Dissertação by Cello Latini Pfeil
Dissertação de Mestrado de Cello Latini Pfeil - Programa de Pós-Graduação em Filosofia (UFRJ)
... more Dissertação de Mestrado de Cello Latini Pfeil - Programa de Pós-Graduação em Filosofia (UFRJ)
RESUMO:
Na presente pesquisa, nos interessamos em investigar como o estabelecimento da cisgeneridade enquanto norma se relaciona com a colonialidade e com a autoridade que estruturam os espaços de poder e de produção de conhecimento. Uma vez assumindo que o colonialismo – e, com ele, a normatização da cisgeneridade – teve como precursor as forças militares e administrativas dos Estados europeus, pensaremos como instâncias governamentais – sistemas jurídico, educacional e de saúde, burocracias cartoriais, forças policiais – exercem a manutenção da colonialidade, no que diz respeito a corpos trans. A originalidade da pesquisa advém da lacuna que há nas perspectivas anarquistas e decoloniais em estudos sobre transgeneridade e cisgeneridade. A partir de referenciais teóricos anarquistas e decoloniais, avaliaremos como ambas as perspectivas se entrelaçam ao analisarmos as violências cisnormativas direcionadas a corpos trans. Nesse sentido, direcionamos a pesquisa a partir de três hipóteses principais: 1) De que pessoas trans são alvo de violências cisheteronormativas, instituídas pela modernidade/colonialidade; 2) De que os movimentos sociais de pessoas trans refletem, em sua organização, os princípios fundamentais anarquistas de emancipação; 3) De que a análise desses movimentos e das violências é capaz de demonstrar como as perspectivas decolonial e anarquista são complementares entre si; 4) De que há uma lacuna, tanto no anarquismo como na decolonialidade, em relação a estudos sobre transgeneridade e cisgeneridade. Ademais, propomos o conceito de colonialidade cisgênera como uma forma de colonialidade específica da cisnormatividade, e que aflige diretamente os corpos trans. Para comprovar tais hipóteses, utilizamos, como nossa metodologia, análise bibliográfica e discussão teórica, assim como análise de dados sobre as violências contra pessoas trans. Os dados, em sua maioria, se concentram no contexto brasileiro, a partir da segunda década do século XXI. Já o recorte conceitual de tais estudos de gênero, que abarcam a história da cisgeneridade e da transgeneridade enquanto conceitos, data da segunda metade do século XX.
Capítulos by Cello Latini Pfeil
Editora Devires, 2022
Capítulo do livro "Enviadescer a Decolonialidade", organizado por Eduardo O. Miranda, Marta Alenc... more Capítulo do livro "Enviadescer a Decolonialidade", organizado por Eduardo O. Miranda, Marta Alencar dos Santos e Rodrigo Casteleira e publicado pela Editora Devires, Salvador (BA), 2022.
CORPOS TRANSITÓRIOS: NARRATIVAS TRANSMASCULINAS, 2021
Este ensaio almeja contribuir para a compreensão dos lugares que as transmasculinidades ocupam na... more Este ensaio almeja contribuir para a compreensão dos lugares que as transmasculinidades ocupam na estrutura patriarcal, seus atravessamentos enquanto corpos que essa estrutura rejeita e as possibilidades de ressignificação que destoam do modelo hegemonizado de [cis]masculinidades. Refletimos sobre a definição de patriarcado e as problemáticas que o termo carrega, tal como sobre as leituras sociais enfrentadas por pessoas transmasculinas e os processos de construção de suas subjetividades. Pretendemos apresentar uma argumentação que contemple a amplitude desse estudo, considerando que a variedade de marcadores sociais que operam na leitura de pessoas transmasculinas no decorrer de sua transição, seja esta hormonal, cirúrgica, estética, comportamental, legal, ou o que quer que seja, nos impede de conceber uma única transmasculinidade e uma única visão sobre o tema deste trabalho.
Artigos [PORT] by Cello Latini Pfeil
Revista Anômalas, 2024
A escrita deste ensaio é motivada pela identificação de entrecruzamentos e similaridades entre pr... more A escrita deste ensaio é motivada pela identificação de entrecruzamentos e similaridades entre princípios anarquistas – tais como ação direta, autogoverno, autodeterminação e crítica a toda imposição de autoridade – e iniciativas de movimentos trans por despatologização, pelo fim da repressão policial e pela nomeação e consequente desnaturalização da cisgeneridade. A nomeação da cisgeneridade se constitui como um dos pilares da despatologização. Assim, para compreender os entrelaçamentos entre o anarquismo e as transgeneridades, especialmente em uma crítica à cisnormatividade e a toda forma de violência institucional, o presente ensaio se divide em duas partes: inicialmente, é apresentado um recorte histórico sobre a patologização da transexualidade, a partir da segunda metade do século XX; em seguida, exponho, com maior particularidade, os aspectos libertários dos movimentos trans por despatologização.
https://periodicos.ufcat.edu.br/index.php/ra/article/view/74699
Fazendo o Gênero 2024, 2024
Publicado nos anais do Fazendo o Gênero 2024.
Disponível em: https://www.fg2024.eventos.dype.com... more Publicado nos anais do Fazendo o Gênero 2024.
