Papers by Bruno Latini Pfeil
Entrevista de Bruno Pfeil e Cello Latini concedida a Kaio Braúna e ao Professor Wallace de Moraes... more Entrevista de Bruno Pfeil e Cello Latini concedida a Kaio Braúna e ao Professor Wallace de Moraes, pelo CPDEL/UFRJ (Coletivo de Pesquisas Decoloniais e Libertárias).
Inconformados Psi, 2019
Introdução Nossa proposta com esse artigo é refletir sobre algumas questões problemáticas que tem... more Introdução Nossa proposta com esse artigo é refletir sobre algumas questões problemáticas que temos enfrentado no ambiente acadêmico, a saber: 1) a polemização do debate sobre as questões LGBTIs e da população negra; 2) a deslegitimação da postura de enfrentamento que temos adotado; e 3) a fragilidade dos corpos cisgêneros, heterossexuais e brancos diante dos apontamentos das práticas LGBTIfóbicas e racistas. Para isso, achamos importante marcar o lugar social (Ribeiro, 2017) de onde estamos olhando para estas questões problemáticas: o lugar de um homem trans, branco, não-heterossexual e o de um homem cis, negro de pele clara, gay, ambos compondo o corpo discente do curso de Psicologia em uma universidade particular e católica. A polemização diante das questões LGBTIs e da população negra: o primeiro mecanismo de fuga. Queremos começar esta reflexão sobre nossos corpos no ambiente acadêmico com algumas considerações sobre a não problematização dos temas da diversidade sexual, gênero e relações étnico-raciais na maior parte das disciplinas do curso de psicologia. As questões que envolvem a temática da diversidade sexual, de gênero e raça não costumam ser debatidas por iniciativa das/dos professoras/professores do curso, com raríssimas exceções. Assim, nós-corpos que pertencem ao campo de gênero e das sexualidades marginalizadas socialmente: gays, lésbicas, bissexuais, pansexuais, população trans, não binários, sexualidades não-heterossexuais e as populações negra e indígena-somos impelidos a iniciar sempre que possível o debate sobre esses temas. Como nossas intervenções sobre diversidade sexual, gênero e raça têm sido recebidas? Como o curso de psicologia na representação de professoras/professores e coordenação se relacionam com essa demanda? O que podemos refletir sobre a ausência de iniciativas da docência/coordenação para debater essas questões?
Inconformados Psi, 2019
Introdução Este trabalho provém de uma pesquisa intitulada "Uma leitura decolonial da cisnormativ... more Introdução Este trabalho provém de uma pesquisa intitulada "Uma leitura decolonial da cisnormatividade e heterossexualidade compulsória no ambiente acadêmico", iniciada com o intuito de propor uma revisão da grade curricular do curso de Psicologia de nossa atual universidade. Diante de violências sistemáticas ocorridas neste ambiente acadêmico, tanto do campo simbólico quanto do campo material, surgimos com a necessidade de expor o relato de como nossos corpos inconformes (Vergueiro, 2015), no que diz respeito à diversidade sexual e de gênero, têm respondido ao ambiente acadêmico, e de que maneira temos criado estratégias para garantir a (re)existência de nossos corpos neste ambiente. Com isso, demos continuidade ao projeto de pesquisa neste trabalho, refletindo sobre alguns recortes dos processos sócio-históricos que ocorreram desde a colonização do Brasil e que persistem na estruturação dos discursos que sustentam a academia. Antes de revisarmos os processos de colonização e colonialidade que operam no Brasil, em prol de sua identificação no ambiente acadêmico com relação à institucionalização da cisnormatividade, da heteronormatividade e da branquidade, precisamos nos localizar enquanto pertencentes a essa estrutura institucional. Embora sustentemos, neste trabalho, em asserções teóricas e estudos aprofundados sobre os mecanismos de invisibilização, patologização e subalternização produzidos pela colonialidade, nos atemos às nossas experiências pessoais enquanto corpos que ocupam determinado espaço em determinado contexto. Exporemos, portanto, os lugares que ocupamos, a saber 1) homem trans, branco, não-heterossexual, 2) homem cis, negro de pele clara, gay, compondo o corpo discente do curso de Psicologia em uma universidade particular e católica. Nosso enfoque no curso de Psicologia, na conclusão do texto, não se limita a ele. Os mecanismos coloniais anteriormente citados operam na instituição acadêmica como um todo, pois integram toda uma estrutura de poder construída e perpetuada no decorrer de nossa história. Contudo, como pertencemos ao campo da Psicologia, utilizaremos artifícios por ela proporcionados para combater tal estrutura e suas implicações.
