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Biologia Ensino Medio Resumo

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Introdução aos seres vivos

Classificação dos Seres Vivos

A sistemática é a ciência dedicada a inventariar e descrever a biodiversidade e compreender as relações filogenéticas entre os
organismos.

Inclui a taxonomia (ciência da descoberta, descrição e classificação das espécies e grupo de espécies, com suas normas e
princípios) e também a filogenia (relações evolutivas entre os organismos). Em geral, diz-se que compreende a classificação
dos diversos organismos vivos. Em biologia, os sistematas são os cientistas que classificam as espécies em outros táxons a
fim de definir o modo como eles se relacionam evolutivamente.

O objetivo da classificação dos seres vivos, chamada taxonomia, foi inicialmente o de organizar as plantas e animais
conhecidos em categorias que pudessem ser referidas. Posteriormente a classificação passou a respeitar as relações
evolutivas entre organismos, organização mais natural do que a baseada apenas em características externas.

Para isso se utilizam também características ecológicas, fisiológicas, e todas as outras que estiverem disponíveis para os
táxons em questão. é a esse conjunto de investigações a respeito dos táxons que se dá o nome de Sistemática. Nos últimos
anos têm sido tentadas classificações baseadas na semelhança entre genomas, com grandes avanços em algumas áreas,
especialmente quando se juntam a essas informações aquelas oriundas dos outros campos da Biologia.

A classificação dos seres vivos é parte da sistemática, ciência que estuda as relações entre organismos, e que inclui a coleta,
preservação e estudo de espécimes, e a análise dos dados vindos de várias áreas de pesquisa biológica.

O primeiro sistema de classificação foi o de Aristóteles no século IV a.C., que ordenou os animais pelo tipo de reprodução e
por terem ou não sangue vermelho. O seu discípulo Teofrasto classificou as plantas por seu uso e forma de cultivo.

Nos séculos XVII e XVIII os botânicos e zoólogos começaram a delinear o atual sistema de categorias, ainda baseados em
características anatômicas superficiais. No entanto, como a ancestralidade comum pode ser a causa de tais semelhanças,
este sistema demonstrou aproximar-se da natureza, e continua sendo a base da classificação atual. Lineu fez o primeiro
trabalho extenso de categorização, em 1758, criando a hierarquia atual.

A partir de Darwin a evolução passou a ser considerada como paradigma central da Biologia, e com isso evidências da
paleontologia sobre formas ancestrais, e da embriologia sobre semelhanças nos primeiros estágios de vida. No século XX, a
genética e a fisiologia tornaram-se importantes na classificação, como o uso recente da genética molecular na comparação de
códigos genéticos. Programas de computador específicos são usados na análise matemática dos dados.

Em fevereiro de 2005 Edward Osborne Wilson, professor aposentado da Universidade de Harvard, onde cunhou o termo
biodiversidade e participou da fundação da sociobiologia, ao defender um "projeto genoma" da biodiversidade da Terra, propôs
a criação de uma base de dados digital com fotos detalhadas de todas a espécies vivas e a finalização do projeto Árvore da
vida. Em contraposição a uma sistemática baseada na biologia celular e molecular, Wilson vê a necessidade da sistemática
descritiva para preservar a biodiversidade.

Do ponto de vista econômico, defendem Wilson, Peter Raven e Dan Brooks, a sistemática pode trazer conhecimentos úteis na
biotecnologia, e na contenção de doenças emergentes. Mais da metade das espécies do planeta é parasita, e a maioria delas
ainda é desconhecida.

De acordo com a classificação vigente as espécies descritas são agrupadas em gêneros. Os gêneros são reunidos, se tiverem
algumas características em comum, formando uma família. Famílias, por sua vez, são agrupadas em uma ordem. Ordens são
reunidas em uma classe. Classes de seres vivos são reunidas em filos. E os filos são, finalmente, componentes de alguns dos
cinco reinos (Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia).

Lineu e o Sistema Binomial

Nomenclatura é a atribuição de nomes (nome científico) a organismos e às categorias nas quais são classificados.

O nome científico é aceito em todas as línguas, e cada nome aplica-se apenas a uma espécie.

Há duas organizações internacionais que determinam as regras de nomenclatura, uma para zoologia e outra para botânica.
Segundo as regras, o primeiro nome publicado (a partir do trabalho de Lineu) é o correto, a menos que a espécie seja
reclassificada, por exemplo, em outro gênero. A reclassificação tem ocorrido com certa frequência desde o século XX.
O Código Internacional de Nomenclatura Zoológica preconiza que neste caso mantém-se a referência a quem primeiro
descreveu a espécie, com o ano da decisão, entre parênteses, e não inclui o nome de quem reclassificou. Esta norma
internacional decorre, entre outras coisas, do fato de ser ainda nova a abordagem genética da taxonomia, sujeita a revisão
devido a novas pesquisas científicas, ou simplesmente a definição de novos parâmetros para a delimitação de um táxon, que
podem ser morfológicos, ecológicos, comportamentais etc.

O sistema atual identifica cada espécie por dois nomes em latim: o primeiro, em maiúscula, é o gênero, o segundo, em
minúscula, é o epíteto específico. Os dois nomes juntos formam o nome da espécie. Os nomes científicos podem vir do nome
do cientista que descreveu a espécie, de um nome popular desta, de uma característica que apresente, do lugar onde ocorre,
e outros. Por convenção internacional, o nome do gênero e da espécie é impresso em itálico, grifado ou em negrito, o dos
outros táxons não. Subespécies têm um nome composto por três palavras.

Ex.: Canis familiares, Canis lupus, Felis catus.

Nomenclatura popular

A nomeação dos seres vivos que compõe a biodiversidade constitui uma etapa do trabalho de classificação. Muitos seres são
"batizados" pela população com nomes denominados populares ou vulgares, pela comunidade científica.

Esses nomes podem designar um conjunto muito amplo de organismos, incluindo, algumas vezes, até grupos não
aparentados.

Um outro exemplo é a planta Manihot esculenta, cuja raiz é muito apreciada como alimento. Dependendo da região do Brasil,
ela é conhecida por vários nomes: aipim, macaxeira ou mandioca.

Considerando os exemplo apresentados, podemos perceber que a nomenclatura popular varia bastante, mesmo num país
como o Brasil, em que a população fala um mesmo idioma, excetuando-se os idiomas indígenas. Imagine se considerarmos o
mundo todo, com tantos, com tantos idiomas e dialetos diferentes, a grande quantidade de nomes de um mesmo ser vivo pode
receber. Desse modo podemos entender a necessidade de existir uma nomenclatura padrão, adotada internacionalmente,
para facilitar a comunicação de diversos profissionais, como os médicos, os zoólogos, os botânicos e todos aqueles que
estudam os seres vivos.

Um outro exemplo é a planta Manihot esculenta, cuja raiz é muito apreciada como alimento. Dependendo da região do Brasil,
ela é conhecida por vários nomes: aipim, macaxeira ou mandioca.

Considerando os exemplo apresentados, podemos perceber que a nomenclatura popular varia bastante, mesmo num país
como o Brasil, em que a população fala um mesmo idioma, excetuando-se os idiomas indígenas. Imagine se considerarmos o
mundo todo, com tantos, com tantos idiomas e dialetos diferentes, a grande quantidade de nomes de um mesmo ser vivo pode
receber. Desse modo podemos entender a necessidade de existir uma nomenclatura padrão, adotada internacionalmente,
para facilitar a comunicação de diversos profissionais, como os médicos, os zoólogos, os botânicos e todos aqueles que
estudam os seres vivos.

Filogenia

Quais foram os ancestrais dos répteis (lagartos, cobras) que vivem na Terra atual?

Essas e outras perguntas relativas à origem dos grandes grupos de seres vivos eram difíceis de serem respondidas até surgir,
em 1859, a Teoria da evolução Biológica por Seleção Natural, proposta por Charles Darwin e Alfred Russel Wallace. Com a
compreensão de "como" a evolução biológica ocorre, os biólogos passaram a sugerir hipóteses para explicar a possível
relação de parentesco entre os diversos grupos de seres vivos.

Diagramas em forma de árvore - elaborados com dados de anatomia e embriologia comparadas, além de informações
derivadas do estudo de fósseis - mostraram a hipotética origem de grupos a partir de supostos ancestrais. Essas supostas
"árvores genealógicas" ou "filogenéticas" (do grego, phylon = raça, tribo + génesis = fonte, origem, início) simbolizavam a
história evolutiva dos grupos que eram comparados, além de sugerir uma provável época de origem para cada um deles.
Como exemplo veja a figura abaixo.

O esquema representa uma provável "história evolutiva" dos vertebrados. Note que estão representados os grupos atuais - no
topo do esquema - bem como os prováveis ancestrais. Perceba que o grupo das lampreias (considerados "peixes" sem
mandíbula) é bem antigo (mais de 500 milhões de anos). Já cerca de 150 milhões de anos, provavelmente a partir de um
grupo de dinossauros ancestrais. Note, ainda, que o parentesco existe entre aves e répteis é maior do que existe entre
mamífero e répteis, e que os três grupos foram originados de um ancestral comum.
Atualmente com um maior número de informações sobre os grupos taxonômicos passaram-se a utilizar computadores para se
gerar as árvores filogenéticas e os cladogramas para estabelecer as inúmeras relações entre os seres vivos.

Cladogramas

Ao dispor de um grande número de características comparativas, mais confiáveis - anatômicas, embriológicas, funcionais,
genéticas, comportamentais etc. - os biólogos interessados na classificação dos seres vivos puderam elaborar hipóteses mais
consistentes a respeito da evolução dos grandes grupos.

Influenciados pelo trabalho de Wili Hennig - um cientista alemão, especialista em insetos - passaram a apresentar as
características em cladogramas.

Neste tipo de diagrama, utiliza-se uma linha, cujo ponto de origem - a raiz- simboliza um provável grupo (ou espécie) ancestral.
De cada nó surge um ramo, que conduz a um ou a vários grupos terminais. Com os cladogramas pode-se estabelecer uma
comparação entre as características primitivas - que existiam em grupos ancestrais - e as derivadas - compartilhadas por
grupos que os sucederam.

Caracteristicas Gerais

Para ser considerado um ser vivo, esse tem que apresentar certas características:

Ser constituído de célula;


Buscar energia para sobreviver;
Responder a estímulos do meio;
Se reproduzir;
Evoluir.

De acordo com o número de células, podem ser divididos em:


Unicelulares - Bactérias, cianofitas, protozoários, algas unicelulares e leveduras.
Pluricelulares - os demais seres vivos.

De acordo com a organização estrutural, as células são divididas em:


Células Procariontes
Células Eucariontes
Células Procariontes

As células procariontes ou procarióticas, também chamadas de protocélulas, são muito diferentes das eucariontes. A sua
principal característica é a ausência de carioteca individualizando o núcleo celular, pela ausência de alguns organelas e pelo
pequeno tamanho que se acredita que se deve ao fato de não possuírem compartimentos membranosos originados por
evaginação ou invaginação. Também possuem DNA na forma de um anel não-associado a proteínas (como acontece nas
células eucarióticas, nas quais o DNA se dispõe em filamentos espiralados e associados à histonas).

Estas células são desprovidas de mitocôndrias, plastídeos, complexo de Golgi, retículo endoplasmático e sobretudo
cariomembrana o que faz com que o DNA fique disperso no citoplasma.

A este grupo pertencem seres unicelulares ou coloniais:


Bactérias
Cianofitas (algas cianofíceas, algas azuis ou ainda Cyanobacteria)
PPLO ("pleuro-pneumonia like organisms") ou Micoplasmas
Células incompletas
As bactérias dos grupos das rickettsias e das clamídias são muito pequenas, sendo denominadas células incompletas por não
apresentarem capacidade de auto-duplicação independente da colaboração de outras células, isto é, só proliferarem no
interior de outras células completas, sendo, portanto, parasitas intracelulares obrigatórios.

Diferente dos vírus por apresentarem:


conjuntamente DNA e RNA;
parte da máquina de síntese celular necessária para reproduzirem-se;
uma membrana semipermeável, através da qual realizam as trocas com o meio envolvente.

Obs.: já foram encontrados vírus com DNA, adenovirus, e RNA, retrovírus, no entanto são raros, os vírus que possuem DNA e
RNA simultaneamente.
Células Eucariontes
As células eucariontes ou eucarióticas, também chamadas de eucélulas, são mais complexas que as procariontes. Possuem
membrana nuclear individualizada e vários tipos de organelas. A maioria dos animais e plantas a que estamos habituados são
dotados deste tipo de células.

é altamente provável que estas células tenham surgido por um processo de aperfeiçoamento contínuo das células
procariontes.

Não é possível avaliar com precisão quanto tempo a célula "primitiva" levou para sofrer aperfeiçoamentos na sua estrutura até
originar o modelo que hoje se repete na imensa maioria das células, mas é provável que tenha demorado muitos milhões de
anos. Acredita-se que a célula "primitiva" tivesse sido bem pequena e para que sua fisiologia estivesse melhor adequada à
relação tamanho × funcionamento era necessário que crescesse.

Acredita-se que a membrana da célula "primitiva" tenha emitido internamente prolongamentos ou invaginações da sua
superfície, os quais se multiplicaram, adquiriram complexidade crescente, conglomeraram-se ao redor do bloco inicial até o
ponto de formarem a intrincada malha do retículo endoplasmático. Dali ela teria sofrido outros processos de dobramentos e
originou outras estruturas intracelulares como o complexo de Golgi, vacúolos, lisossomos e outras.

Quanto aos cloroplastos (e outros plastídeos) e mitocôndrias, atualmente há uma corrente de cientistas que acreditam que a
melhor teoria que explica a existência destes orgânulos é a Teoria da Endossimbiose, segundo a qual um ser com uma célula
maior possuía dentro de sí uma célula menor mas com melhores características, fornecendo um refúgio à menor e esta a
capacidade de fotossintetizar ou de sintetizar proteínas com interesse para a outra.

Os niveis de organização das Células Eucariotas


Neste grupo encontram-se:
Células Vegetais (com cloroplastos e com parede celular; normalmente, apenas um grande vacúolo central)
Células Animais (sem cloroplastos e sem parede celular; vários pequenos vacúolos)

Célula animal

A palavra célula foi usada pela 1ª vez em 1665, pelo inglês Robert Hooke (1635-1703). Com um microscópio muito simples ele
observou pedaços de cortiça, e percebeu que ela era formada por compartimentos vazios que ele chamou de células.

Célula animal é uma célula que se pode encontrar nos animais e que se distingue da célula vegetal pela ausência de parede
celular e de plastos. Possui flagelo, o que não é comum nas células vegetais.

Célula Animal (sem cloroplastos e sem parede celular; vários pequenos vacúolos)
Nucléolo: armazena carga genética
Núcleo celular: cromossomos do DNA
Ribossomos: faz a síntese de proteínas
Vesículas
Ergastoplasma ou Retículo endoplasmático rugoso (RER): transporte de proteínas (há ribossomos grudados nele)
Complexo de Golgi: armazena e libera as proteínas
Microtúbulos
Retículo Endoplasmático Liso: produção de lipídios
Mitocôndrias: respiração
Vacúolo: existem na célula animal, porém são muito maiores na celula vegetal, servindo como reserva energética
Citoplasma
Lisossomas: digestão
Centríolos: divisão celular

Célula vegetal

A célula vegetal é semelhante à célula animal, mas contém algumas peculiaridades, como a parede celular e os cloroplastos.
Está dividida em:

- Componentes protoplasmáticos, que são um composto de organelas celulares e outras estruturas que sejam ativas no
metabolismo celular. Inclui o núcleo, retículo endoplasmático, citoplasma, ribossomos, complexo de Golgi, mitocôndrias,
lisossomos e plastos.
- Componentes não protoplasmáticos, que são os resíduos do metabolismo celular ou substâncias de armazenamento. Inclui
vacúolos, parede celular e substâncias ergástricas.

Vacúolo
é uma cavidade delimitada por uma membrana (tonoplasto) e contém o suco celular que é composto de substâncias
ergástricas e algumas em células podem conter pigmentos como as flavonas e antocianinas. Células jovens geralmente têm
vários vacúolos pequenos que ao longo de seu desenvolvimento se fundem em um mega vacúolo. Eles atuam na regulação
osmótica expulsando água da célula ou podem se fundir aos lisossomos e participar do processo de digestão intracelular.
Origina-se do complexo de golgi.

Substâncias ergástricas
São substâncias de reserva ou resíduos, produtos, do metabolismo celular.

Amido: são partículas sólidas com formas variadas, pode ser encontrado no cloroplasto ou no leucoplasto. Formam grãos com
muitas camadas centradas em um ponto chamado hilo.
Proteína: as proteínas ergástricas são material de reserva e se apresentam no endosperma de muitas sementes em forma de
grãos de aleurona.
Lipídios: pode ocorrer em forma de óleo ou gordura se for para armazenamento ou em forma de terpenos que são produtos
finais como óleos essenciais e resinas.
Taninos: um grupo de compostos fenólicos que podem ficar em vários órgãos vegetais (se acumulam no vacúolos) e podem
impregnar a parede celular
Plasto
É originado do protoplastídeo e tem configurações diferentes, com várias especialidades:

Cloroplastos são plastos de clorofila, responsável pela fotossíntese. Só são encontrados em células expostas à luz. é formado
por uma membrana externa e uma interna que sofre invaginações formando sacos empilhados, os tilacoides. Alguns se
dispõem uns sobre os outros formando uma pilha chamada granum (plural = grana). A matriz interna é chamada de estroma e
pode conter granululos de amido espalhados por ele. São derivados dos cromoplastos. Cloroplastos possuem seu próprio
DNA e ribossomos, são relativamente independentes do resto da célula (principalmente do núcleo).

Cromoplastos são plastos coloridos (contém pigmentos) de estrutura irregular que dão origem aos cloroplastos. Seus
principais pigmentos são os carotenoides (coloração da cenoura) e xantofilas que dão coloração para flores e frutos.

Leucoplastos são incolores e servem para acumular substâncias diversas como proteínas, amidos e lipídios. Dependendo da
substância que acumulam, recebem nomes diferentes: oleoplastos, proteoplastos, amiloplastos, etc.

Os Vírus

Vírus seres vivos ou não?

Os vírus são seres muito simples e pequenos (medem menos de 0,2 µm), formados basicamente por uma cápsula proteica
envolvendo o material genético, que, dependendo do tipo de vírus, pode ser o DNA, RNA ou os dois juntos (citomegalovírus).

A palavra vírus vem do Latim vírus que significa fluído venenoso ou toxina. Atualmente é utilizada para descrever os vírus
biológicos, além de designar, metaforicamente, qualquer coisa que se reproduza de forma parasitária, como ideias. O termo
vírus de computador nasceu por analogia. A palavra vírion ou víron é usada para se referir a uma única partícula viral que
estiver fora da célula hospedeira.

Das 1.739.600 espécies de seres vivos conhecidos, os vírus representam 3.600 espécies.

Vírus é uma partícula basicamente proteica que pode infectar organismos vivos. Vírus são parasitas obrigatórios do interior
celular e isso significa que eles somente se reproduzem pela invasão e possessão do controle da maquinaria de
auto-reprodução celular. O termo vírus geralmente refere-se às partículas que infectam eucariontes (organismos cujas células
têm carioteca), enquanto o termo bacteriófago ou fago é utilizado para descrever aqueles que infectam procariontes (domínios
bacteria e archaea).

Tipicamente, estas partículas carregam uma pequena quantidade de ácido nucleico (seja DNA ou RNA, ou os dois) sempre
envolto por uma cápsula proteica denominada capsídeo. As proteínas que compõe o capsídeo são específicas para cada tipo
de vírus. O capsídeo mais o ácido nucleico que ele envolve são denominados nucleocapsídeo. Alguns vírus são formados
apenas pelo núcleo capsídeo, outros no entanto, possuem um envoltório ou envelope externo ao nucleocapsídeo. Esses vírus
são denominados vírus encapsulados ou envelopados.

O envelope consiste principalmente em duas camadas de lipídios derivadas da membrana plasmática da célula hospedeira e
em moléculas de proteínas virais, específicas para cada tipo de vírus, imersas nas camadas de lipídios.
São as moléculas de proteínas virais que determinam qual tipo de célula o vírus irá infectar. Geralmente, o grupo de células
que um tipo de vírus infecta é bastante restrito. Existem vírus que infectam apenas bactérias, denominadas bacteriófagos, os
que infectam apenas fungos, denominados micófagos; os que infectam as plantas e os que infectam os animais,
denominados, respectivamente, vírus de plantas e vírus de animais.

Os vírus não são constituídos por células, embora dependam delas para a sua multiplicação. Alguns vírus possuem enzimas.
Por exemplo o HIV tem a enzima Transcriptase reversa que faz com que o processo de Transcrição reversa seja realizado
(formação de DNA a partir do RNA viral). Esse processo de se formar DNA a partir de RNA viral é denominado
retrotranscrição, o que deu o nome retrovírus aos vírus que realizam esse processo. Os outros vírus que possuem DNA fazem
o processo de transcrição (passagem da linguagem de DNA para RNA) e só depois a tradução. Estes últimos vírus são
designados de adenovírus.

Vírus são parasitas intracelulares obrigatórios: a falta de hialoplasma e ribossomos impede que eles tenham metabolismo
próprio. Assim, para executar o seu ciclo de vida, o vírus precisa de um ambiente que tenha esses componentes. Esse
ambiente precisa ser o interior de uma célula que, contendo ribossomos e outras substâncias, efetuará a síntese das proteínas
dos vírus e, simultaneamente, permitirá que ocorra a multiplicação do material genético viral.

Em muitos casos os vírus modificam o metabolismo da célula que parasitam, podendo provocar a sua degeneração e morte.
Para isso, é preciso que o vírus inicialmente entre na célula: muitas vezes ele adere à parede da célula e "injeta" o seu
material genético ou então entra na célula por englobamento - por um processo que lembra a fagocitose, a célula "engole" o
vírus e o introduz no seu interior.

Vírus, seres vivos ou não?


Vírus não têm qualquer atividade metabólica quando fora da célula hospedeira: eles não podem captar nutrientes, utilizar
energia ou realizar qualquer atividade biossintética. Eles obviamente se reproduzem, mas diferentemente de células, que
crescem, duplicam seu conteúdo para então dividir-se em duas células filhas, os vírus replicam-se através de uma estratégia
completamente diferente: eles invadem células, o que causa a dissociação dos componentes da partícula viral; esses
componentes então interagem com o aparato metabólico da célula hospedeira, subvertendo o metabolismo celular para a
produção de mais vírus.

Há grande debate na comunidade científica sobre se os vírus devem ser considerados seres vivos ou não, e esse debate e
primariamente um resultado de diferentes percepções sobre o que vem a ser vida, em outras palavras, a definição de vida.
Aqueles que defendem a ideia que os vírus não são vivos argumentam que organismos vivos devem possuir características
como a habilidade de importar nutrientes e energia do ambiente, devem ter metabolismo (um conjunto de reações químicas
altamente inter-relacionadas através das quais os seres vivos constroem e mantêm seus corpos, crescem e performam
inúmeras outras tarefas, como locomoção, reprodução, etc.); organismos vivos também fazem parte de uma linhagem
contínua, sendo necessariamente originados de seres semelhantes e, através da reprodução, gerar outros seres semelhantes
(descendência ou prole), etc.

Os vírus preenchem alguns desses critérios: são parte de linhagens contínuas, reproduzem-se e evoluem em resposta ao
ambiente, através de variabilidade e seleção, como qualquer ser vivo. Porém, não têm metabolismo próprio, por isso deveriam
ser considerados "partículas infecciosas", ao invés de seres vivos propriamente ditos. Muitos, porém, não concordam com
essa perspectiva, e argumentam que uma vez que os vírus são capazes de reproduzir-se, são organismos vivos; eles
dependem do maquinário metabólico da célula hospedeira, mas até aíi todos os seres vivos dependem de interações com
outros seres vivos. Outros ainda levam em consideração a presença massiva de vírus em todos os reinos do mundo natural,
sua origem - aparentemente tão antiga como a própria vida - sua importância na história natural de todos os outros
organismos, etc. Conforme já mencionado, diferentes conceitos a respeito do que vem a ser vida formam o cerne dessa
discussão. Definir vida tem sido sempre um grande problema, e já que qualquer definição provavelmente será evasiva ou
arbitrária, dificultando assim uma definição exata a respeito dos vírus.

Doenças Humanas Virais

No homem, inúmeras doenças são causadas por esses seres acelulares. Praticamente todos os tecidos e órgãos humanos
são afetados por alguma infecção viral.

Abaixo você encontra as viroses mais frequentes na nossa espécie. Valorize principalmente os mecanismos de transmissão e
de prevenção. Note que a febre amarela e dengue são duas viroses que envolvem a transmissão por insetos (mosquito da
espécie Aedes aegypti). Para a primeira, existe vacina.

Duas viroses relatadas abaixo, AIDS e condiloma acuminado são doenças sexualmente trasmissíveis (DSTs). A listagem
também relaciona viroses comuns na infância, rubélola, caxumba, sarampo, poliomelite - para as quais existem vacinas.
Algumas das principais viroses que acometem os seres humanos são:
Resfriado Comum;
Caxumba;
Raiva;
Rubéola;
Sarampo;
Hepatites;
Dengue;
Poliomielite;
Febre amarela;
Varicela ou Catapora;
Varíola;
Meningite viral;
Mononucleose Infecciosa;
Herpes
Condiloma
Hantavirose
AIDS.
Prevenção e tratamento de doenças virais
Devido ao uso da maquinaria das células do hospedeiro, os vírus tornam-se difíceis de matar. As mais eficientes soluções
médicas para as doenças virais são, até agora, as vacinas para prevenir as infecções, e drogas que tratam os sintomas das
infecções virais.

Os pacientes frequentemente pedem antibióticos, que são inúteis contra os vírus, e seu abuso contra infecções virais é uma
das causas de resistência antibiótica em bactérias. Diz-se, às vezes, que a ação prudente é começar com um tratamento de
antibióticos enquanto espera-se pelos resultados dos exames para determinar se os sintomas dos pacientes são causados por
uma infecção por vírus ou bactérias.

Bacteriófagos

Os bacteriófagos podem ser vírus de DNA ou de RNA que infectam somente organismos procariotos.

São formados apenas pelo nucleocapsídeo, não existindo formas envelopadas. Os mais estudados são os que infectam a
bactéria intestinal Escherichia coli, conhecida como fagos T. Estes são constituídos por uma cápsula protéica bastante
complexa, que apresenta uma região denominada cabeça, com formato poligonal, envolvendo uma molécula de DNA, e uma
região denominada cauda, com formato cilíndrico, contendo, em sua extremidade livre, fibras protéicas.

A reprodução ou replicação dos bacteriófagos, assim como os demais vírus, ocorre somente no interior de uma célula
hospedeira.

Existem basicamente dois tipos de ciclos reprodutivos: o ciclo lítico e o ciclo lisogênico. Esses dois ciclos iniciam com o fago T
aderindo à superfície da célula bacteriana através das fibras protéicas da cauda. Esta contrai-se, impelindo a parte central,
tubular, para dentro da célula, à semelhança, de uma microsseringa. O DNA do vírus é, então, injetado fora da célula a
cápsula protéica vazia. A partir desse momento, começa a diferenciação entre ciclo lítico e ciclo lisogênico.

No ciclo lítico, o vírus invade a bactéria, onde as funções normais desta são interrompidas na presença de ácido nucléico do
vírus (DNA ou RNA). Esse, ao mesmo tempo em que é replicado, comanda a síntese das proteínas que comporão o capsídeo.
Os capsídeos organizam-se e envolvem as moléculas de ácido nucléico. São produzidos, então novos vírus. Ocorre a lise, ou
seja, a célula infectada rompe-se e os novos bacteriófagos são liberados. Sintomas causados por um vírus que se reproduz
através desta maneira, em um organismo multicelular aparecem imediatamente. Nesse ciclo, os vírus utilizam o equipamento
bioquímico(Ribossomo)da célula para fabricar sua proteína (Capsídeo).

No ciclo lisogênico, o vírus invade a bactéria ou a célula hospedeira, onde o DNA viral incorpora-se ao DNA da célula
infectada. Isto é, o DNA viral torna-se parte do DNA da célula infectada. Uma vez infectada, a célula continua suas operações
normais, como reprodução e ciclo celular. Durante o processo de divisão celular, o material genético da célula, juntamente com
o material genético do vírus que foi incorporado, sofrem duplicação e em seguida são divididos equitativamente entre as
células-filhas. Assim, uma vez infectada, uma célula começará a transmitir o vírus sempre que passar por mitose e todas as
células estarão infectadas também. Sintomas causados por um vírus que se reproduz através desta maneira, em um
organismo multicelular podem demorar a aparecer. Doenças causadas por vírus lisogênico tendem a ser incuráveis. Alguns
exemplos incluem a AIDS e herpes.

Sob determinadas condições, naturais e artificiais (tais como radiações ultravioleta, raios X ou certos agentes químicas), uma
bactéria lisogênica pode transformar-se em não-lisogênica e iniciar o ciclo lítico.
Caxumba

Caxumba é uma doença infecciosa causada pelo vírus Paramyxovirus, que provoca não só inflamação nas parótidas, mas
também nas glândulas submaxilares e sublinguais. Na maior parte das vezes, a infecção se manifesta na infância, nos meses
de inverno e no começo da primavera.

A transmissão se dá pelo contato direto com as secreções das vias aéreas superiores da pessoa infectada, a partir de dois
dias antes até nove dias depois do aparecimento dos sintomas.

Raros são os casos de reinfecção pelo vírus da caxumba. Em geral, uma vez infectada, a pessoa adquire imunidade contra a
doença. No entanto, se a infecção se manifestou apenas de um lado, o outro pode ser afetado em outra ocasião.

Sintomas
Os sintomas costumam surgir de 12 a 25 dias após o contágio. As glândulas ficam inchadas, podendo-se perceber pelo
pescoço logo abaixo da orelha, e doloridas. Também causa dor de cabeça, dores musculares, fraqueza, febre, calafrios e dor
ao mastigar ou engolir. Nos casos masculinos pode ocorrer orquite, isto é inflamação do testículo e em casos femininos, a
ooforite, isto é, inflamação dos ovários. Em alguns casos podem ocorrer meningite, as sequelas podem ser diminuição da
capacidade auditiva e4 esterilidade.

Diagnóstico
O diagnóstico é basicamente clínico. Entretanto, há exames de sangue que ajudam identificar a presença de anticorpos contra
o vírus da caxumba. Eles devem ser realizados, quando for necessário estabelecer o diagnóstico de certeza.

Prevenção e tratamento
A vacina contra caxumba é produzida com o vírus vivo atenuado da doença e faz parte do Calendário Básico de Vacinação.
Pode ser aplicada isoladamente. No entanto, em geral, está associada às vacinas contra sarampo e rubéola. As três juntas
compõem a vacina tríplice viral. A primeira dose deve ser administrada aos doze meses e a segunda, entre 4 e 6 anos.

Exceção feita aos imunodeprimidos e às gestantes, adultos que não foram infectados nem tomaram a vacina na infância e
adolescência devem ser imunizados.

A caxumba não tem tratamento, o próprio organismo se encarrega de resolver a infecção. O tratamento é para aliviar os
sintomas com o uso de analgésicos e repouso.

Recomendações
não se automedique, nem medique a criança antes de consultar um médico e ter o diagnóstico de certeza de caxumba,
doença também conhecida como parotidite infecciosa ou papeira;
mantenha o doente em repouso até que tenham desaparecido os sintomas;
ofereça-lhe alimentos líquidos ou pastosos, que são mais fáceis de engolir;
lembre-se: adultos que não foram vacinados ou não tiveram a doença podem ser infectados pelo vírus da caxumba e por isso
devem ser vacinados;
atenção mulheres que nunca tiveram caxumba, nem tomaram a vacina. Procurem um posto para serem vacinadas antes de
engravidar. Na gestação, a doença pode provocar abortamento.

Raiva

A raiva é um doença viral prevenível de mamíferos, que geralmente é transmitida através da mordida de uma animal infectado.

O vírus da raiva infecta o sistema nervoso central, causando encefalopatia e morte. Os primeiros sintomas da raiva em
humanos não são específicos e consistem em febre, dor de cabeça e mal-estar geral. À medida que a doença progride, os
sintomas neurológicos aparecem e podem incluir insônia, ansiedade, confusão, paralisia, excitação, alucinação, agitação,
hiper-salivação, dificuldade de engolir e hidrofobia (medo da água). A morte ocorre dentro de dias após o aparecimento dos
sintomas neurológicos como a hidrofobia.

Transmissão da raiva
A transmissão da raiva geralmente começa quando a saliva infectada é passada a um animal sem a infecção. Várias rotas de
transmissão têm sido documentadas, sendo a que a mais comum é através da mordida e saliva de um animal contaminado.
Seguindo à infecção primária, o vírus entra na fase de eclipse, na qual não pode ser facilmente detectado no hospedeiro. Essa
fase pode durar por vários dias ou meses. A entrada do vírus nos nervos periféricos é importante para a infecção progressiva
ocorrer.

Depois do vírus entrar nos nervos periféricos, ele é transportado até o sistema nervoso central, geralmente via nervos motores
e sensoriais. O período de incubação é esse tempo desde a exposição até o aparecimento dos sintomas clínicos da raiva. O
período de incubação pode variar de alguns poucos dias até anos, mas geralmente dura de 1 a 3 meses. A disseminação do
vírus dentro do sistema nervoso central é rápida. Durante o período de infecção cerebral desenvolvem-se as alterações
clássicas de comportamento associadas à raiva.

Sinais e sintomas
Os primeiros sintomas da raiva podem ser sinais não específicos similares à gripe -- mal-estar, febre ou dor de cabeça -- os
quais podem durar por dias. Pode haver desconforto ou parestesia (sensações cutâneas subjetivas como frio, calor,
formigamento, pressão) no local da exposição (mordida), progredindo em dias para sintomas de disfunção cerebral,
ansiedade, confusão e agitação, evoluindo até delírio, comportamento anormal, alucinações, hidrofobia e insônia. Depois que
os sinais clínicos da raiva aparecem a doença é quase sempre fatal e o tratamento é tipicamente de suporte. A prevenção da
raiva se dá através da vacinação.

Diagnóstico da raiva em animais


O teste direto fluorescente para antígenos é o mais frequentemente usado para diagnosticar a raiva em animais. Esse teste
requer tecido cerebral do animal suspeito de ter a raiva e só pode ser feito apenas após a morte.

Diagnóstico da raiva em humanos


Vários testes são necessários para diagnosticar a raiva antes da morte em humanos e nenhum teste é suficiente sozinho. Os
testes são feitos com amostras de saliva, fluido espinhal, plasma e pele.

Morcegos e a raiva
Se a pessoa for mordida por um morcego -- ou se material infeccioso (como a saliva) proveniente de morcego entra nos olhos,
nariz, boca ou ferimento -- ela deve lavar a área afetada cuidadosamente e procurar imediatamente por ajuda médica. Sempre
que possível o morcego deve ser capturado e levado a laboratório para testar se tem raiva. As pessoas não pegam raiva ao ter
contato com as fezes, sangue ou urina dos morcegos, nem ao tocar em sua pele apesar deles nunca deverem ser
manuseados.

Rubéola

Também conhecida como sarampo alemão, a rubéola é uma virose ou doença infecto-contagiosa muito comum no período da
infância, mas que também pode ocorrer em adultos não vacinados ou que não tiveram a doença quando crianças.

Normalmente, as infecções por estes vírus produzem imunidade permanente, ou seja, ocorre apenas uma vez na vida.

Transmitida por via respiratória, a rubéola é causada por um vírus RNA chamado Togavírus. As epidemias de rubéola
geralmente ocorrem em ciclos de 06 a 10 anos, no período do inverno e da primavera, atingindo principalmente crianças em
idade escolar até 9 anos e adolescentes após a vacinação.

Sintomas
Manchas vermelhas que aparecem na face e atrás da orelha e depois se espalham por todo o corpo. Após o contágio leva-se
em média 18 dias até ter o primeiro sintoma (período de incubação) os sintomas são parecidos com os da gripe: dor de
cabeça e dos testículos; dor ao engolir; dores nas articulações e nos músculos, pele seca, congestão nasal com espirros,
aumento dos glânglios linfáticos, febre baixa (até 38ºC), no pescoço, manchas avermelhadas que iniciam no rosto e evoluem
rapidamente pelo corpo (em geral desaparecem em menos de 5 dias), vermelhidão ou inflamação nos olhos (que não
representa perigo).

A infecção geralmente é benigna e em metade dos casos não produz nenhuma manifestação clínica. Porém, se torna perigosa
quando a infecção ocorre durante a gravidez, (rubéola congênita ou seja, transmitida da mãe para o feto), pois o vírus invade a
placenta e infecta o embrião, comumente nos três primeiros.

meses de gestação, neste caso, a rubéola pode causar aborto, morte do feto, parto prematuro e mal-formações congênitas
como: problemas visuais (catarata e glaucoma), surdez, cardiopatia congênita, microcefalia com retardo mental entre outras. A
partir do 5° mês de gravidez, o risco de lesão fetal é praticamente nulo.

Transmissão
O contágio se dá pelas vias respiratórias, por contato direto com secreções nasais ou pelo ar, através da aspiração de
gotículas de saliva ou secreção nasal.

O vírus multiplica-se primeiramente na faringe e nos órgãos linfáticos. Depois se espalha pelo sangue e então se manifesta na
pele por meio das manchas avermelhadas. O período de incubação é de duas a três semanas, por isso, os sintomas demoram
para serem percebidos.

Diagnóstico
Por causa de sua semelhança com outras viroses (gripe comum, sarampo, dengue, etc), o diagnóstico preciso da rubéola só
pode ser obtido pelo exame sorológico.

Tratamento
É realizado à base de Antitérmicos e analgésicos que ajudam a diminuir o desconforto, aliviar as dores de cabeça e do corpo e
baixar a febre. é recomendado ao paciente, repouso durante o período crítico da doença.

Prevenção
Para diminuir a circulação do vírus da rubéola, a vacinação é muito importante, recomendada aos 15 meses de idade (vacina
MMR) e para todos os adultos que ainda não tiveram a doença (vacinação de bloqueio). é importante saber que a Criança que
nasce com rubéola pode transmitir o vírus por até um ano. Por isso, devem ser afastadas de outras crianças e de gestantes
que ainda não tiveram a doença.

A vacina contra a rubéola, eficiente em quase 100% dos casos, deve ser administrada em crianças aos 15 meses de vida. A
vacina é composta por vírus vivos atenuados e pode ser produzida na forma monovalente, associada com sarampo (dupla
viral) ou com sarampo e caxumba (tríplice viral). A doença não é séria e as crianças de sexo masculino não necessitam tomar
vacina, porém, frequentemente isso ocorre para prevenir epidemias ou evitar o risco de, depois de adultos, infetar sua
companheira grávida não vacinada.

Atenção!

As gestantes não podem ser vacinadas e as mulheres vacinadas devem evitar gravidez por um mês após a data de vacinação.
Assim, as mulheres que não tiveram a doença quando crianças devem ser vacinadas antes de engravidar. Pacientes
portadores de doença maligna, deficiência imunológica, em uso de imunossupressores, corticoides e quimioterápicos não
poderão ser vacinados.

Embora se acredite que seja possível o controle efetivo desta doença viral, e até mesmo a erradicá-la com a vacinação em
larga escala, esta doença, bem como as outras viroses, ainda representam importante agravo de saúde pública em várias
partes do mundo, especialmente em áreas onde se aliam condições precárias de subsistência e cobertura inadequada de
vacinação.

Sarampo

Doença infecciosa, altamente contagiosa. Faz parte do grupo das doenças que se manifestam por alterações marcantes da
pele, exantema eritematoso (pele avermelhada, com placas tendendo a se unirem) e com comprometimento de vários órgãos.
O sarampo é causado por um vírus chamado Morbili vírus.

Transmissão
Os homens e os macacos são os únicos animais que abrigam naturalmente esse vírus. Gotículas da respiração e mesmo o ar
com o vírus ainda vivo são responsáveis pela disseminação da doença.

O período de contaminação se inicia 3 a 4 dias antes e vai até 4 a 5 dias após o surgimento das lesões da pele (rash cutâneo).
O tempo que leva entre a contaminação e o aparecimento dos sintomas (período de incubação) é em média 2 semanas.

Sintomas
Febre muito alta, tosse intensa, coriza, conjuntivite e exantema máculo-papular (pele com placas ásperas avermelhadas). O
exame interno da bochecha permite identificar pequenos pontos branco-amarelados (enantema de Koplick) que confirma o
diagnóstico.

Diagnóstico
Para diagnóstico, além da análise dos sintomas e manifestações cutâneas, pode ser solicitado exame de sangue para verificar
a presença dos anticorpos.

Tratamento e prevenção
Na imensa maioria das vezes, o tratamento é voltado para diminuir os sintomas como febre e tosse, ou para combater alguma
complicação quando antibióticos são usados.

Casos muito especiais podem necessitar medicação do tipo gama globulina anti-sarampo, visando o próprio vírus ou o reforço
da capacidade de defesa geral. O sarampo é certamente a mais grave das chamadas doenças comuns da infância:
complicações graves e morte ocorrem em até 3/1000 casos.

A prevenção se dá através da vacina aplicada aos 12 meses e com reforços aos 4-6 anos e aos 12 anos. Mulheres grávidas
ou que possam engravidar dentro de 90 dias não devem ser vacinadas.
Poliomielite

A poliomielite, ou "paralisia infantil", é uma doença infecto-contagiosa causada por vírus que se instala agudamente e é
caracterizada por um quadro clássico de paralisia flácida de início súbito.

O déficit motor instala-se subitamente, e a evolução não costuma ultrapassar três dias. Acomete em geral os membros
inferiores, de forma assimétrica, e se caracteriza por flacidez muscular (perda do tônus muscular), com preservação da
sensibilidade e ausência de reflexos na parte do corpo atingida pela doença.

Transmissão
O modo de aquisição do poliovírus é oral, através de transmissão fecal-oral ou, raramente, oral-oral. A multiplicação inicial do
poliovírus ocorre nos locais por onde penetra no organismo (garganta e intestinos). Em seguida dissemina-se pela corrente
sanguínea e, então, infecta o sistema nervoso, onde a sua multiplicação pode ocasionar a destruição de células (neurônios
motores), o que resulta em paralisia flácida.

A transmissão do poliovírus ocorre mais frequentemente a partir do indivíduo assintomático. A eliminação é mais intensa 7 a
10 dias antes do início das manifestações iniciais, mas o poliovírus pode continuar a ser eliminado durante 3 a 6 semanas. A
poliomielite não tem tratamento específico.

Riscos
A poliomielite ainda é considerada endêmica pela Organização Mundial da Saúde na Nigéria, Índia, Afeganistão e Paquistão.
Existem perspectivas de erradicação, mas elevado número de pessoas que deslocam de e para áreas endêmicas fazem com
que o risco de reintrodução da poliomielite seja preocupante e, enquanto existirem áreas endêmicas no mundo, permanente.
Não sem razão, entre 2003 e 2005, a doença foi reintroduzida , através de casos importados, em 25 países de onde fora
anteriormente eliminada.

No Continente Americano, o último caso de poliomielite paralítica causado pelo poliovírus selvagem ocorreu no Perú em
agosto de 1991. Em 1994 a eliminação da poliomielite no Continente Americano, o primeiro a obtê-la, foi atestada por uma
Comissão Internacional. No Brasil, o último caso de poliomielite com o vírus selvagem ocorreu em 1989, e o país recebeu o
Certificado de Eliminação da Poliomielite em 12 de dezembro de 1994.

No entanto, o risco de reintrodução do poliovírus selvagem em países de onde a doença já foi eliminada, torna mandatória a
vigilância continuada dos casos de paralisia flácida e a manutenção dos programas de imunização para a poliomielite. A
vacina contra a poliomielite faz parte do Calendário Básico de Vacinação, e é aplicada aos 2, 4, 6 e 15 meses de idade. Além
disto, é realizada anualmente uma Campanha Nacional de Imunização, na qual são vacinadas crianças com idade de até
cinco anos.

Manifestações
Uma pessoa que se infecta com o poliovírus pode ou não desenvolver a doença e mais 95% das infecções são
assintomáticas. O período entre a infecção com o poliovírus e o início dos sintomas (incubação) varia de 3 a 35 dias. Quando
ocorrem, as manifestações são semelhantes às de outras doenças, como infecções respiratórias (febre e dor de garganta,
"gripe") ou gastrintestinais (náuseas, vômitos, dor abdominal, constipação - "prisão de ventre" - ou, raramente, diarreia). Na
maioria das vezes as manifestações desaparecem em uma semana e não ocorre comprometimento do sistema nervoso
central.

Em algumas pessoas, após as manifestações iniciais, pode surgir um quadro de meningite asseptica, geralmente, com
recuperação completa em até dez dias sem que ocorra paralisia. Contudo, em uma em para cada 200 pessoas infectadas
pode haver o desenvolvimento de poliomielite paralítica. A paralisia flácida geralmente começa entre 1 e 10 dias depois das
manifestações iniciais e progride por 2 a 3 dias. A poliomielite não tem tratamento específico. Muitas pessoas que
desenvolvem poliomielite paralítica se recuperam total ou parcialmente, mas 2 a 5% das crianças e 15 a 30% dos adultos
podem evoluir para o óbito.

Prevenção
A poliomielite pode ser evitada através de vacinação e medidas de prevenção contra doenças transmitidas por contaminação
fecal de água e alimentos. Existem dois tipos de vacinas, a Sabin (oral, com vírus atenuado) e a Salk (injetável, com vírus
inativado). A vacina oral contra a poliomielite não deve ser utilizada em pessoas com imunodeficiência (inclusive portadores de
HIV) e nem em contactantes destes indivíduos, situações nas quais deve ser utilizada a vacina produzida com vírus inativado
(injetável).

Os indivíduos com imunodeficência, além do risco maior de poliomielite vacinal, podem eliminar o vírus pelas fezes por
períodos prolongados (meses, anos), o que facilita a ocorrência de mutação ("reversão") e constitui um risco para pessoas não
vacinadas.
Varicela ou catapora

A varicela (catapora) é uma doença infecciosa, altamente contagiosa, causada por um vírus chamado Varicela-Zoster.

Esse vírus permanece em nosso corpo a vida toda, estando como que adormecido; sua reativação determina doença
localizada na área correspondente a um ou mais nervos sensitivos e chama-se então Herpes-Zoster, conhecida também como
cobreiro.

Transmissão
Na era pré-vacina 90% das pessoas suscetíveis desenvolviam a doença primária varicela ou catapora. No contato entre as
pessoas que moram na mesma casa a contaminação da doença ocorre em mais de 80% dos propensos; em contato menos
íntimo (colégio), baixa para 30% das crianças.

O período de transmissão inicia 24 a 48 horas antes do surgimento das lesões da pele e se estende até que todas as
vesículas tenham desenvolvido crostas (casca), usualmente 7 a 9 dias. O tempo que medeia entre o contato e surgimento da
doença (incubação) é de 14 a 16 dias, variando entre 10 e 21 dias. A transmissão se dá através do contato aéreo, de via
respiratória para via respiratória ou por contato direto com as lesões vesiculares cujo líquido está cheio de vírus.

Sintomas
Uma vez alojados no organismo, os vírus começam a se reproduzir, invadem o sangue e produzem os sinais de infecção:
febre 38 a 38,5°C, mal estar, perda do apetite, dor de cabeça. Os sintomas são mais ou menos intensos na dependência da
quantidade de vírus contaminantes e da capacidade de defesa daquele indivíduo.

Os vírus que estão na árvore respiratória são carregados para a pele e mucosas pela corrente sanguínea. Inicia-se uma
reação inflamatória local; aparecem pequenas bolinhas avermelhadas com coceira intensa que evoluem rapidamente para
pequenas bolhas com líquido cristalino, que acaba se turvando.

As bolhas retraem-se no centro e inicia-se a formação de crosta escura (casca). Tudo ocorre em mais ou menos 2 a 3 dias. As
lesões surgem em "ondas" independentes o que faz com que haja, no mesmo indivíduo, lesões de variados estágios
evolutivos, sendo este achado um dos mais importantes para a confirmação do diagnóstico. O número das lesões é
extremamente variável (10 a 1500 em pessoas normais); na média podemos falar em cerca de 300.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico é fundamentalmente clínico. O tratamento é dirigido ao abrandamento dos sintomas. É uma doença benigna e a
cura se faz por reação do próprio organismo. Atualmente, as complicações mais importantes acontecem por contaminação
com bactérias. Gestantes, recém-nascidos e indivíduos com defesas baixas são casos que necessitam atenção especial.

Prevenção
A vacina contra varicela é recomendada após o primeiro ano de idade em dose única. Os adolescentes suscetíveis necessitam
2 doses.

Varíola

A varíola (também conhecida como bexiga) é uma doença infecto-contagiosa.

É causada por um Orthopoxvirus, um dos maiores vírus que infectam seres humanos, com cerca de 300 nanometros de
diâmetro, o que é suficientemente grande para ser visto como um ponto ao microscópio óptico.

Mais que a peste negra, tuberculose ou mesmo a AIDS, a varíola afetou a humanidade de forma significativa, por mais de
10000 anos. Múmias, como a de Ramsés V, que data o período de 1157 a.C, apresentam sinais típicos da varíola - esta que é
tida como a principal causa de mortes em nosso país, desde o seu descobrimento.

Transmissão
Desconhecidos até pouco tempo atrás, pouco se sabia quanto à transmissão de doenças causadas por vírus.

No caso da varíola, esta se dá pelo contato com pessoas doentes ou objetos que entraram em contato com a saliva ou
secreções destes indivíduos.

Penetrando no corpo, o patógeno se espalha pela corrente sanguínea e se instala, principalmente, na região cutânea,
provocando febre alta, mal estar, dores no corpo e problemas gástricos. Logo depois destas manifestações surgem, em todo o
corpo, numerosas protuberâncias cheias de pus, que dificilmente cessam sem deixar cicatrizes, e conferem coceira intensa e
dor.
O risco de cegueira pelo acometimento da córnea, e morte por broncopneumonia ou doenças oportunistas, já que tais
manifestações comprometem o sistema imunitário, são riscos que o indivíduo infectado está sujeito.

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico se faz por análise pelo microscópio eletrônico de líquido das pústulas. Os vírus são característicos e facilmente
visíveis. A varíola não tem cura. A única medida eficaz é a vacinação.

Causada pelo Orthopoxvirus variolae, é considerada, pela Organização Mundial de Saúde, erradicada desde o fim da década
de setenta, graças à vacinação. Quanto a isso, é atribuída a Edward Jenner a descoberta de que o contato prévio com o vírus
- ou partículas deste – era capaz de proteger as pessoas contra ele. Nasciam, então, os primeiros princípios da vacina, esta
capaz de nos proteger até hoje contra outras moléstias, como poliomielite e rubéola.

Apesar de controlada, algumas amostras do vírus permanecem, oficialmente, abrigadas no Centro de Controle e Prevenção de
Doenças em Atlanta (Estados Unidos) e no Centro Estatal de Pesquisas de Virologia e Biotecnologia em Koltsovo (Rússia). Tal
fator causa preocupação quanto à utilização destes organismos como armas biológicas, principalmente considerando que
indivíduos mais jovens não foram vacinados contra esta doença e que, portanto, não são imunes a esta doença, de caráter
incurável.

As opiniões quanto à destruição ou não destas partículas são longas e controversas, mas até o momento, estas permanecem
lá, onde estão.

Meningite viral

As meningites virais são mais comuns do que as bacterianas e os casos de etiologia não identificada são muito poucos frente
ao total de casos.

A meningite viral compreende a maior parte dos casos de meningite no país. Os números podem estar subestimados porque
muitos casos acabam não sendo notificados já que não é uma doença grave. Dos 15.470 casos de meningite viral notificados
em todo o Brasil em 2006, o tipo de vírus que causou a doença foi isolado em apenas uma minoria (52 casos).

Os vírus que com maior frequência causam meningite são os vírus do gênero Enteroviridae incluindo os vírus Echo,
Coxsackie, poliovírus e enterovírus de 68 ao 71 que respondem por mais de três quartos dos casos; outros vírus podem
causar meningite como os arbovírus, HSV 1 e 2, HIV (em fase aguda), caxumba e vírus da coriomeningite linfocitária.

Os enterovírus (do gênero Enteroviridae) são mais comuns no verão e início de outono causando a doença em jovens de até
15 anos. No Brasil, aparentemente os enterovírus 70 e 71 são particularmente frequentes. A transmissão é tipicamente
fecal-oral e o período de incubação é de 3 até 6 dias.

Quando uma pessoa se contamina com um enterovirus em geral por alimentos contaminados, o vírus se multiplica e atinge o
sistema nervoso central via corrente sanguínea. No caso do vírus da caxumba, o vírus causa infecção de orofaringe com
contaminação de gânglios nervosos regionais e posterior progressão para o sistema nervoso central.

Sintomas e diagnóstico
A meningite viral é uma doença que cursa com febre, mal estar, dores pelo corpo, cansaço e fraqueza. São muito frequentes
náuseas e vômitos. A maior parte das pessoas com meningite desenvolve os sinais meníngeos.

Os sinais meníngeos são manobras do exame médico que mostram a presença de meningite. Um dos sinais é conhecido
como rigidez de nuca que é o endurecimento ou rigidez da musculatura do pescoço quando o médico tenta fletir o pescoço do
paciente. Ainda há outro sinal que é a dor quando o médico levanta a perna do paciente deitado. O movimento de levantar as
pernas estira as meninges inflamadas causando dor.

É importante fazer o diagnóstico diferencial com a meningite bacteriana porque o tratamento é diferente. As meningites
também podem ser confundidas com as encefalites que são as infecções do cérebro. Nos casos de encefalite, o exame
neurológico se altera permitindo o diagnóstico diferencial.

Algumas encefalites podem cursar com acometimento das meninges e nesses casos o diagnóstico diferencial é mais difícil
podendo ser necessário o uso de exames de imagem. No entanto, o exame diagnóstico mais importante é a coleta do líquor.
Na meningite viral, há aumento do número de leucócitos (glóbulos brancos) no líquor principalmente linfócitos e monócitos.

Tratamento
O tratamento da meningite viral é complicado porque frequentemente na dúvida se é uma meningite bacteriana ou por vírus, o
médico acaba prescrevendo antibióticos. Na dúvida, essa é a conduta mais adequada. Na meningite viral o tratamento deve
ser de suporte, ou seja, deve-se dar medicamentos para a dor, para melhora dos vômitos e hidratação, mas não existe um
tratamento específico. Nas meningites por HSV-2 ou Herpes Zoster vírus pode-se usar o aciclovir, um medicamento antiviral.

Mononucleose infecciosa

A mononucleose ou mononucleose infecciosa é uma doença viral causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), vírus A.D.N da
família dos vírus da herpes.

A doença é caracterizada pelo aumento do número e do volume de certo tipo de glóbulos brancos (linfócitos mononucleares,
formados em órgãos linfoides).

Sintomas
A doença se manifesta através de uma inflamação da garganta, dores de cabeça, acompanhados de uma grande fadiga.

Transmissão
Nos países ocidentais, 80% da população são portadores do vírus. De fato, a contração do vírus geralmente ocorre na
infância. Ela permanece muitas vezes assintomática. No entanto, 20% dos adultos secretam o vírus na saliva. Esta última se
torna então uma via de transmissão do vírus. Razão pela qual a mononucleose infecciosa é mais conhecida como "doença do
beijo". A mononucleose infecciosa atinge essencialmente os adolescentes.

A doença evolui de maneira favorável em cerca de duas semanas, são raras as complicações. Somente a fadiga subsiste.
Existem inúmeras medidas a serem tomadas, a fim de tratar corretamente a mononucleose.

Diagnóstico
Pelos sintomas e achados que o médico faz durante o exame clínico, além de dados que ele levanta durante a entrevista ao
paciente. O diagnóstico com precisão é feito através de exames de sangue em que detecta-se a presença de anticorpos no
sangue da pessoa doente.

Tratamento
Como a maioria das doenças causadas por vírus, não há tratamento disponível nem mesmo é necessário uma vez que na
maior parte das vezes ela é autolimitada. Utiliza-se medicamentos para os sintomas como analgésicos, antitérmicos e se
necessário medicamentos contra o enjôo. Recomenda-se para aqueles que apresentam baço aumentado que não pratiquem
esportes ou atividades que representem risco de ruptura do mesmo.

Prevenção
A doença confere imunidade permanente, muito raramente pode apresentar manifestações em uma segunda infecção. Não há
necessidade de isolamento dos doentes uma vez que a infecção ocorre apenas com contato muito próximo ou íntimo. Embora
a vacinação tenha uma abrangência que vai além da infecção, pois poderia em tese prevenir inclusive alguns tumores de
linfócitos (os linfomas), ainda não existe este recurso com a eficiência e segurança recomendável.

Herpes

O herpes é uma doença viral recorrente, geralmente benigna, causada pelos vírus Herpes simplex 1 e 2, que afeta
principalmente a mucosa da boca ou região genital, mas pode causar graves complicações neurológicas.

Traz muitos incômodos, não tem cura, e pode ser mortal, mas alguns remédios podem ser utilizados para diminuir os
sintomas.

São muito frequentes. Em alguns países, especialmente pobres, 90% das pessoas têm anticorpos contra o HSV1, ainda que
possam não ter tido sintomas. Um quinto dos adultos terá herpes genital, incluindo a Europa e os EUA.

Transmissão
O herpes oral, particularmente se causado por HSV1, é uma doença primariamente da infância, transmitida pelo contato direto
e pela saliva. O herpes genital é transmitido pela via sexual.

Dentistas e outros profissionais de saúde que lidam com fluídos bucais estão em risco de contrair infecção dolorosa dos dedos
devido ao seu contacto com os doentes.

Sintomas
Após infecção da mucosa, o vírus multiplica-se produzindo os característicos exantemas (manchas vermelhas inflamatórias) e
vesículas (bolhas) dolorosas (causadas talvez mais pela resposta destrutiva necessária do sistema imunitário à invasão).

As vesículas contêm líquido muito rico em virions e a sua ruptura junto à mucosa de outro indivíduo é uma forma de
transmissão (contudo também existe vírus nas secreções vaginais e do pênis ou na saliva). Elas desaparecem e reaparecem
sem deixar quaisquer marcas ou cicatrizes. É possivel que ambos os vírus e ambas as formas coexistam num só indivíduo.

Os episódios agudos secundários são sempre de menor intensidade que o inicial (devido aos linfócitos memória), contudo a
doença permanece para toda a vida, ainda que os episódios se tornem menos frequentes. Muitas infecções e recorrências são
assintomáticas.

Diagnóstico e tratamento
Na maior parte dos casos, o simples exame clínico permite ao médico diagnosticar o herpes. Em casos mais complexos ou
menos evidentes, o vírus é recolhido de pústulas e cultivado em meios com células vivas de animais. A observação pelo
microscópio destas culturas revela inclusões víricas típicas nas células. Na encefalite pode ser necessário obter amostras por
biópsia.

Não há vacina nem tratamento definitivo, apesar de alguns fármacos especialmente acicloguanosinas como o aciclovir
poderem reduzir os sintomas e o perigo de complicações como encefalite. O que aparece são bolhas na vagina e no pênis.

É possível reduzir a transmissão evitando o contato direto com outros ou com objetos usados por outros (copos, bocais de
instrumentos de sopro) quando o herpes labial está ativo, e abstinência sexual quando a região afetada pelo herpes genital
não está com aparência saudável normal.

Hentavirose

A hantavirose é uma doença provocada pelo hantavírus, encontrado em ratos silvestres. Esses ratos vivem nas áreas rurais,
onde foram registrados os casos da doença.

Sintomas
São três: febre acima de 38 graus, dores musculares e dificuldade de respirar, desde que o paciente tenha estado na zona
rural nos últimos 60 dias.

Transmissão
A hantavirose é transmitida por ratos silvestres. Nenhum outro animal, mesmo ratos da cidade, como camundongos e
ratazanas, transmite esse vírus. A pessoa podem se contaminar quando respira poeira com restos de fezes, urina ou saliva de
ratos contaminados. A transmissão ocorre quando a pessoa frequenta ambientes fechados onde existem ratos contaminados.

A doença não pode ser transmitida por outra pessoa. Espirro, tosse, aperto de mão ou qualquer outro contato físico não
representam risco de contágio. Os moradores da áreas rurais, agricultores, caçadores, pescadores, pessoas que fazem trilhas,
acampam ou frequentam matas correm o maior risco de contrair a doença.

Apesar do risco de morte, a hantavirose tem cura. Mas é importante que você procure uma unidade de saúde logo que sentir
os primeiros sintomas da doença.

Prevenção
Não existe vacina contra a doença. A única forma de evitar a doença é seguir à risca as seguintes providências: não deixe a
casa fechada por muito tempo: não plante nada a menos de 30 metros de distância da casa; mantenha o mato em volta da
casa sempre cortado; não deixe madeira, lixo ou folhas acumuladas perto da casa; não coma frutos caídos ou próximos do
chão; tape todas as frestas e buracos por onde o rato pode passar; não deixe restos de ração ou comida ao alcance dos ratos;
evite que o lixo fique espalhado; guarde grãos ou qualquer alimento a uma altura mínima de 40 centímetros do chão e nunca
toque no rato.

Antes de entrar em um ambiente que ficou fechado por muito tempo, abra as portas e deixe arejar por meia hora. Em seguida,
abra todas as janelas e espere mais meia hora antes de entrar para fazer a limpeza. Prepare então uma mistura de 1 copo de
água sanitária com 9 copos de água. Com a ajuda de um rodo, molhe um pano nessa mistura e passe no chão, tomando o
cuidado de não levantar poeira. Jamais use vassoura. Mantenha portas janelas abertas até que tudo esteja limpo e seco.

Reino Monera
O reino monera é formado por bactérias, cianobactérias e arqueobactérias (também chamadas arqueas), todos seres muito
simples, unicelulares e com célula procariótica (sem núcleo diferenciado). Esses seres microscópios são geralmente menores
do que 8 micrômetros (1µm = 0,001 mm).

Observação: o termo "monera" na classificação atual encontra-se obsoleto. Seus integrantes foram divididos entre os reinos
Bacteria e Archaea. O reino Bacteria representa o maior número de espécies, pois engloba as bactérias e as cianobactérias.
Já o reino Archaea abrange um pequeno número de espécies. As arqueias são organismos procariontes, porém não são mais
classificados com as bactérias porque apresentam características que os deixam também próximos aos eucariontes.

Apesar dessa nova classificação, como o termo "monera" ainda é adotado em livros didáticos, continuamos apresentando aqui
sua definição.

As bactérias (do grego bakteria: 'bastão') são encontrados em todos os ecossistemas da Terra e são de grande importância
para a saúde, para o ambiente e a economia. As bactérias são encontradas em qualquer tipo de meio: mar, água doce, solo,
ar e, inclusive, no interior de muitos seres vivos.

Exemplos da importância das bactérias:

na decomposição de matéria orgânica morta. Esse processo é efetuado tanto aeróbia, quanto anaerobiamente;
agentes que provocam doença no homem;
em processos industriais, como por exemplo, os lactobacilos, utilizados na indústria de transformação do leite em coalhada;
no ciclo do nitrogênio, em que atuam em diversas fases, fazendo com que o nitrogênio atmosférico possa ser utilizado pelas
plantas;
em Engenharia Genética e Biotecnologia para a síntese de várias substâncias, entre elas a insulina e o hormônio de
crescimento.
Estrutura das Bactérias
Bactérias são microorganismos unicelulares, procariotos, podendo viver isoladamente ou construir agrupamentos coloniais de
diversos formatos. A célula bacterianas contém os quatro componentes fundamentais a qualquer célula: membrana
plasmática, hialoplasma, ribossomos e cromatina, no caso, uma molécula de DNA circular, que constitui o único cromossomo
bacteriano.

A região ocupada pelo cromossomo bacteriano costuma ser denominada nucleoide. Externamente à membrana plasmática
existe uma parede celular (membrana esquelética, de composição química específica de bactérias).

é comum existirem plasmídios - moléculas de DNA não ligada ao cromossomo bacteriano - espalhados pelo hialoplasma.
Plasmídios costumam conter genes para resistência a antibióticos.

Algumas espécies de bactérias possuem, externamente à membrana esquelética, outro envoltório, mucilaginoso, chamado de
cápsula. É o caso dos pneumococos (bactérias causadoras de pneumonia). Descobriu-se que a periculosidade dessas
bactérias reside na cápsula em um experimento, onde ratos infectados com pneumococo sem cápsula tiveram a doença
porém não morreram, enquanto pneumococos capsulados causaram pneumonia letal.

A parede da célula bacteriana, também conhecida como membrana esquelética, reveste externamente a membrana
plasmática, e é constituída de uma substância química exclusiva das bactérias conhecida como mureína (ácido n-acetil
murâmico).

A diversidade metabólica das bactérias

Se há um grupo de seres que apresenta grande diversidade metabólica, certamente é o das bactérias.

Existem espécies heterótrofas e espécies autótrofas. Dentre as primeiras, destacam-se as parasitas, as decompositoras de
matéria orgânica e as que obtêm matéria orgânica de outros seres vivos, com os quais se associam sem prejudicá-los. Dentre
as autótrofas, existem espécies que produzem matéria orgânica por fotossíntese e outras que produzem por quimiossíntese.

Bactérias Heterótrofas
As bactérias parasitas são as que, por meio de inúmeros mecanismos, agridem outros seres vivos para a obtenção de
alimento orgânico e causam inúmeras doenças. As decompositoras (frequentemente denominadas sapróvoras, saprofíticas ou
saprofágicas) obtêm o alimento orgânico recorrendo à decomposição da matéria orgânica morta e são importântes na
reciclagem dos nutrientes minerais na biosfera.

As que são associadas as outros seres vivos são denominadas de simbiontes, e não agridem os parceiros. é o caso das
bactérias encontradas no estômago dos ruminantes (bois, cabras), que se nutrem da celulose ingerida por esses animais,
fornecendo, em troca, aminoácidos essenciais para o metabolismo protéico do mesmo.
Muitas bactérias heterótrofas são anaeróbias obrigatórias, como o bacilo do tétano. São bactérias que morrem na presença de
oxigênio. Nesse caso a energia dos compostos orgânicos é obtida por meio de fermentação. As anaeróbicas facultativas, por
outro lado, vivem tanto na presença como na ausência de oxigênio.

Outras espécies só sobrevivem em presença de oxigênio - são as aeróbias obrigatórias. Um curioso grupo de bactérias é o
que realiza a respiração aeróbia. Nessa modalidade de metabolismo energético existem todas as etapas típicas da respiração
celular. Muda apenas o aceptor final de elétrons na cadeia respiratória. No lugar do oxigênio, essas bactérias utilizam nitrato,
nitrito ou sulfato, obtendo no final, praticamente o mesmo rendimento energético verificado na respiração celular aeróbia. é o
que ocorre com as bactérias desnitrificantes que participam do ciclo do nitrogênio na natureza. Nelas o aceptor final de
elétrons é o nitrato.

Bactérias Autótrofas
Fotossintetizantes
Nas bactérias que realizam fotossíntese, a captação da energia solar fica a cargo de uma clorofila conhecida como
bacterioclorofila. A partir da utilização de substâncias simples do meio, ocorre a síntese do combustível biológico. De maneira
geral, não há liberação de oxigênio. Como exemplo, podemos citar as bactérias sulforosas do gênero Chlorobium, que
efetuam esse processo com a utilização de H2S e CO2, segundo a equação:

2H2S + CO2 + luz --bacterioclorofila---> (CH2) + 2S + H20

Note que é o gás sulfídrico, e não a água, que atua como fornecedor dos hidrogênios que servirão para a redução do gás
carbônico. Não há a liberação de oxigênio. O enxofre permanece no interior das células bacterianas sendo, posteriormente
eliminado para o meio em que vivem esses microorganismos, em geral fontes sulfurosas. Nesse processo, CH2O representa a
matéria orgânica produzida.

Quimiossíntese
A quimiossíntese é uma reação que produz energia química, convertida da energia de ligação dos compostos inorgânicos
oxidados. Sendo a energia química liberada, empregada na produção de compostos orgânicos e gás oxigênio (O2), a partir da
reação entre o dióxido de carbono (CO2) e água molecular (H2O), conforme demonstrado abaixo:

- Primeira etapa

Composto Inorgânico + O2 → Compostos Inorgânicos oxidados + Energia Química

- Segunda etapa

CO2 + H2O + Energia Química → Compostos Orgânicos + O2

Esse processo autotrófico de síntese de compostos orgânicos ocorre na ausência de energia solar. é um recurso normalmente
utilizado por algumas espécies de bactérias e arqueobactérias (bactérias com características primitivas ainda vigentes),
recebendo a denominação segundo os compostos inorgânicos reagentes, podendo ser: ferrobactérias e nitrobactérias ou
nitrificantes (nitrossomonas e nitrobacter, gênero de bactérias quimiossíntetizantes).

As ferrobactérias oxidam substâncias à base de ferro para conseguirem energia química, já as nitrificantes, utilizam
substâncias à base de nitrogênio.

Presentes no solo, as nitrossomonas e nitrobacter, são importantes organismos considerados biofixadores de nitrogênio,
geralmente encontradas livremente no solo ou associadas às plantas, formando nódulos radiculares.

A biofixação se inicia com a assimilação no nitrogênio atmosférico (N2), transformando-o em amônia (NH3), reagente oxidado
pela nitrossomona, resultando em nitrito (NO2-) e energia para a produção de substâncias orgânicas sustentáveis a esse
gênero de bactérias.

O nitrito, liberado no solo e absorvido pela nitrobacter, também passa por oxidação, gerando energia química destinada à
produção de substâncias orgânicas a esse gênero e nitrato (NO3-), aproveitado pelas plantas na elaboração dos aminoácidos.

Reação quimiossintética nas Nitrossomonas:


NH3 (amônia) + O2 → NO2- (nitrito) + Energia

6 CO2 + 6 H2O + Energia → C6H12O6 (Glicose - Compostos Orgânicos) + 6 O2

Reação quimiossintética nas Nitrobacter:

NO2- (nitrito) + O2 → NO3- (nitrato) + Energia


6 CO2 + 6 H2O + Energia → C6H12O6 + 6 O2

Assim, podemos perceber que o mecanismo de quimiossíntese, extremamente importante para a sobrevivência das bactérias
nitrificantes, também é bastante relevante ao homem. Conforme já mencionado, o nitrito absorvido pelas plantas, convertidos
em aminoácidos, servem como base de aminoácidos essenciais à nutrição do homem (um ser onívoro: carnívoro e herbívoro).

Dessa forma, fica evidente a interdependência existente entre os fatores bióticos (a diversidade dos organismos) e os fatores
abióticos (aspectos físicos e químicos do meio ambiente).

Reprodução das bactérias

A reprodução mais comum nas bactérias é assexuada por bipartição ou cissiparidade. Ocorre a duplicação do DNA bacteriano
e uma posterior divisão em duas células. As bactérias multiplicam-se por este processo muito rapidamente quando dispõem de
condições favoráveis (duplica em 20 minutos).

A separação dos cromossomos irmãos conta com a participação dos mesossomos, pregas internas da membrana plasmática
nas quais existem também as enzimas participantes da maior parte da respiração celular.

Repare que não existe a formação do fuso de divisão e nem de figuras clássicas e típicas da mitose. Logo, não é mitose.

Esporulação
Algumas espécies de bactérias originam, sob certas condições ambientais, estruturas resistentes denominadas esporos. A
célula que origina o esporo se desidrata, forma uma parede grossa e sua atividade metabólica torna-se muito reduzida. Certos
esporos são capazes de se manter em estado de dormência por dezenas de anos. Ao encontrar um ambiente adequado, o
esporo se reidrata e origina uma bactéria ativa, que passa a se reproduzir por divisão binária.

Os esporos são muito resistentes ao calor e, em geral, não morrem quando expostos à água em ebulição. Por isso os
laboratórios, que necessitam trabalhar em condições de absoluta assepsia, costumam usar um processo especial,
denominado autoclavagem, para esterilizar líquidos e utensílios. O aparelho onde é feita a esterilização, a autoclave, utiliza
vapor de água a temperaturas da ordem de 120ºC, sob uma pressão que é o dobro da atmosférica. Após 1 hora nessas
condições, mesmo os esporos mais resistentes morrem.

A indústria de enlatados toma medidas rigorosas na esterilização dos alimentos para eliminar os esporos da bactéria
Clostridium botulinum. Essa bactéria produz o botulismo, infecção frequentemente fatal.

Obs.: a esporulação em bactérias não é um meio de reprodução. Ou seja, esse processo não aumenta o número de células,
visto que uma célula vegetativa forma um único endósporo que permanece uma célula única após a germinação.

Reprodução sexuada
Para alguns autores, qualquer troca de material genético realizada por uma célula bacteriana é considerada um caso de
reprodução sexuada. Nesse processo, fragmentos de DNA são passados de uma célula (bactéria doadora) para outra
(bactéria receptora), levando à junção do material das duas. Após esse processo, a bactéria divide-se, assim como observado
na reprodução assexuada. Como após a troca de material as células separam-se para depois se dividir, muitos autores
consideram que há apenas uma recombinação genética, e não uma reprodução sexuada.

A transferência de DNA de uma bactéria para outra pode ocorrer de três maneiras: por transformação, transdução e por
conjugação.

Transformação
Na transformação, a bactéria absorve moléculas de DNA dispersas no meio e são incorporados à cromatina. Esse DNA pode
ser proveniente, por exemplo, de bactérias mortas. Esse processo ocorre espontaneamente na natureza.

Os cientistas têm utilizado a transformação como uma técnica de Engenharia Genética, para introduzir genes de diferentes
espécies em células bacterianas.

Transdução
Na transdução, moléculas de DNA são transferidas de uma bactéria a outra usando vírus como vetores (bactériófagos). Estes,
ao se montar dentro das bactérias, podem eventualmente incluir pedaços de DNA da bactéria que lhes serviu de hospedeira.
Ao infectar outra bactéria, o vírus que leva o DNA bacteriano o transfere junto com o seu. Se a bactéria sobreviver à infecção
viral, pode passar a incluir os genes de outra bactéria em seu genoma.

Conjugação
Na conjugação bacteriana, pedaços de DNA passam diretamente de uma bactéria doadora, o "macho", para uma receptora, a
"fêmea". Isso acontece através de microscópicos tubos protéicos, chamados pili, que as bactérias "macho" possuem em sua
superfície.

O fragmento de DNA transferido se recombina com o cromossomo da bactéria "fêmea", produzindo novas misturas genéticas,
que serão transmitidas às células-filhas na próxima divisão celular.

As cianobactérias

Extremamente parecidas com as bactérias, as cianobactérias são também procariontes. São todas autótrofas
fotossintetizantes, mas suas células não possuem cloroplastos. A clorofila, do tipo a, fica dispersa pelo hialoplasma e em
lamelas fotossintetizantes, que são ramificações da membrana plasmática.

Além da clorofila, possuem outros pigmentos acessórios, como os carotenoides (pigmentos semelhantes ao caroteno da
cenoura), ficoeritrina (um pigmento de cor vermelha, típico das cianobactérias encontradas no Mar vermelho) e a ficocianina
(um pigmento de cor azulada, que originou o nome das cianobactérias, anteriormente denominadas "algas azuis") . Elas vivem
no mar, na água doce e em meio terrestre úmido.

Há espécies que possuem células isoladas e outras que formam colônias de diferentes formatos.

A reprodução nas cianobactérias


Nas cianobactérias unicelulares, a reprodução assexuada dá-se por divisão binária da célula. Nas espécies filamentosas, é
comum a ocorrência de fragmentação do filamento, produzindo-se vários descendentes semelhantes geneticamente uns aos
outros. A esses fragmentos contendo muitas células dá-se o nome de homogônios.

As Arqueobactérias e seu Incrível Modo de Viver


Atualmente muitos autores consideraram oportuna a separação das Arqueobactérias (bactérias primitivas) das chamadas
Eubactérias (bactérias verdadeiras).

Com base em estudos bioquímicos (sequências de RNA ribossômico, ausência de ácido murâmico na parede, composição
lipídica da membrana), concluiu-se que há mais de 3000 M.a. teria ocorrido uma divergência na evolução dos organismos
procariotas, tendo surgido duas linhagens distintas.

Até este momento não foi identificada recombinação genética neste grupo de organismos. O ramo que originou as
Arqueobactérias teria, mais tarde, originado os eucariotas.

Considera-se que as arqueobactérias atuais pouca alteração sofreram, em relação aos seus ancestrais. Estes procariontes
vivem em locais com condições extremamente adversas para outros seres vivos, provavelmente semelhantes às que
existiriam na Terra primitiva.

As arqueobactérias podem ser divididas em três grandes grupos principais:

Halófilas - vivem em concentrações salinas extremas, dezenas de vezes mais salgadas que a água do mar, em locais como
salinas, lagos de sal ou soda, etc. A sua temperatura ótima de crescimento é entre 35 e 50ºC.

Estas bactérias são autotróficas, mas o seu mecanismo de produção de ATP é radicalmente diferente do habitual, pois utilizam
um pigmento vermelho único - bacteriorrodopsina - que funciona como uma bomba de prótons (como os da fosforilação
oxidativa nas mitocôndrias) que lhes permite obter energia;

Metanogeneas - este grupo de bactérias foi o primeiro a ser reconhecido como único. Vivem em pântanos, no fundo dos
oceanos, estações de tratamento de esgotos e no tubo digestivo de algumas espécies de insetos e vertebrados herbívoros,
onde produzem metano (CH4) como resultado da degradação da celulose.

As reservas de gás natural que conhecemos são o resultado do metabolismo anaeróbio obrigatório e produtor de metano de
bactérias deste tipo no passado. Algumas conseguem produzir metano a partir de CO2 e H2, obtendo energia desse processo.

O gênero Methanosarcina consegue fixar azoto atmosférico, capacidade que se julgava única das eubactérias;

Termoacidófilas -vivem em zonas de águas termais ácidas, com temperaturas ótimas entre 70 e 150ºC e valores de pH ótimo
perto do 1. Na sua grande maioria metabolizam enxofre: podem ser autotróficas, obtendo energia da formação do ácido
sulfídrico (H2S) a partir do enxofre, ou heterotróficas.
Reino Protista

A complexidade da célula eucariótica de um protozoário é tão grande, que ela, sozinha, executa todas as funções que tecidos,
órgãos e sistemas realizam em um ser pluricelular complexo.

Locomoção, respiração, excreção, controle hídrico, reprodução e relacionamento com o ambiente, tudo é executado por uma
única célula, que conta com algumas estruturas capazes de realizar alguns desses papéis específicos, como em um
organismo pluricelular.

Segundo a classificação dos seres vivos em cinco reinos (Whittaker – 1969), um deles, o dos Protistas, agrupa organismos
eucariontes, unicelulares, autótrofos e heterótrofos. Neste reino se colocam as algas inferiores: euglenófitas, pirrófitas
(dinoflagelados) e crisófitas (diatomáceas), que são protistas autótrofos (fotossintetizantes). Os protozoários são protistas
heterótrofos.

