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LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2023) – “O Castelo de Vale de Trigo (Alcácer do Sal): dados das intervenções arqueológicas” in ARNAUD, José Morais; NEVES, César; MARTINS, Andrea (coord.) - Arqueologia em Portugal: 2023- Estado da Questão.... more
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2023) – “O Castelo de Vale de Trigo (Alcácer do Sal): dados das intervenções arqueológicas” in ARNAUD, José Morais; NEVES, César; MARTINS, Andrea (coord.) - Arqueologia em Portugal: 2023- Estado da Questão. Lisboa: Associação dos Arqueólogos Portugueses/ CEAACP, CEIS20 e IA-FLUC, pp. 1047-1060. ISBN: 978-972-9451-98-0
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2023) - “A Aldeia/Alcaria de São Martinho da Bemposta (Casebres, Alcácer do Sal)” in Al-Madan, II Série, nº 26, tomo 2. Adenda electrónica. Almada. Centro de Arqueologia de Almada. pp. 51-57.  ISSN: 2182-7265.
Através da análise das torres e panos de muralha da fortificação, pôde-se constatar, com base nos paramentos construtivos, formas e paralelos com outras fortificações do al-Andalus, assim como pela consulta da documentação histórica e... more
Através da análise das torres e panos de muralha da fortificação, pôde-se constatar, com base nos paramentos construtivos, formas e paralelos com outras fortificações do al-Andalus, assim como pela consulta da documentação histórica e fontes iconográficas, que Alcácer do Sal possuía no século IX, um palácio fortificado quadrangular com quatro torres maciças nos seus ângulos de formato rectangular, assemelhando-se às fortificações omíadas orientais presentes na zona da Síria e da Jordânia com influências bizantinas e sassânidas. Aquela teria sido erguida, a partir da segunda metade do século IX, quando a família dos Banu Danis se instalou naquele local (Enderlein, 2004, pp. 73-78). Os paramentos construtivos da fortificação primitiva, tal como uma porta de arco ultrapassado identificada no segundo piso, caracterizam-se pela utilização de elementos arquitectónicos do Período Romano, sendo ainda visível, em alguns aparelhos, a utilização de soga e tissão denunciado a sua edificação no Período Emiral, tal como podemos observar nas muralhas de Mérida (Torres Balbás, 1985, p. 569). Datam, igualmente desta altura, a construção do poço (pertencente a um espaço de cozinha) e compartimento localizado no interior da fortificação. Durante o século X, encontrando-se Alcácer do Sal sob o domínio de Córdova, a cidade cresceu economicamente, devido não só à via que a ligava a Évora e Badajoz, como também, devido à sua relação com Córdova e, sobretudo, pela sua condição de cidade marítima, com bastantes recursos naturais, designadamente boa madeira, justificando desta forma a instalação de um estaleiro de construção naval por parte do poder Califal. A importância do crescimento do porto, devido à instalação daquela infra-estrutura, levou à edificação de um arrabalde portuário que estaria ligado às actividades que achar-se-iam ai fixadas, nomeadamente à pesca, à construção naval, às indústrias e às trocas comerciais. No que respeita ao palácio fortificado, terá sido adaptado a alcáçova, construindo-se novas torres quadrangulares, com paramentos construtivos diferentes das torres e panos de muralha do Período Emiral, assim como as duas portas, uma que daria acesso à medina e outra que daria acesso ao exterior, onde se encontraria a necrópole. Também se construíram nesta altura, as primeiras muralhas que iriam circundar o núcleo urbano. Os testemunhos materiais mostram-nos os quotidianos destas populações e dão-nos alguns elementos relacionados com os circuitos comerciais e riqueza dos habitantes. Peças rica-mente decoradas com a técnica verde e manganês, corda seca parcial terão sido importadas de outras cidades do al-Andalus, todavia outras peças de cerâmica comum terão sido produzidas localmente.
