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Hoje, através do cinema, televisão, videojogos, publicidade e outros meios audiovisuais, as imagens têm um papel importante na formação das nossas crenças, conceitos e sonhos. Possuindo um movimento intrínseco que frequentemente... more
Hoje, através do cinema, televisão, videojogos, publicidade e outros meios audiovisuais, as imagens têm um papel importante na formação das nossas crenças, conceitos e sonhos. Possuindo um movimento intrínseco que frequentemente escapa ao nosso controlo, as imagens podem contribuir para difundir estereótipos sociais, que marcam as nossas visões do mundo. A recente produção cinematográfica portuguesa destaca visões polémicas da complexa realidade pós-colonial na sociedade contemporânea, devido aos choques de memórias sobre o passado colonial que instiga. O documentário Li ké terra (2010) e a ficção Cavalo Dinheiro (2014) constituem espaços/lugares de memória e de reconstrução histórica. Através de discussões de grupos focais examinamos como jovens estudantes constroem as suas perceções sobre o quotidiano dos “imigrantes” africanos em Portugal e as suas representações sobre “raça”. A análise das discussões dos grupos focais permite a compreensão do modo como as memórias colet...
A identidade nacional portuguesa foi construída, ao longo do tempo, por vários meios e no cinema também, em relação com a identidade de um “outro” africano, próximo e distante, herdeiro e desafiador, objeto de sedução e de repulsa. Estas... more
A identidade nacional portuguesa foi construída, ao longo do tempo, por vários meios e no cinema também, em relação com a identidade de um “outro” africano, próximo e distante, herdeiro e desafiador, objeto de sedução e de repulsa. Estas dualidades estão patentes no filme Tabu (2012), de Miguel Gomes, que reifica e questiona representações. Filme pós-colonial, no sentido em que reflete sobre a forma como estereótipos e representações sociais e “raciais” criados durante o colonialismo se repercutem na sociedade portuguesa de hoje, oferece um olhar crítico sobre uma certa elite portuguesa em África e sobre a forma como esse mesmo grupo viveu o período da Guerra pela Independência, confrontando esse momento da história portuguesa com o tempo atual.Analisa-se o discurso fílmico do autor, através de uma abordagem semiótica multimodal do filme: uma análise de Tabu tendo em conta os processos de categorização, quer por exclusão, quer por inclusão. Apresenta-se uma leitura dialógica de recu...
Portuguese national identity has been constructed over time, across various media, including the cinema, in contrast to the identity of an African “other”, who is simultaneously close and distant, an heir and a challenger, an object of... more
Portuguese national identity has been constructed over time, across various media, including the cinema, in contrast to the identity of an African “other”, who is simultaneously close and distant, an heir and a challenger, an object of seduction and repulsion. These dualities are reflected in Miguel Gomes’ Tabu (2012), which reifies and questions various representations. It is a post-colonial film which reflects about the way how stereotypes and social and “racial” representations created during colonialism have repercussions on present-day Portuguese society. The film offers a critical vision of a certain Portuguese elite in Africa and the manner in which this elite experienced the War for Independence, confronting this period in Portuguese history with the present day.The director’s filmic discourse is analysed using a multimodal semiotic approach: an analysis of Tabu, taking into account the processes of categorisation, either in terms of inclusion or exclusion. The texts present...
O aniversário dos quarenta anos das independências africanas é o pretexto para analisar como é que o colonialismo português...