A célula
A célula de um protista é semelhante às células de animais e plantas, mas há particularidades. Os plastos das algas são
diferentes dos das plantas quanto à sua organização interna de membranas fotossintéticas.

Ocorrem cílios e flagelos para a locomoção. A célula do protozoário tem uma membrana simples ou reforçada por capas
externas protéicas ou, ainda, por carapaças minerais, como certas amebas (tecamebas).

Os radiolários e heliozoários possuem um esqueleto intracelular composto de sílica.

Os foraminíferos são dotados de carapaças externas feitas de carbonato de cálcio. As algas diatomáceas possuem carapaças
silicosas.

Os protistas podem ainda ter adaptações de forma e estrutura de acordo com o seu modo de vida: parasita, ou de vida livre.

O citoplasma está diferenciado em duas zonas, uma externa, hialina, o ectoplasma, e outra interna, granular, o endoplasma.
Nesta, existem vacúolos digestivos e inclusões.

Origem
Os protozoários constituem um grupo de eucariontes com cerca de 20 mil espécies. é um grupo diversificado, heterogêneo,
que evoluiu a partir de algas unicelulares. Em alguns casos essa origem torna-se bem clara, como por exemplo no grupo de
flagelados. Há registro fóssil de protozoários com carapaças (foraminíferos), que viveram há mais de 1,5 bilhão de anos, na
Era Proterozóica. Grandes extensões do fundo dos mares apresentam espessas camadas de depósitos de carapaças de
certas espécies de radiolários e foraminíferos. São as chamadas vasas.

Habitat
Os protozoários são, na grande maioria, aquáticos, vivendo nos mares, rios, tanques, aquários, poças, lodo e terra úmida. Há
espécies mutualísticas e muitas são parasitas de invertebrados e vertebrados. Eles são organismos microscópicos, mas há
espécies de 2 a 3 mm. Alguns formam colônias livres ou sésseis.

Fazem parte do plâncton (conjunto de seres que vivem em suspensão na água dos rios, lagos e oceanos, carregados
passivamente pelas ondas e correntes). No plâncton distinguem-se dois grupos de organismos:

fitoplâncton: organismos produtores (fotossintetizadores), representados principalmente por dinoflagelados e diatomáceas,


constituem a base de sustentação da cadeia alimentar nos mares e lagos . São responsáveis por mais de 90% da fotossíntese
no planeta.
zooplâncton: organismos consumidores, isto é, heterótrofos, representados principalmente por protozoários, pequenos
crustáceos e larvas de muitos invertebrados e de peixes.
Digestão
Nas espécies de vida livre há formação de vacúolos digestivos. As partículas alimentares são englobadas por pseudópodos ou
penetram por uma abertura pré-existente na membrana, o citóstoma.

Já no interior da célula ocorre digestão, e os resíduos sólidos não digeridos são expelidos em qualquer ponto da periferia, por
extrusão do vacúolo, ou num ponto determinado da membrana, o citopígio ou citoprocto.

Respiração
A troca de gases respiratórios se processa em toda a superfície celular.

Excreção
Os produtos solúveis de excreção podem ser eliminados em toda a superfície da célula. Nos protozoários de água doce há um
vacúolo contrátil, que recolhe o excesso de água absorvido pela célula, expulsando-a de tempos em tempos por uma
contração brusca. O vacúolo é, portanto, osmorregulador.

Classificação dos protistas

A classificação dos protozoários baseia-se fundamentalmente nos tipos de reprodução e de organelas locomotoras.

A locomoção se faz por batimento ciliar, flagelar, por emissão de pseudópodos e até por simples deslizamento de todo o corpo
celular. Em alguns ciliados há, no lugar do citoplasma, filamentos contráteis, os mionemas. Os pseudópodos, embora sendo
expansões variáveis do citoplasma, podem se apresentar sob diferentes formas.

Na tendência moderna, os protozoários estão incluídos no Reino Protista, subdivididos em quatro filos:

Rizópodes ou Sacorníceos
São amebas (“nus”); radiolários e foraminíferos (têm carapaças com formas bastante vistosas, feitas de calcário ou de sílica -
importantes indicadores da existência de jazidas de petróleo)

São marinhos, de água doce ou parasitas (Entamoeba histolytica). Têm um ou mais núcleos, vacúolos digestivos e vacúolos
contráteis (apenas nos de água doce).

Os Rizópodes caracterizam-se por apresentarem pseudópodes como estrutura de locomoção e captura de alimentos. São
projeções da célula, que se deforma toda, que encaminham a ameba para várias direções. O mecanismo que leva à formação
dos pseudópodes está hoje razoavelmente esclarecido: na região de formação de uma dessas projeções, a parte viscosa do
citoplasma se torna fluida, permitindo que o restante da célula flua nessa direção. Vários pseudópodos podem ser formados ao
mesmo tempo, modificando constantemente a forma da ameba. Os pseudópodos, na ameba, não servem apenas para a
locomoção. Também são utilizados para a captura de alimento: pequenas algas, bactérias, partículas soltas na água etc. Eles
rodeiam o alimento e o englobam.

O vacúolo alimentar formado (também chamado de fagossomo) une-se a lisossomo e se transforma em vacúolo digestivo.
Inicia-se a digestão, a partir de enzimas lisossômicas que atuam em meio ácido. Progressivamente, o conteúdo do vacúolo
digestivo torna-se alcalino, até completar-se a digestão. As partículas digeridas atravessam a membrana do vacúolo,
espalham-se pelo citoplasma e vão participar do metabolismo celular. Partículas residuais são expelidas da célula pela fusão
da parede do vacúolo com a superfície da célula, em um processo inverso ao da fagocitose.

As amebas de vida livre que vivem em água doce apresentam vacúolo contrátil ou pulsátil para osmorregulação, eliminando o
excesso de água que vai entrando no seu citoplasma (hipertônico), vindo do ambiente mais diluído (hipotônico).

Em condições desfavoráveis, por exemplo sujeita à desidratação, a Entamoeba produz formas de resistência, os cistos, com
quatro núcleos no seu interior (partição múltipla).

A reprodução assexuada é por bipartição simples ou cissiparidade (mecanismo semelhante a mitose).

Dentre as amebas é importante a Entamoeba histolytica, que parasita o intestino humano, causando a disenteria amebiana ou
amebíase.

Flagelados
Sua célula é alongada, podem ter um ou mais flagelos e em alguns há também pseudópodos. No gênero Trypanosoma há
uma membrana ondulante que auxilia na locomoção. Próximo ao ponto de origem do flagelo, existe o cinetoplasto, organela
que contém o DNA, capaz de se autoduplicar e que fica incluído no interior de uma longa mitocôndria de formato irregular que
se estende ao longo da célula.

Existem flagelados de vida livre (Euglena – possuem clorofila e realizam fotossíntese; podem, também, nutrir-se de forma
heterótrofa = zooflagelados), mutualísticos (Trichonympha, no intestino de cupins – fornecem a enzima celulase) e parasitas
(Trypanosoma cruzi).

Nos coanoflagelados, há uma espécie de colarinho que serve para a captura de partículas alimentares; têm estrutura muito
semelhante aos coanócitos, células típicas das esponjas.

Devido a isso, há teorias que sugerem uma relação filogenética entre coanoflagelados e esponjas.

A reprodução é sexuada ou assexuada por divisão longitudinal.

Este filo tem muitos importantes parasitas humanos:


- Leishmania braziliensis: Causa a leishmaniose tegumentar ou úlcera de Bauru ('ferida brava'). Vive no interior das células da
pele e é transmitida pelo mosquito-palha (birigui).

- Trypanosoma cruzi: Causa a doença de Chagas, comum em nosso país e na América do Sul é transmitida por percevejos
popularmente conhecidos como barbeiros.

- Giardia lamblia: Causa a giardíase (intestinal).

- Trichomonas vaginalis: Causa a tricomoníase (no aparelho genital).

No intestino dos cupins e das baratas que comem madeira existem flagelados. Essa convivência é pacifica e caracteriza uma
associação em que ambos os participantes são beneficiados (mutualismo). A madeira ingerida pelos insetos é digerida por
enzimas produzidas pelos flagelados. Ambos aproveitam os produtos da digestão.

Esporozoários ou Apicomplexos: são todos parasitas


Não possuem orgânulos para locomoção.

São todos parasitas e apresentam um tipo de reprodução assexuada especial chamada de esporulação: uma célula divide seu
núcleo numerosas vezes; depois, cada núcleo com um pouco de citoplasma é isolado por uma membrana, formando assim
vários esporos a partir de uma célula

No ciclo vital apresentam alternância de reprodução assexuada e sexuada.

O principal gênero é o Plasmodium, com várias espécies causadoras da malária. O Toxoplasma gondii, causador da doença
toxoplasmose, é de grande seriedade em mulheres grávidas até o terceiro mês.

Ciliados
É o grupo mais altamente especializado. Apresentam cílios, cirros e membranelas. Estas duas últimas estruturas resultam da
concrescência (união) de muitos cílios. Entre eles estão os protozoários “gigantes” como os paramécios (Paramecium) muito
usados em estudos; aqui estão os protozoários de organização mais complexa. Os paramécios deslocam-se muito mais
rapidamente que os flagelados e as amebas por causa dos inúmeros cílios que se projetam da parede do corpo. A maioria é
de vida livre.

Além de orgânulos especializados, possuem dois núcleos: macronúcleo (funções vegetativas) e micronúcleo (funções
genéticas: hereditariedade e reprodução); apresentam extremidades anterior e posterior; na membrana, a entrada do alimento
se dá pelo citóstoma e a saída de resíduos pelo citopígio (= citoprocto).

Possuem dois vacúolos pulsáteis que funcionam alternadamente efetuando a regulação osmótica e possivelmente a expulsão
de toxinas. Cada vacúolo possui canais que recolhem a água celular, encaminhando-a para um reservatório que efetua a sua
expulsão da célula.

Trocas gasosas e excreção, como nos demais protozoários, ocorre pela superfície da célula. A reprodução assexuada, como
na ameba e na euglena, ocorre por divisão binária.

A reprodução sexuada por conjugação consiste no pareamento de dois paramécios, com fusão das membranas e em seguida
troca de material genético dos micronúcleos. Depois os paramécios se separam e se reproduzem assexuadamente por
cissiparidade.

Algas

Nos sistemas aquáticos marinhos, existe uma comunidade formadora de uma verdadeira floresta.

Ela é constituída por inúmeros protistas conhecidos simplesmente por algas. Assim como as florestas terrestres, essa
comunidade aquática contribui para o abastecimento do oxigênio da biosfera.

O habitat e a importância das algas


Sob a denominação algas enquadram-se diversos grupos de protistas diferentes entre si, mas que mantém uma característica
em comum: são todos eucariontes, autótrofos fotossintetizantes dotados de clorofila.

Existem algumas algas formadas apenas por uma célula. Outras são organizadas em diferentes tipos de colônias. E ainda há
as que são macroscópicas pluricelulares, sem, porém formar tecidos ou órgãos. O corpo de uma alga é um talo, ou seja não
possui raiz, caule ou folha, mesmo que seja gigante.
Embora sejam encontradas no meio terrestre úmido, é nas águas doces e no mar que as algas são mais abundantes.

No meio aquático, dependendo do local onde vivem, podem constituir comunidades conhecidas como fitoplâncton e fitobentos.

O fitoplâncton é uma comunidade formada principalmente por numerosas microalgas que flutuam livremente ao sabor das
ondas. São importantes produtoras de alimento orgânico e liberam oxigênio para a água e a atmosfera. Constitui a base das
cadeias alimentares aquáticas, formando o que se denomina "pasto marinho".

O fitobentos é uma comunidade de algas, em geral macroscópicas (algumas atingem dezenas de metros) fixas no solo
marinho (principalmente em rochas).

Reprodução Assexuada
Nas algas, há dois tipos básicos de reprodução assexuada:

divisão binária: comum nas formas unicelulares, que ocorrem à mitose para efetuar a divisão da célula.

zoosporia: comum em algas multicelulares aquáticas. Cada zoósporo, dispersando-se pelo meio, é capaz de gerar nova alga.

Reprodução Sexuada
Os gametas e os ciclos reprodutivos:

Em muitas algas aquáticas há a produção de gametas que, fundindo-se, originarão zigotos. Esses zigotos, após curto período
de dormência, sofrem meiose com produção de quatro células (zoósporos). Cada uma dessas células originará nova alga,
necessariamente haploide. Note que, neste caso temos um ciclo reprodutivo no qual o organismo adulto é haploide.

O ciclo é chamado de haplobionte (ou haplonte). A meiose ocorre na fase de zigoto, sendo chamada zigótica. Também é
chamada de meiose inicial, uma vez que cada célula iniciará a formação de novo organismo adulto.

Em outras algas, a geração adulta é diploide e produz gametas por meiose. Do encontro de gametas, na fecundação, surge
um zigoto que acaba originando um adulto diploide. O ciclo reprodutivo é diplobionte (ou diplonte). A meiose é gamética, pois
serviu para formar gametas. Também é chamada de meiose final por que ocorre no fim do período de desenvolvimento do
indivíduo adulto diploide.

Alternância de gerações
A maioria das algas multicelulares apresentam alternância de gerações, ou seja, em seu ciclo de vida alternam–se gerações
de indivíduos haploides e diploides.

Ex: Alga verde talosa do gênero Ulva

O ciclo haplodiplobionte ocorre também nas algas e pode ser visto na página que trata de Gimnospermas.

Quanto aos gametas produzidos pelas algas, há casos de:

Isogamia - gametas masculinos e femininos iguais;


Heterogamia - gametas masculinos e femininos móveis, flagelados, porém o masculino bem menor em tamanho que o
feminino.
Oogamia- gameta masculino é pequeno e móvel e o gameta feminino é grande e imóvel.
A conjugação
Em algumas algas filamentosos de água doce ocorre pareamento de dois indivíduos com a passagem, por um canal de
comunicação, de células inteiras de um para outro filamento. As células são haploides e após se juntarem originam zigotos. Os
zigotos dividem-se por meiose e a cada célula formada será capaz de originar novo filamento haploide. Note que essa
conjugação faz parte do ciclo haplobionte e a meiose do zigoto contribui para o surgimento de variabilidade.

Reino Chromista

Thomas Cavalier-Smith propôs em 2004 o Reino Chromista, que atualmente é considerado um dos seis reinos dos seres
vivos.

Era o antigo Reino Stramenopila (que na década de 90 era uma das três divisões do Reino Fungi).

Este reino engloba diversos grupos de algas. São organismos eucariontes (têm as estruturas do núcleo separadas das demais
por uma membrana) e possuem a presença de flagelos, podendo ser pluricelulares ou unicelulares.
Quanto à alimentação, os seres desse reino podem ser autótrofos, heterotróficos e outras são fotossintetizantes. Estas últimas
adquirem os cloroplastos por endossimbiose (relação em que um dos organismos vive no interior do corpo do outro sem
prejudicá-lo) com algas vermelhas.

Reino Fungi

Os fungos são popularmente conhecidos por bolores, mofos, fermentos, levedos, orelhas-de-pau, trufas e
cogumelos-de-chapéu (champignon).

É um grupo bastante numeroso, formado por cerca de 200.000 espécies espalhadas por praticamente qualquer tipo de
ambiente.

Os Fungos e sua Importância


Ecológica
Os fungos apresentam grande variedade de modos de vida. Podem viver como saprófagos, quando obtêm seus alimentos
decompondo organismos mortos; como parasitas, quando se alimentam de substâncias que retiram dos organismos vivos nos
quais se instalam, prejudicando-o ou podendo estabelecer associações mutualísticas com outros organismos, em que ambos
se beneficiam. Além desses modos mais comuns de vida, existem alguns grupos de fungos considerados predadores que
capturam pequenos animais e deles se alimentam.

Em todos os casos mencionados, os fungos liberam enzimas digestivas para fora de seus corpos. Essas enzimas atuam
imediatamente no meio orgânico no qual eles se instalam, degradando-o à moléculas simples, que são absorvidas pelo fungo
como uma solução aquosa.

Os fungos saprófagos são responsáveis por grande parte da degradação da matéria orgânica, propiciando a reciclagem de
nutrientes. Juntamente com as bactérias saprófagas, eles compõem o grupos dos organismos decompositores, de grande
importância ecológica. No processo da decomposição, a matéria orgânica contida em organismos mortos é devolvida ao
ambiente, podendo ser novamente utilizada por outros organismos.

Apesar desse aspecto positivo da decomposição, os fungos são responsáveis pelo apodrecimento de alimentos, de madeira
utilizada em diferentes tipos de construções de tecidos, provocando sérios prejuízos econômicos. Os fungos parasitas
provocam doenças em plantas e em animais, inclusive no homem.

A ferrugem do cafeeiro, por exemplo, é uma parasitose provocada por fungo; as pequenas manchas negras, indicando
necrose em folhas, como a da soja, ilustrada a seguir, são devidas ao ataque por fungos.

Em muitos casos os fungos parasitas das plantas possuem hifas especializadas - haustórios - que penetram nas células do
hospedeiro usando os estomas como porta de entrada para a estrutura vegetal. Das células da planta captam açúcares para a
sua alimentação.

Dentre os fungos mutualísticos, existem os que vivem associados a raízes de plantas formando as micorrizas (mico= fungo;
rizas = raízes). Nesses casos os fungos degradam materiais do solo, absorvem esses materiais degradados e os transferem à
planta, propiciando-lhe um crescimento sadio. A planta, por sua vez, cede ao fungo certos açucares e aminoácidos de que ele
necessita para viver.

Algumas plantas que formam as micorrizas naturalmente são o tomateiro, o morangueiro, a macieira e as gramínias em geral.

As micorrizas são muito frequentes também em plantas típicas de ambientes com solo pobre de nutrientes minerais, como os
cerrados, no território brasileiro. Nesses casos, elas representam um fator importânte de adaptação, melhorando as condições
de nutrição da planta.

Certos grupos de fungos podem estabelecer associações mutualísticas com cianobactérias ou com algas verdes, dando
origem a organismos denominados líquens. Estes serão discutidos posteriormente.

Econômica
Muito fungos são aeróbios, isto é, realizam a respiração, mas alguns são anaeróbios e realizam a fermentação.

Destes últimos, alguns são utilizados no processo de fabricação de bebidas alcoólicas, como a cerveja e o vinho, e no
processo de preparação do pão. Nesses processos, o fungo utilizado pertence à espécie Saccharomyces cerevisiae, capaz de
transformar o açucar em álcool etílico e CO2 (fermentação alcoólica), na ausência de O2. Na presença de O2 realizam a
respiração. Eles são, por isso, chamados de anaeróbios facultativos.
Na fabricação de bebidas alcoólicas o importante é o álcool produzido na fermentação, enquanto, na preparação do pão, é o
CO2. Neste último caso, o CO2 que vai sendo formado se acumula no interior da massa, originando pequenas bolhas que
tornam o pão poroso e mais leve.

O aprisionamento do CO2 na massa só é possível devido ao alto teor de glúten na farinha de trigo, que dá a "liga" do pão.
Pães feitos com farinhas pobres em glúten não crescem tanto quanto os feitos com farinha rica em glúten.

Imediatamente antes de ser assado, o teor alcoólico do pão chega a 0,5%; ao assar, esse álcool evapora, dando ao pão um
aroma agradável.

Alguns fungos são utilizados na indústria de laticínios, como é o caso do Penicillium camemberti e do Penicillium roqueforte,
empregados na fabricação dos queijos Camembert e Roquefort, respectivamente.

Algumas espécies de fungos são utilizadas diretamente como alimento pelo homem. é o caso da Morchella e da espécie
Agaricus brunnescens, o popular cogumelo ou champignon, uma das mais amplamente cultivadas no mundo.

Doenças causadas por fungos

Micose
As micoses que aparecem comumente nos homens são infecções causadas por fungos que atingem a pele, as unhas e os
cabelos. As mais comuns ocorrem na pele, podendo-se manifestar em qualquer parte da superfície do corpo.

São comuns as micoses do couro cabeludo e da barba (ptiríase), das unhas e as que causam as frieiras (pé-de-atleta).

As micoses podem afetar também as mucosas como a da boca. É o caso do sapinho, muito comum em crianças. Essa doença
se manifesta por múltiplos pontos brancos na mucosa.

Existem também fungos que parasitam o interior do organismo, como é o caso do fungo causador da histoplasmose, doença
grave que ataca os pulmões.

Fungos unicelulares

À primeira vista, parece que todo o fungo é macroscópico. Existem, porém, fungos microscópicos, unicelulares.

Entre estes, pode ser citado o Saccharomyces cerevisiae. Esse fungo é utilizado para a fabricação de pão, cachaça, cerveja
etc., graças à fermentação que ele realiza.

Fungos Pluricelulares
Os fungos pluricelulares possuem uma característica morfológica que os diferencia dos demais seres vivos. Seu corpo é
constituído por dois componentes: o corpo de frutificação é responsável pela reprodução do fungo, por meio de células
reprodutoras especiais, os esporos, e o micélio é constituído por uma trama de filamentos, onde cada filamento é chamado de
hifa.

Na maioria dos fungos, a parede celular é complexa e constituída de quitina, a mesma substância encontrada no esqueleto
dos artrópodes.

O carboidrato de reserva energética da maioria dos fungos é o glicogênio, do mesmo modo que acontece com os animais.

Tipos de Hifas
Dependendo do grupo de fungos, as hifas podem apresentar diferentes tipos de organização. Nas hifas cenocíticas, presentes
em fungos simples, o fio é contínuo e o citoplasma contém numerosos núcleos nele inserido.

Fungos mais complexos, possuem hifas septadas, isto é, há paredes divisórias (septos) que separam o filamento internamente
em segmentos mais ou menos parecidos. Em cada septo há poros que permitem o livre trânsito de material citoplasmático de
um compartimento a outro.

Reprodução dos fungos


Reprodução assexuada

Fragmentação
A maneira mais simples de um fungo filamentoso se reproduzir assexuadamente é por fragmentação: um micélio se fragmenta
originando novos micélios.

Brotamento
Leveduras como Saccharomyces cerevisae se reproduzem por brotamento ou gemulação. Os brotos (gêmulas) normalmente
se separam do genitor mas, eventualmente, podem permanecer grudados, formando cadeias de células.

Esporulação
Nos fungos terrestres, os corpos de frutificação produzem, por mitose, células abundantes, leves, que são espalhadas pelo
meio. Cada células dessas, um esporo conhecido como conidiósporo (do grego, kónis = poeira), ao cair em um material
apropriado, é capaz de gerar sozinha um novo mofo, bolor etc.

Para a produção desse tipo de esporo a ponta de uma hifa destaca-se do substrato e, repentinamente, produz centenas de
conidiósporos, que permanem unidos até serem liberados. é o que acontece com o fungo penicillium, que assim foi chamado
devido ao fato de a estrutura produtora de esporos - o conídio - se assemelhar a um pincel.

Abaixo - Micografia eletrônica de varredura mostrando o corpo de frutificação do Penicillium sp. frequente bolor encontrado em
frutas. Os pequenos e leves esporos esféricos (conidiósporos) brotam de conídios que surgem na extremidade de uma hifa
especializada, o conidióforo.

Em certos fungos aquáticos, os esporos são dotados de flagelos, uma adaptação à dispersão em meio líquido. Por serem
móveis e nadarem ativamente, esses esporos são chamados zoósporos.

Reprodução Sexuada
No ciclo reprodutivo de alguns fungos aquáticos, há a produção de gametas flagelados, que se fundem e geram zigotos que
produzirão novos indivíduos. Nos fungos terrestres, existe um ciclo de reprodução no qual há produção de esporos por
meiose. Desenvolvendo-se, esses esporos geram hifas haploides que posteriormente se fundem e geram novas hifas
diploides, dentro dos quais ocorrerão novas meioses para a produção de mais esporos meióticos. A alternância de meiose e
fusão de hifas (que se comportam como gametas) caracteriza o processo como sexuado.

O esquema da figura abaixo ilustra um ciclo de reprodução genérico, válido para a maioria dos fungos. Muitos alternam a
reprodução sexuada com a assexuada. Em outros, pode ocorrer apenas reprodução sexuada ou apenas a reprodução
assexuada.

De modo geral, a reprodução sexuada dos fungos se inicia com a fusão de hifas haploides, caracterizando a plasmogamia
(fusão de citoplasmas). Os núcleos haploides geneticamente diferentes, provenientes de cada hifa parental, permanecem
separados (fase heterocariótica, n + n).

Posteriormente, a fusão nuclear (cariogamia) gera núcleos diploides que, dividindo-se por meiose, produzem esporos
haploides. Esporos formados por meiose são considerados sexuados (pela variedade decorrente do processo meiótico).

Algumas curiosidades merecem ser citadas a respeito da fase sexuada da reprodução:

antes de ocorrer plasmogamia, é preciso que uma hifa "atraia" a outra. Isso ocorre por meio da produção de feromônios,
substâncias de "atração sexual" produzidas por hifas compatíveis;
em muitos fungos, após a plasmogamia decorre muito tempo (dias, meses, anos) até que ocorra a cariogamia;
a produção de esporos meióticos, após a ocorrência de cariogamia, se dá em estruturas especiais, frequentemente chamadas
de esporângios.

Classificação dos fungos

Classificar fungos não é tarefa fácil. Trata-se de um grupo muito antigo (mais de 540 milhões de anos) e existem muitas
dúvidas a respeito de sua origem e evolução.

Confira a seguir um esquema com a classificação dos fungos e em seguida a descrição de cada grupo.

Os quitridiomicetos, constituídos por cerca de 790 espécies, são os prováveis ancestrais dos fungos. Vivem em meio aquático
e em solos úmidos próximos a represas, rios e lagos. Vivem da absorção da matéria orgânica que decompõe e, muitas vezes,
parasitam algas, protozoários, outros fungos, plantas e animais. Algumas espécies causam considerável prejuízo em plantas
de cultivo (alfafa e milho).
Os ascomicetos, com cerca de 32.000 espécies, são os que formam estruturas reprodutivas sexuadas, conhecidas como
ascos, dentro das quais são produzidos esporos meióticos, os ascósporos. Incluem diversos tipos de bolores, as trufas, as
Morchellas, todos filamentos, e as leveduras (Saccharomyces sp.), que são unicelulares.

Os basidiomicetos, com cerca de 22.000 espécies, são os que produzem estruturas reprodutoras sexuadas, denominadas de
basídios, produtores de esporos meióticos, os basidiósporos. O grupo inclui cogumelos, orelhas-de-pau, as ferrugens e os
carvões, esses dois últimos causadores de doenças em plantas.

Os zigomicetos, com cerca de 1.000 espécies, são fungos profusamente distribuídos pelo ambiente, podendo atuar como
decompositores ou como parasitas de animais. Os mais conhecidos é o Rhizobux stolonifer, bolor que cresce em frutas, pães
e doces - seu corpo de frutificação é uma penugem branca que lembra filamentos de algodão, recheados de pontos escuros
que representam os esporângios.

Os deuteromicetos, ou fungos conidiais, que já foram conhecidos como fungos imperfeitos, costituem um grupo de fungos que
não se enquadra no dos anteriores citados. Em muitos deles, a fase sexuada não é conhecida ou pode ter sido simplesmente
perdida ao longo do processo evolutivo. De modo geral, reproduzem-se assexuadamente por meio da produção de
conidiósporos. A esse grupo pertencem diversas espécies de Penicillium (entre as quais a que produz penicilina) e Aspergillus
(algumas espécies produzem toxinas cancerígenas).

Liquens

Os liquens são associações simbióticas de mutualismo entre fungos e algas. Os fungos que formam liquens são, em sua
grande maioria, ascomicetos (98%), sendo o restante, basidiomicetos. As algas envolvidas nesta associação são as
clorofíceas e cianobactérias. Os fungos desta associação recebem o nome de micobionte e a alga, fotobionte, pois é o
organismo fotossintetizante da associação.

A natureza dupla do liquen é facilmente demonstrada através do cultivo separado de seus componentes. Na associação, os
fungos tomam formas diferentes daquelas que tinha quando isolados, grande parte do corpo do liquen é formado pelo fungo.

Morfologia
Normalmente existem três tipos de talo:

Crostoso: o talo é semelhante a uma crosta e encontra-se fortemente aderido ao substrato.


Folioso: o talo é parecido com folhas
Fruticoso: o talo é parecido com um arbusto e tem posição ereta.

Reprodução
Os liquens não apresentam estruturas de reprodução sexuada. O micobionte pode formar conídios, ascósporos ou
basidiósporos. As estruturas sexuadas apresentam forma de apotécio. Os esporos formados pelos fungos do liquen germinam
quando entram em contato com alguma clorofícea ou cianobactéria.

O fotobionte se reproduz vegetativamente. O liquen pode se reproduzir assexuadamente por sorédios, que são propágulos
que contém células de algas e hifas do fungo, e por isídios, que são projeções do talo, parecido com verrugas. O liquen
também pode se reproduzir por fragmentação do talo.

Habitat
Os líquens possuem ampla distribuição e habitam as mais diferentes regiões. Normalmente os liquens são organismos
pioneiros em um local, pois sobrevivem em locais de grande estresse ecológico. Podem viver em locais como superfícies de
rochas, folhas, no solo, nos troncos de árvores, picos alpinos, etc. Existem liquens que são substratos para outros liquens.

A capacidade do liquen de viver em locais de alto estresse ecológico deve-se a sua alta capacidade de dessecação. Quando
um líquen desseca, a fotossíntese é interrompida e ele não sofre pela alta iluminação, escassez de água ou altas
temperaturas. Por conta desta baixa na taxa de fotossíntese, os liquens apresentam baixa taxa de crescimento.

Importância Econômica
Os liquens produzem ácidos que degradam rochas e ajudam na formação do solo, tornando-se organismos pioneiros em
diversos ambientes. Esses ácidos também possuem ação citotóxica e antibiótica.

Quando a associação é com uma cianobactéria, os liquens são fixadores de nitrogênio, sendo importantes fontes de nitrogênio
para o solo.

Os liquens são extremamente sensíveis à poluição, sobrevivendo de bioindicadores de poluição, podendo indicar a qualidade
do ar e até quantidade de metais pesados em áreas industriais.
Algumas espécies são comestíveis, servindo de alimento para muitos animais.

Reino Plantae ou Metaphyta

As plantas são seres pluricelulares e eucariontes. Nesses aspectos elas são semelhantes aos animais e a muitos tipos de
fungos; entretanto, têm uma característica que as distingue desses seres - são autotróficas. Como já vimos, seres autotróficos
são aqueles que produzem o próprio alimento pelo processo da fotossíntese.

Utilizando a luz, ou seja, a energia luminosa, as plantas produzem a glicose, matéria orgânica formada a partir da água e do
gás carbônico que obtêm do alimento, e liberam o gás oxigênio.

As plantas, juntamente com outros seres fotossintetizantes, são produtoras de matéria orgânica que nutre a maioria dos seres
vivos da Terra, atuando na base das cadeias alimentares. Ao fornecer o gás oxigênio ao ambiente, as plantas também
contribuem para a manutenção da vida dos seres que, assim como elas próprias, utilizam esse gás na respiração. As plantas
conquistaram quase todos os ambientes da superfície da Terra.

Segundo a hipótese mais aceita, elas evoluíram a partir de ancestrais protistas. Provavelmente, esses ancestrais seriam tipos
de algas pertencentes ao grupo dos protistas que se desenvolveram na água. Foram observadas semelhanças entre alguns
tipos de clorofila que existem tanto nas algas verdes como nas plantas.

A partir dessas e de outras semelhanças, supõe-se que as algas verdes aquáticas são ancestrais diretas das plantas.

Há cerca de 500 milhões de anos, as plantas iniciaram a ocupação do ambiente terrestre. Este ambiente oferece às plantas
vantagens como: maior facilidade na captação da luz, já que ela não chega às grandes profundidades da água, e facilidade da
troca de gases, devido à maior concentração de gás carbônico e gás oxigênio na atmosfera. Esses fatores são importantes no
processo da respiração e da fotossíntese.

Mas e quanto a presença da água, tão necessária à vida?

Ao compararmos o ambiente terrestre com o ambiente aquático, verificamos que no terrestre a quantidade de água sob a
forma líquida é bem menor e também que a maior parte dela está acumulada no interior do solo.

Como, então, as plantas sobrevivem no ambiente terrestre? Isso é possível porque elas apresentam adaptações que lhes
possibilitam desenvolver no ambiente terrestre e ocupá-lo eficientemente. As plantas adaptadas ao ambiente terrestre
apresentam, por exemplo, estruturas que permitem a absorção de água presente no solo e outras estruturas que impedem a
perda excessiva se água. Veremos mais adiante como isso ocorre.

Devemos lembrar que alguns grupos de plantas continuaram sobrevivendo em ambiente aquático.

Classificação das plantas


As plantas cobrem boa parte dos ambientes terrestres do planeta. Vistas em conjunto, como nesta foto, parecem todas iguais.
Mas na realidade existem vários tipos de planta e elas ocupam os mais diversos ambientes.

Você já sabe que para classificar, ou seja, organizar diversos objetos ou seres em diferentes grupos, é preciso determinar os
critérios através dos quais identificaremos as semelhanças e as diferenças entre eles.

Vamos ver agora como as plantas podem ser classificadas.

O reino das plantas é constituído de organismos pluricelulares, eucariontes, autótrofos fotossintetizantes.

É necessário definir outros critérios que possibilitem a classificação das plantas para organizá-las em grupos menos
abrangentes que o reino.

Em geral, os cientistas consideram como critérios importantes:

a característica da planta ser vascular ou avascular, isto é, a presença ou não de vasos condutores de água e sais minerais
(seiva bruta) e matéria orgânica (a seiva elaborada);
ter ou não estruturas reprodutoras (semente, fruto e flor) ou ausência delas.
Os nomes dos grupos de plantas
Criptógama: palavra composta por cripto, que significa escondido, e gama, cujo significado está relacionado a gameta
(estrutura reprodutiva). Esta palavra significa, portanto, "planta que tem estrutura reprodutiva escondida". Ou seja, sem
semente.
Fanerógama: palavra composta por fanero, que significa visível, e por gama, relativo a gameta. Esta palavra significa,
portanto, "planta que tem a estrutura reprodutiva visível". São plantas que possuem semente.
Gimnosperma: palavra composta por gimmno, que significa descoberta, e sperma, semente. Esta palavra significa, portanto,
"planta com semente a descoberto" ou "semente nua".
Angiosperma: palavra composta por angion, que significa vaso (que neste caso é o fruto) e sperma, semente. A palavra
significa, "planta com semente guardada no interior do fruto".

Briófitas - Plantas sem vasos condutores

Essa divisão compreende vegetais terrestres com morfologia bastante simples, conhecidos popularmente como "musgos" ou
"hepáticas".

São organismos eucariontes, pluricelulares, onde apenas os elementos reprodutivos são unicelulares, enquadrando-se no
Reino Plantae, como todos os demais grupos de plantas terrestres.

Ocorrência
As briófitas são características de ambientes terrestre úmidos, embora algumas apresentem adaptações que permitem a
ocupação dos mais variados tipos de ambientes, resistindo tanto à imersão, em ambientes totalmente aquáticos, como a
desidratação quando atuam como sucessores primários na colonização, por exemplo, de rochas nuas ou mesmo ao
congelamento em regiões polares.

Apresenta-se, entretanto sempre dependentes da água, ao menos para o deslocamento do anterozoide flagelado até a
oosfera. Esta divisão não possui representantes marinhos.

Morfologia
As briófitas são plantas avasculares de pequeno porte que possuem muitos e pequenos cloroplastos em suas células.

O tamanho das briófitas está relacionado à ausência de vasos condutores, chegando no máximo a 10 cm em ambientes
extremamente úmidos. A evaporação remove consideravelmente a quantidade de água para o meio aéreo. A reposição por
absorção é um processo lento. O transporte de água ao longo do corpo desses vegetais ocorre por difusão de célula a célula,
já que não há vasos condutores e, portanto, é lento.

Reprodução
O ciclo haplodiplobionte nos musgos
Nos musgos e em todas as briófitas, a metagênese envolve a alternância de duas gerações diferentes na forma e no tamanho.
Os gametófitos, verdes, são de sexos separados e duram mais que os esporófitos.

Existem órgãos especializados na produção de gametas chamados gametângios e que ficam localizados no ápice dos
gametófitos. O gametângio masculino é o anterídio e seus gametas, os anterozoides. O gametângio feminino é o arquegônio
que produz apenas um gameta feminino, a oosfera.

Para ocorrer o encontro dos gametas é preciso, inicialmente, que os anterozoides saiam dos anterídios. Gotículas de água do
ambiente que caem nos anterídios libertam os gametas masculinos. Deslocando-se na água, os anterozoides entram no
arquegônio e apenas um deles fecunda a oosfera. Forma-se o zigoto que, dividindo-se inúmeras vezes, origina o embrião.
Este, no interior do arquegônio, cresce e forma o esporófito.

O jovem esporófito, no seu crescimento, rompe o arquegônio e carrega em sua ponta dilatada um pedaço rompido do
arquegônio, em forma de "boné", conhecido como caliptra. Já como adulto, o esporófito, apoiado no gametófito feminino, é
formado por uma haste e, na ponta, uma cápsula (que é um esporângio) dilatada, dotada de uma tampa, coberta pela caliptra.

No esporângio, células 2n sofrem meiose e originam esporos haploides. Para serem liberados, é preciso inicialmente que a
caliptra seque e caia. A seguir, cai a tampa do esporângio. Em tempo seco e, preferencialmente, com vento os esporos são
liberados e dispersam-se. Caindo em locais úmidos, cada esporo germina e origina um filamento semelhante a uma alga, o
protonema. Do protonema, brotam alguns musgos, todos idênticos geneticamente e do mesmo sexo. Outro protonema,
formado a partir de outro esporo, originará gametófitos do outro sexo e, assim, completa-se o ciclo. Note que a determinação
do sexo ocorre, então, já na formação dos esporos.

Classificação das briófitas

As briófitas mais conhecidas são as hepáticas e os musgos.


As hepáticas são tanto aquáticas quanto terrestres e seu talo é uma lâmina extremamente delgada. Seu talo lembra muito um
vegetal superior: apresenta-se ereto, crescendo a partir do solo.

Nos musgos, como, aliás, em todas as briófitas, há duas gerações adultas somáticas com aspectos totalmente diferentes e
que se alternam em um ciclo reprodutivo (gametófito e o esporófito).

Importância dos musgos


Apesar do aspecto modesto, os musgos têm grande importância para os ecossistemas. Juntamente com os liquens, os
musgos foram as primeiras plantas a crescer sobre rochas, as quais desgastam por meio de substâncias produzidas por sua
atividade biológica. Desse modo, permitem que, depois deles, outros vegetais possam crescer sobre essas rochas. Daí seu
importante papel nas primeiras etapas de formação dos solos.

Pteridófitas

Samambaias, avencas, xaxins e cavalinhas são alguns dos exemplos mais conhecidos de plantas do grupo das pateridófitas.
A palavra pteridófita vem do grego pteridon, que significa 'feto'; mais phyton, 'planta'. Observe como as folhas em brotamento
apresentam uma forma que lembra a posição de um feto humano no útero materno.

Antes da invenção das esponjas de aço e de outros produtos, pteridófitas como a "cavalinha", cujo aspecto lembra a cauda de
um cavalo e tem folhas muito ásperas, foram muito utilizadas como instrumento de limpeza. No Brasil, os brotos da
samambaia-das-roças ou feto-águia, conhecido como alimento na forma de guisados.

Atualmente, a importância das pteridófitas para o interesse humano restringe-se, principalmente, ao seu valor ornamental. É
comum casas e jardins serem embelezados com samambaias e avencas, entre outros exemplos.

Ao longo da história evolutiva da Terra, as pteridófitas foram os primeiros vegetais a apresentar um sistema de vasos
condutores de nutrientes. Isso possibilitou um transporte mais rápido de água pelo corpo vegetal e favoreceu o surgimento de
plantas de porte elevado. Além disso, os vasos condutores representam uma das aquisições que contribuíram para a
adaptação dessas plantas a ambientes terrestres.

O corpo das pteridófitas possui raiz, caule e folha. O caule das atuais pteridófitas é em geral subterrâneo, com
desenvolvimento horizontal. Mas, em algumas pteridófitas, como os xaxins, o caule é aéreo. Em geral, cada folha dessas
plantas divide-se em muitas partes menores chamadas folíolos.

A maioria das pteridófitas é terrestre e, como as briófitas, vive preferencialmente em locais úmidos e sombreados.

Pteridófitas mais conhecidas


Cavalinha: porte pequeno, caule subterrâneo e que formam ramos eretos que lembram vagamente um caule de
cana-de-açúcar com cerca de 1 cm de diâmetro. Folhas em forma de fios, agrupadas em feixes, emergem do caule e lembram
uma cauda de cavalo (veja foto acima).

Selaginela: erroneamente vendida como musgo nas floriculturas. Folhas miúdas que saem do caule cilíndrico bem fino.

Licopódio: caule subterrâneo e que dá ramos aéreos eretos dos quais saem folhas bem menores que as da selaginela. é
comum formarem-se "buquês" de rosa acompanhados de ramos de licopódios.

Samambaias: as pteridófitas mais modernas são popularmente conhecidas como samambaias e pertencem à classe das
filícíneas. Incluem as rendas portuguesas, as avencas, os xaxins, as samambaias de metro etc. Na maioria delas, o caule
subterrâneo, chamado rizoma, forma folhas aéreas. No xaxim o caule é aéreo e estéreo e pode atingir cerca de 2 a 3 metros.
As folhas são muitas vezes longas, apresentam divisões (folíolos) e crescem em comprimento pelas pontas, que são
enroladas, lembrando a posição do feto no interior do útero. Na época de reprodução, os folíolos ficam férteis e neles surgem
pontos escuros, os soros, verdadeiras unidades de reprodução.

Reprodução das pteridófitas - Ciclo haplodiplobionte

Da mesma maneira que as briófitas, as pteridófitas se reproduzem num ciclo que apresenta uma fase sexuada e outra
assexuada. Para descrever a reprodução nas pteridófitas, vamos tomar como exemplo uma samambaias comumente cultivada
(Polypodium vulgare).

A samambaia é uma planta assexuada produtora de esporos. Por isso, ela representa a fase chamada esporófito.
Em certas épocas, na superfície inferior das folhas da samambaias formam-se pontinhos escuros chamados soros. O
surgimento dos soros indica que a samambaias está em época de reprodução - em cada soro são produzidos inúmeros
esporos. Quando os esporos amadurecem, os soros se abrem. Então os esporos caem no solo úmido; cada esporo pode
germinar e originar um protalo, aquela plantinha em forma de coração mostrada no esquema. O protalo é uma planta sexuada,
produtora de gametas; por isso, ele representa a fase chamada de gametófito.

Ciclo reprodutivo das samambaias


O protalo da samambaias contém estruturas onde se formam anterozoides e oosferas. No interior do protalo existe água em
quantidade suficiente para que o anterozoide se desloque em meio líquido e "nade" em direção à oosfera, fecundado-a. Surge
então o zigoto, que se desenvolve e forma o embrião. O embrião, por sua vez, se desenvolve e forma uma nova samambaias,
isto é, um novo esporófito. Quando adulta, a samambaias forma soros, iniciando novo ciclo de reprodução.

Como você pode perceber, tanto as briófitas como as pteridófitas dependem da água para a fecundação. Mas nas briófitas, o
gametófito é a fase duradoura e os esporófito, a fase passageira. Nas pteridófitas ocorre o contrário: o gametófito é passageiro
- morre após a produção de gametas e a ocorrência da fecundação - e o esporófito é duradouro, pois se mantém vivo após a
produção de esporos.

Gimnospermas

As gimnospermas (do grego Gymnos: 'nu'; e sperma: 'semente') são plantas terrestres que vivem, preferencialmente, em
ambientes de clima frio ou temperado. Nesse grupo incluem-se plantas como pinheiros, as sequoias e os ciprestes.

As gimnospermas possuem raízes, caule e folhas. Possuem também ramos reprodutivos com folhas modificadas chamadas
estróbilos. Em muitas gimnospermas, como os pinheiros e as sequoias, os estróbilos são bem desenvolvidos e conhecidos
como cones - o que lhes confere a classificação no grupo das coníferas.

Florestas de coníferas de regiões temperadas são ricas em árvores do grupo das gimnospermas. No Brasil, destaca-se a Mata
de Araucárias do Sul do país.

Há produção de sementes: elas se originam nos estróbilos femininos. No entanto, as gimnospermas não produzem frutos.
Suas sementes são "nuas", ou seja, não ficam encerradas em frutos.

São também gimnospermas as Cycas, popularmente conhecidas como palmeira-de-ramos ou palmeira-de-sagu, comuns em
alguns lugares do Brasil. O tronco também costuma ser espesso, a folha é parecida com a das palmeiras, porém, é muito mais
rígida.

Reprodução das Gimnospermas - Ciclo haplodiplobionte nas Coníferas


Vamos usar o pinheiro-do-paraná (Araucária angustifólia) como modelo para explicar a reprodução das gimnospermas. Nessa
planta os sexos são separados: a que possui estróbilos masculinos não possuem estrobilos femininos e vice-versa. Em outras
gimnospermas, os dois tipos de estróbilos podem ocorrer numa mesma planta.

Existem dois tipos de estróbilos, um grande e outro pequeno e, como consequência, há dois tipos de esporângios e de
esporos. Nos estróbiolos maiores, considerados femininos, cada esporângio, chamado de óvulo, produz por meiose um
megásporo (ou macrósporo). O megásporo fica retido no esporângio, não é liberado, como ocorre com os esporos das
pteridófitas. Desenvolvendo-se no interior do óvulo o megásporo origina um gametófito feminino. Nesse gametófito surge
arquegônios e, no interior de cada um deles, diferencia-se uma oosfera (que e o gameta feminino).

Nos estróbilos menores, considerados masculinos, cada esporângio - também chamado de saco polínico - produz por meiose,
numerosos micrósporos. Desenvolvendo-se no interior do saco polínico, cada micrósporo origina um gametófito masculino,
também chamado de grão de pólen (ou gametófito masculino jovem). A ruptura dos sacos polínicos libera inúmeros grãos de
pólen, leves, dotados de duas expansões laterais, aladas. Carregados pelo vento, podem atingir os óvulos que se encontram
nos estróbilos femininos. O processo de transporte de grão de pólen (não se esqueça que eles representam os gametófitos
masculinos) constitui a polinização, que, nesse caso, ocorre pelo vento.

Cada grão de pólen, aderido a uma abertura existente no óvulo, inicia um processo de crescimento que culmina com a
formação de um tubo polínico, correspondente a um grão de pólen adulto (gametófito masculino adulto). No interior do tubo
polínico existe dois núcleos gaméticos haploides, correspondentes aos anterozoides das pteridófitas. Apenas um dos núcleos
gaméticos fecunda a oosfera, gerando o zigoto (o outro núcleo gamético degenera). Dividindo-se repetidamente por mitose, o
zigoto acaba originando um embrião, que mergulha no tecido materno correspondente ao gametófito feminino.
Após a ocorrência da fecundação e da formação do embrião, o óvulo converte-se em semente, que é uma estrutura com três
componentes: uma casa (também chamada de integumento), um embrião e um tecido materno haploide, que passa a ser
denominado de endosperma (ou endosperma primário), por acumular substâncias de reserva que serão utilizadas pelo
embrião durante a sua germinação. A dispersão das sementes, em condições naturais, pode ocorrer pelo vento, no caso do
pinheiro comum, ou com ajuda de animais (gralhas-azuis ou esquilos) como acontece com os pinhões do pinheiro-do-paraná.

Portanto, ao comparar gimnospermas coníferas com as pteridófitas, as seguintes novidades podem ser citadas: estróbilos
produtores de óvulos (que, depois, serão convertidos em sementes), estróbilos produtores de grãos de pólen, polinização,
diferenciação do grão de pólen em tubo polínico e, por fim, a fecundação independente da água ambiental (esse tipo de
fecundação é conhecido por sifogamia). Perceba que as árvores coníferas representam a geração duradoura, o esporófito,
sendo os gametófitos reduzidos e pouco duradouros.

Angiospermas

Atualmente são conhecidas cerca de 350 mil espécies de plantas. Desse total, mais de 250 mil são angiospermas.

A palavra angiosperma vem do grego angeios, que significa 'bolsa', e sperma, 'semente'. Essas plantas representam o grupo
mais variado em número de espécies entre os componentes do reino Plantae ou Metaphyta.

Características principais das angiospermas


As angiospermas arborescentes possuem três componentes principais: raízes, tronco e folhas.

As raízes são os órgãos fixadores da árvore ao solo e absorvem água e sais minerais, indispensável para a sobrevivência da
planta.
O tronco, constituído de inúmeros galhos, é o órgão aéreo responsável pela formação das folhas, efetuando também a ligação
delas com as raízes.
E as folhas são os órgãos onde ocorrerá a fotossíntese, ou seja, o processo em que se produzem os compostos orgânicos
essenciais para a manutenção da vida da planta.
Cada flor, que aparece periodicamente nos galhos, é um sistema de reprodução e é formado pela reunião de folhas
modificadas presas ao receptáculo floral, que possui formato de um disco achatado. Por sua vez o receptáculo floral fica no
topo do pedúnculo floral, que é o "cabinho" da flor. No receptáculo há uma série de círculos concêntricos nos quais estão
inseridas as peças florais. De fora para dentro, são quatro os tipos de folhas modificadas constituintes da flor: sépalas, pétalas,
estames e carpelos.

As sépalas são as mais externas, geralmente de cor verde, e exercem a função de proteção do botão floral, fase em que a flor
ainda não se abriu. O conjunto de sépalas é chamado de cálice. As pétalas vêm a seguir. São brancas ou coloridas e formam
a corola (nome derivado de coroa), com função de atrair os chamados agentes polinizadores, muitas vezes insetos. O alimento
que esses insetos procuram é uma solução açucarada, o néctar, produzido por glândulas de modo geral existentes na base
das pétalas.

Os estames ficam dispostos mais internamente no receptáculo. Cada estame possui aspecto de um palito, com uma haste, o
filete, sustentando uma porção dilatada, a antera. O conjunto de estames forma o androceu, considerado o componente
masculino da flor. Na antera são produzidos os grãos de pólen.

O carpelo ocupa o centro do receptáculo floral. é longo notando-se no seu ápice uma ligeira dilatação, o estigma, continuando
com um curto estilete, vindo a seguir o ovário. No interior do ovário, existem os óvulos. O carpelo solitário é componente do
gineceu, a parte feminina da flor.

Classificação das flores


As flores são classificadas de acordo com vários critérios. Vejamos alguns deles.

1- Quanto ao número de verticilos externos

Aclamídeas: sem cálice e sem corola. Exemplo: gramíneas.


Monoclamídeas: possuem cálice ou corola.
Diclamídeas: quando possuem cálice e corola.
Obs:
- Cálice e corola diferentes: Perianto, típico de dicotiledôneas. Ex.: rosa
- Cálice e corola iguais (tépalas): Perigônio, típico de monocotiledôneas. Ex.: lírio

2- Quanto ao sexo das flores

Monóclinas ou Hermafroditas: possuem os dois sexos, androceu e gineceu. Ex.: cravo, laranjeira.
Díclina ou Unissexuada: possui apenas androceu ou gineceu. Ex.: abóbora, mamão.
Estéreis: não possuem androceu ou gineceu, ou se apresentam, mas não são férteis. Ex. margarida.
Obs:
- Vegetais Monóicos: apresentam flores monóclinas ou díclinas.
- Vegetais Dióicos: apresentam flores díclinas.

3- Quanto ao número de peças por verticilo

Trímeras: três ou múltiplo de três peças. Ex.: Monocotiledôneas.


Dímeras, Tetrâmeras, Pentâmeras: duas, quatro, cinco peças, respectivamente, por verticilo. Ex.: Dicotiledôneas.
4- Quanto ao agente polinizador

Ornitófila – polinizada por pássaros


Anemófila – polinizada pelo vento
Quiropterófila – polinizada por morcegos
Entomófilas – polinizada por insetos
Antropófila – polinizada pelo homem

Órgãos reprodutores da flor

Androceu - Estames e pólen


Estames são folhas alongadas que durante a evolução dobraram-se sobre si mesmas, diferenciando-se em duas regiões: o
filete, porção delgada e alongada que suporta a antera, que por sua vez protege bolsas produtoras de grãos de pólen,
conhecidas como sacos polínicos.

Formação do grão de pólen


Os grãos de pólen formam-se nos sacos polínicos da antera. Os sacos polínicos estão envolvidos por um tecido denominado
tapetum, que também nutre as células. São quatro sacos polínicos, cada dois em uma teca. Quando a antera se torna adulta
os sacos polínicos se rompem liberando os grãos de pólen.

Estrutura do grão de pólen


Os grãos de pólen são formados por células haploides com dois núcleos: um vegetativo com função de formar o tubo polínico
e outro reprodutivo com função de fecundar o óvulo.

Polinização
É o processo de liberação do pólen da parte masculina onde foi formado, transporte e deposição sobre uma superfície
estigmática receptora. Em condições favoráveis e compatíveis este pólen irá germinar, iniciando a formação do tubo polínico
(fase gametofítica) e posteriormente a fecundação.

Pode ser realizada por um agente abiótico ou biótico que associados aos aspectos morfológicos da flor determinam as
chamadas síndromes florais. A anemofilia e a hidrofilia são síndromes abióticas.

Na polinização biótica, as plantas desenvolveram estruturas ou elementos atrativos aos diferentes tipos de animais, que
estimulam a alimentação, a atividade sexual ou ainda a criação de ninhos onde novos indivíduos de desenvolverão. Dentre
estes elementos, podemos citar, cores (atrativo visual), odor, pólen, néctar, óleo, resina, etc. Os insetos desenvolveram grande
interação com as plantas, sendo a entomifilia a principal síndrome biótica. Os animais vertebrados também participam deste
processo, a ornitofilia (aves) e a quiropterofilia (morcegos), são exemplos.

Gineceu - Carpelo e ovário


O carpelo ou pistílo é uma folha modificada que durante a evolução dobrou-se sobre si mesma, diferenciando-se em três
regiões:

ovário, região dilatada que protege os óvulos;


estigma, a porção superior, é a receptora de grãos de pólen;
estilete, a peça intermediária que liga o estigma ao ovário.
O carpelo assim modificado passa a ter aspecto de um instrumento muito utilizado na química, conhecido como pistili, motivo
pelo qual também é assim denominado. Uma flor pode ter um só carpelo ou vários que, fundindo-se totalmente ou
parcialmente, formam lojas.

Tipos de carpelos
O gineceu pode ser simples, quando é formado por um só carpelo, apocárpico, quando o gineceu é formado por vários
carpelos separados e sincárpico, quando o gineceu é formado por vários carpelos unidos.

Simetria da flor
Importante para o estudo da sistemática vegetal, pode ser:
radial ou actinomorfa: quando a forma da flor permite que se tracem vários planos de simetria.
bilateral ou zigomorfa: com apenas um plano de simetria.
assimétrica: sem nenhum plano de simetria.

Diagrama floral
Pode-se representar uma flor através do seu diagrama floral. Observe o diagrama abaixo

De fora para dentro, representa-se: as sépalas (cálice), as pétalas (corola), os estames (androceu) e os carpelos (gineceu).
Existe também a fórmula floral, que pode ser exemplificada abaixo:

K5 C(5) A10 G2

Onde:
K: representa o número de sépalas
C: representa o número de pétalas
A: representa o número de estames
G: representa o número de carpelos
( ): peças unidas (prefixo gamo ou sin)

Reprodução sexuada nas angiospermas

reprodução sexuada, neste grupo, incluiu os seguintes fenômenos: esporogênese, gametogênese, polinização, fecundação e
desenvolvimento da semente e do fruto.

Esporogênese e Gametogênese
A partir das Pteridófitas, a fase esporofítica no ciclo de vida das plantas passa a ser a dominante ou duradoura, representada
pelo indivíduo em si. Nas angiospermas, a produção das flores representa o estado final na maturação do esporófito.

Durante o processo de microsporogênese, dá-se no interior das anteras, isto é, nos sacos polínicos (microsporângios), a
formação dos grãos de pólen ou micrósporos, a partir de divisões meióticas dos microsporócitos. Os grãos de pólen maduros,
envoltos por uma parede não contínua de exina, apresentam em seu interior um núcleo vegetativo e um núcleo germinativo.
Ao ser depositado sobre o estigma receptivo da flor, este grão de pólen germinará, formando o tubo polínico, que corresponde
ao microgametófito, onde se dará a gametogênese. O núcleo germinativo se divide originando os núcleos espermáticos
(=gametas).

A megasporogênese é um processo efêmero que ocorre no início da formação do óvulo, que se encontra preenchido por um
tecido denominado nucela. é a partir deste tecido que se diferencia a célula-mãe do saco embrionário ou megasporócito. Por
divisões meióticas formam-se 4 células, das quais 3 degeneram-se, a restante forma o megásporo que logo passa à fase
gametofítica por divisões mitóticas de seu núcleo, originando o saco embrionário, dentro de um óvulo agora maduro. O saco
embrionário é formado por 7 células, antípodas (3), sinérgides (2), 2 núcleos polares em uma grande célula central e a oosfera
(=gameta).

Fecundação
É a união íntima entre duas células sexuais, gametas, até a fusão de seus núcleos. Deste processo resulta a formação da
semente e fruto nas angiospermas.

Após a deposição do pólen sobre o estigma receptivo, este germina, produzindo o tubo polínico, que cresce através do
estilete, penetrando o ovário e através da micrópila, o óvulo. Ao atingir o saco embrionário, o tubo se rompe liberando os dois
núcleos espermáticos, sendo que um fecundará a oosfera, originando um zigoto e o outro se unirá aos 2 núcleos polares,
originando um tecido de reserva, o endosperma (3n). Tal processo denomina-se dupla fecundação e é um caráter exclusivo
das angiospermas.

A dupla fecundação no saco embrionário desencadeia uma séria de mudanças no óvulo e gineceu, e mesmo na flor como um
todo, resultando no fruto e semente.

Frutos e sementes
Para que servem as flores?
Após a polinização e a fecundação, a flor sofre uma modificação extraordinária. De todos os componentes que foram vistos
anteriormente, acabam sobrando apenas o pedúnculo e o ovário. Todo o restante degenera. O ovário sofre uma grande
modificação, se desenvolve e agora dizemos que virou fruto. Em seu interior, os óvulos viraram sementes.

Assim, a grande novidade das angiospermas, em termos de reprodução, é a presença de frutos.


Os frutos serão a proteção e o veículo de dispersão da semente madura, portadora do embrião de um novo indivíduo,
fechando o ciclo de vida das angiospermas.

A semente e a futura planta


A semente é o óvulo modificado e desenvolvido. Toda semente possui um envoltório, mais ou menos rígido, um embrião
inativo da futura planta e um material de reserva alimentar chamado endosperma ou albúmen. Em condições ambientais
favoráveis, principalmente de umidade, ocorre a hidratação da semente e pode ser iniciada a germinação.

Os cotilédones
Todo embrião contido em uma semente de angiosperma é um eixo formado por duas extremidades:

a radícula, que é a primeira estrutura a emergir quando o embrião germina; e


o caulículo, responsável pela formação das primeiras folhas embrionárias.
Uma "folha" embrionária merece especial atenção. é o cotilédone. Algumas angiospermas possuem dois cotilédones são
chamadas eudicotiledôneas e plantas que possuem um cotilédone são chamadas de monocotiledônias.

Os dois grandes grupos de angiospermas

As angiospermas foram subdivididas em duas classes: as monocotiledôneas e as dicotiledôneas.

São exemplos de angiospermas monocotiledôneas: capim, cana-de-açúcar, milho, arroz, trigo, aveias, cevada, bambu,
centeio, lírio, alho, cebola, banana, bromélias e orquídeas.

São exemplos de angiospermas dicotiledôneas: feijão, amendoim, soja, ervilha, lentilha, grão-de-bico, pau-brasil, ipê, peroba,
mogno, cerejeira, abacateiro, acerola, roseira, morango, pereira, macieira, algodoeiro, café, jenipapo, girassol e margarida.

Diferenças entre monocotiledôneas e dicotiledôneas

Dicotiledôneas:
dois cotilédones
nervuras reticulares
feixes vasculares dispostos em círculos
raíz pivotante ou axial
flor tetrâmera ou pentâmera

Monocotiledôneas:
um cotilédone
nervuras paralelas
feixes vasculares difusos
raíz fasciculada ou em cabeleira
flor trímera

Reino Animalia

Características que distinguem os animais

O Reino Animalia é definido segundo características comuns a todos os animais: organismos eucariontes, multicelulares,
heterotróficos, que obtêm seu alimento por ingestão de nutrientes do meio.

Mesmo dentro de critérios assim tão amplos, podemos encontrar exceções, em funções de fatores diversos, como a
adaptação de organismos a meios de vida especiais. é o que ocorre, por exemplo, com alguns endoparasitas que perderam a
capacidade de ingestão de nutrientes, obtendo-os por absorção direta dos líquidos do corpo dos organismos parasitados.
Todos os animais começam seu desenvolvimento a partir de uma célula-ovo ou zigoto, que surge da fecundação do óvulo pelo
espermatozoide. Assim, a reprodução sexuada sempre está presente nos ciclos de vida dos animais. Isso não significa que a
reprodução assexuada não aconteça; ela ocorre e é muito importante em alguns grupos.

A partir do zigoto, inicia-se o desenvolvimento embrionário, que passa pelas fases de mórula, blástula e gástrula. São vários
os tipos de desenvolvimento embrionário, mas, apenas para exemplificação, vamos representar a seguir todas essas fases,
desde o zigoto até a gástrula, considerando o padrão mais fácil para o entendimento básico de como elas ocorrem.
Alguns animais desenvolvem-se até um conjunto de células que não chega a formar tecidos verdadeiros, enquanto a maioria
atinge niveis de organização superiores a tecidos, tais como órgãos e sistemas. é possivel, assim, distinguir dois grandes
grupos:

Parazoa (parazoário; pará = ao lado, zoa = animal): representado pelos Porifera (esponjas), no qual não há a formação de
tecidos verdadeiros.
Eumetazoa (eumetazoários; eu = verdadeiros, metazoário = animal): representados por todos os outros animais que possuem
tecido diferenciado.
Dentre os Eumetazoa distinguem-se dois outros grupos: o dos organismos que não passam do nível de organização superior a
tecidos, do qual fazem parte os cnidários, e o dos organismos que já apresentam os órgãos em sistemas definidos,
compreendendo a maioria dos Eumetazoa.

O ramo da biologia qe estuda os animais é denominado Zoologia (zoo = animal, logus = estudo).

é muito comum, em Zoologia falar-se em animais invertebrados e animais vertebrados.

Os invertebrados são todos os animais que não possuem vértebras e, consequentemente, coluna vertebral. A maior parte dos
animais é formada pelos invertebrados, caso das esponjas, medusas, planárias, vermes, minhocas, insetos, siris,
estrelas-do-mar e outros.

O termo invertebrado não tem nenhum valor taxonômico e não corresponde a grupos como filo, classe, ordem ou outros; é
simplismente um termo vulgar aplicado a todos esses animais.

Os vertebrados correspondem a todos os animais que possuem vértebras, caso dos peixes, anfíbios, répteis, aves e
mamíferos. Os vertebrados correspondem a um subfilo dentro do filo dos cordados. Dentre os cordados, existem animais
invertebrados, como é o caso do anfioxo, que vive enterrado na areia, no ambiente marinho.

Simetria e Locomoção
Animais de organização mais simples, como diversas esponjas, possuem formas irregulares, sendo, por isso, chamados
assimétricos.

Em outros animais, podemos passar por seus corpos diversos planos verticais de simetria que passam pelo eixo central
longitudinal (como nos tipos de esponjas que crescem com a forma aproximada de vaso, nos cnidários e na maioria dos
equinodermos, por exemplo); cada plano permite a separação do animal em metades equivalentes. São os chamados
simétricos radiais, em geral animais cilíndricos ou em forma de sino. Os animais simétricos radiais, em sua maioria, são fixos
ao substrato (esponjas adultas, pólipos de cnidários etc.), ou movem-se com lentidão (medusas, estrelas e ouriços-do-mar
etc.).

No entanto, a simetria predomina no reino animal é a bilateral. Os animais bilaterais possuem lados esquerdo e direito, faces
ventral e dorsal e extremidades anterior e posterior. A extremidade anterior é aquela em que fica localizada a cabeça, que
contém o centro de comando nervoso.

A extremidade posterior é aquela em que, na maioria das vezes, situa-se o ânus e os orifícios reprodutores.

Nesse tipo de simetria existe um plano sagital que divide o animal em duas metades equivalentes. De modo geral, a simetria
bilateral é relacionada ao modo de vida de "ir em busca" do alimento de uma forma mais dirigida.

Número de folhelhos germinativos

Alguns animais são formados, em sua fase embrionária, por apenas duas camadas de células (derivadas da ectoderme e da
endoderme). Esses animais são considerados diblásticos (ou diploblásticos), como, por exemplo, os cnidários.

Outros animais, em sua fase embrionária, são constituídos por três camadas de células, derivadas da ectoderme, da
endoderme e da mesoderme. São os chamados triblásticos (ou triploblásticos), como, por exemplo, os vermes, os moluscos,
os artrópodes, os equinodermos e os cordados.

Celoma
Nos animais triblásticos, pode ou não existir celoma, a cavidade geral do corpo, que serve de espaço para os órgãos internos
(vísceras). Quando não há celoma, os animais são ditos acelomados, como os vermes de corpo achatado - os platelmintos.

Entre os que possuem cavidade geral do corpo, é possível distinguir entre os pseudocelomados e os celomados verdadeiros
(ou, simplesmente, celomados). Os primeiros possuem falso celoma, assim chamado por não ser uma cavidade inteiramente
forrada por tecido mesodérmico. A mesoderme apenas reveste a superfície interna da parede do corpo, deixando de fazê-lo na
parede intestinal, como acontece com os vermes de corpo cilíndrico, chamados nemaltelmintos.
Nos celomas verdadeiros, tanto a face interna da parede do corpo como a face externa da parede intestinal são revestidas por
mesoderme e a cavidade geral do corpo é, assim, um verdadeiro celoma - como, por exemplo, nos vermes segmentados, nos
artrópodes, nos moluscos, nos equinodermos e nos cordados.

Destino do Blastóporo
Outra característica embriológica dos animais triblásticos é a relacionada ao surgimento da boca.

Quando a boca é derivada do blastóporo (a abertura do arquêntero para o meio externo), dizemos que os animais são
protostômios (do grego, proto = primitivo, stoma = boca), o que inclui desde os platelmintos até os artrópodes. Se o blastóporo
originar o ânus (e a boca se originar na extremidade oposta, como um novo orifício), dizemos que os animais são
deuterostômios (do grego, deutero = secundário, o que veio depois).

Filo Porifera

Acredita-se que os primeiros animais que surgiram na face da Terra tenham sido os poríferos.

Várias são as hipóteses sobre a origem dos animais. Uma das mais aceitas propõe que eles teriam derivado de protistas
flagelados coloniais, dando origem primeiramente à linhagem dos parazoários (sub-reino Parazoa), representada pelos
poríferos, e depois à linhagem dos eumetazoários.

As esponjas são animais sem simetria ou com simetria radiada, diploblásticos, acelomados e sem cavidade digestiva.

Todas as esponjas são fixas na fase adulta e coloniais, vivendo em meio aquático (água doce ou salgada), geralmente da linha
da maré baixa até profundidades que atingem os 5500 metros. Crescem sempre aderidas a substratos imersos, como
madeira, conchas, rochas, etc. Muitas apresentam um aspecto quase vegetal (tendo sido consideradas plantas durante muitos
séculos), embora possam ser brilhantemente coloridas.

A sua natureza animal apenas foi reconhecida em 1765 mas a sua posição sistemática permaneceu incerta até 1857.

A simplicidade da estrutura das esponjas é tal que, se forem trituradas e passadas por uma peneira, de modo a separar as
suas células, estas poderão reagrupar-se e formar novamente uma esponja, em tudo semelhante á original. As células do
corpo das esponjas apresentam mesmo um certo grau de independência, sem coordenação por células nervosas.

Não apresentam, portanto, tecidos verdadeiros, nem sistemas de órgãos. Outro aspecto intrigante da biologia das esponjas é
o fato de serem os únicos animais cuja abertura principal do corpo é exalante. No entanto, a maioria das esponjas reage ao
toque, especialmente em volta da sua abertura principal, embora os estímulos sejam conduzidos lentamente, provavelmente
célula a célula.

As esponjas são organismos imóveis, mas capazes de movimentar a água em seu redor. As partículas alimentares em
suspensão penetram no corpo da esponja através de poros microscópicos – poros inalantes - na sua parede lateral e a água
filtrada é retirada através de uma abertura maior – ósculo – na zona oposta á base. Em certas espécies, o ósculo pode ser
lentamente fechado. O ósculo encontra-se quase sempre acima do resto do corpo do animal, uma adaptação importante, pois
evita a recirculação de água á qual já foram retirados alimento e oxigênio e adicionados resíduos.

A parede do corpo das esponjas delimita uma cavidade central, o átrio ou espongiocélio. Em certas esponjas mais complexas
não existe apenas uma cavidade central, mas um labirinto de canais e câmaras cobertas de células flageladas – câmaras
vibráteis. A respiração e a excreção são feitas diretamente por difusão com o meio aquático, pelo que as esponjas não
suportam águas estagnadas.

A parede do corpo das esponjas é formada por diversos tipos de células, sustentadas por elementos esqueléticos de vários
tipos:

Pinacócitos – células achatadas de revestimento da parte externa, formando uma espécie de epiderme designada
pinacoderme (embora não seja um verdadeiro tecido);
Coanócitos – células flageladas com uma expansão membranosa em forma de colarinho, que revestem o espongiocélio e
outras câmaras vibráteis internas das esponjas. O movimento dos seus flagelos cria a corrente de água que traz nutrientes e
gases. Os nutrientes são filtrados pelo “colarinho” da célula, que não é uma estrutura sólida, mas antes um conjunto de
pequenos bastonetes erectos e separados por espaços. Qualquer partícula orgânica ou microrganismo plantônico aprisionado
no colarinho é encaminhado para baixo, em direção ao corpo celular e endocitado, ocorrendo uma digestão intracelular, em
vacúolos digestivos. Posteriormente os nutrientes são difundidos para a mesogleia ou célula a célula.
Amebócitos – células livres de vários tipos que se deslocam por movimentos ameboides, presentes no mesênquima ou
mesogleia (substância gelatinosa localizada entre as camadas de pinacócitos e coanócitos) e que são responsáveis pelo
crescimento e capacidade de regeneração, pois podem originar todos os restantes tipos de célula (exceto os coanócitos) e
produzir as espículas do esqueleto. Estas células podem, ainda, transferir os nutrientes presentes na mesogleia para as
restantes células e retirar os produtos de excreção para o espongiocélio. São, ainda, responsáveis pela formação dos
gametas;
Porócitos – células dotadas de um poro central, designado poro inalante, que as atravessa de lado a lado. Localizam-se a
espaços regulares na parede do corpo da esponja, sendo através delas que a água penetra no espongiocélio. Estas
microscópicas aberturas podem ser reguladas pelo animal.

Características das esponjas

Os elementos esqueléticos das esponjas podem ser de dois tipos básicos:

Fibras proteicas – formadas por uma proteína córnea designada espongina, uma substância insolúvel e resistente á digestão
por enzimas proteolíticas. A espongina dispõe-se irregularmente no mesênquima;
Espículas minerais– estes elementos podem ser compostos por dois tipos de minerais:
Carbonato de cálcio– espículas formadas por CaCO3, podem apresentar formas variadas, desde simples eixos rectos a
formas complexas e ramificadas;
Sílica– espículas formadas principalmente por H2Si3O7, são geralmente complexas e podem fundir-se, originando uma
estrutura relativamente sólida nas chamadas esponjas-de-vidro.

A reprodução das esponjas pode ser assexuada, por brotamento ou gemulação, originando colônias de grandes dimensões.

Este tipo de reprodução ocorre por agrupamento de amebócitos e outras células não diferenciadas que se isolam e elaboram
uma espessa membrana protetora contendo espongina e espículas. Isto acontece à medida que a esponja morre e se
desintegra.

Essas gêmulas, formadas principalmente em épocas de condições ambientais defavoráveis, são verdadeiras formas de
resistência - persistem longo tempo no ambiente e ficam em estado de repouso metabólico até que as condições externas
ambientais voltem ao normal.

Nesse momento, a espessa membrana é rompida e as células retomam a atividade normal e reorganizam uma ou mais novas
esponjas.

A reprodução por brotamento é a forma mais comum de reprodução assexuada. A partir desse processo, uma esponja produz
brotos, que se desenvolvem a partir da esponja-mãe. Esses brotos podem ficar ligados uns com os outros, organizando uma
colônia.

A reprodução sexuada é bastante peculiar, principalmente a nível do desenvolvimento larvar.

As esponjas podem ser monóicas (hermafroditas) ou dióica (sexos separados), permanecendo os óvulos na mesogleia e
sendo os espermatozoides libertados para o espongiocélio e daí para o exterior.

Os óvulos têm origem em amebócitos e os espermatozoides podem ter origem em amebócitos ou coanócitos. Se estes
espermatozoides encontrarem outra esponja da mesma espécie, ocorrerá a fecundação e formar-se-á um zigoto.

A fecundação é geralmente interna. O zigoto vai originar uma larva nadadora designada anfiblástula, não mais que uma
pequena bola de células flageladas do tipo coanócito.

Esta larva liberta-se do corpo da esponja-mãe e sai pelo ósculo, acabando por se fixar a um substrato e sofrer uma inversão,
em que as células flageladas migram para o interior da bola e as achatadas para o exterior.

Por este motivo, diz-se que o desenvolvimento é indireto neste filo.

Filo Cnidaria

O filo Cnidária (cnidários) está representado pelas hidras, medusas ou água-vivas, corais e anêmonas-do-mar.

Os cnidários são os primeiros animais a apresentarem uma cavidade digestiva no corpo, fato que gerou o nome celenterado,
destacando a importância evolutiva dessa estrutura, que foi mantida nos demais animais. A presença de uma cavidade
digestiva permitiu aos animais ingerirem porções maiores de alimento, pois nela o alimento pode ser digerido e reduzido a
pedaços menores, antes de ser absorvido pelas células.

Com base no aspecto externo do corpo, os cnidários apresentam simetria radial. Eles são os primeiros animais na escala
evolutiva a apresentarem tecidos verdadeiros, embora ainda não cheguem a formar órgãos.
No filo cnidária existem basicamente dois tipos morfológicos de indivíduos: as medusas, que são natantes e os pólipos, que
são sésseis. Eles podem formar colônias, como é o caso dos corais (colônias sésseis) e das caravelas (colônias flutuantes).

Os polipos e as medusas, formas aparentemente muito diferentes entre si, possuem muitas características em comum e que
definem o filo, como veremos.

Nos cnidários existe um tipo especial de célula denominada cnidócito, que apesar de ocorrer ao longo de toda a superfície do
animal, aparece em maior quantidade nos tentáculos. Ao ser tocado o cnidócito lança o nematocisto, estrutura penetrante que
possui um longo filamento através do qual o líquido urticante contido em seu interior é eliminado. Esse líquido pode provocar
sérias queimaduras no homem.

Essas células participam da defesa dos cnidários contra predadores e também da captura de presas. Valendo-se das
substâncias produzidas pelos cnidócitos, eles conseguem paralisar imediatamente os pequenos animais capturados por seus
tentáculos.

Foi a presença do cnidócito que deu o nemo ao filo Cnidaria (que têm cnida = urtiga)

Tanto o pólipo como a medusa apresentam uma boca que se abre na cavidade gastrovascular, mas não possuem ânus. O
alimento ingerido pela boca, cai na cavidade gastrovascular, onde é parcialmente digerido e distribuido (daí o nome gastro, de
alimentação, e vascular, de circulação).

Após a fase extracelular da digestão, o alimento é absorvido pelas células que revestem a cavidade gastrovascular,
completando a digestão.

A digestão é portanto, em parte extracelular e em parte intracelular. Os restos não-aproveitáveis são liberados pela boca. Na
região oral, estão os tentáculos, que participam na captura de alimentos.

As camadas de célula que ocorrem nos cnidários são: a epiderme, que reveste o corpo externamente, e a gastroderme, que
reveste a cavidade gastrovascular. Entre a epiderme e a gastroderme existe uma camada gelatinosa denominada mesogleia.
Essa camada é mais abundante nas medusas do que nos pólipos e, por isso, as medusas têm aspecto gelatinoso, fato que
lhes rendeu a denominação popular de "águas-vivas".

A epiderme e a gastroderme são duas camadas celulares derivadas de tecidos embrionários denominados genericamente
folhetos germinativos. A epiderme deriva do folheto germinativo chamado ectoderme (ecto = externo, derme = tecido de
revestimento), que reveste externamente o corpo do embrião; a gastroderme deriva do folheto denominado endoderme
(endo=interno), que reveste o tubo digestivo do embrião. Os cnidários são considerados animais diblásticos.

Os poríferos já foram considerados diblásticos por diversos livros, alguns consideram como ablásticos (a = negação; blasto -
tecido). Porém, os poríferos se desenvolvem somente até a blástula, portanto não formam folhetos embrionários, o que explica
a não formação de tecidos verdadeiros na filo.

Os demais animais são triblásticos ou triploblasticos, pois possuem três folhetos germinativos: a ectoderme, a endoderme e a
mesoderme (meso=no meio), que se desenvolve entre a ecto e a endoderme.

Os cnidários são os primeiros animais a apresentarem células nervosas (neurônios). Nesses animais, os neurônios
dispõem-se de modo difuso pelo corpo, o que é uma condição primitiva entre os animais.

Os cnidários apresentam movimentos de contração e de extensão do corpo, além de poderem apresentar deslocamentos.
São, portanto, os primeiros animais a realizarem essas funções.

Os poríferos são animais que vivem fixos ao substrato, não apresentando deslocamentos.

Nos pólipos, a capacidade de locomoção é reduzida, podendo ser do tipo "mede-palmos" ou "cambalhota". Nas medusas, a
locomoção é mais ativa, sendo realizada por um mecanismo denominado jato propulsão: os bordos do corpo se contraem, e a
água acumulada na fase oral da medusa é expulsa em jato, provocando o deslocamento do animal no sentido oposto.

A capacidade de alterar a forma do corpo, determinando movimentos e deslocamentos, deve-se à presença de células
especiais com funções de contração e distensão, mas que não são células musculares verdadeiras, na medida em que estas
surgem a partir da mesoderme, que só ocorre em animais triblásticos.

A respiração e a excreção ocorrem por difusão através de toda a superfície do corpo. Não existem estruturas especiais
relacionadas a esses processos, como também é o caso das esponjas.