ARTIGOS/ENSAIOS by Bruno Latini Pfeil
Revista Anômalas, 2024
Quando pessoas transmasculinas se autodeterminam e nomeiam as violências que sofrem, percebe-se u... more Quando pessoas transmasculinas se autodeterminam e nomeiam as violências que sofrem, percebe-se uma reatividade de movimentos cisfeministas e transfeministas, repreendendo nossas narrativas e atribuindo às transmasculinidades o caráter opressivo da masculinidade hegemônica colonial. Seja na nomeação das transmasculinidades enquanto categorias identitárias, seja na nomeação das violências que sofrem, evidencia-se o seguinte movimento: a legitimação das transmasculinidades enquanto identidades e vítimas do sistema colonial de gênero é acusada de anular a legitimação das violências que os feminismos protagonizados por pessoas cis e transfemininas denunciam. Desse modo, buscamos, neste artigo, questionar os lugares que as transmasculinidades ocupam nos movimentos feministas, tal como refletir sobre a associação entre pessoas transmasculinidades e o sujeito universal da modernidade. Quem tem medo das transmasculinidades?
Revista Pólemos, 2024
Neste artigo, busco compreender a relação entre o conceito de humanidade, cunhado por discursos m... more Neste artigo, busco compreender a relação entre o conceito de humanidade, cunhado por discursos modernos e coloniais, e a ideia de monstruosidade, compreendida, aqui, como seu antagonismo. As figuras do monstro e do humano, tal qual da besta e do soberano ou do Outro e do Sujeito, existem em cenários de distribuição de violências, em que a morte do monstro/besta/Outro reitera a dominância do humano/soberano/Sujeito. Todavia, não é somente a morte do monstro que compõe esta dinâmica, como também, e talvez principalmente, o desejo do humano em direção ao monstro. Tendo como aporte autores que dialogam com as temáticas do corpo, da violência e da sexualidade, procuro investigar a relação entre a morte e o desejo, a violência e o gozo, no que diz respeito ao contraste simbólico e orgânico entre aqueles que se nomeiam humanos e aqueles nomeados enquanto monstros. Há gozo na violência?
Revista Ayvu, 2023
Ao enunciar "eu sou o monstro que vos fala", Preciado desafia as premissas da psicanálise e a nat... more Ao enunciar "eu sou o monstro que vos fala", Preciado desafia as premissas da psicanálise e a naturalização de certas categorias. Preciado se colocou como o corpo analisado pelos saberes psi e enfrentou o tradicionalismo psicanalítico. A partir disso, podemos compreender os lugares que o sujeito trans ocupa para os saberes psi, mas o que ocorre quando um corpo trans se apresenta como analista, como o sujeito a exercer a escuta clínica? Assim, temos como objetivo questionar a naturalização da cisgeneridade na clínica psicanalítica. Contextualizamos, de início, a "monstruosidade" da transgeneridade nos discursos psi. E elaboramos, então, sobre o conceito de cisgeneridade em psicanálise, investigando as possibilidades do corpo trans na clínicanão como analisante, mas como analista.