Research Interests:
Este número da RCL nasce de uma interrogação inicial e iniciática: onde estão as mulheres nas descolonizações? Desdobra-se depois em interrogações mais específicas: Como é que as mulheres olharam as lutas de libertação, nas ex-colónias... more
Este número da RCL nasce de uma interrogação inicial e iniciática: onde estão as mulheres nas descolonizações? Desdobra-se depois em interrogações mais específicas: Como é que as mulheres olharam as lutas de libertação, nas ex-colónias portuguesas? Como é que os seus pontos de vista foram integrados ou não na imaginação do colonialismo? Houve um olhar específico das mulheres sobre a libertação do colonialismo português? Que saber e consciência temos de/sobre esses olhares? E como é que esses olhares se cruzam com os das realizadoras, artistas, curadoras e académicas que hoje questionam os arquivos, públicos e privados, interrogam e recriam visualmente as suas memórias e re-imaginam o colonialismo? Que ação é que a investigação académica, as políticas de conservação de arquivos, os gestos de programação e curadoria podem ter no questionamento ou, pelo contrário, no prolongamento das políticas (oficiais) da memória? Durante o processo, no entanto, fomos acolhendo propostas que dilatar...
Compreendo a obra de Margarida Cardoso como parte de um movimento global da arte portuguesa contemporânea que visa refletir sobre o presente à luz de um passado recente. Defendo que a investigação da autora parte da necessidade de... more
Compreendo a obra de Margarida Cardoso como parte de um movimento global da arte portuguesa contemporânea que visa refletir sobre o presente à luz de um passado recente. Defendo que a investigação da autora parte da necessidade de ultrapassar um evento silencioso e silenciado que marcou a sociedade portuguesa desde os anos 1970 até à década de 1990 e situo a sua perspetiva partindo das ideias de branquitude e de fragilidade branca. Proponho uma reflexão discursiva e crítica em torno de A Costa dos Murmúrios (2006) e Yvone Kane (2015) que visa problematizar a forma como Margarida Cardoso organiza a sua subjetividade feminina, branca e burguesa por forma a construir uma memória insustentável sobre as mulheres brancas, em África, que as desculpabiliza de toda a violência colonial e que as coloca numa posição de fragilidade relativamente às mulheres negras, colonizadas e pobres.
Compreendo a obra de Margarida Cardoso como parte de um movimento global da arte portuguesa contemporânea que visa refletir sobre o presente à luz de um passado recente. Defendo que a investigação da autora parte da necessidade de... more
Compreendo a obra de Margarida Cardoso como parte de um movimento global da arte portuguesa contemporânea que visa refletir sobre o presente à luz de um passado recente. Defendo que a investigação da autora parte da necessidade de ultrapassar um evento silencioso e silenciado que marcou a sociedade portuguesa desde os anos 1970 até à década de 1990 e situo a sua perspetiva partindo das ideias de branquitude e de fragilidade branca. Proponho uma reflexão discursiva e crítica em torno de A Costa dos Murmúrios (2006) e Yvone Kane (2015) que visa problematizar a forma como Margarida Cardoso organiza a sua subjetividade feminina, branca e burguesa por forma a construir uma memória insustentável sobre as mulheres brancas, em África, que as desculpabiliza de toda a violência colonial e que as coloca numa posição de fragilidade relativamente às mulheres negras, colonizadas e pobres.
Resumo Neste ensaio proponho-me questionar a construção iconográfica subjacente ao projeto colonial português, no âmbito do qual o Estado Novo usou a imagem em movimento para consolidar categorias sociais definidas pela sua propaganda... more
Resumo Neste ensaio proponho-me questionar a construção iconográfica subjacente ao projeto colonial português, no âmbito do qual o Estado Novo usou a imagem em movimento para consolidar categorias sociais definidas pela sua propaganda usando um discurso propagandista sobre realidade e autenticidade e através do recurso a estruturas estereotipadas como raça e gé-nero. Enquadrada por uma problematização do conceito de arquivo (e mais especificamente do arquivo digital), a análise baseia-se na (re)leitura desconstrutiva da narração de dois documen-tários realizados por ocasião da Exposição Industrial Portuguesa de 1932, África em Lisboa-Os Indígenas da Guiné na Grande Exposição Industrial e Guiné Aldeia Indígena em Lisboa – 1932, em que a representação da relação de dominação sobre o corpo feminino negro é o eixo argumentativo principal.
