Form Prof HQ
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usando o computador
Introdução
Machado (2011) apresenta duas perspectivas do conhecimento que são: ter posse
de informações ou ir além das informações relacionando a ideia de conceber projetos,
de extrapolar. Compartilhamos com o autor citado a ideia de que para ter projetos é
necessário projetar com o outro, sendo assim o fazer do professor precisa estar pautado
em ações que colocam ele, os alunos, outros professores e o conhecimento em uma rede
colaborativa. Para isso as relações de comunicação são indispensáveis.
Assim a escola, como local onde ocorrem práticas educacionais, não deixa de ser
um ambiente de comunicação e neste sentido é necessário a troca de significados entre
seus pares. Vale ainda argumentar que as relações de comunicação são modificadas de
acordo com o momento histórico da sociedade: basta lembrar as formas de
comunicação através de carta num passado não tão distante e as do presente através da
internet. Posto isto, as inovações das tecnologias de informação e comunicação (TICs)
são reconhecidas como recursos tecnológicos da atualidade e que são utilizadas como
mecanismos de comunicação. Como destaca Lévy (1993) dentre as três componentes
1
- Doutorando em Educação-USP e Professor de Ciências e Biologia na Rede Pública Municipal de São Paulo
2
- Professor associado - Faculdade de Educação - USP
quanto das aplicações metodológicas das novas tecnologias, além das compreensões
cognitivas de como ocorre a aprendizagem.
Portanto não se trata de fazer um chamamento para que se abandone o livro
didático, mas que estimule o professor a também produzir materiais e conhecimento do
saber científico, além de reconhecer materiais com potencial de aprendizagem.
Histórias em Quadrinhos e Educação
Santana, Serra e Arroio (2008), destacam que os quadrinhos são sequencias de
imagens pictóricas e gráficas justapostas com o objetivo de transmitir informações e/ou
produzir uma resposta no leitor. Por utilizarem figuras e ilustrações, a rigidez de uma
informação é transmitida de forma mais flexível.
Dispositivos como balões de fala e quadros são usados para indicar diálogo,
estabelecer comunicação e transmitir informações, enquanto painéis, layout, tarjetas e
fitas podem ajudar a compreender o fluxo da história. Quadrinhos são meios gráficos no
qual imagens são utilizadas para transmitir uma narrativa sequencial. Usando texto,
simbolismo, design, iconografia técnica e literária, mistura mídia e elementos
estilísticos de arte para criar um subtexto de significados.
Metodologia
Apresentamos neste trabalho quatro sequencias de HQ (histórias em quadrinhos)
produzidas por professores das séries iniciais do Ensino Fundamental, da Rede Pública
do município de São Bernardo do Campo, matriculados em um curso de especialização
denominado Ensino de Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Tal curso foi
realizado durante o ano de 2011 na Faculdade de Educação da Universidade de São
Paulo. Além das sequencias supracitadas, também utilizamos trechos das
argumentações dos professores a respeito dos quadrinhos e os recursos da informática.
Para obter tais trechos nos baseamos nas narrativas dos professores, elaboradas durante
a vigência do curso. Os professores utilizaram o software MK-Gibi para produzir as
histórias em quadrinhos. O software é livre para download e foi desenvolvido pela
equipe Microkids, mas também pode ser utilizado um editor de texto.
Resultados e discussão
Reconhecemos a importância das histórias em quadrinhos utilizadas com recursos
da informática, como já discutida ao longo deste trabalho. No entanto faz-se necessário
refletir sobre estes recursos quando atrelamos com a formação dos professores, assim
abordaremos a seguir alguns aspectos encontrados nesta pesquisa que permitam uma
reflexão em processos reais de ensino e aprendizagem.
Figura 3: A onça que não tinha onde morar (proposta para séries iniciais do E. Fund.)
A sequência acima trabalha com a ideia de contrários, fazendo justamente uma das
propostas dos quadrinhos que é a utilização da ironia, do lúdico e, principalmente, a
compreensão de histórias com relação entre texto e imagens que se completam de forma
sintética produzindo um entendimento da narrativa. Também encontramos problemas
com o tipo de letra já discutido nos quadrinhos anteriores.
Reforçamos com os argumentos de uma professora questões como o trabalho
prévio, o cuidado com a linguagem e objetivos claros e com conhecimento “há nas
escolas laboratórios de informática para a construção deles centralizando o conteúdo e
os objetivos que queremos atingir. Mas esta construção, precisa ser um trabalho
interdisciplinar com síntese, produção de texto, os desenhos, tudo deve ser articulado
para mostrar que há um trabalho sistematizado e pensado”.
Implicações
De acordo com os dados salientamos que é necessário um trabalho prévio com a
linguagem dos quadrinhos, pois os professores apresentaram alguma dificuldade com o
domínio desta justificando assim a necessidade de aprofundamento nesta temática nos
processos de formação.
Referências
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necessárias. In: Sociedade Brasileira de Física (org.) XI Encontro de Pesquisa em
Ensino de Física, Curitiba, p. 227-238, 2008.
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In: Caué Matos (org.) Conhecimento Científico e Vida Cotidiana, São Paulo, Terceira
Margem, p. 87-101, 2003.
FOUREZ, G. Crise no Ensino de Ciências?, Investigações em Ensino de Ciências, 8
(2) 109 - 123, 2003.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia, Editora Paz e Terra: São Paulo, 2001.
KAMEL, C; de LA ROCQUE, L. As Histórias em Quadrinhos como linguagem
fomentadora de reflexões – uma análise de coleções de livros didáticos de ciências