Disponível em: https://www.fg2024.eventos.dype.com.br/anais/trabalhos/lista
A emergência do transfeminismo no Brasil é responsável grandemente pela introdução e divulgação do conceito de cisgeneridade em movimentos sociais, espaços artísticos e acadêmicos. Observamos, contudo, que as reações cisgêneras ao conceito comumente tomam a forma de negação, rejeição do termo, e percebemos que tal negação constitui-se como componente de um pacto narcísico. Almejamos, nesta comunicação, elaborar sobre a noção de pacto narcísico da cisgeneridade. Ao compreendermos, com Cida Bento, que a branquitude opera por meio de um pacto narcísico, protegendo-se institucionalmente daquilo que evidencia sua fragilidade, observamos que a cisgeneridade se utiliza de poder institucional para manter corpos trans em posição de incongruência. Assim, verificamos que, na constituição do pacto narcísico da branquitude, há um pacto narcísico da cisgneridade aliado à heteronormatividade, endonormatividade e corponormatividade. Ademais, caracterizando cisgeneridade como conceito, percebemos que, dentre seus componentes fundamentais - binariedade de gênero, heterossexualidade compulsória, recusa de qualquer forma de ambiguidade -, há a recusa de se nomear, ou de aceitar sua própria nomeação. A cisgeneridade em negação exprime o que designamos como "ofensa da nomeação", isto é, a reação à nomeação da cisgeneridade tal como se reagiria a uma ofensa. Componente central do pacto narcísico da cisgeneridade seria, então, a negação de sua demarcação. Eis nossa principal tese.
IBRAT, 2024
Artigo publicado no Observatório Anderson Herzer: relatório das mortes e violências contra as tra... more Artigo publicado no Observatório Anderson Herzer: relatório das mortes e violências contra as transmasculinidades em 2023.
Disponível em: www.ibratnacional.com
Neste artigo, analisamos, desde uma perspectiva da teoria e criminologia cuir transfeminista, o reconhecimento de homens trans, pessoas transmasculinas e boycetas como sujeitos de direito na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06). Refletimos sobre as facetas do assassinato e da violência doméstica e intrafamiliar contra homens trans e pessoas transmasculinas como um crime de Estado - os transmasculinicídios. Ao mesmo tempo, discutimos a possibilidade do uso da Lei Maria da Penha como instrumento de enfrentamento às violências de gênero contra pessoas transmasculinas.
IBRAT, 2024
Artigo publicado no Observatório Anderson Herzer: relatório das mortes e violências contra as tra... more Artigo publicado no Observatório Anderson Herzer: relatório das mortes e violências contra as transmasculinidades em 2023. Disponível em: www.ibratnacional.com.
Em sua descrição do conceito “humanidade”, Douzinas (2016) denuncia seu caráter falacioso e narcisista, na medida em que a humanização se impõe como um ideal que resguarda a naturalização das identidades modernas e apaga modos de existência não-normativos. No campo da saúde, a humanização possui uma roupagem peculiar, pois se afasta exponencialmente de uma política de cuidado, trajando-se enquanto tal, mas exercendo sua tutela médica. A categoria de humanidade, então, se alinha à cisnorma, à branquitude, à heterossexualidade, à endossexualidade, universalizando-se tal como as identidades de gênero binárias e patriarcais da modernidade. Vejamos, então, como humanidade e cisgeneridade se intercalam.
Realize Editora, 2024
Artigo publicado no Anais do XI CINABETH.
Adotamos como objeto de análise a auto-negação da cisg... more Artigo publicado no Anais do XI CINABETH.
Adotamos como objeto de análise a auto-negação da cisgeneridade em espaços institucionalizados de produção de conhecimento. Institucionalizada tal como a heterossexualidade, a branquitude, a endossexualidade e a corponormatividade, a cisgeneridade é um fator central, porém frequentemente não nomeado, nos estudos de gênero. Ao demarcarmos semanticamente a cisgeneridade, nos deparamos com sua rejeição cistemática enquanto conceito. Então, a partir de nossa experiência como corpos transmasculinos na academia, argumentamos que a cisgeneridade em negação toma a forma de um fenômeno, o qual nomeamos “ofensa da nomeação”, que constitui um dos pilares do que compreendemos como “pacto narcísico da cisgeneridade”. Nossa hipótese central é que a cisgeneridade se utiliza do pacto narcísico como estratégia fundamental de negação de si.
PFEIL, Cello Latini et al.. Sobre o pacto narcísico da cisgeneridade e a ofensa de desnaturalizar a diferença. Ciência e Arte do Encontro: o Rio de Braços Abertos... Campina Grande: Realize Editora, 2024. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/106702>. Acesso em: 22/05/2024 19:24
Ayvu: Revista de Psicologia, 2023
Ao enunciar “eu sou o monstro que vos fala”, Preciado desafia as premissas da psicanál... more Ao enunciar “eu sou o monstro que vos fala”, Preciado desafia as premissas da psicanálise e a naturalização de certas categorias. Preciado se colocou como o corpo analisado pelos saberes psi e enfrentou o tradicionalismo psicanalítico. A partir disso, podemos compreender os lugares que o sujeito trans ocupa para os saberes psi, mas o que ocorre quando um corpo trans se apresenta como analista, como o sujeito a exercer a escuta clínica? Assim, temos como objetivo questionar a naturalização da cisgeneridade na clínica psicanalítica. Contextualizamos, de início, a “monstruosidade” da transgeneridade nos discursos psi. E elaboramos, então, sobre o conceito de cisgeneridade em psicanálise, investigando as possibilidades do corpo trans na clínica –não como analisante, mas como analista.