Research Interests:
Gesto singular na produção cinematográfica lusa, em Juventude em Marcha, o cineasta Pedro Costa filmou os cabo-verdianos - sampajudos e badius - que vieram para Portugal trabalhar na construção de grandes obras públicas e que se foram... more
Gesto singular na produção cinematográfica lusa, em Juventude em Marcha, o cineasta Pedro Costa filmou os cabo-verdianos - sampajudos e badius - que vieram para Portugal trabalhar na construção de grandes obras públicas e que se foram organizando em bairros mais ou menos fechados sobre si próprios, quase sempre esquecidos pelo resto da população e pelo poder político. O filme é aqui analisado sob a luz de “um imaginário em tempo de crise” (Martins, 2011-187), sendo o imaginário essa encruzilhada antropológica que permite esclarecer particularidades de uma determinada obra humana através de particularidades de outras (Durand, 1989). Porque resulta de um encontro Juventude em Marcha não é um filme sobre "os outros", é sobre a perda de um sentimento de comunidade, sobre a resistência silenciosa de uma forma de estar e de uma língua e talvez seja ainda a proposta de constituição de uma nova lógica de relacionamento: a de uma sociedade pós abissal.
Research Interests:
Departing from the image of abyssal thinking, Boaventura Sousa Santos draws modern thought as supported by visible and invisible distinctions that divide reality in two ontologically diverse universes: “this side of the line” - northern... more
Departing from the image of abyssal thinking,
Boaventura Sousa Santos draws modern thought
as supported by visible and invisible distinctions that
divide reality in two ontologically diverse universes:
“this side of the line” - northern imperial, colonial and
neocolonial, and “the other side of the line,” - colonized
south, silenced and oppressed. To overcome the
abyssal form of thought we must, first, recognize its
persistence in the contemporary world, so that later we
can think and act in pursuit of a post-abyssal thinking:
a way of thinking with genesis in the “other side of the
line” (Santos, 2010, 23-44).
Cinema, no matter if as a cultural industry, or as
an artistic product, is imbibed with the thought of the
time in which it is produced. This reflection regards
the work of Pedro Costa, displacing the concepts of
abyssal / post-abyssal thinking of scientific production
to artistic production and applying them to the
work of the film director. Following Pedro Costa’s
conversations with critics, other directors, newspapers
and cinema magazines, between 1995 and 2014,
we can understand in the author’s speech, the effect
of the community experience, as an experience that
builds community, more than as an experience that
departs from a community: the time of understanding
the communication and beavering codes, the growth
of intimacy between the director and the actors, and
finally the entire process that results in a cinema
experience that feels like an invitation to belong, to
became a part of this community that is being built.
Research Interests:
O aniversário dos quarenta anos das independências africanas é o pretexto para analisar como é que o colonialismo português tem sido imaginado através da imagem em movimento. Nesta edição da revista Comunicação & Sociedade, a re exão... more
O aniversário dos quarenta anos das independências africanas é o pretexto para analisar como é que o colonialismo português tem sido imaginado através da imagem em movimento. Nesta edição da revista Comunicação & Sociedade, a re exão proposta pelos ensaios reunidos sob o título Imaginários coloniais: propaganda, militância e “resistência” no cinema é um contributo para o conhecimento dos homens e mulheres imaginados através do cinema pelo (pós-)colonialismo durante e após o Estado Novo (1926-1974).


The fortieth anniversary of the independence of Portuguese-speaking African coun- tries is the pretext for analysing how Portuguese colonialism has been imagined by means of the moving image. In this issue of Comunicação & Sociedade, the re ection proposed by the articles compiled under the title Colonial imaginaries: propaganda, militancy and “resistance” in the cinema aims to expand our knowledge of the men and women imag- ined via the cinema under (post-)colonialism, during and after the Estado Novo regime (1926-1974).