Fortificação

Este artigo integra uma serie de três e trata das escavações arqueológicas realizadas no Forte Orange, ou Fortaleza de Santa Cruz, situada na Ilha de Itamaracá, estado de Pernambuco, Brasil. Esta fortificação teve sua construção inicial no século XVII, mudando de bandeira entre holandesa e luso-brasileira. A pesquisa arqueológica revelou elementos construtivos dos diferentes períodos como ainda muitos elementos do quotidiano de seus ocupantes

COMO CITAR ESTA OBRA:
ALBUQUERQUE, Marcos. Arqueologia do Forte Orange. Revista da Cultura. Rio de Janeiro, n. 15, ano IX, p 37-47, Jun./2009.

Por ocasião da ocupação holandesa no Brasil, particularmente no Nordeste, a Vila de Porto Calvo, em Alagoas, constituía-se em uma posição geopolítica extremamente importante. Para ali convergiam os caminhos que ligavam Pernambuco a Bahia, sede do Governo.  Esta posição foi cobiçada tanto por portugueses como pelos holandeses. Varias batalhas ocorreram na disputa por esta posição. Banhada pelo Rio Manguaba situa-se uma ilha deserta a Ilha do Guedes. Nesta Ilha encontrava-se soterrado um forte de terra construído pelos holandeses para servir de suporte para a guerra. A nossa equipe localizou e escavou este forte com o apoio da Superintendência do Iphan/AL

ABSTRACT: The Fort of the Reis Magos in Natal dates from the Sixteenth Century, one of the few built in stone and lime in this period in Brazil. Started in 1597, its installation aimed to prevent access to the river Potengy where French have settled for more than thirty years. Anticipating the planned restoration works, the Institute of Historical Heritage and | National artistic – IPHAN-sponsored the realization of an archaeological research in that fort, which responded to the specific questions formulated. The tracing of the fort, with high walls, almost vertical, reflects a time of transition in the design of fortifications. However, inconsistencies were observed between the guidelines of its tracing and the execution of the fort. Among them, some concerned the defensive question itself, others to the logistical question. The archaeological record proved to be a safe source to know how much of the first structures was altered in the current fort.

RESUMO: O Forte dos Reis Magos, em Natal é um forte quinhentista, um dos poucos construídos em pedra e cal neste período, no Brasil. Iniciado em 1597, sua instalação visava impedir o acesso ao Rio Potengy onde franceses se estabeleceram durante mais de trinta anos. Antecipando-se às obras de restauração programadas, o Instituto do Patrimônio Histórico e |Artístico Nacional – IPHAN - patrocinou a realização de uma pesquisa arqueológica naquele forte, que respondeu às questões específicas formuladas. O traçado do forte, com altas muralhas, quase verticais, reflete uma época de transição no desenho de fortificações. Todavia observou-se inconsistências entre as diretrizes de seu traçado e a execução do forte. Dentre elas, algumas diziam respeito à questão defensiva propriamente dita, outras à questão logística. O registro arqueológico mostrou-se uma fonte segura para se conhecer o quanto das primeiras estruturas foi alterado no forte atual.

The Real Forte Príncipe da Beira, in Rondônia, is one of the largest forts ever built in Brazil. It was abandoned after the establishment of the Republic, it entered in process of destruction possibly accelerated by actions of looting as it says oral tradition. Located in the western border of the country, in the midst of Amazon jungle, it practically disappeared of popular memory, until a military mission that crossed the area, in the twentieth century, discovered it. It remained abandoned until, in 1930, with the creation of Contingentes de Fronteiras, the Brazilian Army started to build military installations near the fort. Listed by IPHAN in 1950, nowadays the fort is under the protection of 1º Pelotão Especial de Fronteira “Real Forte Príncipe da Beira” of Brazilian Army, which is responsible for its preservation. Several actions and studies have been carried out aiming the preservation of that monument. This work is a result of a technical visit, an invitation of Diretoria do ...

Resumo: O Real Forte Príncipe da Beira, em Rondônia, se constitui em um dos maiores fortes já construídos no Brasil. Abandonado, após a instauração da República, entrou em um processo de arruinamento, acelerado possivelmente por ações de pilhagem, como reza a tradição oral. Localizado na fronteira Oeste do País, em meio à Selva Amazônica, praticamente desapareceu da memória popular, até ser descoberto por uma missão militar que atravessava a área, já no século XX. Permaneceu abandonado até que, em 1930, com a criação dos Contingentes de Fronteiras, o Exército Brasileiro iniciou a construção de instalações militares nas proximidades do Forte. Tombado pelo Iphan em 1950, atualmente o se encontra sob a guarda do 1º Pelotão de Especial de Fronteira “Real Forte Príncipe da Beira” do Exército Brasileiro, que propicia sua conservação. Várias ações e estudos têm sido desenvolvidos visando a preservação daquele monumento. Este trabalho é resultante de uma visita de orientação técnica, a convite da Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército, que contou com a participação de especialistas de diferentes áreas. Nossas observações, aqui expressas, abordam a questão do ponto de vista arqueológico.

Abstract: The Real Forte Príncipe da Beira, in Rondônia, is one of the largest forts ever built in Brazil. It was abandoned after the establishment of the Republic, it entered in process of destruction possibly accelerated by actions of looting as it says oral tradition. Located in the western border of the country, in the midst of Amazon jungle, it practically disappeared of popular memory, until a military mission that crossed the area, in the twentieth century, discovered it. It remained abandoned until, in 1930, with the creation of Contingentes de Fronteiras, the Brazilian Army started to build military installations near the fort. Listed by IPHAN in 1950, nowadays the fort is under the protection of 1º Pelotão Especial de Fronteira “Real Forte Príncipe da Beira” of Brazilian Army, which is responsible for its preservation. Several actions and studies have been carried out aiming the preservation of that monument. This work is a result of a technical visit, an invitation of Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército, which included several specialists of different areas. Our observations, expressed here, addressed the issue from an archaeological point of view.

Das obras herdadas do passado, destacam-se as fortificações, conjuntos arquitetônicos para defesa de um território. Construídas desde a Antiguidade, estas edificações militares evoluíram, durante os séculos, na forma e tipologia, adequando-se ao aperfeiçoamento crescente das armas. Sob a direção dos engenheiros militares, espalharam-se por toda a América Portuguesa, no litoral ou margem de rios, apresentando-se, em muitos casos, como símbolos políticos do domínio territorial português sobre a colônia.

Dá-se a conhecer um sítio pré-histórico das imediações da fortificação calcolítica de Leceia (distância de 650m.) cuja vocação parece ter sido a exploração de silex e preparação de utensílios. A jazida poderá ter-se integrado no território de Leceia e ter mantido relações de complementaridade com esta.