Reprodução nos cnidários


Reprodução assexuada

A reprodução assexuada em hidras pardas ou verdes é, em geral, feita por brotamento. Brotos laterais, em várias fases de
crescimento, são comumente vistos ligados à hidra-mãe e dela logo se destacam.

Esse processo de multiplicação, em que não ocorre variabilidade genética, é propício nos ambientes estáveis e em épocas
favoráveis do ano, em que as hidras estão bem alimentadas.

Reprodução sexuada
A hidra é hermafrodita. Alguns testículos e apenas um ovário são formados, principalmente em épocas desfavoráveis do ano,
a partir de células indiferenciadas existentes no corpo.

O único óvulo produzido é retirado do ovário. Os espermatozoides são liberados na água e vão a procura do óvulo. A
fecundação ocorre no corpo da hidra. O zigoto formado é circundado por uma espessa camada quitinosa (de consistência
semelhante ao esqueleto de quitina dos insetos) e, após certo tempo de desenvolvimento, o embrião, envolto pela casca
protetora, destaca-se do corpo da hidra e permanece dentro da casca durante toda a época desfavorável.

Com a chegada da estação favorável, rompe-se a casca e emerge uma pequena hidra que cresce até atingir a fase adulta.
Não há larva. O desenvolvimento é direto.

Classificação dos cnidários

As principais classes dos cnidários são:

Hydrozoa - hidras e caravelas;


Scyphozoa - águas -vivas
Anthozoa - anêmonas e corais; e
Cubozoa - cubozoárioa, como a vespa do pacífico.
Classe Hydrozoa
A classe dos hidrozoários possui inúmeros representantes, além da hidra. Todos os demais componentes dessa classe são
marinhos. Dentre eles, podemos citar como exemplo a Obelia e a caravela (Physalia), este um indivíduo colonial muito comum
nos mares tropicais e temperados.

Na Obelia, a reprodução ocorre durante um ciclo em que se alternam pólipos (fase assexuada e duradoura) e medusas (fase
sexuada e pouco duradoura). Dois tipos de pólipos existem em um polipeiro (colônia): o nutridor e o reprodutor.

Os reprodutores geram medusas por brotamento. Essas, de pequeno tamanho, produzem gametas que se encontram na água
(fecundação externa). Forma-se o zigoto, ocorre o desenvolvimento embrionário e surge uma larva ciliada, a plânula, que
constitui uma importante forma de dispersão da espécie. Fixando-se a um substrato apropriado, a larva transforma-se em um
novo pólipo, que acaba gerando novo polipeiro.

Classe Scyphozoa
Na classe dos cifozoários, as formas predominantes e sexuadas são bonitas medusas de cores variadas, as verdadeiras
"águas-vivas", frequentemente vistas em nosso litoral. Os pólipos são pequenos e correspondem a fase assexuada, pouco
duradoura.

As medusas têm formato de guarda-chuva e são diferentes das do grupo dos hidrozoários. Podem alcançar de 2 a 40 cm de
diâmetro. A gigante do grupo é uma medusa do Atlântico Norte, que chega a 2 metros de diâmetro.

No caso da espécie Aurelia aurita, a fecundação é interna. A plânula nada durante um certo tempo e origina um pólipo fixo, o
cifístoma. Esse pequeno pólipo é a geração assexuada e se reproduz por um processo conhecido por estrobilação. Nesse
processo, fragmentações sucessivas do corpo do pólipo formam uma pilha de discos que permanecem amontoados uns sobre
os outros. Cada disco, uma éfira (medusa jovem), destaca-se e, após certo tempo de crescimento, origina uma medusa adulta,
fechando-se o ciclo.

Classe Anthozoa
Anêmonas e corais são os representantes mais conhecidos dessa classe. As anêmonas são facilmente vistas no nosso litoral,
principalmente na maré baixa, sobre rochas emersas ou enterradas na areia por ente as rochas.
A forma de muitos corais é variada. Alguns possuem formato de pequenas árvores, outros lembram grandes penas coloridas e
outros, ainda, possuem formato escultural, como é o caso do famoso coral "cérebro", cujo aspecto lembra os sulcos e
circunvoluções existentes no cérebro humano.

Os antozoários frequentemente se reproduzem por brotamento ou fragmentação. A reprodução sexuada envolve a formação e
a fusão dos gametas e habitualmente existe uma larva plânula antecedendo a fase adulta.

Como na classe dos antozoários só há a forma pólipo, não existe metagênese. Após a reprodução sexuada dos pólipos, as
larvas plânulas se diferenciam diretamente em novos pólipos. A organização dos pólipos dessa classe é mais complexa que
nas outras classes.

Os corais
Ao contrário das anêmonas, geralmente solitárias, os corais são coloniais na imensa maioria das espécies. São pólipos muito
pequenos, bem menores que as anêmonas.

Como se reproduzem assexuadamente por brotamento e os brotos não se separam, eles vão constituindo grandes
agrupamentos coloniais. E, como cada pólipo constrói ao redor de si um esqueleto geralmente constituído de calcário
(carbonato de cálcio), todos os esqueletos acabam se juntando, o que origina uma grande formação calcária comum à colônia.

Vermes

As pessoas costumam reagir com alguma repugnância ao ouvirem a palavra "vermes".

A impressão que se têm é de algo viscoso, rastejante e perigoso à saúde. A palavra verminose, aplicada as doenças causadas
por alguns desses animais, contribui para essa noção. Realmente, alguns vermes são causadores de doenças, principalmente
em populações que vivem em condições de saúde precárias.

No entanto, há numerosos vermes que são totalmente inofensivos e de aparência não-repugnante.

Três são os filos de animais que mais frequentemente são reconhecidos como vermes: Platyhelminthes, Nematoda e Annelida.

Filo Platyhelminthes: Vermes achatados

Os platelmintos são vermes de corpo achatado dorso-ventralmente (platy= chato; helminto= verme), com simetria bilateral
(aparece pela primeira vez na escala evolutiva).

Existem aproximadamente 20 mil espécies descritas de platelmintos. Podem ser parasitas ou de vida livre, estes podendo
ocorrer nos mares, água doce ou em ambientes terrestres úmidos.

Como parasitas de seres humanos podemos citar a tênia e o Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose. Outros
animais também podem ser parasitados como o boi, o porco, os cachorros, gatos, etc. O corpo pode ou não possuir uma
segmentação. A maioria das espécies são monóicas.

Embriologia
São acelomados (não possuem celoma) e triblásticos (possuem os três folhetos germinativos: ectoderme, mesoderme e
endoderme). Possuem simetria bilateral.

A ectoderme dá origem ao revestimento externo, a mesoderme dá origem à musculatura e ao parênquima, que é um tecido
que preenche todo o espaço entre o intestino e a parede do corpo. A endoderme dá origem ao intestino e seu revestimento.

Tegumento
Os platelmintos possuem um epitélio simples, sendo a epiderme formada por uma camada simples de células. As espécies
parasitas apresentam uma cutícula de proteção e, em alguns casos, ventosas para fixação. Alguns apresentam cílios na
região ventral, para fins de locomoção. Podem possuir células mucosas, que produzem lubrificação para facilitar a locomoção.

Digestão
Os sistema digestório dos platelmintos é incompleto, ou seja, a boca é a única abertura para o exterior, não possuindo ânus. A
digestão pode ser intra ou extracelular. O intestino é bastante ramificado, o que facilita a distribuição do alimento digerido. O
que não é utilizado na digestão é eliminado pela boca. As planárias possuem a boca na região ventral e uma faringe protátil
(exteriorizada), o que facilita a captação de alimento, sugando.
As tênias não possuem sistema digestório, se alimentam por difusão, absorvendo os nutrientes pré-digeridos do hospedeiro.

Respiração
Não possuem sistema respiratório, e as trocas gasosas são feitas pela epiderme, por difusão. Este tipo de respiração recebe o
nome de tegumentar ou cutânea e ocorre nas espécies de vida livre, pois as parasitas fazem respiração anaeróbia.

Circulação
Os platelmintos não possuem sistema circulatório. O alimento digerido é enviado para as células por difusão, graças a um
intestino bem ramificado, pois ele é gastrovascular.

Excreção
São os primeiros animais a apresentar sistema excretor: o protonefrídio, que é formado por vários túbulos excretores com
células-flama. As células-flama são fundamentais neste sistema excretor. Apresentam vários flagelos que promovem a
movimentação dos fluidos, fazendo com que eles sejam muito bem filtrados.

Os resíduos caem em um sistema de ductos ou túbulos, que se abrem para o exterior através de estruturas chamadas
nefridióporos, que são poros excretores. Estes poros situam-se na superfície dorsal do corpo, lateralmente.

Esqueleto
Não possuem esqueleto.

Sistema Nervoso
Apresentam um processo chamado cefalização, ou seja, uma cabeça com estruturas nervosas e sensoriais. O sistema
nervoso dos platelmintos é chamado ganglionar, formado por dois gânglios nervosos, que estão ligados a dois cordões
nervosos ventrais e longitudinais, que são ligados por comissuras transversais e que percorrem toda a região ventral, até a
parte posterior do verme.

As planárias de água doce possuem dois ocelos na região da cabeça, estruturas foto-receptoras. Estas estruturas não são
capazes de formar imagens, apenas perceber luz.

Nas aurícolas, regiões laterais da cabeça, estão presentes células quimiorreceptoras, capazes de perceber várias substâncias
químicas que se encontram dissolvidas na água.

Musculatura
A musculatura é do tipo lisa, que favorece a movimentação e locomoção do animal, podendo ter a colaboração de cílios, caso
estejam presentes. Essa musculatura lisa forma o túbulo músculo-dermático, que é uma unidade funcional com a pele.

Classificação dos Platelmintos

Estudaremos a reprodução de acordo com cada classe. As cerca de 20.000 espécies de platelmintos podem ser agrupados
em três grandes classes:

Classe Cestoda - endoparasitas, geralmente com hospedeiros intermediários. Exemplo: tênias


Classe Trematoda - parasitas, a maioria dos ciclos de vida inclui a presença de um hospedeiro intermediário. Exemplo:
Schistosoma mansoni;
Classe Turbellaria - animais de vida livre, sendo a maioria de ambiente aquático, apenas alguns terrestres, são predadores e
necrófagos. Exemplo: planárias.
Classe Turbellaria
São animais de vida livre, possuem cílios para locomoção e um aspecto foliáceo. Um exemplo de representante desta classe é
a planária.

São hermafroditas e fazem fecundação cruzada, a autofecundação é rara. Os dois indivíduos que estão acasalando ficam
unidos pelos poros genitais. Cada um introduz o pênis na abertura genital do outro, trocam espermatozoides e se separam.
Vários óvulos são fecundados e lançados para o exterior pelo poro genital. Os zigotos possuem uma cápsula protetora e vão
eclodir planárias jovens, evidenciando um desenvolvimento direto.

As planárias possuem um grande poder de regeneração, e se reproduzem assexuadamente por fissão transversal. Se
cortarmos uma planária em vários pedaços, cada um irá ser regenerar e dar origem a um novo indivíduo.

Classe Trematoda
São endo ou ectoparasitas. Possuem ventosas para fixação, uma na região oral, outra ventral. Possuem cutícula protetora na
epiderme e não possuem cílios. São hermafroditas, mas o S. mansoni é dióico. A fêmea vive numa cavidade do macho
chamada canal ginecóforo. Fazem fecundação cruzada e interna. Como representante hermafrodita temos a Fasciola
hepatica, que parasita o fígado de carneiros e eventualmente o ser humano.

Macho e fêmea (na cavidade ventral do macho) de Schistossoma mansoni . Note a ventosa na parte anterior.

Classe Cestoda
São endoparasitas de corpo alongado, representados pelas tênias. Não possuem cílios, o corpo é metamerizado e não
possuem tubo digestivo, alimentando-se por difusão dos nutrientes pré-digeridos pelo hospedeiro.

As tênias podem atingir até 8 metros de comprimento. O corpo delas é dividido em três partes: Cabeça ou escólex, que possui
ventosas para a fixação no hospedeiro. A Taenia solium apresenta ganchos e ventosas; pescoço ou colo, região mais afilada e
estróbilo, responsável pelo crescimento do organismo.

Aí estão as proglótides, estruturas que possuem sistemas reprodutores feminino e masculino, ou seja, são hermafroditas.
Após a fecundação as proglótides cheias de ovos se desprendem e são eliminadas com as fezes.

Doenças causadas por platelmintos

Esquistossomos e esquistossomose / barriga d’água

Infecção causada por verme parasita da classe Trematoda. Ocorre em diversas partes do mundo de forma não controlada
(endêmica). Nestes locais o número de pessoas com esta parasitose se mantém mais ou menos constante.

Os parasitas desta classe são cinco, e variam como agente causador da infecção conforme a região do mundo. No nosso país
a esquistossomose é causada pelo Schistossoma mansoni. O principal hospedeiro e reservatório do parasita é o homem,
sendo a partir de suas excretas (fezes e urina) que os ovos são disseminados na natureza.

Possui ainda um hospedeiro intermediário que são os caramujos, caracóis ou lesmas, onde os ovos passam a forma larvária
(cercária). Esta última dispersa principalmente em águas não tratadas, como lagos, infecta o homem pela pele causando uma
inflamação da mesma.

Já no homem o parasita se desenvolve e se aloja nas veias do intestino e fígado causando obstrução das mesmas, sendo esta
a causa da maioria dos sintomas da doença que pode ser crônica e levar a morte.

Os sexos do Schistossoma mansoni são separados. O macho mede de 6 a 10 mm de comprimento. é robusto e possui um
sulco ventral, o canal ginecóforo, que abriga a fêmea durante o acasalamento. A fêmea é mais comprida e delgada que o
macho. Ambos possuem ventosas de fixação, localizadas na extremidade anterior do corpo e que facilitam a adesão dos
vermes às paredes dos vasos sanguíneos.

Como se adquire?
Os ovos eliminados pela urina e fezes dos homens contaminados evoluem para larvas na água, estas se alojam e
desenvolvem em caramujos. Estes últimos liberam a larva adulta, que ao permanecer na água contaminam o homem. No
sistema venoso humano os parasitas se desenvolvem até atingir de 1 a 2 cm de comprimento, se reproduzem e eliminam
ovos.

O desenvolvimento do parasita no homem leva aproximadamente 6 semanas (período de incubação), quando atinge a forma
adulta e reprodutora já no seu habitat final, o sistema venoso. A liberação de ovos pelo homem pode permanecer por muitos
anos.

O que se sente?
No momento da contaminação pode ocorrer uma reação do tipo alérgica na pele com coceira e vermelhidão, desencadeada
pela penetração do parasita. Esta reação ocorre aproximadamente 24 horas após a contaminação. Após 4 a 8 semanas surge
quadro de febre, calafrios, dor-de-cabeça, dores abdominais, inapetência, náuseas, vômitos e tosse seca.

O médico ao examinar o portador da parasitose nesta fase pode encontrar o fígado e baço aumentados e ínguas pelo corpo
(linfonodos aumentados ou linfoadenomegalias).

Estes sinais e sintomas normalmente desaparecerem em poucas semanas. Dependendo da quantidade de vermes a pessoa
pode se tornar portadora do parasita sem nenhum sintoma, ou ao longo dos meses apresentar os sintomas da forma crônica
da doença: fadiga, dor abdominal em cólica com diarreia intermitente ou disenteria.

Outros sintomas são decorrentes da obstrução das veias do baço e do fígado com consequente aumento destes órgãos e
desvio do fluxo de sangue que podem causar desde desconforto ou dor no quadrante superior esquerdo do abdômen até
vômitos com sangue por varizes que se formam no esôfago.
Como se faz o diagnóstico?
Para diagnosticar esquistossomose a informação de que o suspeito de estar infectado esteve em área onde há muitos casos
de doença (zona endêmica) é muito importante, além dos sintomas e sinais descritos acima (quadro clínico). Exames de fezes
e urina com ovos do parasita ou mesmo de pequenas amostras de tecidos de alguns órgãos (biópsias da mucosa do final do
intestino) são definitivas. Mais recentemente se dispõe de exames que detectam, no sangue, a presença de anticorpos contra
o parasita que são úteis naqueles casos de infecção leve ou sem sintomas.

Como se trata?
O tratamento de escolha com antiparasitários, substâncias químicas que são tóxicas ao parasita.

Atualmente existem três grupos de substâncias que eliminam o parasita, mas a medicação de escolha é o Oxaminiquina ou
Praziquantel ou, que se toma sob a forma de comprimidos na maior parte das vezes durante um dia.

Isto é suficiente para eliminar o parasita, o que elimina também a disseminação dos ovos no meio ambiente. Naqueles casos
de doença crônica as complicações requerem tratamento específico.

Como se previne?
Por se tratar de doença de acometimento mundial e endêmica em diversos locais (Penísula Arábica, África, América do Sul e
Caribe) os órgãos de saúde pública (OMS – Organização Mundial de Saúde - e Ministério da Saúde) possuem programas
próprios para controlar a doença. Basicamente as estratégias para controle da doença baseiam-se em:

Identificação e tratamento de portadores.


Saneamento básico (esgoto e tratamento das águas) além de combate do molusco hospedeiro intermediário
Educação em saúde.

Ciclo da esquistossomose

Acompanhe a seguir as etapas e logo após uma ilustração do ciclo da esquistossomose.

Os vermes adultos vivem no interior das veias do interior do fígado. Durante o acasalamento, encaminham-se para as veias da
parede intestinal executando, portanto, o caminho inverso ao do fluxo sanguíneo.
Lá chegando, separam-se e a fêmea inicia a postura de ovos (mais de 1.000 por dia) em veias de pequeno calibre que ficam
próximas a parede do intestino grosso. Os ovos ficam enfileirados e cada um possui um pequeno espinho lateral. Cada um
deles produz enzimas que perfuram a parede intestinal e um a um vão sendo liberados na luz do intestino.
Misturados com as fezes, alcançam o meio externo. Caindo em meio apropriado, como lagoas, açudes e represas de água
parada, cada ovo se rompe e libera uma larva ciliada, o miracídio, que permanece vivo por apenas algumas horas.
Para continuar o seu ciclo vital, cada miracídio precisa penetrar em um caramujo do gênero Biomphalaria. Dentro do caramujo,
perde os cílios e passa por um ciclo de reprodução assexuada que gera, depois de 30 dias, numerosas larvas de cauda
bifurcada, as cercárias.
Cada cercária permanece viva de 1 a 3 dias. Nesse período, precisa penetrar através da pele de alguém, por meio de
movimentos ativos e utilizando enzimas digestivas que abrem caminho entre as células da pele humana. No local de ingresso,
é comum haver coceira. Atingindo o sangue, são encaminhadas ao seu local de vida.

As tênias e a teníase

A teníase é uma doença causada pela forma adulta das tênias, Taenia solium (do porco) e Taenia saginata (do boi). Muitas
vezes, o paciente nem sabe que convive com o parasita em seu intestino delgado.

As tênias também são chamadas de "solitárias", porque na maioria dos casos o portador traz apenas um verme adulto.

São altamente competitivas pelo habitat e, sendo hermafroditas com estruturas fisiológicas para autofecundação, não
necessitam de parceiros para a cópula e postura de ovos.

O homem portador da verminose apresenta a tênia no estado adulto de seu intestino, sendo portanto o hospedeiro definitivo.
Os últimos anéis ou proglótides são hermafroditas e aptos à fecundação. Geralmente, os espermatozoides de um anel
fecundam os óvulos de outro segmento, no mesmo animal.

A quantidade de ovos produzidos é muito grande (30 a 80 mil em cada proglote), sendo uma garantia para a perpetuação e
propagação da espécie. Os anéis grávidos se desprendem periodicamente e caem com as fezes.
O hospedeiro intermediário é o porco, animal que, por ser coprófago (que se alimenta de fezes), ingere os proglótides grávidos
ou os ovos que foram liberados no meio. Dentro do intestino do animal, os embriões deixam a proteção dos ovos e, por meio
de seis ganchos, perfuram a mucosa intestinal. Pela circulação sanguínea, alcançam os músculos e o fígado do porco,
transformando-se em larvas denominadas cisticercos, que apresentam o escólex invaginado numa vesícula.

Quando o homem se alimenta de carne suína crua ou mal cozida contendo estes cisticercos, as vesículas são digeridas,
liberando o escólex, que se everte e fixa-se nas paredes intestinais através dos ganchos e ventosas.

O homem com tais características desenvolve a teníase, isto é, está com o helminte no estado adulto e é o seu hospedeiro
definitivo.

Os cisticercos apresentam-se semelhantes a pérolas esbranquiçadas, com diâmetros variáveis, normalmente do tamanho de
uma ervilha. Na linguagem popular, são chamados de "pipoquinhas" ou "canjiquinhas".

Ciclo da Teníase
Ao se alimentar de carnes cruas ou mal passadas, o homem pode ingerir cisticercos (lasvas de tênia).
No intestino, a larva se liberta, fixa o escólex, cresce e origina a tênia adulta.
Proglotes maduras, contendo testículos e ovários, reproduzem-se entre si e originam proglotes grávidas, cheias de ovos.
Proglotes grávidas desprendem-se unidas em grupos de 2 a 6 e são liberados durante ou após as evacuações.
No solo, rompem-se e liberam ovos. Cada ovo é esférico, mede cerca de 30 mm de diâmetro, possui 6 pequenos ganchos e é
conhecido como oncosfera. Espalham-se pelo meio e podem ser ingeridos pelo hospedeiro intermediário.
No intestino do animal, os ovos penetram no revestimento intestinal e caem no sangue. Atingem principalmente a musculatura
sublingual, diafragma, sistema nervoso e coração.
Cada ovo se transforma em uma larva, uma tênia em miniatura, chamada cisticerco, cujo tamanho lembra o de um pequeno
grão de canjica. Essa larva contém escólex e um curto pescoço, tudo envolto por uma vesícula protetora.
Por autoinfestação, os ovos passam para a corrente sanguínea, desenvolvem-se em cisticercos (larvas) em tecidos humanos,
causando uma doença, a cisticercose, que pode ser fatal.
Sintomatologia
Muitas vezes a teníase é assintomática. Porém, podem surgir transtornos dispépticos, tais como alterações do apetite (fome
intensa ou perda do apetite), enjoos, diarreias frequentes, perturbações nervosas, irritação, fadiga e insônia.

Profilaxia e Tratamento
A profilaxia consiste na educação sanitária, em cozinhar bem as carnes e na fiscalização da carne e seus derivados (linguiça,
salame, chouriço, etc.).

Em relação ao tratamento, este consiste na aplicação de dose única (2g) de niclosamida. Podem ser usadas outras drogas
alternativas, como diclorofeno, mebendazol, etc. O chá de sementes de abóbora é muito usado e indicado até hoje por muitos
médicos, especialmente para crianças e gestantes.

Filo Nematoda (Nemata): vermes em forma de fio

Os nematódeos ou nemátodos (Nemathelminthes), também chamados de vermes cilíndricos, são considerados o grupo de
metazoários mais abundante na biosfera, com estimativa de constituírem até 80% de todos os metazoários com mais de
20.000 espécies já descritas, de um número estimado em mais de 1 milhão de espécies atuais, que incluem muitas formas
parasitas de plantas e animais.

Apenas os Arthropoda apresentam maior diversidade. O nome vem da palavra grega nema, que significa fio.

Os nematódeos conquistaram com sucesso os habitats marinho, de água doce e terrestre. Embora a maioria seja de vida livre,
há muitos representantes parasitas de praticamente todos os tipos de plantas e animais. Seu tamanho é muito variável, indo
de aproximadamente 1 mm até cerca de oito metros de comprimento.

Embriologia
São animais triblásticos (possuem os 3 folhetos germinativos: ectoderme, mesoderme e endoderme), pseudocelomados
(cavidade do corpo é delimitada pelos tecidos da mesoderme e tecidos da endoderme), protostômios (quando o blastóporo dá
origem à boca) e possuem simetria bilateral.

Tegumento
O corpo desses vermes é coberto por uma cutícula protetora muito resistente, produzida pela epiderme, composta
principalmente de colágeno. Essa cutícula protege contra as enzimas produzidas pelo sistema digestório do organismo
hospedeiro. A epiderme é composta por uma camada de células simples.
Musculatura
A musculatura dos nematódeos é composta por uma única camada de células que se distribui longitudinalmente pelo corpo.
Essa musculatura lisa é responsável pelos movimentos desses animais. Provocam flexões dorsoventrais. A movimentação
também vai depender da elasticidade da cutícula e do esqueleto hidrostático, líquido presente no pseudoceloma.

Respiração
Os nematódeos não possuem sistema respiratório, e a respiração é cutânea ou tegumentar, feita através de difusão.

Digestão
Os nematódeos são os primeiros animais a apresentarem sistema digestório completo, ou seja, possuem boca e ânus.
A boca possui lábios ao redor. Esses lábios possuem papilas sensoriais, dentes ou placas cortantes seguidas de uma faringe
musculosa que efetua sucção do alimento, bombeando para o intestino. Os parasitas alimentam-se de produtos pré-digeridos
pelo hospedeiro, mas há também espécies fitófagas e carnívoras.

Circulação
Não possuem sistema circulatório. A circulação de gases, nutrientes e substâncias tóxicas é feita pelo pseudoceloma.

Excreção
Possuem uma célula especializada, com um formato que lembra a letra H. Possuem dois canais longitudinais, que percorrem
a lateral do corpo do verme, unidas por um canal transversal, que emite um ducto que elimina excretas pelo poro excretor. A
principal excreta desses animais é a amônia.

Sistema Nervoso
Possuem dois cordões nervosos que percorrem o corpo do animal, ventral ou longitudinalmente. Da faringe partem os cordões
nervosos. O cordão nervoso dorsal é responsável pela função motora, enquanto a ventral é sensorial e motora, sendo
considerada a mais importante.

Reprodução
São animais dióicos, em sua grande maioria, possuem sexos separados. Apresentam dimorfismo sexual. Ou seja, a fêmea é
diferente do macho. Normalmente os machos são menores e sua porção posterior é afilada e curva, para facilitar a cópula. A
fecundação é cruzada e o desenvolvimento é indireto.

Doenças causadas por Nematódeos

Oxiuríase: Coceira Anal

vermicularis) que se aloja no intestino grosso. Entenda-se por inflamação um processo de reação a um agente irritante que
atinge um ser vivo.

Caracteriza-se por edema (inchaço), hiperemia (vermelhidão), hiperestesia (aumento da sensibilidade dolorosa) e aumento da
temperatura local eventualmente se acompanha de diminuição funcional e na dependência do local atingido pode passar sem
que se perceba o processo.

Como se adquire?
Esta verminose é adquirida pela chegada dos ovos deste parasita ao aparelho digestivo através de mecanismos como: a -
deglutição - junto com alimentos, poeira de casa, objetos, animais, roupas contaminados com ovos dos oxiúros.

Auto-infestação, no ato de coçar o ânus os ovos podem aderir aos dedos e então levados à boca. Após a deglutição dos ovos,
no intestino as larvas se transformam em adultos, as fêmeas guardam os ovos fecundados e os machos morrem. As fêmeas
migram para o cólon e reto, de noite elas Saem pelo esfíncter anal e depositam ovos na região anal e perianal.

O que se sente?
Exceto pelo prurido (coceira) anal e por ocasionais episódios de diarreia a maioria das pessoas não sente nada. Infestações
intensas podem causar vômitos, diarreia frequente inclusive com excesso de gordura nas fezes, prurido anal constante,
insônia. Irritabilidade, perda de peso, chegando à desnutrição.

Como se faz o diagnóstico?


O diagnóstico pode ser evidenciado pela visualização dos vermes nas fezes (raro), em pesquisa de ovos no exame
parasitológico de fezes e mais comumente pela pesquisa de ovos na região perianal e anal através de raspado anal (swab) ou
fita adesiva. Prevenção
A higiene de um modo sistemático, mãos, alimentos, animais, roupas, roupas de cama, brinquedos é eficaz na prevenção. O
uso de água sanitária (diluição de 1/3) serve para maior eficácia na limpeza de objetos que não sejam atacados pelo cloro.

Filaríase: elefantíase

A filaríase ou elefantiase é a doença causada pelos parasitas nemátodes Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori,
comumente chamados filária, que se alojam nos vasos linfáticos causando linfedema.

Esta doença é também conhecida como elefantíase, devido ao aspecto de perna de elefante do paciente com esta doença.
Tem como transmissor os mosquitos dos gêneros Culex, Anopheles, Mansonia ou Aedes, presentes nas regiões tropicais e
subtropicais.

Quando o nematódeo obstrui o vaso linfático, o edema é irreversível, daí a importância da prevenção com mosquiteiros e
repelentes, além de evitar o acúmulo de águas paradas em pneus velhos, latas, potes e outros.

As formas adultas são vermes nemátodes de secção circular e com tubo digestivo completo. As fêmeas (alguns centímetros)
são maiores que os machos e a reprodução é exclusivamente sexual, com geração de microfilárias. Estas são pequenas
larvas fusiformes com apenas 0,2 milímetros.

Ciclo de Vida
As larvas são transmitidas pela picada dos mosquitos e da mosca Chrysomya conhecida como Mosca Varejeira. Da corrente
sanguínea elas dirigem-se para os vasos linfáticos, onde se maturam nas formas adultas sexuais. Após cerca de oito meses
da infecção inicial, começam a produzir microfilárias que surgem no sangue, assim como em muitos órgãos.

O mosquito é infectado quando pica um ser humano doente. Dentro do mosquito as microfilárias modificam-se ao fim de
alguns dias em formas infectantes, que migram principalmente para a cabeça do mosquito.

Progressão e sintomas
O período de incubação pode ser de um mês ou vários meses. A maioria dos casos é assintomática, contudo existe produção
de microfilárias e o indivíduo dissemina a infecção através dos mosquitos que o picam.

Os episódios de transmissão de microfilárias (geralmente a noite, a depender da espécie do vetor) pelos vasos sanguíneos
podem levar a reações do sistema imunitário, como prurido, febre, mal estar, tosse, asma, fatiga, exantemas, adenopatias
(inchaço dos gânglios linfáticos) e com inchaços nos membros, escroto ou mamas. Por vezes causa inflamação dos testículos
(orquite).

A longo prazo, a presença de vários pares de adultos nos vasos linfáticos, com fibrosação e obstrução dos vasos (formando
nódulos palpáveis) pode levar a acumulações de linfa a montante das obstruções, com dilatação de vasos linfáticos
alternativos e espessamento da pele.

Esta condição, dez a quinze anos depois, manifesta-se como aumento de volume grotesco das regiões afetadas,
principalmente pernas e escroto, devido a retenção de linfa. Os vasos linfáticos alargados pela linfa retida, por vezes
arrebentam, complicando a drenagem da linfa ainda mais. Por vezes as pernas tornam-se grossas, dando um aspecto
semelhante a patas de elefante, descrito como elefantíase.

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é pela observação microscópica de microfilárias em amostras de sangue. Caso a espécie apresente
periodicidade noturna, é necessário recolher sangue de noite, de outro modo não serão encontradas. A ecografia permite
detectar as formas adultas. A serologia por ELISA também é útil.

São usados antiparasíticos como mebendazole. é importante tratar as infecções secundárias.

Prevenção
Há um programa da OMS que procura eliminar a doença com fármacos administrados como prevenção e inseticidas. É útil
usar roupas que cubram o máximo possível da pele, repelentes de insetos e dormir protegido com redes.

Ascaridíase: lombriga

É uma verminose causada por um parasita chamado Ascaris lumbricoides. É a verminose intestinal humana mais disseminada
no mundo.

A contaminação acontece ocorre quando há ingestão dos ovos infectados do parasita, que podem ser encontrados no solo,
água ou alimentos contaminados por fezes humanas.
O único reservatório é o homem. Se os ovos encontram um meio favorável, podem contaminar durante vários anos.
Ciclo da Ascaridíase
1- A ingestão de água ou alimento (frutas e verduras) contaminados pode introduzir ovos de lombriga no tubo digestório
humano.

2- No intestino delgado, cada ovo se rompe e libera uma larva.

3- Cada larva penetra no revestimento intestinal e cai na corrente sanguínea, atingindo fígado, coração e pulmões, onde sofre
algumas mudanças de cutícula e aumenta de tamanho.

4- Permanece nos alvéolos pulmonares podendo causar sintomas semelhantes ao de pneumonia.

5- Ao abandonar os alvéolos passam para os brônquios, traqueia, laringe (onde provocam tosse com o movimento que
executam) e faringe.

6- Em seguida, são deglutidas e atingem o intestino delgado, onde crescem e se transformam em vermes adultos.

7- Após o acasalamento, a fêmea inicia a liberação dos ovos. Cerca de 15.000 por dia. Todo esse ciclo que começou com a
ingestão de ovos, até a formação de adultos, dura cerca de 2 meses.

8-Os ovos são eliminados com as fezes. Dentro de cada ovo, dotado de casca protetora, ocorre o desenvolvimento de um
embrião que, após algum tempo, origina uma larva.

9- Ovos contidos nas fezes contaminam a água de consumo e os alimentos utilizados pelo homem.

Quais são os sintomas?


A maioria das infecções é assintomática. A larva se libera do ovo no intestino delgado, penetra a mucosa e por via venosa
alcança o fígado e pulmão de onde alcançam a árvore brônquica. Junto com as secreções respiratórias são deglutidas e
atingem o intestino onde crescem chegando ao tamanho adulto.

Em várias situações podem surgir sintomas dependendo do órgão atingido. A ascaridíase pode causar dor de barriga, diarreia,
náuseas, falta de apetite ou nenhum sintoma. Quando há grande número de vermes pode haver quadro de obstrução
intestinal. A larva pode contaminar as vias respiratórias, fazendo o indivíduo apresentar tosse, catarro com sangue ou crise de
asma. Se uma larva obstruir o colédoco pode haver icterícia obstrutiva.

Como se faz o diagnóstico?


O diagnóstico é feito pelo exame de fezes, onde se encontram os ovos do parasita.

Como se trata?
Existem remédios específicos para erradicar a larva do organismo humano, todos por via oral.

Como se previne?
Através de medidas de saneamento básico:

é necessário, também, fazer o tratamento de todos os portadores da doença. A ascaridíase está mais presente em países de
clima tropical e subtropical. As más condições de higiene e a utilização das fezes como adubo contribuem para a prevalência
dessa verminose nos países do terceiro mundo.

Ancilostomíase: Amarelão

A ancilostomose é uma helmintíase que pode ser causada tanto pelo Ancylostoma duodenale como pelo Necatur americanus.

Ambos são vermes nematelmintes (asquelmintes), de pequenas dimensões, medindo entre 1 e 1,5 cm. A doença pode
também ser conhecida popularmente como "amarelão", "doença do jeca-tatu", "mal-da-terra", "anemia-dos-mineiros,
"opilação", etc.

As pessoas portadoras desta verminose são pálidas, com a pele amarelada, pois os vermes vivem no intestino delgado e, com
suas placas cortantes ou dentes, rasgam as paredes intestinais, sugam o sangue e provocam hemorragias e anemia.

A pessoa se contagia ao manter contato com o solo contaminado por dejetos. As larvas filarioides penetram ativamente
através da pele (quando ingeridas, podem penetrar através da mucosa). As larvas têm origem nos ovos eliminados pelo
homem.
Ciclo de Vida
Os vermes adultos vivem no intestino delgado do homem. Depois do acasalamento, os ovos são expulsos com as fezes (a
fêmea do Ancylostoma duodenale põe até 30 mil ovos por dia, enquanto que a do Necator americanus põe 9 mil). Encontrando
condições favoráveis no calor (calor e umidade), tornam-se embrionados 24 horas depois da expulsão.
A larva assim originada denomina-se rabditoide. Abandona a casca do ovo, passando a ter vida livre no solo. Depois de uma
semana, em média, transforma-se numa larva que pode penetrar através da pele do homem, denominada larva filarioide
infestante.
Quando os indivíduos andam descalços nestas áreas, as larvas filarioides penetram na pele, migram para os capilares
linfáticos da derme e, em seguida, passam para os capilares sanguíneos, sendo levadas pela circulação até o coração e,
finalmente, aos pulmões.
Depois, perfuram os capilares pulmonares e a parede dos alvéolos, migram pelos bronquíolos e chegam à faringe. Em
seguida, descem pelo esôfago e alcançam o intestino delgado, onde se tornam adultas.
Outra contaminação é pela larva filarioide encistada (pode ocorrer o encistamento da larva no solo) a qual, se é ingerida
oralmente, alcança o estado adulto no intestino delgado, sem percorrer os caminhos descritos anteriormente.

Ciclo de vida detalhado


1- As larvas penetram ativamente através da pele, atingem a circulação e executam uma viagem semelhante àquela realizada
pelas larvas da lombriga, migrando do coração para os alvéolos pulmonares.

2- Dos alvéolos, seguem para os brônquios, traqueia, laringe, faringe, esôfago, estômago e intestino delagado, local em que
se transformam em adultos.

3- Após acasalamento no intestino, as fêmeas iniciam a posturas dos ovos, que, misturados as fezes, são eliminados paara o
solo. A diferença em relação à ascaridíase é que, neste caso, os ovos eclodem no solo e liberam uma larva.

4- Em solo úmidos e sombrios, as larvas permanecem vivas e se alimentam. Sofrem muda na cutícula durante esse período.

Sintomas
No local da penetração das larvas filarioides, ocorre uma reação inflamatória (pruriginosa). No decurso, pode ser observada
tosse ou até pneumonia (passagem das larvas pelos pulmões). Em seguida, surgem perturbações intestinais que se
manifestam por cólicas, náuseas e hemorragias decorrentes da ação espoliadora dos dentes ou placas cortantes existentes na
boca destes vermes. Estas hemorragias podem durar muito tempo, levando o indivíduo a uma anemia intensa, o que agrava
mais o quadro.
Poderão ocorrer algumas complicações, tais como: caquexia (desnutrição profunda), amenorreia (ausência de menstruação),
partos com feto morto e, em crianças, transtornos no crescimento.

Prevenção e Tratamento
As principais medidas de prevenção consistem na construção de instalações sanitárias adequadas, evitando assim que os
ovos dos vermes contaminem o solo; uso de calçados, impedindo a penetração das larvas pelos pés. Além do tratamento dos
portadores, é necessária uma ampla campanha de educação sanitária. Caso contrário, o homem correrá sempre o risco de
adquirir novamente a verminose.

No tratamento dos doentes, o remédio clássico é o befênio; também são eficazes o pirantel, mebendazol e tiabendazol.

Anelídeos

Contrariamente aos filos anteriormente discutidos, os anelídeos (annelus = pequeno anel), apresentam o corpo dividido em
segmentos ou metâmeros, essencialmente semelhantes entre si e em forma de anel.

Estes animais são bastante antigos na Terra, existindo fósseis deste o período Pré-Câmbrico, embora os primeiros vermes
segmentados indubitáveis sejam do Câmbrico médio. Considera-se que terão evoluído a partir de um ancestral do tipo
platelminte.

Caracterização do filo
O corpo segmentado é visível externamente na forma de anéis, com sulcos bem marcados separados um dos outros. Algumas
estruturas, como os órgãos excretores e os gânglios do sistema nervoso, se repetem internamente em cada segmento,
também chamado de metâmero.

Dizemos por isso que o corpo dos anelídeos é metamerizado. Internamente, os metâmeros são separados uns dos outros por
paredes divisórias conhecidas como septos.

A compartimentalização do celoma aumenta a precisão dos movimentos pois pode-se aplicar pressão sobre diferentes zonas
do líquido. Ondas de contração muscular, controladas pelo sistema nervoso, passam pelo corpo, alongando e contraindo
alternadamente grupos de segmentos, forçando o corpo do animal a deslocar-se.
O deslocamento dos anelídeos é, ainda, ajudado pela presença de cerdas, na parte ventral dos animais (exceto em
sanguessugas). Estas cerdas quitinosas impedem o animal de deslizar para trás, reforçando o movimento para diante das
camadas musculares circulares e longitudinais.
Nas minhocas existem 4 fileiras de cerdas, enquanto nos poliquetas existem muitas mais, aplicadas em expansões da parede
do corpo designadas parápodes, localizadas lateralmente em cada segmento e consideradas esboços de órgãos locomotoras.

A metamerização apresenta a vantagem adicional de permitir a especialização de segmentos ou grupos de segmentos para
diferentes funções, embora este aspecto não tenha sido muito desenvolvido nos anelídeos (ao contrário dos artrópodes).

Os anelídeos terrestres apresentam uma epiderme com células sensoriais, coberta por uma cutícula fina e transparente, que
os protegem da dessecação. Existem igualmente glândulas mucosas que ajudam a manter a superfície umedecida,
fundamental para a respiração cutânea. Por este motivo a epiderme é muito vascularizada.

Os anelídeos apresentam sistema excretor segmentado, com pares de metanefrídeos em cada segmento. Os nefrídeos são
túbulos finos e enovelados (em contato com os vasos sanguíneos, de onde retiram excreções), com um funil ciliado aberto
numa extremidade – nefróstoma – que se abre no líquido celômico (de onde retiram igualmente excreções) de cada segmento.
A outra extremidade – nefridióporo ou poro excretor – abre na superfície corporal.

O sistema nervoso tem na parte anterior um par de gânglios cerebrais ligados a um anel circunfaríngico e gânglios em cada
segmento, que se ligam a um cordão nervoso duplo e maciço ventral. No seu conjunto, o sistema nervoso assemelha-se a
uma escada de corda.

O sistema digestivo é completo e apresenta diferentes regiões especializadas, nomeadamente:

faringe sugadora;
papo;
moela - esmaga o alimento, actuando como os dentes, realizando uma digestão mecânica;
intestino - onde se realiza a digestão, extracelular e química. No intestino existe, caracteristicamente, uma prega dorsal,
designada tiflosole, que permite um aumento da área de absorção de nutrientes.

A maioria dos anelídeos alimenta-se de partículas em decomposição, microrganismos e larvas.

O sistema circulatório é fechado e complexo, apresentando vasos longitudinais dorsal, onde o sangue circula em direcção á
parte anterior, e ventral, onde o sangue circula para a região posterior, ligados por vasos transversais em cada segmento.

Na região anterior, alguns (quatro ou cinco, dependendo da espécie) desses vasos laterais estão rodeados por células
musculares, funcionando como corações laterais ou arcos aórticos.

A reprodução dos anelídeos

A reprodução é sexuada, sendo as espécies frequentemente (oligoquetos e hirudíneos) hermafroditas e com desenvolvimento
direto.

Existem, no entanto, formas com sexos separados e desenvolvimento indireto, através de uma larva trocófora e alguns casos
de reprodução assexuada (poliquetas). A fecundação é sempre externa.

A reprodução sexuada pode ser ilustrada com o processo em minhocas hermafroditas:


Na zona anterior ventral existem 3 ou 4 pares de aberturas para bolsas musculosas designadas receptáculos seminais. Estas
bolsas armazenam o esperma recebido de um parceiro durante a cópula. Na região do clitélo existe um par de gonóporos
femininos, ligados internamente a oviductos em forma de funil. Estes captam do celoma os óvulos produzidos pelos ovários.

O aparelho masculino consiste em dois pares de testículos, associados a 2 a 4 pares de vesículas seminais através de um par
de tubos seminíferos ou espermiductos. Existe ainda um par de glândulas prostáticas. Este sistema abre no exterior, no
segmento seguinte ao das aberturas femininas, em gonoporos masculinos.

Os espermatozoides produzidos pelos testículos migram para as vesículas seminais, onde sofrem maturação e aguardam o
acasalamento. Durante a cópula, passam pelas glândulas prostáticas, misturando-se com os líquidos nutritivos por elas
produzidos, e são eliminados pelos gonoporos masculinos.

Para facilitar o alinhamento dos animais durante a cópula, existem estruturas semelhantes a ventosas designadas papilas
genitais, associadas às aberturas sexuais masculinas. O clitelo tem, igualmente, função a esse nível, com as suas secreções
mucosas a manterem os animais juntos.
A cópula decorre entre dois animais unidos ventralmente e orientados em sentidos opostos. Deste modo os gonoporos
masculinos estão alinhados com as aberturas dos receptáculos seminais. Após a troca recíproca de esperma, as minhocas
separam-se.

Cada animal irá, então, produzir um anel mucoso a partir do clitelo. Por contrações do corpo, este anel é empurrado para a
zona anterior, passando pelas aberturas sexuais femininas, que libertam os óvulos, e pelas aberturas dos receptáculos
seminais, que libertam os espermatozoides.

De seguida, o anel será libertado pela extremidade anterior do animal e formará um casulo protetor onde decorre a
fecundação externa. Este casulo tem cerca de 1 cm de comprimento e parece um pequeno anel branco. Dele surgirão
diretamente pequenas minhocas, sem estágios larvares.

Os vermes poliquetas são a maior e mais diversificada classe de anelídeos mas embora abundantes e frequentemente de
cores marrons raramente são vistos pois vivem quase sempre enterrados e fogem rapidamente quando perturbados. Existem
dois principais, os de vida livre como o nereis, carnívoros de vida ativa e com parápodes, e os tubícolas, sedentários que
vivem em túneis ou tubos por eles segregados, filtrando o seu alimento com parápodes especializados.

Os clitelados compõem o outro grande grupo de anelídeos e incluem as minhocas e as sanguessugas. O nome deriva da
presença do clitelo, uma banda glandular, que segrega um casulo onde se desenvolvem os ovos fertilizados. Esta estrutura é,
obviamente, uma adaptação á vida em meio terrestre, onde as larvas aquáticas não sobreviveriam. Ao contrário dos
poliquetas, os clitelados não apresentam parápodes nem tentáculos na cabeça.

Os anelídeos podem ser terrestres (solo úmido) como as minhocas, marinhos como os vermes poliquetas, que podem ser
encontrados junto das praias ou em águas profundas, ou de água doce, como as sanguessugas. Podem, ainda, ser de vida
livre, comensais de outros animais aquáticos ou ecto e endoparasitas. Alguns dos menores representantes deste filo medem
menos de 1 mm de comprimento, mas as minhocas gigantes do Brasil e Austrália medem 2 m de comprimento e 2,5 cm de
diâmetro. Igualmente gigantescos são alguns vermes poliquetas com 3 m de comprimento e algumas sanguessugas com 20
cm.

A presença de alguns tipos de minhocas vermelhas em zonas lodosas é um indicador positivo da presença de poluição por
detritos orgânicos.

Dos três grupos principais de animais protostômios, os anelídeos são o filo menor, conhecendo-se apenas cerca de 15000
espécies. No entanto, são o grupo mais avançado e mais bem-sucedido de vermes, tendo sofrido a sua maior radiação
adaptativa no mar, embora sejam abundantes em terra e na água doce.

Os Hirudíneos: Sugadores de Sangue

As sanguessugas pertencem à classe dos hirudíneos e são encontradas no mar, na água doce e em meio terrestre úmido.

Do mesmo modo que as minhocas, possuem corpo segmentado, clitélo e não tem cabeça diferenciada e muito menos
parapódios. São hermafroditas e a reprodução sexuada inclui os mesmos passos descritos para as minhocas. Diferentemente
das minhocas, porém não possuem cerdas nos segmentos, sendo por isso também chamadas de anelídeos aquetas (= sem
cerdas). O corpo é levemente achatado dorsiventralmente.

A principal diferença, porém, entre as sanguessugas e outros anelídeos é a presença de ventosas fixadoras que funcionam
como "desentupidoras de pia" e que se localizam nas duas extremidades do corpo. A da região anterior abriga a boca e possui
alguns dentículos raspadores. A da extremidade posterior não abriga o ânus, que se abre dorsalmente, antes da ventosa.

A maioria das sanguessugas, como o nome deixa claro, atua como ectoparasita de outros animais. Algumas espécies são
predadoras de pequenos invertebrados. Quanto a locomoção, ela se dá com a utilização das duas ventosas alternadamente,
em um mecanismo conhecido por "mede-palmos", embora muitos hirudíneos possam nadar por ondulações dorsiventrais do
corpo. Em alguns lagos e riachos do nosso país, é muito comum ver animais vertebrados e mesmo pessoas saindo da água
com sanguessugas, presas nas mucosas bucal e nasal ou na pele.

Uma sanguessuga é capaz de ingerir um peso de sangue três vezes maior que seu próprio peso. Dessa forma o animal pode
ficar bastante tempo sem se alimentar, podendo, muitas vezes, levar até 9 meses para nutrir-se novamente.

Filo Mollusca

Os moluscos são o segundo maior grupo de animais em número de espécies (cerca de 100.000 espécies), sendo suplantado
apenas pelos artrópodes.
Apresentam uma disparidade morfológica sem comparação dentre os demais filos de animais, reunindo os familiares caracóis
(reptantes), ostras e mariscos (sésseis) e lulas e polvos (livre-natantes), assim como formas pouco conhecidas, como os
quítons, conchas dente-de-elefante (Scaphopoda) e espécies vermiformes (Caudofoveata e Solenogastres).

Os moluscos invadiram quase todos os ambientes; costuma-se dizer que só não há moluscos voando. Ocorrem das fossas
abissais até as mais altas montanhas; das geleiras da Antártica até desertos tórridos.

Vários grupos de bivalves e gastrópodes saíram do mar e invadiram a água doce e, no caso dos gastrópodes, o ambiente
terrestre. Existem moluscos predadores (até mesmo de vertebrados), herbívoros, ecto e endoparasitas, filtradores, comensais,
sésseis, vágeis, pelágicos, neustônicos etc. Em certos ambientes representam grande biomassa e podem ser importantes na
reciclagem de nutrientes.

Provas do contato do homem com os moluscos remontam a épocas pré-históricas. Conchas de moluscos fazem parte de
jazigos arqueológicos, incluindo, aqui no Brasil, os "sambaquis".

Os moluscos serviam de alimento e suas conchas eram utilizadas como ornamento e para a confecção de utensílios de corte,
abrasão etc.

Há relatos de muitas culturas em que conchas eram usadas como moedas ou mesmo ostentação de poder e sabedoria. Ainda
hoje os moluscos são extremamente importantes na economia de muitos países, como fonte de alimento rico em proteínas,
sendo coletados diretamente da natureza ou mesmo cultivados. Em muitos países, possibilitam até a existência de uma
indústria de pérolas e de adornos de madrepérola. Apresentam interesse médico-sanitário, pois muitas espécies são vetores
de doenças, enquanto outras, aparentemente, podem ser usadas no controle destas.

Morfologia
Os moluscos são animais triblásticos, celomados e protostômios. Apresentam o corpo mole, não segmentado, e com simetria
bilateral. A cabeça ocupa posição anterior, onde abre-se a boca, entrada do tubo digestivo. Muitas estruturas sensoriais
também localizam-se na cabeça, como os olhos. Sensores químicos também estão presentes nos moluscos e permitem
pressentir a aproximação de inimigos naturais, quando o molusco rapidamente fecha sua concha, colocando-se protegido.

O pé é a estrutura muscular mais desenvolvida dos moluscos. Com ele, podem se deslocar, cavar, nadar ou capturar suas
presas. O restante dos órgãos está na massa visceral.

Nela, estão os sistemas digestivo, excretor, nervoso e reprodutor. Ao redor da massa visceral, está o manto, responsável pela
produção da concha.

Entre a massa visceral e o manto, há uma câmara chamada cavidade do manto. Nos moluscos aquáticos, essa cavidade é
ocupada pela água que banha as brânquias; nos terrestres, é cheia de ar e ricamente vascularizada, funcionando como órgão
de trocas gasosas, análoga a um pulmão.

Organização de um gastrópoda
Uma característica marcante da maioria dos moluscos é a presença da concha. Trata-se de uma carapaça calcária, que
garante boa proteção ao animal. Nas lesmas e nos polvos, ela está ausente; nas lulas, é pequena e interna.

Os moluscos são enterozoários (que têm cavidade digestiva) completos. Muitos deles possuem uma estrutura raladora
chamada rádula. Com ela, podem raspar pedaços de alimentos, fragmentando-os em pequenas porções. A digestão dos
alimentos se processa quase totalmente no interior do tubo digestivo (digestão extracelular). Algumas macromoléculas só
completam a sua fragmentação no interior das células de revestimento do intestino (digestão intracelular).

A maioria dos moluscos apresentam sistema circulatório aberto ou lacunar, no qual o sangue é impulsionado pelo coração,
passa pelo interior de alguns vasos e depois alcança lacunas dispostas entre os vários tecidos, nas quais circula lentamente,
sob baixa pressão, deixando nutrientes e oxigênio, e recolhendo gás carbônico e outros resíduos metabólicos.

Essas lacunas são as hemoceles. Os cefalópodos constituem uma exceção, pois têm sistema circulatório fechado.
Na cavidade celomática abrem-se os nefrídios, as estruturas excretoras. Pela abertura interna dos nefrídios (o nefróstoma),
penetram substâncias presentes no sangue e no líquido celomático. Em alguns moluscos, como nos cefalópodos, os nefrídios
encontram-se bastante agrupados, formando um "rim" primitivo.

Em quase todos os moluscos, a membrana do manto é vascularizada e permite a ocorrência de trocas gasosas entre o
sangue e a água. Nos moluscos terrestres, como o caramujo-de-jardim (Helix sp.), a cavidade do manto é cheia de ar e
comporta-se como um pulmão. Trata-se, portanto, de uma forma particular de respiração pulmonar. Nos moluscos aquáticos,
existem lâminas ricamente irrigadas por vasos sanguíneos, no manto, e que formam as brânquias desses animais. Portanto,
entre os moluscos podemos encontrar respiração pulmonar e respiração branquial.
O sistema nervoso dos moluscos é ganglionar, com três partes de gânglios nervosos de onde partem nervos para as diversas
partes do corpo. Os cefalópodos possuem um grande gânglio cerebroide, semelhante ao encéfalo dos vertebrados o que
permite a execução de atividades altamente elaboradas.

A locomoção da maioria dos representantes é lenta devida ao pé musculoso. Os que são rápidos, como as lulas e os polvos,
locomovem-se graças à expulsão de jatos de água que saem através de um sifão. Muitos, porém, são fixos ao substrato, como
as ostras e os mariscos na fase adulta.

Reprodução
A reprodução dos moluscos é sexuada e, na maioria dos representantes do grupo, a fecundação é interna e cruzada. O
caramujo-de-jardim, por exemplo, é monóico. Na cópula, dois indivíduos aproximam-se e encostam seus poros genitais, pelos
quais fecundam-se reciprocamente. Os ovos desenvolvem-se e, ao eclodirem, liberam novos indivíduos sem a passagem por
fase larval (desenvolvimento direto).

Nos cefalópodes, o macho carrega um pacote de espermatozoides que é introduzido na cavidade do manto da fêmea para as
fecundações. Após as fecundações, são liberados milhares de ovos, dotados de casca gelatinosa. As fêmeas de muitas
espécies depositam os ovos em lugares protegidos , debaixo de rochas, no interior de cavernas etc. Certas fêmeas de polvos
até cuidam dos ovos "arejando-os" com jatos de água expelidos pelo sifão. O desenvolvimento é direto, sem larva. A maioria
dos filhotes que nasce servirá de alimento para diversos predadores. Poucos polvos e lulas chegam à vida adulta, pois a morte
da progenitora coincide com o nascimento dos filhotes.

Classificação dos moluscos

Classe Polyplacophora ("muitas placas"): a superfície dorsal desses moluscos apresenta uma armadura calcária composta por
placas parcialmente sobrepostas. Um representante é o quíton. São todos marinhos.

Classe Scaphopoda ("pé em forma de canoa"): pequenos animais dotados de uma concha cônica e alongada. São marinhos,
e vivem parcialmente enterrados na areia. Conhecidos, em geral, por dentálios.

Classe Gastropoda ("estômago nos pés"): corresponde ao maior grupo de moluscos, marinhos, de água doce e de ambientes
terrestres. São os conhecidos caramujos, os caracóis e as lesmas. A concha, quando presente, tem formato helicoidal.

Classe Bivalvia (duas metades de concha): também são encontrados em água doce ou salgada. Sua concha possui duas
partes que encerram completamente o corpo do animal. Os exemplos mais familiares são as ostras, os mexilhões e os
mariscos. Apresentam as brânquias recobertas por uma camada de muco; ao passar pelas brânquias, partículas alimentares
ficam aderidas ao muco e são levadas para a boca.

Os bivalos são os responsáveis pela produção das pérolas de valor comercial, embora qualquer molusco dotado de concha
possa fabricá-las. As pérolas são formadas pela deposição de nácar ao redor de uma partícula estranha que penetra entre o
manto e a concha.

Classe Cephalopoda ("pés na cabeça"): moluscos sem concha externa, que apresentam uma estrutura interna e uma
morfologia bastante diferentes dos demais. São o polvo, a lula, o náutilo e o calamar, animais exclusivamente marinhos. O pé
dos cefalópodes é dividido em tentáculos.

Na lula, existem 10 tentáculos e dois deles são mais desenvolvidos que os demais. No polvo, os tentáculos são oito e todos
iguais. Em cada tentáculo existe ventosas que aderem ao substrato, o que favorece a locomoção do polvo sobre rochas. As
ventosas também são úteis na apreensão do alimento que, depois, é conduzido à boca pelos tentáculos.

Bolsa de Tinta: Proteção

Entre os órgãos que compõe a massa viceral, a lula possui uma bolsa de tinta. Esta é comprimida toda vez que o animal se
sente ameaçado por algum inimigo, o que provoca a liberação de tinta que sai em jatos pelo sifão. A mancha que a tinta deixa
na água confunde o predador, enquanto a lula escapa rapidamente.

Filo Arthropoda

O filo Arthropoda (do grego, arthron = articulação + podos = pés) é o mais numeroso da Terra atual. Contém cerca de
1.000.000 de espécies conhecidas, o que é pelo menos quatro vezes o total de todos os outros grupos de animais reunidos.
Além disso, possuem boa adaptação a diferentes ambientes, vantagens em competição com outras espécies, excepcional
capacidade reprodutora, eficiência na execução de suas funções, resistência a substâncias tóxicas e perfeita organização
social, caso das abelhas, formigas e cupins.

Características gerais
Os artrópodes possuem corpo segmentado (corpo metamerizado), apêndices articulado (patas, antenas e palpos etc.) e corpo
coberto com exoesqueleto formado por uma substância resistente e impermeável, chamada quitina. A quitina é um polímero
nitrogenado de polissacarídeos, impregnada de camadas de cera.

Em alguns, o exoesqueleto é reforçado pela deposição de carbonato de cálcio (calcário). O esqueleto cobre todo o corpo,
menos nas articulações, formando, nos seguimentos corporais, verdadeiras placas.

Ao crescer, os artrópodes precisam abandonar o esqueleto velho, pequeno, e fabricar outro, maior. Esse fenômeno é chamado
muda ou ecdise e ocorre diversas vezes até cessar o crescimento na fase adulta. As carapaças deixadas por ocasião das
mudas são as exúvias (do latim exuviae, "vestidos largados").

Os artrópodes, no entanto, não possuem apenas patas articuladas, mas sim todas as suas e extremidades, como as antenas e
as peças bucais. Os seus membros inferiores são formados por partes que se articulam, ou seja, que se movimentam umas
em relação às outras: os seus pés se articulam com suas pernas, que se articulam também com suas coxas, que também se
articulam com os ossos do quadril.

Classificação dos Artrópodes


Costuma-se classificar os artrópodes levando em conta as divisões do corpo, o número de patas e a existência ou não de
antenas e de outros apêndices (pedipalpos e quelíceras, por exemplo). Levando-se em conta esses elementos e a abordagem
evolutiva, os representantes do filo Arthropoda seriam agrupados em cinco subfilos, sendo um desses já extinto, e algumas
classes principais, como veremos a seguir.

Insetos
São artrópodes com seis patas distribuídas em três pares ligadas ao tórax. Os insetos apresentam o corpo subdividido cabeça,
tórax e abdome. Possuem um par de antenas, dois pares de asas, na maioria das vezes, mas há espécies com apenas um par
e outras sem asas.

Os metâmeros são desiguais em tamanho e, durante o desenvolvimento embrionário, alguns deles podem se fundir. Essa
fusão acontece na formação da cabeça, resultando em uma peça de pequeno tamanho. Nela a boca é ventral e rodeada por
pares de peças bucais de função mastigadora e outros apêndices articulados, modificados para apreensão do alimento, os
chamados palpos maxilares.

Na cabeça encontram-se ainda um par de antenas articuladas (de função sensorial) e, lateralmente, duas manchas
correspondentes aos olhos. São olhos compostos de diversas unidades hexagonais, conhecidas como omatídeos,
responsáveis pela composição da imagem de objetos vistos pelos insetos.

Sistema digestório dos insetos


Didaticamente, podemos distinguir três porções do tubo digestório: anterior, médio e posterior. As porções anterior e posterior
são revestidas internamente por quitina. A porção anterior é responsável principalmente pelo tratamento mecânico dos
alimentos, embora possa haver atuação de enzimas digestivas produzidas na porção média. é na porção média que acontece
a digestão química, apartir de enzimas provenientes de suas paredes ou de pregueamentos formados nessa região. A porção
posterior é responsável pela reabsorção de água e elaboração das fezes.

Na boca, desembocam duas glândulas salivares cuja secreção inicia o processo de digestão química. Destaca-se ainda, no
tubo digestório, um papo de paredes finas, e uma moela de paredes grossas. No papo ocorre a ação de diversas enzimas
digestivas e na moela se dá a trituração do alimento.

A seguir, o alimento é conduzido ao intestino, onde existem algumas projeções tubulares em fundo cego, os cecos. Nesses
dois locais, a digestão química prossegue e ocorre a absorção do alimento digerido, que é enviado para o sangue.

Sistema excretor dos insetos


Os túbulos de Malpighi se localizam no limite entre a porção média e a porção posterior do intestino. Cada túbulo possui fundo
cego e mergulha nas lacunas do corpo, de onde retira as impurezas e as descarrega no intestino para serem eliminadas com
as fezes.

O produto de excreção nitrogenada dos insetos é o ácido úrico, substância que requer pequeníssima quantidade de água para
a sua eliminação (outro fator importante na adaptação dos insetos ao meio terrestre).

Sistema circulatório dos insetos


Na maioria dos insetos, o "sangue" é incolor e chamado de hemolinfa. A circulação é do tipo lacunar ou aberta. O coração é
dorsal e bombeia a hemolinfa para a extremidade anterior, fazendo-a atingir lacunas corporais ou hemocelas onde,
lentamente, ocorrem as trocas (nutrientes por excretas) nos tecidos. Nos insetos as trocas de gases na respiração não é feito
pelo sistema circulatório. O retorno da hemolinfa ao coração se dá por pequenos orifícios laterais (óstios) existentes nas
paredes do órgão.

Sistema respiratório dos insetos


Os insetos respiram por traqueias, pequenos canais que ligam as células do interior do corpo com o meio ambiente. Cada
túbulo traqueal se ramifica e gera túbulos cada vez mais delgados que penetram nas células, oxigenando-as e removendo o
gás carbônico como produto da respiração. Movimento de contração dos músculos abdominais renovam continuamente o ar
das traqueias, de mode semelhante a um fole.

Sistema reprodutor dos insetos


Os insetos têm sexos separados e a sua fecundação é interna. São animais ovíparos, que podem apresentar três tipos de
desenvolvimento:

Direto, sem metamorfose: desenvolvido ametábolo (a = sem, metábolo = mudança). Ex.: traça-dos-livros. Do ovo eclode um
jovem semelhante ao adulto.
Indireto, com metamorfose gradual ou incompleta: desenvolvimento hemimetábolo (hemi = meio). Exs.: gafanhoto, barata,
percevejo. Do ovo eclode uma forma chamada ninfa, que é semelhante ao adulto (ou imago), mas que não tem asas
desenvolvidas.

Indireto, com metamorfose completa: desenvolvimento holometábolo (holo = total). Exs: Borboletas, moscas e pulgas. Do ovo
eclode uma larva, também chamada lagarta, bastante distinta do adulto. Essa larva passa por um período que se alimenta
ativamente, para depois entrar em estágio denominado pupa, quando ocorre a metamorfose: a larva se transforma no adulto
ou imago, que emerge completamente formado. As larvas de algumas espécies de borboleta ou de mariposas produzem um
casulo que protege a pupa. Depois de adulto, o inseto holometábolo não sofre mais mudas e, portanto, não cresce mais. A
fase da larva pode durar de meses até mais de um ano, e a fase adulta pode durar de uma semana á alguns meses. A
duração dessas fases depende da espécie.

Alguns insetos holometábolos possuem fase larval aquática, como é o caso de importântes mosquitos vetores de doenças.
Exs.: Culex, que transmite a elefantíase, Anopheles, que transmite a malária, Aedes aegypti, que transmite a dengue e a febre
amarela.

Crustáceos
Os crustáceos são componentes do subfilo Crustacea, que deriva do fato de muitas espécies que compõem esse grupo
possuirem um exoesqueleto enriquecido com carbonato de cálcio, formando uma crosta. É o que ocorre nas lagostas,
camarões, siris e caranguejos, os representantes mais conhecidos do grupo.

Além do exoesqueleto os crustáceos possuem apêndices articulados e corpo segmentado. Nos crustáceos, a cabeça e o tórax
estão fundidos em uma peça única, o cefalotórax; na cabeça, há dois pares de antenas e o abdômen apresenta apêndices
articulados natatórios birremes (dois ramos presos a uma base). Na cabeça, estão presentes, além dos dois pares de antenas,
dois olhos compostos, geralmente pedunculados, e, ao redor da boca, um par de mandíbulas e outros apêndices acessórios
na obtênção do alimento.

Sistema respiratório dos crustáceos


Os crustáceos são animais adaptados à vida no ambiente aquático, respirando através de brânquias que geralmente se
desenvolvem na base dos apêndices torácicos.

A maioria dos crustáceos vive em ambiente marinho, embora existam muitos representantes de água doce. Entre eles
verificam-se desde formas microscópicas que abundam no plâncton, até formas maiores, adaptadas a nadar, a andar sobre o
fundo, e até mesmo forma sésseis, cujos adultos vivem fixos nas rochas. Além das formas de vida livre, há crustáceos que
parasitam outros animais.

Embora a maioria dos crustáceos seja aquática, ha espécies que invadiram o meio terrestre, como é o caso do tatuzinho de
jardim (ou tatu-bola), da barata-da-praia (gênero Ligia) e dos caranguejos terrestres ou caranguejo-fantasma (gênero
Ocypode), muito comum nas partes secas das nossas praias e dunas de areia.

Estas formas, entretanto, não têm adaptações completas ao meio terrestre, dependendo de brânquias para a sua respiração,
que devem ser sempre umedecidas ou mantidas úmidas para as trocas gasosas.

Sistema excretor dos crustáceos


A excreção dos crustáceos é feita através de um par de glândulas verdes ou antenas, localizado próximo às antenas e
abrindo-se para o exterior através de um poro excretor na base ventral das segundas antenas.

Reprodução dos crustáceos


A maioria dos crustáceos é de sexos separados, embora existam espécies hermafroditas, a fecundação é cruzada,
envolvendo copulação. Em geral, as fêmeas de crustáceos incubam seus ovos em apêndices do corpo, como ocorre com as
lagostas e caranguejos, ou em sacos ovígeros formados quando os ovos são expelidos, como ocorre em copépodes. Na
maioria dos casos, o desenvolvimento é indireto, com larvas livre-natantes, podendo existir mais de um tipo de larva no
mesmo ciclo de vida. Em geral, do ovo surge uma larva náuplio, que se transforma em uma larva zoez, mas esse padrão varia
muito de grupo para grupo.

Em algumas espécies, como é o caso do lagostim, as fases larvais são suprimidas, sendo que do ovo emerge um jovem: o
desenvolvimento, nesses casos, é direto.

Aracnídeos
A classe Arachnida inclui as aranhas, os escorpiões, os ácaros e os carrapatos. Apesar de existir grande diversidade de
formas entre os aracnídios, eles apresentam muitas características em comum.

O corpo é geralmente dividido em cefalotórax e abdome, que, nos aracnídeos, pode também receber os nomes de prossomo e
opistossomo, respectivamente.

Nos escorpiões, o abdome encontra-se diferenciado em pré-abdome, mais alargado, e pós-abdome alongado e muitas vezes
chamado de cauda. Nos ácaros, não se percebe a divisão entre cefalotórax e abdome, que formam uma estrutura única.

Os aracnídeos diferem dos outros artrópodes por não possuírem antenas nem mandíbulas. Eles possuem, como estrutura
desenvolvida com a manipulação do alimento ao redor da boca, as quelíceras, fato que deu ao grupo o nome de animais
quelicerados, ao contrário dos insetos, crustáceos e miriápodes, que, por possuírem mandíbulas, são chamados de
mandibulados. Além das queliceras, os aracnídeos possuem ao redor da boca, um par de pedipalpos, estrutura que pode ter
funções das mais variadas dependendo do grupo. Os pedipalpos também são estruturas exclusivas dos quelicerados, não
ocorrendo nos mandibulados.

Outra característica importante dos aracnídeos é a presença de quatro pares de pernas no cefalotórax. O abdome não contém
apêndices, embora nos escorpiões exista uma par de apêndices sensoriais denominado pente, localizado logo no início do
pré-abdome. Verifica-se, na região posterior e ventral do abdome das aranhas, as fiandeiras, estruturas associadas a
glândulas de seda, que produzem os fios de seda com os quais elas tecem as teias.

Ao contrário dos insetos e crustáceos, que possuem olhos compostos, os aracnídeos possuem apenas olhos simples.

Os aracnídeos são artrópodes terrestres, embora exista um grupo de ácaros adaptados ao ambiente de água doce e marinho:
o grupo dos Hydracarina, com 2800 espécies. A maioria dos aracnídeos é predadora, mas no grupo dos ácaros ocorre
espécies parasitas de planta e de animais.

É o caso do ácaro causador da sarna (Sarcoptes scabiei), do ácaro dos folículos pilosos e glândulas sebáceas do homem,
popularmente chamado de cravo (Demodex foliculorum), e dos carrapatos, como é o caso do gênero Dermacentor.

Alimentação e veneno
As aranhas e os escorpiões são basicamente carnívoros, predando outros artrópodes e pequenos animais. Muitos possuem
glândulas de veneno, que utilizam para paralisar a suas presas. Nas aranhas, estas glândulas estão associadas às quelíceras
e, nos escorpiões, ao aguilhão ou télson, que corresponde a uma modificação do ultimo segmento do pós-abdome.

O veneno da maioria das aranhas e dos escorpiões não é tóxico para o homem, mas existem espécies que podem representar
algum perigo, especialmente para crianças. Entretanto, o número de casos fatais é baixo e existem soros contra a picada
desses animais.

Os aracnídeos não possuem mandíbulas para triturar o alimento, utilizando-se de suas quelíceras para segurar e dilacerar a
presa. Eles ingerem somente alimento liquefeito e, para isso, lançam enzimas digestivas sobre os tecidos dilacerados da
presa. O alimento é, então, parcialmente digerido fora do corpo do aracnídeo (digestão extracorpórea), formando um "caldo"
que é sugado para o interior do estômago (estômago bombeador), associados a músculos. A digestão prossegue no interior
do trato digestivo, e os restos não aproveitáveis são eliminados através do ânus.

Sistema excretor dos aracnídeos


A excreção nos aracnídeos é feitas por túbulos de Malpighi, semelhantes aos dos insetos, e também por glândulas localizadas
na base das pernas, denominadas glândulas coxais.

Sistema respiratório dos aracnídeos


A respiração é feita por filotraqueias, também denominadas "pulmões foliáceos". Essas estruturas são formadas por lamelas
irrigadas, que se comunicam com o exterior do corpo, através de um orifício denominado estigma.

As trocas gasosas ocorrem nas lamelas, e o oxigênio passa para o sangue. Nos escorpiões, essas são as únicas estruturas
respiratórias, mas nas aranhas além das filotraqueias, existem as traqueias, semelhantes às dos insetos.
Sistema nervoso dos aracnídeos
Muitos gânglios fundidos estão concentrados em determinados pontos do cefalotórax. O sistema nervoso da aranha é bem
desenvolvido. De modo geral, existem oito olhos simples, localizados dorsalmente na metade anterior da placa cefalotorácica,
com variada capacidade de elaboração de imagens, nem sempre bem interpretadas. Porém, são capazes de discriminar
movimentos, razão pela qual devemos oferecer-lhes presas vivas, que se movam.

Nas aranhas há muitos pêlos sensoriais (cerdas táteis) espalhadas pelo corpo, principalmente nos apêndices articulados.
Como as aranhas não têm antenas, esses pêlos e outras estruturas sensoriais representam importante mecanismo de
relacionamento desses animais com o meio ambiente e são excelentes auxiliares na percepção da existência de presas e
inimigos. Certas estruturas sensoriais em forma de fendas, localizadas nas patas, são responsáveis pela percepção de
vibrações. é por isso que se diz que as aranhas "ouvem" pelas patas.

Sistema reprodutor dos aracnídeos


Os aracnídeos são animais de sexos separados, e a sua fecundação é interna. Os machos são geralmente menores do que as
fêmeas, com as quais desenvolvem todo um comportamento de "corte". Eles não possuem pênis para introduzir os
espermatozoides no corpo das fêmeas, mas desenvolveram outro mecanismo para isso.

Nas aranhas, os machos desenvolvem, na extremidade dos pedipalpos, uma dilatação bulbosa onde armazena os
espermatozoides; usam, então, os pedipalpos para fecundar a fêmea. As fêmeas põem os ovos fecundados no interior de
sacos de seda construídos por elas. Dos ovos eclodem jovens semelhantes aos adultos. O desenvolvimento é direto.

Nos escorpiões, o macho une-se à fêmea e deposita no solo uma massa de espermatozoides dentro de um envoltório. Em
seguida posiciona a fêmea sobre essa massa, de modo que os espermatozoides penetrem seu orifício genital. A fecundação é
interna, nascendo os jovens escorpiões direto do corpo da fêmea; eles são vivíparos.

Miriápodes: Quilópodes e Diplópodes

Se você comparar um piolho-de-cobra e uma lacraia, notará algumas semelhanças: ambos possuem um grande número de
patas locomotoras, corpo alongado contendo muitos segmentos e uma cabeça com um par de olhos e um par de antenas.

Diferem, no entanto, em muitos aspectos: a lacraia é achatada e tem corpo dividido em cabeça, tórax (contendo quatro
segmentos) e abdômen. No primeiro segmento do corpo da lacraia há um par de garras inoculadoras de veneno.

Nos demais, excetuando-se o último, há um par de patas locomotoras por segmento. O piolho de cobra não possui garras
inoculadoras de veneno (ele não é venenoso) e dois dos segmentos torácico apresentam um par de patas cada um. Já no
abdômen, cada segmento possui dois pares de patas cada um.

A lacraia atua como predadora e se move rapidamente em busca de presas, pequenos roedores, insetos e minhocas; os
piolhos -de-cobra movem-se lentamente e são comedores de detritos vegetais.

Ambos preferem lugares úmidos e escuros, sob troncos caídos, madeira, pedras, vasos e têm hábito predominantemente
noturno.

Respiram por traqueias, excretam por meio de túbulos de Malpighi. Os sexos são separados (dióicos) e os jovens, quanto à
forma, se assemelham aos adultos.

Filo Echinodermata

O filo Echinodermata é constituído por cerca de 7.000 espécies distribuídas em cinco classes: Crinoidea, Asteroidea,
Ophiuroidea, Echinoidea e Holothuroidea.

O nome do grupo é derivado de duas palavras gregas: echinos, que significa espinho, e derma, que significa pele, e se refere
às projeções em forma de espinhos ou tubérculos presentes na superfície do corpo.

Todos os representantes do filo são de vida livre, sendo raras as espécies comensais. Muitos são adaptados para se fixar a
substratos rochosos, enquanto outros vivem em substratos lodosos, arenosos, em madeira submersa ou em epibiose. Embora
a grande maioria das espécies seja marinha, algumas toleram a água salobra. Podem ser encontrados em todos os oceanos,
latitudes e profundidades, da zona entremarés às regiões abissais, sendo mais abundantes na região tropical do que nas
águas polares.

Os equinodermos compreendem cinco classes, relacionadas no quadro a seguir:


Echinoidea
corpo quase esférico, com espinhos grandes e móveis (ouriços), ou achatado, com espinhos curtos e fixos (bolachas-do-mar)

Asteroidea - estrelas-do-mar
corpo esrelado, com cinco ou mais braços; espinhos pequenos e fixos

Crinoidea - lírios-do-mar
corpo estrelado, com braços ramificados; sem espinhos

Holothuroide -
corpo cilíndrico e sem espinhos; ausência de braços

Ophiuroidea - pepinos-do-mar
corpo estrelado, com disco central bem delimitado; espinhos curtos ou longos situados nos braços

Sistema digestivo
É completo, isto é, após a boca seguem-se o esôfago, estômago, intestino e ânus. Nos ouriços-do-mar a face oral (inferior)
possui a boca, uma estrutura raspadora dotada de cinco dentes, chamada lanterna-de-Aristóteles. Essa estrutura é
responsável pela obetnção do alimento e pela corrosão da rocha que o animal se instala. Na face oposta, a aboral (superior),
fica o ânus.

Anatomia do ouriço-do-mar
A estrela-do-mar alimenta-se principalmente de pequenos moluscos, como mariscos. Com os seus pequenos pés, a
estrela-do-mar força a abertura das conchas das ostras, em seguida vira o seu próprio estômago do avesso e lança um suco
digestivo dentro das conchas. Depois, é só engolir a massa, isto é, o corpo do molusco já digerido. Essa é, portanto, uma
digestão extracorpórea.

Sistema circulatório
Ausente ou é rudimentar, e a distribuição de materiais faz-se através da cavidade celomática. A excreção é feita diretamente
através da água que ocupa o sistema ambulacrário, não havendo nenhuma outra estrutura excretora especializada.

Sistema nervoso
Formado por nervo anelar ao redor da faringe e nervos radiais, é rudimentar e não apresenta cefalização.

Há células táteis e olfativas em toda a superfície do corpo. As estrelas-do-mar possuem células fotorreceptoras nas
extremidades dos braços.

Sistema respiratório
Ocorre por difusão, entre a água do mar e a que ocupa o sistema ambulacrário. Nos pepinos-do-mar, há uma série de
filamentos ao redor da boca, pelos quais passa o líquido celomático, que funcionam como brânquias. Não há pigmentos
transportadores de oxigênio.

Os ouriços-do-mar possuem brânquias dérmicas, análogas às brânquias periorais dos pepinos-do-mar e também ocupadas
por líquido celomático. Entre as brânquias dérmicas e os numerosos espinhos, os ouriços-do-mar possuem apêndices
chamados pedicelárias, dotados de pinças nas extremidades e empregados na limpeza de detritos que se depositam no corpo.
Em algumas espécies,

essas pedicelárias inoculam veneno.

Metamorfoseando-se, a larva origina o adulto de simetria pentarradial, ou seja, muitas das estruturas e órgão que participam
da organização desses indivíduos aparecem em número de 5 ou múltiplo de 5: 5 dentes ao redor do orifício bucal, 5 ovários, 5
zonas ambulacrais, 5 nervos radiais etc.