O presente artigo mostra o estado actual da investigação sobre a organização do território, em Período Medieval Muçulmano, no espaço geográfico que abrange grande parte da Península Ibérica. Pretende-se, deste modo, dar a conhecer as... more
O presente artigo mostra o estado actual da investigação sobre a organização do território, em Período Medieval Muçulmano, no espaço geográfico que abrange grande parte da Península Ibérica. Pretende-se, deste modo, dar a conhecer as várias abordagens existentes dentro daquela temática, onde se insere as fortificações, os assentamentos rurais e os meios de produção, e fazer uma breve reflecção acerca das varias questões que permanecem pendentes.This article shows the current state of the research on the organization of the territory, in the Muslim Medieval Period, in the geographical space that covers much of the Iberian Peninsula. In this way, the aim is to present the various approaches that exist within this theme, including fortifications, rural settlements and the means of production, and to reflect briefly on the various issues that remain open
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2019) – “La cerámica islámica de Alcácer do Sal. Del emirato al reino aftasí de Badajoz”. In MALPICA CUELLO, Antonio (dir.); SARR, Bilal (coord.) – La Granada zirí y el universo beréber. Granada, Patronato De... more
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2019) – “La cerámica islámica de Alcácer do Sal. Del emirato al reino aftasí de Badajoz”. In MALPICA CUELLO, Antonio (dir.); SARR, Bilal (coord.) – La Granada zirí y el universo beréber. Granada, Patronato De La Alhambra y Generalife, pp. 162-173. ISBN: 978-84-17518-10-3.
O objectivo deste trabalho e fazer uma analise da fortificacao da cidade de al-Qasr, tracando a sua evolucao, entre os seculos IX e XIII e, ao mesmo tempo, fazer uma aproximacao ao conhecimento do espaco urbano. A cronologia escolhida tem... more
O objectivo deste trabalho e fazer uma analise da fortificacao da cidade de al-Qasr, tracando a sua evolucao, entre os seculos IX e XIII e, ao mesmo tempo, fazer uma aproximacao ao conhecimento do espaco urbano. A cronologia escolhida tem a ver com o facto de ter sido durante o seculo IX que se instalou em Alcacer a familia berbere dos Banu Danis, dando-se um impulso ao crescimento urbanistico, e, posteriormente, no seculo XIII, a cidade foi reconquistada definitivamente pelos cristaos.
ResumoO presente artigo mostra o estado actual da investigação sobre a organização do território, em Período Medieval Muçulmano, no espaço geográfico que abrange grande parte da Península Ibérica. Pretende-se, deste modo, dar a conhecer... more
ResumoO presente artigo mostra o estado actual da investigação sobre a organização do território, em Período Medieval Muçulmano, no espaço geográfico que abrange grande parte da Península Ibérica. Pretende-se, deste modo, dar a conhecer as várias abordagens existentes dentro daquela temática, onde se insere as fortificações, os assentamentos rurais e os meios de produção, e fazer uma breve reflecção acerca das várias questões que permanecem pendentes. This article shows the current state of the research on the organization of the territory, in the Muslim Medieval Period, in the geographical space that covers much of the Iberian Peninsula. In this way, the aim is to present the various approaches that exist within this theme, including fortifications, rural settlements and the means of production, and to reflect briefly on the various issues that remain open.
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2022) – “A cidade de Alcácer do Sal durante o emirato e o califado de Córdova” in digitAR – Revista Digital de Arqueologia, Arquitectura e Artes, nº 8. Coimbra: Impactum-Journals/CEAACP - Centro de Estudos em... more
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2022) – “A cidade de Alcácer do Sal durante o emirato e o califado de Córdova” in digitAR – Revista Digital de Arqueologia, Arquitectura e Artes, nº 8. Coimbra: Impactum-Journals/CEAACP - Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património, pp. 242-253. DOI: 10.14195/2182-844X_8.
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2020) – “O Sistema Defensivo Islâmico do Território de Alcácer do Sal - Abordagem Preliminar”. In LOPES, Virgílio; PALMA, Maria de Fátima (eds.) – O Território e a Gestão dos Recursos entre a Antiguidade... more
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2020) – “O Sistema Defensivo Islâmico do Território de Alcácer do Sal - Abordagem Preliminar”. In LOPES, Virgílio; PALMA, Maria de Fátima (eds.) – O Território e a Gestão dos Recursos entre a Antiguidade Tardia e o Período Islâmico. Granada: Alhulia, Nakla Colección de Arqueología y Patrimonio, pp. 437-459. ISBN: 978-84-122275-1-2.
