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24439-Texto Do Artigo-95987-1-10-20120123

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Mamíferos de fragmento florestal periurbano .

269

ISSN 1517-6770
Revista Brasileira de

ZO OCIÊNCIAS
11(3): 269-276, dezembro 2009

Mamíferos de um fragmento florestal particular periurbano


de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil

Omar Junqueira Bastos Neto1,, Elisa Girardi Ribeiro de Oliveira2,


Danielle Paiva de Souza2, Bruno Felipe Mello2, Thiago Oríon Simões Amorim2,
Karla Cristina Pedretti Gomes2 & Artur Andriolo1
1
Program a de Pós-graduação em Ciências Biológicas – Com portamento e Biologia Animal, Universidade Federal de Juiz de Fora,
Campus Universitário CEP 36036-900, Juiz de Fora, MG, Brasil.
2
Universidade Federal de Juiz de Fora, Campus Universitário CEP 36036-900, Juiz de Fora, MG, Brasil. omar_junqueira@yahoo.com .br

Abstract. Mammals of particular periurban forest fragment in Juiz de Fora, Minas Gerais, Brazil. Minas Gerais state (MG)
comprises about 40% of non-aquatic Brazilian mammals. Sixteen percent of these species are threatened and habitat fragmentation
is the main factor of animal extinction. Juiz de Fora city there is an intense and constant process of forest degradation and
deforestation which leads to highly fragmented landscape and results in a mosaic of urban clusters, rural assets and isolated
forested fragments. The aim of this study was the survey of the medium to large-sized mammalian fauna in a particular periurban
fragment at “Fazenda Floresta” We utilized a combination of terrestrial mammal surveying techniques to identify the species,
including footprint plots, camera trap and track surveys. A total of 27 mammal species were recorded, distributed among 6 orders
and 15 families, among these, 19 were medium and large-size. The most representative species were Alouatta guariba clamitans
with 43 records, followed by Cebus nigritus with 42 records. Five of all species found are listed in, at least, one of the Red Lists being
A. guariba clamitans, C. nigritus, Chrysocyon brachyurus, Lontra longicaudis, Leopardus pardalis and Puma concolorclassified as
vulnerable. Thus, based on the results, the fragment at Fazenda Floresta is an important area for the conservation of mammals.
Furthermore, we showed the importance of inventory as a tool to enhance and provide support for the creation of priority areas for
conservation of forest remnants.

Key words: survey, Atlantic Forest, fragmentation, conservation.

Resumo. Minas Gerais possui cerca de 40% das espécies de mamíferos não aquáticos brasileiros. Destas, 16% estão ameaçadas
de extinção sendo a fragmentação dos habitats o principal fator dessa extinção. Juiz de Fora se encontra em situação de intensa
degradação florestal, com fragmentos muito pequenos e fortemente isolados, entre aglomerações urbanas e empreendimentos
rurais. O presente trabalho objetivou o levantamento da mastofauna de médio e grande porte em um fragmento particular
periurbano na Fazenda Floresta. Para realizar o trabalho utilizou-se combinação de técnicas, incluindo placas de pegadas, armadilha
fotográfica e o levantamento nas trilhas. Verificou-se a ocorrência de 27 espécies de mamíferos, distribuídos em seis ordens e 15
famílias, dentre estas espécies, 19 de médio e grande porte. As espécies com o maior número de registros foram Alouatta guariba
clamitans com 43 registros, seguido por Cebus nigritus com 42 registros. Cinco das espécies encontradas estão em pelo menos
uma das Listas Vermelhas de Espécies Ameaçadas de Extinção sendo elas A. guariba clamitans, Chrysocyon brachyurus, Lontra
longicaudis, Leopardus pardalis e Puma concolor, status vulnerável. Desta forma, com base nos resultados encontrados, indica-se
que o fragmento florestal da Fazenda Floresta é uma importante área para a conservação da mastofauna. Além disso, destaca-se
a importância desse tipo de inventário como ferramenta para incrementar e subsidiar informações para a criação de áreas
prioritárias para conservação dos remanescentes florestais.

Palavras Chave: inventário, mastofauna, Mata Atlântica, fragmentação, conservação.

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270. BASTOS NETO et al.