Revista Ítaca, 2024
O conceito de ser humano se institui não pela afirmação, mas pela negação da humanidade. Privand... more O conceito de ser humano se institui não pela afirmação, mas pela negação da humanidade. Privando o outro de humanidade, este é transformado em Outro, contrastando com a Mesmidade do Homem com “h” maiúsculo, como escreve Derrida. Neste artigo, tenho como objetivo questionar a categoria de humanidade tal como nos foi apresentada por ideais humanistas e colonialistas, tendo como analisador o personagem David da franquia cinematográfica Alien. A perspectiva de David não é em suma a de uma inteligência artificial, mas sim a do que a humanidade percebe enquanto uma IA, tendo em vista o contexto cinematográfico da representação. Assim, retratando a percepção humana de um robô entre humanos, David nos oferece questionamentos acerca da condição humana e dos dilemas suscitados por ela, desafiando as fronteiras entre o Mesmo e o Outro ao passo em que satiriza a realocação discursiva do humano enquanto deus e do Outro enquanto humano.
Seminário Internacional Fazendo Gênero 13, 2024
A emergência do transfeminismo no Brasil é responsável grandemente pela introdução e divulgação d... more A emergência do transfeminismo no Brasil é responsável grandemente pela introdução e divulgação do conceito de cisgeneridade em movimentos sociais, espaços artísticos e acadêmicos. Observamos, contudo, que as reações ao conceito comumente tomam a forma de negação, rejeição do termo, e percebemos que tal negação constitui-se como característica de um pacto narcísico. Almejamos, nesta comunicação, elaborar sobre a noção de pacto narcísico da cisgeneridade. Ao compreendermos, com Cida Bento, que a branquitude opera por meio de um pacto narcísico, protegendo-se institucionalmente daquilo que evidencia sua fragilidade, observamos que a cisgeneridade institucionalizada se utiliza de poder institucional para manter corpos trans em posição de incongruência. Assim, verificamos que, na constituição do pacto narcísico da branquitude, há um pacto narcísico da cisgneridade aliado à heteronormatividade, endonormatividade e corponormatividade. Ademais, caracterizando a cisgeneridade como conceito, percebemos que, dentre seus componentes fundamentaisbinariedade de gênero, heterossexualidade compulsória, recusa de qualquer forma de ambiguidade-, há a recusa de se nomear, ou de se haver com sua própria nomeação. A cisgeneridade em negação exprime o que designamos como "ofensa da nomeação", isto é, a reação à nomeação tal como se reagiria a uma ofensa. Componente central do pacto narcísico da cisgeneridade seria, então, a recusa de sua demarcação. Eis nossa principal tese.
Seminário Internacional Fazendo Gênero 13, 2024
Motivado pela temática da metamorfose, este artigo objetiva abordar as temáticas de gênero e sexu... more Motivado pela temática da metamorfose, este artigo objetiva abordar as temáticas de gênero e sexualidade por uma lente tecnobiopolítica, questionando a materialidade da humanidade, tão homogeneizada e ao mesmo tempo tão excludente. A ideia de que somos todos humanos não contempla corpos trans, não-binários, intersexo e gênero-dissidentes, pois não espelham a corponormatividade. A metamorfose, metaforizada pela noção de transição de gênero – noção esta que será problematizada –, se apresenta como uma forma de pensar a política do ciborgue de Haraway: a revolta contra as codificações subjetivas, contra as corponormatizações coloniais. Vivemos em uma era high-tech que não controla só o corpo, mas as máquinas que compõem o corpo, e as máquinas que o corpo pensa controlar. Além da biopolítica foucaultiana, o tecnobiopoder contempla tanto o corpo quanto suas transmutações tecnológicas. O corpo se transforma em uma arquitetura tecnobiopolítica, nos diz Preciado, que tanto produz quanto consome códigos do capitalismo global em sua gestão da vida. Por essa lógica, bios e tecno não são antagonismos, mas composições que proporcionam modos de representação da mídia, na medicina e na arquitetura. Distintas possibilidades de construção tectônica são atribuídas ao corpo. A metamorfose é revolta perante as codificações, e pessoas trans, não-binárias, intersexo e gênero-dissidentes são como mutantes em constante revolução.