Revista Eletrônica História Em Reflexão, 2024
Neste artigo, temos como objetivo analisar os processos de estigmatização e patologização aos qua... more Neste artigo, temos como objetivo analisar os processos de estigmatização e patologização aos quais determinados grupos de inscrições corporais foram submetidos ao longo da história da sociedade ocidental moderna. Compreende-se como inscrições corporais todas e quaisquer modificações realizadas sobre a superfície corporal. Enquanto algumas inscrições são exaltadas e enaltecidas, outras são estigmatizadas e alvo de discriminação social. Temos como lente teórica a filosofia anarquista, no intuito de reivindicar a autodeterminação e a autonomia de sujeitos cujas inscrições são marginalizadas, desde aquelas consideradas automutilações até as modificações corporais extremas. Temos como método a revisão bibliográfica. Concluímos, após revisão teórica, que a qualificação de certas inscrições corporais enquanto aceitas e positivas em detrimento da desqualificação de outras, que são tidas como negativas e bizarras, não são processos naturais, mas sim provenientes da densa estruturação de discursos religiosos, psiquiátricos e políticos. A origem da legitimação de certas inscrições é a mesma da deslegitimação e consequente estigmatização, isto é, a autoridade, que provém do Estado, da Igreja e do Hospital, como procuramos argumentar.
https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/historiaemreflexao/article/view/16476
Pfeil, C. L., & Pfeil, B. L. (2024). Uma Análise Histórica Anarquista das Inscrições Corporais na Sociedade Ocidental Moderna. Revista Eletrônica História Em Reflexão, 18(35), 62–84. https://doi.org/10.30612/rehr.v18i35.16476
Revista Praia Vermelha, 2023
Este artigo almeja oferecer, por meio de uma crítica decolonial à decolonialidade, o desenvolvime... more Este artigo almeja oferecer, por meio de uma crítica decolonial à decolonialidade, o desenvolvimento do conceito de colonialidade cisgênera. A partir da análise do conceito de colonialidade de gênero apontamos para suas lacunas em relação à cisgeneridade e às violências direcionadas contra corpos trans. Identificamos que, no feminismo decolonial, a cisgeneridade não é assumida. Propomos, com tal crítica, contribuir para os estudos de gênero, preenchendo a falta, no feminismo decolonial, de conceitos que abarquem as narrativas trans e que façam críticas contundentes à cisgeneridade enquanto norma.
Publicado no dossiê Feminismo decolonial em debate: perspectivas latinoamericanas em políticas públicas e direitos humanos. Revista Praia Vermelha, v. 33 n. 02 (2023)
https://revistas.ufrj.br/index.php/praiavermelha/article/view/55163
Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT), 2024
Artigo publicado no "Mapeamento de Saúde das Transmasculinidades Vivendo no Brasil", do Instituto... more Artigo publicado no "Mapeamento de Saúde das Transmasculinidades Vivendo no Brasil", do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT).
"As ciências humanas convivem com a primazia de um saber que busca se manter em hegemonia. As teorizações que partem de espaços institucionalizados carregam, consigo, a herança moderna e, portanto, colonial de um modo de pensar que invalida outros modos de pensar. Nesse viés, os saberes produzidos por pesquisadores trans se deparam com rejeição, invalidação e deslegitimação. Como corpos trans, é comum nos depararmos com diagnósticos sobre nossos desejos e identidades, mas não só: enfrentamos diagnósticos sobre nossas formas de pensar, sobre nossas estratégias de produção de conhecimento. O rigor científico considera nossos esforços teóricos ‘parciais’ ou ‘subjetivos’ demais e invalida nossa capacidade de análise crítica."
www.ibratnacional.com
Revista Estudos Transviades, 2023
Almejamos, neste breve ensaio, entrelaçar o conceito de corponormatividade (MELLO & NUERNBERG, 20... more Almejamos, neste breve ensaio, entrelaçar o conceito de corponormatividade (MELLO & NUERNBERG, 2013) às noções de cisnormatividade e de inscrições corporais. A partir de nossas experiências com modificação corporal, acesso ao processo transexualizador e a espaços institucionalizados de produção de conhecimento – ou seja, as universidades –, trataremos sobre como ser um corpo trans desafia as noções de normalidade corporal e transformação da corporalidade; trataremos sobre como ser um corpo modificado produz-se a si mesmo, ao mesmo tempo em que faz refletir em outros corpos sua desnaturalidade. Elaboramos este ensaio por meio da seguinte hipótese: o saber moderno institucionalizado produz patologização e criminalização de certas inscrições corporais, assim como de identidades trans, e tais processos de patologização e criminalização ocorrem concomitantemente à manutenção das violências sociais e institucionais. A afronta à corponormatividade é um desafio às governanças, assim como à cisnorma e às instituições modernas que propagam diversas formas de opressão.
A emergência de organizarmos relatórios e mapeamentos sobre transmasculinidades no Brasil deriva ... more A emergência de organizarmos relatórios e mapeamentos sobre transmasculinidades no Brasil deriva da invisibilização a que estamos sujeitos; da necessidade de compreendermos, quantitativamente e subjetivamente, as violências que nos atravessam, mas não somente: de que celebremos a pluralidade das narrativas e dos saberes produzidos dentre os nossos. Como tanto reforçamos, as transmasculinidades foram e são continuamente apagadas e esquecidas nas diversas esferas sociais, desde a midiática, quando somos ‘confundidos’ com mulheres cis lésbicas, por exemplo, até a acadêmica, quando não se pensam em transmasculinidades no campo dos estudos de gênero.