É interessamte lembrar que os equinodermos, juntamente com os cordados, são deuterostômios, ou seja, o blastóporo,
durante o desenvolvimento embrionário, diferenciam-se em ânus e a boca surge na extremidade oposta, a partir de um novo
orifício.

Reino Animal - Vertebrados


Os vertebrados (do latim vertebratus, com vértebras) constituem um subfilo de animais cordados, compreendendo os ágnatos,
peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Caracterizam-se pela presença de coluna vertebral segmentada e de crânio que
lhes protege o cérebro.

Outras características adicionais são a presença de um sistema muscular geralmente simétrico - a simetria bilateral é também
uma característica dos vertebrados - e de um sistema nervoso central, formado pelo cérebro e pela medula espinhal
localizados dentro da parte central do esqueleto (crânio e coluna vertebral).

Os primeiros vestígios dos vertebrados foram encontrados no período Siluriano (há 444 a 409 milhões de anos).

Características e Classificação dos Cordados


Todo cordado apresenta, pelo menos em alguma fase de sua existência:

notocorda, situada ao longo do eixo mediano dorsal do animal;


um tubo nervoso localizado dorsalmente, acima da notocorda;
fendas situadas bilateralmente na faringe;
cauda pós-anal, primariamente importante para a propulsão no meio aquático. Dela, apenas um vestígio - o cóccix, formado de
um conjunto de vértebras pequenas no fim da coluna vertebral - restou nos seres humanos.
Nos grupos de invertebrados, as características morfológicas sempre foram definidas a partir do estudo de animais adultos.
Nos cordados, no entanto, a caracterização do grupo deve ser procurada na fase embrionária. é nessa fase que todo o
cordado apresenta as quatro características típicas do grupo: notocorda, tubo nervoso dorsal, fendas na faringe e cauda
pós-anal.

Na fase adulta dos vertebrados mais complexos, essas estruturas ou desaparecem, como é o caso da notocorda e das fendas
na faringe, ou sofrem consideráveis modificação, como é o caso do tubo nervoso, que passa por uma grande expansão,
levando à diferenciação do encéfalo e da medula espinhal.

Uma classificação satisfatória dos cordados consiste em agrupá-los em três subfilos: Urochordata, Cephalochordata e
Vertebrata (ou Craniata). Os urocordados e os cefalocordados também são conhecidos como protocordados. Os
protocordados não possuem crânio, nem cartilagem, tampouco ossos.

Entre os vertebrados, os mais primitivos são os que possuem boca circular, não-dotada de mandíbulas. Estes compõem os
grupos dos vertebrados amandibulados ou ágnatos (do grego, a = ausência de + gnathos = maxila).

Por possuírem boca circular, também são conhecidos por ciclostomados (do grego, kúklos = circulo + stoma = boca). Os
exemplares mais conhecidos atualmente são as lampreias.

Nos vertebrados mais complexos, a boca possui mandíbulas. São os gnatostomados, que incluem dois grupos: o dos peixes -
que, por sua vez, contém a classe dos peixes cartilaginosos e dos peixes ósseos - e o dos tetrápodos (do grego, tetra =quatro
+ podos = pés), assim chamados por possuírem apêndices locomotores pares (inclui os anfibios, répteis, aves e mamíferos).

Subfilo Urochordata
Também conhecidos como tunicados, nome que se deve ao envoltório do corpo, uma túnica espessa, de cuja composição
química participa a tunicina, uma substância semelhante à celulose.

Os representantes mais conhecidos desse grupo são as ascídias, cordados marinhos que podem viver isolados ou formando
colônias. Uma das formas isoladas muito encontrada nas praias brasileiras lembra, no adulto, um pedaço de piche de
aproximadamente 8 cm de altura, preso por uma de suas extremidades ao substrato (rochas, cascos de navios etc.)

Observe na figura acima as duas aberturas. O maior é o sifão inalante, permite o ingresso de água trazendo oxigênio e
partículas alimentares que ficam retidas na faringe perfurada por fendas. Por batimento ciliar, o alimento é levado da faringe ao
estômago. A água que entra no animal, sai pelo segundo sifão, o sifão exalante, levando os produtos de excreção. São,
portanto, animais filtradores.

As ascídias são hermafroditas. A fecundação é externa. Os gametas são levados pela água através do sifão exalante. Os ovos
fertilizados geram larvas, de pequeno tamanho. A larva, mostrada acima, parece muito com a larva de sapo (girino) o que
sugere forte parentesco com os vertebrados.

A larva das ascídias é livre natante. Os adultos são fixos. Na larva dos tunicados, a notocorda restringe-se à cauda.

Subfilo Cephalochordata
Os cefalocordados estão representados por animais conhecidos por anfioxos, que compreendem cerca de trinta espécies,
todas vivendo em ambiente marinho. A palavra anfioxo deriva do fato de esses animais terem o corpo afilado em duas pontas
(anfi = dois).

Os anfioxos são animais pequenos, chegando a medir até 8 centímetros de comprimento. Têm o corpo semelhante a de um
peixe e vivem semi-enterrados na areias, em locais de águas calmas e limpas, mantendo somente a parte anterior do corpo
para fora do substrato.

Embora passem a maior parte do tempo enterrados, eles podem nadar ativamente na água por curtos períodos de tempo. A
natação do anfioxo é semelhante a verificada nos peixes: resulta da contração dos miótomos, blocos musculares arranjados
serialmente ao longo do corpo. A contração alternada desses músculos de um lado e de outro do corpo promove um
movimento lateral, que propulsiona o animal para frente.

Esses animais possuem nadadeiras, mas, distintamente das verificadas nos peixes, são formadas apenas por dobras da pele,
sem elementos esqueléticos de sustentação em seu interior; elas possuem apenas reforço de tecido conjuntivo.

Assim como os urocordados, as fendas branquiais dos cefalocordados são bem desenvolvidas, indicando o hábito filtrador
desses animais. Em ambos os casos, essas fendas não se abrem diretamente para fora do corpo, mas em uma cavidade
chamada de átrio.

Nos cefalocordados os cílios das fendas branquiais ou faringeanas promovem a entrada de água e a saída por um poro
especial denominado atrióporo. Eles obtêm o oxigênio e alimento de que necessitam através dessa circulação de água.

As partículas alimentares filtradas são conduzidas ao endóstilo e deste para outras partes do tubo digestivo. Os restos não
aproveitáveis são eliminados através do ânus. Nesses animais o ânus abre-se diretamente para fora do corpo e não no interior
da cavidade atrial, como nos urocordados. No átrio dos cefalocordados abrem-se as gônadas.

O sistema circulatório é formado apenas por vasos, alguns contráteis, responsáveis pela propulsão do sangue. Não possuem
coração.

Os anfioxos são animais de sexos separados, com fecundação externa. Eles passam por um estágio larval plantônico, após o
qual se assentam no substrato e sofrem metamorfose, dando origem ao adulto.

O sistema nervoso dos cefalocordados, é bastante simplificado, sendo formado por um cordão nervoso dorsal, que apresenta
uma dilatação na região anterior denominada vesícula cerebral.

Subfilo Vertebrata ou Craniata

Os cordados vertebrados apresentam uma série de avanços com relação aos protocordados: massa encefálica protegida por
uma caixa craniana e uma coluna segmentada em vértebras.

O subfilo Vertebrata possui aproximadamente 40.000 espécies vivas e é o maior subfilo dos Chordata.

A abordagem que faremos será preferencialmente relacionada às adaptações que neles existem e que favorecem a sua
sobrevivência nos diversos meios em que são encontrados.

Ágnatos ou Ciclostomados: "Peixes" Primitivos e sem Mandíbulas


Estes animais não apresentam mandíbula e têm uma boca circular provida de ventosa com dentes córneos, com os quais
perfuram a pele dos peixes de que se alimentam. O corpo destes peixes é longo e cilíndrico, com a parte caudal achatada
lateralmente, e revestido por pele fina sem escamas.

A pele é rica em glândulas produtoras de muco, especialmente nas mixinas, que o produzem em grande quantidade para se
defenderem de predadores. O esqueleto é cartilagíneo, tal como os raios que sustentam as barbatanas dorsal e caudal em
forma de remo. Não possuem barbatanas pares.

Nas lampreias a notocorda persiste no adulto, envolvida por arcos neurais imperfeitos, sendo o eixo de sustentação do corpo.

Nas mixinas este eixo cartilaginoso é ainda mais incompleto (não mais que um cordão formado por nódulos cartilaginosos), o
que lhes permite enrolar o corpo num nó, tanto para se libertarem de predadores, como para se alimentarem.

Quando se alimentam, as mixinas formam um nó junto á cauda e deslocam-no até á cabeça, forçando a boca a arrancar um
pedaço de carne da presa.
A respiração é feita por brânquias, geralmente 6 a 16 pares, em sacos branquiais laterais que abrem directamente para o
exterior em fendas branqueais, localizadas perto da cabeça. A temperatura do corpo é variável – ectotérmicos.

O sistema digestivo não apresenta estômago. A boca é fechada ou aberta pelo movimento para trás e para a frente da língua,
a qual também apresenta os pequenos dentes córneos da ventosa, sendo usada para ferir a presa, principalmente nos
indivíduos parasitas.

O sistema nervoso apresenta um encéfalo diferenciado, mas os órgãos dos sentidos variam com o tipo de animal. As
lampreias têm boa visão mas as mixinas são cegas, embora ambas as ordens apresentem um olfato e paladar apurados.A
excreção é feita por rins mesonéfricos.

Quase todos os agnátos passam a sua vida adulta no mar, migrando para se reproduzir, seja apenas para águas mais frias ou
mesmo para água doce. Nas lampreias os sexos são separados e a fecundação é externa. Os casais escavam pequenas
covas rasas, onde colocam os ovos fecundados e de seguida morrem. As larvas – amocetes -, são muito diferentes da forma
adulta (parecem anfioxos), são cegas e permanecem algum tempo nos rios (3 a 7 anos), enterradas em zonas arenosas e
calmas onde filtram o seu alimento pois não apresentam dentes. Sofrem depois uma rápida metamorfose e, se trata de
espécies marinhas, migram para o oceano. No caso das mixinas, estas são hermafroditas e os ovos têm desenvolvimento
direto, saindo os jovens dos ovos como miniaturas dos adultos. A sua reprodução decorre sempre em água doce, onde os
adultos também viverão.

Condrictes: Os Peixes Cartilaginosos

Os tubarões, raias e quimeras (peixes de águas profundas, também chamados de peixes-rato) desta classe (do grego
chondros = cartilagem + ichthys = peixe) são os vertebrados vivos mais primitivos com vértebras completas e separadas,
mandíbulas móveis e barbatanas pares.

Este grupo é antigo e representado por numerosos restos fósseis. Pertencem-lhe alguns dos maiores e mais eficientes
predadores marinhos. Todos possuem um esqueleto cartilagíneo, dentes especializados que se renovam ao longo da vida e
uma pele densamente coberta por escamas em forma de dente.

Praticamente todos são marinhos, embora existam espécies de tubarões e raias que penetram regularmente em estuários e
rios, e, em regiões tropicais, espécies de água doce.

Todos os peixes cartilaginosos são predadores, embora os filtradores também ingerem fitoplâncton. Neste caso existem
projeções rígidas dos arcos branquiais, que funcionam como filtros. Grande parte da sua dieta é composta por presas vivas,
embora consumam igualmente cadáveres, quando disponíveis.

A maioria dos tubarões não apresenta mais de 2,5 m de comprimento mas alguns atingem 12 m e o tubarão-baleia 18 m,
sendo estes os maiores vertebrados vivos, com exceção das baleias.

As raias são igualmente pequenas, com cerca de 60-90 cm de comprimento, mas a raia-jamanta atinge 5 m de comprimento e
6 m de envergadura.

Caracteristicas
Os tubarões, com o seu corpo fusiforme e aerodinâmico, têm grande interesse biológico, pois apresentam características
anatômicas básicas presentes em embriões de vertebrados superiores.

Esqueleto cartilagínoso
Sem ossos verdadeiros mas compostos por cartilagem resistente e flexível, mais ou menos reforçados por depósitos calcários,
o esqueleto é composto por um crânio ligado a uma coluna vertebral e cinturas peitoral e pélvica. A mandíbula (não fundida ao
crânio) e a maxila estão presentes. A notocorda é persistente nos espaços intervertebrais. Algumas espécies possuem coluna
vertebral rija, em tudo semelhante à dos peixes ósseos. Este tipo de esqueleto apenas suporta animais com mais de 10
metros de comprimento em meio aquático, cuja densidade é superior à do ar.

Escamas placoides
A pele é rija e está coberta com escamas semelhantes a dentes (são compostas por uma placa de dentina na derme, revestida
por esmalte) com um espinho orientado para trás, bem como numerosas glândulas mucosas. Este revestimento confere à pele
uma textura de lixa, o que torna o animal mais hidrodinâmico. Algumas espécies de raias apresentam escamas grandes e
espinhosas, enquanto outras não apresentam escamas de todo.

Sistema nervoso
Encéfalo distinto e órgãos sensoriais muito desenvolvidos, que lhes permitem localizar presas mesmo quando muito distantes
ou enterradas no lodo do fundo. Estes órgãos incluem:

Narinas: localizadas ventralmente na extremidade arredondada da cabeça, capazes de detectar moléculas dissolvidas na água
em concentrações mínimas;

Ouvidos: com três canais semicirculares dispostos perpendicularmente uns aos outros (funcionando como um órgão de
equilíbrio, portanto, tal como em todos os vertebrados superiores);

Olhos: laterais e sem pálpebras, cuja retina geralmente apenas contém bastonetes (fornecendo uma visão a preto-e-branco
mas bem adaptada á baixa luminosidade);

Linha lateral: um fino sulco ao longo dos flancos contendo muitas pequenas aberturas, contém células nervosas sensíveis á
pressão (algo como um sentido do tacto á distância);

Ampolas de Lorenzini: localizadas na zona ventral da cabeça, são outros canais sensitivos ligados a pequenas ampolas que
contém eletrorreceptores capazes de detectar as correntes elétricas dos músculos de outros organismos;
Sistema digestivo
A boca é ventral com fileiras de dentes revestidos de esmalte (desenvolvidos de escamas placoides). Os dentes estão
implantados na carne e não na mandíbula, sendo substituídos continuamente a partir da parte traseira da boca, à medida que
são perdidos.

A forma dos dentes revela os hábitos alimentares dos animais, dentes pontiagudos e serrilhados nos tubarões, que os usam
para agarrar e cortar, e pequenos e em forma de ladrilho nas raias, que os usam para partir as carapaças e conchas dos
moluscos e crustáceos de que se alimentam no fundo.
O intestino apresenta válvula em espiral (para aumentar a área de absorção) e fígado, grande e muito rico em óleo o que
confere grande flutuabilidade, chegando por vezes a compor 20% do peso do corpo. No entanto, em algumas espécies tal não
é suficiente, pois se pararem de nadar afundam-se. O ânus abre para a cloaca.

Sistema circulatório
Coração com 2 câmaras (aurícula e ventrículo) por onde circula apenas sangue venoso.

Sistema respiratório
As brânquias estão presas à parede de 5 a 7 pares de sacos branquiais, cada um com uma abertura individual em forma de
fenda, abrindo á frente da barbatana peitoral nos tubarões ou na superfície ventral das raias. Nas quimeras apenas existe uma
fenda branquial.

As narinas não comunicam com a cavidade bucal mas com a faringe.

Os sacos branquiais podem contrair-se para expelir a água ou, como acontece na maioria dos tubarões, o animal usa uma
espécie de respiração a jacto, nadando ativamente com a boca e as fendas brânquiais abertas, mantendo um fluxo constante
de água. Por esse motivo, é frequente os tubarões afogarem-se quando presos em redes de pesca perdidas.

Geralmente existe um par de espiráculos atrás dos olhos, em ligação á faringe, que, nas espécies bentônicas, permitem a
entrada de água sem detritos para as brânquias. Não existe bexiga natatória;

Sistema excretor
Rins mesonéfricos.

Reprodução
Os tubarões e raias têm os sexos separados, gônadas tipicamente pares, em que os ductos abrem na cloaca e a fecundação
é interna. Os clásperes, barbatanas ventrais modificadas, são introduzidos na cloaca da fêmea e o esperma escorre pelo canal
formado pelas duas estruturas unidas.

Podendo ser ovíparos (ovos são libertados envoltos em cápsulas semi-rigídas), vivíparos (jovens desenvolvem-se dentro de
uma estrutura semelhante a uma placenta, o que lhes permite ser alimentados diretamente pelo corpo da mãe) ou
ovovivíparos (retêm os ovos no interior da fêmea, nascendo filhotes completamente formados, cauda primeiro), produzem
ovos são muito ricos em vitelo mas sem anexos embrionários.

O desenvolvimento é direto, não existindo nunca estados larvares. Os filhotes nascem com os dentes funcionais e são
capazes de caçar de imediato, embora, devido ao seu tamanho, sejam eles próprios potenciais presas.

Osteictes: Os Peixes Ósseos


Os peixes ósseos são o grupo mais vasto (correspondem a 9 em cada 10 espécies) e diverso de peixes atuais.

Estes animais habitam todos os tipos de água, doce, salobra, salgada, quente ou fria (embora a maioria seja limitada a
temperaturas entre 9 e 11ºC). Esta é a classe mais recente do ponto de vista filogenético, bem como a considerada mais
evoluída. A taxonomia dentro desta classe tem sido frequentemente alterada, devido à descoberta de novas espécies, bem
como de novas relações entre as já conhecidas.

Tipicamente os peixes ósseos não são maiores que 1 m de comprimento mas existem formas reduzidas (certos gobies têm
apenas 10 mm de comprimento) e gigantescas (espadarte com 3,70 m, o esturjão com 3,80 m e 590 Kg de peso ou o
peixe-lua com 900 Kg de peso).

Adaptaram-se a viver em condições por vezes difíceis, como lagos a grande altitude, zonas polares, fontes hidrotermais,
charcos com elevada salinidade ou pobres em oxigênio, etc.

Muitos peixes realizam migrações periódicas, seja de local para local, seja de águas profundas para a superfície, tanto para
desovar como para se alimentar.As suas características principais incluem um corpo, mais alto que largo e de silhueta oval, o
que facilita a deslocação através da água.

A cabeça estende-se da ponta do focinho á abertura do opérculo, o tronco daí ao ânus, para trás do qual se tem a cauda. O
corpo apresenta uma forte musculatura segmentar – miomeros -, separados por delicados septos conjuntivos.

O esqueleto é formado por ossos verdadeiros, embora algumas espécies possam apresentar ossos cartilagíneos (esturjão, por
exemplo), com numerosas vértebras distintas, embora seja frequente a persistência de notocorda nos espaços intervertebrais.

O esqueleto apresenta 3 partes principais: coluna vertebral, crânio e raios das barbatanas. Da coluna vertebral partem as
costelas e a cintura peitoral (não existe cintura pélvica, ligando-se essas barbatanas por meio de tendões, sem ligação á
coluna vertebral). Numerosos outros pequenos ossos sustentam os raios das barbatanas.
O crânio é articulado com as maxilas e mandíbulas, ambas bem desenvolvidas, e suporta os arcos branquiais. A articulação
do crânio com a coluna vertebral é tão forte que os peixes não podem virar a cabeça. A cauda é geralmente homocerca.

A pele cobre todo o corpo e contém inúmeras glândulas mucosas, cuja secreção facilita o deslizar através da água e protege
contra infecções, e está coberta de no tronco e cauda. As escamas podem ser de várias formas, mas são sempre de origem
dérmica. Algumas espécies não apresentem escamas ou estas podem estar revestidas de esmalte.

As escamas são finas, arredondadas e implantadas em fileiras longitudinais e diagonais, imbricadas como as telhas de um
telhado. As extremidades livres das escamas estão cobertas por uma fina camada de pele que protege de parasitas e
doenças. Em algumas espécies, esta camada de pele ajuda a manter a humidade quando o animal está emerso.

Cada escama está fixa numa bolsa dérmica e cresce durante a vida do animal, o que geralmente origina anéis de crescimento
(maiores no verão e muito pequenos no inverno). Estes anéis são mais notórios em peixes de regiões temperadas. Devido ao
padrão de distribuição, forma, estrutura e número das escamas ser quase constante em cada espécie, esta é uma importante
característica sistemática desta classe.

As barbatanas são sustentadas por raios ósseos ou por vezes cartilagíneos. As barbatanas impares incluem duas dorsais e
uma anal, bem como barbatana caudal simétrica. A forma da barbatana caudal condiciona a forma de deslocação do animal:
barbatanas arredondadas aumentam a capacidade de manobra mas geralmente a velocidade é baixa, enquanto barbatanas
bifurcadas ou em forma de foice permitem grandes velocidades. A barbatana dorsal tem suporte esquelético e varia
grandemente de forma, de acordo com os hábitos do animal. As barbatanas pares são as peitorais, logo atrás do opérculo, e
as pélvicas. Cada barbatana tem o seu próprio conjunto de músculos, o que permite um movimento independente,
aumentando a capacidade de manobra.

Ao contrário dos peixes cartilagíneos, e devido à presença de bexiga natatória, os peixes ósseos não necessitam das
barbatanas para se manterem a flutuar, usando-as apenas para manobrar na água.

Sistema nervoso
Inclui um encéfalo distinto e órgãos dos sentidos desenvolvidos, nomeadamente:

Olhos - grandes, laterais e sem pálpebras, provavelmente apenas capazes de focar com precisão objetos próximos, mas que
percebem facilmente movimentos distantes, incluindo acima da superfície da água. A retina contém cones e bastonetes, o que
permite visão a cores na maioria dos casos;

Ouvidos - com três canais semicirculares dispostos perpendicularmente uns aos outros (funcionando como um órgão de
equilíbrio, portanto, tal como em todos os vertebrados superiores), permitem uma audição apurada, até porque o som se
propaga bastante bem dentro de água. Muitos peixes comunicam entre si produzindo sons, seja esfregando partes do corpo
entre si, seja com a bexiga natatória;
Narinas – localizadas na parte dorsal do focinho, comunicam com uma cavidade coberta de células sensíveis a moléculas
dissolvidas na água;

Linha lateral – localizada longitudinalmente ao longo do flanco do animal, é composta por uma fileira de pequenos poros, em
comunicação com um canal abaixo das escamas, onde se encontram mecanorreceptores. A eficácia deste sistema para
detectar movimentos e vibrações por ele causadas na água permite a formação de cardumes, fundamental como estratégia de
defesa destes animais.

Sistema digestivo
Tem a boca grande em posição terminal, rodeada de maxilas e mandíbulas distintas, onde estão implantados dentes cônicos e
finos. Existem outros dentes, localizados nos primeiros arcos branquiais, úteis para prender e triturar o alimento. Na boca
existe ainda uma pequena língua, ligada ao chão da cavidade e que ajuda nos movimentos respiratórios.

Sistema circulatório
Tem um coração com duas cavidades (aurícula e ventrículo) por onde circula apenas sangue venoso. O sangue é pálido e
escasso, quando comparado com um vertebrado terrestre.

Sistema respiratório
Apresenta tipicamente brânquias em forma de pente, sustentadas por arcos branquiais ósseos ou cartilagíneos e localizadas
no interior de uma câmara comum de cada lado da faringe. Essa câmara está coberta por um opérculo, fino e de margens
livres abaixo e atrás. Os arcos branquiais apresentam expansões que protegem os filamentos brânquiais de partículas duras e
evitam a passagem de alimento pelas fendas branquiais.Nas branquias existe um mecanismo de contracorrente entre a água
e o sangue que as irriga, aumentando a eficiência das trocas gasosas.

Geralmente existe bexiga natatória, um grande saco de paredes finas e irrigadas derivado da zona anterior do intestino, que
ocupa a zona dorsal da cavidade do corpo. Esta cavidade está preenchida com gases (O2, N2, CO2), atuando como um órgão
hidrostático, ajustando o peso do corpo do peixe consoante a profundidade. O ajuste faz-se por secreção ou absorção dos
gases para o sangue.

A capacidade da bexiga natatória é superior nos peixes de água doce pois esta é menos densa que a salgada, não podendo
sustentar o peixe com a mesma facilidade. A bexiga natatória pode ajudar na respiração (peixes pulmonados) ou como caixa
de ressonância de órgãos dos sentidos ou produção de sons.

Sistema excretor
É formado por rins mesonéfricos.

Sistema reprodutor
Os sexos são separados, apresentando cada indivíduo gônadas geralmente pares. A grande maioria é ovípara com
fecundação externa, embora existam espécies com fecundação interna e hermafroditas.

Algumas espécies passam por mudanças de sexo, com machos que passam a fêmeas aumentando de tamanho e as fêmeas
que se tornam dominantes nos cardumes, ao passarem a machos. Os ovos são pequenos e sem anexos embrionários mas
com quantidade de vitelo muito variável. As espécies de mar alto produzem enormes quantidades de ovos, pois a maioria não
sobrevive, que passam a fazer parte do plâncton, enquanto espécies costeiras os colocam entre detritos e folhas ou no fundo.
Algumas espécies cuidam dos ovos e/ou dos juvenis, guardando os ninhos e mantendo-os oxigenados com jorros de água.
Outros incubam os ovos na boca ou permitem que os jovens lá se recolham quando ameaçados.

Várias espécies migram grandes distâncias (tanto de água salgada para doce, como algumas espécies de salmões, ou o
inverso, como as enguias) para desovar.

Os peixes ósseos são os únicos que formam cardumes, por vezes com dezenas de milhar de indivíduos. Nos cardumes os
peixes deslocam-se sincronizadamente, como se fossem um só. Cada peixe segue paralelamente ao seu vizinho, a uma
distância de cerce de um comprimento do corpo e mantém a sua posição devido à ação da visão, audição e linha lateral. A
cor prateada da maioria dos peixes que fazem cardumes é fundamental pois ajuda a detectar os movimentos uns dos outros
(uma pequena mudança de direção produz uma grande diferença a nível da luz refletida).

Num cardume os peixes estão mais seguros pois há mais sentidos atentos a um potencial predador e torna-se mais difícil
escolher a presa no meio de tantos corpos em movimento. A vida em grupo também ajuda a encontrar alimento e parceiros
sexuais.

Anfíbios: o início da conquista do meio terrestre

Os anfíbios não são encontrados no ambiente marinho, apenas na água doce e em ambiente terrestre.
O nome do grupo, anfíbios (do grego, amphi - dos dois lados + bios = vida), foi dado em razão da maioria de seus
representantes possuírem a fase larval aquática e de respiração branquial (lembre-se dos girinos) e uma fase adulta, de
respiração pulmonar e cutânea, que habita o meio terrestre úmido. São heterotermos, como os peixes.

Trocas gasosas
Os anfíbios adultos precisam viver perto da umidade: sua pele é fina e pobremente queratinizada, muito sujeita à perda de
água. Uma delgada epiderme, dotada de inúmeras glândulas mucosas, torna a pele úmida e lubrificada, constituindo-se de um
importante órgão respiratório.

Nos sapos, os pulmões são extremamente simples, equivalem a dois "sacos" de pequeno volume e de pequena superfície de
trocas gasosas. Essa característica é que aumenta a importância da pele como órgão respiratório.

A circulação
O coração apresenta três cavidades: dois átrios (um direito e um esquerdo) e um ventrículo. O sangue venoso, pobre em O2,
vindo dos pulmões, penetra no átrio esquerdo. Os dois tipos de sangue passam para o único ventrículo onde se misturam,
ainda que parcialmente. Do ventrículo, o sangue é bombeado para um tronco arterial (conjunto de vasos) que distribui sangue
para a cabeça, tronco e pulmões.

A circulação é dupla e incompleta: dupla, porque o sangue passa duas vezes pelo coração a cada ciclo de circulação,
incompleta, porque o ventrículo é único e nele o sangue arterial e venoso se misturam.

A reprodução
Nos sapos, rãs e pererecas, os sexos são separados. A fecundação é externa, em meio aquático. As fecundações vão
ocorrendo, e cada ovo possui uma membrana transparente que contém, no seu interior, um embrião em desenvolvimento que
consome, para a sua sobrevivência, alimento rico em reservas originadas do óvulo.
Após certo tempo de desenvolvimento, de cada ovo emerge uma larva sem patas, o girino, contendo cauda e brânquias. Após
certo tempo de vida na água, inicia-se uma série de modificações no girino, que prenunciam a fase adulta. A metamorfose
consiste na reabsorção da cauda e das brânquias e no desenvolvimento dos pulmões e das quatro patas.

Os grupos de anfíbios

Das cerca de 3.500 espécies de sapos, rãs e pererecas catalogadas no mundo, mais de 600 ocorrem no Brasil. De acordo
com a forma do corpo, os animais classificados como os anfíbios estão ordenados da seguinte maneira.

Ápodes
Cecílias
As cecílias são anfíbios, vermiformes, que não têm membros e que vivem enterradas. Em decorrência, seus olhos são muito
pequenos e usam receptores químicos para detectar suas presas. Podem ser aquáticas ou terrestres, mas todas respiram
através de pulmões.

Alimentam-se de presas alongadas como minhocas, vermes, larvas de insetos e provavelmente também de peixes pequenos.
As cecílias são encontradas em regiões tropicais. No Brasil existem espécies aquáticas na Amazônia e terrestres por grande
parte do território. São difíceis de encontrar, pois vivem em locais úmidos, enterradas no solo.

Os machos desse grupo possuem um órgão reprodutor chamado de falodeu, assim a fecundação nas cecílias é interna.
Algumas espécies de cecílias são ovíparas e outras vivíparas, no caso das ovíparas as fêmeas cuidam dos ovos até o
nascimento.

Anuros
Sapos
Os anuros são um grupo de anfíbios que não possuem cauda e possuem estrutura de esqueleto adaptada para locomoção
aos saltos. A diversidade de anuros é enorme e este grupo está presente em todos os continentes. Existem anuros adaptados
à vida aquática e terrestre. Todos são carnívoros, em geral utilizam a visão para a detecção da presa, portanto é importante
que haja movimento. Esses animais possuem uma grande variedade de estratégias reprodutivas, que vão desde o
desenvolvimento direto dos girinos, que nascem após dez dias, e que depois de uma série de metamorfoses transformam-se
em sapinhos.

O sapo captura suas presas com a língua ágil. Ele fecha os olhos para engolir o alimento. Atitude que é uma necessidade
fisiológica: os grandes olhos são forçados para cavidade bucal a assim ajudam a empurrar os alimentos para a garganta
abaixo. Os sapos são muito úteis ao homem porque com seu grande apetite comem muitos vermes, lagartas e insetos nocivos
de várias espécies. A parte mais fascinante da reprodução dos anuros é entretanto a vocalização do macho para atrair a
fêmea. Cada espécie produz um som diferente originando grande variedade de sons emitidos. São capazes de emitir também
sons de agonia e de defesa de território.

Rãs
As rãs são popularmente conhecidas como anuros. São bastante ligadas à água e bons nadadores. No Brasil, ocorre apenas
uma espécie de rã verdadeira que é encontrada na Amazônia. Seus membros posteriores são longos e adaptados à natação e
aos saltos. As rãs "verdadeiras" possuem membranas entre os dedos dos membros posteriores (como num pé de pato).
Alimentam-se de caramujos, lesmas e insetos, apanhando-os com a língua. O acasalamento dura 24 horas. A fêmea põe
2.000 ou 3.000 ovos com cerca de 2 mm de diâmetro. A carne da rã é bastante apreciada. Existem criadouros para exploração
comercial.

Pererecas
A perereca pertence à família das Racoforídeas. Existem cerca de 150 espécies. Sua pele é mais lisa que as dos sapos. A
perereca possui nas extremidades de cada dedo pequenas almofadas adesivas que servem para se prender aos galhos. Ela é
dotada de membranas elásticas estendidas entre os dedos, que formam uma espécie de pipa. Encurvando o tórax e
estendendo as pernas, as pererecas podem realizar vôos de quase 2 metros. Quando vão botar seus ovos, escolhem uma
árvore pendente sobre o pântano, esses ovos depositados nas folhas, são envolvidos por uma substância pegajosa, muito
parecida com claras batidas em neve. Quando nascem os girinos, fabricam uma substância que os livra desta massa pegajosa
caindo então no pântano e só assim começa sua vida aquática. As pererecas são comumente encontradas em banheiros de
casas de chácaras e sítios.

Urodelos
Salamandras-de-fogo
As salamandras comuns são chamadas pelo nome científico de Salamandra salamandra terrestris. Habitam regiões
arborizadas. Vivem principalmente na Europa e no norte da África e têm hábitos essencialmente noturnos. Normalmente elas
hibernam. Ficaram conhecidas com esse nome porque, antigamente a lenha era muito utilizada pelo homem, como fonte de
calor. Elas diferem em tamanho e no jogo de cores das costas.

Algumas medem cerca de 14 a 20 centímetros. Secretam um veneno que as protege de predadores. Esse veneno é produzido
por glândulas localizadas na parte de trás da cabeça e é muito forte. Um cachorro que tentar comer uma salamandra pode
morrer. Ao contrário de outros anfíbios, a salamandra comum se acasala em terra firme. Os machos, que são muito ativos,
correm de uma fenda a outra à procura de fêmeas. Depois da fecundação, os ovos se desenvolvem dentro do órgão genital da
fêmea.

As larvas nascem da fêmea numa corrente de água. Sofrem metamorfose, tornam-se adultas e perdem a capacidade de viver
dentro da água.

Répteis

Os répteis foram os primeiros vertebrados a conquistar, com sucesso e definitivamente, o ambiente terrestre.

Isto porque desenvolveram algumas características adaptativas, tais como: presença de casca calcária envolvendo o ovo e
pele impermeável, seca, sem glândulas, revestida por escamas epidérmicas (nas cobras e lagartos), por placas córneas (nos
crocodilos e jacarés) ou ainda por placas ósseas (nas tartarugas), formando uma carapaça que protege o animal contra a
desidratação.

A impermeabilização da pele ocorreu graças à intensa produção de uma molécula protéica, a queratina, a grande novidade
bioquímica produzida em grande quantidade pela epiderme dos répteis, fato que se repetirá também nas aves e nos
mamíferos. Na verdade, na pele dos anfíbios, essa molécula já existe, só que em pequeníssima quantidade, sendo incapaz de
tornar a pele impermeável à água e aos gases da respiração.

Essa adaptação permitiu aos répteis a economia de água, possibilitando a vida em habitat dos mais diversos, inclusive
desérticos. Por outro lado, a falta de umidade da pele e a riqueza em queratina impedem as trocas gasosas que, assim,
passam a ser executadas exclusivamente por pulmões.

Os pulmões têm maior superfície relativa e são mais eficientes que os anfíbios, dispensando a pele da função respiratória. A
entrada e saída do ar é também mais eficiente, devido ao auxílio dos músculos das costelas.

Até mesmo a excreção dos répteis está adaptada á mínima perda de água possível. O produto de excreção nitrogenado é o
ácido úrico, eliminado pela cloaca, juntamente com as fezes, na forma de uma pasta semi-sólida.
Reprodução
Outra adaptação importante à vida no ambiente terrestre é fecundação interna, independente da água, na qual os gametas
(óvulos e espermatozoides) ficam protegidos das influências do meio externo. As fêmeas são geralmente ovíparas, isto é,
quando fecundadas põem ovos e os embriões se desenvolvem dentro deles, portanto fora do corpo materno.

O desenvolvimento embrionário ocorre inteiramente no interior de um ovo dotado de casca protetora calcária porosa, que
permite a ocorrência de trocas gasosas.

Uma bolsa cheia de líquido, a vesícula amniótica, garante o desenvolvimento do embrião em meio aquoso. Uma vesícula
vitelínica repleta de reservas alimentares, o vitelo, garante a sobrevivência do embrião com alimentos provenientes do óvulo.
E, para completar a eficiência desse novo método reprodutivo, uma bolsa excretora, o alantoide, recolhe o ácido úrico e o
imobiliza na forma de cristais que não interferem na vida do embrião.

Aderido à membrana da casca, encontra-se mais um anexo embrionário, o cório, sob a forma de uma membrana ricamente
vascularizada, que garante as trocas gasosas respiratórias com o sangue que encaminha o oxigênio para as células
embrionárias.
Não há fase larval. Terminando o desenvolvimento, o jovem indivíduo, com mas características do adulto, quebra a casca e sai
do ovo.

Alguns lagartos e cobras peçonhentas podem ser ovovivíparos (o ovo é posto pela fêmea depois de permanecer durante um
certo tempo do desenvolvimento do embrião dentro do corpo da mãe) ou vivíparos (o desenvolvimento do embrião ocorre
totalmente dentro do organismo da fêmea).

Esqueleto
O nome répteis deriva do modo de locomoção: as quatro patas (ausentes nas cobras) situam-se no mesmo plano do corpo,
determinando o rastejamento do ventre no solo (do latim reptare = rastejar). Para a realização desses movimentos,
apresentam músculos bem desenvolvidos. O esqueleto dos répteis é totalmente ósseo. A Terra já conheceu formas
gigantescas desses animais, como os dinossauros, que povoaram e dominaram nosso planeta durante anos, como indiscutível
superioridade.

Digestão
Alguns desses vertebrados apresentam dentes (cobras, crocodilos e jacarés), sendo que certas cobras têm presas
inoculadoras de veneno.

Associadas à presença de glândulas salivares modificadas em glândulas de veneno, essas presas caracterizam o que
chamamos de cobras peçonhentas.

Se não possuírem os dentes inoculadores, mesmo tendo glândulas de veneno na boca são conhecidas como
não-peçonhentas. As cobras são predadoras e ingerem suas presas inteiras, sem usar os dentes na mastigação. O aparelho
digestivo é completo, terminando em cloaca.

Circulação
Como nos anfíbios, o coração dos répteis apresenta três cavidades: dois átrios (um direito e um esquerdo) e um ventrículo. O
coração dos répteis crocodilianos apresenta quatro cavidades: dois átrios e dois ventrículos (como o das aves e dos
mamíferos). No entanto, mesmo nos crocodilianos observa-se mistura dos tipos de sangue (venoso e arterial) que passam
pelo coração, embora em proporção menor do que nos anfíbios.

Assim, podemos considerar a circulação dos répteis dupla e incompleta. Em função disso, os animais desse grupo são
pecilodérmicos, isto é, adaptam a temperatura do corpo a temperatura do ambiente.

No ambiente terrestre, as variações de temperatura são maiores do que no ambiente aquático. Para manter a temperatura do
corpo próximo à do ambiente, os répteis costumam recorrer a fontes externas de calor, como o sol ou a superfície quente de
uma rocha. é comum ver répteis expostos ao sol durante o dia. O termo “lagartear” é aplicado às pessoa que preguiçosamente
se deitam ao sol, a maneira dos lagartos.

Quando os répteis sentem-se muito aquecidos, geralmente procuram locais de sombra. Com esse comportamento mantêm a
temperatura do corpo praticamente constante, em torno dos 37ºC.

Muitas espécies de cobras e lagartos são úteis ao ser humano, pois caçam roedores e outros animais que prejudicam a
agricultura e causam doenças ao homem. Entre as cobras, porém, há espécies cujo veneno pode ser fatal, causando a morte
de um grande número de pessoas a cada ano.
No Brasil, as cobras venenosas podem ser reconhecidas, geralmente, pela presença de um pequeno orifício situado entre a
narina e a boca: a fosseta loreal, um órgão sensorial sensível ao calor. Com ele estas cobras detectam a presença de animais
de “sangue quente” (aves e mamíferos), suas presas preferidas. A fosseta loreal está ausente na coral-verdadeira, apesar de
ser venenosa.

Veja na tabela a seguir outras características utilizadas para diferenciar uma cobra venenosa de uma não-venenosa

Os critérios utilizados para a diferenciação entre os dois tipos de cobras apresentam exceções, por isso não devem ser
seguidos à risca. Por exemplo: a cobra coral-verdadeira é peçonhenta, no entanto, não apresenta fosseta loreal e tem cabeça
arredondada.

Para prevenir acidentes com cobras, é muito importante:

Usar botas e perneiras sempre que se estiver caminhando em ambientes propícios à presença desses animais, uma vez que a
maioria das picadas atinge as pernas, abaixo dos joelhos;
Usar luvas de couro ao mexer em montes de lixo, folhas secas, palha ou buracos, para evitar picadas nas mãos e antebraços;
Ter cuidado ao mexer em pilhas de lenha, milho ou cana e ao revirar cupinzeiros, pois as cobras gostam de se abrigar em
locais quentes e úmidos;
Fique atento ao calçar sapatos e botas, pois animais peçonhentos podem se abrigar dentro deles.
Em casos de picadas de cobras, procure assistência médica imediata. A pessoa acidentada deve receber a dose adequada
de soro antiofídico específico, que contém anticorpos (antitoxinas) capazes de neutralizar o efeito tóxico do veneno. O membro
atingido pela picada deve ser mantido em posição bem elevada e imóvel, pois a locomoção facilita a absorção de veneno. Não
coloque no ferimento nenhum tipo de material (folhas, pó-de-café, terra, etc), pois estes podem causar infecção, agravando a
situação. Não corte o local da picada com canivetes ou outros objetos não desinfetados, pois estes podem causar infecção ou
agravar o efeito hemorrágico de certos venenos.

Algumas cobras temidas nem sequer são peçonhentas. é o caso da sucuri, que pode atingir até dez metros de comprimento e
mata suas presas por estrangulamento. A jiboia, que chega a ter até 3 metros, não é peçonhenta e não ataca o homem,
fugindo quando provocada. A muçurana é uma cobra não venenosa que se alimenta principalmente de cobras venenosas.

Entra as cobras peçonhentas, podemos citar a jararaca, jararacuçu, jararaca-ilhoa, a urutu, a cascavel, a surucucu, etc. A
cobra-cipó, a muçurana e a falsa coral apresentam as presas inoculadoras de veneno localizadas na região posterior da boca.
Esta localização dificulta a inoculação eficiente do veneno. Por isto, estas cobras não representam perigo para o homem, se
puderem ser reconhecidas.

Os jacarés e crocodilos, assim como as cobras, têm sua pele utilizada na confecção de bolsas e sapatos. Por isso, no
pantanal brasileiro, estes animais correm o risco de extinção. O homem vem promovendo uma grande matança e a venda
ilegal dessas peles pelos contrabandistas e comerciantes estrangeiros. Uma consequência da diminuição do número de
jacarés no Pantanal já pode ser observada: multiplica-se a quantidade de piranhas, das quais o jacaré é predador. O aumento
de piranhas constitui um grande problema para as pessoas da região, que desenvolvem suas atividades na água (lavar roupa,
banhar-se, atravessar o rio com boiadas...).

Além dos répteis já citados, são também exemplos de seres desse grupo o cágado, o jabuti, o camaleão, a iguana, a cobra de
duas cabeças, a cobra de vidro e a lagartixa.

Aves - vertebrados homeotermos com corpo coberto por penas

As aves (latim científico: Aves) constituem uma classe de animais vertebrados, tetrápodes, endotérmicos, ovíparos,
caracterizados principalmente por possuírem penas, apêndices locomotores anteriores modificados em asas, bico córneo e
ossos pneumáticos. São reconhecidas aproximadamente 9.000 espécies de aves no mundo.

As aves conquistaram o meio terrestre de modo muito mais eficiente que os répteis. A principal característica que permitiu
essa conquista foi, sem dúvida, a homeotermia, a capacidade de manter a temperatura corporal relativamente constante à
custa de uma alta taxa metabólica gerada pela intensa combustão de alimento energético nas células.

Essa característica permitiu às aves, juntamente com os mamíferos, a invasão de qualquer ambiente terrestre, inclusive os
permanentemente gelados, até então não ocupados pelos outros vertebrados.

As aves variam muito em seu tamanho, dos minúsculos beija-flores a espécies de grande porte como o avestruz e a ema.
Note que todos os pássaros são aves, mas nem todas as aves são pássaros.

Os pássaros estão incluidos na ordem Passeriformes, constituindo a ordem mais rica, ou seja, com maior número de espécies
dentro do grupo das aves.
Enquanto a maioria das aves são caracterizadas pelo vôo, as ratitas não podem voar ou apresentam vôo limitado, uma
característica considerada secundária, ou seja, adquirida por espécies "novas" a partir de ancestrais que conseguiam voar.

Muitas outras espécies, particularmente as insulares, também perderam essa habilidade. As espécies não-voadoras incluem o
pinguim, avestruz, quivi, e o extinto dodo. Aves não-voadoras são especialmente vulneráveis à extinção por conta da ação
antrópica direta (destruição e fragmentação do habitat, poluição etc.) ou indireta (introdução de animais/plantas exóticos,
mamíferos em particular).

A circulação
Uma característica que favorece a homeotermia nas aves é a existência de um coração totalmente dividido em quatro
cavidades: dois átrios e dois ventrículos.
Não ocorre mistura de sangues. A metade direita (átrio e ventrículo direitos) trabalha exclusivamente com sangue pobre em
oxigênio, encaminhando-o aos pulmões para oxigenação. A metade esquerda trabalha apenas com sangue rico em oxigênio.
O ventrículo esquerdo, de parede musculosa, bombeia o sangue para a artéria aorta. Assim, a todo o momento, os tecidos
recebem sangue ricamente oxigenado, o que garante a manutenção constante de altas taxas metabólicas. Esse fato,
associado aos mecanismos de regulação térmica, favorece a sobrevivência em qualquer tipo de ambiente. A circulação é
dupla e completa.

A respiração: pulmões e sacos aéreos


O sistema respiratório também contribui para a manutenção da homeotermia. Embora os pulmões sejam pequenos, existem
sacos aéreos, ramificações pulmonares membranosas que penetram por entre algumas vísceras e mesmo no interior de
cavidades de ossos longos.

A movimentação constante de ar dos pulmões para os sacos aéreos e destes para os pulmões permite um suprimento
renovado de oxigênio para os tecidos, o que contribui para a manutenção de elevadas taxas metabólicas.

A pele das aves é seca, não-dotada de glândulas e rica em queratina que, em alguns locais do corpo, se organiza na forma de
placa, garras, bico córneo e é constituinte fundamental das pernas.

As aves não têm glândulas na pele. No entanto, há uma exceção: a glândula uropigial (ou uropigiana), localizada na porção
dorsal da cauda e cuja secreção oleosa lubrificante é espalhada pela ave, com o bico, nas penas. Essa adaptação impede o
encharcamento das penas em aves aquáticas e ajuda a entender por que as aves não se molham, mesmo que fiquem
desprotegidas durante uma chuva.

Exclusividade das aves: corpo coberto por penas.

Digestão e excreção em aves


As aves consomem os mais variados tipos de alimentos: frutos, néctar, sementes, insetos, vermes, crustáceos, moluscos,
peixes e outros pequenos vertebrados. Elas possuem um sistema digestivo completo, composto de boca, faringe, esôfago,
papo, proventrículo, moela, intestino, cloaca e órgãos anexos (fígado e pâncreas).

Ao serem engolidos os alimentos passam pela faringe, pelo esôfago e vão para o papo, cuja função é armazenar e amolecer
os alimentos. Daí eles vão para o proventrículo, que é o estômago químico das aves, onde sofrem a ação de sucos digestivos
e começam a ser digeridos. Passam então para a moela (estômago mecânico) que tem paredes grossas e musculosas, onde
os alimentos são triturados.

Finalmente atingem o intestino, onde as substâncias nutritivas são absorvidas pelo organismo. Os restos não aproveitados
transformam-se em fezes.

As aves possuem uma bolsa única, a cloaca, onde desembocam as partes finais do sistema digestivo, urinário e reprodutor e
que se abre para o exterior. Por essa bolsa eles eliminam as fezes e a urina e também põem os ovos.

Sistema Reprodutor
Diferentes de seus parentes répteis, que às vezes dão à luz a seus filhotes, todas as espécies de aves põem ovos. Apesar dos
ovos parecerem bastante frágeis, seu formato oval oferece grande resistência e eles podem suportar grandes pressões sem
quebrar.

Como os ovos são pesados e incômodos de carregar, as fêmeas colocam os ovos assim que são fertilizadas, quase sempre
em um ninho construído para proteger o ovo contra predadores e para mantê-lo aquecido durante o desenvolvimento do
embrião.

Diferentes espécies de aves põem números diferentes de ovos – os pinguins normalmente põem um único ovo, enquanto o
chapim azul europeu põe entre 18 e 19 ovos.
A construção de um ninho é uma das grandes façanhas de design e engenharia do reino animal. Espécies diferentes mostram
uma diversidade extraordinária na construção de seus ninhos. Algumas aves constroem ninhos minúsculos tão bem
escondidos, que nem mesmo o caçador mais determinado pode encontrá-los, mas outras espécies constroem ninhos
enormes, altamente visíveis, que elas defendem corajosamente contra qualquer criatura que se aproxime.

Os cisnes frequentemente constroem ninhos com vários centímetros de diâmetro, enquanto que o Scopus umbretta africano
constrói ninhos em forma de cúpula, que podem pesar até 50 quilos, levando várias semanas para serem construídos. Os
pássaros usam uma grande variedade de materiais para construir seus ninhos.

Algumas espécies usam apenas galhos e ramos para construir os tipos de ninhos normalmente vistos em jardins e cercas
vivas. Outras usam um pouco de tudo: de folhas a penas, debarro a musgos, e até mesmo objetos feitos pelo homem, como
papel laminado.

O Collocalia maxima do sudeste da Ásia faz seus ninhos inteiramente de sua própria saliva, e os constrói nos tetos de
cavernas. Nem todas as aves constroem ninhos. O cuco, em particular, usa o ninho de outras aves em vez de construir o seu.
A fêmea voa rapidamente para um ninho apropriado, retirando um dos ovos da “hospedeira” e coloca seu próprio ovo,
normalmente do mesmo tamanho e forma do que ela retirou. O pinguim imperador sequer usa um ninho: ele coloca seu seu
único ovo diretamente sobre neve, e o incuba com a temperatura de seu corpo.

Adaptações ao voo
No seu caminho evolutivo, as aves adquiriram várias características essenciais que permitiram o voo ao animal. Entre estas
podemos citar:

Endotermia
Desenvolvimento das penas
Aquisição de ossos pneumáticos
Perda, atrofia ou fusão de ossos e órgãos
Aquisição de um sistema de sacos aéreos.
Postura de ovos
Presença de quilha, expansão do osso esterno, na qual se prendem os músculos que movimentam as asas
Ausência de bexiga urinária
As penas, consideradas como diagnóstico das aves atuais, estão presentes em outros grupos de dinossauros, entre eles o
próprio Tyrannosaurus rex. Estudos apontam que a origem das penas se deu a partir de modificações das escamas dos
répteis, tornando-se cada vez mais diferenciadas, complexas e, posteriormente, vieram a possibilitar os voos planado e batido.

Acredita-se que as penas teriam sido preservados na evolução por seu valor adaptativo, ao auxiliar no controle térmico dos
dinossauros – uma hipótese que aponta para o surgimento da endotermia já em grupos mais basais de Dinosauria (com
relação às aves) e paralelamente com a aquisição da mesma característica por répteis Sinapsida, que deram origem aos
mamíferos.

Os ossos pneumáticos também são encontrados em outros grupos de répteis. Apesar de serem ocos (um termo melhor seria
"não-maciços"), os ossos das aves são muito resistentes, pois preservam um sistema de trabéculas ósseas arranjadas
piramidalmente em seu interior.

Mamíferos

As aves e os mamíferos são os únicos homeotermos da Terra atual, sendo os mamíferos os únicos a apresentarem glândulas
mamárias.

A capacidade de manter a temperatura do corpo elevada e constante foi o principal fator adaptativo dos representantes desse
grupo à praticamente qualquer ambiente terrestre.

Muitos mamíferos voltaram para o meio aquático (baleias, foca, golfinho, peixe-boi) e outros adaptaram-se ao voo (morcego) e
compartilham o meio aéreo com as aves e os insetos.

As características dos mamíferos


Algumas características diferenciam os mamíferos de todos os outros vertebrados:

glândulas mamárias produtoras de leite com substâncias nutritivas para alimentação dos recém-nascidos;
corpo coberto por pêlos, estruturas de origem epidérmica, ricas em queratina, e elaboradas por folículos pilosos;
artéria aorta voltada para o lado esquerdo do coração (nas aves, a aorta é voltada para o lado direito do coração);
pele contendo glândulas sebáceas, cuja secreção oleosa lubrifica os pelos e a própria pele, e glândulas sudoríparas,
produtoras de suor (na verdade, um filtro de água, sais e ureias), recurso de manutenção da homeotermia e via de eliminação
de excretas. Ambas as glândulas têm origem epidérmica;
músculo diafragma, localizado entre o tórax e o abdômen, utilizado na ventilação pulmonar;
placenta, órgão que regula as trocas de alimento entre o sangue materno e o sangue fetal, presente na maioria dos mamíferos
chamados placentários.

Respiração, excreção e circulação em mamíferos


As trocas gasosas respiratórias ocorrem exclusivamente nos pulmões, cuja superfície é ampliada por alvéolos ricamente
vascularizados. Os movimentos respiratórios de inspiração e expiração ocorrem graças à ação de músculos localizados entre
as costelas (musculatura intercostal) e, também, pela ação do diafragma, importante músculo estriado que separa o tórax do
abdômen.

Nos mamíferos, o principal produto de excreção nitrogenada é a ureia, substância sintetizada no fígado e filtrada no rim.

O coração dos mamíferos, a exemplo das aves, possui quatro cavidades: dois átrios e dois ventrículos. Não há misturas de
sangues. A diferença em relação ao coração das aves é que a artéria aorta, que encaminha o sangue oxigenado para o corpo,
é curvada para o lado esquerdo do coração. A circulação é dupla e completa.

Os dentes
Os mamíferos apresentam uma grande variedade de dentes com funções específicas. Os incisivos são planos e servem para
cortar; os caninos são pontiagudos e são usados para estraçalhar a carne. Os molares são largos e com protuberâncias e
servem para mastigar. O número e o tipo de dentes variam de acordo com a alimentação de cada espécie. Os carnívoros
possuem os caninos e os molares muito desenvolvidos; os herbívoros não têm caninos, já que não precisam deles para cortar
o pasto.

Sistema nervoso
O cérebro dos mamíferos possui muitas circunvoluções ou dobras, que aumentam a superfície do órgão e o número de células
nervosas.

Por esta razão, os mamíferos desenvolveram um comportamento complexo, que pode ser percebido em atitudes como as
estratégias de caça, o cuidado com os filhotes, a adaptação a qualquer ambiente e os diferentes sistemas de comunicação
estabelecidos entre os indivíduos da mesma espécie.

A reprodução: surge a placenta


Os sexos são separados. O dimorfismo sexual é acentuado, isto é, as fêmeas possuem características externas que as
diferenciam dos machos e vice-versa. A fecundação é interna. Na grande maioria, o desenvolvimento embrionário ocorre no
interior do corpo materno, em um órgão musculoso chamado útero. Surge um órgão de trocas metabólicas, a placenta
organizada por tecidos maternos e tecidos do embrião. Alimentos, oxigênio, anticorpos e hormônios são passados do sangue
materno para o embrionário que, em troca, transfere para a mãe excretas e gás carbônico.

A vesícula amniótica, muito desenvolvida, desempenha importante papel protetor ao amortecer choques que incidem contra a
parede abdominal da fêmea e também ao possibilitar um meio aquático para o desenvolvimento embrionário. A vesícula
vitelínica e alantoide perdem sua função, que passa a ser desempenhada pela placenta.

Classificação dos mamíferos

Na Terra atual existem três subclasses de mamíferos:

Monotremados. São mamíferos primitivos cuja boca possui bico córneo e que se reproduzem por meio da postura de ovos.

Os representantes atuais, os ornitorrincos e as equidnas restringem-se à região australiana (Austrália e Nova Guiné);

Marsupiais. Esse grupo inclui representantes da fauna australiana, como os cangurus e os coalas, e representantes
norte-americanos e sul-americanos, como os nossos gambás e cuícas. Após curta fase de desenvolvimento em uma dobra da
pele do abdômen da mãe, com aspecto de bolsa, o marsúpio;

Placentários. Inclui a maioria dos mamíferos, separados em ordens como a dos carnívoros, roedores, ungulados, cetáceos,
quirópteros e a dos primatas, à qual pertence a espécie humana. Nesses animais, útero e placenta são bem desenvolvidos, o
que permite o desenvolvimento no interior do organismo materno.
Fisiologia animal

A fisiologia é o ramo da biologia que estuda o funcionamento do organismo, ou seja, as múltiplas funções mecânicas, físicas e
bioquímicas nos seres vivos.

Estudaremos agora a fisiologia animal, que estende os métodos de estudo da fisiologia humana para espécies não-humanas.
Vamos iniciar pela digestão.

Digestão
Nos seres unicelulares, todos os problemas de sobrevivência são resolvidos pela única célula. Nos pluricelulares, a execução
de todas as tarefas relacionadas à sobrevivência é dificultada pelo grande número de células. Nem todas ficam próximas das
fontes de alimento e oxigênio. A distância das células mais internas em relação ao meio ambiente é grande. A remoção das
excretas passa a ser trabalhosa. A divisão do trabalho, exercida por diferentes tecidos e sistemas, passou a ser uma das
principais características desses seres.

A adaptação à vida pluricelular envolveu, então, a organização de diferentes sistemas, cada qual destinado a determinada
tarefa, mas todos mantendo relações de interdependência a fim de exercerem eficazmente suas funções.

Digestão: Quebra de Alimentos


Digestão é o processo de transformação de moléculas de grande tamanho, por hidrólise enzimática, liberando unidades
menores que possam ser absorvidas e utilizadas pelas células.

Dessa forma, proteínas, gorduras e carboidratos, por exemplo, são desdobrados em aminoácidos, ácidos graxos e glicerol,
glicose e outros monossacarídeos, respectivamente.

Dois tipos de digestão: Extra e Intracelular


Nos protozoários, a digestão do alimento deve ser efetuada no interior da célula, caracterizando o processo de digestão
intracelular. De modo geral, são formados vacúolos digestivos no interior dos quais a digestão é processada.

Nos animais pluricelulares mais simples, como as esponjas, a digestão é exclusivamente intracelular e ocorre no interior de
células especiais conhecidas como coanócitos e amebócitos. Nos celenterados e platelmintos, já existe uma cavidade
digestiva incompleta, isto é, como uma única abertura - a boca. Nesses animais, mas o término ainda é intracelular.

À medida que os grupos animais ficam mais complexos, a digestão ocorre exclusivamente na cavidade digestiva, ou seja, é
totalmente extracelular. É o que acontece a partir dos nematelmintos, nos quais a eficiência do processo digestivo garante a
fragmentação total do alimento na cavidade digestiva.

Os resíduos alimentares não digeridos são eliminados pelos ânus. Os primeiros animais com cavidade digestiva completa
(boca e ânus) pertencem ao grupo dos nematelmintos.

No homem e em todos os vertebrados, a digestão é extracelular e ocorre inteiramente na cavidade do tubo digestório.

Características do Sistema Digestório


O tubo digestivo humano apresenta as seguintes regiões; boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso
e ânus. A parede do tubo digestivo tem a mesma estrutura da boca ao ânus, sendo formada por quatro camadas: mucosa,
submucosa, muscular e adventícia.

Os dentes e a língua preparam o alimento para a digestão, por meio da mastigação, os dentes reduzem os alimentos em
pequenos pedaços, misturando-os à saliva, o que irá facilitar a futura ação das enzimas. A língua movimenta o alimento
empurrando-o em direção a garganta, para que seja engolido. Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas,
cujas células sensoriais percebem os quatro sabores primários: doce, azedo, salgado e amargo.

A presença de alimento na boca, como sua visão e cheiro, estimula as glândulas salivares a secretar saliva, que contém a
enzima amilase salivar ou ptialina, além de sais e outras substâncias.

A amilase salivar digere o amido e outros polissacarídeos (como o glicogênio), reduzindo-os em moléculas de maltose
(dissacarídeo).

Os sais, na saliva, neutralizam substâncias ácidas e mantêm, na boca, um pH levemente ácido (6, 7), ideal para a ação da
ptialina. O alimento, que se transforma em bolo alimentar, é empurrado pela língua para o fundo da faringe, sendo
encaminhado para o esôfago, impulsionado pelas ondas peristálticas (como mostra a figura a baixo), levando entre 5 e 10
segundos para percorrer o esôfago.
Através dos peristaltismos, você pode ficar de cabeça para baixo e, mesmo assim, seu alimento chegará ao intestino.

Entra em ação um mecanismo para fechar a laringe, evitando que o alimento penetre nas vias respiratórias. Quando a cárdia
(anel muscular, esfíncter) se relaxa, permite a passagem do alimento para o interior do estômago.

Estômago e suco gástrico

No estômago, o alimento é misturado com a secreção estomacal, o suco gástrico (solução rica em ácido clorídrico e em
enzimas (pepsina e renina).

A pepsina decompõe as proteínas em peptídeos pequenos. A renina, produzida em grande quantidade no estômago de
recém-nascidos, separa o leite em frações líquidas e sólidas. Apesar de estarem protegidas por uma densa camada de muco,
as células da mucosa estomacal são continuamente lesadas e mortas pela ação do suco gástrico. Por isso, a mucosa está
sempre sendo regenerada. Estima-se que nossa superfície estomacal seja totalmente reconstituída a cada três dias.

O estômago produz cerca de três litros de suco gástrico por dia. O alimento pode permanecer no estômago por até quatro
horas ou mais e se mistura ao suco gástrico auxiliado pelas contrações da musculatura estomacal. O bolo alimentar
transforma-se em uma massa acidificada e semi-líquida, o quimo. Passando por um esfíncter muscular (o piloro), o quimo vai
sendo, aos poucos, liberado no intestino delgado, onde ocorre a parte mais importante da digestão.

Intestino delgado, suco pancreático e bile


O intestino delgado é dividido em três regiões: duodeno, jejuno e íleo. A digestão do quimo ocorre predominantemente no
duodeno e nas primeiras porções do jejuno. No duodeno atua também o suco pancreático, produzido pelo pâncreas, que
contêm diversas enzimas digestivas. Outra secreção que atua no duodeno é a bile, produzida no fígado, que apesar de não
conter enzimas, tem a importante função, entre outras, de transformar gorduras em gotículas microscópicas.

O suco pancreático
O pâncreas secreta o suco pancreático, uma solução alcalina formada por sais (dentre eles o bicarbonato de sódio), água e
diversas enzimas, cujas principais são:

tripsina e quimiotripsina, duas proteases que desdobrem as proteínas em peptídeos. Essas enzimas são liberadas pelo
pâncreas na forma inativa de tripsinogênio e quimotripsinogênio, respectivamente;
lipase pancreática, que atua na digestão de lipídios (triglicerídeos);
amilase pancreática (ou amilopsina) que atua sobre o amido, transformando-o em maltose;
diversas peptidases, que rompem ligações peptídicas existentes nos peptídeos formados na digestão de proteínas, levando à
liberação de aminoácidos;
nucleases, que digerem ácidos nucléicos.

Bile: ação física na digestão dos lipídeos


A bile é um líquido esverdeado produzido no fígado. Não contém enzimas digestivas. É rica em água e sais minerais de
natureza alcalina. É armazenada na vesícula biliar, onde é concentrada para posterior liberação no intestino delgado.

A ação da bile no processo digestivo é física. Age como um detergente e provoca a emulsificação das gorduras ao reduzir a
tensão superficial existente entre as moléculas lipídicas. Isso promove a formação de gotículas, o que aumenta a superfície
total de exposição dos lipídios, favorecendo, assim, a ação das lípases.

O suco entérico

O suco entérico (ou intestinal) é produzido pelas células da parede do intestino delgado. Em sua composição, existem muco e
enzimas que deverão completar a digestão dos alimentos. As principais enzimas presentes são:

sacarase, que atua na digestão da sacarose, liberando glicose e frutose;


lactase, que atua na lactose (dissacarídeo presente no leite), desdobrando-a em galactose e glicose;
maltase, que atua nas moléculas de maltose formadas na digestão prévia doa amido, liberando moléculas de glicose;
nucleotidases, que atuam nos nucleotídeos formados na digestão dos ácidos nucléicos, liberando pentoses, fosfatos e bases
nitrogenadas;
peptidases, que atuam nos peptídeos, levando à liberação de aminoácidos.
Hormônios
Durante a digestão, ocorre a formação de certos hormônios. Veja na tabela abaixo, os principais hormônios relacionados à
digestão:

Gastrina
Estômago
contato de alimentos protéicos com as paredes do estômago
eastimula a secreção de suco gástrico e a contração da musculatura estomacal
Secretina
Intestino delgado
contato do HCl estomacal com o duodeno
estimula o pâncreas a produzir suco rico em bicarbonato e o fígado a secretar bile

Colecistoquinina ou Pancreozimina
Intestino delgado
contato de lipídios e aminoácidos na parede duodenal
estimula a liberação de enzimas digestivas e liberação de bile no duodeno

Enterogastrona
Intestino delgado
presença de gordura no intestino delgado
inibe a secreção de suco gástrico bem como a motilidade do estômago
Absorção de nutrientes no intestino delgado
O álcool etílico, alguns sais e a água, podem ser absorvidos diretamente no estômago. A maioria dos nutrientes são
absorvidos pela mucosa do intestino delgado, de onde passa para a corrente sanguínea.

Aminoácidos e açúcares atravessam as células do revestimento intestinal e passam para o sangue, que se encarrega de
distribuí-los a todas as células do corpo. O glicerol e os ácidos graxos resultantes da digestão de lipídios são absorvidos pelas
células intestinais, onde são convertidos em lipídios e agrupados, formando pequenos grãos, que são secretados nos vasos
linfáticos das vilosidades intestinais, atingindo a corrente sanguínea.

Depois de uma refeição rica em gorduras, o sangue fica com aparência leitosa, devido ao grande número de gotículas de
lipídios. Após uma refeição rica em açúcares, a glicose em excesso presente no sangue é absorvida pelas células hepáticas e
transformada em glicogênio e sendo convertida em glicose novamente assim que a taxa de glicose no sangue cai.

Absorção de água e de sais


Os restos de uma refeição levam cerca de nove horas para chegar ao intestino grosso, onde permanece por três dias
aproximadamente. Durante este período, parte da água e sais é absorvida. Na região final do cólon, a massa fecal (ou de
resíduos), se solidifica, transformando-se em fezes. Cerca de 30% da parte sólida das fezes é constituída por bactérias vivas e
mortas e os 70% são constituídos por sais, muco, fibras, celulose e outros não digeridos. A cor e estrutura das fezes são
devido à presença de pigmentos provenientes da bile.

Flora intestinal
No intestino grosso proliferam diversos tipos de bactérias, muitas mantendo relações amistosas, produzindo as vitaminas K e
B12, riboflavina, tiamina, em troca do abrigo e alimento de nosso intestino. Essas bactérias úteis constituem nossa flora
intestinal e evitam a proliferação de bactérias patogênicas que poderiam causar doenças.

Defecação
O reto, parte final do intestino grosso, fica geralmente vazio, enchendo-se de fezes pouco antes da defecação. A distensão
provocada pela presença de fezes estimula terminações nervosas do reto, permitindo a expulsão de fezes, processo
denominado defecação.

Digestão comparada

Os mamíferos necessitam de uma dieta nutritiva e abundante pois os custos metabólicos da manutenção de temperatura são
muito elevados, mas de acordo com o regime alimentar, o tubo digestivo pode apresentar adaptações específicas.

Nos carnívoros o aparelho digestivo é simples pois as proteínas, lípidios e sais minerais que se encontram na carne não
necessitam de digestão especializada. Nos onívoros o estômago é um saco de paredes musculosas e com glândulas
produtoras de ácido clorídrico e enzimas. A parede do estômago não é destruída por estes fluidos devido à proteção da
mucina, outra secreção gástrica. As plantas contêm glícidios complexos, como a celulose. Assim, nos herbívoros o intestino é
proporcionalmente maior, pois os vegetais são menos nutritivos e de digestão difícil. Dado que nenhum vertebrado produz
enzimas capazes de hidrolisar este polissacárideo, muitos herbívoros albergam bactérias em diversos compartimentos,
nomeadamente no ceco ou no próprio estômago, que nesse caso é subcompartimentado:

rúmen – onde se localizam as bactérias capazes de fermentar a celulose, que se reproduzem a uma taxa suficientemente
elevada para compensar as que são "perdidas" com a deslocação do bolo alimentar. O conteúdo deste compartimento
(bactérias e material vegetal) é regurgitado regularmente para a boca, quando o animal, num local seguro, mastiga
demoradamente o alimento ingerido apressadamente;
retículo - igualmente rico em bactérias fermentativas, recebe o bolo alimentar depois de remastigado na boca, permitindo uma
maior área de ataque às celulases bacterianas;
omaso - a pasta alimentar contendo enorme quantidade de bactérias fermentativas é "concentrada", devido à reabsorção de
água;
abomaso - compartimento correspondente ao estômago nos restantes mamíferos, secreta ácidos e proteases que completam
a digestão da forma tradicional.

Deste modo, estes animais ingerem maiores quantidades de alimentos, que permanecem muito tempo no tubo digestivo. Este
método digestivo é muito eficiente para uma dieta pobre em proteínas, pois as próprias bactérias são igualmente digeridas
tornando-se uma fonte de proteínas para o ruminante (uma vaca pode obter cerca de 100 g de proteínas por dia da digestão
das suas bactérias endossimbióticas).

Alguns herbívoros não ruminantes, como os coelhos e lebres, também contêm a sua própria flora fermentativa, geralmente em
divertículos especializados - ceco. No entanto, como o ceco abre no intestino grosso a absorção de nutrientes digeridos pelos
microrganismos é pouco eficaz e incompleta. Para o compensar, muitos destes animais ingerem as suas fezes - coprofagia.
Existem geralmente dois tipos de fezes nestes casos, um composto exclusivamente por detritos e outro, que é ingerido
diretamente do ânus, composto por material cecal, que irá então passar pelo estômago e intestino delgado, sendo os seus
nutrientes absorvidos.

O dióxido de carbono e o metano são produtos secundários do metabolismo fermentativo destas bactérias, podendo um
ruminante típico (uma vaca, por exemplo) produzir até 400 litros de metano por dia. Este fato torna o gado doméstico a
segunda mais importante causa do efeito de estufa na Terra (logo após a indústria).

O tamanho do animal é decisivo no tipo de dieta, e, logo, no tipo de sistema digestivo que irá apresentar. Nos pequenos
mamíferos a razão área/volume é elevada, significando que perdem grande quantidade de calor para o meio. Assim, devem
apresentar grandes necessidades calóricas e metabolismo elevado. Como não poderão tolerar uma digestão lenta como a dos
herbívoros, os mamíferos com menos de 500 g são quase todos insetívoros.

Pelo contrário, os mamíferos de maior porte geram mais calor e perdem menos calor, tolerando um processo de recolha de
alimento mais demorado (carnívoros que atacam presas de grande porte) ou uma digestão lenta (herbívoros).

Além disso, animais com mais de 500 g não conseguiriam recolher uma quantidade de insetos suficiente durante o dia. A
única exceção são os mamíferos que se alimentam de grandes quantidades de insetos coloniais (formigas ou térmitas).

O tubo digestivo humano pode ser considerado típico da classe dos mamíferos. O alimento introduzido na boca progride no
tubo pelos movimentos peristálticos involuntários. Embora a digestão se inicie na boca, é no estômago e intestino delgado que
ela se processa, com intervenção de grande variedade de enzimas. Estas são produzidas por glândulas gástricas e intestinais,
além de órgãos anexos como as glândulas salivares, pâncreas e fígado (a bílis não apresenta, no entanto, enzimas). A
absorção é facilitada pela presença no intestino delgado de pregas cobertas com vilosidades intestinais em forma de dedo de
luva, cujas células epiteliais ainda apresentam microvilosidades. Todo este conjunto aumenta grandemente a área de contato
entre os alimentos e a parede, facilitando a absorção, que se realiza por difusão ou por transporte ativo.

A necessidade de sais minerais

Cada vez mais fica evidente a importância de certos elementos químicos e substâncias minerais para o metabolismo humano.

A tabela abaixo resume os principais elementos químicos necessários ao organismo humano. Dentre eles, os macronutrientes
são os que utilizamos em grande quantidade, enquanto os micronutrientes, em pequenas quantidades.

Vitaminas

As vitaminas são substâncias utilizadas em pequenas doses pelo metabolismo celular. Quase sempre atuam como coenzimas
de importantes sistemas enzimáticos do nosso metabolismo.

Como não as produzimos - a exceção é a vitamina D, que depende, para sua síntese, de exposição ao Sol, é preciso obtê-las
dos alimentos que consumimos, frequentemente crus, uma vez que algumas são muito sensíveis a altas temperaturas, que
provocam a sua inativação. As vitaminas de utilização mais frequentes são divididas em dois grupos:

Lipossolúveis, cuja absorção pelo intestino é facilitada pela existência de lipídios na alimentação. São as vitaminas A, D, E e K;
Hidrossolúveis, as que são absorvidas em solução aquosa. São as vitaminas do complexo B e a vitamina C.

Problemas da digestão

Indigestão é uma perturbação das funções digestivas. É muito difícil encontrar uma pessoa que alguma vez não teve
indigestão, sendo que para a maioria das pessoas não passa de um incômodo passageiro.

No entanto, para algumas pessoas os sintomas da indigestão podem ser tão severos que interferem na atividade diária,
prejudicando a qualidade de vida.
Na indigestão breve, podemos nos sentir estufados depois de uma refeição opulenta, daí sentirmos certo alívio depois de
eliminarmos alguns "arrotos". Uma parte do ar arrotado provém do próprio ar engolido e uma outra parte, significativa, resulta
das reações químicas nos estômago e também da ingestão de bebidas gaseificadas.

Uma indigestão mais persistente pode ocasionar graves problemas de saúde que estão ligados à produção excessiva de ácido
pelo estômago. Assim, se "a válvula" que separa o esôfago do estômago estiver com problema, o suco produzido pelo
estômago pode subir para o esôfago, provocando sensação de "queimação", que pode se irradiar até a garganta. À noite, esse
fato costuma ser um problema, pois prejudica o descanso.

O refluxo constante de ácido e pepsina no esôfago pode provocar uma inflamação conhecida como esofagite. Além disso, a
indigestão mais persistente pode ocasionar uma doença muito disseminada na população, a úlcera

Úlcera

As úlceras são rupturas na superfície de um órgão ou tecido inflamado ou não. Normalmente, aparecem na parede do
estômago, é a doença mais comum do aparelho digestivo. Desenvolve-se em forma de uma cratera esbranquiçada com uma
orla avermelhada e áspera. Podem ser rasas ou profundas, do tamanho de uma moeda.

Pode ser provocada pelo desequilíbrio entre a ação do ácido e a proteção da mucosa que reveste o órgão. Seu sintoma mais
comum é a dor que aparece aproximadamente de uma a três horas depois das refeições, todos os dias e no mesmo horário.
Esta dor pode sumir, mas isso não quer dizer que esta cicatrizou, pois a qualquer momento a dor volta sob forma intensa.

A úlcera pode ser descoberta através de exames de raios-X, endoscopia ou gastroscopia. Pode ainda combinar a biópsia ao
exame de gastroscopia para verificar a presença ou não de câncer estomacal. A alimentação de uma pessoa ulcerosa deve
ser feita em três pequenas refeições seguidas de refeições leves nos intervalos e antiácidos evitando sempre os alimentos que
estimulam a produção de ácido.

O tratamento é feito com antiácidos, antibióticos e com reeducação alimentar. O repouso é um fator importante no tratamento,
pois evita o estresse, o cansaço, as tensões e ajuda o estômago a não empurrar os vasos sanguíneos. Em casos graves, a
cirurgia é necessária.

Entre metade e um terço da população mundial é portadora da bactéria Helicobacter pylory, uma bactéria lenta que infecta
alguns estômagos e pode provocar úlceras e câncer neste local.

Para podermos prevenir a doença devemos tomar alguns cuidados alimentares, por exemplo:

diminuir frituras (dar preferência aos cozidos, assados ou grelhados) e alimentos gordurosos em geral, carne vermelha, café,
chás e bebidas alcoólicas em demasia;
nas saladas, diminuir ou evitar pimenta, sal e vinagre;
reduzir a ingestão de líquidos às refeições

Circulação

As células de todos os seres vivos precisam receber nutrientes e eliminar os resíduos de seu metabolismo.

Nos animais mais complexos e que possuem sistemas especializados no transporte de inúmeras substâncias, há um coração
que bombeia o líquido circulante para as células com uma determinada frequência. O líquido circulante pode ser incolor,
chamado de hemolinfa, presente nos insetos, ou colorido e neste caso recebe o nome de sangue. A cor é determinada pela
existência de pigmentos, como é o caso da hemoglobina presente em muitos invertebrados e em todos os vertebrados, que
contêm átomos de ferro responsáveis pela coloração avermelhada do sangue.

Como se dá a circulação nos diferentes filos animais.

Os dois tipos de sistemas circulatórios


Nos animais, há dois tipos de sistema circulatório: sistema aberto e sistema fechado. No sistema circulatório aberto, o líquido
bombeado pelo coração periodicamente abandona os vasos e cai em lacunas corporais. Nessas cavidades, as trocas de
substâncias entre o líquido e as células são lentas. Vagarosamente, o líquido retorna para o coração, que novamente o
bombeias para os tecidos. Esse sistema é encontrado entre os artrópodes e na maioria dos moluscos. A lentidão de transporte
de materiais é fator limitante ao tamanho dos animais. Além disso, por se tratar de um sistema aberto, a pressão não é grande,
suficiente apenas para o sangue alcançar pequenas distâncias.

No sistema fechado, o sangue nunca abandona os vasos. No lugar das lacunas corporais, existe uma grande rede de vasos
de paredes finas, os capilares, pelos quais ocorrem troca de substâncias entre o sangue e os tecidos. Nesse tipo de sistemas,
o líquido circulante fica constantemente em movimento, a circulação é rápida. A pressão desenvolvida pela bomba cardíaca é
elevada e o sangue pode alcançar grandes distâncias. O tamanho dos animais pode ser maior. Esse tipo de sistema
circulatório é encontrado nos anelídeos, em alguns moluscos ágeis (lulas e polvos) e em todos os vertebrados.
A circulação humana

No ser humano, como em todos os mamíferos, a circulação é feita através de um sistema fechado de vasos sanguíneos, cujo
núcleo funcional é o coração.

A circulação é responsável pela disseminação de alimentos e de oxigênio e retirada dos restos formados pelas atividades
celulares, esse trabalho é executo pelo sangue.

Coração Humano
- Tamanho: aproximadamente o de um punho fechado.
- Peso: cerca de 300 gramas.
- Número de batimentos cardíacos por minuto: bate ente 72 e 80 vezes/min.
- Função: mantém uma corrente constante de sangue venoso para os pulmões e outra de sangue arterial para as diferentes
partes do corpo.