Revista Tapuia, 2024
Neste artigo, tenho como objetivo pôr em diálogo três obras principais, entrecruzadas também com ... more Neste artigo, tenho como objetivo pôr em diálogo três obras principais, entrecruzadas também com o referencial teórico da esquizoanálise, dos estudos contra-coloniais e dos estudos libertários. Tais obras são A vegetariana, de Han Kang (2016) e A metamorfose, de Franz Kafka (1997). A fim de analisar a ideia de metamorfose, a compreendo a partir do conceito esquizoanalítico de devir, elucubrando sobre o devir-árvore e o devir-animal, encontrados nas referidas obras literárias. Pensada em consonância ao animismo e ao conceito de devir, a metamorfose se contrapõe à concepção homogênea de humanidade, da qual pretende-se emancipar. Pela revolta contra a humanidade, reflete-se sobre a metamorfose, e sobre os devires, como possibilidades diante da imposição universalista da humanidade, colocado à prova a ideia de que somos todos humanos. A partir disso, cabe questionar: o que significa ser humano? Seria a humanização, a ampliação da categoria de humanidade, a solução para os diversos processos de extermínio da modernidade?
A emergência de organizarmos relatórios e mapeamentos sobre transmasculinidades no Brasil deriva ... more A emergência de organizarmos relatórios e mapeamentos sobre transmasculinidades no Brasil deriva da invisibilização a que estamos sujeitos; da necessidade de compreendermos, quantitativamente e subjetivamente, as violências que nos atravessam, mas não somente: de que celebremos a pluralidade das narrativas e dos saberes produzidos dentre os nossos. Como tanto reforçamos, as transmasculinidades foram e são continuamente apagadas e esquecidas nas diversas esferas sociais, desde a midiática, quando somos ‘confundidos’ com mulheres cis lésbicas, por exemplo, até a acadêmica, quando não se pensam em transmasculinidades no campo dos estudos de gênero.
Autores: Sara York, Bruno Latini Pfeil, Cello Latini Pfeil
Entramos no ano de 2024. Poderíamos e... more Autores: Sara York, Bruno Latini Pfeil, Cello Latini Pfeil
Entramos no ano de 2024. Poderíamos encarar esta passagem como mais uma volta em torno do sol, sem demais significações. Dois mil e vinte e quatro poderia ser um ano ligeiramente distinto de seu predecessor, em relação às mudanças políticas, à irrupção de uma guerra, à continuidade de tantas outras. Mas algo os diferencia, e não nos referimos somente à passagem do tempo. O ano de 2024 possui dígitos bastante significativos; no caso, seus dois últimos nos remetem a uma categoria comumente difundida no imaginário social nacional: a categoria do viado.
O presente artigo tem como objetivo apresentar o conceito de colonialidade cishetero-endossexo, d... more O presente artigo tem como objetivo apresentar o conceito de colonialidade cishetero-endossexo, de modo a apontar para a lacuna dos estudos decoloniais em pensar as opressões que pessoas trans, intersexo e não-heterossexuais sofrem. Reconhecemos e exaltamos as importantes discussões decoloniais sobre gênero e sexualidade já realizadas, que trouxeram conceitos fundamentais como o de colonialidade de gênero e o de androcentrismo. A partir deles, tornou-se possível refletir sobre violências de gênero através da lente decolonial, ampliando as bases da luta contra a colonialidade. Todavia, percebemos, nestas discussões, a desconsideração da cisgeneridade, da endossexualidade e de sexualidades não-heterossexuais, de forma conjunta, o que se mostra como um grande obstáculo para a resistência e a luta de corpos não-cisheteroendossexo. O conceito de colonialidade cishetero-endossexo procura, então, evidenciar os atravessamentos coloniais/modernos da cisnormatividade, da heteronormatividade e da endonormatividade.