Ítaca
O presente artigo possui como motivação principal pensar em na maneira como as noções de individu... more O presente artigo possui como motivação principal pensar em na maneira como as noções de individualismo e de liberdade, nas filosofias satanista e anarquista, se assemelham ou destoam. Escolhemos a filosofia satanista como objeto de análise por também fazer críticas às igrejas e por fazer, de formas variadas, defesas à liberdade total e ao respeito mútuo. Nossa metodologia contempla a revisão bibliográfica de obras anarquistas, como as Bakunin, de Malatesta e de Kropotkin, e de obras satanistas, como as de LaVey e de Vivdivs. Como resultados, apresentamos uma análise comparativa entre ambas as filosofias, destacando aspectos dissonantes ou similares entre elas e discorrendo sobre elementos pelos quais as filosofias se mostram presentes, como perspectivas relativas a instituições sociais e a percepções de mundo. Concluímos que as filosofias anarquista e satanista possuem profundas discrepâncias, como o apreço satanista por instituições sociais e a oposição anarquista às mesmas, embor...
Autores: Sara York, Bruno Latini Pfeil, Cello Latini Pfeil
Entramos no ano de 2024. Poderíamos e... more Autores: Sara York, Bruno Latini Pfeil, Cello Latini Pfeil
Entramos no ano de 2024. Poderíamos encarar esta passagem como mais uma volta em torno do sol, sem demais significações. Dois mil e vinte e quatro poderia ser um ano ligeiramente distinto de seu predecessor, em relação às mudanças políticas, à irrupção de uma guerra, à continuidade de tantas outras. Mas algo os diferencia, e não nos referimos somente à passagem do tempo. O ano de 2024 possui dígitos bastante significativos; no caso, seus dois últimos nos remetem a uma categoria comumente difundida no imaginário social nacional: a categoria do viado.
O presente artigo tem como objetivo apresentar o conceito de colonialidade cishetero-endossexo, d... more O presente artigo tem como objetivo apresentar o conceito de colonialidade cishetero-endossexo, de modo a apontar para a lacuna dos estudos decoloniais em pensar as opressões que pessoas trans, intersexo e não-heterossexuais sofrem. Reconhecemos e exaltamos as importantes discussões decoloniais sobre gênero e sexualidade já realizadas, que trouxeram conceitos fundamentais como o de colonialidade de gênero e o de androcentrismo. A partir deles, tornou-se possível refletir sobre violências de gênero através da lente decolonial, ampliando as bases da luta contra a colonialidade. Todavia, percebemos, nestas discussões, a desconsideração da cisgeneridade, da endossexualidade e de sexualidades não-heterossexuais, de forma conjunta, o que se mostra como um grande obstáculo para a resistência e a luta de corpos não-cisheteroendossexo. O conceito de colonialidade cishetero-endossexo procura, então, evidenciar os atravessamentos coloniais/modernos da cisnormatividade, da heteronormatividade e da endonormatividade.
Este artigo possui como objeto de análise a negação da cisgeneridade em relação a si própria em e... more Este artigo possui como objeto de análise a negação da cisgeneridade em relação a si própria em espaços institucionalizados de produção de conhecimento. A cisgeneridade, institucionalizada tal como a heterossexualidade e a branquitude, é fator central, porém não nomeado, nos estudos sobre gênero e sexualidade. No entanto, ao nomearmos a cisgeneridade, nos deparamos comumente com sua rejeição enquanto conceito. Argumentamos, a partir de nossa experiência como corpos trans na academia, que esta rejeição toma forma de um fenômeno, o qual nomeamos de "ofensa da nomeação".
Almejamos, neste ensaio, refletir sobre os entrelaçamentos entre transexualidade, anarquismo e cr... more Almejamos, neste ensaio, refletir sobre os entrelaçamentos entre transexualidade, anarquismo e crítica à cisnormatividade. Longe de nos embasarmos em um suposto essencialismo sobre ‘ser trans’ ou ‘ser anarquista’, concentramos nosso estudo em uma crítica, trans e anarquista, à patologização e marginalização da transexualidade e à naturalização da cisgeneridade. Apontamos que organizações trans se valem de estratégias políticas alinhadas a princípios anarquistas – tais como ação direta, autodeterminação, apoio mútuo, violência revolucionária e indivisibilidade da liberdade –, e que movimentos anarquistas comumente reproduzem violências racistas/sexistas, em desacordo com os fundamentos de solidariedade e negação da autoridade. Apesar de tal postura contraditória, defendemos que os conceitos anarquistas fundamentais mostram-se necessários em lutas por emancipação trans. Assim, reforçamos a conceituação do trans-anarquismo, a partir da identificação do viés inerentemente libertário dos movimentos trans por despatologização da transexualidade, desnaturalização da cisgeneridade, combate à opressão intelectual e oposição à dominação do Estado e suas instituições.
O objetivo deste artigo é conectar os conceitos de colonialidade do poder, do saber, do ser e cis... more O objetivo deste artigo é conectar os conceitos de colonialidade do poder, do saber, do ser e cisgênera à noção de colonialidade global, para compreendermos como a internacionalização das colonialidades infere sobre as vidas de corpos nãonormativos. Utilizamos como ferramenta de análise a patologização da transexualidade enquanto evidência da internacionalização das colonialidades, e como uma crítica à perspectiva marxista que enviesa seu olhar para os impactos do capitalismo sobre a ordem social, desconsiderando a relevância do colonialismo - e de suas consequências racistas e patriarcais - na constituição de uma nova organização mundial de poder e violência.