O coração é um músculo oco, de fibras estriadas, revestido externamente pelo pericárdio (serosa) e dividido por um septo
vertical em duas metades. Cada metade consiste de duas câmaras: 1 aurícula superior e 1 ventrículo inferior. Entre cada
câmara há uma válvula, a tricúspide do lado direito do coração e a bicúspide ou mitral, do lado esquerdo.

Estas válvulas abrem-se em direção aos ventrículos durante a contração das aurículas e, em seguida, fecham-se, impedindo o
refluxo do sangue. Na aurícula direita chegam às veias cavas superior e inferior e na aurícula esquerda, as quatro veias
pulmonares.

Do ventrículo direito sai a artéria pulmonar e do ventrículo esquerdo sai a artéria aorta. Em cada contração, o sangue é
bombeado, com certa pressão, para o interior dos vasos sanguíneos (artérias, arteríola, capilares vênulas e veias).

O coração funciona como uma bomba e seu trabalho resulta na circulação do sangue no organismo. Esse trabalho é possível
graças à presença de uma musculatura cardíaca chamada miocárdio. Quando o coração se relaxa (diástole), enche-se de
sangue, que chega através das veias; ao contrair os vasos, artérias, o sangue é levado para todo o organismo.

Os movimentos cardíacos: Sístole e Diástole

A contração ventricular é conhecida como sístole e nela ocorre o esvaziamento dos ventrículos. O relaxamento ventricular é
conhecido como diástole e é nessa fase que os ventrículos recebem sangue dos átrios.

A contração ventricular força, então, a passagem de sangue para as artérias pulmonar e aorta, cujas válvulas semilunares
(três membranas em forma de meia lua) se abrem para permitir a passagem de sangue. Uma vez no interior desses vasos, o
retorno do sangue (refluxo) para os ventrículos a partir das artérias aorta e pulmonar é evitado pelo súbito fechamento dessas
mesmas válvulas.

O sangue

Os glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas são como as peças de um carro. Cada um tem uma função definida.

Os glóbulos vermelhos levam oxigênio. Os brancos combatem infecções, ou seja, vírus e bactérias que atacam o corpo e nos
deixam doentes. E as plaquetas ficam responsáveis por parar os sangramentos, como quando alguém faz um corte na mão -
ou seja, a plaqueta ajuda na coagulação do sangue. Os três estão misturados numa substância líquida chamada plasma. Um
homem tem em média 5 milhões de glóbulos vermelhos por milímetro cúbico de sangue.

O sangue não anda só por avenidas. Existem também as ruas, que são as vênulas e as arteríolas - veias e artérias menores.
E ainda há ruazinhas chamadas de vasos capilares. Tudo isso porque o sangue tem que chegar em cada pequeno quarteirão
do nosso corpo, na mais remota periferia.

Olhe para sua mão: tem um monte de veias e artérias debaixo da pele. É assim no seu corpo inteiro. Por isso, quando você
leva um corte - não importa onde seja - sempre sai sangue. Tudo bem, o sangue está por todo o corpo. Mas quanto sangue,
exatamente?

Depende do tamanho da pessoa. Um adulto tem cinco litros, em média.

Características dos vasos


As artérias: Sua função é transportar sangue oxigenado sob uma pressão elevada aos tecidos, por esta razão as artérias têm
paredes vasculares fortes e o sangue flui rapidamente nelas. As artérias são tubos expansíveis que têm três capas:

Interna ou íntima: formada por tecido endotelial.


Média: composta principalmente por fibras elásticas.
Externa ou adventícia: composta principalmente por tecido fibroso. Pela presença do tecido elástico as artérias respondem de
forma passiva à pressão do sangue contido.
O tecido elástico perde a flexibilidade com a velhice e então as artérias tendem a encolher-se, tornando-se tortas e
endurecidas, o que faz com que a pressão se modifique.

As arteríolas: São as últimos partes do sistema arteriolar. Sua estrutura é similar às artérias, sendo a capa média
principalmente muscular, pelo que se espera que haja mudanças ativas e não passivas em seu calibre. Portanto a quantidade
de sangue que chega à camada capilar pode aumentar ou diminuir em resposta às necessidades dos tecidos e, às vezes, em
resposta à atividade emocional. Por exemplo: a palidez provocada pelo medo, a frieza das mãos devida à apreensão ou o
rubor facial ante a vergonha.

Os capilares: Os capilares são compostos de uma só capa: o endotélio. Em média, não medem mais do que 1mm de
comprimento e servem de conexão entre arteríolas e vênulas. A função dos capilares é intercambiar líquidos, nutrientes,
eletrólitos, hormônios e outras substâncias entre o sangue e o líquido intersticial ou tissular. Para esta função as paredes
capilares são muito finas e permeáveis às moléculas pequenas.

As vênulas e veias: As vênulas recolhem o sangue dos capilares. Estas se unem para formar veias. Possuem três capas como
as artérias, porém mais finas, especialmente a capa média. A pressão nelas é mais baixa em comparação com as artérias. As
veias atuam como condutoras para o transporte do sangue dos tecidos até o coração mas, de forma igualmente importante,
servem como reserva fundamental do sangue. As veias têm um calibre muito maior do que as artérias, sendo seu fluxo muito
mais lento. Estas devolvem ao coração o sangue contra a gravidade e, por isso, têm válvulas que fomentam o fluxo de retorno
venoso ao coração.

A congestão venosa que se sente nos pés quentes e cansados ao fim de um dia movimentado diminui colocando-se os pés
em posição mais alta do que o tronc

A pequena circulaçãoo

A artéria pulmonar parte do ventrículo direito e se bifurca logo em artéria pulmonar direita e artéria pulmonar esquerda, que
vão aos respectivos pulmões.

Uma vez dentro dos pulmões, ambas se dividem em tantos ramos quantos são os lobos pulmonares; depois uma posterior
subdivisão ao nível dos lóbulos pulmonares, estes se resolvem na rede pulmonar.

As paredes dos capilares são delgadíssimas e os gases respiratórios podem atravessá-las facilmente: o oxigênio do ar pode
assim passar dos ácinos pulmonares para o sangue; ao contrário, o anidrido carbônico abandona o sangue e entra nos ácinos
pulmonares, para ser depois lançado para fora. Aos capilares fazem seguimento as vênulas que se reúnem entre si até
formarem as veias pulmonares. Estas seguem o percurso das artérias e se lançam na aurícula esquerda. A artéria pulmonar
contém sangue escuro, sobrecarregado de anidrido carbônico (sangue venoso). As veias pulmonares contêm, contrariamente,
sangue que abandonou o anidrido carbônico e se carregou de oxigênio, tomando a cor vermelha (sangue arterial).

A grande circulação
A aorta, ponto de início da grande circulação, parte do ventrículo esquerdo. Forma um grande arco, que se dirige para trás e
para a esquerda, segue verticalmente para baixo, seguindo a coluna vertebral, atravessa depois o diafragma e penetra na
cavidade abdominal. Ao fim do seu trajeto, a aorta se divide nas duas artérias ilíacas, que vão aos membros inferiores. Da
aorta se destacam numerosos ramos que levam o sangue a várias regiões do organismo. Da aorta partem as artérias
subclávias que vão aos membros superiores e as artérias carótidas que levam o sangue à cabeça. Da aorta torácica partem as
artérias bronquiais, que vão aos brônquios e aos pulmões, as artérias do esôfago e as artérias intercostais.

Órgãos dos sentidos

Há várias maneiras de classificar os órgãos dos sentidos. Uma delas leva em conta a localização dos estímulos:

Receptores de contato: informam a respeito de estímulos que incidem sobre a superfície do organismo. São enquadrados
nesse tipo os receptores de pressão (tácteis), térmicos (termorreceptores) e químicos (quimiorreceptores);
Receptores de distância: informam a respeito de estímulos que se desenvolvem sem estarem em contato direto com o
organismo: luz, som e alguma substância química (olfato)
Proprioceptores: os que fornecem informações a respeito do próprio organismo (equilíbrio, postura, dor, etc).
Quanto aos proprioceptores, é importante lembrar a existência de receptores desse tipo em vertebrados e invertebrados.

Receptores de contato
Formados por células espalhadas ou localizadas, recebem estímulos específicos de pressão, térmicos e químicos,
enviando-os a centros superiores de comando do organismo.
A língua de muitos vertebrados possui grupos de células, organizadas em papilas gustativas (ou gustatórias), responsáveis
pelo reconhecimento do sabor de determinadas substâncias, evidentemente em solução aquosa.

Receptores de distância

Os receptores olfativos
O epitélio olfativo localizado nas fossas nasais da maioria dos vertebrados, por exemplo, é dotado de células especializadas
na captação de odores de vários tipos, mesmo em concentrações muito pequenas.

Há dois tipos de materiais no ambiente: os que desprendem partículas (como as rosas, os perfumes, o pão quentinho sendo
assado no forno) e outros que não (como o aço e o vidro). Essas particularidades fazem com que sintamos o cheiro das rosas,
mas não do vidro.

É isso mesmo: há coisas que cheiram e outras que não. No ar atmosférico, além de gases (oxigênio, nitrogênio, hélio, gás
carbônico) há inúmeras partículas voláteis, mas nem todas estimulam o sentido da olfação (o sentido do "cheiro"). Podemos
sentir em torno de 2000 a 4000 odores diferentes.
O órgão da olfação localiza-se dentro do nariz e capta as substâncias químicas voláteis do ar inspirado.

Quando um determinado cheiro nos chama a atenção, o investigamos olfatoriamente, aumentando a frequência de inspirações
curtas e dilatamos as narinas.

Como as células olfatórias detectam as substâncias odoríferas?


Os cílios das células olfatórias possuem moléculas receptoras especificas para determinadas moléculas odoríferas e quando
ambos se encaixam, a célula sensorial gera impulsos elétricos (ou impulso nervoso). O sinal nervoso é enviado para o
cérebro, onde, finalmente, a interpretação ocorre. A especificidade entre o receptor e molécula odorífera é tanta que a
molécula d-carvona evoca o cheiro da semente de alcaravia (um tipo de cominho árabe) mas se ela for modificada para
l-carvona, evocará o cheiro de hortelã!

Como os impulsos nervosos chegam ao cérebro?


Os impulsos olfatórios viajam pelo nervo olfatório e chegam ao cérebro através do bulbo olfatório. Mas é no córtex olfatório
que as informações odoríferas são interpretadas, identificando o cheiro que entrou pelo nariz. As informações sensoriais são
armazenadas pelo hipocampo para serem lembradas e também são enviadas ao hipotálamo para a organização de funções
viscerais (procurar alimento se for cheiro de comida ou apresentar náuseas (ânsia) e até vomito se for carniça). Assim como
toda experiência sensorial, a percepção olfativa desperta experiências emocionais e comportamentais.

A experiência olfativa varia de uma pessoa para a outra e da concentração do odor.


Por exemplo, João não sente cheiro nenhum e Maria pode ser extremamente sensível a uma grande variedade de odores. O
cianido de hidrogênio (gás utilizado na tentativa de exterminação de judeus durante a Segunda Grande Guerra Mundial pelos
nazistas) é um poderoso veneno: a cada 10 pessoas uma não consegue senti-lo. Ou seja, há pessoas com anosmia (déficit do
sentido olfatório) para um determinado grupo de substâncias como pessoas daltônicas. Além disso, para cada grupo de
odorantes a sensibilidade depende da concentração química: para sentir o éter etílico, é necessário uma concentração de 5,8
mg/litro mas para o metil mercaptano bastam apenas 0,5 ng/litro. Essa substância é adicionada ao gás de cozinha para
detectarmos um eventual vazamento!

As frutas e as flores produzem ésteres que evocam seus cheiros típicos. Ao cheirar uma banana madura, o seu epitélio
olfatório estará decodificando o acetato de isoamila! E se estiver cheirando uma laranja, o éster acetato de octila! A indústria
química produz vários flavorizantes (aromas artificiais) que são acrescentados na constituição de alimentos industrializados
com a finalidade de estimular o sentido olfatório e gustativo do consumidor.

Por que não sentimos o cheiro das coisas quando estamos resfriados?
Você já deve ter ficado resfriado com o nariz ‘entupido’ e percebido que não está sentindo direito os cheiros e nem o gosto dos
alimentos. Isto acontece porque os odorantes não alcançam os receptores olfatórios, por causa da intensa secreção mucosa
vindo das vias aéreas do trato respiratório.

Se não é possível realizar a transformação do estimulo químico em sinal sensorial, a via olfatória não poderá ativar o córtex
olfatório. Alem disso, quando a comida está dentro da boca, há liberação de partículas voláteis que chegam até o epitélio
olfatório, através da comunicação que se dá entre a faringe e a cavidade nasal.

Em outras palavras, o gosto do alimento não depende apenas do sentido gustativo, mas também do seu aroma. Quando
estamos resfriados, o aroma do alimento não alcança o epitélio olfatório, prejudicando a interpretação gustativa!

Os receptores de luz

Praticamente todos os animais possuem mecanismos para reconhecer luz. Poucos, porém, têm olhos.
Na base qualquer estrutura receptora de estímulos luminosos, entretanto, existem pigmentos fotossensíveis que, ao serem
atingidos por radiações de determinados comprimentos de onda, sofrem modificações energéticas, transmitindo-as a células
sensitivas.

Nos cnidários medusoides, encontram-se grupos de células dotadas de pigmentos que simplesmente reconhecem a existência
de luz. A partir daí, na escala zoológica, observam-se estruturas cada vez mais complexas.

Sempre que existe olho na escala animal, sua estrutura assemelha-se bastante à de um cálice voltado para o interior do corpo,
sendo a superfície coberta pela epiderme ou cutícula. Qualquer olho funciona como uma máquina fotográfica. Na superfície
interna do cálice existem células pigmentadas ligadas a sensitivas, que levam informações a centros superiores.

De modo geral, na frente do olho existe uma córnea, membrana epitelial protetora e transparente. A seguir, há um músculo, a
Iris, que funciona como se fosse um diafragma de máquina fotográfica. O orifício central é a pupila. A íris possui fibras
musculares lisas dispostas em círculo e radialmente. O diâmetro da pupila é regulado pela ação conjunta desses músculos, de
acordo com a luminosidade do ambiente, ajustando, assim, a quantidade de radiação luminosa que incide sobre a parte
sensível do globo ocular.

A variação do diâmetro da pupila regula a quantidade de luz que incide no interior do olho. Em seguida, vem uma lente, o
cristalino, ligada a músculos que regulam a sua curvatura, o que é importante para o mecanismo de focalização de objetos.
Junto com a córnea e com líquidos que existem no olho, essa lente constitui o meio a ser atravessado pela luz, no caminho em
direção a uma camada contendo células pigmentadas, chamada retina.

Na retina, dois tipos de células que contêm pigmentos em seu interior chamam a atenção: os cones e os bastonetes. Os
bastonetes existem em maior quantidade na periferia da retina e são estimulados com luz de baixa intensidade. É frequente
dizer que são usados para a visão no escuro e não registram cores. Os cones, por sua vez, ocorrem principalmente na região
central da retina e seu estímulo depende de altas intensidades luminosas, reconhecem cores e diz-se que são células
utilizadas quando há claridade.

Quando os pigmentos são estimulados, eles geram modificações energéticas, que são transmitidas as células sensitivas, cujos
prolongamentos se reúnem, formando o nervo óptico. Este conecta-se com o cérebro, conduzindo os impulsos para
determinada área do lobo occipital, onde as informações são decodificadas e as imagens são reconhecidas.

Observe que no ponto de onde sai o nervo óptico em direção ao cérebro não há bastonetes ou cones – portanto nesse local
não há formação de imagens, sendo chamado de ponto cego.

Os receptores auditivos

Audição em peixes
Os ouvidos dos peixes são embutidos nos ossos do crânio, um em cada lado da cabeça.

São constituídos por um sáculo, um utrículo e três canais semicirculares.

Por causa de sua localização são denominados ouvidos internos.

As ondas sonoras transmitidas pela água atingem o corpo do peixe, propagando-se pelos ossos do crânio até o sáculo. As
vibrações sonoras são transmitidas ao líquido que preenche o sáculo e, com isso, células sensoriais localizadas na parede do
sacúolo são estimuladas. Os impulsos nervosos gerados nessas células são conduzidos pelo nervo auditivo até o encéfalo,
que os interpreta como sons.

A bexiga natatória também vibra em resposta a sons e pode transferir essas vibrações para o sáculo. Alguns peixes tem uma
série de ossos estrategicamente dispostos, que conduzem as vibrações da bexiga natatória até o ouvido interno.

Linha lateral
Os ouvidos dos peixes captam apenas sons de alta frequência; sons de baixa frequência são percebidos por um conjunto de
sensores localizados na linha lateral.

A linha lateral consiste em uma série de poros interconectados por canais, dispostos sob a pele, nas laterais do corpo. No
interior desses canais existem agrupamentos de células sensoriais ciliadas, que respondem à movimentação da água. Quando
a água se move dentro dos canais, os pêlos sensoriais se dobram gerando impulsos nervosos que são enviados ao sistema
nervoso central.

Por meio das informações recebidas na linha lateral, um peixe detecta correntes de água e pequenas vibrações, relacionadas
com a presença de obstáculos e de corpos em movimento, tais como predadores, presas etc.

Audição dos anfíbios


O ouvido interno dos anfíbios é semelhante ao dos peixes. Os anfíbios, porém, também possuem ouvido médio – um tubo
cheio de ar que comunica a parede do sáculo com a superfície do corpo. A abertura exterior do ouvido médio é guarnecida
pela membrana timpânica. No interior do ouvido médio dos anfíbios existe um pequeno osso cujas extremidades ficam presas
à membrana timpânica e à parede do sáculo.

Os sons fazem a membrana timpânica vibrar e, com isso, o ossículo do ouvido médio também vibra, transmitindo a vibração à
parede do sáculo e ao líquido presente em seu interior. Isso estimula as células sensoriais ciliadas a gerar impulsos nervosos
que, atingindo o centro auditivo do encéfalo, produzem a sensação de sons.

Como os artrópodes ouvem

Muitos insetos têm pelos corporais capazes de vibrar em resposta a ondas sonoras de determinadas frequências, o que
permite detectar diversos tipos de som. Outros possuem órgãos mais elaborados de captação de sons – os órgãos timpânicos
– localizados geralmente nas patas.

Os órgãos timpânicos são constituídos por uma membrana (tímpano) que vibra em resposta a determinadas frequências
sonoras.

A vibração estimula mecanorreceptores localizados sob a membrana timpânica, gerando impulsos nervosos que são
transmitidos até os gânglios cerebrais, onde serão interpretados como sons.

Graças a seus pêlos sensoriais e órgãos timpânicos, certas mariposas conseguem detectar os sons de alta frequência
emitidos pelos morcegos, seus predadores. Dessa forma, localizam o inimigo e podem realizar uma fuga estratégica.

Audição de répteis e aves


Nos répteis e aves, e também nos mamíferos, além dos ouvidos interno e médio, há o ouvido externo. A membrana timpânica
não se encontra exposta, mas localizada em uma depressão tubular da cabeça, que constitui o ouvido externo.

O ouvido médio de aves e répteis assemelha-se ao dos anfíbios. Consistem em um tubo cheio de ar com um ossículo no
interior. Esse ossículo tem uma das extremidades presa à membrana timpânica e a outra, à uma projeção do sáculo
denominada cóclea.

As ondas sonoras que se propagam pelo canal do ouvido externo atingem a membrana timpânica, fazendo-a vibrar. Essas
vibrações se transmitem, pelo ossículo do ouvido médio, até a cóclea. A vibração da parede da cóclea movimenta o líquido
presente em seu interior estimulando as células sensoriais ali presentes.

Audição em mamíferos
Nos mamíferos, bem como nos répteis e aves, as estruturas responsáveis pela a audição são o ouvido externo, o ouvido
médio e a cóclea. Os canais semi-circulares, o sáculo e o utrículo, como já vimos, são responsáveis pelo equilíbrio.

O ouvido externo dos mamíferos é um canal que se abre para o meio exterior na orelha. A orelha, é uma projeção da pele,
sustentada por tecido cartilaginoso, que funciona como uma concha captadora de sons. O epitélio que reveste o canal auditivo
externo é rico em células secretoras de cera, cuja função é reter partículas de poeira e microorganismos, protegendo assim, as
partes internas do ouvido.

O ouvido médio, separado do ouvido externo pelo tímpano (membrana timpânica), é um canal estreito e cheio de ar, localizado
dentro do osso temporal. No interior do ouvido médio dos mamíferos existem três pequenos ossos, alinhados, em sequência,
do tímpano ao ouvido interno. Esses ossículos são denominados martelo, bigorna e estribo.

Trompa de Eustáquio
O ouvido médio possui uma comunicação com a garganta através de um canal flexível, a trompa de Eustáquio.

A função da trompa de Eustáquio é equilibrar as pressões do ouvido e do meio externo. Quando subimos ou descemos
rapidamente uma serra, temos uma sensação de pressão nos ouvidos, que resulta do desequilíbrio entre a pressão
atmosférica e a pressão do ar em nosso ouvido médio. Quando subimos, a pressão atmosférica diminui em relação à do
ouvido, de modo que o tímpano é pressionado de dentro para fora.

Quando descemos, ocorre o inverso: a pressão atmosférica aumenta, em relação à do ouvido, e o tímpano é pressionado para
dentro. Quando as trompas de Eustáquio se abrem, as pressões dentro e fora do ouvido se igualam. A abertura da trompas é
facilitada pela deglutição, de modo que comer, mascar chiclete, ou mesmo engolir saliva, facilita a ambientação dos ouvidos às
variações de pressão externa.

Como ouvimos os sons

Cóclea
A cóclea é a parte do ouvido interno responsável pela audição. É um longo tubo cônico, enrolado como uma concha de um
caracol.

No interior da cóclea há uma estrutura complexa, denominada órgão de Corti, responsável pela captação dos estímulos
produzidos pelas ondas sonoras.

A orelha funciona como uma concha acústica, que capta os sons e os direciona para o canal auditivo. As ondas sonoras fazem
vibrar o ar dentro do canal do ouvido e a vibração é transmitida ao tímpano.

Esticada como a pele de um tambor, a membrana timpânica vibra, movendo o osso martelo, que faz vibrar o osso bigorna, que
por sua vez, faz vibrar o osso estribo. Esses ossículos funcionam como amplificadores das vibrações. A base do osso estribo
se conecta a uma região da membrana da cóclea denominada janela oval, e a faz vibrar, comunicando a vibração ao líquido
coclear.

O movimento desse líquido faz vibrar a membrana basilar e as células sensoriais. Os pelos dessas células, ao encostar
levemente na membrana tectórica, geram impulsos nervosos, que são transmitidos pelo nervo auditivo ao centro de audição
do córtex cerebral.

Equilíbrio e audição

Tanto o sentido do equilíbrio como a da audição dependem da ação de mecanorreceptores, células dotadas de pelos que
detectam a movimentação de partículas sólidas ou de líquido.

Os sentidos de equilíbrio e de audição nos invertebrados


A maioria dos animais mantém uma orientação definida em relação à gravidade da Terra; quando tirados de sua posição
típica, tentam retornar a ela. Isso acontece graças a presença de receptores especiais, os estatorreceptores, que informam
continuamente o sistema nervoso a respeito da posição do corpo.

Estatocistos
Alguns celenterados (medusas), diversos moluscos, diversos anelídeos e a maioria dos artrópodos possuem órgãos de
equilíbrio, denominados estatocistos, cuja função é perceber o sentido em que a força da gravidade está agindo no corpo. Um
estatocisto é, basicamente, uma bolsa interna forrada por células estatorreceptoras, dotadas de pêlos sensoriais.

Dentro dessa bolsa está uma estrutura chamada estatólito, formada por uma ou mais pedrinhas aderidas entre si. O estatólito,
atraído pela força da gravidade, pressiona e estimula as células sensoriais que entram em contato com ele.

Quando o animal altera a sua posição, as células em contato com o estatólito mudam, é essa alteração no padrão de
estimulação que permite ao sistema nervoso reconhecer a mudança de posição do animal.

Órgãos de equilíbrio dos vertebrados


Nos vertebrados, o equilíbrio e a sensação de movimentos resultam da ação de mecanorreceptores localizados em três tipos
de estruturas presentes no ouvido interno: o sáculo, o utrícolo e os canais semicirculares.

O sáculo e o utrículo são duas bolsas cheias de líquido, cujas paredes internas possuem aglomerados de células sensoriais
ciliadas. Os canais semicirculares são três tubos curvos, também cheio de líquido, localizados acima do utrículo. Na base de
cada canal semicircular existe uma dilatação chamada ampola, onde há um aglomerado de células sensoriais ciliadas,
envoltas em uma massa gelatinosa.

Canais semicirculares e percepção de movimento

Os canais semicirculares estão relacionados com a percepção dos movimentos que o corpo executa.

Quando a cabeça de um vertebrado se movimenta, a inércia do líquido no interior dos canais semicirculares exerce pressão
sobre a massa gelatinosa que envolve os cílios das células sensoriais, localizadas nas ampolas. A pressão faz com que os
cílios se curvem, estimulando as células sensoriais a gerar impulsos nervosos e transmiti-los ao encéfalo.

Se rodarmos a cabeça a uma velocidade constante, o líquido no interior dos canais semicirculares vai passando a se mover
em consonância com os canais, o que diminui a pressão sobre as células sensoriais. Se pararmos bruscamente de rodopiar,
porém, o liquido dos canais semicirculares continua a se mover devido a inércia estimulando as células sensoriais. A sensação
de tontura que sentimos resulta do conflito de duas percepções: os olhos informam ao sistema nervoso que paramos de
rodopiar, mas o movimento inercial do líquido nos canais semicirculares do ouvido interno informam que a nossa cabeça ainda
está em movimento.

Sáculo, utrículo e percepção da força gravitacional


O sáculo e o utrículo informam ao encéfalo a posição da cabeça em relação a força da gravidade. Esses órgãos, porém,
também detectam movimentação, informando ao encéfalo sobre as mudanças na posição da cabeça , quando o animal se
desloca.

As células sensoriais do sacúolo e do utrículo estão agrupadas em estruturas denominadas máculas. Estas são recobertas por
uma camada de gelatina, sobre a qual ficam aderidas pedrinhas de carbonato de cálcio, os otólios. As máculas ficam
posicionadas em diferentes graus de inclinação em relação ao corpo, de tal forma que, quando uma está em posição
horizontal, uma outra fica em posição vertical. Mudanças na posição da cabeça fazem com que a força da gravidade, atraindo
os otólitos, estimule os cílios das células sensoriais. Os impulsos nervosos produzidos nas máculas permitem ao sistema
nervoso central calcular a orientação da força gravitacional. Assim, o animal percebe se está de cabeça para cima ou para
baixo e em que velocidade está se deslocando.

Outros órgãos que contribuem para o equilíbrio


A manutenção do equilíbrio do corpo não depende apenas do ouvido interno. Além da posição da cabeça, o encéfalo também
calcula as posições relativas do pescoço, das pernas e dos braços. Isso é feito a partir de informações transmitidas por células
propriorreceptoras, localizadas nos músculos, nos tendões e em órgãos internos.

Os olhos também participam do sentido do equilíbrio. As imagens captadas pela visão são combinadas no encéfalo com as
informações provenientes do ouvido interno. Em geral essas informações são coincidentes, isto é, quando o ouvido informa ao
encéfalo que estamos de cabeça para baixo, as imagens virtuais confirmam a informação auditiva.

As drogas "bagunçam" os sentidos

O aumento do uso de drogas tem se tornado um fato preocupante. A imensa maioria das pessoas entra nesse perigoso
caminho sem nenhum conhecimento dos graves problemas que estão por trás de alguns momentos de aparente bem-estar e
euforia.

Torna-se imperioso abrir essa discussão em sala de aula, buscando esclarecer as pessoas de maneira que elas possam dizer
não as drogas de modo consciente e definitivo:

“Drogas: Tô fora, gosto mais de mim”

O ecstasy
Uma das drogas ilegais que tem sido muito utilizada é o ecstasy, ou simplesmente "E", também conhecida como “pílula do
amor”.

Os riscos para a saúde de quem utiliza o ecstasy não são poucos. A substância que define o ecstasy é o MDMA, sigla de
metilenodioximetanfetamina. Com esse nome, a droga é confundida com as anfetaminas ou metaanfetaminas, outros
estimulantes sintéticos ilegais que deixam as pessoas “ligadas”.

Apesar de ser derivado da anfetamina, o composto MDMA tem uma parte de sua molécula semelhante à de um alucinógeno.
Essa substância atua sobre três neurotransmissores: a serotonina, a dopamina e a noradrenalina.

O mais atingido é a serotonina, que controla as emoções e também regula o domínio sensorial, o domínio motor e a
capacidade associativa do cérebro. O MDMA provoca uma descarga de serotonina nas células nervosas do cérebro para
produzir os efeitos de bem estar e leveza.

Como a serotonina também é reguladora da temperatura do corpo, outro risco imediato de quem ingere ecstasy é o da
hipertermia, ou superaquecimento do organismo. As mortes associadas a essa droga são decorrentes quase sempre da
elevação da temperatura do corpo acima dos 41ºC. A partir dessa temperatura, os riscos são iminentes. O sangue pode
coagular, provocando convulsões e parada cardíaca.

Outras drogas
Detivemo-nos um pouco mais na análise do ecstasy por se tratar de uma droga muito disseminada nesse momento. Porém,
vamos agora analisar resumidamente outras drogas que atuam sobre os neurônios imitando os neurotransmissores:

Cigarro: a nicotina encaixa-se nos receptores destinados à acetilcolina, atenuando a fome e a fadiga e gerando uma leve
sensação de euforia. Ela desempenha também o papel da dopamina, neurotransmissor associado à satisfação, e tem efeito
inibidor sobre o apetite. Fumar aumenta a chance de desenvolvimento de câncer de boca, de faringe, de pulmão, além de
muitos outros problemas de saúde, como enfarto do miocárdio e enfisema pulmonar.

Álcool: age de modo destrutivo, atacando diretamente o glutamato, um neurotransmissor envolvido em diversas funções, como
o raciocínio e o movimento.

Quando não destrói as moléculas de glutamato, o álcool provoca danos que dificultam o seu encaixe nos receptores. O álcool
pode causar diversos tipos de doenças, como é o caso da cirrose hepática, em que o fígado fica seriamente prejudicado.
Maconha: A substância ativa da maconha, o THC (tetra-hidrocanabiol) encaixa-se nos receptores destinados à anandamida,
um neurotransmissor que provoca euforia, alteração da memória e hipersensibilidade.

Causa dependência e pode levar a impotência sexual masculina.

Cocaína (droga ilegal): provoca o aumento da produção de dopamina e de noradrenalina, substâncias químicas estimulantes.
A dopamina cria uma sensação de satisfação e, em doses mais altas, de euforia. Os efeitos da cocaína são muito rápidos e
intensos. Causa dependência e pode levar à morte.

O quadro abaixo resume alguns efeitos e perigos de outras drogas, as duas primeiras ilegais e as demais de uso controlado
como medicamento, e pode ser o ponto de partida para discussões:

Osmorregulação e excreção

As células vivas estão sujeitas a sofrer osmose, um processo físico-químico que as leva a perder ou ganhar água, com
variação de volume.

Ao longo do processo evolutivo, os animais desenvolveram diversos mecanismos para regular o processo osmótico a que
estão sujeitos. Esses mecanismos constituem o que se denomina osmorregulação.

Animais osmoconfortantes
Muitas espécies de animais marinhos não sofrem osmose, pois a tonicidade de suas células e líquidos corporais é equivalente
à da água salgada. Tais animais são chamados de osmoconformes e não necessitam regular a concentração de seu meio
interno. Existem animais, porém, cuja a tonicidade interna é muito diferente da tonicidade do local em que vivem. Assim,
precisam controlar ativamente a quantidade de água que entre e sai do corpo devido à osmose. São por isso chamados de
osmorreguladores.

Osmorregulação no ambiente aquático


Animais marinhos
Tubarões e outros peixes cartilaginosos (raias, cações, quimeras etc.) são capazes de manter a tonicidade de seu sangue
próxima à da água do mar.

Isso é conseguido pela síntese e acúmulo, no sangue, de uma substância denominada ureia, que se constitui em um soluto
osmoticamente importante. A ureia é continuamente eliminada pelos rins, de tal maneira que o animal consegue controlar a
quantidade desse soluto no sangue. Os tubarões, possuem ainda uma glândula localizada no intestino reto, que
continuamente retira sais em excesso do sangue, eliminando-os pelo ânus.

Os peixes ósseos marinhos evoluíram, ao que tudo indica, de ancestrais de água doce. Como herança dessa origem, a
tonicidade de seus líquidos internos é bem menor que a tonicidade da água do mar. Por isso eles estão continuamente
perdendo água para o meio devido a osmose.

Para compensar essa perda, os peixes ósseos marinhos bebem água salgada e são capazes de eliminar o excesso de sal
ingerido através da superfície das brânquias.

Aves marinhas como as gaivotas e os albatrozes possuem glândulas nasais especializadas em eliminar excessos de sais do
corpo. Tartarugas marinhas também possuem glândulas semelhantes, que se abrem junto aos olhos.

Mamíferos marinhos como golfinhos e baleias, apesar de não beberem água salgada, sempre ingerem um pouco de água do
mar junto com os alimentos. O equilíbrio osmótico desses animais é conseguido por meio da eliminação de sais pelos rins na
urina.

Animais de água doce

Animais de água doce têm problema osmótico inverso ao dos animais de água salgada.

As células e líquidos internos dos animais de água doce são hipertônicos em relação ao meio, de modo que estão sempre
absorvendo água por osmose.

Os peixes de água doce têm de eliminar grande quantidade de água na urina e, com isso, perdem sais importantes. Essa
perda salina é compensada pela absorção ativa de sais através do epitélio que reveste as brânquias.

Animais estenoalinos e eurialinos


Animais aquáticos, sejam de água doce ou salgada, em geral não conseguem suportar variações pronunciadas na salinidade
do meio onde vivem. Eles são chamados de estenoalinos (do grego steno, estreito, e halos, sal) porque sobrevivem somente
em um estreito limite de salinidade da água.
Há animais, porém, capazes de sobreviver bem em ambientes aquáticos onde a salinidade varia muito. Eles são chamados
eurialinos (do grego eury, largo) porque suportam larga faixa de variação de salinidade. Moluscos, crustáceos e peixes que
vivem em estuários de rios, onde a salinidade varia de acordo com as marés, são exemplo de animais eurialinos.

Osmorregulação no ambiente terrestre


No ambiente terrestre os animais têm de ingerir água, bebendo-a ou comendo alimentos que contenham água. Têm, também
de evitar a perda de água por dessecação, desenvolvendo camadas impermeáveis, tais como a concha dos moluscos
terrestres, o exoesqueleto dos insetos ou a camada de queratina da epiderme dos vertebrados terrestres.

A perda de água foi o principal fator a limitar a colonização do ambiente de terra firme, haja visto que apenas um pequeno
número de filos animais atuais tem representantes terrestres. Dentre esses, os artrópodos e vertebrados foram os que
desenvolveram os mais eficientes mecanismos de obtenção e economia de água e de sais minerais.

Para os vertebrados terrestres, a osmorregulação consiste em ingerir água e sais em quantidades suficientes, evitando que
essas substâncias faltem ou se acumulem no sangue. Os rins são os principais órgãos encarregados de manter o sangue na
tonicidade adequada, através da eliminação dos excessos de água, sai e outras substâncias osmoticamente ativas na urina.

Excreção

Excreção é o mecanismo pelo qual as estruturas ou órgão excretores removem excretas, verdadeiros “lixos” celulares do
organismo, como amônia (NH3), ureia, CO2, sais e H2O.

Dessa forma, o organismo manterá o equilíbrio do meio interno, isto é, a homeostase.

Mecanismos excretores em animais


Nos animais pouco complexos que vivem no ambiente aquático, de modo geral a eliminação do lixo celular resultante do
metabolismo dá-se por simples difusão na superfície corporal. Assim, nos protozoários, esponjas e cnidários, os sais, a
amônia e o CO2 são excretados pela parede do corpo.

Nos platelmintos como a planária, os protonefrídios são formados por células flageladas (célula-flama) ligadas a túbulos e
poros excretores que se distribuem longitudinalmente em ambos os lados do corpo.

Nos anelídeos, os nefrídios segmentares – complexas estruturas associadas a capilares sanguíneos – encarregam-se da
expulsão dos resíduos nitrogenados. Nos artrópodes, várias estruturas estão relacionadas à excreção nitrogenada.

Dentre elas, podemos citar as glândulas verdes dos crustáceos, as glândulas coxais dos aracnídeos e os túbulos de Malpighi,
encontrados tanto em aracnídeos como em insetos.

Nos vertebrados, os principais órgãos excretores são os rins. Ao receber o sangue contendo diferentes tipos de substâncias,
úteis ou não, os rins efetuam um processo de filtragem, selecionando o que será eliminado e devolvendo ao sangue o que
poderá ser reutilizado.

A principal função dos carboidratos, como, por exemplo, a glicose, é ser fonte para a produção de ATP pelas células. Os
ácidos graxos, originados a partir da digestão de gorduras, e alguns aminoácidos também são utilizados pelas células para a
obtenção de ATP (com exceção dos neurônios cerebrais). Para isso, os aminoácidos sofrem inicialmente desaminação, isto é,
perdem o radical amina. O restante da molécula pode ser “quebrado” pelo processo da respiração celular em CO2 e H2O com
liberação de grande quantidade de ATP. A desaminação do aminoácido ocorre no fígado, e o radical amina é convertido em
amônia.

Invertebrados e muitos peixes de água doce excretam amônia, substância altamente tóxica e solúvel, que demanda grande
quantidade de água para ser eliminada. Por isso esse tipo de excreta ocorre apenas em animais aquáticos, para os quais
obterem água não é um problema. Animais cujo principal produto de excreção é a amônia são denominados amoniotélicos.

Animais terrestres transformam a amônia em ureia ou em ácido úrico. Essas substâncias por serem muito menos tóxicas que
a amônia, podem ser acumuladas temporariamente no corpo e excretadas em soluções concentradas, sem que haja grande
perda de água pelo organismo. A ureia é o principal excreta dos mamíferos e de anfíbios adultos (larvas de anfíbios excretam
amônia), sendo eliminada dissolvida em água, formando a urina. Animais cujo principal produto de excreção é a ureia são
denominados ureotélicos.

O ácido úrico é o principal excreta dos insetos, caramujos terrestres, aves e alguns répteis, sendo eliminado juntamente com
as fezes, na forma de uma pasta de cor esbranquiçada, altamente concentrada. O fato de o ácido úrico poder ser excretado
praticamente sem que haja perda de água constitui uma importante adaptação para a economia de água no ambiente
terrestre. Animais cujo principal produto de excreção é o ácido úrico são denominados uricotélicos.

A excreção nos seres humanos


O principal produto de excreção nitrogenado nos seres humanos é a ureia. Ela é sintetizada no fígado, a partir de amônia, em
uma série de reações químicas conhecidas como ciclo da ureia.

As excreções produzidas em nosso metabolismo são eliminadas por diversos órgãos, entre eles a pele, os pulmões e
principalmente os rins. Pigmentos biliares, produzidos no fígado, são eliminados juntamente com as fezes, dando a elas a
coloração marrom característica.

Os rins
Localizados abaixo do diafragma, próximo à parede posterior do abdômen, os rins possuem o tamanho de um punho fechado
e seu formato assemelha-se ao de um grão de feijão. Cada um deles quando aberto longitudinalmente, apresenta uma região
periférica, o córtex renal, e outra mais interna, a medula renal.

No córtex renal estão as unidades funcionais dos rins, os néfrons. Cada néfron é um túbulo longo e enovelado, com uma
porção inicial semelhante a uma taça, a cápsula de Bowman. Em cada rim há mais de 1 milhão de néfrons.

A continuação da cápsula é o túbulo contorcido proximal, seguido da alça de Henle (ou segmento delgado) e de um túbulo
contorcido distal. Essa última porção desemboca em um ducto coletor (ou túbulo coletor reto), onde terminam os túbulos
distais dos outros néfrons.

A urina formada nos néfrons flui pelos túbulos coletores em direção à pelve renal e desta para os ureteres. Em seguida, a
urina desce à bexiga, que é capaz de armazenar até 800 ml de urina. O esvaziamento da bexiga ocorre com o fluxo da urina
ao longo de um canal, a uretra, que corre pelo pênis ou abre-se na região à frente da abertura vaginal.

A filtração do sangue
O sangue que será filtrado entra no rim pela artéria renal. Essa artéria sofre várias ramificações e os seus ramos terminais, as
arteríolas aferentes, originam glomérulos renais (também conhecidos como glomérulos de Malpighi) que penetram nas
cápsulas de Bowman. Cada glomérulo é uma rede de capilares altamente ramificadas através da qual o sangue sofre
inúmeras ramificações e origina uma rede de capilares que circunda os túbulos renais e a alça de Henle.

Todos os capilares acabarão desembocando em vênulas que, fundindo-se umas às outras, formarão a veia renal, que
possibilitará o retorno do sangue para a veia cava inferior que se dirige ao coração.

O volume sanguíneo que passa pelos rins humanos é de 1.200 mL/minuto.

A formação da urina

O sangue que entra no glomérulo está sob alta pressão, cerca de 75 mmHg. Essa pressão força a passagem de água e
moléculas de pequeno tamanho (aminoácidos, glicose, sais, ureia, etc.) para o interior da cápsula de Bowman.

As células (glóbulos brancos e vermelhos) e as moléculas de grande tamanho (proteínas) não atravessam a parede
glomerular. Ocorre uma filtração do sangue no glomérulo e o líquido filtrado é chamado de filtrado glomerular (ou urina inicial).
Sua composição é semelhante à do plasma, exceto pela ausência de proteínas.

Ao longo dos túbulos renais, glicose, aminoácidos, sais e também uma pequena fração de ureia são ativamente reabsorvidos
retornando ao sangue dos capilares peritubulares juntamente com a água.

Feita a reabsorção, o que restou é a urina, líquido hipertônico contendo, entre outras substâncias, água, sais, ureia, ácido úrico
e produtos de degradação da hemoglobina, que será encaminhada para o ducto coletor.

Dessa forma os rins desempenham dupla função: eliminam as substâncias que não devem ser aproveitadas e reabsorvem os
nutrientes úteis, devolvendo-os ao sangue. Assim os rins contribuem para a manutenção de composição química do meio
interno.

O volume urinário médio produzido por uma pessoa normal é de 1L/dia.

Água metabólica

A água gerada na oxidação dos alimentos contribui para o equilíbrio hídrico. Na combustão de 1g de glicose, por exemplo,
gera-se cerca de 0,6g de água. Cada 1g de gordura leva à produção de 1,1g de água, enquanto 1 g de proteína produz cerca
de 0,3g de água. Ao se alimentar diariamente de com 350g de carboidratos, 100g de gorduras e 100g de proteínas, uma
pessoa geraria cerca de 340g de água.

Regulação da reabsorção de água


A reabsorção de água pelos rins está sob controle do hormônio antidiurético, também conhecido pela sigla ADH.
Esse hormônio é sintetizado no hipotálamo (uma região do encéfalo) e liberado pela parte posterior da glândula hipófise.

O ADH atua sobre os túbulos renais, provocando aumento da reabsorção de água do filtrado glomerular.

Quando bebemos pouca água, o corpo se desidrata e a tonicidade do sangue aumenta. Certas células do encéfalo percebem
a mudança e estimulam a hipófise a liberar ADH. Como consequência há maior reabsorção de água pelo túbulos renais. A
urina torna-se mais concentrada e a quantidade de água eliminada diminui.

A ingestão de grandes quantidades de água tem efeito inverso. A tonicidade do sangue diminui, estimulando a hipófise a
liberar menos ADH. Em consequência, é produzido maior volume de urina mais diluída.

Regulação da reabsorção de sódio

O balanço de líquidos no corpo está intimamente ligado à presença e quantidade do íon sódio no sangue.

Quando ingerimos alimentos salgados, aumenta a taxa de sódio no sangue, o que provoca aumento da tonicidade sanguínea.
Centros nervosos do hipotálamo, os centros da sede, detectam esse aumento de tonicidade e produzem a sensação de sede.

Se a pessoa beber água, esta diluirá o sangue, baixando a sua tonicidade aos níveis normais. O volume sanguíneo, porém,
aumenta, situação que deve ser imediatamente corrigida para que não haja aumento da pressão arterial. O restabelecimento
do volume sanguíneo a seu nível normal é conseguido pela diminuição na produção de ADH, que resulta em maior eliminação
de água na urina.

A quantidade de sódio no sangue é controlada pelo hormônio aldosterona, secretado pelo córtex da glândula adrenal
(suprarrenal). Quando a quantidade de sódio no sangue baixa, aumenta a secreção de aldosterona. Esse hormônio atua sobre
os túbulos distais e sobre os túbulos coletores, estimulando a reabsorção de sódio do filtrado glomerular.
A secreção do hormônio aldosterona, por sua vez, é regulada pela renina e pela angiotensina. Se a pressão sanguínea ou a
concentração de sódio diminuir, os rins liberam renina no sangue.

A renina é uma enzima que catalisa a formação de uma proteína sanguínea chamada angiotensina, a qual provoca a
diminuição do calibre dos vasos sanguíneos, Há, assim, aumento da pressão arterial, o que estimula a secreção de
aldosterona. Esta, por sua vez, leva a um aumento da reabsorção de sódio pelos rins.

Problemas relacionados à excreção

A desidratação é uma deficiência de água no organismo.

A desidratação produz-se quando a eliminação de água do corpo é maior que o volume ingerido. A deficiência de água, em
geral, provoca um aumento da concentração de sódio no sangue. Os vômitos, a diarreia, o uso de diuréticos (medicamentos
que provocam a excreção de excessivas quantidades de sal e de água pelos rins), o excesso de calor, a febre e uma
diminuição do consumo de água podem conduzir à desidratação. Algumas doenças, como a diabetes mellitus, a diabetes
insípida e a doença de Addison, podem ocasionar desidratação devido às excessivas perdas de água que as caracterizam.

Em primeiro lugar, a desidratação estimula os centros da sede do cérebro, fazendo com que se beba mais líquido. Se o
consumo não conseguir compensar a água que se perde, a desidratação agrava-se, a transpiração diminui e produz-se menor
quantidade de urina. A água desloca-se desde o vasto depósito interno das células até ao sangue. Se a desidratação não
melhorar, os tecidos corporais começam a secar. Por fim, as células começam a encolher-se e a funcionar inadequadamente.
As células do cérebro estão entre as mais propensas à desidratação, de maneira que um dos principais sinais de gravidade é
a confusão mental, que pode evoluir para o coma.

As causas mais frequentes de desidratação, como a sudação excessiva, os vômitos e a diarreia, provocam uma perda de
eletrólitos, especialmente sódio e potássio, além de água.

Daí que a desidratação seja acompanhada muitas vezes de uma deficiência de eletrólitos.

Nesse caso, a água não se desloca com facilidade desde o grande depósito interno das células para o sangue. Por isso, o
volume de água circulante no sangue é ainda menor. Pode verificar-se uma queda da pressão arterial, provocando ligeiros
enjoos ou sensação de perda iminente de consciência, especialmente ao pôr-se de pé (hipotensão ortostática). Se a perda de
água e eletrólitos continua, a pressão arterial pode descer perigosamente e provocar um estado de choque com graves lesões
em muitos órgãos internos, como os rins, o fígado e o cérebro.

Tratamento
Em caso de desidratação ligeira, beber água natural pode ser suficiente. Contudo, quando se verificou uma perda de água e
de eletrólitos, deve-se também repor o sal (em especial o sódio e o potássio). Foram criadas algumas bebidas isotônicas para
repor os sais (eletrólitos) perdidos durante o exercício intenso. Essas bebidas podem ser utilizadas para prevenir ou curar a
desidratação ligeira. Beber uma grande quantidade de líquidos e consumir uma pequena quantidade de sal adicional durante
ou depois do exercício também é um método eficaz. As pessoas com problemas cardíacos ou renais devem consultar o
médico para repor da forma mais segura o líquido antes de começar a prática de qualquer exercício.

Se a queda da pressão arterial causar um estado de choque ou ameaça de choque, administram-se por via endovenosa
soluções que contenham cloreto de sódio. Os líquidos endovenosos são fornecidos rapidamente no princípio e depois mais
lentamente à medida que melhora o estado físico. Deve-se sempre tratar a causa de base da desidratação. Por exemplo, em
caso de diarreia, pode ser necessário tomar medicamentos para a tratar ou interrompê-la, além de repor líquidos. Quando os
rins estão a excretar água em demasia devido a uma deficiência do hormônio antidiurético (como pode acontecer num caso de
diabetes insípida), pode ser necessário efetuar um tratamento crônico com hormônio antidiurético sintético. Uma vez
solucionada a causa, os indivíduos em fase de recuperação são controlados para assegurar que o consumo oral de líquidos é
de novo o adequado para manter a hidratação.

Cálculos Renais ou Pedra nos Rins

Cálculos renais, ou pedras nos rins, são formações endurecidas nos rins ou nas vias urinárias, resultantes do acúmulo de
cristais existentes na urina.

Sua presença pode passar despercebida, sem sintomas, mas pode também provocar dor muito forte que começa nas costas e
se irradia para o abdômen em direção da região inguinal. É uma dor que se manifesta em cólicas, isto é, com um pico de dor
intensa seguido de um certo alívio. Em geral, essas crises podem ser acompanhadas por náuseas e vômitos e requerem
atendimento médico-hospitalar.

Diagnóstico
Além das evidências clínicas (dor intensa e sinais de sangue na urina), cálculos renais podem ser diagnosticados por Raios X
de abdômen, ultra-som ou pela urografia excretora, um exame mais específico das vias urinárias.

Sintomas
Sangue na urina;
Suspensão ou diminuição do fluxo urinário;
Necessidade mais frequente de urinar;
Infecções urinárias.
Tratamento
- Ao contrário do que se recomendava no passado, durante as crises deve ser evitada a ingestão exagerada de líquidos.
Liquido em excesso pode aumentar a pressão da urina no rim e, consequentemente, aumentar as dores. Medicamentos
podem ser indicados apenas pelo médico levando em conta a causa da formação dos cálculos. Durante as crises, é indicado o
uso de analgésicos e antiinflamatórios potentes para aliviar a dor que é extremamente forte, quase insuportável;

- Litotripsia, ou seja, bombardeamento das pedras por ondas de choque visando à fragmentação do cálculo o que torna sua
eliminação pela urina mais fácil;

- Cirurgia percutânea ou endoscópica: por meio do endoscópio e através de pequenos orifícios, o cálculo pode ser retirado dos
rins após sua fragmentação;

- Ureteroscopia: por via endoscópica, permite retirar os cálculos localizados no ureter.

Recomendações
Beba muita água regularmente. De dois a três litros por dia. Essa é a medida mais importante para prevenir cálculos renais;
Utilize um filtro de papel quando houver a possibilidade de estar eliminando um cálculo. A análise de sua composição pode
orientar o médico na escolha do tratamento mais adequado;
O uso de medicamentos contra dor deve ser prescrito pelo médico. Alguns deles são desaconselháveis para pessoas com
problemas estomacais ou para gestantes;
Controle a ingestão de alimentos ricos em proteínas e cálcio se os cálculos forem formados por excesso de ácido úrico ou
cálcio;
Não se automedique nem faça o próprio diagnóstico. Procure atendimento médico, especialmente se tiver dores intensas nas
costas ou no abdômen e sinais de sangue na urina.
Causas
Volume insuficiente de urina, ou urina supersaturada de sais;
Grande quantidade de cálcio, fosfatos, oxalatos, cistina, ou falta de citrato;
Distúrbios metabólicos do ácido úrico ou da glândula paratireoide;
Infecções urinárias;
Alterações anatômicas;
Obstrução das vias urinárias.

Respiração
O processo respiratório
As células obtêm energia necessária à manutenção do metabolismo por meio da respiração celular.

Nesse processo, moléculas orgânicas de alimento reagem com moléculas de gás oxigênio (O2), produzindo moléculas e água
e de gás carbônico (CO2), além de energia.

Excetuando alguns vermes intestinais, que independem de oxigênio para sobreviver, a maioria dos animais precisa obter do
meio o gás oxigênio e conduzi-lo às células para utilização no metabolismo aeróbio.

A tomada de oxigênio e a remoção de gás carbônico, ou seja, as trocas gasosas efetuadas pelos animais caracterizam o que
se conhece por respiração.

O local do corpo do animal onde ocorrem as trocas gasosas com o meio é chamado de superfície respiratória. Gás oxigênio do
meio se difunde através das membranas das células que reveste a superfície respiratória, sendo daí distribuído para todas as
células do corpo; o gás carbônico faz o caminho inverso.

Trocas gasosas
Nos organismos de pequeno porte e/ou com atividade metabólica menor, que vivem em ambiente aquático, as trocas gasosas
não constituem problema. Elas simplesmente ocorrem pela superfície do corpo, por simples difusão. É o que acontece com a
única célula dos protozoários e com os invertebrados como esponjas, cnidários, platelmintos e nematelmintos.

Nos animais de organização mais complexa, muitas vezes maiores em tamanho e mais ativos, a distância entre as células
mais internas e o meio aumenta, o que constitui um fator limitante da difusão de gases pelo corpo. Nesse caso diversas
adaptações, representadas pelos órgãos respiratórios, como pele, traqueias, brânquias e pulmões, facilitam a ocorrência de
trocas gasosas. Neles uma característica básica é mantida: as trocas gasosas continuam se realizando por simples difusão,
através de superfícies finas, úmidas e permeáveis. Os gases precisam estar em solução na água para entrar ou sair das
células, por isso a superfície de trocas gasosas deve estar sempre umedecida.

Respiração cutânea
No caso de a troca de gases respiratórios ocorrer por toda a superfície do corpo, fala-se em respiração cutânea. Animais que
apresentam esse tipo de respiração são geralmente pequenos e possuem corpo cilíndrico ou achatado. Sua pele é ricamente
vascularizada e contém inúmeros capilares sanguíneos espalhados por ela, o que amplia consideravelmente a capacidade
para a troca de gases.

A respiração cutânea pode estar presente tanto em animais aquáticos (poríferos, celenterados e platelmintos aquáticos) como
em animais terrestres (platelmintos terrestres, minhocas e anfíbios). O ambiente úmido é fundamental para a respiração
cutânea ocorrer, uma vez que a superfície do corpo deve estar umedecida para permitir a difusão dos gases. Nos anfíbios a
respiração cutânea complementa a respiração pulmonar.

Respiração Branquial

As brânquias (popularmente conhecidas como guelras) dos peixes ósseos são projeções laterais da faringe, localizadas em
uma câmera branquial.

Para encontrá-las é preciso levantar o opérculo uma tampa óssea protetora situada lateralmente, próxima à cabeça. Cada
brânquia é constituída por delicados filamentos branquiais. Por sua vez, esses filamentos contêm várias lamelas, ricamente
vascularizadas. Através dessa rede capilar, de paredes extremamente finas, dá-se a troca de gases do sangue.

O fluxo de sangue em cada lamela segue em direção o posta à direção da água que a banha. Esse fluxo em contracorrente
garante a perfeita oxigenação. Ao mesmo tempo o gás carbônico é expulso para a água. Depois de passar pelas brânquias, o
sangue ricamente oxigenado é conduzido diretamente para todo o corpo, sem passar pelo coração.

A maioria dos animais aquáticos respira através de brânquias. A estrutura das brânquias varia em complexidade, desde tipos
simples, como a dos equinodermos, até os complexos, como a presente em crustáceos e peixes.

Nos equinodermos o gás captado pelas brânquias difunde-se para o fluido celômico, de onde si distribui para todo o corpo.
Nos outros animais que respiram através das brânquias a distribuição do gás oxigênio para as células do corpo é feita pelo
sistema circulatório.

Respiração Traqueal

Diversos artrópodes terrestres, tais como insetos, quilópodos, diplópodos, alguns carrapatos e algumas aranhas, respiram por
meio de traqueias.
As traqueias dos insetos são finíssimos túbulos condutores. Originam-se de minúsculos orifícios, os espiráculos, localizados
nas regiões laterais do tórax e abdômen e terminam nas células. As contrações da musculatura corporal funcionam como fole,
bombeando e expulsando ar dos túbulos. Dessa forma o ar entra com oxigênio e sai com gás carbônico.

As traqueias estão diretamente em contato com os tecidos. Isso quer dizer que, nos insetos, o sistema respiratório funciona
independentemente do sistema circulatório.

Respiração Pulmonar

Diversos animais terrestres, tais como caracóis, algumas aranhas, escorpiões e vertebrados, respiram por meio de pulmões.

Estes são bolsas de ar localizadas no interior do corpo. O gás oxigênio presente no ar que penetra nos pulmões difunde-se
para o sangue ou para a hemolinfa, distribuindo-se pela circulação.

Caracóis, aranhas e escorpiões não apresentam nenhum mecanismo especial para forçar a entrada e saída de ar dos
pulmões; a renovação de gases ocorre por simples difusão. Já os vertebrados dispõem de mecanismo de ventilação pulmonar
que garantem a constante renovação do ar nos pulmões.

Trocas Gasosas e Transporte de Gases


Difusão de gases nas superfícies respiratórias
As trocas gasosas entre o meio e as superfícies respiratórias ocorrem por meio da difusão. Em linhas gerais, difusão é o
movimento de partículas de uma região, em que elas estão em maior concentração, para outra em que estão em menor
concentração.

Para que o gás oxigênio possa se difundir da água para as brânquias de um peixe, por exemplo, é preciso haver concentração
mais elevada do gás na água que no sangue que circula nas brânquias. Por outro lado, para que o gás carbônico difunda-se
das brânquias para a água circundante é necessário que a concentração desse gás seja mais elevada no sangue que no meio
circundante.

A concentração de um determinado gás, seja no ar ou na água, é expressa em termos de sua pressão parcial. As pressões
parciais do gás oxigênio (PO2) e do gás carbônico (PCO2) no ar atmosférico são, respectivamente, da ordem de 160 mmHg e
0,23 mmHg.

Esses valores são obtidos da porcentagem em que cada gás está presente no ar pela pressão atmosférica ao nível do mar.
Veja no quadro:

O ar que inspiramos possui PO2 igual a 160 mmHg e PCO2 igual a 0,23 mmHg. No interior dos pulmões o ar inspirado se
mistura com o ar residual ali presente, de modo que as pressões parciais do gás oxigênio e do gás carbônico passam a ser,
respectivamente, 104 mmHg e 40 mmHg.

O sangue venoso que chega aos capilares sanguíneos dos pulmões, por sua vez tem PO2 igual a 40 mmHg e PCO2 igual a
45 mmHg. Como o PO2 do ar pulmonar (104 mmHg) é maior que a do sangue dos capilares pulmonares (40 mmHg), ocorre
difusão de gás oxigênio do ar pulmonar para o sangue. Por outro lado, como a PCO2 do sangue dos capilares (45 mmHg) é
maior que a PO2 do ar pulmonar(40 mmHg), ocorre difusão do gás oxigênio do sangue para os pulmões. Ao passar pelos
capilares dos tecidos corporais, o sangue cede o gás oxigênio obtido nos pulmões e adquire gás carbônico.

Transporte de O2

Muitos a animais apresentam no sangue ou na hemolinfa, substâncias coloridas denominadas pigmentos respiratórios.

Essas substâncias são capazes de se combinar com o gás oxigênio, aumentando significantemente a capacidade de
transporte desse gás pelo corpo. Os principais pigmentos respiratórios presentes no animais são a hemoglobina e a
hemocianina.

Se o sangue humano não tivesse hemoglobina ele seria capaz de transportar apenas 2% do gás oxigênio de que o corpo
necessita.

A hemoglobina é uma proteína constituída por quatro cadeias polipeptídicas associadas a um grupamento químico
denominado grupo heme, que contém ferro. Uma molécula de hemoglobina (Hb) é capaz de se combinar com quatro
moléculas de gás oxigênio, formando a oxiemoglobina.

Hb + 4 O2 -------> Hb (O2)4

A hemoglobina está presente no sangue de todos os vertebrados, alojada no interior das hemácias. Alguns invertebrados
como certas espécies de anelídeos, de nematelmintos, de moluscos e de artrópodos, possuem hemoglobina dissolvida na
hemolinfa.
Hemocianina
A hemocianina é uma proteína que contém átomos de cobre em sua composição. É encontrada em muitas espécies de
moluscos e de artrópodes dissolvida na hemolinfa. Quando combinadas com moléculas de gás oxigênio, a hemocianina se
torna azulada. Em sua forma livre, entretanto, ela é incolor.

Transporte de CO2
No homem e em outros mamíferos, cerca de 5 a 7% do gás carbônico liberado pelos tecidos dissolvem-se diretamente no
plasma sanguíneo e assim é transportado até os pulmões. Outros 23% se associam a grupos amina da própria hemoglobina e
de outras proteínas do sangue, sendo por elas transportados.

A maior parte do gás carbônico liberado pelos tecidos (cerca de 70%) penetra nas hemácias e é transformado, por ação da
enzima anidrase carbônica , em ácido carbônico, que posteriormente se dissocia nos íons H+ e bicarbonato.

CO2 + H2O --------> H2CO3 --------> H+ + HCO3

Os íons H+ se associam a moléculas de hemoglobina e de outras proteínas, enquanto os íons bicarbonato se difundem para o
plasma sanguíneo, onde auxiliam na manutenção do grau de acidez do sangue.

Um processo inverso ao que ocorre nos capilares dos tecidos acontece nos pulmões. Aí as moléculas de gás carbônico e os
íons H+ se dissociam das proteínas. No interior das hemácias os íons H+ se combinam ao bicarbonato, reconstituindo o ácido
carbônico. Este por ação da enzima anidrase carbônica, é, então, decomposto em gás carbônico e água.

O sistema respiratório humano

As fossas nasais (ou cavidades nasais) e a boca são os locais de entrada do ar que se dirige ao nosso sistema respiratório.

O ar que entra pelas fossas nasais é filtrado, umedecido e aquecido, antes de ir para a traqueia. Cílios que revestem o epitélio
das fossas nasais retêm partículas de sujeira e microorganismos que existem no ar. As partículas aderem ao muco produzido
pelas células epiteliais e, posteriormente, são expelidas das fossas nasais.

Em seguida o ar passa pela laringe (local onde se encontram as nossas cordas vocais – ou pregas vocais), atravessando a
glote que é a entrada da laringe. Logo acima dela há uma estrutura cartilaginosa, a epiglote, que fecha a passagem do
alimento para a laringe, não havendo perigo do alimento entrar nas vias respiratórias. A seguir o ar penetra na traqueia, que se
bifurca em dois brônquios principais. Cada brônquio ramifica-se inúmeras vezes e origina bronquíolos progressivamente
menos calibrosos, até se formarem os bronquíolos terminais. Estes, por sua vez, terminam em bolsinhas, de parede
extremamente delgada, os alvéolos pulmonares.

Trocas gasosas: acontecem nos alvéolos


As trocas gasosas se dão entre o ar alveolar e o sangue contido nos capilares. O sangue proveniente dos tecidos é rico em
gás carbônico e pobre em oxigênio. O ar alveolar é rico em oxigênio e pobre em gás carbônico.
O gás carbônico se difunde do sangue para o ar alveolar, deixando livres as moléculas de hemoglobina existentes nas
hemácias. Por sua vez, o oxigênio difunde-se do ar alveolar para o sangue, ocupando os lugares vagos existentes nas
moléculas de hemoglobina.

Ventilação pulmonar humana: a ação do diafragma


No homem e nos demais mamíferos a ventilação pulmonar depende dos músculos intercostais (situados entre as costelas) e
do diafragma.

A entrada de ar nos pulmões, a inspiração, se da pela contração da musculatura do diafragma e dos músculos intercostais. O
diafragma abaixa e as costelas se elevam, o que aumenta o volume da caixa torácica, forçando o ar a entrar nos pulmões.

A saída de ar dos pulmões, a expiração, se dá pelo relaxamento da musculatura do diafragma e dos músculos intercostais. O
diafragma se eleva e as costelas abaixam, o que diminui o volume da caixa torácica, forçando o ar a sair dos pulmões.

Capacidade pulmonar
A cada movimento respiratório, um homem jovem inala e exala, em média, cerca de meio litro de ar; esse valor é um pouco
menor para a média das mulheres.

O volume máximo de ar que pode ser inalado e exalado em uma respiração forçada é denominado capacidade vital, algo em
torno de 4 a 5 L, para um homem jovem. Os pulmões, no entanto, contêm mais ar que a sua capacidade vital, pois é
impossível expirar a totalidade de ar contido nos alvéolos. Mesmo quando se força ao máximo a expiração, ainda resta cerca
de 1,5 L de ar nos pulmões; esse é o ar residual.

Mais de 10 mil litros de ar entram e saem de nossos pulmões, a cada 24 horas. Nesse período os pulmões absorvem entre
450 e 500 L de gás oxigênio e expelem entre 400 e 450 L de gás carbônico.
Controle da respiração
O que aconteceria a uma pessoa se ela tentasse segurar a respiração voluntariamente por algum tempo?

Imediatamente, um comando localizado no bulbo – ou medula oblonga (um órgão componente do nosso sistema nervoso
central) enviaria a mensagem aos músculos respiratórios, fazendo com que se contraíssem. Esse centro de comando,
conhecido como centro respiratório bulbar, é altamente sensível ao aumento de CO2 no sangue e à diminuição do pH
sanguíneo decorrente do acúmulo desse gás.

Lembre-se que o CO2 em solução aquosa forma H2CO3, ácido carbônico, que se ioniza em H+ e H2CO3-. O aumento da
acidez e o próprio CO2 em solução física no plasma estimulam os neurônios do centro respiratório.

Consequentemente, impulsos nervosos seguem pelo nervo que inerva o diafragma e a musculatura intercostal, promovendo a
sua contração e a realização involuntária dos movimentos respiratórios.

De início, ocorre uma hiperventilação, ou seja, o ritmo dos movimentos respiratórios aumenta na tentativa de expulsar o
excesso de gás carbônico. Lentamente, porém, a situação se normaliza e a respiração volta aos níveis habituais.

Distúrbios do Sistema Respiratório


Sinusite
A sinusite é uma inflamação de cavidades existentes nos ossos da face, o seio da face ou sinus. Essas cavidades têm
comunicação com as fossas nasais e podem ser invadidas por bactérias, que desencadeiam um processo infeccioso. Na
sinusite aguda, a pessoa tem dor em diversas regiões da face e há corrimento nasal mucoso e, às vezes, purulento (com pus).

Resfriado
O resfriado comum pode ser causado por diversos tipos de vírus e é mais propício no inverno, época em que as células do
corpo se tornam mais susceptíveis a infecções. Os vírus se instalam nas células da cavidade nasal e da faringe, provocando
inflamações. A coriza (corrimento de líquido pelas narinas durante o resfriado), é consequência dessas inflamações.

Além da coriza, podem aparecer outros sintomas, tais como sensação de secura na garganta, espirros, olhos lacrimejantes e
febre.

Coqueluche
É uma das mais famosas doenças da infância, causada pela bactéria Haemophilus pertussi, que se instala na mucosa das
vias respiratórias (laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos).

A proliferação das bactérias causa forte irritação, com grande produção de muco (catarro). Toxinas produzidas pelas bactérias
irritam terminações nervosas, desencadeando acessos de tosse, típicos da doença.

A coqueluche é prevenida pela vacina tríplice, que protege também contra a difteria e o tétano. Essa vacina é administrada em
três doses, uma a cada trinta dias, a partir do segundo mês de vida.

Pneumonia
A pneumonia é uma infecção pulmonar causada por diversas espécies de bactérias e, às vezes, por fungos. A bactéria se
instala nos pulmões, provocando aumento da secreção de muco e ruptura das paredes dos alvéolos. Os sintomas da doença
são febre alta, falta de ar, dores no peito e expectoração de catarro viscoso e, às vezes, sanguinolento. Em geral, atinge
pessoas que estão com sua resistência orgânica debilitada.

Tuberculose
Tuberculose é uma infecção causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis que se instala geralmente nos pulmões. Os
alvéolos pulmonares inflamam-se e sofrem necrose (morte celular). A região necrosada é circundada por um tecido fibroso que
limita e isola o foco infeccioso. Em geral, as lesões de uma primeira infecção tuberculosa regridem espontaneamente. No caso
de uma reinfecção, pode ocorrer de os focos infecciosos atingirem, além dos pulmões, outros órgãos, causando lesões nos
tecidos.

Os sintomas da tuberculose pulmonar são febre, sudorese noturna, fraqueza e perda de apetite e de peso.

A prevenção consiste em evitar o convívio com pessoas doentes e só consumir leite pasteurizado ou adequadamente fervido,
pois a bactéria pode estar presente no leite. O tratamento é feito com antibióticos.

Bronquite Crônica
Mais de 75% dos pacientes com bronquite crônica são ou foram fumantes. Os bronquíolos secretam quantidade excessiva de
muco, tornando-se comprimidos e inflamados. Os cílios do epitélio bronquiolar deixam de bater, e muco e partículas de sujeira
vão se acumulando, dificultando a passagem do ar. A respiração torna-se curta e os acessos de tosse são constantes.
Pessoas com bronquite crônica, em geral, acabam por desenvolver enfisema.
Enfisema
O enfisema é muito raro em pessoas que nunca fumaram. É a obstrução completa dos bronquíolos, com aumento da
resistência à passagem de ar, principalmente durante as expirações. Pode ocorrer, então, rompimento das paredes dos
alvéolos, com formação de grandes cavidades. Isso diminui a eficiência dos pulmões em absorver oxigênio e há sobrecarga do
coração como forma de compensar a deficiência pulmonar. A sobrecarga leva a maioria dos pacientes com enfisema a morrer
de insuficiência cardíaca.

Câncer de Pulmão
O hábito de fumar é a principal causa do câncer de pulmão, 80% desse tipo de câncer poderia ser evitado se as pessoas
parassem de fumar. Diversas substâncias contidas no cigarro são cancerígenas. Células cancerosas originadas nos pulmões
se multiplicam descontroladamente, podendo invadir outros tecidos do corpo, onde originam novos tumores.

Embolia Pulmonar
É o fechamento repentino da artéria pulmonar ou de um de seus ramos, provocado por bolhas de ar, fragmentos de tumores
ou frequentemente por coágulos sanguíneos.

O fechamento de uma artéria de pequeno calibre pode passar despercebido, mas se uma grande artéria for atingida, a pessoa
é acometida por dor súbita no peito, falta de ar, aumento da transpiração, palpitações, cianose e eventualmente é levada à
morte. A embolia pulmonar é responsável por cerca de 4% dos óbitos ocorridos nos grandes hospitais.

Rinite Alérgica
É uma inflamação das mucosas que revestem as cavidades nasais devido a processos alérgicos. Como consequência da
inflamação, as células passam a produzir excesso de muco, que escorre pelas narinas.

Surtos repetidos de renite alérgica em crianças podem causar obstrução nasal definitiva, que leva a alterações ósseas na base
do crânio. Como as rinites tem forte componente emocional, o afeto e as boas condições psicológicas fazem parte do
tratamento da doença.

Asma Brônquica
É uma doença respiratória em que o espasmo e a constrição dos brônquios e a inflamação de sua mucosa limita a passagem
do ar, provocando dificuldade respiratória. Com frequência, deve-se a uma alergia, em particular ao pó, pêlo ou penas de
animais, mofo e pólen. Muitos pacientes de asma alérgica, chamada de asma atópica ou extrínseca, sofrem também de febre
do feno, que é uma forma de rinite sazonal causada por alergia ao pólen. Seus sintomas são ataques intensos de espirros,
inflamação da mucosa nasal e olhos, e respiração difícil.

É uma doença pulmonar que se caracteriza pela diminuição de calibre (constrição) dos bronquíolos. A asma pode ter diversas
causas, sendo a alérgica a mais comum. Tendo também forte desencadeamento da crise de asma.

A crise asmática ocorre quando a musculatura lisa dos bronquíolos se contrai espasmodicamente. A mucosa que reveste
internamente os bronquíolos incha e passa a produzir mais secreção, o que contribui para diminuir o calibre dos condutos
respiratórios. A dificuldade respiratória prejudica a oxigenação do sangue e, em casos muito graves, pode ocorrer cianoses
(coloração azulada da pele e das mucosas), provocada pelo acúmulo de gás carbônico no sangue.

Sistema nervoso
O relacionamento do organismo com o ambiente e a coordenação do trabalho dos diversos órgãos internos ficam a cargo de
dois importantes sistemas: o nervoso e o hormonal.

A coordenação nervosa envolve a participação das células nervosas, os chamados neurônios.

A coordenação hormonal conta com a participação de hormônios, substâncias químicas que se espalham pelo sangue e
conectam diversos órgãos, controlando as suas ações.

O aumento da complexidade do sistema nervoso


A coordenação nervosa dos animais pluricelulares surge pela primeira vez nos cnidários e é representada por um tecido
formado por células nervosas que se organizam como uma rede. Tocando-se uma hidra com uma pequena agulha em
determinado ponto do corpo, o impulso nervoso gerado se propaga como uma onda. Não existe um centro de comando do
organismo.

Com o aparecimento de animais de simetria bilateral, há duas novidades: uma cabeça (cefalização) e a centralização do
sistema nervoso. A cabeça passa a abrigar a porção mais desenvolvida do sistema nervoso. A planária, por exemplo, um
platelminto, inicia-se uma central de coordenação do organismo, na forma de massas globosas, os gânglios cerebroides, que
atuam como um “cérebro”. Os movimentos já são mais coordenados e as respostas, mais controladas e eficientes.
Nos anelídeos e artrópodes, além das centrais representadas pelos gânglios “cerebrais”, existem gânglios segmentares na
região ventral do corpo, constituindo um sistema de coordenação do organismo mais eficiente, ampliando a capacidade de
resposta frente aos estímulos ambientais.
Nos moluscos, a coordenação nervosa continua a ser feita por um sistema ganglionar, nos mais complexos, como polvos e
lulas, há verdadeiros “cérebros” controladores das atividades dos animais, que são capazes de executar ações altamente
complexas, como, por exemplo, o reconhecimento da forma de objetos e de cores.
Nos vertebrados o sistema nervoso é muito mais elaborado e complexo. O tubo nervoso central sobre considerável
aperfeiçoamento desde os grupos mais simples até os mais complexos, formando-se órgãos especializados no controle de
diversas funções sensoriais e motoras facilitando o ajuste do organismo desse animal aos mais diversos meios.

Foi no homem, porém, que o sistema nervoso atingiu o máximo em complexidade, dotando-nos de uma característica
inexistente nos outros vertebrados: a capacidade de discernimento, de julgamento e de raciocínio lógico, que nos habilita a
pensar e a elaborar ações conscientes frente aos estímulos ambientais, favorecendo sobremaneira a dominação do ambiente,
típica da espécie humana.

Células nervosas
O neurônio, a célula comum a todo e qualquer sistema nervoso existente no reino Animalia, assemelha-se, em sua função, a
um fio condutor de eletricidade.

Um neurônio típico apresenta três partes distintas: corpo celular, dendritos e axônio.

No corpo celular, a parte mais volumosa da célula nervosa, se localizam o núcleo e a maioria das estruturas citoplasmáticas.
Os dendritos (do grego dendron, árvore) são prolongamentos finos e geralmente ramificados, que conduzem os estímulos
captados do ambiente ou de outras células em direção ao corpo celular.
O axônio é um prolongamento fino, geralmente mais longo que os dendritos, cuja função é transmitir para as outras células os
impulsos nervosos provenientes do corpo celular.
A rede de neurônios
Os neurônios que constituem o sistema nervoso formam uma intrincada rede, comparável, em certos aspectos, ao sistema
telefônico de uma grande cidade. A rede nervosa é formada pelos axônios e dendritos, que atuam como cabos de transmissão
de impulsos nervosos, e por corpos celulares de neurônios, que atuam com estações de processamento e de transmissão de
informações.
Nos vertebrados, os corpos celulares dos neurônios estão concentrados no sistema nervoso central, ou seja, no encéfalo e na
medula, e também em pequenas estruturas globosas espalhadas pelo corpo, os gânglios nervosos. Os dendritos e os axônios,
geralmente chamados de fibras nervosas, estendem-se por todo o corpo, conectando os corpos celulares dos neurônios entre
si e às células sensoriais, musculares e glandulares.

Células da glia
Nos vertebrados, além dos neurônios, o sistema nervoso apresenta-se constituído pelas células da glia ou células gliais. A
função dessas células é dar sustentação aos neurônios e auxiliar o seu funcionamento. As células da glia constituem cerca da
metade do volume dos nosso encéfalo.
Há diversos tipos de células gliais. Os astrócitos, por exemplo, dispõem-se ao longo dos capilares sanguíneos do encéfalo,
controlando a passagem de substâncias no sangue para as células do sistema nervoso. Os oligodendrócitos e as células de
Schwann enrolam-se sobre os axônios de certos neurônios, formando envoltórios isolantes.

O caminho do impulso nervoso


Toda a célula viva e em particular as células nervosas apresentam diferença de potencial elétrico (DDP) entre as faces interna
e externa de sua membrana celular.

Essa DDP é gerada pela diferença na concentração de íons dentro e fora da célula. Como o citoplasma contém,
proporcionalmente menor quantidade de íons positivos que o líquido externo, a superfície interna da membrana é negativa em
relação à externa.

Potencial de repouso
Potencial de repouso é a diferença de potencial elétrico que as faces internas e externas na membrana de um neurônio que
não está transmitindo impulsos nervosos. O valor do potencial de repouso é da ordem de -70mV (miliVolts). O sinal negativo
indica que o interior da célula é negativo em relação ao exterior.

A existência do potencial de repouso deve-se principalmente a diferença de concentração de íons de sódio (Na+) e de
potássio (K+) dentro e fora da célula. Essa diferença é mantida por meio de um mecanismo de bombeamento ativo de íons
pelas membranas celulares, em que o sódio é forçado a sair da célula e o potássio a entrar.

Apesar do nome a manutenção do potencial de repouso demanda gasto de energia pela célula, uma vez que o bombeamento
de íons é um processo ativo de transporte que consome ATP.

Despolarização
A membrana celular possui inúmeras estruturas protéicas que funcionam como “portas” de passagem de íons de sódio e
potássio. Essas portas ficam normalmente fechadas em um neurônio em repouso, abrindo-se quando ele é estimulado.

Quando um estímulo apropriado atinge o neurônio, as portas de passagem de sódio abrem-se imediatamente na área da
membrana que foi estimulada: o íon sódio, por estar em maior concentração no meio celular externo, penetra rapidamente
através dessas aberturas na membrana. O brusco influxo de cargas positivas faz com que potencial da membrana, que era da
ordem de -70mV (potencial de repouso), passe a aproximadamente +35mV. Essa mudança de potencial denomina-se
despolarização.

Potencial de ação
Essa transição abrupta de potencial elétrico que ocorre durante a despolarização, e cuja a amplitude é da ordem de 105 mV
(de -70mV a +35 MV), é o potencial de ação.