Ítaca, 2023
Neste artigo, temos como objetivo relacionar dois conceitos de teorias dissonantes, porém em cons... more Neste artigo, temos como objetivo relacionar dois conceitos de teorias dissonantes, porém em constante diálogo: o conceito de Corpo sem Órgãos (CsO), desenvolvido pela esquizoanálise, e o conceito de princípio do nirvana, desenvolvido pela psicanálise. O CsO é compreendido como uma ruptura com a produção social, com a codificação global dos fluxos de desejo; em suma, como uma constante revolta. Compreende-se o princípio do nirvana como o retorno a um estado de constância, sem interferências do mundo externo. Ambos dizem respeito a um movimento em direção à morte, seja pela ruptura com o que se compreende como vida, seja pela fuga aos estímulos externos que nos atacam desde o nascimento. Procura-se, nesta pesquisa, pôr estes conceitos em diálogo, analisando suas semelhanças e discrepâncias.
READ – Revista de Estudos Anarquistas e Decoloniais
Este artigo almeja analisar como a concepção moderna sobre as práticas de modificação e inscrição... more Este artigo almeja analisar como a concepção moderna sobre as práticas de modificação e inscrição corporais se relacionam com as colonialidades do ser, do saber e do poder. Argumentamos que a patologização e a criminalização de inscrições corporais é um componente fundamental da noção moderna de um corpo ideal, como também das normatizações que permeiam as colonialidades atualmente. O argumento central do artigo é que a patologização, a criminalização e o controle institucional das práticas de modificações e inscrições corporais são produto da violência moderna/colonial, e devem, portanto, ser combatidas. Para tanto, nos valemos de um referencial teórico decolonial – com Grosfoguel, Maldonado-Torres, Mignolo, entre outros – e de autores que investigam a história e a diversidade de inscrições/modificações corporais – com Le Breton, Angel, Favazza, entre outros.
Ítaca, 2023
O presente artigo possui como motivação principal pensar em na maneira como as noções de individu... more O presente artigo possui como motivação principal pensar em na maneira como as noções de individualismo e de liberdade, nas filosofias satanista e anarquista, se assemelham ou destoam. Escolhemos a filosofia satanista como objeto de análise por também fazer críticas às igrejas e por fazer, de formas variadas, defesas à liberdade total e ao respeito mútuo. Nossa metodologia contempla a revisão bibliográfica de obras anarquistas, como as Bakunin, de Malatesta e de Kropotkin, e de obras satanistas, como as de LaVey e de Vivdivs. Como resultados, apresentamos uma análise comparativa entre ambas as filosofias, destacando aspectos dissonantes ou similares entre elas e discorrendo sobre elementos pelos quais as filosofias se mostram presentes, como perspectivas relativas a instituições sociais e a percepções de mundo. Concluímos que as filosofias anarquista e satanista possuem profundas discrepâncias, como o apreço satanista por instituições sociais e a oposição anarquista às mesmas, embor...
Almejamos, no presente artigo, compreender como ocorre a
inferiorização de certas inscrições cor... more Almejamos, no presente artigo, compreender como ocorre a
inferiorização de certas inscrições corporais, em detrimento da
naturalização de outras, e em relação a marcadores de gênero, raça
e normatividade. Partimos da hipótese de que o saber moderno
institucionalizado produz patologização e criminalização de certas
inscrições corporais, e tomamos como ferramenta de análise as
modificações corporais realizadas por pessoas trans. Argumentamos
que, ao afrontarmos a corponormatividade, ao demonstrarmos
autonomia corporal em relação a nossos desejos e identidades, a
retroativa institucional é violenta. Para tanto, nosso referencial
teórico é anarquista e decolonial.
Almejamos, neste ensaio, refletir sobre os entrelaçamentos entre transexualidade, anarquismo e cr... more Almejamos, neste ensaio, refletir sobre os entrelaçamentos entre transexualidade, anarquismo e crítica à cisnormatividade. Longe de nos embasarmos em um suposto essencialismo sobre ‘ser trans’ ou ‘ser anarquista’, concentramos nosso estudo em uma crítica, trans e anarquista, à patologização e marginalização da transexualidade e à naturalização da cisgeneridade. Apontamos que organizações trans se valem de estratégias políticas alinhadas a princípios anarquistas – tais como ação direta, autodeterminação, apoio mútuo, violência revolucionária e indivisibilidade da liberdade –, e que movimentos anarquistas comumente reproduzem violências racistas/sexistas, em desacordo com os fundamentos de solidariedade e negação da autoridade. Apesar de tal postura contraditória, defendemos que os conceitos anarquistas fundamentais mostram-se necessários em lutas por emancipação trans. Assim, reforçamos a conceituação do trans-anarquismo, a partir da identificação do viés inerentemente libertário dos movimentos trans por despatologização da transexualidade, desnaturalização da cisgeneridade, combate à opressão intelectual e oposição à dominação do Estado e suas instituições.
