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Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE

Uso de imagens Landsat TM 5 para análise da temperatura de superfície do Distrito


Federal

George Fernandes Azevedo1


Newton Moreira de Souza1
1
Universidade de Brasília – UnB
Campus Darcy Ribeiro - CEP 70910-900 - Brasília - DF, Brasil
gfernandesazevedo@yahoo.com; nmsouza@unb.br

Abstract: This research had the objective to elaborate an estimative of the apparent surface temperature for the
Distrito Federal area through the application of the METRIC and Malaret methods, using images produced by
the Thematic Mapper sensor of the Landsat 5 satellite. The models used are based in the mathematical
conversion of digital numbers of the satellite images into surface temperature values. The images analyzed refer
to the dates of July 8, 2011, August 9, 2011 and September 10, 2011. Among the results achieved, besides
producing maps related to the apparent surface temperature covering the whole region studied for the three dates
mentioned, it possible to compare the values indicated by using the models referred as well as to verify their
evolution during the period considered through the creation and analysis of temperature change maps. Such
results made possible the analysis of the changes that occurred in the physical environment and that provided the
thermal variation observed, allowing the verification of aspects related to it. It was concluded that the methods
applied were in conformity and did not present any great discrepancy among them. Moreover, the spatial
distribution of temperatures was verified and the areas that presented the most prominent results such as fire
spots were determined. Besides that, it could also be observed the time evolution of the surface temperature
measures, fact that confirmed a growth tendency for the period considered.

Palavras-chave: surface temperature, GIS, remote sensing, temperatura de superfície, SIG, sensoriamento
remoto.

1. Introdução
Conforme Ortiz e Amorim (2011), a ampliação, nas últimas décadas, dos centros urbanos
confluiu para o advento de problemas ambientais nas cidades, relacionados, entre outros
aspectos, ao clima, proporcionando alterações na atmosfera local, as quais se corporificam sob
a forma de ilhas de calor, poluição do ar, aumento da temperatura e das precipitações,
juntamente com a redução da umidade relativa do ar. Lazarim e Zullo Junior (2011) atentam
que, com relação a fins de extensa importância prática, a exemplo das análises relacionadas a
mudanças climáticas, o alcance de informações ligadas à temperatura superficial terrestre que
sejam qualitativamente satisfatórias, em quantidades suficientes e conseguidas no menor
tempo possível, torna-se essencial.
A importância da temperatura de superfície recai sobre a possibilidade de sua aplicação
tanto no campo da meteorologia, como nas análises voltadas para recursos minerais,
sobretudo na determinação de modelos referentes a balanço de energia e bioclimáticos
(Santos, 2010). Destaca-se que os dados relativos à temperatura de superfície terrestre
carregam uma expressiva conotação científica, no que tange ao provimento de contribuições
importantes vinculadas a extensos aspectos das atividades econômicas e comerciais voltados
para a agricultura (Silva e Santos, 2007).
Neste contexto, segundo Barbosa e Vecchia (2009), o sensoriamento remoto mostra
grande destaque nas pesquisas de cunho ambiental, sendo que os estudos de clima urbano têm
se desenvolvido nas últimas décadas, com ênfase na análise de anomalias térmicas. Conforme
Paiva (2005), a geração de parâmetros físicos da superfície terrestre a partir de um montante
quase contínuo de informações com alta resolução temporal e espacial, juntamente com a
possibilidade de obtenção de subsídios detalhados para regiões de grandes dimensões em um
tempo razoavelmente curto, são as principais vantagens associadas à aquisição de dados por
intermédio do sensoriamento remoto orbital. Desta maneira, Lazarim e Zullo Junior (2011)

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afirmam que os dados vindos destas fontes configuram-se como uma opção no sentido de
ampliar a densidade, confiabilidade e agilidade de definição de informações de temperatura da
superfície terrestre em escalas regionais.
O presente trabalho teve como foco principal a computação e a avaliação da estimativa
relacionada à temperatura correspondente a área do Distrito Federal pela utilização de
imagens de satélite TM/Landsat-5, de forma que este cálculo foi realizado por intermédio de
métodos distintos. Efetuou-se, em conjunto, a verificação das informações geradas, no sentido
de confrontar as respostas fornecidas pelos métodos aplicados, realizando-se, ainda, uma
investigação da evolução temporal destes resultados, bem como daquelas regiões que
forneceram resultados mais proeminentes.

