência do extrato de pimenta – do – reino, sobre a fisiologia das
sementes, e discorda com os mesmo pois discorreram que o tratamento de canela reduz
a germinação e o vigor das sementes e o presente trabalho mostrou que não houve
interferência na germinação com o extrato de canela. E ainda concorda com Marroni et al.
(2009), pois este realizou tratamento de sementes de mamona com água quente, e
mostrou que o tratamento não interfere na germinação, concordando com o presente
trabalho. Além disso, Zanatta et al. (2002), realizou o tratamento de sementes de mamona
com calor, discordando com o presente trabalho, pois o seu trabalho reduziu a
germinação estatisticamente.
Conclusão
Este trabalho mostrou que o tratamento de sementes com extratos de canela, pimenta –
do – reino, água quente a 50°C por 30’ e calor seco 70°C por 96h, não interferem na
fisiologia das sementes, somente o tratamento biológico interferiu na germinação, vigor e
IVG das sementes.
Agradecimentos
A FAPEMIG pelo apoio financeiro.
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