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2019) – “La cerámica islámica de Alcácer do Sal. Del emirato al reino aftasí de Badajoz”. In MALPICA CUELLO, Antonio (dir.); SARR, Bilal (coord.) – La Granada zirí y el universo beréber. Granada, Patronato De... more
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2019) – “La cerámica islámica de Alcácer do Sal. Del emirato al reino aftasí de Badajoz”. In MALPICA CUELLO, Antonio (dir.); SARR, Bilal (coord.) – La Granada zirí y el universo beréber. Granada, Patronato De La Alhambra y Generalife, pp. 162-173. ISBN: 978-84-17518-10-3.
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2020) – “O armazenamento e a gestão dos recursos nas cidades do Gharb al-Andalus - o exemplo de Alcácer do Sal”. In ANDRADE, Amélia Aguiar; SILVA, Gonçalo Melo da (eds.) – Abastecer a Cidade na Europa... more
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2020) – “O armazenamento e a gestão dos recursos nas cidades do Gharb al-Andalus - o exemplo de Alcácer do Sal”. In ANDRADE, Amélia Aguiar; SILVA, Gonçalo Melo da (eds.) – Abastecer a Cidade na Europa Medieval. Lisboa, IEM-Instituto de Estudos Medievais/Câmara Municipal de Castelo de Vide, pp. 449-464. ISBN: 978-989-54529-2-7 (IEM)/ 978-972-9040-17-7 (C.M. de Castelo de Vide).
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2020) – “A Comunidade Muçulmana de Alcácer do Sal durante a Idade Média” in Al-Madan, II Série, nº 23, tomo 1. Adenda electrónica. Almada. Centro de Arqueologia de Almada. pp. 150-156.  ISSN: 2182-7265.
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2018) – “O Povoamento Rural Islâmico no al-Andalus – Estado da investigação” in Anales de Arqueología Cordobesa, nº29. Diputación de Córdoba/UCOPress-Editorial Universidad de Córdoba, pp. 293-318. ISSN:... more
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2018) – “O Povoamento Rural Islâmico no al-Andalus – Estado da investigação” in Anales de Arqueología Cordobesa, nº29. Diputación de Córdoba/UCOPress-Editorial Universidad de Córdoba, pp. 293-318. ISSN: 1130-9741.
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2018) – “O Castelo de Alcácer do Sal. Da fortificação islâmica às transformações ocorridas durante o domínio cristão”. In ANDRADE, Amélia Aguiar; TENTE, Catarina; SILVA, Gonçalo Melo da; PRATA, Sara (eds.) –... more
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2018) – “O Castelo de Alcácer do Sal. Da fortificação islâmica às transformações ocorridas durante o domínio cristão”. In ANDRADE, Amélia Aguiar; TENTE, Catarina; SILVA, Gonçalo Melo da; PRATA, Sara (eds.) – Espaços e Poderes na Europa Urbana Medieval. Lisboa, IEM-Instituto de Estudos Medievais/Câmara Municipal de Castelo de Vide, pp. 617-640. ISBN: 978-989-99567-8-0 (IEM)/ 978-972-9040-15-3 (C.M. de Castelo de Vide).
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2018) – “As fortificações da barra do Sado nos séculos XVI e XVII” in anuário do património: boas práticas de conservação e reabilitação, nº. 3. GECoRPA - Grémio do Património e Editora Canto Redondo, pp.... more
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2018) – “As fortificações da barra do Sado nos séculos XVI e XVII” in anuário do património: boas práticas de conservação e reabilitação, nº. 3. GECoRPA - Grémio do Património e Editora Canto Redondo, pp. 46-51. ISSN: 2182-522X.