Uploads
Dissertação by Cello Latini Pfeil
RESUMO:
Na presente pesquisa, nos interessamos em investigar como o estabelecimento da cisgeneridade enquanto norma se relaciona com a colonialidade e com a autoridade que estruturam os espaços de poder e de produção de conhecimento. Uma vez assumindo que o colonialismo – e, com ele, a normatização da cisgeneridade – teve como precursor as forças militares e administrativas dos Estados europeus, pensaremos como instâncias governamentais – sistemas jurídico, educacional e de saúde, burocracias cartoriais, forças policiais – exercem a manutenção da colonialidade, no que diz respeito a corpos trans. A originalidade da pesquisa advém da lacuna que há nas perspectivas anarquistas e decoloniais em estudos sobre transgeneridade e cisgeneridade. A partir de referenciais teóricos anarquistas e decoloniais, avaliaremos como ambas as perspectivas se entrelaçam ao analisarmos as violências cisnormativas direcionadas a corpos trans. Nesse sentido, direcionamos a pesquisa a partir de três hipóteses principais: 1) De que pessoas trans são alvo de violências cisheteronormativas, instituídas pela modernidade/colonialidade; 2) De que os movimentos sociais de pessoas trans refletem, em sua organização, os princípios fundamentais anarquistas de emancipação; 3) De que a análise desses movimentos e das violências é capaz de demonstrar como as perspectivas decolonial e anarquista são complementares entre si; 4) De que há uma lacuna, tanto no anarquismo como na decolonialidade, em relação a estudos sobre transgeneridade e cisgeneridade. Ademais, propomos o conceito de colonialidade cisgênera como uma forma de colonialidade específica da cisnormatividade, e que aflige diretamente os corpos trans. Para comprovar tais hipóteses, utilizamos, como nossa metodologia, análise bibliográfica e discussão teórica, assim como análise de dados sobre as violências contra pessoas trans. Os dados, em sua maioria, se concentram no contexto brasileiro, a partir da segunda década do século XXI. Já o recorte conceitual de tais estudos de gênero, que abarcam a história da cisgeneridade e da transgeneridade enquanto conceitos, data da segunda metade do século XX.
Capítulos by Cello Latini Pfeil
Artigos [PORT] by Cello Latini Pfeil
https://periodicos.ufcat.edu.br/index.php/ra/article/view/74699
Disponível em: https://www.fg2024.eventos.dype.com.br/anais/trabalhos/lista
A emergência do transfeminismo no Brasil é responsável grandemente pela introdução e divulgação do conceito de cisgeneridade em movimentos sociais, espaços artísticos e acadêmicos. Observamos, contudo, que as reações cisgêneras ao conceito comumente tomam a forma de negação, rejeição do termo, e percebemos que tal negação constitui-se como componente de um pacto narcísico. Almejamos, nesta comunicação, elaborar sobre a noção de pacto narcísico da cisgeneridade. Ao compreendermos, com Cida Bento, que a branquitude opera por meio de um pacto narcísico, protegendo-se institucionalmente daquilo que evidencia sua fragilidade, observamos que a cisgeneridade se utiliza de poder institucional para manter corpos trans em posição de incongruência. Assim, verificamos que, na constituição do pacto narcísico da branquitude, há um pacto narcísico da cisgneridade aliado à heteronormatividade, endonormatividade e corponormatividade. Ademais, caracterizando cisgeneridade como conceito, percebemos que, dentre seus componentes fundamentais - binariedade de gênero, heterossexualidade compulsória, recusa de qualquer forma de ambiguidade -, há a recusa de se nomear, ou de aceitar sua própria nomeação. A cisgeneridade em negação exprime o que designamos como "ofensa da nomeação", isto é, a reação à nomeação da cisgeneridade tal como se reagiria a uma ofensa. Componente central do pacto narcísico da cisgeneridade seria, então, a negação de sua demarcação. Eis nossa principal tese.
Disponível em: www.ibratnacional.com
Neste artigo, analisamos, desde uma perspectiva da teoria e criminologia cuir transfeminista, o reconhecimento de homens trans, pessoas transmasculinas e boycetas como sujeitos de direito na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06). Refletimos sobre as facetas do assassinato e da violência doméstica e intrafamiliar contra homens trans e pessoas transmasculinas como um crime de Estado - os transmasculinicídios. Ao mesmo tempo, discutimos a possibilidade do uso da Lei Maria da Penha como instrumento de enfrentamento às violências de gênero contra pessoas transmasculinas.
Em sua descrição do conceito “humanidade”, Douzinas (2016) denuncia seu caráter falacioso e narcisista, na medida em que a humanização se impõe como um ideal que resguarda a naturalização das identidades modernas e apaga modos de existência não-normativos. No campo da saúde, a humanização possui uma roupagem peculiar, pois se afasta exponencialmente de uma política de cuidado, trajando-se enquanto tal, mas exercendo sua tutela médica. A categoria de humanidade, então, se alinha à cisnorma, à branquitude, à heterossexualidade, à endossexualidade, universalizando-se tal como as identidades de gênero binárias e patriarcais da modernidade. Vejamos, então, como humanidade e cisgeneridade se intercalam.
Adotamos como objeto de análise a auto-negação da cisgeneridade em espaços institucionalizados de produção de conhecimento. Institucionalizada tal como a heterossexualidade, a branquitude, a endossexualidade e a corponormatividade, a cisgeneridade é um fator central, porém frequentemente não nomeado, nos estudos de gênero. Ao demarcarmos semanticamente a cisgeneridade, nos deparamos com sua rejeição cistemática enquanto conceito. Então, a partir de nossa experiência como corpos transmasculinos na academia, argumentamos que a cisgeneridade em negação toma a forma de um fenômeno, o qual nomeamos “ofensa da nomeação”, que constitui um dos pilares do que compreendemos como “pacto narcísico da cisgeneridade”. Nossa hipótese central é que a cisgeneridade se utiliza do pacto narcísico como estratégia fundamental de negação de si.