2. Metodologia de Trabalho
Foram criados, inicialmente, um banco de dados e um projeto no software SPRING 5.2
(Câmara et al., 1996) específicos para esta pesquisa e voltados para a estruturação das
informações espaciais essenciais para a elaboração das análises. Destacam-se as seguintes
informações referentes às principais características deste projeto:
 Projeção e datum utilizados: UTM/ SIRGAS2000, zona 23;
 Retângulo envolvente estabelecido em coordenadas planas:
X1 = 143.898 m; Y1 = 8.218.507 m;
X2 = 255.750 m; Y2 = 8.291.429 m;
Para o cálculo da temperatura, foram analisadas imagens do mapeador temático do
satélite Landsat-5 relativas aos meses de julho, agosto e setembro de 2011, sendo estes
correspondentes ao período de seca na área de estudo e com uma grande incidência de
registros de queimadas. As imagens incorporadas ao trabalho referem-se à passagem do
satélite nas datas, para o ano de 2011, de 8 de julho, 9 de agosto e 10 de setembro.
Os valores de temperatura superficial podem ser gerados pela aplicação de modelos que
convertem o número digital associado a cada pixel (DN) pertencente à imagem na medida
procurada. Assim, as técnicas empregadas, no presente trabalho, para a obtenção da
temperatura da superfície referem-se ao modelo de Malaret et al. (1985) e ao algoritmo
METRIC, desenvolvido por Allen et al. (2005). Ressalta-se que a implementação
computacional de tais métodos foi concretizada utilizando-se a linguagem LEGAL presente
no software SPRING. Segue uma breve explanação sobre a estrutura dos referidos modelos.
Na metodologia proposta por Malaret et al. (1985), converte-se o número digital de cada
pixel da imagem da banda termal nos respectivos valores da temperatura aparente da
superfície, empregando-se, para tanto, uma fórmula baseada em um modelo de regressão
quadrática, o qual encontra-se referenciado pela Equação 1.

Onde:
T representa o valor da temperatura aparente da superfície em Kelvin;
DN relaciona-se ao número digital de cada pixel da banda 6.
Uma vez computados e armazenados em uma grade numérica específica, os dados da
temperatura em Kelvin para toda região de interesse foram, então, convertidos para a unidade
de graus Celsius (°C) a partir da subtração, para cada célula desta matriz, do valor
correspondente a 273,15 K, o qual se refere ao ponto de congelamento da água ao nível do
mar.
Posteriormente, correspondendo o segundo meio de determinação da temperatura
superficial aparente, procedeu-se a aplicação do algoritmo METRIC às imagens para as três
datas avaliadas. Conforme Cunha et al. (2009), as fases concernentes ao desenvolvimento
deste método encontram-se estabelecidas na Figura 1.

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Figura 1. Etapas do processo de definição das temperaturas de superfície pelo método


METRIC.
Partindo-se dos números digitais (DN) de cada pixel referente às imagens utilizadas no
presente trabalho, operou-se a conversão destes valores na medida da radiância espectral
monocromática para cada uma das bandas. Ainda segundo Cunha et al. (2009), a radiância
associada a banda termal pode ser tomada como a parcela de energia emitida por cada pixel
da imagem, enquanto que, para as demais bandas, a radiância figura como o valor da energia
solar refletida por cada pixel, correspondente ao nível do satélite Landsat, por unidade de
tempo, de área, de ângulo sólido e de comprimento de onda. A Equação 2 foi empregada na
obtenção da radiância espectral das sete bandas do TM Landsat 5:

Onde:
λi refere-se às bandas espectrais 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7;
Lλi corresponde a radiância espectral para as bandas do mapeador temático Landsat 5 (W.m-
2 -1
.sr . µm-1);
Lλmin,i e Lλmax,i são as radiâncias espectrais máximas e mínimas obtidas do trabalho de Cunha
et al. (2009);
DN está relacionado à intensidade do pixel, variando de 0 a 255.
O passo seguinte incidiu sobre a realização da ação concernente a conversão da radiância
constituída na etapa anterior em valores de reflectância aparente (ρλi) para cada banda,
estabelecida pela Equação 3, a qual expressa a relação entre o fluxo da radiação solar que é
refletido pela superfície e o fluxo incidente total de radiação solar:

Onde:
Lλi refere-se à radiância espectral para as bandas analisadas do mapeador temático do Landsat
5;
Ei corresponde ao valor da irradiância solar exoatmosférica total para a banda i (em W.m -
2
.µm-1) que encontram-se expressos em Cunha et al. (2009);
θ corresponde ao ângulo zenital solar;
dr é definido por Waters et al. (2002) como 1/(de-s)2, onde de-s corresponde a distância relativa
entre a Terra e o sol, em unidades astronômicas. Para o cálculo de dr, referente à data da
imagem, utiliza-se a Equação 4:

( )

Em que DDA corresponde ao dia do ano da data da imagem contado consecutivamente a


partir de 1 de janeiro.
Uma vez de posse das reflectâncias calculadas na etapa supracitada, tornou-se possível o
cômputo de elementos que possibilitam o realce das variações de densidade da cobertura
vegetal, denominados índices de vegetação. O primeiro índice de vegetação que teve seus
valores estabelecidos correspondeu ao NDVI (Índice de Vegetação da Diferença

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Normalizada). Sua obtenção foi realizada a partir de operações que envolvem a soma e a
diferença entre as reflectâncias das bandas do infravermelho próximo e do vermelho
conforme a Equação 5:

Onde ρivp e ρv são as reflectâncias da banda do infravermelho próximo e do vermelho,


respectivamente.
Houve, ainda, a necessidade da determinação do SAVI (Soil Adjusted Vegetation Index),
índice de vegetação que mostra um desempenho superior quando se trabalha em regiões com
baixa cobertura vegetal com a presença natural de solos. A fórmula empregada no cálculo do
SAVI é mostrada pela Equação 6:

( )

O valor assumido pela variável L é constante e igual a 0,5.


O terceiro índice de vegetação empregado no modelo em questão diz respeito ao Índice
de Área Foliar (IAF), o qual representa a área foliar total por unidade de área do terreno.
Allen et al. (2007) fornecem uma fórmula empírica para a mensuração deste índice, conforme
explicitado na Equação 7:

( )

Allen et al. (2007) estabelecem, ainda, que IAF limita-se no valor 6 quando SAVI é igual
a 0,69 e IAF torna-se nulo para a condição de SAVI menor que 0,1.
Para a estimativa das medidas da temperatura aparente de superfície pelo modelo
METRIC, deve-se proceder ao cálculo da emissividade superficial. Esta representa o
comportamento da superfície para a emissão térmica na banda 6 relativamente estreita do
Landsat-5, a qual é expressa por εNB (Waters et al., 2002). Segundo os autores citados, vale-
se da seguinte expressão empírica para computar εNB quando os valores de NDVI>0 e IAF<3:

Quando IAF≥3, εNB assume o valor de 0,98. Waters et al. (2002) fixam, ainda, os dados de
εNB para as regiões com corpos d’água. Neste caso, para NDVI>0, εNB assume o valor
constante de 0,99.
Finalmente, a temperatura superficial aparente em Kelvin (TS) é obtida pela aplicação da
equação de Plank modificada, a qual leva em consideração os valores da radiância espectral
da banda termal e da emissividade superficial, ambas já explicitadas em passos anteriores:

( )