INTRODUÇÃO encontra-se em uma situação de intensa degradação


florestal, cujos fragmentos são em geral muito
O estado de Minas Gerais possui aproximadamente pequenos e fortemente isolados, entre aglomerações
243 espécies de mamíferos, o que representa 40 % urbanas e empreendimentos rurais, a maioria não
dos mamíferos não aquáticos brasileiros. Entre essas atinge 100 ha, destacando-se a Reserva Biológica
espécies, cerca de 16% (39) estão ameaçadas de Municipal Santa Cândida (113,3 ha), a Reserva
extinção. A fragmentação e perda da qualidade do Biológica Municipal Poço D‘Anta (277 ha) e a mata
hábitat são apontadas como os principais fatores que da Fazenda da Floresta (aproximadamente 400 ha)
ameaçam a sobrevivência dos animais silvestres (COSTA (CENTRO DE P ESQUISAS SOCIAIS 2006).
et al. 2005, BIODIVERSITAS 2007). A Fazenda da Floresta parece representar um
Contudo aind a existe m muitas lacunas no importante sítio para conservação da mastofauna, por
conhecimento científico sobre a fauna de mamíferos ser um fragmento grande em comparação ao resto
no Estado (COSTA et al. 1998). Informações sobre do Município e ter continuidade com uma Unidade
distribuição e ocorrência das espécies ainda são de Conservação, a Reserva Biológica Municipal do
muito escassas, porém há uma tendência destas Poço D’Anta. Em um estudo anterior realizado na
informações crescerem com o aumento do número área, Elisa Oliveira (2001, comunicação pessoal)
de inventários (REIS et al. 2006). A partir destas observou mico-estrela, Callitrix penicillata(É. Geoffroy,
informações é possível propor estratégias e planos 1812); macaco-prego, Cebus nigritus(Goldfuss, 1809);
de conservação para a mastofauna, em especial das sauá, Callicebus nigrifrons (Spix, 1823); barbado,
espécies ameaçadas (ANDRIOLO 2006). Alouatta guariba clamitans(Humboldt, 1812); onça-
Alé m disso, o conhecimento ecológico das parda, Puma concolor (Linnaeus, 1771); irara, Eira
espécies de mamíferos tem colocado em evidência barbara (Linnae us, 1758); coati, Nasua nasua
a importância deste grupo em uma série de processos (Linnaeus, 1766); serelepe, Sciurus sp. e preguiça,
nos ecossistemas florestais (P ARDINI et al. 2006). espécie não identificada. Obteve ainda informações
Ap are nte me n te as e sp é cie s frugívoras e / ou de outras espécies através de relatos e outros indícios,
he rb ívoras d e se mp e n ham um p ap e l m uito sendo estas o lobo-guará, Chrysocyon brachyurus
importante na manutenção da diversidade de árvores (Illiger, 1815); o cachorro-do-mato, Cerdocyon thous
da floresta, através da dispersão e predação de (Linnaeus, 1766); a jaguatirica, Leopardus sp.; o veado,
sementes e de plântulas, ao passo que os carnívoros Mazama sp.; a capivara, Hydrochoerus hydrochaeris
regularizam as populações de herbívoros e frugívoros. (Linnaeus, 1766); a paca, Cuniculus paca(Linnaeus,
Para que um inventário de mamíferos possa ser 1758) e tatus.
considerado completo é necessário a utilização de O presente trabalho teve como objetivo fazer um
uma combinação de metodologias, tais como, levantamento de espécies e avaliar a riqueza da
transecto linear, armadilhas de pegadas, armadilhas comunidade de mamíferos de médio e grande porte
fotográficas, entrevistas e outros métodos (OLIVEIRA em um fragmento florestal particular periurbano na
2004). Sendo essa combinação muito eficiente para Fazenda Floresta, no Município de Juiz de Fora, MG.
levantar a maioria das espécies de mamíferos de uma
áre a , p ois p ossib ilita q ue animais com MATERIAL E MÉTODOS
comportamento críptico também sejam amostrados
(SILVEIRA et al. 2003, KASPER et al. 2007). A área de estudo está situada na Fazenda Floresta
Em Juiz de Fora, a escassez de informações a entre as coordenadas 21º 44’ 45.28" S; 43º 16’ 52.79"
respeito da mastofauna segue a tendência do restante W na região leste do município de Juiz de Fora (fig
do Estado. A maioria dos estudos feitos com esse 1). O clima da região é caracterizado, segundo a
grupo se re fere a levantamentos rápidos como classificação de Köppen como Tropical de Altitude,
exigência legal para empreendimentos. A cidade Cwa (mesotérmico, verão chuvoso e quente), com