Na área afetada pelo estímulo, a membrana permanece despolarizada, apenas 1,5 ms (milésimo de segundo). Logo as portas
de potássio se abrem, permitindo a saída desse íon, que está em maior concentração no interior da célula. Com isso, ocorre a
repolarização da membrana, que retorna a condição de repouso.

Propagação do impulso nervoso


O potencial de ação que se estabelece na área da membrana estimulada perturba a área vizinha, levando à sua
despolarização.

O estímulo provoca, assim, uma onda de despolarizações e repolarizações que se propaga ao longo da membrana plasmática
do neurônio. Essa onda de propagação é o impulso nervoso.

O impulso nervoso se propaga em um único sentido na fibra nervosa. Dendritos sempre conduzem o impulso em direção ao
corpo celular. O axônio, por sua vez, conduz o impulso em direção as extremidades, isto é, para longe do corpo celular.

Lei do tudo ou nada


A estimulação de um neurônio segue a lei do tudo ou nada. Isso significa que ou o estímulo é suficientemente intenso para
excitar o neurônio, desencadeando o potencial de ação, ou nada acontece. Não existe potencial de ação mais forte ou mais
fraco; ele é igual independente da intensidade do estímulo. O menor estímulo capaz de gerar potencial de ação é denominado
estímulo limiar.

Bainha de mielina e condução do estímulo nervoso


A velocidade de propagação dos estímulo nervoso na membrana de um neurônio varia entre 10cm/s e 1m/s.

Tais velocidades no entanto são insuficientes para coordenar as ações de animais de grande porte. Em uma girafa, por
exemplo, um impulso que viajasse à velocidade de 1m/s levaria entre três e quatro segundos para percorrer a distância que
vai da pata trasA propagação rápida dos impulsos nervosos é garantida pela presença da bainha de mielina que recobre as
fibras nervosas. A bainha de mielina é constituída por camadas concêntricas de membranas plasmáticas de células da glia,
principalmente células de Shwann. Entre as células gliais que envolvem o axônio existem pequenos espaços, os nódulos de
Ranvier, onde a membrana do neurônio fica exposta.eira ao encéfalo. Se fosse essa realmente a velocidade de condução
nervosa na girafa, ela seria um animal lento e descoordenado, incapaz de enfrentar situações que exigissem respostas
rápidas.

A propagação rápida dos impulsos nervosos é garantida pela presença da bainha de mielina que recobre as fibras nervosas. A
bainha de mielina é constituída por camadas concêntricas de membranas plasmáticas de células da glia, principalmente
células de Shwann. Entre as células gliais que envolvem o axônio existem pequenos espaços, os nódulos de Ranvier, onde a
membrana do neurônio fica exposta.

Nas fibras nervosas mielinizadas, o impulso nervoso, em vez de se propagar continuamente pela membrana do neurônio, pula
diretamente de um nódulo de Ranvier para outro. Nesses neurônios mielinizados , a velocidade de propagação do impulso
pode atingir velocidades de até 200 m/s (720 km/h).

Sinapses: Neurônios em Comunicação


A comunicação de um neurônio com o corpo celular ou dendritos do outro, ou mesmo com a membrana de uma célula
muscular, ocorre através de uma região conhecida como sinapse (do grego, synapsis = ação de juntar). Nesta, uma diminuta
fenda sináptica de aproximadamente 20 nm separa as duas células. A mensagem do axônio é liberada na forma de
mediadores químicos, também conhecidos como neurotransmissores ou neurormônios, substâncias químicas que entram em
contato com receptores localizados nas membranas pós-sinápticas e desencadeiam uma alteração no comportamento do
segundo neurônio ou célula muscular. Os neurotransmissores mais conhecidos no sistema nervoso dos vertebrados são a
acetilcolina e a noradrenalina (ou epinefrina).

Arco reflexo
Nenhum outro tecido ilustra tão bem o conceito de trabalho em equipe quanto o tecido nervoso. A transmissão de informação
pelas células nervosas lembra uma verdadeira corrida de revezamento, em que um neurônio fica conectado a outro, cada qual
executando determinado papel no circuito por eles organizado.

Três tipos de neurônios podem ser reconhecidos com relação à atividade que desenvolvem:

Neurônios sensoriais: transmitem impulsos dos receptores sensoriais (por exemplo, nos órgãos do sentido) aos outros
neurônios do percurso.
Neurônios de associação (interneurônios): recebem a mensagem dos neurônios sensoriais, processam-na e transferem um
comando para as células nervosas seguintes do circuito. Alguns circuitos nervosos podem não ter esse tipo de neurônio.
Neurônios efetores (ou motores): são os que transmitem a mensagem para as células efetoras de resposta, isto é, células
musculares ou glandulares que respondem por meio de contração ou secreção, respectivamente.
Suponha que você receba uma pancada no joelho, logo a baixo da rótula ou da patela (nomes dados a um osso que fica na
frente do joelho).

A pancada estimula um receptor localizado no interior do músculo da coxa (o quadríceps). Esse receptor está ligado aos
dendritos de um neurônio sensorial – aferente – também chamado de neurônio sensitivo, que recebe a mensagem e a
encaminha para o corpo celular e, deste, para o axônio. Por sua vez, o axônio do neurônio sensorial estabelece uma sinapse
com um neurônio motor – eferente (um neurônio de resposta).

O axônio do neurônio motor é conectado ao músculo quadríceps e encaminha a resposta “mexa-se”. De imediato, esse
músculo se contrai e você movimenta a perna. Perceba que o ato de mexer a perna para frente envolve o trabalho de apenas
dois neurônios: o sensorial e o motor. No entanto, para que isso possa acontecer, é preciso que o músculo posterior da coxa
permaneça relaxado.

Então, ao mesmo tempo, o axônio do neurônio sensorial estabelece uma sinapse com um interneurônio (neurônio de
associação) que, por sua vez, faz uma conexão com um segundo neurônio motor. O axônio desse neurônio motor se dirige
para o músculo posterior da coxa, inibindo a sua contração.

Organização do Sistema Nervoso


Dois grandes componentes fazem parte do sistema nervoso humano: sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervos
periférico (SNP).

O sistema nervoso central é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. O encéfalo é composto por vários órgãos, entre
eles os dois hemisférios cerebrais (conjuntamente conhecidos como “cérebro”), o diencéfalo, o cerebelo e o bulbo. O encéfalo
e a medula espinhal são os locais para onde são encaminhadas todas as informações captadas pelo organismo, quer se
originem no meio externo, quer surjam no próprio organismo. São também os centros de processamento dessas informações
e de elaboração de respostas.

O sistema nervoso periférico inclui os receptores espalhados pelo corpo, além dos gânglios nervosos e todos os nervos que
chegam aos órgãos centrais trazendo informações ou que deles se originam, levando respostas.

Sistema Nervoso Central (SNC)


Nos vertebrados, o encéfalo se aloja no interior do crânio e a medula espinhal, no interior de um canal existente na coluna
vertebral.

O encéfalo e a medula são formados por células da glia, por corpos celulares de neurônios e por feixes de dendritos e axônios.

Substância branca e cinzenta

A camada mais externa do encéfalo tem cor cinzenta e é formada principalmente por corpos celulares de neurônios. Já a
região encefálica mais interna tem a cor branca e é constituída principalmente por fibras nervosas (dendritos e axônios). A cor
branca se deve à bainha de mielina que reveste as fibras.

Na medula espinhal, a disposição das substâncias cinzenta e branca se inverte em relação ao encéfalo: a camada cinzenta é
interna e a branca, externa.

Meninges
Tanto o encéfalo quanto a medula espinhal são protegidos por três camadas de tecido conjuntivo, genericamente
denominadas meninges. A meninge externa, mais espessa, é a dura-máter; a meninge mediana é a aracnoide; e a mais
interna é a pia-máter, firmemente aderida ao encéfalo e à medula. A pia-máter contém vasos sanguíneos, responsáveis pela
nutrição e oxigenação das células do sistema nervoso central.
Entre as membranas aracnoides e pia-máter há um espaço preenchido pelo líquido cerebrospinal (ou líquido cefaloraquidiano),
que também circunda nas cavidades internas do encéfalo e da medula. O liquido cefalorraquidiano amortece os choques
mecânicos do sistema nervoso central contra os ossos do crânio e da coluna vertebral.
Partes do encéfalo
O encéfalo de todos os vertebrados, desde peixes até mamíferos, tem a mesma estrutura básica. Suas partes fundamentais
são o lobo olfativo, o cérebro, o tálamo, o lobo óptico, o cerebelo e o bulbo raquidiano (ou medula ablonga).
O tamanho relativo e a complexidade de cada uma dessas partes variam nos diferentes grupos de vertebrados e essa
variação está relacionada à evolução de cada grupo e ao seu modo de vida.

Principais órgãos do sistema nervoso central


Bulbo
O bulbo (ou medula ablonga) é o órgão que está em contato direto com a medula espinhal, é via de passagem de nervos para
os órgãos localizados mais acima.

No bulbo, estão localizados corpos celulares de neurônios que controlam funções vitais, como os batimentos cardíacos, o
ritmo respiratório e a pressão sanguínea. Também contém corpos celulares de neurônios relacionados ao controle da
deglutição, da tosse e do vômito.

Cerebelo
Órgão que regula o equilíbrio e a postura corporal no ambiente. Está ligado a receptores periféricos, localizados no ouvido
interno (labirinto), que enviam mensagens ao centro de controle do equilíbrio localizados no cerebelo. O sucesso de um
equilibrista que cruza dois prédios, apoiado em um simples fio esticado entre eles, depende de uma boa atividade cerebelar.

Atenção! O álcool interfere nas atividades cerebelares, o que é fácil notar em pessoas que abusam da bebida.

Diencéfalo
Órgão encefálico formado principalmente pelo tálamo e hipotálamo. O hipotálamo contém centros de controle da temperatura
corporal, do apetite, da sede, do sono e de certas emoções. Principal intermediário entre o sistema nervoso e o sistema
hormonal, o hipotálamo está ligado à hipófise, principal glândula endócrina. Quando o hipotálamo detecta alterações no corpo,
libera neurotransmissores que atuam sobre a hipófise. Por sua vez, esta libera ou inibe a secreção de seus próprios hormônios
que regulam diversas atividades metabólicas.

Cérebro
É o centro do intelecto, da memória, da consciência e da linguagem. Controla as nossas sensações e funções motoras. Cerca
de 70% das células nervosas do encéfalo estão localizadas, no cérebro, a parte mais desenvolvida do nosso sistema nervoso
e que é separada em dois hemisférios, unidos um ao outro por uma região conhecida como corpo caloso. Cada hemisfério
cerebral, por sua vez, possui inúmeras invaginações chamadas sulcos.
Sulcos mais profundos dividem cada hemisfério em quatro regiões denominada lobos: o frontal, o parietal, o temporal e o
occipital. O sulco central é o mais acentuado e separa os lobos frontal e parietal.

Córtex Cerebral
A superfície do cérebro, de 2mm a 4mm de espessura, é conhecida como córtex cerebral, e consiste de várias camadas de
corpos celulares de milhões de neurônios, dando a essa região uma coloração acinzentada, de onde vem a dominação de
substância cinzenta do cérebro.

As fibras (axônios e dendritos) dos neurônios que saem e chegam ao córtex cerebral estão localizados mais internamente, e
constituem a substância branca do cérebro, em função da existência de mielina que envolve essas fibras.

Medula espinhal
Cortada transversalmente, a medula espinhal revela uma estrutura em forma de H que corresponde à substância cinzenta e
onde estão localizados corpos celulares de neurônios. Externamente a esse H medular, fica a substância branca, compostas
de fibras mielinizadas que levam informações às partes superiores do SNC e de outras que trazem as respostas destinadas
aos órgãos motores.

Note que a disposição interna da substância cinzenta e externa da substância branca é o oposto da encontrada no cérebro.
Ao longo da medula, há 31 pares de nervos. Cada nervo está ligado à medula como um “Y”, isto é, apresenta duas raízes:
como uma raiz dorsal na qual existe um gânglio (dilatação), que contém os corpos celulares de neurônios sensoriais
provenientes da periferia do corpo, e uma raiz ventral pela qual emergem feixes de axônios de neurônios motores, cujos
corpos celulares estão localizados na substância cinzenta da medula. Essas duas raízes se juntam formando o “cabo” único
do “Y”, percorrido tanto pelos feixes sensitivos como pelos feixes motores.

Sistema Nervoso Periférico


O sistema nervoso periférico é constituído pelos nervos e pelos gânglios nervosos, e sua função é conectar o sistema nervoso
central às diversas partes do corpo do animal.

Nervos e gânglios nervosos


Nervos são feixes de fibras nervosas envoltos por uma capa de tecido conjuntivo. Nos nervos, há vasos sanguíneos
responsáveis pela nutrição das fibras nervosas.
As fibras presentes nos nervos podem ser tanto dendritos como axônios, que conduzem, respectivamente, impulsos nervosos
das diversas regiões do corpo ao sistema nervoso central. Os gânglios aparecem como pequenas dilatações em certos
nervos.

Nervos sensitivos, motores e mistos


De acordo com o tipo de fibras nervosas que apresentam, os nervos podem ser classificados em sensitivos (ou aferentes),
motores (ou eferentes) e mistos.

Nervos sensitivos são os que contêm somente fibras sensitivas, ou seja, que conduzem impulsos dos órgãos dos sentidos
para o sistema nervoso central.
Nervos motores são os que contêm somente fibras motores, que conduzem impulsos do sistema nervoso central até os órgãos
efetuadores (músculos ou glândulas).
Já os nervos mistos contêm tanto fibras sensitivas quanto motoras e conduzem impulsos nos dois sentidos, das diversas
regiões do corpo para o sistema nervoso central e vice-versa.

Nervos cranianos
Nervos ligados ao encéfalo são denominados nervos cranianos, enquanto nervos ligados à medula espinhal são denominados
nervos espinhais ou raquidianos.

Mamíferos, aves e répteis possuem doze pares de nervos cranianos, responsáveis pela inervação dos órgãos dos sentidos,
dos músculos e glândulas da cabeça, e também de alguns órgãos internos. Anfíbios e peixes têm apenas dez pares de nervos
cranianos.

Nervos espinais e raquidianos


Os nervos espinais dispõem-se em partes ao longo da medula, um par por vértebra. Cada nervo do par liga-se lateralmente à
medula por meio de duas “raízes”, uma localizada em posição mais dorsal e outra, em posição mais ventral.

A raiz dorsal de um nervo espinal é formada por fibras sensitivas e a raiz ventral, por fibras motoras. Se a raiz dorsal
(sensitiva) de um nervo espinal for lesada a parte inervada por ele perderá a sensibilidade sem sofrer, no entanto, paralisia
muscular. Já se houver lesão na raiz ventral (motora), ocorrerá paralisia dos músculos inervados, sem perda, porém, das
sensações de pressão, temperatura, dor etc.

Gânglios espinais
Na raiz dorsal de cada nervo espinal há um gânglio, o gânglio espinal, onde se localizam os corpos celulares dos neurônios
sensitivos. Já os corpos celulares dos neurônios motores localizam-se dentro da medula, na substância cinzenta.

Divisão funcional do sistema nervoso periférico (SNP)


Na espécie humana, diversas atividades do sistema nervoso são conscientes e estão sob controle da vontade.

Pensar, movimentar um braço ou mudar a expressão facial são exemplos de atividades voluntárias. Muitas outras ações,
porém, são autônomas ou involuntárias, isto é, ocorrem independentemente de nossa vontade. Exemplos de atividades
involuntárias são os batimentos cardíacos, o processo de digestão, a excreção etc.

As ações voluntárias resultam da contração de músculos estriados esqueléticos, que estão sob o controle do sistema nervoso
periférico voluntário ou somático. Já as ações involuntárias resultam da contração da musculatura lisa e cardíaca, controladas
pelo sistema nervoso periférico autônomo, também chamado involuntário ou visceral.
SNP voluntário
O SNP voluntário ou somático tem por função reagir a estímulos provenientes do ambiente externo. Ele é constituído por fibras
motoras que conduzem impulsos do sistema nervoso central aos músculos esqueléticos. O corpo celular de uma fibra motora
do SNP voluntário fica localizado dentro do sistema nervoso central e o axônio vai diretamente do encéfalo ou da medula até o
órgão que inerva.

SNP autônomo
O SNP autônomo ou visceral tem por função regular o ambiente interno do corpo, controlando a atividade dos sistemas
digestivos, cardiovascular, excretor e endócrino. Ele contém fibras motoras que conduzem impulsos do sistema nervoso
central aos músculos lisos das vísceras e à musculatura do coração.

Um nervo motor do SNP autônomo difere de um nervo motor do SNP voluntário pelo fato de conter dois tipos de neurônios,
um neurônio pré-gânglionar e outro pós-gânglionar. O corpo celular do neurônio pré-gânglionar fica localizado dentro do
sistema nervoso central e seu axônio vai até um gânglio, onde um impulso nervoso é transmitido sinapticamente ao neurônio
pós-gânglionar. O corpo celular do neurônio fica no interior do gânglio nervoso e seu axônio conduz o estímulo nervoso até o
órgão efetuador, que pode ser um músculo liso ou cardíaco.

SNP autônomo simpático e SNP autônomo parassimpático


O SNP autônomo (SNPA) é dividido em dois ramos: simpático e parassimpático, que se distinguem tanto pela estrutura quanto
pela função. Quanto à estrutura, os ramos da SNPA simpático e parassimpático diferem pela localização do gânglio na via
nervosa. Enquanto os gânglios das vias simpáticas localizam-se ao lado da medula espinal, distantes do órgão efetuador, os
gânglios das vias parassimpáticas estão longe do sistema nervoso central e próximos ou mesmo dentro do órgão efetuador.

As fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas inervam os mesmo órgãos, mas trabalham em oposição. Enquanto um dos
ramos estimula determinado órgão, o outro inibe. Essa situação antagônica mantém o funcionamento equilibrado dos órgãos
internos.

O SNPA simpático, de modo geral, estimulam ações que mobilizam energia, permitindo ao organismo responder a situações
de estresse. Por exemplo, o sistema simpático é responsável pela aceleração dos batimentos cardíacos, pelo aumento da
pressão sanguínea, pelo aumento da concentração de açúcar no sangue e pela ativação do metabolismo geral do corpo.

Já o SNPA parassimpático, estimula principalmente atividades relaxantes, como as reduções do ritmo cardíaco e da pressão
sanguínea entre outras.

Mediadores químicos no SNPA simpático e parassimpático


Tanto nos gânglios do SNPA simpático como nos do SNPA parassimpático ocorrem sinapses químicas entre os neurônios
pré-gânglionares e pós-gânglionares.

Nos dois casos, a substância neurotransmissora da sinapse é a acetilcolina.

Nas terminações dos neurônios pós-gânglionares, que fazem sinapse com os órgãos efetuadores, porém, a substância
neurotransmissora não é a mesma para os dois ramos do SNPA. No SNPA parassimpático o neurotransmissor é a acetilcolina,
como nas sinapses ganglionares. Já no SNPA simpático o neurotransmissor é, com poucas exceções, a noradrenalina. Uma
dessas exceções é a fibra parassimpática pós-gânglionar que inerva as glândulas sudoríparas, cujo neurotransmissor é a
acetilcolina.

Distúrbios do Sistema Nervoso


Acidente Vascular Cerebral
O acidente vascular cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame cerebral, pode ser de dois tipos:

acidente vascular isquêmico – falta de circulação numa área do cérebro provocada por obstrução de uma ou mais artérias por
ateromas, trombose ou embolia. Ocorre, em geral, em pessoas mais velhas, com diabetes, colesterol elevado, hipertensão
arterial, problemas vasculares e fumantes.
acidente vascular hemorrágico – sangramento cerebral provocado pelo rompimento de uma artéria ou vaso sanguíneo, em
virtude de hipertensão arterial, problemas na coagulação do sangue, traumatismos. Pode ocorrer em pessoas mais jovens e a
evolução é mais grave.
Sintomas
acidente vascular isquêmico
·perda repentina da força muscular e/ou da visão
·dificuldade de comunicação oral
·tonturas
·formigamento num dos lados do corpo
·alterações da memória
Algumas vezes, esses sintomas podem ser transitórios – ataque isquêmico transitório (AIT). Nem por isso deixam de exigir
cuidados médicos imediatos.
acidente vascular hemorrágico
·dor de cabeça
·edema cerebral
·aumento da pressão intracraniana
·náuseas e vômitos
·déficits neurológicos semelhantes aos provocados pelo acidente vascular isquêmico
Tratamento
Acidente vascular cerebral é uma emergência médica. O paciente deve ser encaminhado imediatamente para atendimento
hospitalar. Trombolíticos e anticoagulantes podem diminuir a extensão dos danos. A cirurgia pode ser indicada para retirar o
coágulo ou êmbolo (endarterectomia), aliviar a pressão cerebral ou revascularizar veias ou artérias comprometidas.

Infelizmente, células cerebrais não se regeneram nem há tratamento que possa recuperá-las. No entanto, existem recursos
terapêuticos capazes de ajudar a restaurar funções, movimentos e fala e, quanto antes começarem a ser aplicados, melhores
serão os resultados.

Recomendações
Controle a pressão arterial e o nível de açúcar no sangue. Hipertensos e diabéticos exigem tratamento e precisam de
acompanhamento médico permanente. Pessoas com pressão e glicemia normais raramente têm derrames;
Procure manter abaixo de 200 o índice do colesterol total. Às vezes, só se consegue esse equilíbrio com medicamentos. Não
os tome nem deixe de tomá-los por conta própria. Ouça sempre a orientação de um médico;
Adote uma dieta equilibrada, reduzindo a quantidade de açúcar, gordura, sal e bebidas alcoólicas;
Não fume. Está provado que o cigarro é um fator de alto risco para acidentes vasculares;
Estabeleça um programa regular de exercícios físicos. Faça caminhadas de 30 minutos diariamente;
Informe seu médico se em sua família houver casos doenças cardíacas e neurológicas como o AVC;
Procure distrair-se para reduzir o nível de estresse. Encontre os amigos, participe de atividades culturais, comunitárias, etc.
Fatores de risco
Os fatores de risco para AVC são os mesmos que provocam ataques cardíacos:

hipertensão arterial
colesterol elevado
fumo
diabetes
histórico familiar
ingestão de álcool
vida sedentária
excesso de peso
estresse

Doenças degenerativas do sistema nervoso


Diversos fatores podem causar morte celular e degeneração, em maior ou menor escala, do sistema nervoso. Esses fatores
podem ser mutações gênicas, infecções virais, drogas psicotrópicas, intoxicação por metais, etc.

As doenças nervosas degenerativas mais conhecidas são a esclerose múltipla, a doença de Parkinson, a doença de
Huntington e a doença de Alzeheimer.

Esclerose múltipla
A esclerose múltipla é um distúrbio no qual ocorre desmielinização de áreas isoladas dos nervos dos olhos, do cérebro e da
medula espinhal.

O termo esclerose múltipla é decorrente das múltiplas áreas de cicatrização (esclerose) que representam muitos focos de
desmielinização no sistema nervoso. Os sinais e sintomas neurológicos da esclerose múltipla são tão diversos que o médico
pode não diagnosticá-la quando os primeiros sintomas ocorrem. Como a doença frequentemente piora lentamente no decorrer
do tempo, os indivíduos afetados apresentam períodos de saúde relativamente boa (remissões) alternados com períodos de
fraqueza (exacerbações). Cerca de 400.000 americanos, na maioria adultos jovens, apresentam a doença.

Causas
A causa da esclerose múltipla é desconhecida, mas suspeita-se que um vírus ou algum antígeno desconhecido sejam os
responsáveis que desencadeiam, de alguma maneira, um processo autoimune, geralmente no início da vida. Em seguida, o
corpo, por alguma razão, produz anticorpos contra sua própria mielina. Os anticorpos produzem inflamação e lesam a bainha
de mielina. A hereditariedade parece ter um papel na esclerose múltipla. Cerca de 5% dos indivíduos afetados possuem uma
irmã ou irmão que também apresenta a doença e aproximadamente 15% deles possuem um parente próximo afetado. Os
fatores ambientais também têm um papel. A esclerose afeta 1 em cada 2.000 indivíduos que passam a primeira década de
sua vida em climas temperados, mas ela afeta somente 1 em cada 10.000 indivíduos nascidos em regiões tropicais.

Doença de Parkinson
A doença de Parkinson é uma afecção do sistema nervoso central que acomete principalmente o sistema motor.

É uma das condições neurológicas mais frequentes e sua causa permanece desconhecida. As estatísticas disponíveis revelam
que a prevalência da doença de Parkinson na população é de 150 a 200 casos por 100.000 habitantes e a cada ano surgem
20 novos casos por 100.000 habitantes.

Os sintomas motores mais comuns são: tremor, rigidez muscular, acinesia e alterações posturais. Entretanto, manifestações
não motoras também podem ocorrer, tais como: comprometimento da memória, depressão, alterações do sono e distúrbios do
sistema nervoso autônomo.

A doença de Parkinson é uma condição crônica. A evolução dos sintomas é usualmente lenta mas é variável em cada caso. A
doença de Parkinson é a forma mais frequente de parkinsonismo. O termo parkinsonismo refere-se a um grupo de doenças
que podem ter várias causas e que apresentam em comum os sintomas descritos acima em combinações variáveis,
associados ou não a outras manifestações neurológicas. A doença de Parkinson é também chamada de parkinsonismo
primário porque é uma doença para a qual nenhuma causa conhecida foi identificada. Por outro lado, diz-se que um
parkinsonismo é secundário naqueles casos em que uma causa pode ser identificada. Cerca de 75% de todas as formas de
parkinsonismo correspondem à forma primária.

Doença de Huntington
Doença de Huntington, é uma desordem neurológica hereditária rara que afeta até 8 pessoas a cada grupo de 100.000. Ela
recebe o nome do médico George Huntington, de Ohio, que descreveu-a precisamente em 1872. A doença tem sido muito
estudada nas últimas décadas. Em 1993 foi descoberto o gene que causa a doença.
Os sintomas mais óbvios da doença são movimentos corporais anormais e falta de coordenação, também afetando várias
habilidades mentais e alguns aspectos de personalidade. Por ser uma doença genética, atualmente não tem cura, no entanto
os sintomas podem ser minimizados com a administração de medicação.

A doença de Huntington é uma doença degenerativa que afeta o sistema nervoso central e provoca movimentos involuntários
dos braços, das pernas e do rosto. Estes movimentos são rápidos e gestos bruscos. É uma doença hereditária, causada por
uma mutação genética, tendo o filho(a) da pessoa afetada 50% de probabilidades de a desenvolver. Se um descendente não
herdar o gene da doença, não a desenvolverá nem a transmitirá à geração seguinte.

O DNA é constituído de substâncias químicas denominadas nucleotídeos, o indivíduo possuidor dessa desordem apresenta
em seu material genético repetições anormais da sequência de nucleotídeos citosina, adenosina e guanina (CAG),
responsáveis pela codificação da glutamina. Na pessoa é a sequência CAG é encontrada com repetições menores que 20; já
em pessoas portadoras da doença de Huntington há sempre mais de 36 repetições, tornando assim o gene defeituoso.

Embora cada célula do corpo tenha duas cópias de cada gene, é suficiente uma cópia do gene anormal para que se tenha
esta doença. Então, pode-se dizer, que o gene que condiciona a Doença de Huntington é um gene dominante. O estudo do
cromossoma 4 consentiu que se descobrisse a natureza da doença e que se permitisse diagnosticá-la quando é ainda
assintomática.

Revestimento, suporte e movimento


Dentre as diversas adaptações que favorecem a conquista do meio terrestre pelos vertebrados destacam-se um eficiente
revestimento corporal impermeabilizado, um adequado sistema esquelético de suporte do organismo e de seus órgãos e um
hábil mecanismo que permite a movimentação do organismo pelo meio.

No homem, essas três tarefas são desempenhadas, na ordem, pela pele, pelo conjunto de ossos do sistema esquelético e
pelos inúmeros músculos componentes do sistema muscular. Ossos e músculos constituem o sistema locomotor.

Revestimento corporal: tegumento


Os animais apresentam um revestimento corporal cuja principal função é proteger o organismo contra a entrada de corpos
estranhos: o tegumento (do latim tegumentum, cobertura, envoltório). Além da função protetora, o tegumento também pode,
dependendo da espécie de animal, realizar trocas gasosas, secretar substâncias, perceber estímulos e regular a temperatura
do corpo, entre outras funções.

O tegumento dos invertebrados geralmente é um epitélio simples, constituído por uma única camada de células cúbicas ou
colunares. Já o tegumento dos vertebrados, a pele, é formada por duas camadas de tecidos, com glândulas e estruturas
anexas.

Pele
A pele dos vertebrados é formada por dois tecidos distintos, firmemente unidos entre si. O tecido mais externo, epitelial, é a
epiderme. O mais interno, conjuntivo, é a derme.

Epiderme
A epiderme é um epitélio multiestratificado, isto é, formado por várias camadas (estratos) de células justapostas. A camada
epidérmica mais interna é denominada estrato germinativo, sendo formada por células que se multiplicam continuamente, de
tal maneira que as novas células geradas empurram as mais velhas para cima, em direção à superfície do corpo. À medida
que envelhecem, as células epidérmicas tornam-se achatadas e passam a fabricar e a acumular dentro de si uma proteína
resistente, a queratina.

As células mais superficiais, ao se tornar repletas de queratina, morrem e constituem um revestimento resistente ao atrito e
altamente impermeável a perda de água.

Derme
A derme, localizada imediatamente sob a epiderme, é um tecido conjuntivo que contém fibras protéicas, vasos sanguíneos,
terminações nervosas, órgãos sensoriais e glândulas. As principais células da derme são os fibroblastos, responsáveis pela
produção de fibras e de uma substância gelatinosa, a substância amorfa, na qual os elementos dérmicos estão mergulhados.
São as fibras da derme que conferem resistência e elasticidade à pele.

Os vasos sanguíneos da derme são responsáveis pela nutrição e oxigenação tanto das células dérmicas quanto das células
epidérmicas. Nos mamíferos os vasos sanguíneos da derme desempenham um importante papel na manutenção da
temperatura corporal. Quando a temperatura do corpo sobe, impulsos nervosos provocam a dilatação dos vasos sanguíneos
da derme; com isso, maior quantidade de sangue passa a circular na pele, levando ao aumento da irradiação de calor para o
meio, o que faz o corpo esfriar. Já quando a temperatura corporal diminui, os vasos sanguíneos da pele se contraem; com
isso, menos sangue passa a circular na superfície do corpo, o que reduz a perda de calor.
Terminações nervosas e órgãos sensoriais presentes na derme são responsáveis pelas percepções de calor, frio, viscosidade,
dureza, umidade, aspereza, maciez, etc.

Tecido subcutâneo (hipoderme)


Sob a pele há uma camada de tecido conjuntivo frouxo – o tecido subcutâneo – rico em fibras e em células que armazenam
gordura (células adiposas). A gordura armazenada no tecido subcutâneo constitui reserva de energia e atua como isolante
térmico.

Diferenciações tegumentares
A pele dos vertebrados pode apresentar diversos tipos de diferenciações, que auxiliam o desempenho de suas funções.

As principais diferenciações tegumentares são escamas, pelos, penas, unhas, garras, cascos e cornos, além de vários tipos
de glândulas.

Escamas
Escamas são estruturas em forma de placa achatada, que se dispõe no tegumento como uma armadura protetora. Estão
presentes em peixes, répteis e aves.

Peixes cartilaginosos (cações, tubarões e raias) possuem escamas placoides semelhantes, em origem e estrutura, a um
dente. A parte externa de uma escama placoide é constituída por esmale, formado pelas células epidérmicas, e a parte interna
é constituída por dentina, formada pelas células dérmicas.Peixes ósseos apresentam escamas dérmicas, originadas pelas
células da derme e recobertas por uma fina camada de células epidérmicas. Répteis e aves têm escamas córneas, formações
de queratina originadas pelas células epidérmicas.

Pelos
Pelos são estruturas filamentosas de queratina, presentes exclusivamente em mamíferos. Certas espécies têm pelos
abundantes, que constituem uma pelagem protetora isolante. Na espécie humana, com exceção dos cabelos, os pelos são
curtos e ralos, concentrando-se nas axilas e em torno dos órgãos genitais.

Os pêlos são constituídos por células epidérmicas queratinizadas, mortas e compactas. O pêlo nasce dentro de uma pequena
depressão da pele, o folículo piloso. No fundo do folículo, células em contínua multiplicação fabricam queratina, morrem e se
compactam, originando o pelo.

As células que originam o pelo são nutridas e oxigenadas por capilares sanguíneos presentes junto ao folículo. Cada pelo está
ligado a um pequeno músculo eretor, que permite sua movimentação, e a uma ou mais glândulas sebáceas, que se
encarregam de sua lubrificação.

Penas
As penas estão presentes exclusivamente nas aves. São constituídas de queratina e se formam de maneira semelhante aos
pêlos dos mamíferos. Tudo indica que penas e pelos evoluíram a partir das escamas que recobriam o corpo dos répteis
ancestrais de aves e mamíferos.

Unhas
Unhas são estruturas achatadas, formadas por queratina altamente compactada, presente na ponta dos dedos de mamíferos e
primatas, como macacos, artrópodes e o homem. As unhas garantem firmeza à ponta dos dedos. Nos pés dão mais equilíbrio
ao caminhar; nas mãos auxiliam a apreenção e a manipulação de objetos.

As unhas crescem a apartir de uma dobra epidérmica localizada próxima à ponta dos dedos, onde células epidérmicas se
dividem intensamente, acumulando queratina. As células queratinizadas morrem e se compactam formando a unha.

Cascos
Cascos são estruturas queratinizadas maciças e compactas, presentes nas extremidades dos membros locomotores de certos
mamíferos, tais como cavalos, bois, porcos, girafas etc.

Animais dotados de casco são genericamente denominados ungulados (do latim úngula, unha).

Cornos
Os cornos são estruturas cônicas e pontiagudas, formada por queratina altamente compactada, presentes na cabeça dos
mamíferos como bois, búfalos, antílopes, carneiros, cabras, etc. Os cornos se desenvolvem tanto em machos quanto em
fêmeas e nunca são substituídos. Nisso diferem dos chifres, estruturas ramificadas presentes apenas em machos de alces e
veados. Os chifres são formados por tecido calcificado recoberto de pele, sendo substituído anualmente.

Glândulas
O tegumento dos vertebrados apresenta diversos tipos de glândulas, especializadas na produção e secreção de substâncias.
Peixes e anfíbios, por exemplo, possuem glândulas de muco que lubrificam a pele. Algumas espécies de anfíbios possuem
glândulas de veneno, que secretam substâncias tóxicas contra predadores.

Aves possuem uma glândula localizada na calda, a glândula uropigeana, que produz uma secreção oleosa usada na
lubrificação e impermeabilização das penas. Mamíferos possuem glândulas sebáceas, cuja a secreção gordurosa lubrifica os
pelos e a pele, e glândulas sudoríparas, que secretam suor.

As glândulas sudoríparas estão presentes em poucas categorias de mamíferos, das quais o cavalo e o homem são os
melhores exemplos; cães e gatos não têm glândulas sudoríparas.

As glândulas sudoríparas situam-se imediatamente abaixo da derme, no tecido subcutâneo. Sua porção mais profunda tem
forma enovelada, ligada, o um fino canal, a um poro que se abre na superfície da pele. A secreção das glândulas sudoríparas
é o suor, composto de água, sais e um pouco de ureia. O suor tem por função refrescar o corpo, seja quando a temperatura do
ambiente se eleva, seja quando a temperatura interna sobe devido ao aumento da atividade.

Sistema esquelético
O conjunto de ossos e cartilagens que protegem os órgãos e permitem os movimentos forma o sistema esquelético, cujas as
funções básicas são suporte, proteção, movimento, reserva de minerais (principalmente cálcio e fósforo) e produção de células
sanguíneas (hematopoiese).

Tipos de ossos
Quase todos os ossos do corpo podem ser classificados em 4 tipos, de acordo com a sua forma:

Longos – mais compridos do que largos. Por exemplo, ossos da perna, braços, antebraços e dedos;
Curtos – aproximadamente mesmo comprimento e largura. Por exemplo, ossos do calcanhar e do pulso;
Chatos ou achatados – finos, em forma de lâmina. Por exemplo, ossos do crânio, costelas e externo;
Irregulares – não podem ser inseridos nos grupos anteriores. Por exemplo, vértebras e ossos da face.

A formação do tecido ósseo


A ossificação – formação do tecido ósseo – pode se dar por dois processos: ossificação intramembranosas e ossificação
endocrondal.

No primeiro caso, o tecido ósseo surge aos poucos em uma membrana de natureza conjuntiva, não cartilaginosa. Na
ossificação endoncondral, uma peça de cartilagem, com formato de osso, serve de molde para a confecção de tecido ósseo.
Nesse caso, a cartilagem é gradualmente destruída e substituída por tecido ósseo.

Crescimento nos ossos longos


A ossificação endocondral ocorre na formação de ossos longos, como os das pernas e os dos braços.
Nesses ossos, duas regiões principais sofrerão a ossificação: o cilindro longo, conhecido como diáfise e as extremidades
dilatadas, que correspondem às epífises. Entre a epífese de cada extremidade e a diáfise é mantida uma região de cartilagem,
conhecida como cartilagem de crescimento, que possibilitará a ocorrência de crescimento ósseo durante a fase de
crescimento de uma pessoa.

Novas células cartilaginosas são constantemente geradas, seguidas da ocorrência constante de ossificação endocondral,
levando a formação de mais osso. Nesse processo, os osteoclastos desempenham papel importante. Eles efetuam
constantemente a reabsorção de tecido ósseo, enquanto novo tecido ósseo é formado.

Os osteoclastos atuam como verdadeiros demolidores de osso, enquanto os osteoblastos exercem papel de construtores de
mais osso. Nesse sentido o processo de crescimento de um osso depende da ação conjunta de reabsorção de osso
preexistente e da deposição de novo tecido ósseo. Considerando, por exemplo, o aumento de diâmetro de um osso longo, é
preciso efetuar a reabsorção da camada interna da parede óssea, enquanto na parede externa deve ocorrer deposição de
mais osso.

O crescimento ocorre até que se atinja determinada idade, a partir da qual a cartilagem de crescimento também sofre
ossificação e o crescimento do osso em comprimento cessa.

Remodelação óssea
A quantidade de massa óssea presente no esqueleto é o resultado da formação e da reabsorção.

Este turnover está diretamente relacionado à necessidade corporal de manter uma concentração fisiológica de cálcio ionizado
nos fluidos orgânicos e, especialmente, à necessidade de manter a integridade estrutural do esqueleto.
No processo fisiológico normal, a reabsorção e a formação ósseas estão intimamente relacionadas em tempo, grau e espaço,
tanto que a formação óssea só é ativada depois que estiver estabelecida uma área de absorção. O metabolismo ósseo é
influenciado por vários fatores hormonais, locais, comportamentais e ambientais, além de forças mecânicas, elétricas,
químicas e magnéticas. Esse mecanismo é relativamente rápido no osso trabecular e mais lento no osso cortical.

Os osteoclastos são recrutados para a superfície (processo chamado de ativação) e reabsorvem uma quantidade de mineral,
criando uma cavidade - lacuna de Howship - no osso trabecular. Essa fase dura em torno de duas semanas e é seguida por
um período de aparente inatividade no sítio da reabsorção. Durante essa fase, os osteoclastos desaparecem e são
substituídos por macrófagos, cuja função não está inteiramente elucidada, mas que parece ser a de depositar uma substância
que inicia a cimentação.

Como esse processo ocorre entre a remoção do osso e sua subsequente substituição, ele é chamado de fase de reversão.
Por um sinal desconhecido, os osteoblastos - células que sintetizam a nova matriz - aderem-se à superfície da cavidade.
Essas células sintetizam colágeno e outras proteínas não colagenosas, que são secretadas dentro da cavidade para formar o
osteoide, uma matriz não mineralizada, que o será mais tarde, formando osso novo. Essa fase de formação pode levar vários
meses para se estabelecer. Sob condições normais, a quantidade de osso novo sintetizado em cada sítio de remodelação é
exatamente igual àquela que foi removida pelos osteoclastos.

Calcula-se que os adultos remodelem de 10 a 30% da sua massa óssea a cada ano. Esta "manutenção preventiva" faz com
que o esqueleto tenha uma idade média em torno de oito anos

Fraturas e osteoclastos
De forma bem simplificada, podemos dizer que fratura é a quebra de um osso. Quando ocorre, o procedimento normal é a
redução dessa fratura, isto é, a aproximação dos cotos (partes fraturadas), e a imobilização até a formação do calo ósseo e
sua completa calcificação.

Os osteoclastos também estão envolvidos na reparação de fraturas. Após a quebra do osso, ocorre uma intensa proliferação
do periósteo. Isso leva a formação de uma anel, o calo ósseo, que envolve os pedaços quebrados. Simultaneamente, os
osteoclastos iniciam a remoção de células ósseas mortas e do coágulo formado, já que na fratura há uma hemorragia
considerável.

O periósteo fornece novas células iniciadoras de osso imaturo, que une provisoriamente os pedaços separados. Com o passar
do tempo, ocorre uma remodelação do calo ósseo e, aos poucos, a estrutura óssea é refeita com a participação de
osteoclastos e osteoblastos, até que a fratura esteja consolidada.

O esqueleto humano
Além de dar sustentação ao corpo, o esqueleto protege os órgãos internos e fornece pontos de apoio para a fixação dos
músculos.

Ele constitui-se de peças ósseas (ao todo 208 ossos no indivíduo adulto) e cartilaginosas articuladas, que formam um sistema
de alavancas movimentadas pelos músculos.

O esqueleto humano pode ser dividido em duas partes:

Esqueleto axial: formado pela caixa craniana, coluna vertebral caixa torácica (em amarelo).
Esqueleto apendicular: compreende a cintura escapular, formada pelas escápulas e clavículas; cintura pélvica, formada pelos
ossos ilíacos (da bacia) e o esqueleto dos membros (superiores ou anteriores e inferiores ou posteriores).

Esqueleto axial
Caixa craniana
Possui os seguintes ossos importantes: frontal, parietais, temporais, occipital, esfenoide, nasal, lacrimais, malares ("maçãs do
rosto" ou zigomático), maxilar superior e mandíbula (maxilar inferior).

Observações:

Primeiro - no osso esfenoide existe uma depressão denominada de sela turca onde se encontra uma das menores e mais
importantes glândulas do corpo humano - a hipófise, no centro geométrico do crânio.
Segundo - Fontanela ou moleira é o nome dado à região alta e mediana, da cabeça da criança, que facilita a passagem da
mesma no canal do parto; após o nascimento, será substituída por osso.

Coluna vertebral
É uma coluna de vértebras que apresentam cada uma um buraco, que se sobrepõem constituindo um canal que aloja a
medula nervosa ou espinhal.

É dividida em regiões típicas que são: coluna cervical (região do pescoço), coluna torácica, coluna lombar, coluna sacral,
coluna cocciciana (coccix).
Caixa torácica
É formada pela região torácica de coluna vertebral, osso externo e costelas, que são em número de 12 de cada lado, sendo as
7 primeiras verdadeiras (se inserem diretamente no esterno), 3 falsas (se reúnem e depois se unem ao esterno), e 2 flutuantes
(com extremidades anteriores livres, não se fixando ao esterno).

Esqueleto apendicular
Membros e cinturas articulares
Cada membro superior é composto de braço, antebraço, pulso e mão. O osso do braço – úmero – articula-se no cotovelo com
os ossos do antebraço: rádio e ulna. O pulso constitui-se de ossos pequenos e maciços, os carpos. A palma da mão é formada
pelos metacarpos e os dedos, pelas falanges.

Cada membro inferior compõe-se de coxa, perna, tornozelo e pé. O osso da coxa é o fêmur, o mais longo do corpo. No joelho,
ele se articula com os dois ossos da perna: a tíbia e a fíbula. A região frontal do joelho está protegida por um pequeno osso
circular: a rótula. Ossos pequenos e maciços, chamados tarsos, formam o tornozelo. A planta do pé é constituída pelos
metatarsos e os dedos dos pés (artelhos), pelas falanges.
Os membros estão unidos ao corpo mediante um sistema ósseo que toma o nome de cintura ou de cinta. A cintura superior se
chama cintura torácica ou escapular (formada pela clavícula e pela escápula ou omoplata); a inferior se chama cintura pélvica,
popularmente conhecida como bacia (constituída pelo sacro - osso volumoso resultante da fusão de cinco vértebras, por um
par de ossos ilíacos e pelo cóccix, formado por quatro a seis vértebras rudimentares fundidas). A primeira sustenta o úmero e
com ele todo o braço; a segunda dá apoio ao fêmur e a toda a perna.

Pelve
Os ossos do quadril, sacro e cóccix formam uma bacia, chamada de pelve.

A pelve feminina é a mais arredondada e larga que a masculina, característica que permite uma melhor acomodação durante
ser desenvolvimento e o parto.

Juntas e articulações
Junta é o local de junção entre dois ou mais ossos. Algumas juntas, como as do crânio, são fixas; nelas os ossos estão
firmemente unidos entre si.

Em outras juntas, denominadas articulações, os ossos são móveis e permitem ao esqueleto realizar movimentos.

Ligamentos
Os ossos de uma articulação mantêm-se no lugar por meio dos ligamentos, cordões resistentes constituídos por tecido
conjuntivo fibroso. Os ligamentos estão firmemente unidos às membranas que revestem os ossos.

Principais doenças relacionadas ao sistema esquelético


A tabela abaixo apresenta os principais problemas relacionados com a ossificação, esqueleto axial e articulações presentes
nos seres humanos.
Sistema muscular
O movimento é uma função essencial do corpo, resultante de contrações e relaxamento musculares.

Com exceção das esponjas e de alguns celenterados, que não possuem tecido muscular, todos os outros animais utilizam-se
de músculos para movimentar o corpo.

É graças à contração muscular que os animais podem nadar, respirar, voar, nadar, mover o alimento na cavidade digestiva,
bombear o sangue dentro dos vasos sanguíneos etc.

O tecido muscular representa de 40% a 50% do peso corporal total e é composto de células altamente especializadas.Os
músculos estão relacionados basicamente com as funções de movimento, manutenção da postura e produção de calor.

Foi estimado que 85% de todo o calor gerado no corpo vem de contrações musculares.

Tipos de tecido muscular


Os músculos podem ser formados por três tipos básicos de tecido muscular: estriado esquelético, liso e estriado cardíaco.

Musculatura estriada esquelética


O tecido muscular estriado esquelético apresenta, sob observação microscópica, faixas alternadas transversais, claras e
escuras. Essa estriação resulta do arranjo regular de microfilamentos formados pela proteínas actina e miosina, responsáveis
pela contração muscular. A célula muscular estriada, também chamada fibra muscular, possui inúmeros núcleos e pode atingir
comprimentos que vão de 1mm a 60 cm.

Musculatura lisa
O tecido muscular liso está presente em diversos órgãos internos (tubo digestivo, bexiga, útero etc.) e também nas paredes
dos vasos sanguíneos. As células musculares lisas são uninucleadas e os filamentos de actina e miosina dispões em hélice
em seu interior, sem formar padrão estriado como no tecido muscular esquelético.

A contração dos músculos lisos é geralmente involuntária, ao contrário da contração dos músculos esqueléticos, que está sob
o controle da vontade.

Musculatura estriada cardíaca


O tecido muscular cardíaco está presente apenas no coração dos vertebrados. Ao microscópio, o tecido muscular cardíaco
apresenta estriação transversal. Suas células são uninucleares e têm contração involuntária.

A contração muscular
A grande maioria dos animais possuem células nervosas e musculares. Em todos eles, o mecanismo de funcionamento
dessas células é exatamente o mesmo.

A coordenação interna do organismo e o seu relacionamento com o meio ambiente são funções exercidas pelo sistema
nervoso. Ao sistema sensorial cabe a recepção das mensagens provenientes do meio ambiente. A resposta, muitas vezes
representada por um movimento, é papel dos tecidos musculares.

Os miofilamentos: actina e miosina


Toda a célula muscular contém filamentos protéicos contráteis de dois tipos: actina e miosina. Esses miofilamentos (ou
miofibrilas) são diferenciados um do outro pelo peso molecular, maior no filamento de miosina.

Ao microscópio eletrônico, a actina aparece sob a forma de filamentos finos, enquanto a miosina é representada por filamentos
grossos. A interação da actina com a miosina é o grande evento desencadeador da contração muscular.

A disposição regular dessas proteínas ao longo da fibra produz o padrão de faixas claras e escuras alternadas, típicas do
músculo estriado.

As unidades de actina e miosina que se repetem ao longo da miofibrila são chamadas, sarcômeros. As faixas mais externas
dos sarcômeros, claras, são denominadas de banda I e contêm apenas filamentos de actina. A faixa central mais escura é
denominada banda A. As extremidades da banda A são formadas por filamentos de actina e miosina sobrepostos, enquanto a
sua região mediana mais clara, denominada banda H, contém apenas miosina.

As linhas Z constituem o ponto onde se originam os filamentos de actina. Os filamentos de miosina ficam intercalados com os
de actina. Note que de ambos os lados dos filamentos de miosina existe um espaço. Essa é a conformação quando a célula
muscular está relaxada. Na contração, o sarcômero encurta e as moléculas de miosina “encostam” nas linhas Z. Neste caso, a
estriação típica modifica-se momentaneamente. Retornando ao estado de relaxamento.

O mecanismo da contração muscular


Na contração das fibras musculares esqueléticas, ocorre o encurtamento dos sarcômeros: os filamentos de actina “deslizam”
sobre os de miosina, graças a certos pontos de união que se formam entre esses dois filamentos, levando á formação da
actomiosina.

Para esse deslizamento acontecer, há a participação de grande quantidade de dois elementos importantes : íons Ca ++ e ATP.
Nesse caso cabe à molécula de miosina o papel de “quebrar” (hidrolisar) o ATP, liberando a energia necessária para a
ocorrência de contração.

O estímulo à contração muscular


A musculatura lisa é controlada pelos nervos do sistema nervoso autônomo. As divisões simpática e parassimpática atuam
sobre a atividade da musculatura lisa dos órgãos digestivos e excretores.

No entanto, o tecido muscular liso também pode ser estimulado a funcionar pela distensão da parede do órgão. É o que
acontece, por exemplo, quando o bolo alimentar está passando pelo tubo digestivo. A distensão causada pelo aumento na
parede intestinal provoca uma resposta de contração na musculatura lisa dessa parede. Como resultado, gera-se uma onda
de peristaltismo, que impulsiona o alimento “para frente”.

Por outro lado, a musculatura estriada, na maior parte das vezes, fica sob controle voluntário. Ramos nervosos se
encaminham para o tecido muscular e se ramificam, atingindo células musculares individuais ou grupos delas.

Cada ponto de junção entre uma terminação nervosa e a membrana plasmática da célula muscular corresponde a uma
sinapse. Essa junção é conhecida pelo nome de placa motora. O impulso nervoso propaga-se pelo neurônio e atinge a placa
motora. A membrana da célula muscular recebe o estímulo. Gera-se uma corrente elétrica que se propaga por essa
membrana, atinge o citoplasma e desencadeia o mecanismo de contração muscular.

Circuito Músculo-Cérebro
Os nervos estão conectados e comunicam seus sinais através de sinapses. O movimento de um músculo envolve duas vias
nervosas complexas: a via nervosa sensitiva até o cérebro e a via nervosa motora até o músculo. Esse circuito é composto por
doze etapas básicas, as quais são indicadas a seguir:

Os receptores sensitivos da pele detectam as sensações e transmitem um sinal ao cérebro.


O sinal é transmitido ao longo de um nervo sensitivo até a medula espinhal.
Uma sinapse na medula espinhal conecta o nervo sensitivo a um nervo da medula espinhal.
O nervo cruza para o lado oposto da medula espinhal.
O sinal é transmitido e ascende pela medula espinhal.
Uma sinapse no tálamo conecta a medula espinhal às fibras nervosas que transmitem o sinal até o córtex sensitivo.
O córtex sensitivo detecta o sinal e faz com que o córtex motor gere um sinal de movimento.
O nervo que transmite o sinal cruza para o outro lado, na base do cérebro.
O sinal é transmitido para baixo pela medula espinhal.
Uma sinapse conecta a medula espinhal a um nervo motor.
O sinal prossegue ao longo do nervo motor.
O sinal atinge a placa motora, onde ele estimula o movimento muscular.

Tecido muscular estriado cardíaco


Esse tecido é o principal constituinte da parede do coração. Embora ele seja estriado, seu controle é involuntário (ele é
inervado pelos dois ramos do sistema nervoso autônomo – o simpático e o parassimpático).

As fibras do músculo cardíaco são quadrangulares e apresentam um ou dois núcleos localizados no centro da fibra. Já as
células musculares esqueléticas contêm vários núcleos distribuídos pela periferia da célula.

As fibras cardíacas são interconectadas umas com as outras. Essas fibras estão organizadas paralelamente, e fisicamente
conectadas por junções que permitem a condução de um estímulo de uma fibra para a outra. Entre as fibras, há a interposição
de um disco intercalar, que nada mais é do que o espessamento da membrana da célula. Esse disco é característico do tecido
muscular cardíaco. Sua função é aumentar a força do músculo é facilitar a condução do impulso de uma fibra para a outra.
Quando uma fibra do tecido é estimulada, todas as outras também o serão.

O tecido muscular cardíaco normal se contrai e se relaxa de forma rápida, contínua e rítmica por volta de 75 vezes por minuto.
Para esse trabalho, a demanda por oxigênio é bem maior do que a do tecido muscular esquelético. As mitocôndrias também
são maiores e em grande número quando comparadas às dos músculos esqueléticos.

As células musculares lisas são involuntárias, não-estriadas e menores do que as fibras estriadas esqueléticas. Elas
apresentam um núcleo único e central. Seus filamentos de actina e miosina estão espalhados no citoplasma, sem o arranjo
visto para as células musculares esqueléticas. A contração muscular se dá de modo semelhante ao visto anteriormente

A musculatura lisa é controlada pelos nervos do sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático). A musculatura lisa
está presente, por exemplo, na parede dos órgãos digestivos, dos vasos sanguíneos, da bexiga urinária e do útero. O tecido
muscular liso também pode ser estimulado a funcionar pela distensão da parede do órgão.

Grupos de Ação Muscular


O músculo esquelético é um agrupamento de células musculares (fibras) envoltas em um delicado tecido nervoso. À medida
que um músculo esquelético se aproxima da sua inserção, a massa formada por elementos contráteis, chamada de ventre,
termina abruptamente e é continuada por fibras do tecido conjuntivo, conhecidas como tendões de inserção. Os tendões
planos se chamam aponeuroses. As fibras colágenas do tendão se ligam com as do periósteo e do osso propriamente dito,
fazendo a união entre os sistemas ósseo esquelético e muscular.

A maioria dos movimentos é coordenada por vários músculos esqueléticos atuando em grupos. Dependendo do tipo de
movimento, há diferentes grupos de músculos em cada lado de uma articulação. Assim, em uma articulação, os músculos
flexores estão do lado oposto ao dos extensores, o dos adutores em oposição ao dos abdutores etc.

O músculo que causa a ação desejada é chamado de agonista. Simultaneamente, o grupo que faz oposição ao agonista é
chamado de antagonista. Assim, se o grupo agonista se contrai, o antagonista se relaxa e permite o movimento desejado.

Além dos agonistas e antagonistas, existem os sinergistas. Esses músculos servem para firmar, uniformizar o movimento,
além de prevenir movimentos indesejados e promover uma ação agonista eficiente. O último grupo é o dos fixadores. Sua
função é estabilizar a origem dos movimentos agonistas para que eles sejam realizados de forma eficiente.

Sistema muscular
O movimento é uma função essencial do corpo, resultante de contrações e relaxamento musculares.

Com exceção das esponjas e de alguns celenterados, que não possuem tecido muscular, todos os outros animais utilizam-se
de músculos para movimentar o corpo.
É graças à contração muscular que os animais podem nadar, respirar, voar, nadar, mover o alimento na cavidade digestiva,
bombear o sangue dentro dos vasos sanguíneos etc.

O tecido muscular representa de 40% a 50% do peso corporal total e é composto de células altamente especializadas.Os
músculos estão relacionados basicamente com as funções de movimento, manutenção da postura e produção de calor.

Foi estimado que 85% de todo o calor gerado no corpo vem de contrações musculares.

Tipos de tecido muscular


Os músculos podem ser formados por três tipos básicos de tecido muscular: estriado esquelético, liso e estriado cardíaco.

Musculatura estriada esquelética


O tecido muscular estriado esquelético apresenta, sob observação microscópica, faixas alternadas transversais, claras e
escuras. Essa estriação resulta do arranjo regular de microfilamentos formados pela proteínas actina e miosina, responsáveis
pela contração muscular. A célula muscular estriada, também chamada fibra muscular, possui inúmeros núcleos e pode atingir
comprimentos que vão de 1mm a 60 cm.

Musculatura lisa
O tecido muscular liso está presente em diversos órgãos internos (tubo digestivo, bexiga, útero etc.) e também nas paredes
dos vasos sanguíneos. As células musculares lisas são uninucleadas e os filamentos de actina e miosina dispões em hélice
em seu interior, sem formar padrão estriado como no tecido muscular esquelético.

A contração dos músculos lisos é geralmente involuntária, ao contrário da contração dos músculos esqueléticos, que está sob
o controle da vontade.

Musculatura estriada cardíaca


O tecido muscular cardíaco está presente apenas no coração dos vertebrados. Ao microscópio, o tecido muscular cardíaco
apresenta estriação transversal. Suas células são uninucleares e têm contração involuntária.

A contração muscular
A grande maioria dos animais possuem células nervosas e musculares. Em todos eles, o mecanismo de funcionamento
dessas células é exatamente o mesmo.

A coordenação interna do organismo e o seu relacionamento com o meio ambiente são funções exercidas pelo sistema
nervoso. Ao sistema sensorial cabe a recepção das mensagens provenientes do meio ambiente. A resposta, muitas vezes
representada por um movimento, é papel dos tecidos musculares.

Os miofilamentos: actina e miosina


Toda a célula muscular contém filamentos protéicos contráteis de dois tipos: actina e miosina. Esses miofilamentos (ou
miofibrilas) são diferenciados um do outro pelo peso molecular, maior no filamento de miosina.

Ao microscópio eletrônico, a actina aparece sob a forma de filamentos finos, enquanto a miosina é representada por filamentos
grossos. A interação da actina com a miosina é o grande evento desencadeador da contração muscular.

A disposição regular dessas proteínas ao longo da fibra produz o padrão de faixas claras e escuras alternadas, típicas do
músculo estriado.

As unidades de actina e miosina que se repetem ao longo da miofibrila são chamadas, sarcômeros. As faixas mais externas
dos sarcômeros, claras, são denominadas de banda I e contêm apenas filamentos de actina. A faixa central mais escura é
denominada banda A. As extremidades da banda A são formadas por filamentos de actina e miosina sobrepostos, enquanto a
sua região mediana mais clara, denominada banda H, contém apenas miosina.

As linhas Z constituem o ponto onde se originam os filamentos de actina. Os filamentos de miosina ficam intercalados com os
de actina. Note que de ambos os lados dos filamentos de miosina existe um espaço. Essa é a conformação quando a célula
muscular está relaxada. Na contração, o sarcômero encurta e as moléculas de miosina “encostam” nas linhas Z. Neste caso, a
estriação típica modifica-se momentaneamente. Retornando ao estado de relaxamento.

Tecido muscular estriado cardíaco


Esse tecido é o principal constituinte da parede do coração. Embora ele seja estriado, seu controle é involuntário (ele é
inervado pelos dois ramos do sistema nervoso autônomo – o simpático e o parassimpático).

As fibras do músculo cardíaco são quadrangulares e apresentam um ou dois núcleos localizados no centro da fibra. Já as
células musculares esqueléticas contêm vários núcleos distribuídos pela periferia da célula.

As fibras cardíacas são interconectadas umas com as outras. Essas fibras estão organizadas paralelamente, e fisicamente
conectadas por junções que permitem a condução de um estímulo de uma fibra para a outra. Entre as fibras, há a interposição
de um disco intercalar, que nada mais é do que o espessamento da membrana da célula. Esse disco é característico do tecido
muscular cardíaco. Sua função é aumentar a força do músculo é facilitar a condução do impulso de uma fibra para a outra.
Quando uma fibra do tecido é estimulada, todas as outras também o serão.

O tecido muscular cardíaco normal se contrai e se relaxa de forma rápida, contínua e rítmica por volta de 75 vezes por minuto.
Para esse trabalho, a demanda por oxigênio é bem maior do que a do tecido muscular esquelético. As mitocôndrias também
são maiores e em grande número quando comparadas às dos músculos esqueléticos.

As células musculares lisas são involuntárias, não-estriadas e menores do que as fibras estriadas esqueléticas. Elas
apresentam um núcleo único e central. Seus filamentos de actina e miosina estão espalhados no citoplasma, sem o arranjo
visto para as células musculares esqueléticas. A contração muscular se dá de modo semelhante ao visto anteriormente

A musculatura lisa é controlada pelos nervos do sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático). A musculatura lisa
está presente, por exemplo, na parede dos órgãos digestivos, dos vasos sanguíneos, da bexiga urinária e do útero. O tecido
muscular liso também pode ser estimulado a funcionar pela distensão da parede do órgão.

Grupos de Ação Muscular


O músculo esquelético é um agrupamento de células musculares (fibras) envoltas em um delicado tecido nervoso. À medida
que um músculo esquelético se aproxima da sua inserção, a massa formada por elementos contráteis, chamada de ventre,
termina abruptamente e é continuada por fibras do tecido conjuntivo, conhecidas como tendões de inserção. Os tendões
planos se chamam aponeuroses. As fibras colágenas do tendão se ligam com as do periósteo e do osso propriamente dito,
fazendo a união entre os sistemas ósseo esquelético e muscular.

A maioria dos movimentos é coordenada por vários músculos esqueléticos atuando em grupos. Dependendo do tipo de
movimento, há diferentes grupos de músculos em cada lado de uma articulação. Assim, em uma articulação, os músculos
flexores estão do lado oposto ao dos extensores, o dos adutores em oposição ao dos abdutores etc.

O músculo que causa a ação desejada é chamado de agonista. Simultaneamente, o grupo que faz oposição ao agonista é
chamado de antagonista. Assim, se o grupo agonista se contrai, o antagonista se relaxa e permite o movimento desejado.

Além dos agonistas e antagonistas, existem os sinergistas. Esses músculos servem para firmar, uniformizar o movimento,
além de prevenir movimentos indesejados e promover uma ação agonista eficiente. O último grupo é o dos fixadores. Sua
função é estabilizar a origem dos movimentos agonistas para que eles sejam realizados de forma eficiente.

Genética
Desde os tempos mais remotos, o homem tomou consciência da importância do macho e da fêmea na geração de seres da
mesma espécie, e que características como altura, cor da pele, etc, eram transmitidas dos pais para os descendentes.

Assim, com certeza, uma cadela quando cruzar com um cão, irá originar um filhote com características de um cão e nunca de
um gato. Mas por quê?

Mendel, o iniciador da genética


Gregor Mendel nasceu em 1822, em Heinzendorf, na Áustria. Era filho de pequenos fazendeiros e, apesar de bom aluno, teve
de superar dificuldades financeiras para conseguir estudar. Em 1843, ingressou como noviço no mosteiro de agostiniano da
cidade de Brunn, hoje Brno, na atual República Tcheca.

Após ter sido ordenado monge, em 1847, Mendel ingressou na Universidade de Viena, onde estudou matemática e ciências
por dois anos. Ele queria ser professor de ciências naturais, mas foi mal sucedido nos exames.

De volta a Brunn, onde passou o resto da vida, Mendel continuou interessado em ciências. Fez estudos meteorológicos,
estudou a vida das abelhas e cultivou plantas, tendo produzido novas variedades de maças e peras. Entre 1856 e 1865,
realizou uma série de experimentos com ervilhas, com o objetivo de entender como as características hereditárias eram
transmitidas de pais para filhos.

Em 8 de março de 1865, Mendel apresentou um trabalho à Sociedade de História Natural de Brunn, no qual enunciava as
suas leis de hereditariedade, deduzidas das experiências com as ervilhas. Publicado em 1866, com data de 1865, esse
trabalho permaneu praticamente desconhecido do mundo científico até o início do século XX. Pelo que se sabe, poucos leram
a publicação, e os que leram não conseguiram compreender sua enorme importância para a Biologia. As leis de Mendel foram
redescobertas apenas em 1900, por três pesquisadores que trabalhavam independentemente.
Mendel morreu em Brunn, em 1884. Os últimos anos de sua vida foram amargos e cheios de desapontamento. Os trabalhos
administrativos do mosteiro o impediam de se dedicar exclusivamente à ciência, e o monge se sentia frustrado por não ter
obtido qualquer reconhecimento público pela sua importante descoberta. Hoje Mendel é tido como uma das figuras mais
importantes no mundo científico, sendo considerado o “pai” da Genética. No mosteiro onde viveu existe um monumento em
sua homenagem, e os jardins onde foram realizados os célebres experimentos com ervilhas até hoje são conservados.

Os experimentos de Mendel
A escolha da planta
A ervilha é uma planta herbácea leguminosa que pertence ao mesmo grupo do feijão e da soja. Na reprodução, surgem
vagens contendo sementes, as ervilhas. Sua escolha como material de experiência não foi casual: uma planta fácil de cultivar,
de ciclo reprodutivo curto e que produz muitas sementes.

Desde os tempos de Mendel, existiam muitas variedades disponíveis, dotadas de características de fácil comparação. Por
exemplo, a variedade que flores púrpuras podia ser comparada com a que produzia flores brancas; a que produzia sementes
lisas poderia ser comparada com a que produzia sementes rugosas, e assim por diante.

Outra vantagem dessas plantas é que estame e pistilo, os componentes envolvidos na reprodução sexuada do vegetal, ficam
encerrados no interior da mesma flor, protegidas pelas pétalas. Isso favorece a autopolinização e, por extensão, a
autofecundação, formando descendentes com as mesmas características das plantas genitoras.

A partir da autopolinização, Mendel produziu e separou diversas linhagens puras de ervilhas para as características que ele
pretendia estudar. Por exemplo, para cor de flor, plantas de flores de cor de púrpura sempre produziam como descendentes
plantas de flores púrpuras, o mesmo ocorrendo com o cruzamento de plantas cujas flores eram brancas. Mendel estudou sete
características nas plantas de ervilhas: cor da flor, posição da flor no caule, cor da semente, aspecto externo da semente,
forma da vagem, cor da vagem e altura da planta.

Os cruzamentos
Depois de obter linhagens puras, Mendel efetuou um cruzamento diferente. Cortou os estames de uma flor proveniente de
semente verde e depois depositou, nos estigmas dessa flor, pólen de uma planta proveniente de semente amarela.

Efetuou, então, artificialmente, uma polinização cruzada: pólen de uma planta que produzia apenas semente amarela foi
depositado no estigma de outra planta que só produzia semente verde, ou seja, cruzou duas plantas puras entre si. Essas
duas plantas foram consideradas como a geração parental (P), isto é, a dos genitores.
Após repetir o mesmo procedimento diversas vezes, Mendel verificou que todas as sementes originadas desses cruzamentos
eram amarelas – a cor verde havia aparentemente “desaparecido” nos descendentes híbridos (resultantes do cruzamento das
plantas), que Mendel chamou de F1 (primeira geração filial). Concluiu, então, que a cor amarela “dominava” a cor verde.
Chamou o caráter cor amarela da semente de dominante e o verde de recessivo.

A seguir, Mendel fez germinar as sementes obtidas em F1 até surgirem as plantas e as flores. Deixou que se autofertilizassem
e aí houve a surpresa: a cor verde das sementes reapareceu na F2 (segunda geração filial), só eu em proporção menor que as
de cor amarela: surgiram 6.022 sementes amarelas para 2.001 verdes, o que conduzia a proporção 3:1. Concluiu que na
verdade, a cor verde das sementes não havia “desaparecido” nas sementes da geração F1. O que ocorreu é que ela não tinha
se manifestado, uma vez que, sendo uma caráter recessivo, era apenas “dominado” (nas palavras de Mendel) pela cor
amarela. Mendel concluiu que a cor das sementes era determinada por dois fatores, cada um determinando o surgimento de
uma cor, amarela ou verde.

Era necessário definir uma simbologia para representar esses fatores: escolheu a inicial do caráter recessivo. Assim, a letra v
(inicial de verde), minúscula, simbolizava o fator recessivo. Assim, a letra v (inicial de verde), minúscula, simbolizava o fator
recessivo – para cor verse – e a letra V, maiúscula, o fator dominante – para cor amarela.
Persistia, porém, uma dúvida: Como explicar o desaparecimento da cor verde na geração F1 e o seu reaparecimento na
geração F2?

A resposta surgiu a partir do conhecimento de que cada um dos fatores se separava durante a formação das células
reprodutoras, os gametas. Dessa forma, podemos entender como o material hereditário passa de uma geração para a outra.
Acompanhe nos esquemas abaixo os procedimentos adorados por Mendel com relação ao caráter cor da semente em
ervilhas.
Resultado: em F2, para cada três sementes amarelas, Mendel obteve uma semente de cor verde. Repetindo o procedimento
para outras seis características estudadas nas plantas de ervilha, sempre eram obtidos os mesmos resultados em F2, ou seja
a proporção de três expressões dominantes para uma recessiva.

Leis de Mendel
1ª Lei de Mendel: Lei da Segregação dos Fatores
A comprovação da hipótese de dominância e recessividade nos vários experimentos efetuados por Mendel levou mais tarde à
formulação da sua 1ª lei:
“Cada característica é determinada por dois fatores que se separam na formação dos gametas, onde ocorrem em dose
simples”, isto é, para cada gameta masculino ou feminino encaminha-se apenas um fator.

Mendel não tinha ideia da constituição desses fatores, nem onde se localizavam.

As bases celulares da segregação


A redescoberta dos trabalhos de Mendel, em 1900, trouxe a questão: onde estão os fatores hereditários e como eles se
segregam?

Em 1902, enquanto estudava a formação dos gametas em gafanhotos, o pesquisador norte americano Walter S. Sutton notou
surpreendente semelhança entre o comportamento dos cromossomos homólogos, que se separavam durante a meiose, e os
fatores imaginados por Mendel. Sutton lançou a hipótese de que os pares de fatores hereditários estavam localizados em
pares de cromossomos homólogos, de tal maneira que a separação dos homólogos levava à segregação dos fatores.

Hoje sabemos que os fatores a que Mendel se referiu são os genes (do grego genos, originar, provir), e que realmente estão
localizados nos cromossomos, como Sutton havia proposto. As diferentes formas sob as quais um gene pode se apresentar
são denominadas alelos. A cor amarela e a cor verde da semente de ervilha, por exemplo, são determinadas por dois alelos,
isto é, duas diferentes formas do gene para cor da semente.

Exemplo da primeira lei de Mendel em um animal


Vamos estudar um exemplo da aplicação da primeira lei de Mendel em um animal, aproveitando para aplicar a terminologia
modernamente usada em Genética. A característica que escolhemos foi a cor da pelagem de cobaias, que pode ser preta ou
branca. De acordo com uma convenção largamente aceita, representaremos por B o alelo dominante, que condiciona a cor
preta, e por b o alelo recessivo, que condiciona a cor branca.

Uma técnica simples de combinar os gametas produzidos pelos indivíduos de F1 para obter a constituição genética dos
indivíduos de F2 é a montagem do quadrado de Punnet. Este consiste em um quadro, com número de fileiras e de colunas
que correspondem respectivamente, aos tipos de gametas masculinos e femininos formados no cruzamento. O quadrado de
Punnet para o cruzamento de cobaias heterozigotas é:

Os conceitos de fenótipo e genótipo


Dois conceitos importantes para o desenvolvimento da genética, no começo do século XX, foram os de fenótipo e genótipo,
criados pelo pesquisador dinamarquês Wilhelm L. Johannsen (1857 – 1912).

Fenótipo
O termo “fenótipo” (do grego pheno, evidente, brilhante, e typos, característico) é empregado para designar as características
apresentadas por um indivíduo, sejam elas morfológicas, fisiológicas e comportamentais. Também fazem parte do fenótipo
características microscópicas e de natureza bioquímica, que necessitam de testes especiais para a sua identificação.

Entre as características fenotípicas visíveis, podemos citar a cor de uma flor, a cor dos olhos de uma pessoa, a textura do
cabelo, a cor do pelo de um animal, etc. Já o tipo sanguíneo e a sequência de aminoácidos de uma proteína são
características fenotípicas revelada apenas mediante testes especiais.

O fenótipo de um indivíduo sofre transformações com o passar do tempo. Por exemplo, à medida que envelhecemos o nosso
corpo se modifica. Fatores ambientais também podem alterar o fenótipo: se ficarmos expostos à luz do sol, nossa pele
escurecerá.

Genótipo
O termo “genótipo” (do grego genos, originar, provir, e typos, característica) refere-se à constituição genética do indivíduo, ou
seja, aos genes que ele possui. Estamos nos referindo ao genótipo quando dizemos, por exemplo, que uma planta de ervilha é
homozigota dominante (VV) ou heterozigota (Vv) em relação à cor da semente.

Fenótipo: genótipo e ambiente em interação

O fenótipo resulta da interação do genótipo com o ambiente. Consideremos, por exemplo, duas pessoas que tenham os
mesmos tipos de alelos para pigmentação da pele; se uma delas toma sol com mais frequência que a outra, suas tonalidades
de pele, fenótipo, são diferentes.

Um exemplo interessante de interação entre genótipo e ambiente na produção do fenótipo é a reação dos coelhos da raça
himalaia à temperatura. Em temperaturas baixas, os pelos crescem pretos e, em temperaturas altas, crescem brancos. A
pelagem normal desses coelhos é branca, menos nas extremidades do corpo (focinho, orelha, rabo e patas), que, por
perderem mais calor e apresentarem temperatura mais baixa, desenvolvem pelagem preta.
Determinando o genótipo
Enquanto que o fenótipo de um indivíduo pode ser observado diretamente, mesmo que seja através de instrumentos, o
genótipo tem que ser inferido através da observação do fenótipo, da análise de seus pais, filhos e de outros parentes ou ainda
pelo sequenciamento do genoma do indivíduo, ou seja, leitura do que está nos genes. A técnica do sequenciamento, não é
amplamente utilizada, devido ao seu alto custo e pela necessidade de aparelhagem especializada. Por esse motivo a
observação do fenótipo e análise dos parentes ainda é o recurso mais utilizado para se conhecer o genótipo.

Quando um indivíduo apresenta o fenótipo condicionado pelo alelo recessivo, conclui-se que ele é homozigoto quanto ao alelo
em questão. Por exemplo, uma semente de ervilha verde é sempre homozigota vv. Já um indivíduo que apresenta o fenótipo
condicionado pelo alelo dominante poderá ser homozigoto ou heterozigoto. Uma semente de ervilha amarela, por exemplo,
pode ter genótipo VV ou Vv. Nesse caso, o genótipo do indivíduo só poderá ser determinado pela análise de seus pais e de
seus descendentes.

Caso o indivíduo com fenótipo dominante seja filho de pai com fenótipo recessivo, ele certamente será heterozigoto, pois
herdou do pai um alelo recessivo. Entretanto, se ambos os pais têm fenótipo dominante, nada se pode afirmar. Será
necessário analisar a descendência do indivíduo em estudo: se algum filho exibir o fenótipo recessivo, isso indica que ele é
heterozigoto.

Cruzamento-teste
Este cruzamento é feito com um indivíduo homozigótico recessivo para o fator que se pretende estudar, que facilmente se
identifica pelo seu fenótipo e um outro de genótipo conhecido ou não. Por exemplo, se cruzarmos um macho desconhecido
com uma fêmea recessiva podemos determinar se o macho é portador daquele caráter recessivo ou se é puro. Caso este seja
puro todos os filhos serão como ele, se for portador 25% serão brancos, etc. Esta explicação é muito básica, pois geralmente é
preciso um pouco mais do que este único cruzamento.

A limitação destes cruzamentos está no fato de não permitirem identificar portadores de alelos múltiplos para a mesma
característica, ou seja, podem existir em alguns casos mais do que dois alelos para o mesmo gene e o efeito da sua
combinação variar. Além disso, podemos estar cruzando um fator para o qual o macho ou fêmea teste não são portadores,
mas sim de outros alelos.

Construindo um heredograma
No caso da espécie humana, em que não se pode realizar experiências com cruzamentos dirigidos, a determinação do padrão
de herança das características depende de um levantamento do histórico das famílias em que certas características
aparecem.

Isso permite ao geneticista saber se uma dada característica é ou não hereditária e de que modo ela é herdada. Esse
levantamento é feito na forma de uma representação gráfica denominada heredograma (do latim heredium, herança), também
conhecida como genealogia ou árvore genealógica.

Construir um heredograma consiste em representar, usando símbolos, as relações de parentesco entre os indivíduos de uma
família. Cada indivíduo é representado por um símbolo que indica as suas características particulares e sua relação de
parentesco com os demais.

Indivíduos do sexo masculino são representados por um quadrado, e os do sexo feminino, por um círculo. O casamento, no
sentido biológico de procriação, é indicado por um traço horizontal que une os dois membros do casal. Os filhos de um
casamento são representados por traços verticais unidos ao traço horizontal do casal.

Os principais símbolos são os seguintes:

A montagem de um heredograma obedece a algumas regras:

1ª) Em cada casal, o homem deve ser colocado à esquerda, e a mulher à direita, sempre que for possível.

2ª) Os filhos devem ser colocados em ordem de nascimento, da esquerda para a direita.

3ª) Cada geração que se sucede é indicada por algarismos romanos (I, II, III, etc.). Dentro de cada geração, os indivíduos são
indicados por algarismos arábicos, da esquerda para a direita. Outra possibilidade é se indicar todos os indivíduos de um
heredograma por algarismos arábicos, começando-se pelo primeiro da esquerda, da primeira geração.

Interpretação dos Heredogramas


A análise dos heredogramas pode permitir se determinar o padrão de herança de uma certa característica (se é autossômica,
se é dominante ou recessiva, etc.). Permite, ainda, descobrir o genótipo das pessoas envolvidas, se não de todas, pelo menos
de parte delas. Quando um dos membros de uma genealogia manifesta um fenótipo dominante, e não conseguimos
determinar se ele é homozigoto dominante ou heterozigoto, habitualmente o seu genótipo é indicado como A_, B_ou C_, por
exemplo.

A primeira informação que se procura obter, na análise de um heredograma, é se o caráter em questão é condicionado por um
gene dominante ou recessivo. Para isso, devemos procurar, no heredograma, casais que são fenotipicamente iguais e tiveram
um ou mais filhos diferentes deles. Se a característica permaneceu oculta no casal, e se manifestou no filho, só pode ser
determinada por um gene recessivo. Pais fenotipicamente iguais, com um filho diferente deles, indicam que o caráter presente
no filho é recessivo!