"Nossa inexistência social não interrompe as políticas de aniquilamento dassubjetividades transma... more "Nossa inexistência social não interrompe as políticas de aniquilamento dassubjetividades transmasculinas, o apagamento de suas histórias, a deslegitimação desuas epistêmes. Existir em uma realidade que nega uma identidade por meio deirreconhecimento sistemático acarreta em violências das quais não se consegue desviar,pois, a princípio, não possuem ponto de partida estritamente definido, nem um destinosocialmente consolidado. Pensar o fenômeno do suicídio de corpos transmasculinos é,também, pensar se, em vida, estes corpos realmente eram considerados vivos"
Sexualidade & Política: Revista Brasileira de Políticas Públicas LGBTI+, 2019
O presente artigo tem como objeto de estudo a disforia de gênero. Buscamos explanar as diferentes... more O presente artigo tem como objeto de estudo a disforia de gênero. Buscamos explanar as diferentes concepções do que seria a disforia, propor outras perspectivas no que diz respeito às transformações corporais almejadas por algumas pessoas trans e analisar a forma como a disforia é compreendida e imposta dentro dos dispositivos de saúde voltados para pessoas trans. Buscamos, também, inserir o pensamento decolonial como analisador da disforia de gênero. Esse projeto é primordialmente movido pela necessidade de visibilizar discursos não hegemônicos sobre a diversidade sexual e de gênero, sendo a hegemonia o reflexo da cisheteronormatividade. Propomos uma leitura não normativa e não biologizante sobre a transgeneridade e as possíveis modificações corporais desejadas (ou não) por pessoas trans.
Uploads
Papers by Bruno Latini Pfeil
ARTIGOS/ENSAIOS by Bruno Latini Pfeil
Entramos no ano de 2024. Poderíamos encarar esta passagem como mais uma volta em torno do sol, sem demais significações. Dois mil e vinte e quatro poderia ser um ano ligeiramente distinto de seu predecessor, em relação às mudanças políticas, à irrupção de uma guerra, à continuidade de tantas outras. Mas algo os diferencia, e não nos referimos somente à passagem do tempo. O ano de 2024 possui dígitos bastante significativos; no caso, seus dois últimos nos remetem a uma categoria comumente difundida no imaginário social nacional: a categoria do viado.
inferiorização de certas inscrições corporais, em detrimento da
naturalização de outras, e em relação a marcadores de gênero, raça
e normatividade. Partimos da hipótese de que o saber moderno
institucionalizado produz patologização e criminalização de certas
inscrições corporais, e tomamos como ferramenta de análise as
modificações corporais realizadas por pessoas trans. Argumentamos
que, ao afrontarmos a corponormatividade, ao demonstrarmos
autonomia corporal em relação a nossos desejos e identidades, a
retroativa institucional é violenta. Para tanto, nosso referencial
teórico é anarquista e decolonial.
Entramos no ano de 2024. Poderíamos encarar esta passagem como mais uma volta em torno do sol, sem demais significações. Dois mil e vinte e quatro poderia ser um ano ligeiramente distinto de seu predecessor, em relação às mudanças políticas, à irrupção de uma guerra, à continuidade de tantas outras. Mas algo os diferencia, e não nos referimos somente à passagem do tempo. O ano de 2024 possui dígitos bastante significativos; no caso, seus dois últimos nos remetem a uma categoria comumente difundida no imaginário social nacional: a categoria do viado.