PFEIL, Cello Latini et al.. Sobre o pacto narcísico da cisgeneridade e a ofensa de desnaturalizar a diferença. Ciência e Arte do Encontro: o Rio de Braços Abertos... Campina Grande: Realize Editora, 2024. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/106702>. Acesso em: 22/05/2024 19:24
https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/historiaemreflexao/article/view/16476
Pfeil, C. L., & Pfeil, B. L. (2024). Uma Análise Histórica Anarquista das Inscrições Corporais na Sociedade Ocidental Moderna. Revista Eletrônica História Em Reflexão, 18(35), 62–84. https://doi.org/10.30612/rehr.v18i35.16476
Publicado no dossiê Feminismo decolonial em debate: perspectivas latinoamericanas em políticas públicas e direitos humanos. Revista Praia Vermelha, v. 33 n. 02 (2023)
https://revistas.ufrj.br/index.php/praiavermelha/article/view/55163
"As ciências humanas convivem com a primazia de um saber que busca se manter em hegemonia. As teorizações que partem de espaços institucionalizados carregam, consigo, a herança moderna e, portanto, colonial de um modo de pensar que invalida outros modos de pensar. Nesse viés, os saberes produzidos por pesquisadores trans se deparam com rejeição, invalidação e deslegitimação. Como corpos trans, é comum nos depararmos com diagnósticos sobre nossos desejos e identidades, mas não só: enfrentamos diagnósticos sobre nossas formas de pensar, sobre nossas estratégias de produção de conhecimento. O rigor científico considera nossos esforços teóricos ‘parciais’ ou ‘subjetivos’ demais e invalida nossa capacidade de análise crítica."
www.ibratnacional.com
Entramos no ano de 2024. Poderíamos encarar esta passagem como mais uma volta em torno do sol, sem demais significações. Dois mil e vinte e quatro poderia ser um ano ligeiramente distinto de seu predecessor, em relação às mudanças políticas, à irrupção de uma guerra, à continuidade de tantas outras. Mas algo os diferencia, e não nos referimos somente à passagem do tempo. O ano de 2024 possui dígitos bastante significativos; no caso, seus dois últimos nos remetem a uma categoria comumente difundida no imaginário social nacional: a categoria do viado.
RESUMO:
Na presente pesquisa, nos interessamos em investigar como o estabelecimento da cisgeneridade enquanto norma se relaciona com a colonialidade e com a autoridade que estruturam os espaços de poder e de produção de conhecimento. Uma vez assumindo que o colonialismo – e, com ele, a normatização da cisgeneridade – teve como precursor as forças militares e administrativas dos Estados europeus, pensaremos como instâncias governamentais – sistemas jurídico, educacional e de saúde, burocracias cartoriais, forças policiais – exercem a manutenção da colonialidade, no que diz respeito a corpos trans. A originalidade da pesquisa advém da lacuna que há nas perspectivas anarquistas e decoloniais em estudos sobre transgeneridade e cisgeneridade. A partir de referenciais teóricos anarquistas e decoloniais, avaliaremos como ambas as perspectivas se entrelaçam ao analisarmos as violências cisnormativas direcionadas a corpos trans. Nesse sentido, direcionamos a pesquisa a partir de três hipóteses principais: 1) De que pessoas trans são alvo de violências cisheteronormativas, instituídas pela modernidade/colonialidade; 2) De que os movimentos sociais de pessoas trans refletem, em sua organização, os princípios fundamentais anarquistas de emancipação; 3) De que a análise desses movimentos e das violências é capaz de demonstrar como as perspectivas decolonial e anarquista são complementares entre si; 4) De que há uma lacuna, tanto no anarquismo como na decolonialidade, em relação a estudos sobre transgeneridade e cisgeneridade. Ademais, propomos o conceito de colonialidade cisgênera como uma forma de colonialidade específica da cisnormatividade, e que aflige diretamente os corpos trans. Para comprovar tais hipóteses, utilizamos, como nossa metodologia, análise bibliográfica e discussão teórica, assim como análise de dados sobre as violências contra pessoas trans. Os dados, em sua maioria, se concentram no contexto brasileiro, a partir da segunda década do século XXI. Já o recorte conceitual de tais estudos de gênero, que abarcam a história da cisgeneridade e da transgeneridade enquanto conceitos, data da segunda metade do século XX.
https://periodicos.ufcat.edu.br/index.php/ra/article/view/74699
Disponível em: https://www.fg2024.eventos.dype.com.br/anais/trabalhos/lista
A emergência do transfeminismo no Brasil é responsável grandemente pela introdução e divulgação do conceito de cisgeneridade em movimentos sociais, espaços artísticos e acadêmicos. Observamos, contudo, que as reações cisgêneras ao conceito comumente tomam a forma de negação, rejeição do termo, e percebemos que tal negação constitui-se como componente de um pacto narcísico. Almejamos, nesta comunicação, elaborar sobre a noção de pacto narcísico da cisgeneridade. Ao compreendermos, com Cida Bento, que a branquitude opera por meio de um pacto narcísico, protegendo-se institucionalmente daquilo que evidencia sua fragilidade, observamos que a cisgeneridade se utiliza de poder institucional para manter corpos trans em posição de incongruência. Assim, verificamos que, na constituição do pacto narcísico da branquitude, há um pacto narcísico da cisgneridade aliado à heteronormatividade, endonormatividade e corponormatividade. Ademais, caracterizando cisgeneridade como conceito, percebemos que, dentre seus componentes fundamentais - binariedade de gênero, heterossexualidade compulsória, recusa de qualquer forma de ambiguidade -, há a recusa de se nomear, ou de aceitar sua própria nomeação. A cisgeneridade em negação exprime o que designamos como "ofensa da nomeação", isto é, a reação à nomeação da cisgeneridade tal como se reagiria a uma ofensa. Componente central do pacto narcísico da cisgeneridade seria, então, a negação de sua demarcação. Eis nossa principal tese.