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duas estações bem definidas, uma que vai de outubro primeiros meses, as trilhas já existentes foram limpas,
a abril com temperaturas mais elevadas e maior medidas com trena, marcadas a cada 50 metros e
incidência de chuvas e a segunda que vai de maio a georeferenciadas através do GPS (Global Position System).
setembro com temperaturas mais baixas e menor Para um inventário mais próximo do número real
incidência de chuvas (CENTRO DE PESQUISAS SOCIAIS 2006). de espécies de mamíferos de médio e grande porte
A Fazenda, em seu limite oeste, faz divisa com foi utilizado uma combinação de métodos nesse
uma Unidade de Conservação municipal, Reserva estudo (SILVEIRA et al. 2003, KASPER et al. 2007). Nesta
Biológica Municipal do Poço D’Anta; no limite sul combinação incluí-se o levantamento nas trilhas a
faz divisa com uma área urbana, Bairro Floresta; e procura de registros diretos (visualização) e registros
nos limites leste e norte é cercada por outras indire tos (vocalização, impressão de pegadas,
propriedades rurais. arranhados e fezes); as placas de pegadas e as
Possui uma área de mata de aproximadamente armadilhas fotográficas.
400 ha, contígua com a mata da Reserva Biológica No levantamento foram utilizadas sete trilhas,
Municipal Poço D’Anta e circundada de áreas de com comprimento entre 200 e dois mil metros. Em
pastagens. A mata é caracterizada como Mata cada visita percorreram-se, em média, 4.242 metros
Estacional Semi-decídua (VELOSO et al. 1991), em três horas e 43 minutos de caminhada, foram
encontrando-se hoje uma mata em estádio de feitas 55 visitas a área, totalizando 233.300 metros
sucessão secundária, pois no passado a atividade percorridos. Foram considerados registros toda
financeira empregada na fazenda foi o plantio de forma direta (visualização) e indireta (vocalização e
café, verificando-se em muitos locais dentro da mata rastros) de detecção dos animais em campo. Sendo
e sp é cime s d e Coffe a arab ica L., contu d o o que para as vocalizações tomou-se o cuidado de só
fragmento tem um bom estado de conservação, anotar como novo registro as vocalizações que
podendo encontrar espécies como o palmito-jussara, permitiram diferenciar os grupos ou animais.
Euterpe edulis Mart.; cedro cajerana, Cabralea Fora m utilizad as 10 p lacas d e p e ga d as,
cajerana (Vell) Mart.; cedro, Cedrela fissilis Vell.; distribuídas ao longo das trilhas e próximas aos
casca-d e-barata, Vism ia brasiliensis Choisy e cursos d’água, além disso, foram colocadas em
palmeira do gênero Syagrus. associação com as armadilhas fotográficas para obter
a confirmação d a esp é cie re gistrad a. Foram
Coleta de dados considerados re gistros, o conjunto de pegadas
O trabalho foi realizado entre o período de junho dianteira e traseira, sendo consideradas de animais
de 2005 a dezembro de 2006, sendo que nos dois diferentes as de tamanhos diferentes, entretanto este
método foi descartado posteriormente.
Foram utilizadas três armadilhas fotográficas,
sendo uma digital da marca Tigrinus, modelo Digital
e duas armadilhas com câmeras fotográficas 35
milímetros de filme, da marca Buckshot modelo
Hunter, para as quais se utilizaram filmes de 36 poses
400 ASA, para a obtenção de melhores resultados
nas fotografias tiradas durante o período noturno.
As armadilhas foram alocadas em trilhas onde houve
relatos e registros de vestígios dos animais e também
próximas aos cursos d’água. Utilizaram-se iscas
compostas com sardinha e banana para aumentar
a chances de fotografias com animais. A manutenção
Figura 1 . Mapa de localização da Fazenda Floresta no Município de
Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. d os e q uip ame ntos foi fe ita q uinze nalme nte ,