Uma vez que se descobriu qual é o gene dominante e qual é o recessivo, vamos agora localizar os homozigotos recessivos,
porque todos eles manifestam o caráter recessivo. Depois disso, podemos começar a descobrir os genótipos das outras
pessoas. Devemos nos lembrar de duas coisas:

1ª) Em um par de genes alelos, um veio do pai e o outro veio da mãe. Se um indivíduo é homozigoto recessivo, ele deve ter
recebido um gene recessivo de cada ancestral.

2ª) Se um indivíduo é homozigoto recessivo, ele envia o gene recessivo para todos os seus filhos. Dessa forma, como em um
“quebra-cabeças”, os outros genótipos vão sendo descobertos. Todos os genótipos devem ser indicados, mesmo que na sua
forma parcial (A_, por exemplo).

Exemplo:

Em uma árvore desse tipo, as mulheres são representadas por círculos e os homens por quadrados. Os casamentos são
indicados por linhas horizontais ligando um círculo a um quadrado. Os algarismos romanos I, II, III à esquerda da genealogia
representam as gerações. Estão representadas três gerações. Na primeira há uma mulher e um homem casados, na segunda,
quatro pessoas, sendo três do sexo feminino e uma do masculino. Os indivíduos presos a uma linha horizontal por traços
verticais constituem uma irmandade. Na segunda geração observa-se o casamento de uma mulher com um homem de uma
irmandade de três pessoas.

Dominância incompleta ou Co-dominância


Nem todas as características são herdadas como a cor da semente da ervilha, em que o gene para a cor amarela domina
sobre o gene para cor verde. Muito frequentemente, a combinação dos genes alelos diferentes produz um fenótipo
intermediário.

Essa situação ilustra a chamada dominância incompleta ou parcial. Um exemplo desse tipo de herança é a cor das flores
maravilha. Elas podem ser vermelhas, brancas ou rosas. Plantas que produzem flores cor-de-rosa são heterozigotas,
enquanto os outros dois fenótipos são devidos à condição homozigota. Supondo que o gene V determine a cor vermelha e o
gene B, cor branca, teríamos:

VV = flor vermelha

BB = flor branca

VB = flor cor-de-rosa

Apesar de anteriormente usarmos letras maiúsculas para indicar, respectivamente, os genes dominantes e recessivos, quando
se trata de dominância incompleta muitos autores preferem utilizar apenas diferentes letras maiúsculas.

Fazendo o cruzamento de uma planta de maravilha que produz flores vermelhas com outra que produz flores brancas e
analisando os resultados fenotípicos da geração F1e F2, teríamos:

Agora, analisando os resulados genotípicos da geração F1e F2, teríamos:

P:
Flor Branca
B B

V
Flor Vermelha

BV

cor-de-rosa

BV

cor-de-rosa

VB

cor-de-rosa

VB

cor-de-rosa

F1 = 100% VB (flores cor-de-rosa)

Cruzando, agora, duas plantas heterozigotas (flores cor-de-rosa), teríamos:

F1
Flor cor-de-rosa
V B

Flor cor-de-rosa

VV

Vermelha

BV

cor-de-rosa

VB

cor-de-rosa

BB

Branca

F2 = Genótipos: 1/4 VV, 1/2 VB, 1/4 BB.

Fenótipo: 1/4 plantas com flores vermelhas

1/2 plantas com flores cor-de-rosa

1/4 plantas com flores brancas

Alelos letais: Os genes que matam


As mutações que ocorrem nos seres vivos são totalmente aleatórias e, às vezes, surgem variedades genéticas que podem
levar à morte do portador antes do nascimento ou, caso ele sobreviva, antes de atingir a maturidade sexual. Esses genes que
conduzem à morte do portador são conhecidos como alelos letais.

Por exemplo, em uma espécie de planta existe o gene C, dominante, responsável pela coloração verde das folhas. O alelo
recessivo c condiciona a ausência de coloração nas folhas, portanto o homozigoto recessivo cc morre ainda na fase jovem da
planta, pois esta precisa do pigmento verde para produzir energia através da fotossíntese.
O heterozigoto é uma planta saudável, mas não tão eficiente na captação de energia solar, pela coloração verde clara em suas
folhas. Assim, se cruzarmos duas plantas heterozigotas, de folhas verdes claras, resultará na proporção 2:1 fenótipos entre os
descendentes, ao invés da proporção de 3:1 que seria esperada se fosse um caso clássico de monoibridismo (cruzamento
entre dois indivíduos heterozigotos para um único gene). No caso das plantas o homozigoto recessivo morre logo após
germinar, o que conduz a proporção 2:1.

P
Planta com folhas verde claras
C c

Planta com folhas verde claras


c

CC

Verde escuro

Cc

Verde clara

Cc

Verde clara

cc

Inviável

F1 = Fenótipo: 2/3 Verde clara

1/3 Verde escura

Genótipo: 2/3 Cc

1/3 CC

Esse curioso caso de genes letais foi descoberto em 1904 pelo geneticista francês Cuénot, que estranhava o fato de a
proporção de 3:1 não ser obedecida. Logo, concluiu se tratar de uma caso de gene recessivo que atuava como letal quando
em dose dupla.

No homem, alguns genes letais provocam a morte do feto. É o caso dos genes para acondroplasia, por exemplo. Trata-se de
uma anomalia provocada por gene dominante que, em dose dupla, acarreta a morte do feto, mas em dose simples ocasiona
um tipo de nanismo, entre outras alterações.

Há genes letais no homem, que se manifestam depois do nascimento, alguns na infância e outros na idade adulta. Na infância,
por exemplo, temos os causadores da fibrose cística e da distrofia muscular de Duchenne (anomalia que acarreta a
degeneração da bainha de mielina nos nervos). Dentre os que se expressam tardiamente na vida do portador, estão os
causadores da doença de Huntington, em que há a deterioração do tecido nervoso, com perde de células principalmente em
uma parte do cérebro, acarretando perda de memória, movimentos involuntários e desequilíbrio emocional.

Como os genes se manifestam


Vimos que, em alguns casos, os genes se manifestam com fenótipos bem distintos.

Por exemplo, os genes para a cor das sementes em ervilhas manifestam-se com fenótipos bem definidos, sendo encontradas
sementes amarelas ou verdes. A essa manifestação gênica bem determinada chamamos de variação gênica descontínua,
pois não há fenótipos intermediários.

Há herança de características, no entanto, cuja manifestação do gene (também chamada de expressividade) não determina
fenótipos tão definidos, mas sim uma gradação de fenótipos. A essa gradação da expressividade do gene, variando desde um
fenótipo que mostra leve expressão da característica até sua expressão total, chamamos de norma de reação ou
expressividade variável. Por exemplo, os portadores dos genes para braquidactilia (dedos curto) podem apresentar fenótipos
variando de dedos levemente mais curtos até a total falta deles.
Diferentes graus de braquidactilia pela expressão variável do genótipo.

Alguns genes sempre que estão presentes se manifestam, dizemos que são altamente penetrantes. Outros possuem uma
penetrância incompleta, ou seja, apenas uma parcela dos portadores do genótipo apresenta o fenótipo correspondente.

Observe que o conceito de penetrância está relacionado à expressividade do gene em um conjunto de indivíduos, sendo
apresentado em termos percentuais. Assim, por exemplo, podemos falar que a penetrância para o gene para a doença de
Huntington é de 100%, o que quer dizer que 100% dos portadores desse gene apresentam (expressam) o fenótipo
correspondente.

Noções de probabilidade aplicadas à genética


Acredita-se que um dos motivos para as ideias de Mendel permanecerem incompreendidas durante mais de 3 décadas foi o
raciocínio matemático que continham.

Mendel partiu do princípio que a formação dos gametas seguia as leis da probabilidade, no tocante a distribuição dos fatores.

Princípios básicos de probabilidade


Probabilidade é a chance que um evento tem de ocorrer, entre dois ou mais eventos possíveis. Por exemplo, ao lançarmos
uma moeda, qual a chance dela cair com a face “cara” voltada para cima? E em um baralho de 52 cartas, qual a chance de ser
sorteada uma carta do naipe ouros?

Eventos aleatórios
Eventos como obter “cara” ao lançar uma moeda, sortear um “ás” de ouros do baralho, ou obter “face 6” ao jogar um dado são
denominados eventos aleatórios (do latim alea, sorte) porque cada um deles tem a mesma chance de ocorrer em relação a
seus respectivos eventos alternativos.

Veja a seguir as probabilidades de ocorrência de alguns eventos aleatórios. Tente explicar por que cada um deles ocorre com
a probabilidade indicada.

A probabilidade de sortear uma carta de espadas de um baralho de 52 cartas é de ¼


A probabilidade de sortear um rei qualquer de um baralho de 52 cartas é de 1/13.
A probabilidade de sortear o rei de espadas de um baralho de 52 cartas é de 1/52.
A formação de um determinado tipo de gameta, com um outro alelo de um par de genes, também é um evento aleatório. Um
indivíduo heterozigoto Aa tem a mesma probabilidade de formar gametas portadores do alelo A do que de formar gametas
com o alelo a (1/2 A: 1/2 a).

Eventos independentes
Quando a ocorrência de um evento não afeta a probabilidade de ocorrência de um outro, fala-se em eventos independentes.
Por exemplo, ao lançar várias moedas ao mesmo tempo, ou uma mesma moeda várias vezes consecutivas, um resultado não
interfere nos outros. Por isso, cada resultado é um evento independente do outro.

Da mesma maneira, o nascimento de uma criança com um determinado fenótipo é um evento independente em relação ao
nascimento de outros filhos do mesmo casal. Por exemplo, imagine uma casal que já teve dois filhos homens; qual a
probabilidade que uma terceira criança seja do sexo feminino? Uma vez que a formação de cada filho é um evento
independente, a chance de nascer uma menina, supondo que homens e mulheres nasçam com a mesma frequência, é 1/2 ou
50%, como em qualquer nascimento.

A regra do “e”
A teoria das probabilidades diz que a probabilidade de dois ou mais eventos independentes ocorrerem conjuntamente é igual
ao produto das probabilidades de ocorrerem separadamente. Esse princípio é conhecido popularmente como regra do “e”, pois
corresponde a pergunta: qual a probabilidade de ocorrer um evento E outro, simultaneamente?

Suponha que você jogue uma moeda duas vezes. Qual a probabilidade de obter duas “caras”, ou seja, “cara” no primeiro
lançamento e “cara” no segundo? A chance de ocorrer “cara” na primeira jogada é, como já vimos, igual a ½; a chance de
ocorrer “cara” na segunda jogada também é igual a1/2. Assim a probabilidade desses dois eventos ocorrer conjuntamente é
1/2 X 1/2 = 1/4.

No lançamento simultâneo de três dados, qual a probabilidade de sortear “face 6” em todos? A chance de ocorrer “face 6” em
cada dado é igual a 1/6. Portanto a probabilidade de ocorrer “face 6” nos três dados é 1/6 X 1/6 X 1/6 = 1/216. Isso quer dizer
que a obtenção de três “faces 6” simultâneas se repetirá, em média, 1 a cada 216 jogadas.
Um casal quer ter dois filhos e deseja saber a probabilidade de que ambos sejam do sexo masculino. Admitindo que a
probabilidade de ser homem ou mulher é igual a ½, a probabilidade de o casal ter dois meninos é 1/2 X 1/2, ou seja, ¼.

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A regra do “ou”
Outro princípio de probabilidade diz que a ocorrência de dois eventos que se excluem mutuamente é igual à soma das
probabilidades com que cada evento ocorre. Esse princípio é conhecido popularmente como regra do “ou”, pois corresponde à
pergunta: qual é a probabilidade de ocorrer um evento OU outro?

Por exemplo, a probabilidade de obter “cara” ou “coroa”, ao lançarmos uma moeda, é igual a 1, porque representa a
probabilidade de ocorrer “cara” somada à probabilidade de ocorrer “coroa” (1/2 + 1/2 =1). Para calcular a probabilidade de
obter “face 1” ou “face 6” no lançamento de um dado, basta somar as probabilidades de cada evento: 1/6 + 1/6 = 2/6.

Em certos casos precisamos aplicar tanto a regra do “e” como a regra do “ou” em nossos cálculos de probabilidade. Por
exemplo, no lançamento de duas moedas, qual a probabilidade de se obter “cara” em uma delas e “coroa” na outra? Para
ocorrer “cara” na primeira moeda E “coroa” na segunda, OU “coroa” na primeira e “cara” na segunda. Assim nesse caso se
aplica a regra do “e” combinada a regra do “ou”. A probabilidade de ocorrer “cara” E “coroa” (1/2 X 1/2 = 1/4) OU “coroa” e
“cara” (1/2 X 1/2 = 1/4) é igual a 1/2 (1/4 + 1/4).

O mesmo raciocínio se aplica aos problemas da genética. Por exemplo, qual a probabilidade de uma casal ter dois filhos, um
do sexo masculino e outro do sexo feminino? Como já vimos, a probabilidade de uma criança ser do sexo masculino é ½ e de
ser do sexo feminino também é de ½. Há duas maneiras de uma casal ter um menino e uma menina: o primeiro filho ser
menino E o segundo filho ser menina (1/2 X 1/2 = 1/4) OU o primeiro ser menina e o segundo ser menino (1/2 X 1/2 = 1/4). A
probabilidade final é 1/4 + 1/4 = 2/4, ou 1/2.

Alelos múltiplos na determinação de um caráter


Como sabemos, genes alelos são os que atuam na determinação de um mesmo caráter e estão presentes nos mesmo loci
(plural de lócus, do latim, local) em cromossomos homólogos. Até agora, só estudamos casos em que só existiam dois tipos
de alelos para uma dada característica (alelos simples), mas há casos em que mais de dois tipos de alelos estão presentes na
determinação de um determinado caráter na população. Esse tipo de herança é conhecida como alelos múltiplos (ou
polialelia).

Apesar de poderem existir mais de dois alelos para a determinação de um determinado caráter, um indivíduo diploide
apresenta apenas um par de alelos para a determinação dessa característica, isto é, um alelo em cada lócus do cromossomo
que constitui o par homólogo.

São bastante frequentes os casos de alelos múltiplos tanto em animais como em vegetais, mas são clássicos os exemplos de
polialelia na determinação da cor da pelagem em coelhos e na determinação dos grupos sanguíneos do sistema ABO em
humanos.

Um exemplo bem interessante e de fácil compreensão, é a determinação da pelagem em coelhos, onde podemos observar a
manifestação genética de uma série com quatro genes alelos: o primeiro C, expressando a cor Aguti ou Selvagem; o segundo
Cch, transmitindo a cor Chinchila; o terceiro Ch, representando a cor Himalaia; e o quarto alelo Ca, responsável pela cor
Albina.

Sendo a relação de dominância → C > Cch > Ch > Ca

O gene C é dominante sobre todos os outros três, o Cch dominante em relação ao himalaia e ao albino, porém recessivo
perante o aguti, e assim sucessivamente.

O quadro abaixo representa as combinações entre os alelos e os fenótipos resultantes.

Genótipo
Fenótipo
CC, C Cch, C Ch e C Ca
Selvagem ou aguti
CchCch, CchCh e CchCa
Chinchila
ChCh e Ch Ca
Himalaia
CaCa
Albino
A diferença na cor da pelagem do coelho em relação à cor da semente das ervilhas é que agora temos mais genes diferentes
atuando (4), em relação aos dois genes clássicos. No entanto, é fundamental saber a 1ª lei de Mendel continua sendo
obedecida, isto é, para a determinação da cor da pelagem, o coelho terá dois dos quatro genes. A novidade é que o número
de genótipos e fenótipos é maior quando comparado, por exemplo, com a cor da semente de ervilha.

O surgimento dos alelos múltiplos (polialelia) deve-se a uma das propriedades do material genético, que é a de sofrer
mutações. Assim, acredita-se que a partir do gene C (aguti), por um erro acidental na duplicação do DNA, originou-se o gene
Cch (chinchila). A existência de alelos múltiplos é interessante para a espécie, pois haverá maior variabilidade genética,
possibilitando mais oportunidade para adaptação ao ambiente (seleção natural).

Sistema ABO de grupos sanguíneos


A herança dos tipos sanguíneos do sistema ABO constitui um exemplo de alelos múltiplos na espécie humana.

A descoberta dos grupos sanguíneos


Por volta de 1900, o médico austríaco Karl Landsteiner (1868 – 1943) verificou que, quando amostras de sangue de
determinadas pessoas eram misturadas, as hemácias se juntavam, formando aglomerados semelhantes a coágulos.
Landsteiner concluiu que determinadas pessoas têm sangues incompatíveis, e, de fato, as pesquisas posteriores revelaram a
existência de diversos tipos sanguíneos, nos diferentes indivíduos da população.

Quando, em uma transfusão, uma pessoa recebe um tipo de sangue incompatível com o seu, as hemácias transferidas vão se
aglutinando assim que penetram na circulação, formando aglomerados compactos que podem obstruir os capilares,
prejudicando a circulação do sangue.

Aglutinogênios e aglutininas
No sistema ABO existem quatro tipos de sangues: A, B, AB e O. Esses tipos são caracterizados pela presença ou não de
certas substâncias na membrana das hemácias, os aglutinogênios, e pela presença ou ausência de outras substâncias, as
aglutininas, no plasma sanguíneo.

Existem dois tipos de aglutinogênio, A e B, e dois tipos de aglutinina, anti-A e anti-B. Pessoas do grupo A possuem
aglutinogênio A, nas hemácias e aglutinina anti-B no plasma; as do grupo B têm aglutinogênio B nas hemácias e aglutinina
anti-A no plasma; pessoas do grupo AB têm aglutinogênios A e B nas hemácias e nenhuma aglutinina no plasma; e pessoas
do gripo O não tem aglutinogênios na hemácias, mas possuem as duas aglutininas, anti-A e anti-B, no plasma.

Determinação dos grupos sanguíneos utilizando soros anti-A e anti-B.

Amostra 1- sangue tipo A.


Amostra 2 - sangue tipo B.
Amostra 3 - sangue tipo AB.
Amostra 4 - sangue tipo O.

Veja na tabela abaixo a compatibilidade entre os diversos tipos de sangue:

ABO
Substâncias
%
Pode receber de
Tipos
Aglutinogênio
Aglutinina
Frequência
A+
B+
AB+
0+
A-
B-
AB-
O-
AB+
AeB
Não Contém
3%
X
X
X
X
X
X
X
X
A+
A
Anti-B
34%
X
X
X
X
B+
B
Anti-A
9%
X
X
X
X
O+
Não Contém
Anti-A e Anti-B
38%
X
X
AB-
Ae B
Não Contém
1%
X
X
X
X
A-
A
Anti-B
6%
X
X
B-
B
Anti-A
2%
X
X
O-
Não Contém
Anti-A e Anti-B
7%
X
Tipos possíveis de transfusão
As aglutinações que caracterizam as incompatibilidades sanguíneas do sistema acontecem quando uma pessoa possuidora
de determinada aglutinina recebe sangue com o aglutinogênio correspondente.

Indivíduos do grupo A não podem doar sangue para indivíduos do grupo B, porque as hemácias A, ao entrarem na corrente
sanguínea do receptor B, são imediatamente aglutinadas pelo anti-A nele presente. A recíproca é verdadeira: indivíduos do
grupo B não podem doar sangue para indivíduos do grupo A. Tampouco indivíduos A, B ou AB podem doar sangue para
indivíduos O, uma vez que estes têm aglutininas anti-A e anti-B, que aglutinam as hemácias portadoras de aglutinogênios A e
B ou de ambos.
Assim, o aspecto realmente importante da transfusão é o tipo de aglutinogênio da hemácia do doador e o tipo de aglutinina do
plasma do receptor. Indivíduos do tipo O podem doar sangue para qualquer pessoa, porque não possuem aglutinogênios A e
B em suas hemácias. Indivíduos, AB, por outro lado, podem receber qualquer tipo de sangue, porque não possuem aglutininas
no plasma. Por isso, indivíduos do grupo O são chamadas de doadores universais, enquanto os do tipo AB são receptores
universais.

Como ocorre a Herança dos Grupos Sanguíneos no Sistema ABO?


A produção de aglutinogênios A e B são determinadas, respectivamente, pelos genes I A e I B. Um terceiro gene, chamado i,
condiciona a não produção de aglutinogênios. Trata-se, portanto de um caso de alelos múltiplos. Entre os genes I A e I B há
co-dominância (I A = I B), mas cada um deles domina o gene i (I A > i e I B> i).

Fenótipos
Genótipos
A
I AI A ou I Ai
B
I BI B ou I Bi
AB
I AI B
O
ii
A partir desses conhecimentos fica claro que se uma pessoa do tipo sanguíneo A recebe sangue tipo B as hemácias contidas
no sangue doado seriam aglutinadas pelas aglutininas anti-B do receptor e vice-versa.

O sistema MN de grupos sanguíneos


Dois outros antígenos foram encontrados na superfície das hemácias humanas, sendo denominados M e N. Analisando o
sangue de diversas pessoas, verificou-se que em algumas existia apenas o antígeno M, em outras somente o N e várias
pessoas possuíam os dois antígenos. Foi possível concluir então que existiam três grupos nesse sistema: M, N e MN.

Os genes que condicionam a produção desses antígenos são apenas dois: L M e L N (a letra L é a inicial do descobridor,
Landsteiner). Trata-se de uma caso de herança mendeliana simples. O genótipo L ML M, condiciona a produção do antígeno
M, e L NL N, a do antígeno N. Entre L M e L N há co-dominância, de modo que pessoas com genótipo L ML N produzem os
dois tipos de antígenos.

Fenótipos
Genótipos
M
L ML M
N
L NL N
MN
L ML N
Transfusões no Sistema MN
A produção de anticorpos anti-M ou anti-N ocorre somente após sensibilização (você verá isso no sistema RH). Assim, não
haverá reação de incompatibilidade se uma pessoa que pertence ao grupo M, por exemplo, receber o sangue tipo N, a não ser
que ela esteja sensibilizada por transfusões anteriores.

O sistema RH de grupos sanguíneos


Um terceiro sistema de grupos sanguíneos foi descoberto a partir dos experimentos desenvolvidos por Landsteiner e Wiener,
em 1940, com sangue de macaco do gênero Rhesus. Esses pesquisadores verificaram que ao se injetar o sangue desse
macaco em cobaias, havia produção de anticorpos para combater as hemácias introduzidas.

Ao centrifugar o sangue das cobaias obteve-se o soro que continha anticorpos anti-Rh e que poderia aglutinar as hemácias do
macaco Rhesus. As conclusões daí obtidas levariam a descoberta de um antígeno de membrana que foi denominado Rh
(Rhesus), que existia nesta espécie e não em outras como as de cobaia e, portanto, estimulavam a produção anticorpos,
denominados anti-Rh.

Há neste momento uma inferência evolutiva: se as proteínas que existem nas hemácias de vários animais podem se
assemelhar isto pode ser um indício de evolução. Na espécie humana, por exemplo, temos vários tipos de sistemas
sanguíneos e que podem ser observados em outras espécies principalmente de macacos superiores.

Analisando o sangue de muitos indivíduos da espécie humana, Landsteiner verificou que, ao misturar gotas de sangue dos
indivíduos com o soro contendo anti-Rh, cerca de 85% dos indivíduos apresentavam aglutinação (e pertenciam a raça branca)
e 15% não apresentavam. Definiu-se, assim, "o grupo sanguíneo Rh +” ( apresentavam o antígeno Rh), e "o grupo Rh -" (não
apresentavam o antígeno Rh).

No plasma não ocorre naturalmente o anticorpo anti-Rh, de modo semelhante ao que acontece no sistema Mn. O anticorpo, no
entanto, pode ser formado se uma pessoa do grupo Rh -, recebe sangue de uma pessoa do grupo Rh +. Esse problema nas
transfusões de sangue não são tão graves, a não ser que as transfusões ocorram repetidas vezes, como também é o caso do
sistema MN.

A Herança do Sistema Rh
Três pares de genes estão envolvidos na herança do fator Rh, tratando-se portanto, de casos de alelos múltiplos.

Para simplificar, no entanto, considera-se o envolvimento de apenas um desses pares na produção do fator Rh, motivo pelo
qual passa a ser considerado um caso de herança mendeliana simples. O gene R, dominante, determina a presença do fator
Rh, enquanto o gene r, recessivo, condiciona a ausência do referido fator.

Fenótipos
Genótipos
Rh +
RR ou Rr
Rh -
rr

Doença hemolítica do recém-nascido ou eritroblastose fetal


Uma doença provocada pelo fator Rh é a eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido, caracterizada pela
destruição das hemácias do feto ou do recém-nascido. As consequências desta doença são graves, podendo levar a criança à
morte.

Durante a gestação ocorre passagem, através da placenta, apenas de plasma da mãe para o filho e vice-versa, devido à
chamada barreira hemato-placentária. Pode ocorrer, entretanto, acidentes vasculares na placenta, o que permite a passagem
de hemácias do feto para a circulação materna.

Nos casos em que o feto possui sangue fator Rh positivo, os antígenos existentes em suas hemácias estimularão o sistema
imune materno a produzir anticorpos anti-Rh, que ficarão no plasma materno e podem, por serem da classe IgG, passar pela
BHP, provocando lise nas hemácias fetais.

A produção de anticorpos obedece a uma cascata de eventos e, por isto, a produção de anticorpos é lenta e a quantidade
pequena num primeiro momento. A partir da segunda gestação ou após a sensibilização por transfusão sanguínea, se o filho é
Rh + novamente, o organismo materno já conterá anticorpos para aquele antígeno e o feto poderá desenvolver a DHPN ou
eritroblastose fetal.

O diagnóstico pode ser feito pela tipagem sanguínea da mãe e do pai precocemente e, durante a gestação, o teste de
Coombs, que utiliza anti-anticorpo humano, pode detectar se está havendo a produção de anticorpos pela mãe e providências
podem ser tomadas.

Uma transfusão, recebendo sangue Rh -, pode ser feita até mesmo intraútero. O sangue Rh - não possui hemácias com fator
Rh, não podendo ser reconhecidas como estranhas e destruídas pelos anticorpos recebidos da mãe. Após cerca de 120 dias,
as hemácias serão substituídas por outras produzidas pelo próprio indivíduo. O sangue novamente será do tipo Rh +, mas o
feto já não correrá mais perigo.

Após o nascimento da criança toma-se medida profilática injetando, na mãe Rh- , soro contendo anti Rh. A aplicação logo
após o parto destrói as hemácias fetais que possam ter passado pela placenta no nascimento ou antes. Evita-se assim a
produção de anticorpos, “zerando o placar de contagem”. Cada vez que um concepto nascer e for Rh+ deve-se fazer nova
aplicação, pois novos anticorpos serão formados.

Os sintomas no recém-nascido que podem ser observados são anemia (devido à destruição de hemácias pelos anticorpos),
icterícia (a destruição de hemácias aumentada levará a produção maior de bilirrubina indireta, que não pode ser convertida no
fígado) e, após sua persistência, o aparecimento de uma doença chamada Kernicterus, que corresponde ao depósito de
bilirrubina nos núcleos da base cerebrais, o que gerará retardo no RN.

Herança e sexo
Em condições normais, qualquer célula diploide humana contém 23 pares de cromossomos homólogos, isto é, 2n= 46.

Desses cromossomos, 44 são autossomos e 2 são os cromossomos sexuais também conhecidos como heterossomos.
Autossomos e heterossomos
Os cromossomos autossômicos são os relacionados às características comuns aos dois sexos, enquanto os sexuais são os
responsáveis pelas características próprias de cada sexo. A formação de órgãos somáticos, tais como fígado, baço, o
estômago e outros, deve-se a genes localizados nos autossomos, visto que esses órgãos existem nos dois sexos.

O conjunto haploide de autossomos de uma célula é representado pela letra A. Por outro lado, a formação dos órgãos
reprodutores, testículos e ovários, característicos de cada sexo, é condicionada por genes localizados nos cromossomos
sexuais e são representados, de modo geral, por X e Y. O cromossomo Y é exclusivo do sexo masculino. O cromossomo X
existe na mulher em dose dupla, enquanto no homem ele se encontra em dose simples.

Microscopia Eletrônica do cromossomo X e Y. Compare a diferença de tamanho de cada cromossomo.

Os cromossomos sexuais
O cromossomo Y é mais curto e possui menos genes que o cromossomo X, além de conter uma porção encurtada, em que
existem genes exclusivos do sexo masculino. Observe na figura abaixo que uma parte do cromossomo X não possui alelos em
Y, isto é, entre os dois cromossomos há uma região não-homóloga.

Determinação genética do sexo


O sistema XY
Em algumas espécies animais, incluindo a humana, a constituição genética dos indivíduos do sexo masculino é representada
por 2AXY e a dos gametas por eles produzidos, AX e AY; na fêmea, cuja constituição genética é indicada por 2AXX,
produzem-se apenas gametas AX.

No homem a constituição genética é representada por 44XY e a dos gametas por ele produzidos, 22X e 22Y; na mulher 44XX
e os gametas, 22X. Indivíduos que forma só um tipo de gameta, quanto aos cromossomos sexuais, são denominados
homogaméticos. Os que produzem dois tipo são chamados de heterogaméticos. Na espécie humana, o sexo feminino é
homogamético, enquanto o sexo masculino é heterogamético.

Mecanismo de compensação de dose


Em 1949, o pesquisador inglês Murray Barr descobriu que há uma diferença entre os núcleos interfásicos das células
masculinas e femininas: na periferia dos núcleos das células femininas dos mamíferos existe uma massa de cromatina que
não existe nas células masculinas.

Essa cromatina possibilita identificar o sexo celular dos indivíduos pelo simples exame dos núcleos interfásicos: a ela dá-se o
nome de cromatina sexual ou corpúsculo de Barr.

A partir da década de 1960, evidências permitiram que a pesquisadora inglesa Mary Lyon levantasse a hipótese de que cada
corpúsculo de Barr forre um cromossomo X que, na célula interfásica, se espirala e se torna inativo, dessa forma esse
corpúsculo cora-se mais intensamente que todos os demais cromossomos, que se encontram ativos e na forma desespiralada
de fios de cromatina.

Segundo a hipótese de Lyon, a inativação atinge ao acaso qualquer um dos dois cromossomos X da mulher, seja o
proveniente do espermatozoide ou do óvulo dos progenitores. Alguns autores acreditam que a inativação de um cromossomo
X da mulher seria uma forma de igualar a quantidade de genes nos dois sexos. A esse mecanismo chamam de compensação
de dose. Como a inativação ocorre ao acaso e em uma fase do desenvolvimento na qual o número de células é relativamente
pequeno, é de se esperar que metade das células de uma mulher tenha ativo o X de origem paterna, enquanto que a outra
metade tenha o X de origem materna em funcionamento. Por isso, diz-se que as mulheres são “mosaicos”, pois – quanto aos
cromossomos sexuais apresentam dois tipos de células.

Compare a presença do corpúsculo de Barr nas células masculinas (acima) com a células femininas (abaixo).

A determinação do sexo nuclear (presença do corpúsculo de Barr) tem sido utilizada em jogos olímpicos, quando há dúvidas
quanto ao sexo do indivíduo.

O sistema X0
Em algumas espécies, principalmente em insetos, o macho não tem o cromossomo Y, somente o X; a fêmea continua
portadora do par cromossômico sexual X. Pela ausência do cromossomo sexual Y, chamamos a esse sistema de sistema X0.
As fêmeas são representadas por 2A + XX (homogaméticas) e os machos 2A + X0 (heterogaméticos).
O Sistema ZW
Em muitas aves (inclusive os nossos conhecidos galos e galinhas), borboletas e alguns peixes, a composição cromossômica
do sexo é oposta à que acabamos de estudar: o sexo homogamético é o masculino, enquanto as fêmeas são
heterogaméticas. Também a simbologia utilizada, nesse caso, para não causar confusão com o sistema XY, é diferente: os
cromossomos sexuais dos machos são representados por ZZ, enquanto nas fêmeas os cromossomos sexuais são
representados por ZW.

Abelhas e Partenogênese
Nas abelhas, a determinação sexual difere acentuadamente da que até agora foi estudada. Nesses insetos, o sexo não
depende da presença de cromossomos sexuais, e sim da ploidia. Assim, os machos (zangões) são sempre haploides,
enquanto as fêmeas são diploides. A rainha é a única fêmea fértil da colmeia, e por meiose, produz centenas de óvulos,
muitos dos quais serão fecundados. Óvulos fecundados originam zigotos que se desenvolvem em fêmeas.

Se na fase larval, essas fêmeas receberem uma alimentação especial, trasnformar-se-ão em novas rainhas. Caso contrário, se
desenvolverão em operárias, que são estéreis.

Os óvulos não fecundados desenvolvem-se por mitose em machos haploides. Esse processo é chamado de partenogênese
(do grego, partheno = virgem, gênesis = origem), ou seja, é considerado um processo de desenvolvimento de óvulos
não-fertilizados em indivíduos adultos haploides.

Determinação do sexo em plantas


Grande parte das plantas produz flores hermafroditas, que contém tanto estruturas reprodutoras masculinas como femininas.

Plantas desse tipo são monóicas (do grego mono, um, e oikos, casa), termo que significa “uma casa para dois sexos”. Outras
espécies têm sexos separados, com plantas que produzem flores masculinas e plantas que produzem flores femininas. Essas
espécies são denominadas dióicas (do grego di, duas, e oikos, casa), termo que significa “duas casas, uma para cada sexo”.

Nas plantas dióicas os sexos são determinados de forma semelhante a dos animais. O espinafre e o cânhamo, por exemplo,
têm sistema XY de determinação do sexo; já o morando segue o sistema ZW.

Organismos que não tem sistema de determinação do sexo


Os organismos monóicos (hermafroditas) não apresentam qualquer sistema de determinação cromossômica ou genética de
sexo. Todos os indivíduos da espécie têm, basicamente, o mesmo cariótipo. Esse é o caso da maioria das plantas e de
animais como minhocas, caramujos e caracóis.

Herança de genes localizados no cromossomo X


Herança ligada ao sexo em drosófila
Em 1910, Morgan estudou uma macho de drosófila portador de olho branco, originado de uma mutação do olho selvagem, que
tem cor marrom avermelhada. O cruzamento desse macho de olho branco (white) com fêmeas de olho selvagem originou, na
geração F1, apenas descendentes de olho selvagem.

O cruzamento de machos e fêmeas da geração F1 resultou em uma geração F2 constituída por fêmeas de olho selvagem,
machos de olho selavagem e machos de olho branco. A proporção de moscas de olho selvagem e moscas de olho branco foi
de aproximadamente 3:1, o que permitiu concluir que a característica olho branco era hereditária e recessiva.

Morgan voltou sua atenção para o fato de não ter nascido nenhuma fêmea de olho branco na geração F2. Isso indicava que a
característica em questão tinha alguma relação com o sexo dos indivíduos. Na sequência dos experimentos, Morgan cruzou
machos de olho branco com as suas próprias filhas, que eram heterozigotas em relação à cor do olho. Desse cruzamento
surgiram fêmeas e machos de olho selvagem, e fêmeas e machos de olho branco, na proporção 1:1:1:1. Esse resultado
mostrou que o caráter olho branco podia aparecer também nas fêmeas.

Como explicar, então a ausência de fêmeas de olho branco na geração F2 do primeiro cruzamento?

Em 1911, Morgan concluiu que os resultados dos cruzamentos envolvendo o loco da cor do olho, em drosófila, podiam ser
explicados admitindo-se que ele estivesse localizado no cromossomo X. O macho de olho branco original teria fornecido seu
cromossomo X, portador do alelo recessivo mutante w (Xw), a todas as filhas que receberam seu outro cromossomo X das
mães, portadoras do alelo selvagem W (XW). As fêmeas da geração F1 seriam, portanto, heterozigotas XWXw. Já os machos
de F1 receberam o cromossomo X das fêmeas selvagens puras (XW). Sua constituição gênica seria, portanto XWY.
A hipótese de Morgan foi confirmada pela análise de outros genes de drosófila, cuja herança seguia o mesmo padrão. Além
disso, permitiu também explicar a herança de genes relacionados com o sexo em outras espécies. Os genes localizados no
cromossomo X, que não têm alelo correspondente no cromossomo Y seguem o que se denomina herança ligada ao sexo ou
herança ligada ao X.

Herança ligada ao sexo


Habitualmente, classificam-se os casos de herança relacionada com o sexo de acordo com a posição ocupada pelos genes,
nos cromossomos sexuais. Para tanto, vamos dividi-los em regiões:

A porção homóloga do cromossomo X possui genes que têm correspondência com os genes da porção homóloga do
cromossomo Y. Portanto, há genes alelos entre X e Y, nessas regiões. Os genes da porção heteróloga do cromossomo X não
encontram correspondência com os genes da porção heteróloga do cromossomo Y. Logo, não há genes alelos nessas regiões,
quando um cromossomo X se emparelha com um cromossomo Y.

Herança ligada ao sexo é aquela determinada por genes localizados na região heteróloga do cromossomo X. Como as
mulheres possuem dois cromossomos X, elas têm duas dessas regiões. Já os homens, como possuem apenas um
cromossomo X (pois são XY), têm apenas um de cada gene. Um gene recessivo presente no cromossomo X de um homem irá
se manifestar, uma vez que não há um alelo dominante que impeça a sua expressão.

Na espécie humana. os principais exemplos de herança ligada ao sexo são os seguintes.

Daltonismo
Trata-se da incapacidade relativa na distinção de certas cores que, na sua forma clássica, geralmente cria confusão entre o
verde e o vermelho.

É um distúrbio causado por um gene recessivo localizado na porção heteróloga do cromossomo X, o gene Xd, enquanto o seu
alelo dominante XD determina a visão normal.

A mulher de genótipo XDXd, embora possua um gene para o daltonismo, não manifesta a doença, pois se trata de um gene
recessivo. Ela é chamada de portadora do gene para o daltonismo. O homem de genótipo XdY, apesar de ter o gene Xd em
dose simples, manifesta a doença pela ausência do alelo dominante capaz de impedir a expressão do gene recessivo.

Genótipo
Fenótipo
XDXD
mulher normal
XDXd
mulher normal portadora
XdXd
mulher daltônica
XD Y
homem normal
Xd Y
homem daltônico
O homem XdY não é nem homozigoto ou heterozigoto: é hemizigoto recessivo, pois do par de genes ele só possui um. O
homem de genótipo XDY é hemizigoto dominante.

Se você consegue distinguir perfeitamente o número 74 entre as bolinhas da figura acima, então você não é daltônico.

Hemofilia
É um distúrbio da coagulação sanguínea, em que falta o fator VIII, uma das proteínas envolvidas no processo, encontrado no
plasma das pessoas normais.

As pessoas hemofílicas têm uma tendência a apresentar hemorragias graves depois de traumatismos banais, como um
pequeno ferimento ou uma extração dentária.

O tratamento da hemofilia consiste na administração do fator VIII purificado ou de derivados de sangue em que ele pode ser
encontrado (transfusões de sangue ou de plasma). Pelo uso frequente de sangue e de derivados, os pacientes hemofílicos
apresentam uma elevada incidência de AIDS e de hepatite tipo B, doenças transmitidas através dessas vias.
A hemofilia atinge cerca de 300.000 pessoas. É condicionada por um gene recessivo, representado por h, localizado no
cromossomo X. É pouco frequente o nascimento de mulheres hemofílicas, já que a mulher, para apresentar a doença, deve
ser descendente de um homen doente (XhY) e de uma mulher portadora (XHXh) ou hemofílica (XhXh).

Como esse tipo de cruzamento é extremamente raro, acredita-se que praticamente inexistiriam mulheres hemofílicas. No
entanto, já foram relatados casos de hemofílicas, contrariando assim a noção popular de que essas mulheres morreriam por
hemorragia após a primeira menstruação (a interrupção do fluxo menstrual deve-se à contração dos vasos sanguíneos do
endométrio, e não a coagulação do sangue).

Herança holândrica, ligada ao cromossomo Y ou herança restrita ao sexo


O cromossomo Y possui alguns genes que lhe são exclusivos, na porção encurvada que não é homóloga ao X. Esses genes,
também conhecidos como genes holândricos, caracterizam a chamada herança restrita ao sexo.

Não há duvidas de que a masculinização está ligada ao cromossomo Y. Um gene que tem um papel importante nesse fato é o
TDF ( iniciais de testis-determining factor), também chamado de SRY (iniciais de sex-determining region of Y chromossome),
que codifica o fator determinante de testículos. O gene TDF já foi identificado e está localizado na região não-homóloga do
cromossomo Y.

Tradicionalmente, a hipertricose, ou seja, presença de pelos no pavilhão auditivo dos homens, era citada como um exemplo de
herança restrita ao sexo. No entanto, a evidência que a hipertricose deve-se a uma herança ligada ao Y está sendo
considerada inconclusiva, pois, em algumas famílias estudadas, os pais com hiperticose tiveram filhos homens com e sem
pêlos nas bordas das orelhas.

Na herança restrita ao sexo verdadeira: Todo homem afetado é filho de um homem também afetado; todos os seus filhos
serão afetados, e as filhas serão normais.

Herança autossômica influenciada pelo sexo


Nessa categoria, incluem-se as características determinadas por genes localizados nos cromossomos autossomos cuja
expressão é, de alguma forma, influenciada pelo sexo do portador.

Nesse grupo, há diversas modalidades de herança, das quais ressaltaremos a mais conhecida, a dominância influenciada pelo
sexo, herança em que, dentro do par de genes autossômicos, um deles é dominante nos homens e recessivo nas mulheres, e
o inverso ocorre com o seu alelo. Na espécie humana, temos o caso da calvície.

Genótipo No homem Na mulher


CC
calvo
calva
Cc
calvo
não-calva
cc
não-calvo
não-calva
Outras formas de herança autossômica influenciada pelo sexo são a penetrância influenciada pelo sexo e a expressividade
influenciada pelo sexo. Na espécie humana, a ocorrência de malformações de vias urinárias apresenta uma penetrância muito
maior entre os homens do que entre as mulheres. Elas, portanto, ainda que possuam o genótipo causador da anormalidade,
podem não vir a manifestá-la. A expressividade também pode ser influenciada pelo sexo. Um exemplo bem conhecido é o do
lábio leporino, falha de fechamento dos lábios. Entre os meninos, a doença assume intensidade maior que nas meninas, nas
quais os defeitos geralmente são mais discretos.

Basicamente, há duas evidências que permitem suspeitar de um caso de herança relacionada com o sexo:

1º) Quando o cruzamento de um macho afetado com uma fêmea não afetada gera uma descendência diferente do cruzamento
entre um macho não afetado com uma fêmea afetada.

2º) Quando a proporção fenotípica entre os descendentes do sexo masculino forem nitidamente diferentes da proporção nos
descendentes do sexo feminino.

A segunda lei de Mendel


A segregação independente de dois ou mais pares de genes
Além de estudar isoladamente diversas características fenotípicas da ervilha, Mendel estudou também a transmissão
combinada de duas ou mais características. Em um de seus experimentos, por exemplo, foram considerados simultaneamente
a cor da semente, que pode ser amarela ou verde, e a textura da casca da semente, que pode ser lisa ou rugosa.
Plantas originadas de sementes amarelas e lisas, ambos traços dominantes, foram cruzadas com plantas originadas de
sementes verdes e rugosas, traços recessivos. Todas as sementes produzidas na geração F1 eram amarelas e lisas.

A geração F2, obtida pela autofecundação das plantas originadas das sementes de F1, era composta por quatro tipos de
sementes:

9/16 amarelo-lisas

3/16 amarelo-rugosas

3/16 verde-lisas

1/16 verde-rugosas

Em proporções essas frações representam 9 amarelo-lisas: 3 amarelo-rugosas: 3 verde-lisas: 1 verde-rugosa.

Com base nesse e em outros experimentos, Mendel aventou a hipótese de que, na formação dos gametas, os alelos para a
cor da semente (Vv) segregam-se independentemente dos alelos que condicionam a forma da semente (Rr). De acordo com
isso, um gameta portador do alelo V pode conter tanto o alelo R como o alelo r, com igual chance, e o mesmo ocorre com os
gametas portadores do alelo v.

Uma planta duplo-heterozigota VvRr formaria, de acordo com a hipótese da segregação independente, quatro tipos de gameta
em igual proporção: 1 VR: 1Vr: 1 vR: 1 vr.

A segunda lei de Mendel


Mendel concluiu que a segregação independente dos fatores para duas ou mais características era um princípio geral,
constituindo uma segunda lei da herança. Assim, ele denominou esse princípio segunda lei da herança ou lei da segregação
independente, posteriormente chamada segunda lei de Mendel: Os fatores para duas ou mais características segregam-se no
híbrido, distribuindo-se independentemente para os gametas, onde se combinam ao acaso.

A proporção 9:3:3:1
Ao estudar a herança simultânea de diversos pares de características. Mendel sempre observou, em F2, a proporção
fenotípica 9:3:3:1, consequência da segregação independente ocorrida no duplo-heterozigoto, que origina quatro tipos de
gameta.

Segregação independente de 3 pares de alelos


Ao estudar 3 pares de características simultaneamente, Mendel verificou que a distribuição dos tipos de indivíduos em F2
seguia a proporção de 27: 9: 9: 9: 3: 3: 3: 1. Isso indica que os genes para as 3 características consideradas segregam-se
independentemente nos indivíduos F1, originando 8 tipos de gametas.

Em um dos seus experimentos, Mendel considerou simultaneamente a cor (amarela ou verde), a textura da casca (lisa ou
rugosa) e a cor da casca da semente (cinza ou branca).

O cruzamento entre uma planta originada de semente homozigota dominante para as três características (amarelo-liso-cinza)
e uma planta originada de semente com traços recessivos (verde-rugosa-branca) produz apenas ervilhas com fenótipo
dominante, amarelas, lisas e cinza. Esses indivíduos são heterozigotos para os três pares de genes (VvRrBb). A segregação
independente desses três pares de alelos, nas plantas da geração F1, leva à formação de 8 tipos de gametas.

Os gametas produzidos pelas plantas F1 se combinam de 64 maneiras possíveis (8 tipos maternos X 8 tipos paternos),
originando 8 tipos de fenótipos.

Determinando o número de tipos de gametas na segregação independente


Para determinar o número de tipos de gametas formados por um indivíduo, segundo a segregação independente, basta aplicar
a expressão 2n, em que n representa o número de pares de alelos no genótipo que se encontram na condição heterozigota.
Obtendo a Proporção 9:3:3:1 sem Utilizar o Quadro de Cruzamentos
Genótipo
Valor de n
2n
Número de gametas
AA
0
20
1
Aa
1
21
2
AaBB
1
21
2
AaBb
2
22
4
AABbCCDd
2
22
4
AABbCcDd
3
23
8
AaBbCcDd
4
24
16
AaBbCcDdEe
5
25
32
A 2º lei de Mendel é um exemplo de aplicação direta da regra do E de probabilidade, permitindo chegar aos mesmos
resultados sem a construção trabalhosa de quadro de cruzamentos. Vamos exemplificar, partindo do cruzamento entre suas
plantas de ervilha duplo heterozigotas:

P: VvRr X VvRr

Consideremos, primeiro, o resultado do cruzamento das duas características isoladamente:


Vv X Vv Rr X Rr
3/4 sementes amarelas
3/4 sementes lisas
1/4 sementes verdes
1/4 sementes rugosas
Como desejamos considerar as duas características simultaneamente, vamos calcular a probabilidade de obtermos sementes
amarelas e lisas, já que se trata de eventos independentes. Assim,
sementes amarelas E sementes lisas

3/4 X 3/4 = 9/16


E a probabilidade de obtermos sementes amarelas e rugosas:
sementes amarelas E sementes rugosas

3/4 X 1/4 = 3/16


Agora a probabilidade de obtermos sementes verdes e lisas:
sementes verdes E sementes lisas

1/4 X 3/4 = 3/16


Finalmente, a probabilidade de nós obtermos sementes verdes e rugosas:
sementes verdes E sementes rugosas

1/4 X 1/4 = 1/16


Utilizando a regra do E, chegamos ao mesmo resultado obtido na construção do quadro de cruzamentos com a vantagem da
rapidez na obtenção da resposta.

A relação Meiose e 2ª Lei de Mendel


Existe uma correspondência entre as leias de Mendel e a meiose. Acompanhe na figura o processo de formação de gametas
de uma célula de indivíduo diíbrido, relacionando-o à 2ª Lei de Mendel.
Note que, durante a meiose, os homólogos se alinham em metáfase e sua separação ocorre ao acaso, em duas possibilidades
igualmente viáveis. A segregação independente dos homólogos e, consequentemente, dos fatores (genes) que carregam,
resulta nos genótipos AB, ab, Ab e aB.

A 2ª Lei de Mendel é sempre obedecida?


A descoberta de que os genes estão situados nos cromossomos gerou um impasse no entendimento da 2º Lei de Mendel.

Como vimos, segundo essa lei, dois ou mais genes não-alelos segregam-se independentemente, desde que estejam
localizados em cromossomos diferentes. Surge, no entanto, um problema. Mendel afirmava que os genes relacionados a duas
ou mais características sempre apresentavam segregação independente. Se essa premissa fosse verdadeira, então haveria
um cromossomo para cada gene.

Se considerarmos que existe uma infinidade de genes, haveria, então, uma quantidade assombrosa de cromossomos, dentro
de uma célula, o que não é verdade. Logo, como existem relativamente poucos cromossomos no núcleo das células e
inúmeros genes, é intuitivo concluir que, em cada cromossomo, existe uma infinidade de genes, responsáveis pelas inúmeras
características típicas de cada espécie. Dizemos que esses genes presentes em um mesmo cromossomo estão ligados ou em
linkage e caminham juntos para a formação dos gametas.

Assim a 2ª lei de Mendel nem sempre é obedecida, bastando para isso que os genes estejam localizados no mesmo
cromossomo, ou seja, estejam em linkage.

Linkage
Genes unidos no mesmo cromossomo
T. H. Morgan e seus colaboradores trabalharam com a mosca da fruta, Drosophila melanogaster, e realizaram cruzamentos em
que estudaram dois ou mais pares de genes, verificando que, realmente, nem sempre a 2ª Lei de Mendel era obedecida.
Concluíram que esses genes não estavam em cromossomos diferente, mas, sim, encontravam-se no mesmo cromossomo
(em linkage).

Um dos cruzamentos efetuados por Morgan


Em um dos seus experimentos, Morgan cruzou moscas selvagens de corpo cinza e asas longas com mutantes de corpo preto
e asas curtas (chamadas de asas vestigiais). Todos os descendentes de F1 apresentavam corpo cinza e asas longas,
atestando que o gene que condiciona corpo cinza (P) domina o que determina corpo preto (p), assim como o gene para asas
longas (V) é dominante sobre o (v) que condiciona surgimento de asas vestigiais.

A seguir Morgan cruzou descendentes de F1 com duplo-recessivos (ou seja, realizou cruzamentos testes). Para Morgan, os
resultados dos cruzamentos-teste revelariam se os genes estavam localizados em cromossomos diferentes
(segregação-independente) ou em um mesmo cromossomo (linkage).

Surpreendentemente, porém, nenhum dos resultados esperados foi obtido. A separação e a contagem dos decendentes de F2
revelou o seguinte resultado:

41,5% de moscas com o corpo cinza e asas longas;


41,5% de moscas com o corpo preto e asas vestigiais;
8,5% de moscas com o corpo preto e asas longas;
8,5% de moscas com o corpo cinza e asas vestigiais.

Ao analisar esse resultado, Morgan convenceu-se de que os genes P e V localizavam-se no mesmo cromossomo. Se
estivessem localizados em cromossomos diferentes, a proporção esperada seria outra (1: 1: 1: 1). No entanto, restava a
dúvida: como explicar a ocorrência dos fenótipos corpo cinza/asas vestigiais e corpo preto/asas longas?

A resposta não foi difícil de ser obtida. Por essa época já estava razoavelmente esclarecido o processo da meiose. Em 1909, o
citologista F. A. Janssens (1863-1964) descreveu o fenômeno cromossômico conhecido como permutação ou crossing over,
que ocorre durante a prófase I da meiose e consiste na troca de fragmentos entre cromossomos homólogos.

Em 1911, Morgan usou essa observação para concluir que os fenótipos corpo cinza/asas vestigiais e corpo preto/asas longas
eram recombinantes e devido a ocorrência de crossing-over.

Como diferenciar segregação independente (2ª lei de Mendel) de linkage?


Quando comparamos o comportamento de pares de genes para duas características para a segunda lei de Mendel com a
ocorrência de linkage e crossing-over em um cruzamento genérico do tipo AaBb X aabb, verificamos que em todos os casos
resultam quatro fenótipos diferentes:

Dominante/dominante
Dominante/recessivo
Recessivo/dominante
Recessivo/recessivo.
A diferença em cada caso está nas proporções obtidas. No caso da 2ª lei de Mendel, haverá 25% de cada fenótipo. No linkage
com crossing, todavia, os dois fenótipos parentais surgirão com frequência maior do que as frequências dos recombinantes.

A explicação para isso reside no fato de, durante a meiose a permuta não ocorrer em todas as células, sendo, na verdade, um
evento relativamente raro. Por isso, nos cruzamentos PpVv X ppvv, da pagina anterior, foram obtidos 83% de indivíduos do
tipo parental (sem crossing) e 17% do tipo recombinantes (resultantes da ocorrência de permuta).

Frequentemente, nos vários cruzamentos realizados do tipo AaBb X aabb, Morgan obteve os dois fenótipos parentais (AaBb e
aabb), na proporção de 50% cada. Para explicar esse resultado, ele sugeriu a hipótese que os genes ligados ficam tão
próximos um do outro que dificultam a ocorrência de crossing over entre eles. Assim, por exemplo, o gene que determina a cor
preta do corpo da drosófila e o gene que condiciona a cor púrpura dos olhos ficam tão próximos que entre eles não ocorre
permuta. Nesse caso se fizermos um cruzamento teste entre o duplo-heterozidoto e o duplo-recessivo, teremos nos
descendentes apenas dois tipos de fenótipos, que serão correspondentes aos tipos parentais.

Os arranjos “cis” e “trans” dos genes ligados


Considerando dois pares de genes ligados, como, por exemplo, A/a e B/b, um indivíduo duplo heterozigoto pode ter os alelos
arranjados de duas maneiras nos cromossomos:

Os alelos dominantes A e B se situam em um cromossomo, enquanto os alelos recessivos a e b se situam no homólogo


correspondente. Esse tipo de arranjo é chamado de Cis. O alelo dominante A e o alelo recessivo b se situam em um
cromossomo, enquanto o alelo recessivo a e o alelo dominante B, se situam no homólogo correspondente. Esse tipo de
arranjo é chamado de Trans.

Podemos descrever esses arranjos, usando um traço duplo ou simples para descrever o cromossomo, ou mais
simplificadamente, o arranjo pode ser descrito como AB/ab para Cis e Ab/aB para trans. O arranjo cis e trans dos alelos no
duplo-heterozigoto pode ser facilmente identificado em um cruzamento teste. No caso dos machos de Drosófila, se o arranjo
for cis (PV/pv), o duplo heterozigoto forma 50% de gametas PV e 50% de gametas pv. Se o arranjo for trans (Pv/pV), o duplo
heterozigoto forma 50% de gametas Pv e 50% de pV.

Nas fêmeas de Drosófila, nas quais ocorrem permutações, o arranjo cis ou trans pode ser identificado pela frequência das
classes de gametas. As classes mais frequentes indicam as combinações parentais e as menos frequentes as recombinantes.

Interações de genes não-alelos


A análise das proporções entre as classes fenotípicas da descendência de um cruzamento pode nos informar sobre o número
de genes envolvidos em determinado caráter.

Por exemplo, quando se trata de herança controlada por um único par de alelos com dominância completa, a segregação leva
à clássica proporção 3:1, ou seja, no cruzamento entre heterozigotos, ¾ da descendência têm a característica dominante e ¼
tema a característica recessiva. Isso indica que apenas um gene está envolvido na herança.

Quando analisamos simultaneamente duas características, cada uma condiciona por um par de alelos com dominância
completa e segregação independente, surge a proporção 9:3:3:1. A descendência do cruzamento de duplo-heterozigotos é
constituída por 9/16 com ambas as características dominantes, 6/16 com uma das características dominante e outra recessiva
e 1/16 com ambas as características recessivas.

Existem casos em que dois ou mais genes, localizados ou não no mesmo cromossomo, interagem para produzir um
determinado caráter. Quando isso acontece, a análise das proporções fenotípicas entre os descendentes pode nos informar
quantos genes estão envolvidos na formação da característica e qual o tipo de interação existente entre eles.

Interação gênica na forma da crista de galinhas


Em 1905, o geneticista inglês William Bateson e seus colaboradores concluíram, depois de uma série de cruzamentos
experimentais, que o caráter forma da crista em galinhas é condicionado pela interação de dois pares de alelos que se
segregam independentemente. As combinações entre os diferentes alelos podem produzir quatro tipos de crista: rosa, ervilha,
noz e simples.

Cruzamento ervilha X simples


Quando linhagens puras de aves de crista ervilha são cruzadas com linhagens puras de aves de crista simples, obtém-se uma
geração F1 constituída apenas por aves de crista ervilha. No experimento dos pesquisadores ingleses, quando as aves de F1
foram cruzadas entre si, a descendência foi de 332 aves com crista ervilha e 110 com crista simples, uma proporção muito
próxima de 3:1

P EE X ee
F1
Crista ervilha Ee X Ee Crista ervilha
F2
EE

Crista Ervilha

Ee

Crista Ervilha

Ee

Crista Ervilha

ee

Crista Simples

Cruzamento rosa X simples


Quando linhagens puras de aves de crista rosa são cruzadas com linhagens puras de crista simples, obtém-se uma geração
F1 constituída apenas por aves de crista rosa. No experimento de Bateson, quando as aves de F1 foram cruzadas entre si,
obteve-se uma geração F2 cosntituída por 221 aves de crista rosa e 83 de crista simples, proporção também muito próxima de
3:1.

P RR X rr
F1
Crista Rosa Rr X Rr Crista Rosa
F2
RR

Crista Rosa

Rr

Crista Rosa

Rr

Crista Rosa

rr

Crista Simples

Cruzamento rosa X ervilha


Quando linhagens puras de aves de crista rosa são cruzadas com linhagens puras de crista ervilha, todos os descendentes
apresentam um único tipo de crista, denominado “noz”, diferente das que têm seus genitores. No experimento realizado por
Bateson, quando as aves de crista noz de F1 foram cruzadas entre si, a geração F2 apresentou 99 aves de crista noz, 26 de
crista rosa, 38 de crista ervilha e 16 de crista simples, uma proporção bem próxima de 9:3:3:1. Essa é a proporção esperada
no cruzamento de duplo-heterozigoto quanto a dois pares de alelos com segregação independente.

P eeRR X EErr
F1
Crista Noz EeRr X EeRr Crista Noz
ER Er eR er
ER
EERR

Noz

EERr
Noz

EeRR

Noz

EeRr

Noz

Er
EERr

Noz

EErr

Ervilha

EeRr

Noz

Eerr

Ervilha

eR
EeRR

Noz

EeRr

Noz

eeRR

Rosa

eeRr

Rosa

er
EeRr

Noz

Eerr

Ervilha

eeRr

Rosa

eerr

Simples

F2
Cruzamento teste noz X simples
Quando a equipe de Bateson cruzou, a título de teste, algumas aves de crista noz da geração F1 com aves de crista simples,
de genótipo supostamente duplo-recessivo rree, foram obtidos, 139 descendentes de crista noz, 142 de crista rosa, 112 de
crista ervilha e 141 com crista simples, uma proporção muito próxima de 1:1:1:1. Estes resultados confirmam que os indivíduos
de F1 são duplo-heterozigotos e produzem quatro tipos de gametas em iguais proporções, como é esperado pela lei de
segregação independente.

Bateson e seus colaboradores concluíram, então, que o tipo de crista em galinhas é condicionado por dois genes de alelos, R/r
e E/e, que interagem e se segregam independentemente. A interação entre os alelos R e E resulta em uma crista noz; entre o
alelo recessivo r e o dominante E resulta em uma crista ervilha, e entre os alelos recessivos r e e resulta em crista simples.

Ação gênica complementar


A cor da flor das ervilhas de cheiro
Bateson e Punnet descreveram outro caso de interação gênica ao analisarem a herança da cor da flor em plantas de
ervilha-de-cheiro.

As flores, nessas plantas, podem ter coloração branca ou púrpura. Cruzando duas plantas de flores brancas de origens
diferentes, obtiveram em F1 somente plantas produtoras de flores púrpura. Esses indivíduos de F1, intercuzados, produziram
em F2 dois tipos de fenótipos, na proporção de : 9/16 plantas produtoras de flores púpura e 7/16 plantas produtoras de flores
brancas.

Neste caso, também temos a interação de dois pares de genes na determinação de um caráter (cor da flor). A cor púrpura é
condicionada pela interação dos dois genes dominates, A e B (A_B_).

Para a ocorrência de flores da cor branca, temos duas possibilidades:

A presença de apenas um dos genes dominantes, A ou B (A_bb ou aab_); ou


A ausência dos dois genes dominantes (aabb).
Genótipos Fenótipos
A_B_
púrpura
A_bb
branca
aaB_
branca
aabb
branca
Detalhando os cruzamentos realizados com flores brancas de origens diferentes, temos:

P AAbb X aaBB
F1
AaBb

flores púrpuras

AaBb X AaBb

Gametas possíveis: AB, Ab, aB, ab

Vamos ver o cruzamento em detalhe:

AB Ab aB ab
AB
AABB

Púrpura

AABb

Púrpura

AaBB

Púrpura

AaBb

Púrpura
Ab
AABb

Púrpura

AAbb

Branca

AaBb

Púrpura

Aabb

Branca

aB
AaBB

Púrpura

AaBb

Púrpura

aaBB

Branca

aaBb

Branca

ab
AaBb

Púrpura

Aabb

Branca

aaBb

Branca

aabb

Branca

F2
Quadro resumo
Proporções fenotípicas obtidas do cruzamento entre duplo-heterozigotos em diferentes formas de interação de dois genes,
com segregação independente. Observe a correlação entre as proporções genotípicas e fenotípicas para cada caso.

Herança Quantitativa
A herança quantitativa também é um caso particular de interação gênica. Neste caso, em que as diferenças fenotípicas de
uma dada característica não mostram variações expressivas, as variações são lentas e contínuas e mudam gradativamente,
saindo de um fenótipo “mínimo” até chegar a um fenótipo “máximo”.

É fácil concluir, portanto, que na herança quantitativa (ou poligênica) os genes possuem efeito aditivo e recebem o nome de
poligenes.
A herança quantitativa é muito frequente na natureza. Algumas características de importância econômica, como a produção de
carne em gado de corte, produção de milho etc., são exemplos desse tipo de herança. No homem, a estatura, a cor da pele e,
inclusive, inteligência, são casos de herança quantitativa.

Herança da cor da pele no homem


Segundo Davenport (1913), a cor da pele na espécie humana é resultante da ação de dois pares de genes (AaBb), sem
dominância. Dessa forma, A e B determinam a produção da mesma quantidade do pigmento melanina e possuem efeito
aditivo. Logo, conclui-se que deveria existir cinco tonalidades de cor na pele humana, segundo a quantidade de genes A e B.

Genótipos Fenótipos
aabb
pele clara
Aabb, aaBb
mulato claro
AAbb, aaBB, AaBb
mulato médio
AABb, AaBB
mulato escuro
AABB
pele negra
Vejamos os resultados genotípicos e fenotípicos que seriam obtidos a partir do cruzamento de dois indivíduos mulatos médios,
duplo-heterozigotos:

mulato médo X mulato médio


AaBb AaBb
AB Ab aB ab
AB
AABB

Negro

AABb

mulato escuro

AaBB

mulato escuro

AaBb

mulato médio

Ab
AABb

mulato escuro

AAbb

mulato médio

AaBb

mulato médio

Aabb

mulato claro

aB
AaBB

mulato escuro

AaBb
mulato médio

aaBB

mulato médio

aaBb

mulato claro

ab
AaBb

mulato médio

Aabb

mulato claro

aaBb

mulato claro

aabb

Branca

Fenótipos:

1/16 : 4/16 : 6/16 : 4/16 : 1/16

branco mulato claro mulato médio mulato escuro negro

E a cor dos olhos?


Todo o professor de biologia tem que responder, durante as aulas de genética, ao inevitável questionamento sobre como é
herdada a cor dos olhos. Contudo, muitos ainda tratam erroneamente essa característica genética como um tipo de herança
mendeliana simples, cuja ocorrência é influenciada por um único par de genes associados com a produção de olhos escuros e
claros.

Essa explicação simplista, porém, não mostra como surge toda a variedade de cores presentes nos olhos e não esclarece por
que pais de olhos castanhos podem ter filhos com olhos castanhos, azuis, verdes, ou de qualquer outra tonalidade. A cor dos
olhos é uma característica cuja herança é poligênica, um tipo de variação contínua em que os alelos de vários genes
influenciam na coloração final dos olhos. Isso ocorre por meio da produção de proteínas que dirigem a proporção de melanina
depositada na íris. Outros genes produzem manchas, raios, anéis e padrões de difusão dos pigmentos.

Distribuição dos fenótipos em curva normal ou de Gauss


Normalmente, os fenótipos extremos são aqueles que se encontram em quantidades menores, enquanto os fenótipos
intermediários são observados em frequências maiores. A distribuição quantitativa desses fenótipos estabelece uma curva
chamada normal (curva de Gauss).

O número de fenótipos que podem ser encontrados, em um caso de herança poligênica, depende do número de pares de
alelos envolvidos, que chamamos n.

Número de fenótipos = 2n + 1
Se uma característica é determinada por três pares de alelos, sete fenótipos distintos podem ser encontrados. Cada grupo de
indivíduos que expressam o mesmo fenótipo constitui uma classe fenotípica.
Sabendo-se o número de pares envolvidos na herança, podemos estimar a frequência esperada de indivíduos que
demonstram os fenótipos extremos, em que n é o número de pares de genes.

Frequencia dos fenótipos extremos =1/4n

Pleiotropia
Um par de genes, várias características
Pleiotropia (do grego, pleion = mais numeroso e tropos = afinidade) é o fenômeno em que um par de genes alelos condiciona
o aparecimento de várias características no mesmo organismo.

A pleiotropia mostra que a ideia mendeliana, de que cada gene afeta apenas uma característica, nem sempre é valida. Por
exemplo, certos ratos nascem com costelas espessadas, traqueia estreitada, pulmões com elasticidade diminuída e narinas
bloqueadas, o que fatalmente os levará a morte. Todas essas características são devidas à ação de apenas um par de genes,
portanto, um caso de pleiotropia.

Mutações e aberrações cromossômicas


Mutação é uma alteração no material genético. Há dois tipos de mutação, a gênica e a cromossômica.

A mutação gênica é uma alteração no gene devido a mudanças na frequência das bases nitrogenadas do DNA. A mutação
cromossômica (aberração cromossômica) é uma mudança no número ou na estrutura dos cromossomos.

Mutações Gênicas
Em 1941, os pesquisadores Beadle e Tatum, fazendo experiências com um tipo de bolor de pão, a Neurospora sp, observaram
que nem sempre a autoduplicação do DNA ocorria de modo perfeito. O bolor crescia num meio de cultura contendo açúcar e
diversos sais inorgânicos. Seus esporos eram submetidos a raios X e alguns deles passavam depois a produzir bolores com
novas características. Por exemplo, alguns perdiam a capacidade de fabricar lisina e só conseguiam sobreviver quando aquele
aminoácido era acrescentado ao meio de cultura. Essa incapacidade foi relaciona com a falta de uma enzima necessária para
a síntese de lisina. Concluíram, então, que os raios X teriam danificado a formação daquele tipo específico de enzima.

Como a produção de uma enzima depende de informação codificada no DNA, a conclusão daqueles pesquisadores ficou
conhecida como a relação "um gene - uma enzima". Atualmente, fala-se, com maior precisão, na relação "um gene - uma
cadeia polipeptídica".

A modificação genética induzida através dos raios X é conhecida como mutação. As mutações podem resultar de uma
alteração na sequência dos nucleotídeos, ou de quebras e mudanças de posição dos fragmentos da molécula de DNA.
Portanto são mutações as alterações numéricas e estruturais dos cromossomos, que persistem através das autoduplicações,
transmitindo-se às células-filhas. Existem também erros que ocorrem no RNA, no momento das transcrições ou das traduções,
e afetam somente a própria célula.

Agentes Mutagênicos
As mutações são produzidas por agentes mutagênicos, que compreendem principalmente vários tipos de radiação, dentre os
quais os raios ultravioleta, os raios X e substâncias que interferem na autoduplicação do DNA ou na transcrição do RNAm,
determinando erros nas sequências dos nucleotídeos.

Os agentes mutagênicos são fatores que podem elevar a frequência das mutações. Em 1920, Hermann J. Muller descobriu
quem submetendo drosófilas ao raio X, a frequência das mutações aumentava cerda de cem vezes em relação à população
não exposta. O aumento na taxa de mutações pode ser obtido pelo emprego de numerosos agentes físicos e químicos.

A lista das substâncias mutagênicas tem aumentado muito nos últimos anos, sendo bastante conhecidos o gás mostarda, o
ácido nitroso, a bromouracila, o formaldeído, a nicotina. Vários tipos de câncer podem ser produzidos por alterações ocorridas
nos ácido nucléicos; por isso os mesmos agentes mutagênicos podem ser também cancerígenos. Porém, a mais importante
dentre eles são as radiações. Quando uma célula recebe radiação, as moléculas podem ser quebradas ou alteradas em suas
estruturas. Quando as alterações são muito grandes, podem interferir com o metabolismo e divisão celular, e a célula morre.

Quando ela sobrevive à radiação, as modificações são duplicadas e transmitidas para as células das gerações sucessivas.

Entre os agentes físicos, os mais conhecidos são as radiações, bem como o raio X. O calor também aumente a incidência das
mutações: na espécie humana, sua frequência em trabalhadores de altos-fornos de usinas siderúrgicas, os quais permanecem
muito tempo em locais de temperatura elevada, é mais alta que na população geral.

Substancias químicas, como o "gás mostarda" e o ácido nitroso (HNO2), também podem aumentar a frequência de mutações.
Aerossóis, corantes alimentares e alguns componentes da fumaça do cigarro são capazes de alterar o patrimônio genético de
uma célula, podendo levar ao desenvolvimento de diversas formas de mutações e câncer.

Todos os seres vivos estão submetidos, diariamente, a vários desses agentes. Entretanto, as mutações permanecem como
eventos não muito frequentes. A relativa estabilidade do material genético deve-se à existência de um grupo de enzimas de
reparação, que "patrulham" permanentemente as moléculas de DNA à caça de alterações na sequência de seus nucleotideos.
Na maioria das vezes, essas alterações são detectadas e consertadas.

Aberrações cromossômicas
Cada planta e animal se caracteriza por um conjunto de cromossomos, representado uma vez em células haploides (por
exemplo, gametas e esporos) e duas vezes em células diploides.

Cada espécie tem um número específico de cromossomos. Mas, às vezes ocorrem irregularidades na divisão nuclear, ou
podem acontecer "acidentes" (como os de radiação) durante a interfase de modo que se podem formar células ou organismos
inteiros com genomas aberrantes. Tais aberrações cromossômicas podem incluir genomas inteiros, cromossomos isolados
inteiros, ou só partes de cromossomos.

As aberrações cromossômicas podem ser numéricas ou estruturais e envolver um ou mais autossomos, cromossomos sexuais
ou ambos. As aberrações cromossômicas numéricas incluem os casos em que há aumento ou diminuição do número do
cariótipo normal da espécie humana, enquanto as aberrações cromossômicas estruturais incluem os casos em que um ou
mais cromossomos apresentam alterações de sua estrutura.Assim, os citologistas reconhecem:

(1) Alterações no Número de Cromossomos (Heteroploidia)


(2) Alterações na Estrutura dos Cromossomos.

A heteroploidia pode atingir conjuntos inteiros de cromossomos (euploidia) ou perda ou adição de cromossomos inteiros
isolados (aneuploidia). Todas essas alterações têm um importante efeito sobre o desenvolvimento, pois ao alterar a estrutura
nuclear normal podem produzir alterações fenotípicas.

Alterações no número de cromossomos


As variações numéricas são de dois tipos: as euploidias, que originam células com número de cromossomos múltiplo do
número haploide, e as aneuploidias, que originam células onde há falta ou excesso de algum(ns) cromossomo(s). Assim,
euploidias são alterações de todo genoma; quanto a esse aspecto os indivíduos podem ser haploides (n), diploides (2n),
triploides (3n), tetraploides (4n), enfim, poliploides (quando há vários genomas em excesso). Euploidias são raras em animais,
mas bastante comuns e importantes mecanismos evolutivos nas plantas. Na espécie humana, a ocorrência das euploidias é
incompatível com o desenvolvimento do embrião, determinando a ocorrência do aborto. Células poliploides cujo número de
cromossomos alcança 16n são encontradas na medula óssea, no fígado e nos rins normais, além de ocorrerem em células de
tumores sólidos e leucemia.

Origem das Aneuploidias


As aneuploidias podem se originar de anomalias ocorridas na meiose (isto é, serem pré-zigóticas) ou nas mitoses do zigoto
(pós-zigóticas).

Quando a não-segregação é pré-zigótica, ela pode ter ocorrido na espermatogênese ou na ovulogênese. Na origem de
indivíduos com dois cromossomos X e um Y, a contribuição feminina é maior do que a masculina; por outro lado, 77% dos
casos onde há apenas um X tem origem em erros ocorridos na espermatogênese. Nas aneuploidias autossômicas, a
influência da idade materna leva a supor que a participação feminina é maior do que a masculina. As aneuploidias produzidas
por erros na mitose do zigoto ou na segmentação dos blastômeros são menos frequentes.

As aneuploidias devem-se à não separação (ou não-segregação) de um (ou mais) cromossomo(s) para as células-filhas
durante a meiose ou durante as mitoses do zigoto A não-segregação na mitose decorre do não-rompimento do centrômero no
início da anáfase ou da perda de algum cromossomo por não ter ele se ligado ao fuso.

A não-segregação na meiose é devida à falhas na separação dos cromossomos ou das cromátides, que se separam ao acaso
para um pólo ou outro. Na meiose a não-segregação tanto pode ocorrer na primeira divisão como na segunda. No primeiro
caso, o gameta com o cromossomo em excesso, em lugar de ter apenas um dos cromossomos de um dado par, ou seja, terá
um cromossomo paterno e um materno. No segundo, o gameta com o cromossomo em excesso terá dois cromossomos
paternos ou dois maternos, por exemplo.

Quando em consequência desses processos de não-segregação falta um cromossomo de um dado par, isto é, quando o
número de cromossomos da célula é 2n - 1, diz-se, que a célula apresenta monossomia para este cromossomo. Se faltam os
dois elementos do mesmo par 2n - 2, tem-se nulisomia. Se, pelo contrário, houver aumento do número de cromossomos de
um determinado par, a célula será polissômica para o cromossomo em questão; ela será trissômica, tetrassômica,
pentassômica etc., conforme tiver 1, 2 ou 3 cromossomos a mais, sendo, nesses casos, o seu número cromossômico
designado por (2n + 1), (2n + 2), (2n + 3) etc.

Aneuploidias dos cromossomos sexuais


Síndrome de Klinefelter
São indivíduos do sexo masculino que apresentam cromatina sexual e cariótipo geralmente 47 XXY.
Eles constituem um dentre 700 a 800 recém-nascidos do sexo masculino, tratando-se portanto de uma das condições
intersexuais mais comuns. Outros cariótipos menos comuns são 48 XXYY; 48 XXXY; 49 XXXYY e 49 XXXXY que,
respectivamente, exibem 1, 2. e 3 corpúsculos de Barr.

Embora possam ter ereção e ejaculação, são estéreis, pois seus testículos são pequenos e não produzem espermatozoides
devido à atrofia dos canais seminíferos. Outras características muitas vezes presentes são: estatura elevada, corpo
eunucoide, pênis pequeno, pouca pilosidade no púbis e ginecomastia (crescimento das mamas).

Além dessas alterações do sexo fenotípico, os pacientes com Síndrome de Klinefelter apresentam uma evidente diminuição do
nível intelectual, sendo esta tanto mais profunda quanto maior for o grau da polissomia.

Ao contrário do que ocorre na Síndrome de Turner, os pacientes Klinefelter apresentam problemas no desenvolvimento da
personalidade, que é imatura e dependente, provavelmente em decorrência de sua inteligência verbal diminuída.

Até 1960, a prova definitiva para o diagnóstico era fornecida pelo exame histológico dos testículos que, mesmo após a
puberdade, revela ausência de células germinativas nos canais seminíferos; raros são os casos de Klinefelter férteis que,
evidentemente, apresentam alguns espermatozoides normais. Atualmente a Identificação dos Klinefelter é assegurada pelo
cariótipo e pela pesquisa da cromatina sexual.

Sindrome do triplo X ou Super fêmea


Mulheres com cariótipo 47 XXX ocorrem numa frequência relativamente alta: 1 caso em 700 nascimentos aproximadamente.
Elas apresentam fenótipo normal, são férteis, mas muitas possuem um leve retardamento mental. Apresentam corpúsculo de
Barr.

Os casos de mulheres 48 XXXX e 49 XXXXX são raros e se caracterizam por graus crescentes de retardamento mental.

Sindrome do duplo Y ou Super macho


Indivíduos com cariótipo 47,XYY ocorrem com a frequência de 1 caso por 1.000 nascimentos masculinos.

Embora sejam, na maioria, homens normais, os primeiros estudos sugeriam que entre eles ocorria uma frequência
extremamente alta de pacientes retardados mentalmente e com antecedentes criminais; tais estudos revelaram que cerca de
2% dos pacientes Internados em instituições penais e hospícios tinha este cariótipo, o que mostrava serem os indivíduos XYY
internados 20 vezes mais numerosos (em lugar de 1 por mil, 2% corresponde a 20 por mil) do que na população livre.

No entanto, os mesmos dados revelaram que 96% dos indivíduos XYY são normais. Deste modo, tornam-se necessárias
pesquisas mais amplas antes de se relacionar essa constituição cromossômica particular com determinados traços anormais
de comportamento; é especialmente importante evitar uma interpretação Ingênua relacionada com um “cromossomo do
crime”.

Uma característica física bem evidente dos XYY é a estatura elevada, pois eles geralmente têm mais de 180 cm, ou seja. são
15cm mais altos do que a média dos indivíduos masculinos cromossomicamente normais.

Podemos sugerir que genes localizados no cromossomo Y elevam a estatura e predispõem seus portadores para
comportamentos inesperados; de fato, o perfil psicológico do indivíduo XYY inclui imaturidade no desenvolvimento emocional e
menor inteligência verbal, fatos que podem dificultar seu relacionamento interpessoal. Um fato digno de nota é que os
pacientes institucionalizados, tanto XY como XYY, exibem uma taxa de testosterona aumentada, o que pode ser um fator
contribuinte para a inclinação anti-social e aumento de agressividade.