Disponível em: www.ibratnacional.com
Neste artigo, analisamos, desde uma perspectiva da teoria e criminologia cuir transfeminista, o reconhecimento de homens trans, pessoas transmasculinas e boycetas como sujeitos de direito na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06). Refletimos sobre as facetas do assassinato e da violência doméstica e intrafamiliar contra homens trans e pessoas transmasculinas como um crime de Estado - os transmasculinicídios. Ao mesmo tempo, discutimos a possibilidade do uso da Lei Maria da Penha como instrumento de enfrentamento às violências de gênero contra pessoas transmasculinas.
Em sua descrição do conceito “humanidade”, Douzinas (2016) denuncia seu caráter falacioso e narcisista, na medida em que a humanização se impõe como um ideal que resguarda a naturalização das identidades modernas e apaga modos de existência não-normativos. No campo da saúde, a humanização possui uma roupagem peculiar, pois se afasta exponencialmente de uma política de cuidado, trajando-se enquanto tal, mas exercendo sua tutela médica. A categoria de humanidade, então, se alinha à cisnorma, à branquitude, à heterossexualidade, à endossexualidade, universalizando-se tal como as identidades de gênero binárias e patriarcais da modernidade. Vejamos, então, como humanidade e cisgeneridade se intercalam.
Adotamos como objeto de análise a auto-negação da cisgeneridade em espaços institucionalizados de produção de conhecimento. Institucionalizada tal como a heterossexualidade, a branquitude, a endossexualidade e a corponormatividade, a cisgeneridade é um fator central, porém frequentemente não nomeado, nos estudos de gênero. Ao demarcarmos semanticamente a cisgeneridade, nos deparamos com sua rejeição cistemática enquanto conceito. Então, a partir de nossa experiência como corpos transmasculinos na academia, argumentamos que a cisgeneridade em negação toma a forma de um fenômeno, o qual nomeamos “ofensa da nomeação”, que constitui um dos pilares do que compreendemos como “pacto narcísico da cisgeneridade”. Nossa hipótese central é que a cisgeneridade se utiliza do pacto narcísico como estratégia fundamental de negação de si.
PFEIL, Cello Latini et al.. Sobre o pacto narcísico da cisgeneridade e a ofensa de desnaturalizar a diferença. Ciência e Arte do Encontro: o Rio de Braços Abertos... Campina Grande: Realize Editora, 2024. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/106702>. Acesso em: 22/05/2024 19:24
https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/historiaemreflexao/article/view/16476
Pfeil, C. L., & Pfeil, B. L. (2024). Uma Análise Histórica Anarquista das Inscrições Corporais na Sociedade Ocidental Moderna. Revista Eletrônica História Em Reflexão, 18(35), 62–84. https://doi.org/10.30612/rehr.v18i35.16476
Publicado no dossiê Feminismo decolonial em debate: perspectivas latinoamericanas em políticas públicas e direitos humanos. Revista Praia Vermelha, v. 33 n. 02 (2023)
https://revistas.ufrj.br/index.php/praiavermelha/article/view/55163
"As ciências humanas convivem com a primazia de um saber que busca se manter em hegemonia. As teorizações que partem de espaços institucionalizados carregam, consigo, a herança moderna e, portanto, colonial de um modo de pensar que invalida outros modos de pensar. Nesse viés, os saberes produzidos por pesquisadores trans se deparam com rejeição, invalidação e deslegitimação. Como corpos trans, é comum nos depararmos com diagnósticos sobre nossos desejos e identidades, mas não só: enfrentamos diagnósticos sobre nossas formas de pensar, sobre nossas estratégias de produção de conhecimento. O rigor científico considera nossos esforços teóricos ‘parciais’ ou ‘subjetivos’ demais e invalida nossa capacidade de análise crítica."
www.ibratnacional.com
Entramos no ano de 2024. Poderíamos encarar esta passagem como mais uma volta em torno do sol, sem demais significações. Dois mil e vinte e quatro poderia ser um ano ligeiramente distinto de seu predecessor, em relação às mudanças políticas, à irrupção de uma guerra, à continuidade de tantas outras. Mas algo os diferencia, e não nos referimos somente à passagem do tempo. O ano de 2024 possui dígitos bastante significativos; no caso, seus dois últimos nos remetem a uma categoria comumente difundida no imaginário social nacional: a categoria do viado.
inferiorização de certas inscrições corporais, em detrimento da
naturalização de outras, e em relação a marcadores de gênero, raça
e normatividade. Partimos da hipótese de que o saber moderno
institucionalizado produz patologização e criminalização de certas
inscrições corporais, e tomamos como ferramenta de análise as
modificações corporais realizadas por pessoas trans. Argumentamos
que, ao afrontarmos a corponormatividade, ao demonstrarmos
autonomia corporal em relação a nossos desejos e identidades, a
retroativa institucional é violenta. Para tanto, nosso referencial
teórico é anarquista e decolonial.