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trocando, quando necessário, as baterias e os filmes, visualizadas foram de 5,26 visualizações/km para C.
adaptado de SRBEK-ARAUJO & CHIARELLO (2005). nigritus, 1,67 visualizações/ km para A. guariba
A identificação e nomenclatura das espécies de clamitans, 0,77 visualizações/ km para Callithrix
mamíferos segue REIS et al. (2006), as pegadas foram penicillata (É. Geoffroy, 1812), 0,26 visualizações/km
identificadas através do guia de BECKER &DALPONTE (1999). para C. nigrifrons e 0,13 visualizações/ km para
Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) e Eira barbara
Análise dos dados (Linnaeus, 1758).
No levantamento das trilhas foi calculada a taxa de Além das visualizações, registraram-se através
encontro para espécies que obtiveram os maiores números vestígios a presença de Chrysocyon brachyurus
de observações, através do número de visualizações pela (Illiger, 1815), Procyon cancrivorus (G. [Baron]
distância percorrida. Foi construída a curva de acumulação Cuvier, 1798), Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758),
de espécies para avaliar se o levantamento obteve uma Puma concolor (Linnaeus, 1771) e Hydrochoerus
amostragem significativa para a área. hydrochaeris (Linnaeus, 1766). Através do método
Para as armadilhas fotográficas também foi de levantamento nas trilhas foi possível registrar
construída a curva de acumulação de espécies pelo quarto espécies que constam nas listas de espécies
esforço amostral, câmeras-dia. Foi considerado ameaçadas de extinção, sendo elas A. guariba
como um registro o conjunto de fotos de todos os clam itans vulne ráve l (BIO DIVERSITAS 2 0 07 ); C.
animais de uma espécie fotografados no intervalo brachyurus, L. pardalis e P. concolor vulneráveis
de 24 horas, calculando-se a taxa fotográfica para (MMA 2003, BIODIVERSITAS 2007)
cada espécie, através da expressão Tx. fotográfica = A curva de acumulação de espécies ao longo do
(número de registros de cada espécie dividido pelo esforço amostral para o levantamento nas trilhas
número de câmera-dia) X 100. mostrou uma estabilização na tendência da curva
de espécies à medida que houve um incremento da
RESULTADOS distância percorrida (fig.2).
Através das armadilhas fotográficas contabilizaram-
O inventário contabilizou 27 espécies de mamí- se 11 espécies de mamíferos de médio e grande porte.
feros, destas 19 foram de médio e grande porte, con- Dentre estas, seis foram obtidas exclusivamente por
siderando mamíferos de médio e grande aqueles que este método. As taxas fotográficas para cada espécie
possuam massa corporal igual ou maior a um quilo- são mostradas na Tabela 1, juntamente com o número
grama. A lista de espécies com seus nomes científi- de registros para cada espécie.
cos e populares e a metodologia com a qual foram As espécies mais fotografadas foram Didelphis
registradas está representada na Tabela 1. aurita (Wied-Neuwied, 1826) com a taxa fotográfica
No levantamento das trilhas contabilizaram-se 13 de 5,73%, seguido por Dasypus novem cinctus
espécies de médio e grande porte em 150 registros, Linnaeus, 1758 com taxa fotográfica de 4,84%. Além
das quais sete espécies foram registradas unicamente desses, foram fotografados animais que estão nas
por este método. O grupo dos primatas foi o que listas vermelhas de espécies ameaçadas de extinção,
teve maior número de registros, Alouatta guariba tais como, L. pardalis e P. concolor consideradas
clam itans (Humboldt, 1812) com 43 registros vulneráveis (MMA 2003, BIODIVERSITAS 2007) e Lontra
(diretos e indiretos), Cebus nigritus (Goldfuss, 1809) longicaudis (Olfers, 1818) considerada vulnerável pela
com 42 registros, seguido de Callicebus nigrifrons BIODIVERSITAS (2007). A curva de acumulação de
(Spix, 1823) com 25 registros. espécies ao longo do esforço amostral em câmera-
Dentre as forma de detecção, a visualização foi a dia para este método tendeu a estabilização com
mais representativa, e a espécie que teve o maior cerca de 150 horas de esforço (fig.3).
núme ro d e re gistros foi C. nigrit us com 41
visualizações. As taxas de encontro para as espécies