Síndrome de Turner (XO)


É uma monossomia na qual os indivíduos afetados exibem sexo feminino mas geralmente não possuem cromatina sexual.

O exame de seu cariótipo revela comumente 45 cromossomos, sendo que do par dos cromossomos sexuais há apenas um X;
dizemos que esses indivíduos são XO (xis-zero), sendo seu cariótipo representado por 45 X. Muitas dessas concepções
terminam em aborto; é provável que 97% desses conceitos sejam eliminados chegando a termo apenas 3%, de modo que
essa monossomia constitui uma das causas mais comuns de morte Intra-uterina. Por isso é uma anomalia cromossômica rara,
atingindo apenas 1 entre 3000 mulheres normais.

Trata-se, fundamentalmente, de mulheres com disgenesia gonadal, isto é, cujos ovários são atrofiados e desprovidos de
folículos; portanto, essas mulheres não procriam, exceto em poucos casos relatados de Turner férteis, em cujos ovários
certamente há alguns folículos.
Devido à deficiência de estrógenos elas não desenvolvem as características sexuais secundárias ao atingir a puberdade,
sendo, portanto, identificadas facilmente pela falta desses caracteres; assim, por exemplo, elas não menstruam (isto é, têm
amenorreia primária). Quando adultas apresentam geralmente baixa estatura, não mais que 150 cm; infantilismo genital –
clitóris pequeno, grandes lábios despigmentados, escassez de pêlos pubianos; pelve androide, isto é, masculinizada; pele
frouxa devido à escassez de tecidos subcutâneos, o que lhe dá aparência senil; unhas estreitas; tórax largo e em forma de
barril; alterações cardíacas e ósseas. No recém-nascido frequentemente há edemas nas mãos e nos pés, o que leva a
suspeitar da anomalia.

As primeiras observações realizadas com indivíduos severamente afetados associavam a síndrome de Turner algum grau de
deficiência mental. Posteriormente ficou evidente que estas pacientes têm um desenvolvimento cognitivo alterado apenas
qualitativamente, pois elas possuem uma inteligência verbal superior à das mulheres normais, compensando, assim, as suas
deficiências quanto à percepção forma-espaço. Disto resulta que o nível intelectual global das Turner é igual ou, mesmo,
levemente superior ao da população feminina normal.
Por outro lado, não exibem desvios de personalidade, o que significa, inclusive, que sua identificação psicossexual não é
afetada. Em decorrência da disgenesia ovariana, a única fonte de estrógenos para essas pessoas são as supra-renais; como
a taxa desses hormônios é baixa, as pacientes devem receber aplicações de estrógenos para estimular o desenvolvimento
dos caracteres sexuais secundários e o aparecimento da menstruação. Usualmente esse tratamento tem início aos 16 anos
para evitar que os estrógenos aplicados retardem ainda mais o crescimento.

Hermafroditismo
O hermafroditismo é uma anomalia sexual ainda pouco conhecida, configurando um distúrbio morfológico e fisiológico das
gônadas sexuais de um indivíduo, que simultaneamente manifesta estrutura tecidual testicular e ovariana.

Por análise do cariótipo é sabido que não se trata de uma síndrome genética (mono ou trissomia halossômica), relacionada
aos cromossomos sexuais X ou Y. No entanto, pode estar associado a uma ocorrência de dispermia, havendo fecundação
normal (espermatozoide e ovócito de segunda ordem - óvulo) e outra fecundação paralela anômola (espermatozoide e um
glóbulo polar – óvulo não diferenciado, em tese, inativo).

A tendência do hermafroditismo é o aparente aspecto externo da genitália masculina, quando coexistentes testículo e ovário.
Nas demais situações, com duas ovotetis e gônada, a genitália possui aspecto feminino.

Naturalmente, os indivíduos portadores dessa anomalia somente revelam o hermafroditismo durante a puberdade,
desencadeando transtornos psicossociais quando descoberto.

Dependendo do tipo anatômico aparente, o período de amadurecimento corpóreo, pode devido a estímulos hormonais, iniciar:
o processo menstrual, bem como a ginecomastia (crescimento das mamas) em indivíduos criados como se fossem homens; e
falha menstrual, crescimento do clitóris e surgimento de pêlos nos indivíduos criados como se fossem mulheres.

Aneuploidias Autossômicas
Síndrome de Down
Doença congênita caracterizada por malformações dos órgãos (coração, rins), retardamento mental de moderado a severo,
língua espessa, pés e mãos de pequenas dimensões, alterações nas feições. É resultante de uma anormalidade na
constituição cromossômica: os indivíduos afetados apresentam um cromossomo extra - que se acrescenta ao par de número
21 - em suas células (por esta razão a doença é também denominada trissomia do 21). O termo mongolismo é um sinônimo
usual: a presença de fendas palpebrais oblíquas faz lembrar os indivíduos das raças orientais.

A frequência com que esta síndrome se manifesta é de uma para cada 500 crianças nascidas vivas e é superior para
concepções em mulheres com idade acima de 40 anos.

Esta síndrome foi descrita em 1866 pelo médico inglês John Langdon Haydon Down (1828 - 1896). A Síndrome de Down ou
trissomia do 21, é sem dúvida o distúrbio cromossômico mais comum e a mais comum forma de deficiência mental congênita.
Geralmente pode ser diagnosticada ao nascimento ou logo depois por suas características dismórficas, que variam entre os
pacientes, mas produzem um fenótipo distintivo.

Os pacientes apresentam baixa estatura e o crânio apresenta braquicefalia, com o occipital achatado. O pavilhão das orelhas
é pequeno e dismórfico. A face é achatada e arredondada, os olhos mostram fendas palpebrais e exibem manchas de
Brushfield ao redor da margem da íris. A boca é aberta, muitas vezes mostrando a língua sulcada e saliente. As mãos são
curtas e largas, frequentemente com uma única prega palmar transversa ("prega simiesca").

Trissomia do 13 - Patau
A trissomia do 13 é clinicamente grave e letal em quase todos os casos que sobrevivem até 6 meses de idade. O cromossomo
extra provém de não-disjunção da meiose I materna e cerca de 20% dos casos resultam de uma translocação
não-balanceada. O fenótipo inclui malformações graves do sistema nervoso central como arrinencefalia. Um retardamento
mental acentuado está presente. Em geral há defeitos cardíacos congênitos e defeitos urigenitais. Com frequência
encontram-se fendas labial e palatina, anormalidades oculares, polidactilia, punhos cerrados e as plantas arqueadas.

Trissomia do 18-Edwards
A maioria dos pacientes apresentam com a trissomia do cromossomo 18 apresenta trissomia regular sem mosaicismo, isto é ,
cariótipo 47 XX ou XY, +18. Entre os restantes, cerca de metade é constituída por casos de mosaicismo e outro tanto por
situações mais complexas, como aneuploidias duplas, translocações.

As manifestações da trissomia do 18 sempre incluem retardamento mental e atraso do crescimento e, às vezes malformações
graves no coração. O crânio é excessivamente alongado na região occipital. O pavilhão das orelhas é dismórfico, com poucos
sulcos. A boca é pequena. O pescoço é curto. Há uma grande distância intermamilar. Os genitais externos são anômalos. O
dedo indicador é maior do que os outros e flexionado sobre o dedo médio. Os pés têm as plantas arqueadas. As unhas
costumam ser hipoplásticas.

Aberrações cromossômicas estruturais


São alterações que não modificam a quantidade de cromossomos de uma célula, mas determinam o aparecimento de
cromossomos anormais.

As aberrações que vamos descrever a seguir quase sempre implicam em problemas sérios, inclusive na formação de
gametas. Isso porque durante a meiose, o cromossomo com a deficiência pareia de forma anômala com seu homólogo que
não sofreu alteração, afetando o andamento, do processo meiótico. A gravidade das manifestações de uma deficiência
depende dos genes ausentes.

Deficiência ou Deleção
Um pedaço de cromossomo é perdido neste tipo de anomalia , que implica a perda de muitos genes. Deficiências são
percebidas durante o pareamento de cromossomos na meiose . Um exemplo humano é a síndrome de cri du chat (síndrome
do miado do gato), em que falta um fragmento do braço curto do cromossomo 5. Caracterizada por retardo mental,
microcefalia, aspecto arredondado da face, presença de dobras epicânticas nos olhos e de choro semelhante a um miado de
gato.

Outro exemplo é o cromossomo 22 curto ("cromossomo Filadélfia"), associado a uma forma de leucemia.

Inversão
Um pedaço de cromossomo se quebra, sofre rotação de 180º e solda-se novamente em posição invertida. Por causa da
alteração da ordem dos genes, o pareamento dos homólogos na meiose.

Translocação
Trata-se da troca de pedaços entre cromossomos não-homólogos, diferente do que ocorre no crossing-over, fenômeno normal
e corriqueiro. Fala-se em translocaçào reciproca e heterozigota, em que apenas um elemento de cada par sofre a troca. Na
hora do pareameto meiótico , ocorre uma figura em forma de cruz.

É possível que a translocação tenha sido um mecanismo de formação de novas espécies. Há umas hipóteses sobre algumas
espécies de drosófilas, todas com um numero diferente de cromossomos, que poderiam ter se originado de uma espécie
ancestral, a partir de translocações de diversos tipos.

Duplicação
Na duplicação, há a formação de um segmento adicional em um dos cromossomos. De modo geral, as consequências de uma
duplicação são bem toleradas, pois não há falta de material genético.

Diagnóstico pré-natal
Já é possível diagnosticar muitas doenças em bebês recém-nascidos e até mesmo na fase fetal.

Caso o feto seja portador de uma grave doença genética, o casal pode se preparar para criar um filho com determinada
anomalia, uma vez que não é permitido no Brasil o aborto por causa de anomalias no feto.

Amniocentese
Punção da cavidade amniótica através da parede abdominal, feita numa mulher grávida; permite a retirada de certa
quantidade de líquido amniótico para fins de análise.
A amniocentese precoce, praticada entre 16° e 18° semana de gestação, permite fazer o diagnóstico de anomalias fetais;
também é possível detectar se a criança é portadora de mongolismo, anencefalia ou outra anormalidade genética. A
amniocentese tardia, feita no terceiro trimestre da gravidez, serve para evidenciar se há sofrimento fetal crônico.

Amostragem vilo-coriônica
A amostragem vilo-coriônica permite diagnosticar doenças hereditárias entre a oitava e a décima semanas de gravidez, mais
precocemente, portanto, do que a amniocentese. Com auxílio de um longo instrumento de punção, introduzido pela vagina até
o interior do útero, retira-se uma pequena porção das projeções e dobras (vilosidades) da membrana que recobre o embrião, o
córion. As células assim obtidas podem ser cultivadas durante algum tempo em meio nutritivo ou serem usadas diretamente
para o tipo de análise que se quer fazer.

A operação de retiradas de amostras de vilosidades coriônicas provoca aborto em 1% dos casos. Por isso esse diagnóstico é
empregado apenas nos casos em que o risco de o feto for afetado por doenças genéticas é muito grande, o que justifica a sua
detecção precoce para um eventual aborto terapêutico (que deve ser julgado pela justiça)

Os erros inatos do metabolismo e a genética


Vamos agora, fazer uma rápida descrição de duas importantes doenças relacionadas à ação de genes “defeituosos”.

Fenilcetonúria
A fenilcetonúria (PKU) é uma doença genética devida a ação de um gene recessivo que se manifesta em homozigose, que
afeta aproximadamente 1 em cada 12.000 recém-nascidos no Brasil. As pessoas com essa anomalia são incapazes de
produzir uma enzima que atua na conversão de um aminoácido fenilalanina no aminoácido tirosina. Sem essa conversão a
fenilalanina acumula-se no sangue e é convertida em substância tóxica que provoca lesões no sistema nervoso, culminando
com retardo mental do portador. Uma dessas substâncias é o ácido fenilpirúvico, excretado pela urina, que explica o nome
dado a doença. Uma criança recém-nascida, homozigota recessiva para PKU, tem início de vida saudável, uma vez que as
enzimas produzidas pela mãe foram transferidas pela placenta, livrando-a do problema. No entanto, à medida que os dias
passam, a enzima acaba e a fenilalanina vai se acumulando.

Na década de 1950, forma desenvolvidos testes bioquímicos para prevenir os sintomas da doença. Um simples exame de
sangue (teste do pezinho) pode revelar a presença de excesso de fenilalanina. Reconhecida a existência da doença, as
crianças passam a receber alimentação pobre em fenilalanina (lembre-se que a fenilalanina é importante no metabolismo de
construção, uma vez que parte da estrutura de muitas proteínas). Crianças assim tratadas chegam à vida adulta normalmente
e, mesmo que nessa fase se alimentem de substâncias contendo fenilalanina, já não haverá riscos, uma vez que o
desenvolvimento do sistema nervoso já está finalizado.

Galactosemia
A Galactosemia é uma doença metabólica rara, de fundo genético. A deficiência de uma enzima do metabolismo da galactose
não permite que esta seja transformada em glicose, principal fonte de energia do organismo. O acúmulo da galactose ou de
seus metabólitos é a causa dos danos nos rins, fígado, cérebro e olhos ou até mesmo a morte em casos mais graves.

A doença pode se manifestar em crianças e neonatos com a deficiência metabólica assim que a galactose é introduzida na
dieta via leite materno, leites em geral, queijos e derivados. Os sinais da doença são normalmente vômitos, aumento do
fígado, pigmentação amarelada da criança, entre outros.

Os danos causados pela galactosemia podem ser menores se a doença for diagnosticada precocemente. Por isso, em muitos
centros médicos a investigação da galactosemia já está sendo incluída no chamado "teste do pezinho" (ou triagem neonatal),
uma medida simples que pode melhorar muito o prognóstico da doença.

O tratamento é a base de dieta severa sem galactose e sem lactose, desde o período neonatal até, na maioria dos casos, o
resto da vida com monitoramento constante através da dosagem do nível de galactose e seus metabólitos nas hemácias. Com
o tratamento severo desde o período neonatal, os danos que podem ter ocorrido pré-diagnóstico no fígado, serão sanados,
mas a incidência de complicações ovarianas, de linguagem e fala, coordenação motora e aprendizado são altas a longo prazo.

Biotecnologia

Biotecnologia é o estudo e desenvolvimento de organismos geneticamente modificados e sua utilização para fins produtivos.
Ou seja, é a tecnologia baseada na biologia, sendo usada principalmente na agricultura, ciência dos alimentos e medicina. A
seguir apresentamos alguns tópicos sobre assuntos desta área.

Terapia Gênica
Por terapia gênica se entende a transferência de material genético com o propósito de prevenir ou curar uma enfermidade
qualquer.

No caso de enfermidades genéticas, nas quais um gene está defeituoso ou ausente, a terapia gênica consiste em transferir a
versão funcional do gene para o organismo portador da doença, de modo a reparar o defeito. Se trata de uma ideia muito
simples, mas como veremos sua realização prática apresenta vários obstáculos.

Primeira etapa: o isolamento do gene.


Um gene é uma porção de DNA que contém a informação necessária para sintetizar uma proteína. Transferir um gene é
transferir um pedaço particular de DNA. Portanto, é necessário antes de tudo, possuir “em mãos” o pedaço correto.

As enfermidades genéticas conhecidas estão ao redor de 5000, cada uma causada por uma alteração genética diferente. O
primeiro passo para a terapia gênica é identificar o gene responsável pela enfermidade. Subsequentemente, pelas técnicas de
biologia molecular é possível adquirir um pedaço de DNA que contém este gene. Esta primeira etapa é chamada de
isolamento ou clonagem do gene.

Qualquer enfermidade é candidata a terapia gênica, desde que o gene esteja isolado para a transferência. Graças ao
progresso da biologia molecular esta primeira etapa é relativamente simples em comparação a alguns anos atrás. Tem sido
possível isolar numerosos genes causadores de doenças genéticas e, se descobrem outros a cada semana.

Veja mais sobre isso em clonagem!

In vivo ou em ex-vivo?
Estas condições mostram qual é o objetivo da transferência gênica. Os procedimentos da terapia gênica in vivo consistem em
transferir o DNA diretamente para as células ou para os tecidos do paciente.
Nos procedimentos ex-vivo, o DNA é primeiramente transferido para células isoladas de um organismo, previamente crescidas
em laboratório. As células isoladas são assim modificadas e podem ser introduzidas no paciente. Este método é indireto e
mais demorado, porém oferece a vantagem de uma eficiência melhor da transferência e a possibilidade de selecionar e
ampliar as células modificadas antes da reintrodução.

Como se transfere o DNA a célula hospedeira?


Os procedimentos de transferência do DNA in vivo ou em ex-vivo têm o mesmo propósito: o gene deve ser transferido para
dentro das células, e uma vez inserido tem que resistir bastante tempo. Neste tempo, o gene tem que produzir grandes
quantidades de proteína para reparar o defeito genético. Essas características podem ser resumidas em um único conceito: o
gene estranho precisa se expressar de modo efetivo no organismo que o receberá.

O sistema mais simples seria, naturalmente, injetar o DNA diretamente nas células ou nos tecidos do organismo a ser tratado.
Na prática, este sistema é extremamente ineficaz: o DNA desnudo quase não apresenta efeito nas células. Além disso, essa
tentativa requer a injeção em uma única célula ou grupos de células do paciente.
Por isto, quase todas as técnicas atuais para a transferência de material genético implicam o uso de vetores, para transportar
o DNA para as células hospedeiras.

O que é clonagem?
A clonagem é um mecanismo comum de reprodução de espécies de plantas ou bactérias.

Um clone pode ser definido como uma população de moléculas, células ou organismos que se originaram de uma única célula
e que são idênticas à célula original. Em humanos, os clones naturais são os gêmeos idênticos que se originam da divisão de
um óvulo fertilizado.

A grande revolução da Dolly, que abriu caminho para possibilidade de clonagem humana, foi a demonstração, pela primeira
vez, de que era possível clonar um mamífero, isto é, produzir uma cópia geneticamente idêntica, a partir de uma célula
somática diferenciada. Para entendermos porque esta experiência foi surpreendente, precisamos recordar um pouco de
embriologia.

O núcleo da célula contém os 23 pares de cromossomos

Todos nós já fomos uma célula única, resultante da fusão de um óvulo e um espermatozoide. Esta primeira célula já tem no
seu núcleo o DNA com toda a informação genética para gerar um novo ser. O DNA nas células fica extremamente condensado
e organizado em cromossomos. Com exceção das nossas células sexuais, o óvulo e o espermatozoide que têm 23
cromossomos, todas as outras células do nosso corpo têm 46 cromossomos. Em cada célula, temos 22 pares que são iguais
nos dois sexos, chamados autossomos e um par de cromossomos sexuais:

XX no sexo feminino e XY no sexo masculino. Estas células, com 46 cromossomos, são chamadas células somáticas.
Voltemos agora à nossa primeira célula resultante da fusão do óvulo e do espermatozoide. Logo após a fecundação, ela
começa a se dividir: uma célula em duas, duas em quatro, quatro em oito e assim por diante. Pelo menos até a fase de oito
células, cada uma delas é capaz de se desenvolver em um ser humano completo. São chamadas de totipotentes. Na fase de
oito a dezesseis células, as células do embrião se diferenciam em dois grupos: um grupo de células externas que vão originar
a placenta e os anexos embrionários, e uma massa de células internas que vai originar o embrião propriamente dito. Após 72
horas, este embrião, agora com cerca de cem células, é chamado de blastocisto.

É nesta fase que ocorre a implantação do embrião na cavidade uterina. As células internas do blastocisto vão originar as
centenas de tecidos que compõem o corpo humano. São chamadas de células tronco embrionárias pluripotentes. A partir de
um determinado momento, estas células somáticas - que ainda são todas iguais - começam a diferenciar-se nos vários tecidos
que vão compor o organismo: sangue, fígado, músculos, cérebro, ossos etc. Os genes que controlam esta diferenciação e o
processo pelo qual isto ocorre ainda são um mistério.

O que sabemos é que uma vez diferenciadas, as células somáticas perdem a capacidade de originar qualquer tecido. As
células descendentes de uma célula diferenciada vão manter as mesmas características daquela que as originou, isto é,
células de fígado vão originar células de fígado, células musculares vão originar células musculares e assim por diante. Apesar
de o número de genes e de o DNA ser igual em todas as células do nosso corpo, os genes nas células somáticas
diferenciadas se expressam de maneiras diferentes em cada tecido, isto é, a expressão gênica é específica para cada tecido.
Com exceção dos genes responsáveis pela manutenção do metabolismo celular (housekeeping genes) que se mantêm ativos
em todas as células do organismo, só irão funcionar em cada tecido ou órgão os genes importantes para a manutenção deste.
Os outros se mantêm "silenciados" ou inativos.

Clonagem Reprodutiva
A grande notícia da Dolly foi justamente a descoberta de que uma célula somática de mamífero, já diferenciada, como a célula
da pele, a célula do coração, etc. poderia ser reprogramada ao estágio inicial e voltar a ser totipotente (isto é poder dar origem
a qualquer tipo celular novamente).

Isto foi conseguido através da transferência do núcleo de uma célula somática da glândula mamária da ovelha que originou a
Dolly para um óvulo anucleado (óvulo sem núcleo). Surpreendentemente, este começou a comportar-se como um óvulo
recém-fecundado por um espermatozoide. Isto provavelmente ocorreu porque o óvulo, quando fecundado, tem mecanismos,
para nós ainda desconhecidos, para reprogramar o DNA de modo a tornar todos os seus genes novamente ativos, o que
ocorre no processo normal de fertilização.

Ilustração de como foi a clonagem da Dolly

Para a obtenção de um clone, este óvulo anucleado, no qual foi transferido o núcleo da célula somática, foi inserido para o
útero de uma outra ovelha. No caso da clonagem humana reprodutiva, a proposta seria retirar-se o núcleo de uma célula
somática, que teoricamente poderia ser de qualquer tecido de uma criança ou adulto, inserir este núcleo em um óvulo e
implantá-lo em um útero (que funcionaria como uma barriga de aluguel). Se este óvulo se desenvolver teremos um novo ser
com as mesmas características físicas da criança ou adulto de quem foi retirada a célula somática. Seria como um gêmeo
idêntico nascido posteriormente.

Ilustração de como seria a clonagem humana

Já sabemos que não é um processo fácil. Dolly só nasceu depois de 276 tentativas que fracassaram. Além disso, dentre as
277 células "da mãe de Dolly" que foram inseridas em um óvulo sem núcleo, 90% não alcançaram nem o estágio de
blastocisto. A tentativa posterior de clonar outros mamíferos tais como camundongos, porcos, bezerros, um cavalo e um veado
também tem mostrado uma eficiência muito baixa e uma proporção muito grande de abortos e embriões malformados. Penta,
a primeira bezerra brasileira clonada a partir de uma célula somática morreu adulta, em 2002, com um pouco mais de um mês.

Dolly e a ovelha doadora do DNA

Ainda em 2002, foi anunciada a clonagem do copycat o primeiro gato de estimação clonado a partir de uma célula somática
adulta. Para isto foram utilizados 188 óvulos que geraram 87 embriões e apenas um animal vivo. Na realidade, experiências
recentes, com diferentes tipos de animais, têm mostrado que esta reprogramação dos genes, para o estágio embrionário, o
qual originou Dolly, é extremamente difícil.

O grupo liderado por Ian Wilmut, o cientista escocês que se tornou famoso por esta experiência, afirma que praticamente
todos os animais que foram clonados nos últimos anos a partir de células não embrionárias estão com problemas. Entre os
diferentes defeitos observados nos pouquíssimos animais que nasceram vivos após inúmeras tentativas, observam-se:
placentas anormais, gigantismo em ovelhas e gado, defeitos cardíacos em porcos, problemas pulmonares em vacas, ovelhas
e porcos, problemas imunológicos, falha na produção de leucócitos, defeitos musculares em carneiros.
Os avanços recentes em clonagem reprodutiva permitem quatro conclusões importantes:

a maioria dos clones morre no início da gestação;


os animais clonados têm defeitos e anormalidades semelhantes, independentemente da célula doadora ou da espécie;
essas anormalidades provavelmente ocorrem por falhas na reprogramação do genoma;
a eficiência da clonagem depende do estágio de diferenciação da célula doadora. De fato, a clonagem reprodutiva a partir de
células embrionárias tem mostrado uma eficiência de dez a vinte vezes maior, provavelmente porque os genes que são
fundamentais no início da embriogênese estão ainda ativos no genoma da célula doadora.
É interessante que, dentre todos os mamíferos que já foram clonados, a eficiência é um pouco maior em bezerros (cerca de
10% a 15%). Por outro lado, um fato intrigante é que ainda não se tem notícias de macaco ou cachorro que tenha sido
clonado. Talvez seja por isso que a cientista inglesa Ann McLaren tenha afirmado que as falhas na reprogramação do núcleo
somático possam se constituir em uma barreira intransponível para a clonagem humana.

Mesmo assim, pessoas como o médico italiano Antinori ou a seita dos raelianos defendem a clonagem humana, um
procedimento que tem sido proibido em todos os países. De fato, um documento assinado em 2003 pelas academias de
ciências de 63 países, inclusive o Brasil, pedem o banimento da clonagem reprodutiva humana. O fato é que a simples
possibilidade de clonar humanos tem suscitado discussões éticas em todos os segmentos da sociedade, tais como: Por que
clonar? Quem deveria ser clonado? Quem iria decidir? Quem será o pai ou a mãe do clone? O que fazer com os clones que
nascerem defeituosos?

Na realidade, o maior problema ético atual é o enorme risco biológico associado à clonagem reprodutiva. No meu entender,
seria a mesma coisa que discutir os prós e os contras em relação à liberação de uma medicação nova, cujos efeitos são
devastadores e ainda totalmente incontroláveis.

Apesar de todos estes argumentos contra a clonagem humana reprodutiva, experiências com animais clonados têm nos
ensinado muito acerca do funcionamento celular. Por outro lado, a tecnologia de transferência de núcleo para fins terapêuticos,
a chamada clonagem terapêutica, poderá ser extremamente útil para obtenção de células-tronco.

Clonagem terapêutica para obtenção das células-tronco


Se, em vez de inserirmos em um útero o óvulo cujo núcleo foi substituído por um de uma célula somática, deixarmos que ele
se divida no laboratório, teremos a possibilidade de usar estas células - que na fase de blastocisto são pluripotentes - para
fabricar diferentes tecidos.

Isto abrirá perspectivas fantásticas para futuros tratamentos, porque hoje só se consegue cultivar em laboratório células com
as mesmas características do tecido do qual foram retiradas. É importante que as pessoas entendam que, na clonagem para
fins terapêuticos, serão gerados só tecidos, em laboratório, sem implantação no útero.

Não se trata de clonar um feto até alguns meses dentro do útero para depois lhe retirar os órgãos como alguns acreditam.
Também não há porque chamar esse óvulo de embrião após a transferência de núcleo porque ele nunca terá esse destino.

Uma pesquisa publicada na revista Science por um grupo de cientistas coreanos (Hwang e col., 2004) confirma a possibilidade
de obter-se células-tronco pluripotentes a partir da técnica de clonagem terapêutica ou transferência de núcleos. O trabalho foi
feito graças a participação de dezesseis mulheres voluntárias que doaram, ao todo, 242 óvulos e células "cumulus" (células
que ficam ao redor dos óvulos) para contribuir com pesquisas visando à clonagem terapêutica. As células cumulus, que já são
células diferenciadas, foram transferidas para os óvulos dos quais haviam sido retirados os próprios núcleos. Dentre esses,
25% conseguiram se dividir e chegar ao estágio de blastocisto, portanto, capazes de produzir linhagens de células-tronco
pluripotentes.

A clonagem terapêutica teria a vantagem de evitar rejeição se o doador fosse a própria pessoa. Seria o caso, por exemplo, de
reconstituir a medula em alguém que se tornou paraplégico após um acidente ou para substituir o tecido cardíaco em uma
pessoa que sofreu um infarto. Entretanto, esta técnica tem suas limitações. O doador não poderia ser a própria pessoa quando
se tratasse de alguém afetado por doença genética, pois a mutação patogênica causadora da doença estaria presente em
todas as células. No caso de usar-se linhagens de células-tronco embrionárias de outra pessoa, ter-se-ia também o problema
da compatibilidade entre o doador e o receptor. Seria o caso, por exemplo, de alguém afetado por distrofia muscular
progressiva, pois haveria necessidade de se substituir seu tecido muscular. Ele não poderia utilizar-se de suas próprias
células-tronco, mas de um doador compatível que poderia, eventualmente, ser um parente próximo.

Além disso, não sabemos se, no caso de células obtidas de uma pessoa idosa afetada pelo mal de Alzheimer, por exemplo, se
as células clonadas teriam a mesma idade do doador ou se seriam células jovens. Uma outra questão em aberto diz respeito à
reprogramação dos genes que poderiam inviabilizar o processo dependendo do tecido ou do órgão a ser substituído.
Em resumo, por mais que sejamos favoráveis à clonagem terapêutica, trata-se de uma tecnologia que necessita de muita
pesquisa antes de ser aplicada no tratamento clínico. Por este motivo, a grande esperança, a curto prazo, para terapia celular,
vem da utilização de células-tronco de outras fontes.

Terapia celular com outras fontes de células-tronco


Indivíduos adultos
Existem células-tronco em vários tecidos (como medula óssea, sangue, fígado) de crianças e adultos.

Entretanto, a quantidade é pequena e não sabemos ainda em que tecidos são capazes de se diferenciar. Pesquisas recentes
mostraram que células-tronco retiradas da medula de indivíduos com problemas cardíacos foram capazes de reconstituir o
músculo do seu coração, o que abre perspectivas fantásticas de tratamento para pessoas com problemas cardíacos.

Mas a maior limitação da técnica, do autotransplante é que ela não serviria para portadores de doenças genéticas. É
importante lembrar que as doenças genéticas afetam 3-4% das crianças que nascem. Ou seja, mais de cinco milhões de
brasileiros para uma população atual de 170 milhões de pessoas. É verdade que nem todas as doenças genéticas poderiam
ser tratadas com células-tronco, mas se pensarmos somente nas doenças neuromusculares degenerativas, que afetam uma
em cada mil pessoas, estamos falando de quase duzentas mil pessoas.

Cordão umbilical e placenta


Pesquisas recentes vêm mostrando que o sangue do cordão umbilical e da placenta são ricos em células-tronco. Entretanto,
também não sabemos ainda qual é o potencial de diferenciação dessas células em diferentes tecidos. Se as pesquisas com
células-tronco de cordão umbilical proporcionarem os resultados esperados, isto é, se forem realmente capazes de regenerar
tecidos ou órgãos, esta será certamente uma notícia fantástica, porque não envolveria questões éticas. Teríamos que resolver
então o problema de compatibilidade entre as células-tronco do cordão doador e do receptor. Para isto será necessário criar,
com a maior urgência, bancos de cordão públicos, à semelhança dos bancos de sangue. Isto porque sabe-se que, quanto
maior o número de amostras de cordão em um banco, maior a chance de se encontrar um compatível.

Experiências recentes já demonstraram que o sangue do cordão umbilical é o melhor material para substituir a medula em
casos de leucemia. Por isso, a criação de bancos de cordão é uma prioridade que já se justifica somente para o tratamento de
doenças sanguíneas, mesmo antes de confirmarmos o resultado de outras pesquisas.

Células embrionárias
Se as células-tronco de cordão tiverem a potencialidade desejada, a alternativa será o uso de células-tronco embrionárias
obtidas de embriões não utilizados que são descartados em clínicas de fertilização. Os opositores ao uso de células
embrionárias para fins terapêuticos argumentam que isto poderia gerar um comércio de óvulos ou que haveria destruição de
"embriões humanos" e não é ético destruir uma vida para salvar outra.

Texto adaptado de Zatz, Mayana. "Clonagem e células-tronco". Cienc. Cult., jun. 2004, vol. 56, nº 3, pp. 23-27, ISSN
0009-6725.

Vitória para a Ciência: Aprovada a utilização de células-tronco embrionárias em pesquisas


O STF (Supremo Tribunal Federal) aprovou dia 29/05/2008 as pesquisas com células-tronco embrionárias no país. O Supremo
rejeitou uma ação direta de inconstitucionalidade contra o artigo 5º artigo da Lei de Biossegurança que permite a utilização, em
pesquisas, dessas células fertilizadas in vitro e não utilizadas. Segundo a norma, podem ser utilizados apenas os embriões
que estejam congelados há três anos ou mais, mediante autorização do casal. O artigo também veta a comercialização do
material biológico.

Transgênicos: vilões ou mocinhos?


Melhoramento genético e seleção artificial
Há séculos o homem utiliza a prática de melhoramento genético para aperfeiçoar espécies animais e vegetais de interesse.

Tudo começou quando o homem passou a realizar cruzamentos, seguidos de seleção artificial, das variedades que mais lhe
interessavam. Esse procedimento originou inúmeras raças de animais e variedades vegetais que, hoje, fazem parte de nosso
dia-a-dia. Cavalos e jumentos são cruzados para produzir híbridos – mulas e burros – utilizados para serviços de tração; o
gado leiteiro e o de corte são hoje muito mais produtivos que os de antigamente; plantas como milho, feijão e soja produzem
atualmente grãos de excelente valor nutritivo.

Para preservar as qualidades das inúmeras variedades vegetais obtidas em cruzamentos, o homem aprendeu a fazer a
propagação vegetativa, processo executado principalmente pelo plantio de pedaços de caule (estaquia) ou de enxertos
(enxertia) das plantas de boa qualidade.

Esse tipo de reprodução assexuada forma clones das plantas com melhores características.
Bons exemplos desse processo são a estaquia, atualmente praticada pelo Instituto Florestal de São Paulo, de pedaços de
galho de eucalipto na propagação de variedades produtoras de madeira de excelente qualidade para a construção de casas, e
a enxertia de inúmeras variedades de laranja, entre elas a laranja-da-baía, também conhecida como laranja-de-umbigo.

Vimos que, desde os tempos antigos, o homem aprendeu, por meio da observação e da experimentação, a praticar o
melhoramento de espécies animais e vegetais que apresentam algum interesse econômico, alimentar ou medicinal. Essas
bases deram início a uma tecnologia conhecida como biotecnologia, que pode ser definida como um conjunto de técnicas que
utilizam organismos vivos ou partes deles para a produção de produtos ou processos para usos específicos. Analisando a
definição, podemos pensar que a biotecnologia já é praticada pelo homem a milhares de anos, quando ele aprendeu a utilizar,
por exemplo, microorganismos fermentadores para a produção de pães, iogurtes e vinhos.

Depois do conhecimento da estrutura do DNA, na década de 1950, e do entendimento do seu processo de duplicação e da
sua participação na produção de proteínas, surgiu uma vertente da biotecnologia conhecida como engenharia genética, que,
por meio de técnicas de manipulação do DNA, permite a seleção e modificação de organismos vivos, com a finalidade de obter
produtos úteis ao homem e ao meio ambiente.

A manipulação dos genes


Com a elucidação da estrutura da molécula de DNA por Watson e Crick, em 1953, e o reconhecimento de que ela era o
principal constituinte dos genes, o grande desafio para os cientistas consistia em fazer uma análise detalhada da sua
composição nos diversos seres vivos. Sabia-se, também, que as bases nitrogenadas adenina, timina, citosina e guanina,
componentes dos nucleotídeos, guardavam relação com o processo do código genético que comandava a produção de
proteínas. Mas, várias dúvidas ainda perturbavam os cientistas: onde começa e onde termina um gene? Qual a sua sequência
de nucleotídeos? Quantos genes existem em cada espécie de ser vivo?

A procura por respostas a essas perguntas gerou um intenso trabalho de pesquisa e originou um dos ramos mais promissores
e espetaculares da biologia atual: a engenharia genética.

A manipulação dos genes decorrente das pesquisas, conduziu à necessidade de compreender o significado de novos
conceitos relacionados a essa área.

Entre esses conceitos estão os de enzima de restrição, sítios alvo, eletroforense em gel, tecnologia do DNA recombinante,
técnica do PCR, biblioteca de DNA, sondas, fingerprint etc.

Uma pergunta que você poderia fazer é: porque devo conhecer todos esses conceitos e qual a utilidade deles para a minha
vida? Porque para você ter uma opinião sobre transgênicos, pesquisa de paternidade, produção de medicamentos e vacinas e
terapia gênica, deve saber sobre o que está falando. Todos nós esperamos que as pesquisas contribuam para a melhoria do
bem estar da humanidade e por isso temos que conhecer a principais técnica utilizadas por ela para poder julgá-las
justamente.

Histologia

A histologia (do grego: hydton = tecido + logos = estudos) é a ciência que estuda os tecidos biológicos, desde a sua formação
(origem), estrutura (tipos diferenciados de células) e funcionamento.

Mas o que é tecido?


O corpo de um organismo multicelular é constituído por diferentes tipos de células, especializadas em realizar diversas
funções. As células com determinado tipo de especialização organizam-se em grupos, constituindo os tecidos. Alguns tecidos
são formados por células que possuem a mesma estrutura; outros são formados por células que têm diferentes formas e
funções, mas que juntas colaboram na realização de uma função geral maior.

A diferenciação dos tecidos e a conquista do ambiente terrestre


Dentre as diversas adaptações que favoreceram a conquista do meio terrestre pelos vertebrados destacam-se um eficiente
revestimento corporal impermeabilizado, um adequado sistema esquelético de suporte do organismo e de seus órgãos e um
hábil mecanismo que permite a movimentação do organismo pelo meio. No homem, essas três tarefas são desempenhadas,
na ordem, pela pele, pelo conjuntivo de ossos do sistema esquelético e pelos inúmeros músculos componentes do sistema
muscular. Ossos e músculos constituem o sistema locomotor.

Como são formados os tecidos?


Todos os tecidos presentes nos vertebrados adultos são formados a partir de três tipos de folhetos germinativos: endoderma,
ectoderma e mesoderma. Cada um desses, durante o desenvolvimento embrionário, é responsável por uma genealogia de
células especializadas quanto à forma e função.

Os destinos finais (organogênese) desses folhetos germinativos, na formação dos tecidos e órgão humanos, são os seguintes.

Ectoderma
Epiderme e anexos cutâneos (pêlos e glândulas mucosas);
Todas as estruturas do sistema nervoso (encéfalo, nervos, gânglios nervosos e medula espinhal);
Epitélio de revestimento das cavidades nasais, bucal e anal.
Mesoderma
Forma a camada interna da pele (derme);
Músculos lisos e esqueléticos;
Sistema circulatório (coração, vasos sanguíneos, tecido linfático, tecido conjuntivo);
Sistema esquelético (ossos e cartilagem);
Sistema excretor e reprodutor (órgãos genitais, rins, uretra, bexiga e gônadas).
Endoderma
Epitélio de revestimento e glândulas do trato digestivo, com exceção da cavidade oral e anal;
Sistema respiratório (pulmão);
Fígado e pâncreas.

Tipos de Tecidos
Nos animais vertebrados há quatro grandes grupos de tecidos: o muscular, o nervoso, o conjuntivo (abrangendo também os
tecidos ósseo, cartilaginoso e sanguíneo) e o epitelial, constituindo subtipos específicos que irão formar os órgãos e sistemas
corporais.

Por exemplo: O sangue é considerado um tecido conjuntivo, com diversificadas células (as hemácias, os leucócitos e as
plaquetas) e o plasma (água, sais minerais e diversas proteínas).

Nos invertebrados estes tipos de tecido são basicamente os mesmos, porém com organizações mais simples. A maioria dos
tecidos além de serem compostos de células, apresentam entre elas substâncias intracelulares (intersticiais).

Especificação dos tecidos básicos


Epitélio → revestimento da superfície externa do corpo (pele), os órgãos (fígado, pulmão e rins) e as cavidades corporais
internas;

Conjuntivo → constituído por células e abundante matriz extracelulas, com função de preenchimento, sustentação e transporte
de substâncias;

Muscular → constituído por células com propriedades contráteis;

Nervoso → formado por células que constituem o sistema nervoso central e periférico (o cérebro, a medula espinhal e os
nervos).

Tecido epitelial
A superfície externa do corpo e as cavidades corporais internas dos animais são revestidas por este tecido.

O tecido epitelial desempenha várias funções no organismo, como proteção do corpo (pele), absorção de substâncias úteis
(epitélio do intestino) e percepção de sensações (pele), dependendo do órgão aonde se localizam.

Os tecidos epiteliais ou epitélios têm células perfeitamente justapostas, unidas por pequena quantidade de material
cimentante, com pouquíssimo espaço intercelular. Os epitélios não são vascularizados e não sangram quando feridos. A
nutrição das células se faz por difusão a partir dos capilares existentes em outro tecido, o conjuntivo, adjacente ao epitélio a
ele ligado. O arranjo das células epiteliais pode ser comparado ao de ladrilhos ou tijolos bem encaixados.

Os epitélios podem ser classificados quanto ao número de células:

Quando os epitélios são formados por uma só camada de células, são chamados de epitélios simples ou uniestratificados (do
latim uni, um, e stratum, camada).
Já os epitélios formados por mais de uma camada de células são chamados estratificados.
Existem ainda epitélios que, apesar de formados por uma única camada celular, têm células de diferentes alturas, o que dá a
impressão de serem estratificados. Por isso, eles costumam ser denominados pseudo-estratificados.
Quanto à forma das células, os epitélios podem ser classificados em:

Pavimentosos, quando as células são achatadas como ladrilhos;


Cúbicos, quando as células tem forma de cubo, ou
Prismáticos, quando as células são alongadas , em forma de coluna.
No epitélio que reveste a bexiga, a forma das células é originalmente cúbica, mas elas se tornam achatadas quando
submetidas ao estiramento causado pela dilatação do órgão. Por isso, esse tipo de epitélio é de denominado, por alguns
autores, epitélio de transição.

Os tecidos epiteliais, também chamados epitélios, são classificados em dois tipos principais: epitélios de revestimento e
epitélios glandulares.

Epitélios de revestimento
Funciona como uma membrana que isola o organismo, ou parte dele, do meio externo.

Está relacionado ao revestimento e proteção de superfícies externas (por exemplo, na pele) e internas (por exemplo, no
estômago). Atua, também, na absorção de substâncias, na secreção de diversos produtos, na remoção de impurezas e pode
conter vários tipos de receptores sensoriais (notadamente na pele).

Pele: Órgão de contato


Nos vertebrados, a pele é importante órgão de contato com o meio. A conquista do ambiente terrestre pelos vertebrados
tornou-se possível, entre outras coisas, a partir do isolamento e proteção do corpo e de mecanismos de relação do ser vivo
com o meio.

O tato, a visão, a olfação, a gustação e a audição são úteis no relacionamento do animal com o ambiente. A pele, órgão
responsável pelas sensações táteis, apresenta diferentes tipos de “sensores”, que registram e informam ao ser vivo variações
de temperatura (calor ou frio) e pressão (toques, choques, pancadas). A pele é, ainda, importante órgão de defesa contra
diversos tipos de agentes infecciosos.

Tecido Epitelial de Revestimento Pluriestratificado Pavimentoso Queratinizado. Microscopia óptica. (E) Epiderme, (D) Derme,
(SC) Células queratinizadas e cera.

Considerando o corpo inteiro, a pele de uma pessoa chega a pesar 5 Kg e tem uma área total de 18 m2. É, portanto o maior
órgão do nosso corpo.

A histologia da pele
Nos mamíferos, a pele é órgão composto por duas camadas: epiderme e derme.

A epiderme é um tecido epitelial pluriestratificado. É formada por estratos (ou camadas), dos quais destacam-se o estrato
basal (também chamado de estrato germinativo), que fica apoiado na derme e é formado por células de aspecto cúbico. Nessa
camada é intensa a atividade de divisão celular mitótica, que repõe constantemente as células perdidas no desgaste diário a
que a superfície desse tecido está sujeito. À medida que novas células são formadas, elas vão sendo “empurradas” para
formar as demais células, até ficarem expostas na superfície da pele.

A derme é uma camada formada por tecido conjuntivo do tipo denso, cujas fibras ficam orientadas em diversas direções.
Vários tipos de células são encontrados, destacando-se os fibroblastos e os macrófagos. Nervos, terminações nervosas,
diferentes tipos de corpúsculos sensoriais e uma ampla rede de capilares sanguíneos cruzam a derme em várias direções. Ela
é um importante tecido de manutenção e de apoio. Os nutrientes existentes no sangue difundem-se para as células
epidérmicas.

Nos mamíferos, a derme é atravessada por finas faixas de células musculares, os músculos eretores dos pêlos, cuja contração
é involuntária e permite aumentar a camada de ar retirada entre os pêlos, que contribui para o isolamento térmico. Mecanismo
semelhante ocorre nas aves, com as penas.

Abaixo da derme, há uma camada de tecido conjuntivo frouxo, o tecido celular subcutâneo (também conhecido como tela
subcutânea e hipoderme), que não faz parte da pele, mas estabelece a sua ligação com as estruturas adjacentes, permitindo o
seu deslizamento. Em determinadas regiões do corpo, a hipoderme contém um número variável de camadas de células
adiposas, formando o panículo adiposo (o popular “toucinho de porco”), importante como reserva de energia, isolante térmico
e facilitador da flutuação na água.

Sensores da pele
Diversos tipos de estruturas sensoriais conferem à pele a função de relacionamento com o meio ambiente.
Distribuído por toda a pele, são basicamente dendritos de neurônios sensoriais (terminações nervosas livres), sendo que
alguns são envoltos por uma cápsula de células conjuntivas ou epiteliais e, por isso, esses receptores são capsulados.

Anexos da Pele
Três estruturas da pele, derivadas da epiderme, são extremamente importantes na adaptação dos mamíferos ao meio
terrestre: pêlos, que auxiliam no isolamento térmico; glândulas sudoríparas, que desempenham o papel importante na
regulação da temperatura corpórea; e glândulas sebáceas, que lubrificam a pele e estruturas anexas.

A pele é um tipo de tecido epitelial chamado epitélio de revestimento. Os tecidos epiteliais de revestimento são também
encontrados revestindo as cavidades corporais internas dos animais.

Epitélio de revestimento intestinal


O tecido que reveste internamente o intestino delgado é um bom exemplo de epitélio especializado em absorver nutrientes e
permitir que eles passem da cavidade intestinal para o sangue.

A alta capacidade de absorção do epitélio intestinal se deve ao fato de suas células possuírem, na membrana a borda livre
(isto é, a borda voltada para a cavidade intestinal), muitas projeções finas e alongadas, que lembrem dedos de uma luva,
chamadas microvilosidades.

Cálculos da área de membrana que constitui as microvilosidades mostram que elas aumentam quinhentas vezes a área
superficial de cada célula, em comparação com a área de células que têm a borda lisa. O mesmo tipo de cálculo nos leva a
concluir que o intestino delgado humano apresenta uma superfície de absorção de mais de 300 m2, equivalente à área de
uma quadra de esportes de 20 m de comprimento por 15 m de lado.

A renovação das células epiteliais


A mitose é um processo frequente nas células epiteliais, as quais têm vida curta e precisam ser constantemente renovadas. A
velocidade dessa renovação varia de epitélio para epitélio. As células que se renovam mais rapidamente são do epitélio
intestinal: num prazo de 2 a 5 dias são substituídas por células novas. As que se renovam mais lentamente são as células do
pâncreas que demoram 50 dias para serem substituídas.

Para saber mais sobre mitose, clique aqui!

Na pele, a renovação da epiderme ocorre em média a cada 30 dias. No couro cabeludo, pode ocorrer uma disfunção em que a
descamação de parte da epiderme acontece a cada 3 ou 4 dias, formando as caspas.

Especialização das células epiteliais


As células dos tecidos epiteliais mantêm-se aderidas umas às outras por meio de estruturas especializadas, genericamente
chamadas junções celulares.

Observe essas junções na figura abaixo.

Desmossomos
Uma das mais importantes junções celulares é o desmossomo (do grego desmos, ligação, e somatos, corpo). Um
desmossomo pode ser comparado a um botão de pressão constituído por duas metades que se encaixam, estando uma
metade localizada na membrana de uma das células e a outra na célula vizinha.

Em cada célula existe uma placa circular de proteína, situada bem junto à membrana. Das placas partem substâncias
colantes, chamadas desmogleínas, que atravessam as membranas e grudam as células na região de contato. As placas
também estão ligadas a um grande número de filamentos constituídos da proteína queratina.
Microscopia eletrônica da célula mostrando a placa circular

Zona de oclusão
Outro tipo de junção celular presente em muitos epitélios é a zona de oclusão, uma espécie de cinturão adesivo situado junto a
borda livre das células epiteliais.

A zona de oclusão mantém as células vizinhas tão encostadas que impede a passagem de moléculas entre elas. Assim,
substâncias eventualmente presentes em uma cavidade revestida por tecido epitelial não podem penetrar no corpo, a não ser
atravessando diretamente as células.

Lâmina basal e hemidesmossomos


Sob um tecido epitelial há sempre uma espécie de tapete de moléculas de proteínas ao qual as células se ligam: a lâmina
basal. As bases das células epiteliais ficam aderidas a lâmina basal por meio de estruturas celulares especiais, denominadas
hemidesmossomos. Estes lembram desmossomos, mas possuem estrutura e função diferentes, conectando as bases das
células epiteliais à lamina basal, em vez de ligarem as membranas de células vizinhas, como fazem os desmossomos.

Junções gap ou comunicantes


Conhecidas também por nexos, junção em hiato ou gap junction, são partículas cilíndricas que fazem com que as células
entrem em contato umas com as outras, para que funcionem de modo coordenado e harmônico.

Esses canais permitem o movimento de moléculas e íons, diretamente do citosol de uma célula para outra.

Interdigitações: aumento da superfície de contato


É comum observar-se a ocorrência de pregueamento entre as membranas plasmáticas de duas células adjacentes. Esses
pregueamentos, conhecidos como interdigitações (à maneira dos dedos das mão colocadas uns entre os outros), ampliam a
superfície de contato entre as células e facilitam a passagem de substâncias de uma para a outra.

A transformação dos epitélios


Assim como outros tecidos, os epitélios podem sofrer metaplasia, que é a substituição patológica de um tipo de tecido por
outro. No caso de fumantes crônicos, por exemplo, o epitélio pseudo-estratificado ciliado da traqueia e dos brônquios pode se
transformar em pavimentoso pela ação irritante nos elementos presentes na composição do cigarro. Essa transformação altera
a função desses órgãos, trazendo prejuízos à saúde.

Tecido epitelial glandular


As células do tecido epitelial glandular produzem substâncias chamadas secreções, que podem ser utilizadas e outras partes
do corpo ou eliminadas do organismo. Essas secreções podem ser:

mucosas, quando espessas e ricas em muco, Ex. glândulas salivares


serosas, quando fluidas, aquosas, claras e ricas e proteínas. Ex. glândulas secretoras do pâncreas
Podem também ser mistas, quando ocorrem secreções mucosas e serosas juntas. Ex. Glândulas salivares parótidas.
As glândulas podem ser unicelulares, como a glândula caliciforme (que ocorre por exemplo, no epitélio da traqueia), ou
multicelulares, como a maioria das glândulas.

Em amarelo glândulas caliciformes do intestino.

Em verde a parte secretora de glândulas multicelulares exócrina e endócrina, respectivamente.

As glândulas multicelulares originam-se sempre dos epitélios de revestimento, por proliferação de suas células para o interior
do tecido conjuntivo subjacente e posterior diferenciação.

Três tipos de glândulas multicelulares


Glândulas exócrinas: apresentam a porção secretora associada a dutos que lançam suas secreções para fora do corpo (como
as glândulas sudoríparas, lacrimais, mamárias e sebáceas) ou para o interior de cavidades do corpo (como as glândulas
salivares);

Glândulas endócrinas: não apresentam dutos associados à porção secretora. As secreções são denominadas hormônios e
lançadas diretamente nos vasos sanguíneos e linfáticos. Exemplos, hipófise, glândulas da tireoide, glândulas paratireódeas e
glândulas adrenais;
Glândulas mistas: apresentam regiões endócrinas e exócrinas ao mesmo tempo. É o caso do pâncreas, cuja porção exócrina
secreta enzimas digestivas que são lançadas no duodeno, enquanto a porção endócrina é responsável pela secreção dos
hormônios insulina e glucagon. Esses hormônios atuam, respectivamente, na redução e no aumento dos níveis de glicose no
sangue.

Tecido conjuntivo
Os tecidos conjuntivos têm origem mesodérmica.

Caracterizam-se morfologicamente por apresentarem diversos tipos de células imersas em grande quantidade de material
extracelular, substância amorfa ou matriz, que é sintetizado pelas próprias células do tecido.

A matriz é uma massa amorfa, de aspecto gelatinoso e transparente. É constituída principalmente por água e glicoproteínas e
uma parte fibrosa, de natureza protéica, as fibras do conjuntivo.

As células conjuntivas são de diversos tipos. As principais são apresentadas a seguir.

Fibroblasto
Célula metabolicamente ativa, contendo longos e finos prolongamentos citoplasmáticos. Sintetiza o colágeno e as substãncias
da matriz (substância intercelular).

Macrófago
Célula ovoide, podendo conter longos prolongamentos citoplasmáticos e inúmeros lisossomos. Responsável pela fagocitose e
pinocitose de pertículas estranhas ou não ao organismo. Remove restos celulares e promove o primeiro combate aos
microrganismos invasores do nosso organismo. Ativo no processo de involução fisiológica de alguns órgãos ou estrutura. É o
caso do útero que, após o parto, sofre uma redução de volume.

Mastócito
Célula globosa, grande, sem prolongamentos e repleta de grânulos que dificultam, pela sua quantidade, a visualização do
núcleo. Os grânulos são constituídos de heparina (substãncia anticoagulante) e histamina (substãncia envolvida nos
processos de alergia). Esta última substãncia é liberada em ocasiões de penetração de certos antígenos no organismo e seu
contato com os mastócitos, desencadeando a consequênte reação alérgica.

Plasmócito
Célula ovoide, rica em retículo endoplasmático rugoso (ou granular). Pouco numeroso no conjunto normal, mas abundante em
locais sujeitos à penetração de bactérias, como intestino, pele e locais em que existem infecções crônicas. Produtor de todos
os anticorpos no combate a microorganismos. É originado no tecido conjuntivo a partir da diferenciação de células conhecidas
como linfócitos B.

Os diferentes tipos de tecido conjuntivo estão amplamente distribuídos pelo corpo, podendo desempenhar funções de
preenchimento de espaços entre órgãos, função de sustentação, função de defesa e função de nutrição.

A classificação desses tecidos baseia-se na composição de suas células e na proporção relativa entre os elementos da matriz
extracelular. Os principais tipos de tecidos conjuntivos são: frouxo, denso, adiposo, reticular ou hematopoiético, cartilaginoso e
ósseo.

Tecido conjuntivo denso


No tecido conjuntivo denso há predomínio de fibroblastos e fibras colágenas.

Dependendo do modo de organização dessas fibras, esse tecido pode ser classificado de diferentes formas, como veremos a
seguir.

Classificações:
não modelado: formado por fibras colágenas entrelaçadas, dispostas em feixes que não apresentam orientação fixa, o que
confere resistência e elasticidade. Esse tecido forma as cápsulas envoltórias de diversos órgãos internos, e forma também um
a derme, tecido conjuntivo da pele;

modelado: formado por fibras colágenas dispostas em feixes com orientação fixa, dando ao tecido características de maior
resistência à tensão do que a dos tecidos não-modelados e frouxo; ocorre nos tendões, que ligam os músculos aos ossos, e
nos ligamentos, que ligam os ossos entre si.

Tecido conjuntivo adiposo


Nesse tecido a substância intracelular é reduzida, e as células, ricas em lipídios, são denominadas células adiposas.

Ocorre principalmente sob a pele, exercendo funções de reserva de energia, proteção contra choques mecânicos e isolamento
térmico. Ocorre também ao redor de alguns órgãos como os rins e o coração.

As células adiposas possuem um grande vacúolo central de gordura, que aumenta ou diminui, dependendo do metabolismo:
se uma pessoa come pouco ou gasta muita energia, a gordura das células adiposas diminui; caso contrário, ela se acumula. O
tecido adiposo atua como reserva de energia para momentos de necessidade.

Tecido conjuntivo cartilaginoso


O tecido cartilaginoso, ou simplesmente cartilagem, apresentam consistência firme, mas não é rígido como o tecido ósseo.

Tem função de sustentação, reveste superfícies articulares facilitando os movimentos e é fundamental para o crescimento dos
ossos longos.

Nas cartilagens não há nervos nem vasos sanguíneos. A nutrição das células desse tecido é realizada por meio dos vasos
sanguíneos do tecido conjuntivo adjacente.

A cartilagem é encontrada no nariz, nos anéis da traqueia e dos brônquios, na orelha externa (pavilhão auditivo), na epiglote e
em algumas partes da laringe. Além disso, existem discos cartilaginosos entre as vértebras, que amortecem o impacto dos
movimentos sobre a coluna vertebral. No feto, o tecido cartilaginoso é muito abundante, pois o esqueleto é inicialmente
formado por esse tecido, que depois é em grande parte substituído pelo tecido ósseo.

O tecido cartilaginoso forma o esqueleto de alguns animais vertebrados, como os cações, tubarões e raias, que são, por isso,
chamados de peixes cartilaginosos.

Há dois tipos de células nas cartilagens: os condroblastos (do grego chondros, cartilagem, e blastos, “célula jovem”), que
produzem as fibras colágenas e a matriz, com consistência de borracha. Após a formação da cartilagem, a atividade dos
condroblastos diminui e eles sofrem uma pequena retração de volume, quando passam a ser chamados de condrócitos (do
grego chondros, cartilagem, e kytos, célula). Cada condrócito fica encerrado no interior de uma lacuna ligeiramente maior do
que ele, moldada durante a deposição da matriz intercelular.

As fibras presentes nesse tecido são as colágenas e as reticulares.

Legenda:

Condroblasto
Condrócito
Grupo Isógeno
Matriz Cartilaginosa

Tecido conjuntivo sanguíneo


O sangue (originado pelo tecido hemocitopoiético) é um tecido altamente especializado, formado por alguns tipos de células,
que compõem a parte figurada, dispersas num meio líquido – o plasma -, que corresponde à parte amorfa. Os constituintes
celulares são: glóbulos vermelhos (também denominados hemácias ou eritrócitos); glóbulos brancos (também chamados de
leucócitos).

O plasma é composto principalmente de água com diversas substâncias dissolvidas, que são transportadas através dos vasos
do corpo.
Todas as células do sangue são originadas na medula óssea vermelha a partir das células indiferenciadas pluripotentes
(células-tronco). Como consequência do processo de diferenciação celular, as células-filhas indiferenciadas assumem formas
e funções especializadas.

Plaquetas
Plaquetas são restos celulares originados da fragmentação de células gigantes da medula óssea, conhecidas como
megacariócitos. Possuem substâncias ativas no processo de coagulação sanguínea, sendo, por isso, também conhecidas
como trombócitos (do grego, thrombos = coágulo), que impedem a ocorrência de hemorragias.

Glóbulos vermelhos
Glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos (do grego, eruthrós = vermelho, e kútos = célula) são anucleados, possuem
aspecto de disco bicôncavo e diâmetro de cerca de 7,2 m m. São ricos em hemoglobina, a proteína responsável pelo
transporte de oxigênio, a importante função desempenhada pelas hemácias.

Glóbulos brancos
Glóbulos brancos, também chamados de leucócitos (do grego, leukós = branco), são células sanguíneas envolvidas com a
defesa do organismo.

Essa atividade pode ser exercida por fagocitose ou por meio da produção de proteínas de defesa, os anticorpos.

Costuma-se classificar os glóbulos brancos de acordo com a presença ou ausência, em seu citoplasma, de grânulos
específicos e agranulócitos, os que não contêm granulações específicas, comuns a qualquer célula.

Glóbulos Brancos
Características
Função
G
R
A
N
U
L
Ó
C
I
T
O
S
Célula com diâmetro entre 10 e 14 mm; nucleo pouco volumoso, contendo 2 a 5 lóbulos, ligados por pontes cromatínicas.
Cerca de 55% a 65% dos glóbulos brancos.
Atuam ativamente na fagocitose de microorganismos invasores, a partir da emissão de pseudópodes. Constituem e primeira
linha de defesa do sangue.

Célula com diâmetro entre 10 e 14 mm, núcleo contendo dois lóbulos. Cerca de 2% a 3% do total de leucócitos.

Células fagocitárias. Atuação em doênças alérgicas. Abundantes na defesa contra diversos parasitas.
A
G
R
A
N
U
L
Ó
C
I
T
O
S
Célula com diâmetro que varia entre 10 e 14 mm. Núcleo volumoso com forma de S. Cerca de 0,5 % do total dos glóbulos
brancos.
Acredita-se que atuem em processos alérgicos, a exemplo dos mastócitos.

Célula com diâmetro que varia entre 8 a 10 mm. Dois tipos básicos: B e T. Núcleo esférico. Cerca de 25% a 35% do total de
leucócitos.
Responsáveis pela defesa imunitária do organismo. Linfócitos B diferenciam-se em plasmócitos, as células produtoras de
anticorpos.

Linfócitos T amadurecem no timo, uma glândula localizada no tórax.

Célula com diâmetro entre 15 e 20 mm. Núcleo em forma de ferradura. Cerca de 10 % do total dos glóbulos brancos.
Acredita-se que atravessem as paredes dos capilares sanguíneos e, nos tecidos, diferenciam-se em macrófagos ou
osteoclastos, células especializadas em fagocitose.

Tipos de células do osso


As células ósseas ficam localizadas em pequenas cavidades existentes nas camadas concêntricas de matriz mineralizada.

Quando jovens, elas são chamadas osteoblastos (do grego osteon, osso, e blastos, “célula jovem”) e apresentam longas
projeções citoplasmáticas, que tocam os osteoblastos vizinhos. Ao secretarem a matriz intercelular ao seu redor, os
osteoblastos ficam presos dentro de pequenas câmeras, das quais partem canais que contêm as projeções citoplasmáticas.

Quando a célula óssea se torna madura, transforma-se em osteócito (do grego osteon, osso, e kyton, célula), e seus
prolongamentos citoplasmáticos se retraem, de forma que ela passa a ocupar apenas a lacuna central. Os canalículos onde
ficavam os prolongamentos servem de comunicação entre uma lacuna e outra, e é através deles que as substâncias nutritivas
e o gás oxigênio provenientes do sangue até as células ósseas.

Além dos osteoblastos e dos osteócitos, existem outras células importantes no tecido ósseo: os osteoclástos (do grego
klastos, quebrar, destruir). Essas células são especialmente ativas na destruição de áreas lesadas ou envelhecidas do osso,
abrindo caminho para a regeneração do tecido pelos osteoblastos. Os cientistas acreditam que os ossos estejam em contínua
remodelação, pela atividade conjunta de destruição e reconstrução empreendidas, respectivamente, pelos osteoclastos e
osteoblastos. Você encontrará mais informações sobre os osteoclastos no texto sobre remodelação óssea.

A formação do tecido ósseo


A ossificação - formação de tecido ósseo - pode se dar por dois processos: ossificação intramenbranosa e ossificação
endocondral.

No primeiro caso, o tecido ósseo surge aos poucos em uma membrana de natureza conjuntiva, não cartilaginosa.

Na ossificação endocondral, uma peça de cartilagem, com formato de osso, serve de molde para a confecção de tecido ósseo.
Nesse caso, a cartilagem é gradualmente destruída e substituída por tecido ósseo.

Crescimento nos ossos longos


A ossificação endocondral ocorre na formação de ossos longos, como os das pernas e os dos braços.

Nesses ossos, duas regiões principais sofrerão a ossificação: o cilindro longo, conhecido como diáfise e as extremidades
dilatadas, que correspondem as epífises.

Entre a epífise de cada extremidade e a diáfise é mantida uma região de cartilagem, conhecida como cartilagem de
crescimento, que possibilitará a ocorrência constante de ossificação endocondral, levando à formação de mais osso. Nesse
processo, os osteoclastos desempenham papel importante. Eles efetuam constantemente a reabsorção de tecido ósseo,
enquanto novo tecido ósseo é formado.

Os osteoclastos atuam como verdadeiros demolidores de osso, enquanto os osteoblastos exercem papel de construtores de
mais osso. Nesse sentido, o processo de crescimento de um osso depende da ação conjunta de reabsorção de osso
preexistente e da deposição de novo tecido ósseo. Considerando, por exemplo, o aumento de diâmentro de um osso longo, é
preciso efetuar a reabsorção de camada interna da parede óssea, enquanto na parede externa deve ocorrer deposição de
mais osso.

O crescimento ocorre até que se atinja determinada idade, a partir da qual a cartilagem de crescimento também sofre
ossificação e o crescimento do osso em comprimento cessa.Remodelação óssea
Depois que o osso atinge seu tamanho e forma adultos, o tecido ósseo antigo é constantemente destruído e um novo tecido é
formado em seu lugar, em um processo conhecido como remodelação.
A remodelação ocorre em diferentes velocidades nas várias partes do corpo. Por exemplo, a porção distal do fêmur é
substituída a cada 4 meses; já os ossos da mão são completamente substituídos durante a vida inteira do indivíduo. A
remodelação permite que os tecidos já gastos ou que tenham sofrido lesões sejam trocados por tecidos novos e sadios. Ela
também permite que o osso sirva como reserva de cálcio para o corpo.

Em um adulto saudável, uma delicada homeostase (equilíbrio) é mantida entre a ação dos osteoclastos (reabsorção) durante a
remoção de cálcio e a dos osteoblastos (aposição) durante a deposição de cálcio. Se muito cálcio for depositado, podem se
formar calos ósseos ou esporas, causando interferências nos movimentos. Se muito cálcio for retirado, há o enfraquecimento
dos ossos, tornando-os flexíveis e sujeitos a fraturas.

O crescimento e a remodelação normais dependem de vários fatores


suficientes quantidades de cálcio e fósforo devem estar presentes na dieta alimentar do indivíduo;
deve-se obter suficiente quantidade de vitaminas, principalmente vitamina D, que participa na absorção do cálcio ingerido;
o corpo precisa produzir os hormônios responsáveis pela atividade do tecido ósseo:
- Hormônio de crescimento (somatotrofina): secretado pela hipófise, é responsável pelo crescimento dos ossos;

- Calcitonina: produzida pela tireoide, inibe a atividade osteoclástica e acelera a absorção de cálcio pelos ossos;

- Paratormônio: sintetizado pelas paratireoides, aumenta a atividade e o número de osteoclastos, elevando a taxa de cálcio na
corrente sanguínea;

- Hormônios sexuais: também estão envolvidos nesse processo, ajudando na atividade osteoblástica e promovendo o
crescimento de novo tecido ósseo.

Com o envelhecimento, o sistema esquelético sofre a perda de cálcio. Ela começa geralmente aos 40 anos nas mulheres e
continua até que 30% do cálcio nos ossos seja perdido, por volta dos 70 anos. Nos homens, a perda não ocorre antes dos 60
anos. Essa condição é conhecida como osteoporose.

Outro efeito do envelhecimento é a redução da síntese de proteínas, o que diminui a produção da parte orgânica da matriz
óssea. Como consequência, há um acúmulo de parte inorgânica da matriz. Em alguns indivíduos idosos, esse processo causa
uma fragilização dos ossos, que se tornam mais susceptíveis a fraturas.

O uso de aparelhos ortodônticos é um exemplo de remodelação dos ossos, neste caso, resultando na remodelação da arcada
dentária.

Os aparelhos exercem forças diferentes daquelas a que os dentes estão naturalmente submetidos. Nos pontos em que há
pressão ocorre reabsorção óssea, enquanto no lado oposta há deposição de matriz. Assim, os dentes movem-se pelos ossos
da arcada dentária e passam a ocupar a posição desejada.

Tecidos musculares
Os tecidos musculares são de origem mesodérmica e relacionam-se com a locomoção e outros movimentos do corpo, como a
contração dos órgãos do tubo digestório, do coração e das artérias.

As células dos tecidos musculares são alongadas e recebem o nome de fibras musculares ou miócitos. Em seu citoplasma,
são ricas em dois tipos de filamento protéico: os de actina e os de miosina, responsáveis pela grande capacidade de contração
e distensão dessas células.

Quando um músculo é estimulado a se contrair, os filamentos de actina deslizam entre os filamentos de miosina. A célula
diminui em tamanho, caracterizando a contração.

Tipos de tecido muscular


Há três tipos de tecido muscular: estriado esquelético, estriado cardíaco e liso. Cada um deles tem características próprias,
adequadas ao papel que desempenham no organismo.

Tecido muscular estriado esquelético


O tecido muscular estriado esquelético constitui a maior parte da musculatura do corpo dos vertebrados, formando o que se
chama popularmente de carne.

Essa musculatura recobre totalmente o esqueleto e está presa aos ossos, daí ser chamada de esquelética. Esse tipo de tecido
apresenta contração voluntária (que depende da vontade do indivíduo).

Um músculo esquelético é um pacote de longas fibras. Cada uma delas é uma célula dotada de muitos núcleos, chamado
miócitos multinucleados. Um fibra muscular pode medir vários centímetros de comprimento, por 50 mm de espessura.
A célula muscular estriada apresenta, no seu citoplasma, pacotes de finíssimas fibras contráteis, as miofibrilas, dispostas
longitudinalmente. Cada miofibrila corresponde a um conjunto de dois tipos principais de proteínas: as miosina, espessas, e as
actinas, finas. Esses proteínas estão organizados de tal modo que originam bandas transversais, claras e escuras,
características das células musculares estriadas, tanto as esqueléticas como as cardíacas.

Os filamentos de miosina formam bandas escuras, chamadas anisotrópicas (banda A), e os de actina, bandas claras,
chamadas isotrópicas (banda I).

No centro de cada banda I aparece uma linha mais escura, chamada linha Z. O intervalo entre duas linhas Z consecutivas
constitui um miômetro ou sarcômero e correspondem à unidade contrátil da célula muscular.

No centro de cada banda A existe uma faixa mais clara, chamada banda H, bem visível nas células musculares relaxadas e
que vai desaparecendo à medida que a contração muscular ocorre.

Na contração muscular, os miofilamentos não diminuem de tamanho, mas os sarcômeros ficam mais curtos e toda a célula
muscular se contrai.

O encurtamento dos sarcômeros ocorre em função do deslizamento dos miofilamentos finos sobre os grosso, havendo maior
sobreposição entre eles: a banda I diminui de tamanho, pois os filamentos de actina deslizam sobre os de miosina, penetram
na banda A e reduzem a largura da banda H.

A membrana plasmática da célula muscular estriada esquelética costuma ser chamada sarcolema (do grego, sarcos, carne).

Tecido muscular liso ou não-estriado


As células musculares lisas não apresentam estriação transversal, característica das células musculares esqueléticas e
cardíacas.

A razão disso é que os filamentos de actina e miosina não se encontram alinhados ao longo do comprimento da célula.
Acredita-se que eles estejam arranjados em espiral dentro da fibra muscular lisa.

Os miócitos se apresentam uninucleados e fusiformes, isto é, alongadas e coam as extremidades afiladas. Nessas células a
contração é involuntária e lenta. Você pode decidir quando lavar as suas mãos, mas não controla conscientemente os
movimentos de seu estômago ou a contração de seu coração. Ocorre nas artérias, sendo responsável por sua contração;
ocorre também no esôfago, no estômago e nos intestinos, sendo responsável pelo peristaltismo (ou peristalse) nesses órgãos.
Os movimentos peristálticos são contrações em ondas que deslocam o material alimentar dentro desses órgãos do sistema
digestório.

Tecido nervoso
Os seres vivos reagem aos estímulos ambientais. Mudanças nas condições do ambiente, tais como sons, choques, calor e
frio, são percebidas pelo organismo, que reage adotando uma postura correspondente ao estímulo.

Embora sejam os músculos que respondem aos estímulos, é o tecido nervoso o responsável por sua recepção e escolha da
resposta adequada.

O tecido nervoso tem origem ectodérmica, nele a substância intercelular praticamente não existe. Os principais componentes
celulares são os neurônios e as células da glia.

As células da glia ou neuroglia são vários tipos celulares relacionados com a sustentação e a nutrição dos neurônios, com a
produção de mielina e com a fagocitose.

Os neurônios, ou células nervosas, têm a propriedade de receber e transmitir estímulos nervosos, permitindo ao organismo
responder a alteração do meio. Os neurônios são alongados, podendo atingir, em alguns casos, cerca de 1 metro de
comprimento, como nos neurônios que se estendem desde nossas costas até o pé. São células formadas por um corpo celular
ou pericário, de onde partem dois tipos de prolongamento: dendritos e axônio.

Os dendritos são prolongamentos ramificados da célula especializados em receber estímulos, que também podem ser
recebidos pelo corpo celular. O impulso nervoso é sempre transmitido no sentido dendrito – corpo – axônio.
O axônio é uma expansão celular fina, alongada e de diâmetro constante, com ramificações em sua porção final, de modo que
o impulso pode ser transmitido simultaneamente a vários destinos. É uma estrutura especializada na transmissão de impulsos
nervosos para outros neurônios ou para outros tipos celulares, como as células de órgãos efetores (musculares e glandulares).

Outras células do tecido nervoso


Células de Schwann
Certos tipos de neurônios são envolvidos por células especiais, as células de Schwann.

Essas células se enrolam dezenas de vezes em torno do axônio e formam uma capa membranosa, chamada bainha de
mielina.

A bainha de mielina atua como um isolamento elétrico e aumenta a velocidade de propagação do impulso nervoso ao longo do
axônio.

Na doença degenerativa conhecida como esclerose múltipla, por exemplo, ocorre um deterioração gradual da bainha de
mielina, resultando na perda progressiva da coordenação nervosa.

Células da glia
O tecido nervoso apresenta outras células auxiliares que dão suporte ao funcionamento do sistema nervoso: são as células da
glia ou gliais. Elas diferem em forma e função, cada uma desempenha um papel diferente na estrutura e no funcionamento do
tecido nervoso.

Os astrócitos dão suporte mecânico e fornecem alimento à complexa e delicada rede de circuitos nervosos. Os
oligodendrócitos desempenham função equivalente à das células de Schwann, formando bainhas protetoras sobre os
neurônios que ficam no encéfalo e na medula espinhal. As micróglias são um tipo especializado de macrófago cuja função é
fagocitar detritos e restos celulares presentes no tecido nervoso.

Transmissão do impulso nervoso


Em um neurônio, os estímulos se propagam sempre no mesmo sentido: são recebidos pelos dendritos, seguem pelo corpo
celular, percorrem o axônio e, da extremidade deste, são passados à célula seguinte (dendrito – corpo celular – axônio).

O impulso nervoso que se propaga através do neurônio é de origem elétrica e resulta de alterações nas cargas elétricas das
superfícies externa e interna da membrana celular.

A membrana de um neurônio em repouso apresenta-se com carga elétrica positiva do lado externo (voltado para fora da
célula) e negativa do lado interno (em contato com o citoplasma da célula). Quando essa membrana se encontra em tal
situação, diz-se que está polarizada. Essa diferença de cargas elétricas é mantida pela bomba de sódio e potássio. Assim
separadas, as cargas elétricas estabelecem uma energia elétrica potencial através da membrana: o potencial de membrana ou
potencial de repouso (diferença entre as cargas elétricas através da membrana).

Quando um estímulo químico, mecânico ou elétrico chega ao neurônio, pode ocorrera alteração da permeabilidade da
membrana, permitindo grande entrada de sódio na célula e pequena saída de potássio dela. Com isso, ocorre uma inversão
das cargas ao redor dessa membrana, que fica despolarizada gerando um potencial de ação. Essa despolarização propaga-se
pelo neurônio caracterizando o impulso nervoso.

Imediatamente após a passagem do impulso, a membrana sofre repolarização, recuperando seu estado de repouso, e a
transmissão do impulso cessa.

O estímulo que gera o impulso nervoso deve ser forte o suficiente, acima de determinado valor crítico, que varia entre os
diferentes tipos de neurônios, para induzir a despolarização que transforma o potencial de repouso em potencial de ação. Esse
é o estímulo limiar. Abaixo desse valor o estímulo só provoca alterações locais na membrana, que logo cessam e não
desencadeiam o impulso nervoso.

Qualquer estímulo acima do limiar gera o mesmo potencial de ação que é transmitido ao longo do neurônio. Assim, não existe
variação de intensidade de um impulso nervoso em função do aumento do estímulo; o neurônio obedece à regra do “tudo ou
nada”.
Dessa forma, a intensidade das sensações vai depender do número de neurônios despolarizados e da frequência de impulsos.
Imagine uma queimadura no dedo. Quanto maior a área queimada, maior a dor, pois mais receptores serão estimulados e
mais neurônios serão despolarizados.

A transmissão do impulso nervoso de um neurônio a outro ou às células de órgãos efetores é realizada por meio de uma
região de ligação especializada denominada sinapse.

O tipo mais comum de sinapse é a química, em que as membranas de duas células ficam separadas por um espaço chamado
fenda sináptica.

Na porção terminal do axônio, o impulso nervoso proporciona a liberação das vesículas que contêm mediadores químicos,
denominados neuro-transmissores. Os mais comuns são acetilcolina e adrenalina.

Esses neurotransmissores caem na fenda sináptica e dão origem ao impulsos nervosos na célula seguinte. Logo a seguir, os
neurotransmissores que estão na fenda sináptica são degradados por enzimas específicas, cessando seus efeitos.

No sistema nervoso, verifica-se que os neurônios dispõem-se diferenciadamente de modo a dar origem a duas regiões com
coloração distinta entre si e que podem ser notadas macroscopicamente: a substância cinzenta, onde estão os corpos
celulares, e a substância branca, onde estão os axônios. No encéfalo (com exceção do bulbo) a substância cinzenta está
localizada externamente em relação a substância branca, e na medula espinha e no bulbo ocorre o inverso.

Os nervos são conjuntos de fibras nervosas organizadas em feixes, unidos por tecidos conjuntivo denso.

Regeneração das fibras nervosas


Assim com as células musculares do coração, os neurônios não se dividem mais depois de diferenciados.

Desse modo, se forem destruídos, não são mais repostos. No entanto, os prolongamentos dos neurônios podem, dentro de
certos limites, sofrer regeneração, desde que o corpo celular não tenha sido destruído.

Quando um axônio é cortado acidentalmente, o que ocorre no caso de ferimentos na pele, a região que fica ligada ao corpo
celular é chamada coto proximal, e a que fica separada é chamada coto distal. Este último degenera e é fagocitado pelos
macrófagos, que limpam a região lesada. Já o coto próxima cresce e se ramifica. Ao mesmo tempo, células que formam a
bainha de mielina do coto distal modificam-se e proliferam, originando colunas celulares que servirão de guia para os ramos
que estão crescendo a partir do coto proximal. Quando um desses ramos penetra nessa coluna de células, ele regenera
completamente o axônio.

Quando o espaço entre o coto proximal e o distal é muito grande ou quando ocorre uma amputação, os ramos do coto
proximal crescem desordenadamente, entrelaçam-se e formam uma estrutura muito sensível à dor, chamada neuroma de
amputação.

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