Identidade Luso-Brasileira
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Este trabalho propõe-se a observar uma pequena série de espaços virtuais - blogs e plataformas digitais - destacando elementos alusivos ao fado, gênero musical característico da nacionalidade portuguesa, como referência a identidade da... more
Este trabalho propõe-se a observar uma pequena série de espaços virtuais - blogs e plataformas digitais - destacando elementos alusivos ao fado, gênero musical característico da nacionalidade portuguesa, como referência a identidade da comunidade luso-brasileira nestes ambientes. De caráter exploratório, esta breve análise apóia-se na perspectiva da história do tempo presente, enfatizando aspectos relacionados a dimensão da memória, usos do passado e acervos digitais.
- by Igor Lemos Moreira and +1
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- Fado, Cibercultura, Memoria, História do Tempo Presente
Em 2017, a empresa de comunicação e produção cinematográfica “Brasil Paralelo” lança o primeiro episódio de uma série documental sobre a História do Brasil com a proposta de levar ao público a narrativa sobre uma história brasileira... more
Em 2017, a empresa de comunicação e produção cinematográfica “Brasil Paralelo” lança o primeiro episódio de uma série documental sobre a História do Brasil com a proposta de levar ao público a narrativa sobre uma história brasileira pautada em “sacrifício, virtude e coragem que por muito tempo nos foi negada”. Intitulada de “Brasil, a Última Cruzada”, a série tem como base um esforço intelectual de viés nacionalista e conservador, acentuando, sobretudo, valores como a bravura, fé, coragem e honra dos conquistadores portugueses na construção do que seria uma identidade nacional puramente luso-brasileira. Desde a vitória de Jair Bolsonaro no pleito eleitoral de 2018 os usos de um passado glorioso ligados à valorização do elemento europeu de colonização acentuaram-se no Brasil. É comum visualizarmos nas redes sociais, principal seara de atuação dos apoiadores e até mesmo ideólogos do governo bolsonarista, um verdadeiro culto aos valores medievais, e às raízes lusitanas do Brasil, seja por vezes na predileção pela herança étnica e linguística, seja também pela constante militância virtual em prol da fé cristã. Dentro deste ambiente, não raro, pode-se testemunhar generalizações rasas e eurocêntricas sobre o processo de construção da identidade nacional brasileira, bem como o escamoteamento dos povos originários e da população negra escravizada que compuseram o mesmo. Desse modo, tal compreensão nacionalista e idealizada de uma suposta identidade brasileira puramente europeia e pautadas em valores deslocados da construção histórica de formação do Estado brasileiro, torna-se um assunto a ser devidamente esclarecido e analisado sobre o prisma de uma compreensão histórica séria e pautada em método. Portanto, o estudo de temporalidades mais afastadas como a Antiguidade e Medievalidade torna-se essencial para o estudo das apropriações contemporâneas de suas narrativas e fatos, bem como da utilização destes para dotar de uma legitimidade puramente fabricada discursos políticos que se assumem como representantes da “verdadeira história nacional”. Desse modo, o presente trabalho propõe debater e analisar a herança medieval “heroica” lusitana a partir de uma perspectiva de compreensão não idealizada do período medieval, e da história medieval portuguesa em si, além de refletir sobre o esforço de construção de uma identidade brasileira que dialoga abertamente com o imaginário social dos setores reacionários e conservadores que orbitam em torno do atual governo, bem como debater seus usos, distorções e apropriações históricas para consolidação de um senso comum sobre tais fatos no sociedade brasileira atual.