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Tabela 1. Lista de mamíferos registrados no levantamento realizado na Fazenda Floresta, Juiz de Fora , Minas Gerais, Brasil

Tipo de dete cção Taxa de Taxa


Ordem Família Espé cie Nome popular encontro fotográfica
Vis. (n) Voc. (n) Peg. (n) Fez. (n) Arr. (n) A.F. (n) (Vis./km) (%)
Callithrix penicillata (É. Geoofroy,
6 1 0.77
PRIMATES Callitrichidae 1812) Mico-estrela
2
Alouatta guariba clamitans
13 18 12 1.67
Cebidae (Humboldt, 1812) Barbado, bugio

2 23 0.26
Callicebus nigrifrons (Spix, 1823) Sauá, guigó

41 1 5.26
Cebus nigritus (Goldfuss, 1809) Macaco-prego

9 1 1 0.44
CARNIVORA Canidae Canis familiaris (Linnaeus, 1758) Cão-doméstico
Cerdocyon thous (Linnaeus, Graxaim, cachorro-
1 0.13
1766) do-mato
Chrysocyon brachyurus1,2 (Illiger,
1 2
1815) Lobo-guará
Mustelidae Eira barbara (Linnaeus, 1758) Irara 1 1 0.13 0.44
Lontra longicaudis2 (Olfers,
2 0.88
1818) Lontra
Procyonidae Nasua nasua (Linnae us, 1766) Coati, quati 3 1.32
Procyon cancrivorus (G. [Baron] Mão-pelada,
3 1 0.44
Cuvier, 1798) guaxinim
1,2
Leopardus pardalis (Linnaeus,
1 4 1.76
Felidae 1758) Jaguatirica
Leopardus sp Gato-do-mato 7 3 2
Puma concolor1,2 (Linnaeus,
1 1 0.44
1771) Onça-parda
Dasypus novemcinctus Linnaeus,
11 4.84
XENARTHRA Dasypodidae 1758 Tatu-galinha
Tamandua tetradactyla
1 0.44
Myrmecophagidae (Linnaeus, 1758) Tamanduá-mirim

6 2.64
RODENTIA Agoutidae Cuniculus paca (Linnaeus, 1758) Paca
Hydrochoerus hydrochaeris
1
Hydrochae ridae (Linnaeus, 1766) Capivara
Guerlinguetus ingrami (Thomas,
7 1 0.9 0.44
Sciuridae 1901) Caxinguelê
Caviidae Cavia sp preá 1 0.44
Muridae n.i. rato 1 1 0.13 0.44
Didelphis aurita (Wied-Neuwied,
13 5.73
DIDELPHIMORPHIA Didelphidae 1826) Gambá
Cuíca-de-quatro-
25 11.01
Philander frenatus (Olfers, 1818) olhos
Gracilinanus agilis (Burmeister,
7 3.08
1854) Cuíca
Marmosops sp Cuíca 1 0.44
n.i. pequeno marsupial 7 3.08
CHIROPTERA Phillostomidae n.i. Morcego 1 4 0.13 1.76
Total: 6 15 28 9 (73) 3 (42) 7 (23) 4 (19) 1 (2) 19 (91)

Legenda: Visualização (Vis.), vocalização (Voc.), pegadas (Peg.), arranhado (Arr.) e armadilha fotográfica (A.F.). n=número de registros.n.i. = não
identificada. 1 - Vulnerável segundo MMA 2003; 2 - Vulnerável segundo Biodiversitas 2007.

DISCUSSÃO espécies de mamíferos de médio e grande porte para


este método. Assumindo que este, favorece o registro
O te mpo de cole ta dos d ados se mostrou de espécies menos tímidas e que apresentem alguma
satisfatório para o levantamento nas trilhas, pois após tolerância à presença humana, além de espécies
50 horas de esforço amostral houve o acréscimo de arb orícolas como os primatas (O LIVEIRA 2004),
só mais quatro novos registros, podendo assim dizer confirmando, assim, o elevado número de registros
que o levantamento obteve quase a totalidade das para esta ordem de mamíferos no presente trabalho.

