A presente obra se alinha aos Estudos Críticos Animais como campo epistêmico politicamente engajado com as lutas sociais voltadas à proteção dos demais animais. Este campo de pensamento e ação recusa a lógica da “teoria pela teoria” e... more
A presente obra se alinha aos Estudos Críticos Animais como campo epistêmico politicamente engajado com as lutas sociais voltadas à proteção dos demais animais. Este campo de pensamento e ação recusa a lógica da “teoria pela teoria” e reconhece os entrecruzamentos e multidimensionalidades das relações de opressão. Desta forma, os autores e capítulos que seguem, de forma transdisciplinar, trazem à tona questões relevantes e atuais relativas às relações que construímos cotidianamente com nossos outros animais. Cada qual em sua área de saber (e por vezes se insurgindo contra a fixadez disciplinar), se engajam nas discussões emergentes no contexto do Antropoceno. De uma forma ou de outra, conscientes ou não, os artigos que seguem são interpelados pela principiologia dos ECA, formando um compósito orgânico de narrativas contestatórias, em favor das animalidades humanas e além-das-humanas.
No presente ensaio, tentaremos entender em que medida a tradição filosófica galgada no princípio de igualdade, atrelado à noção de natureza humana, teria paulatinamente conduzido à justificação e, até mesmo, à fundamentação da... more
No presente ensaio, tentaremos entender em que medida a tradição filosófica galgada no princípio de igualdade, atrelado à noção de natureza humana, teria paulatinamente conduzido à justificação e, até mesmo, à fundamentação da desconsideração ético-política do animal e da animalidade. Mais precisamente, a partir de uma perspectiva que interpreta os estudos de Michel Foucault acerca do cuidado de si no período socrático-platônico, sob a luz [A] das análises de Jean-Pierre Vernant no que concerne às diferenças entre a Antiguidade arcaica e a clássica e [B] das reflexões de Judith Butler a propósito da violência moral, indicaremos de que modo a emergência filosófica do princípio de igualdade teria influenciado na estruturação de uma dinâmica moralista que violenta explícita ou implicitamente o animal e, com ele, todos e todas que se distinguem biológica ou eticamente das normas que descrevem o ser humano e que prescrevem a sua humanidade. O nosso artigo é constituído por quatro partes que marcam a temporalidade da questão animal e que manifestam sua urgência no presente histórico. Através da narração de possíveis articulações entre o presente e o passado, buscamos diagnosticar os limites antropocêntricos da filosofia ético-política e, ao mesmo tempo, vislumbrar relações não-antropocêntricas entre humanos e animais.
Este ensaio pretende estabelecer uma fala plural que se faz efeito molecular de determinada aliança demoníaca, a qual se estabeleceu a partir do momento em que corpos excentricamente distintos se entrecruzaram e, desse modo, ensejaram uma... more
Este ensaio pretende estabelecer uma fala plural que se faz efeito molecular de determinada aliança demoníaca, a qual se estabeleceu a partir do momento em que corpos excentricamente distintos se entrecruzaram e, desse modo, ensejaram uma modificação heterotópica, bastante pontual, mas não menos resistente, no que tange a um cenário que não pode ser captado por aqueles que ainda vivem sob o espectro de relações idênticas e narcísicas, incapazes de ultrapassar o estranho limite de um humanismo absoluto.