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PERCENTUAL DE GORDURA E IMC: PERFIL DOS ESTUDANTES DE 6 A 10 ANOS DE IDADE DA CIDADE DE MUZAMBINHO-MG Leticia A. C. SPOSITO¹; Ivair A. DANZINGER¹; Gusthavo A.A. RODRIGUES¹; Amanda C. PRODÓCIMO¹; Stéfani A. M. REIS¹; Erik V. O. DOPPI¹; Lucas F. SOUZA¹; Wagner Z. FREITAS²; Elisângela SILVA². RESUMO O grande índice de obesidade mundial é considerado um problema de saúde pública e atinge principalmente a fase infantil, podendo causar problemas graves, como a diabetes e doenças do coração. Por isso, se torna importante à detecção de sobrepeso e obesidade nessa fase da vida. O objetivo do estudo foi investigar o perfil dos estudantes de 6 a 10 anos de idade da cidade de Muzambinho - MG, com o Índice de Massa Corporal (IMC) e o Percentual de Gordura (PG), através das dobras cutâneas. A amostra foi composta por 643 crianças de ambos os sexos, com 312 do sexo feminino e 331 do sexo masculino. Os resultados demonstraram que somente o grupo FEM7 na variável IMC indicou “sobrepeso” e os meninos no grupo MAS7 e MAS10 foram classificados em “sobrepeso” e os grupos MAS9 e MAS10 apresentaram um %G classificado como “moderadamente alto”. Conclui-se que os estudantes que participaram desta pesquisa na sua maioria apresenta valores normais em relação ao IMC e ao %G. 1 Graduandos do curso superior de Educação Física do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Câmpus Muzambinho. Muzambinho /MG, email: sposito.ef@gmail.com. 2 Docentes do curso superior de Educação Física do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Câmpus Muzambinho. Muzambinho /MG, email: prof.elisangela@gmail.com. INTRODUÇÃO A obesidade é uma doença crônica e complexa, caracterizada pelo excesso de gordura corporal. Atualmente, é um dos mais importantes problemas de saúde pública e que atinge diversas populações e faixas etárias (VENY et al., 2013). Contudo, na infância exige-se atenção, pois são detectadas diversas doenças relacionadas à obesidade, sendo associadas a várias condições mórbidas como diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, cardiopatias, doenças cardiovasculares, problemas ortopédicos e posturais (POETA; DUARTE; GIULIANO, 2010; SILVA; BALABAN; MOTTA, 2005). Nesse sentido, é fundamental que a população infantil receba assistência. Por isso, o método mais utilizado mundialmente e o mais difundido para quantificar e qualificar o grau de obesidade de grandes populações é o Índice de Massa Corporal (IMC), devido à facilidade e o baixo custo (SARDINHA et. al., 1999; GIUGLIANO; MELO, 2004). Outra forma de avaliação da composição corporal é a mensuração das dobras cutâneas, a partir da separação do tecido adiposo da massa corporal total. Podendo assim calcular o percentual de gordura do indivíduo (MARINS; GIANNICHI, 2003). Segundo Monteiro (1998) o excesso de gordura corporal e principalmente sua distribuição na região central do corpo representa riscos à saúde, por isso a avaliação reside na possibilidade de estimar a quantidade total de gordura e conhecer o seu padrão de distribuição em diferentes regiões do corpo. Por isso, o objetivo do estudo é verificar o perfil dos estudantes de 6 a 10 anos da cidade de Muzambinho - MG, com o Índice de Massa Corporal (IMC) e o Percentual de Gordura (PG), através das dobras cutâneas. METODOLOGIA Amostra: realizou-se um estudo transversal de natureza quantitativa, com uma amostra de 643 crianças com idade entre 6 a 10 anos, sendo 331 do sexo masculino e 312 do sexo feminino. Fez-se ainda uma subdivisão dos grupos supracitados de acordo com a idade: FEM6 (n = 75), FEM7 (n = 70), FEM8 (n = 50), FEM9 (n = 64), e FEM10 (n = 53): grupos compostos por crianças do sexo feminino com idades de 6, 7, 8, 9 e 10 anos respectivamente; e MAS6 (n = 73), MAS7 (n = 60), MAS8 (n = 73), MAS9 (n = 63), e MAS10 (n = 62): grupos compostos por crianças do sexo masculino com idades de 6, 7, 8, 9 e 10 anos respectivamente. Os responsáveis pelas crianças foram informados pelos autores do estudo sobre os procedimentos e objetivos da