"Las ciencias humanas conviven con la primacía de un saber que pretende mantener su hegemonía. Las teorizaciones que provienen de espacios institucionalizados llevan consigo el legado moderno y, consecuentemente, colonial de una forma de pensar que invalida otras formas de pensar. Así, el conocimiento producido por los investigadores trans se enfrenta al rechazo, la invalidación y la deslegitimación. Como cuerpos trans, a menudo nos enfrentamos a diagnósticos sobre nuestros deseos e identidades, pero no sólo eso: nos enfrentamos a diagnósticos sobre nuestras formas de pensar, sobre nuestras estrategias para producir conocimiento. El rigor científico considera que nuestros esfuerzos teóricos son demasiado "parciales" o "subjetivos" e invalida nuestra capacidad de análisis crítico."
www.ibratnacional.com
Science
27 Jun 2024
Vol 384, Issue 6703, pp. 1415-1416, DOI: 10.1126/science.adp8278
https://theanarchistlibrary.org/library/cello-latini-pfeil-bruno-latini-pfeil-a-comparative-analysis-of-the-institutionalization-of-bod
https://theanarchistlibrary.org/library/cello-latini-pfeil-for-trans-emancipation-transsexuality-and-anarchism
https://theanarchistlibrary.org/library/cello-latini-pfeil-bruno-latini-pfeil-is-satan-an-anarchist
Keywords: suicide; anarchism; sovereignty; death.
https://theanarchistlibrary.org/library/cello-latini-pfeil-an-anarchist-perspective-on-suicide
Keywords: institutional violence; transsexuality; cisnormativity; decoloniality.
https://theanarchistlibrary.org/library/cello-latini-pfeil-bruno-latini-pfeil-the-pathological-production-of-antagonism
https://theanarchistlibrary.org/library/cello-latini-pfeil-conceptualizing-tranarchism
Tradução realizada por Juan Filipe Loureiro Magalhães e Cello Latini Pfeil.
Apesar de escrever quase 2.000 páginas sobre política internacional, as obras do anarquista Pierre-Joseph Proudhon simplesmente não aparecem na historiografia ou no estudo da teoria contemporânea das Relações Internacionais. Defendo que isto é injustificável, ilustrando suas convincentes e duradouras percepções sobre a história e a natureza do "internacional". Proudhon empregou uma teoria sociológica e psicológica da justiça; ele via a guerra e o conflito como motores de mudança na sociedade; e ele via a ordem como emergente da profunda anarquia da sociedade (global). O presente artigo fornece uma leitura contextualizada de suas obras para ilustrar sua importância histórica, e demonstrar seu potencial para contribuir com a teoria de RI atual por meio de uma comparação com a Teoria Crítica contemporânea.
Resumo:
Estudantes sul-africanos retornaram, desde 2015, à vanguarda das lutas dos movimentos sociais do país. Foi central para essa onda de disputas o movimento #RhodesMustFall (#RMF) na University of Cape Town (UCT), que se uniu a insurreições em universidades de todo o país, sob a bandeira #FeesMustFall, concentrando as demandas na abolição das mensalidades, na descolonização da educação e da sociedade, e no fim da exploração dos trabalhadores do campus. Neste processo, os alunos imaginaram como a educação e a sociedade poderiam ser diferentes. Neste artigo, discutimos a relação entre movimentos sociais, ocupações e imaginário, ao examinarmos um evento crucial do movimento #RMF: a ocupação estudantil de um prédio administrativo da UCT. Como a teoria dos movimentos sociais possui uma concepção subdesenvolvida sobre o imaginário, nos baseamos na compreensão de Sartre e Fanon sobre imaginário, e a aplicamos ao ativismo dos estudantes. Com base em investigação qualitativa original, demonstramos como futuros imaginados orientam a atividade do movimento, enquanto que suas práticas prefigurativas na ocupação as encenam no tempo presente. A ocupação #RMF foi vista como uma ruptura da realidade que catalisou a imaginação dos estudantes, de modo a honrar suas críticas à sociedade e dando forma a dois imaginários centrais de futuros alternativos, a descolonização e a interseccionalidade. Os imaginários e encenações do movimento foram influentes na remodelação do panorama do ensino superior sul-africano, e até inspiraram movimentos internacionais.
Coordenação: Bruno Latini Pfeil; Cello Latini Pfeil; Nathan Victoriano; Nicolas Pustilnick; Thárcilo Luiz
Design: Uarê Erremays; Nicolas Pustilnick
ISSN 2764-8133
ISSN 2764-8133
Equipe editorial: Bruno Latini Pfeil; Cello Latini Pfeil; Nathan Victoriano; Nicolas Pustilnick; Thárcilo Luiz.
Design: Uarê Erremays; Nicolas Pustilnick
ISSN 2764-8133
Equipe editorial: Bruno Latini Pfeil; Cello Latini Pfeil; Nathan Victoriano; Nicolas Pustilnick; Thárcilo Luiz.
Design: Nicolas Pustilnick
ISSN 2764-8133
Mapeamento Educacional das Transmasculinidades no Brasil
ISSN 2764-8133
Coordenação: Bruno Latini Pfeil; Cello Latini Pfeil; Nathan Victoriano; Nicolas Pustilnick; Thárcilo Luiz
Design: Uarê Erremays; Nicolas Pustilnick
ISSN 2764-8133