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274. BASTOS NETO et al.

Figura 2. Relação entre o número de espécies registradas e o tempo


de coleta dos dados (esforço amostral) durante o levantamento nas
trilhas na Fazenda Floresta, Juiz de Fora, MG.
Figura 3. Relação entre o número cumulativo de espécies registradas
e o esforço amostral (câmera-dias) através das três armadilhas foto-
Contud o, p ara o mé tod o q ue utilizou as gráficas na Fazenda Floresta, Juiz de Fora, MG.
armadilhas fotográficas o tempo de coleta dos dados
(câmeras-dia), não foi suficiente para estabilizar o de médio e grande porte na Fazenda mostra que
acréscimo de novos registros de espécies na área de este fragmento ainda contém processos ecológicos
estudo, sendo assim, necessário aumentar o tempo importantes para sua manutenção. Na qual, os
de permanência dos equipamentos no campo. SRBEK- herbívoros atuariam na dispersão e controle das
ARAUJO & CHIARELLO (2007) sugerem um período 250 p op u laçõe s d e p lanta s e os carnívoro s na
dias como satisfatório para um levantamento. Apesar manutenção da população dos herbívoros (PARDINI
deste método não ter estabilizado a curva de et al. 2006, SANTOS et al. 2004, OLIVEIRA 2004).
acréscimos de espécies, foi o que obteve o maior Para CHIARELLO (1999, 2000) fragmentos vegetais
número espécies, considerando todos os mamíferos pequenos (<1000 ha) e isolados não suportam
registrados no estudo, mostrando-se uma importante populações estáveis de mamíferos de médio e grande
fe rrame nta p ara re gistro d e animais com porte e, em longo prazo, esta comunidade seria
comportamentos crípticos e de hábitos noturnos extinta. Além disso, os carnívoros de topo, por
(SILVEIRA et al. 2003, SRBEK-ARAUJO & CHIARELLO 2005). apresentarem baixa densidade e possuírem ampla
As placas de pegadas não foram consideradas área de vida, são os mais suscetíveis à extinção.
um bom método para ambientes com muita umidade Relata, ainda, que a riqueza de espécies decresce
e regiões com alta pluviosidade, pois a água remove com a diminuição do fragmento florestal, sendo a
a ca mad a d e fulige m q ue re co b re a p laca, perda de habitat e a extinção local os principais
impossibilitando a fixação da pegada, motivo pelo fatores desta queda na riqueza.
qual esta metodologia foi abandonada. Baseado em estudos do tamanho da área de vida
A partir da combinação de técnicas foi possível de dois carnívoros de grande porte encontrados na
obter uma riqueza de espécies considerada alta se Fazenda, o lobo-guará com uma área de 56,95
comparada a outros estudos no domínio da Mata ±34,30 Km2 em média (RODRIGUES 2002) e da onça-
Atlântica, mesmo sendo a mata da Fazenda Floresta parda aproximadamente 93 Km 2 para as fêmeas e
um fragmento pequeno, 400 ha, e próximo à área cerca de 363 Km2 para os machos (DICKSON & BEIER
urbana. Podendo citar o estudo de CHIARELLO (1999), 2002), é possível afirmar que a área é muito pequena
onde ele obteve 31 espécies de mamíferos de médio parar suportar populações viáveis destas espécies.
e grande porte para um grande fragmento, 21.800 Porém, a presença destes animais pode ser explicada
ha, no estado do Espírito Santo. Já no estudo feito pelo fato da Fazenda Floresta ser uma propriedade
por ALVES & ANDRIOLO (2005), utilizando somente particular que, apesar de não ser uma Unidade de
armadilhas fotográficas, inventariaram seis espécies Conservação, os proprietários adotam uma política
de médio e grande porte na Reserva Biológica de de proibição à caça e à retirada de madeiras. Além
Araras, 2.048 ha, no estado do Rio de Janeiro. de possuir conectividade com a mata da Reserva
A presença de espécies de carnívoros e herbívoros Biológica Municipal do Poço D’Anta e estar próximo

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de outros pequenos fragmentos como a Mata do REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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Re ce bido: 03/ 07/ 2009


Revisado: 23/ 09/ 2009
Aceito: 16/ 12/ 2009

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