pesquisa, por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os quais autorizaram ou não a participação dos menores na pesquisa. Idade TABELA 1 - Caracterização da amostra do sexo feminino FEM FEM6 FEM7 FEM8 FEM9 6 7 8 9 7,8+1,4 Peso 30,1+8,9 22,8+3,6 27,9+7,0 31,4+7,8 Estatura 1,3+0,1 1,20+0,09 1,26+0,05 1,31+0,06 1,35+0,06 1,42+0,06 32,9+7,8 FEM10 10 38,6+9,1 Legenda: FEM: grupo composto por crianças do sexo feminino; FEM6: grupo composto por crianças do sexo feminino com 6 anos de idade, FEM7: grupo composto por crianças do sexo feminino com 7 anos de idade, FEM8: grupo composto por crianças do sexo feminino com 8 anos de idade; FEM9: grupo composto por crianças do sexo feminino com 9 anos de idade; FEM10: grupo composto por crianças do sexo feminino com 10 anos de idade. TABELA 2 - Caracterização da amostra do sexo masculino MAS MAS6 MAS7 MAS8 MAS9 MAS10 Idade 7,9+1,4 6 7 8 9 10 Peso 30,5+8,6 24,4+4,3 27,8+6,0 29,7+7,6 34,4+8,5 37,1+9,2 Estatur a 1,3+0,1 1,21+0,06 1,27+0,06 1,31+0,0 1,35+0,0 1,40+0,0 6 6 7 Legenda: MAS: grupo composto por crianças do sexo masculino; MAS6: grupo composto por crianças do sexo masculino com 6 anos de idade, MAS7: grupo composto por crianças do sexo masculino o com 7 anos de idade, MAS8: grupo composto por crianças do sexo masculino com 8 anos de idade; MAS9: grupo composto por crianças do sexo masculino com 9 anos de idade; MAS10: grupo composto por crianças do sexo masculino com 10 anos de idade. Os escolares foram submetidos à avaliação antropométrica, através das seguintes variáveis: a) medida da massa corporal através de uma balança com sensibilidade de 0,01 g (Plenna); b) estatura, sendo medida com estadiômetro (Sanny); e c) dobras cutâneas nos pontos tricipital e panturrilha, utilizando o adipômetro científico (Cerscof). Todos os procedimentos foram realizados de acordo com as descrições de Fernandes Filho (2003). Calculou-se o IMC através da divisão do peso (em quilos) pela estatura (em metros) elevada ao quadrado, e para estimar o percentual de gordura fez-se uso da equação de Slaughter et al. (1988). Para análise dos dados utilizou-se dos recursos da estatística descritiva (média e desvio padrão). Fez-se uso, ainda do Teste ANOVA com o procedimento Post Hoc de Sheffe para p<0,05, utilizando-se o software IBM SPSS - versão 20. RESULTADOS E DISCUSSÕES Inicialmente serão apresentados os valores médios das variáveis analisadas nos grupos FEM, FEM6, FEM7, FEM8, FEM9, FEM10, MASC, MASC6, MASC7, MASC8, MASC9, MASC10 (figuras 1 e 2). FIGURA 1 - Valores médios do IMC e %G dos grupos do sexo feminino Legenda: FEM: grupo composto por crianças do sexo feminino; FEM6: grupo composto por crianças do sexo feminino com 6 anos de idade, FEM7: grupo composto por crianças do sexo feminino com 7 anos de idade, FEM8: grupo composto por crianças do sexo feminino com 8 anos de idade; FEM9: grupo composto por crianças do sexo feminino com 9 anos de idade; FEM10: grupo composto por crianças do sexo feminino com 10 anos de idade; IMC; índice de massa corporal; %G: estimativa do percentual de gordura corporal;* significativo para p<0,05; ** significativo para p<0,01. Ao analisar o IMC pode-se afirmar que o grupo FEM6 apresenta um valor significativamente inferior que o grupo FEM9 (p<0,05) e FEM10 (p<0,01). Contudo, ao analisar qualitativamente estes resultados os grupos FEM6, FEM8, FEM9 e FEM10 apresentam uma classificação considerada “normal”, porém o grupo FEM7 se classifica em “sobrepeso” (USAID, 2013). Observando os resultados para o % G, o grupo FEM6 apresentou valores inferiores que os grupos FEM7, FEM8, FEM9 e FEM10 (p<0,01), porém quando analisamos qualitativamente estes dados podemos perceber que os grupos apresentam o % G em uma classificação “adequada” (BRISTISH JOURNAL OF NUTRITION,1990). Os resultados obtidos no IMC e % G apresentaram na sua maioria valores classificados como “normais”. Somente o grupo FEM7 na variável IMC indicou “sobrepeso”, porém ao analisar a tabela proposta pela USAID (2013) para a faixa etária de 7 anos verificou-se que a amostra deste estudo apresentou