De acordo com Markham e Barker (1986) citados por Waters et al. (2002), K1 e K2
consistem em constantes de calibração específicas para o Landsat 5, assumindo,
respectivamente, valores de 607,76 W/(m2.sr.µm) e 1260,56 K. Processou-se, então, a
transformação destas temperaturas da unidade de Kelvin para graus Celsius, com base na

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mesma regra de subtração do valor da temperatura de congelamento da água (273,15 K), já


mencionada.
Houve, ao final, uma adequação quanto à resolução espacial das grades numéricas de
temperaturas geradas pelos métodos utilizados, uma vez que a banda termal apresenta pixels
de 120 m, enquanto as bandas 3 e 4 possuem células com 30 m. Assim, todas as grades foram
ajustadas para uma resolução espacial de 30 m, possibilitando, desta maneira, a comparação
entre os resultados alcançados por ambos os métodos. Com a aplicação da técnica de
fatiamento às grades numéricas, elaboraram-se mapas de temperatura superficial,
concernentes à área de estudo, em relação às imagens analisadas.

3. Resultados e Discussão
As cartas geradas permitiram realizar uma confrontação entre os resultados fornecidos
pelos métodos aqui aplicados. Na Figura 2, encontram-se representados os mapas de
temperatura alcançados a partir dos modelos METRIC e de Malaret et al. (1985) para a região
avaliada.

Figura 2. Cartas de temperatura superficial do Distrito Federal obtidas pelos métodos de


Malaret et al. (1985) e METRIC.
Primeiramente, os mapas desenvolvidos possibilitaram averiguar e interpretar a
distribuição da temperatura por todo Distrito Federal. As áreas com a presença das
temperaturas mais acentuadas encontram-se situadas, principalmente, no domínio das zonas
urbanas, sobretudo naquelas correspondentes às cidades satélites, com destaque para as
localidades de Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Recanto das Emas e Planaltina. Para as três
datas analisadas, observa-se que as cidades citadas anteriormente apresentaram temperaturas
superiores a 25ºC. Similarmente, em áreas utilizadas para fins de agricultura, especialmente
quando estas se encontram em fase de pousio, com ausência de cultura, bem como em regiões
com solos expostos, sujeitas a algum tipo de degradação da cobertura vegetal, as temperaturas
também se mostraram com valores elevados.

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De outra forma, as temperaturas vinculadas às regiões recobertas por vegetação nativa de


cerrado, como na extensão do Parque Nacional de Brasília, resultaram em estimativas mais
brandas. Os menores resultados alcançados localizaram-se nas adjacências das matas ciliares,
juntamente nas regiões dos corpos d’água, fato claramente verificado junto ao lago Paranoá e
às barragens do Descoberto e de Santa Maria.
Para cada imagem estudada, é possível constatar, por intermédio da análise dos mapas,
que há certa correspondência entre os resultados fornecidos pelos modelos. Assim, na
tentativa de comparar as cartas de temperatura geradas para cada data e quantificar a
divergência entre os seus dados, procedeu-se a execução da operação aritmética de subtração
entre as grades numéricas relativas às temperaturas conseguidas pelo método de Malaret et al.
(1985) e o modelo METRIC, cujos resultados encontram-se evidenciados pelos mapas da
Figura 3.

Figura 3. Cartas com as diferenças de temperaturas previstas pelos modelos aplicados, a partir
da subtração do método de Malaret et al. (1985) e o modelo METRIC.
Em todas as datas estudadas, observa-se que, para a maior parte da área sob análise, o
método de Malaret et al. (1985) prognosticou temperaturas superiores aquelas indicadas pelo
modelo METRIC, fato constatado pela presença evidente da classe de temperaturas relativas
ao intervalo de 0ºC a 1ºC. Outro ponto de destaque para as três situações está ligado aos
resultados nas regiões dos corpos d’água. As temperaturas atribuídas ao método de Malaret et
al. (1985) mostraram-se acima daquelas conferidas pelo modelo METRIC principalmente em
um intervalo variando de 1ºC a 2ºC, alcançando, em algumas áreas, o patamar de diferenças
de 2ºC a 3ºC. O dia 8 de julho de 2011 foi aquele em que se verificou uma maior frequência
de áreas cujas temperaturas do método METRIC suplantaram aquelas fornecidas pelo modelo
de Malaret et al. (1985). Destaca-se, nas demais datas, a presença das classes que representam
as maiores discordâncias entre os métodos aplicados, com a preponderância do modelo de
Malaret et al. (1985). Apesar das divergências citadas, estas não se mostraram com grandes
proporções, permitindo inferir que há uma boa concordância entre os modelos de previsão
usados nesta pesquisa.
A evolução da temperatura entre as datas das imagens também foi alvo de investigação.
Tomou-se, como base, as diferenças de temperatura dos dados referentes ao modelo de
Malaret et al. (1985), expressadas sob a forma de mapas e presentes na Figura 4.