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2017) – “O povoamento rural islâmico na kura de Alcácer do Sal: breve análise da toponímia” in ARNAUD, José Morais; MARTINS, Andrea (coord.) - Arqueologia em Portugal: 2017- Estado da Questão. Lisboa,... more
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2017) – “O povoamento rural islâmico na kura de Alcácer do Sal: breve análise da toponímia” in ARNAUD, José Morais; MARTINS, Andrea (coord.) - Arqueologia em Portugal: 2017- Estado da Questão. Lisboa, Associação dos Arqueólogos Portugueses. pp. 1405-1416. ISBN: 978-972-9451-71-3.
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2017) – “O Uso da Taipa Militar nas Fortificações Muçulmanas do Actual Território Português”. Al-Madan, II Série, nº 21, tomo 2. Adenda electrónica. Almada. Centro de Arqueologia de Almada. pp. 113-119. ISSN... more
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2017) – “O Uso da Taipa Militar nas Fortificações Muçulmanas do Actual Território Português”. Al-Madan, II Série, nº 21, tomo 2. Adenda electrónica. Almada. Centro de Arqueologia de Almada. pp. 113-119. ISSN 2182-7265.
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2016) – “Alcácer do Sal durante o período muçulmano (IX-XIII)”. Debates de Arqueología Medieval, nº 6. Granada, pp. 209-234. I.S.S.N.: 2174-8934.
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2016) – “Estudo de espólio cerâmico proveniente do interior de uma habitação almóada da alcáçova de Alcácer do Sal”. Arqueología y Territorio Medieval, nº 23. Jaén, Universidad de Jaén, pp. 23-39. I.S.S.N.:... more
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2016) – “Estudo de espólio cerâmico proveniente do interior de uma habitação almóada da alcáçova de Alcácer do Sal”. Arqueología y Territorio Medieval, nº 23. Jaén, Universidad de Jaén, pp. 23-39. I.S.S.N.: 1134-3184. DOI: 10.17561/aytm.v23i0.3199
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2016) – “A Fortificação Abaluartada da Praça de Setúbal: a evolução construtiva vista a partir da iconografia”. Al-Madan, II Série, nº 21, tomo 1. Adenda electrónica. Almada. Centro de Arqueologia de Almada.... more
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2016) – “A Fortificação Abaluartada da Praça de Setúbal: a evolução construtiva vista a partir da iconografia”. Al-Madan, II Série, nº 21, tomo 1. Adenda electrónica. Almada. Centro de Arqueologia de Almada. pp. 144-158.  ISSN 2182-7265.
LEITÃO, Marta Isabel Caetano (2016) – “A Porta Muçulmana da Alcáçova de Alcácer do Sal”. Al-Madan, II Série, nº 20, tomo 2. Adenda electrónica. Almada. Centro de Arqueologia de Almada. pp. 80-85.  ISSN 2182-7265.
O presente trabalho pretende, através da análise da toponímia de origem árabe e berbere na cartografia, dar a conhecer os modelos de povoamento e de ordenamento territorial no espaço geográfico que corresponderia, em parte, ao território... more
O presente trabalho pretende, através da análise da toponímia de origem árabe e berbere na cartografia, dar a conhecer os modelos de povoamento e de ordenamento territorial no espaço geográfico que corresponderia, em parte, ao território da kura de Alcácer do Sal durante a ocupação muçulmana. Foram considerados, para efeitos desta investigação, para além do actual concelho de Alcácer do Sal, a região da Península de Setúbal, os concelhos de Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira e algumas regiões do distri-to de Évora, nomeadamente Alcáçovas, Cabrela e São Brás do Regedouro, freguesia hoje extinta e que integra actualmente a freguesia de Nossa Senhora da Tourega no concelho de Évora. Não são conhecidos, na totalidade, os limites que abrangiam o território da kura de Alcácer do Sal e nem as várias oscilações que o mesmo sofreu desde o século VIII ao XIII, contudo sabe-se através das fontes escritas, quer islâmicas, quer cristãs, que aquela pos-suía, no século X, um território muito vasto que ia desde a Península de Setúbal às Serras de Grândola e Cercal. Durante a ocupação das comunidades magrebinas aquela abrangia, pelo menos no plano militar, segundo o geógrafo al-Idrisi, parte do Alentejo e da Estremadura espanhola até Coria (Levi-Provençal e Garcia Gómez, 1950, p. 158; Coelho, 2008, p. 51). A toponímia de origem árabe na respectiva região