inferiorização de certas inscrições corporais, em detrimento da
naturalização de outras, e em relação a marcadores de gênero, raça
e normatividade. Partimos da hipótese de que o saber moderno
institucionalizado produz patologização e criminalização de certas
inscrições corporais, e tomamos como ferramenta de análise as
modificações corporais realizadas por pessoas trans. Argumentamos
que, ao afrontarmos a corponormatividade, ao demonstrarmos
autonomia corporal em relação a nossos desejos e identidades, a
retroativa institucional é violenta. Para tanto, nosso referencial
teórico é anarquista e decolonial.
https://revistas.ufrj.br/index.php/estudoslibertarios/article/view/43671
www.revistaestudostransviades.com
Coordenação: Bruno Latini Pfeil; Cello Latini Pfeil; Nathan Victoriano; Nicolas Pustilnick; Thárcilo Luiz
Design: Uarê Erremays; Nicolas Pustilnick
ISSN 2764-8133
Mapeamento Educacional das Transmasculinidades no Brasil
ISSN 2764-8133
Equipe editorial: Bruno Latini Pfeil; Cello Latini Pfeil; Nathan Victoriano; Nicolas Pustilnick; Thárcilo Luiz.
Design: Nicolas Pustilnick
ISSN 2764-8133
Coordenação: Bruno Latini Pfeil; Cello Latini Pfeil; Nathan Victoriano; Nicolas Pustilnick; Thárcilo Luiz
Design: Uarê Erremays; Nicolas Pustilnick
ISSN 2764-8133
Equipe editorial: Bruno Latini Pfeil; Cello Latini Pfeil; Nathan Victoriano; Nicolas Pustilnick; Thárcilo Luiz.
Design: Uarê Erremays; Nicolas Pustilnick
ISSN 2764-8133
ISSN 2764-8133
"Las ciencias humanas conviven con la primacía de un saber que pretende mantener su hegemonía. Las teorizaciones que provienen de espacios institucionalizados llevan consigo el legado moderno y, consecuentemente, colonial de una forma de pensar que invalida otras formas de pensar. Así, el conocimiento producido por los investigadores trans se enfrenta al rechazo, la invalidación y la deslegitimación. Como cuerpos trans, a menudo nos enfrentamos a diagnósticos sobre nuestros deseos e identidades, pero no sólo eso: nos enfrentamos a diagnósticos sobre nuestras formas de pensar, sobre nuestras estrategias para producir conocimiento. El rigor científico considera que nuestros esfuerzos teóricos son demasiado "parciales" o "subjetivos" e invalida nuestra capacidad de análisis crítico."
www.ibratnacional.com
"As ciências humanas convivem com a primazia de um saber que busca se manter em hegemonia. As teorizações que partem de espaços institucionalizados carregam, consigo, a herança moderna e, portanto, colonial de um modo de pensar que invalida outros modos de pensar. Nesse viés, os saberes produzidos por pesquisadores trans se deparam com rejeição, invalidação e deslegitimação. Como corpos trans, é comum nos depararmos com diagnósticos sobre nossos desejos e identidades, mas não só: enfrentamos diagnósticos sobre nossas formas de pensar, sobre nossas estratégias de produção de conhecimento. O rigor científico considera nossos esforços teóricos ‘parciais’ ou ‘subjetivos’ demais e invalida nossa capacidade de análise crítica."
www.ibratnacional.com
Publicado no dossiê Feminismo decolonial em debate: perspectivas latinoamericanas em políticas públicas e direitos humanos. Revista Praia Vermelha, v. 33 n. 02 (2023)
https://revistas.ufrj.br/index.php/praiavermelha/article/view/55163
Keywords: institutional violence; transsexuality; cisnormativity; decoloniality.
https://theanarchistlibrary.org/library/cello-latini-pfeil-bruno-latini-pfeil-the-pathological-production-of-antagonism
Keywords: suicide; anarchism; sovereignty; death.
https://theanarchistlibrary.org/library/cello-latini-pfeil-an-anarchist-perspective-on-suicide
https://theanarchistlibrary.org/library/cello-latini-pfeil-bruno-latini-pfeil-is-satan-an-anarchist