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Figura 4. Cartas com a diferença de temperaturas calculadas pelo método de Malaret et al.
(1985) entre as datas investigadas.
Fazendo-se uma análise temporal dos resultados, nota-se, nitidamente, um aumento
acentuado das temperaturas com relação às datas avaliadas. Entre os dias 08/07/2011 e
09/08/2011, as classes que mais significativas referem-se ao crescimento de 5ºC a 7,5ºC e de
7,5ºC a 10ºC, as quais correspondem, respectivamente, a 37,7% e a 22,5% da região em
estudo. Um aumento intenso de temperatura, que ultrapassou 10ºC, também foi observado em
determinados locais, configurando a ocorrência de queimadas nestas extensões, propiciadas
pela ausência de chuvas e baixa umidade relativa do ar, características desta época do ano.
Já para o intervalo concernente às datas de 09/08/2011 a 10/09/2011, a tendência
mostrada de ampliação da temperatura também é verificada neste período, mesmo que em
menores proporções. A maior parte da região apresentou categorias de aumento entre 2,5ºC e
5ºC, correspondendo a 25,8% do território analisado, e entre 2,5ºC e 5ºC representando 24,4%
da área do Distrito Federal. Apesar disso, os maiores acréscimos de temperatura, ligados às
classes de 10ºC a 20ºC e que suplantaram 20ºC, estão associados a este segundo período. Nas
zonas onde a temperatura diminuiu em ambas as análises, além daquelas compostas por
corpos d’água, constata-se a presença de áreas destinadas à agricultura, onde houve um ganho
de biomassa, proporcionado especialmente pelo uso de pivôs centrais de irrigação.

4. Conclusões
As análises processadas neste trabalho permitiram estabelecer algumas conclusões acerca
da distribuição de temperaturas em todo Distrito Federal. A avaliação temporal das
informações assinala um comportamento geral de aumento da temperatura entre as três datas
examinadas. Em determinados locais, como nos espaços urbanos e em solos expostos
verificou-se um incremento considerável da temperatura, enquanto que nas regiões compostas
por áreas de plantio irrigadas e nos corpos d’água, procedeu-se a sua redução. Foi possível
identificar, também, focos de queimadas ocorridos nesse período, pela observação dos pontos
com as temperaturas mais acentuadas e discrepantes do padrão constituído no seu entorno.
Ressalta-se a boa correspondência entre os resultados estabelecidos pelos métodos
distintos aplicados para calcular as temperaturas superficiais, sendo que, de maneira que geral,
o modelo de Malaret et al. (1985) estimou valores de temperatura ligeiramente superiores ao
método METRIC. Diante disto, o primeiro método mostra-se superior do ponto de vista
prático e de facilidade de implementação computacional, já que possui um número inferior de
etapas de processamento quando comparado com o segundo modelo aludido.
Por fim, conclui-se que, apesar das temperaturas superficiais conseguidas a partir das
informações provenientes de elementos de sensoriamento remoto não apresentarem uma total
acurácia com os valores de temperatura reais medidos em condições padronizadas, tais
procedimentos propiciam a avaliação de aspectos ambientais de extensas regiões com custo
reduzido e de forma razoavelmente rápida.

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