estende-se pela terminologia relativa ao povoamento, sistemas defensivos, actividades de exploração económi-ca e extractivas, orografia dos terrenos, vegetação, caminhos, água e técnicas de irrigação, mas também por termos de carácter administrativo, religioso, bélico e clânico. Através da análise daquela, podemos constatar, que a organização do povoamento rural muçul-mano obedecia a uma determinada hierarquia, onde madina e hisn tinham um papel polarizador, estruturando-se as restantes unidades de povoamento ao seu redor e deles directamente dependentes, como as al-qarya, al-day´a e al-munya, mas também os vários campos de cultivo e de pastagem. Por outro lado, a distribuição do povoamento derivava de vários factores, entre eles, as condições naturais, onde adquiria bastante relevo a riqueza dos solos e, particularmente, a abundância dos cursos de água, como os rios e as ribeiras, que condicionavam, naturalmente, a distribuição dos distintos povoados no território. Os vários redutos defensivos situavam-se em zonas de cota elevada ou pequenos cerros aplanados e controlavam, essencialmente, os principais cursos de água navegáveis e as principais vias de comunicação que ligavam os vários núcleos urbanos entre si.
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Através da análise das torres e panos de muralha da fortificação, pôde-se constatar, com base nos paramentos construtivos, formas e paralelos com outras fortificações do al-Andalus, assim como pela consulta da documentação histórica e... more
Através da análise das torres e panos de muralha da fortificação, pôde-se constatar, com base nos paramentos construtivos, formas e paralelos com outras fortificações do al-Andalus, assim como pela consulta da documentação histórica e fontes iconográficas, que Alcácer do Sal possuía no século IX, um palácio fortificado quadrangular com quatro torres maciças nos seus ângulos de formato rectangular, assemelhando-se às fortificações omíadas orientais presentes na zona da Síria e da Jordânia com influências bizantinas e sassânidas. Aquela teria sido erguida, a partir da segunda metade do século IX, quando a família dos Banu Danis se instalou naquele local (Enderlein, 2004, pp. 73-78). Os paramentos construtivos da fortificação primitiva, tal como uma porta de arco ultrapassado identificada no segundo piso, caracterizam-se pela utilização de elementos arquitectónicos do Período Romano, sendo ainda visível, em alguns aparelhos, a utilização de soga e tissão denunciado a sua edificação no Período Emiral, tal como podemos observar nas muralhas de Mérida (Torres Balbás, 1985, p. 569). Datam, igualmente desta altura, a construção do poço (pertencente a um espaço de cozinha) e compartimento localizado no interior da fortificação. Durante o século X, encontrando-se Alcácer do Sal sob o domínio de Córdova, a cidade cresceu economicamente, devido não só à via que a ligava a Évora e Badajoz, como também, devido à sua relação com Córdova e, sobretudo, pela sua condição de cidade marítima, com bastantes recursos naturais, designadamente boa madeira, justificando desta forma a instalação de um estaleiro de construção naval por parte do poder Califal. A importância do crescimento do porto, devido à instalação daquela infra-estrutura, levou à edificação de um arrabalde portuário que estaria ligado às actividades que achar-se-iam ai fixadas, nomeadamente à pesca, à construção naval, às indústrias e às trocas comerciais. No que respeita ao palácio fortificado, terá sido adaptado a alcáçova, construindo-se novas torres quadrangulares, com paramentos construtivos diferentes das torres e panos de muralha do Período Emiral, assim como as duas portas, uma que daria acesso à medina e outra que daria acesso ao exterior, onde se encontraria a necrópole. Também se construíram nesta altura, as primeiras muralhas que iriam circundar o núcleo urbano. Os testemunhos materiais mostram-nos os quotidianos destas populações e dão-nos alguns elementos relacionados com os circuitos comerciais e riqueza dos habitantes. Peças rica-mente decoradas com a técnica verde e manganês, corda seca parcial terão sido importadas de outras cidades do al-Andalus, todavia outras peças de cerâmica comum terão sido produzidas localmente.
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