valores médios correspondentes ao valor inicial da faixa de sobrepeso que é de 17,3 a 19,7 kg/m². FIGURA 2 - Valores médios do IMC e %G dos grupos do sexo masculino Legenda: MAS: grupo composto por crianças do sexo masculino; MAS6: grupo composto por crianças do sexo masculino com 6 anos de idade, MAS7: grupo composto por crianças do sexo masculino o com 7 anos de idade, MAS8: grupo composto por crianças do sexo masculino com 8 anos de idade; MAS9: grupo composto por crianças do sexo masculino com 9 anos de idade; MAS10: grupo composto por crianças do sexo masculino com 10 anos de idade; IMC; índice de massa corporal; %G: estimativa do percentual de gordura corporal;* significativo para p<0,05; ** significativo para p<0,01. Quando se analisa a variável do IMC pode afirmar que o grupo MASC6 apresenta um valor significativamente inferior que o grupo MAS9 (p<0,01) e que o grupo MAS10 (p<0,01). Contudo, ao analisarmos qualitativamente estes resultados os grupos MAS6, MAS8 e MAS9 apresentam uma classificação considerada “normal”, porém o grupo MAS7 e MAS10 foram classificados em “sobrepeso” (USAID, 2013). Quando se analisa a variável do % G o grupo MAS6 apresentou valores significativamente menores que o grupo MAS9 e MAS10 (p<0,01), porém quando se analisa qualitativamente os grupos MAS6, MAS7 e MAS8 verifica-se que estes se classificam com um % G considerado “adequado”, já os grupos MAS9 e MAS10 apresentaram um %G classificado como “moderadamente alto” (BRISTISH JOURNAL OF NUTRITION,1990). Confrontando os dados qualitativos com o grupo feminino pode-se destacar que o grupo masculino apresentou classificações superiores para a adiposidade corporal. O IMC foi o que mais apresentou semelhança entre o grupo feminino e masculino, pois o FEM7 de ambos se classificou em “sobrepeso”. Relacionando o % G apresentado por todas as faixas etárias das meninas, a classificação se manteve em “adequada”, diferente dos meninos que MAS9 e MAS10 obtiveram classificação “moderadamente alta”. CONCLUSÃO Concluí-se que os valores obtidos no IMC e % G apresentaram na sua maioria valores classificados como “normais” para as meninas, somente o grupo FEM7 na variável IMC indicou “sobrepeso”. Já para os meninos o grupo MAS7 e MAS10 foram classificados em “sobrepeso” e os grupos MAS9 e MAS10 apresentaram um %G classificado como “moderadamente alto”. Por fim, o grupo masculino apresentou classificações superiores para a adiposidade corporal. REFERÊNCIAS BRISTISH JOURNAL OF NUTRITION. Classificações do percentual de gordura na composição corporal para crianças e adolescentes de 7 a 17 anos. Disponível em: <http://www.saudeemmovimento.com.br/saude/tabelas/tabela_de_referencia_composicao. htm>. Acesso em: 10 abr. 2013. FERNANDES FILHO, J. A Prática da Avaliação física. 2. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003. MARINS, J. C. B. Revisão crítica dos métodos disponíveis para avaliar a composição corporal em grandes estudos populacionais e clínicos. Archivos Latinoamericanos de Nutricion, v. 57, n. 4, p. 327-334, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.org.ve/pdf/alan/v57n4/art04.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2013. MARINS, J. C.; GIANNICHI, R. S. Avaliação e prescrição da atividade física. Rio de Janeiro: Shape, 2003. MONTEIRO, W. Personal Training: Manual para avaliação e prescrição de condicionamento físico. Rio de Janeiro: Sprint, 1998. POETA L. S.; DUARTE M. F. S; GIULIANO I. C. B. Qualidade de vida relacionada à saúde de crianças obesas. Rev Assoc Med Bras, v. 56, n. 2, p. 168-72, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ramb/v56n2/a14v56n2.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2013. SILVA G. A. P; BALABAN G; MOTTA M. E. F. A. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes de diferentes condições socioeconômica. 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Disponível em: <http://www.plosone.org/article/fetchObject.action?uri=info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal .pone.0063999&representation=PDF>. Acesso em: 27 jun. 2013.