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Corações sem destino
Corações sem destino
Corações sem destino
E-book493 páginas9 horas

Corações sem destino

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Sobre este e-book

Em uma vida passada, Rubens apaixona-se por Lívia, noiva de seu irmão Humberto. Mesmo tendo uma vida desequilibrada pelo jogo, pela bebida e pela promiscuidade, Rubens alimenta o sonho de ter Lívia em seus braços. Movido pela paixão incontrolável e pela inveja, decide matar seu irmão, empurrando-o sob as rodas de um trem. Porém, o crime jamais foi descoberto.
Anos depois, na espiritualidade, o próprio Humberto irá se empenhar para socorrer o irmão nas zonas inferiores e um novo planejamento reencarnatório é elaborado para Humberto, Rubens e Lívia. Mas, desta vez, é Humberto que não suportará ver Lívia ao lado de Rubens. Além disso, outros dissabores, na nova encarnação, aborrecem-no: o alcoolismo do pai e seu namoro com Irene, que o engana de todas as formas, só para ficar com ele.
Humberto, sentindo-se derrotado e inútil diante de tanto desgosto, e inconformado com o que vive, é acometido por transtornos psicológicos, deixando-se abater e caindo em profunda depressão.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de jun. de 2013
ISBN9788578131012
Corações sem destino

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    Livro maravilhoso, nos mostra que até os espíritos mais elevados e esclarecidos podem cair perante a invigilância e a falta de fé momentânea no criador. Ainda nos traz a grata surpresa de continuar, mesmo que de maneira coadjuvante, a continuação da história de amor entre Débora e Sérgio do livro Força para recomeçar: Consequências do passado.

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Corações sem destino - Eliana Machado Coelho

viver

1

No plano espiritual

Lívia havia acabado de deixar o grandioso edifício da biblioteca e, experimentando um sentimento de alegria indefinível, caminhava em direção à bela alameda principal quando ouviu o seu nome. Virando-se, avistou Humberto exibindo largo sorriso.

Acelerando os passos em sua direção, ele a abraçou, com expressiva alegria, demonstrando saudade. Afagando-lhe o rosto, com carinho, beijou-a e disse em seguida:

— Como estou feliz em vê-la!

— Eu também! Demorou tanto na crosta terrena dessa vez!

— Acabei de chegar. Fui até o Ministério do Auxílio, mas o Diogo não estava. Resolvi alguns assuntos por lá, depois fui até em casa e minha irmã disse que você estava aqui.

Agora foi Lívia que o abraçou demoradamente e beijou-lhe a face com extrema ternura. Em seguida, Humberto sobrepôs o braço em seus ombros e passaram a caminhar vagarosamente pela calçada ladeada de graciosa cerquinha branca que separava um lindo gramado verde, com belos canteiros floridos entre as árvores de magnífica beleza.

Ela, tal qual delicada estudante, segurava um livro apertado ao peito e sustentava agradável sorriso enquanto o ouvia com atenção. Diante da breve pausa, perguntou:

— Como estão os amigos e parentes encarnados?

— Alguns com dificuldades para se manterem fiéis aos propósitos reencarnatórios. Outros se esforçam para reagir às tentações, vencer os obstáculos ou desafios. Para isso se lembram e se religam ao Criador através das preces. Porém, quando estabilizados e com a vida mais calma, esquecem-se de Deus, dos ensinamentos de Jesus e acabam ligando-se novamente a mentes de espíritos doentes e desequilibrados pelas práticas, hábitos viciosos e, principalmente, pelos pensamentos infelizes.

— Eles não atendem às inspirações elevadas dos espíritos bons, não é?

— Mentores, amigos e tarefeiros espirituais de nível superior, em atividades específicas no campo de orientar através de inspirações, não os abandonam, mas nem sempre são ouvidos. Os encarnados não dão atenção aos pensamentos sutis, simples e benéficos que lhes chegam. Como sabe, alguns freqüentam uma boa casa espírita. Outros são assíduos católicos e isso é positivo para eles, pois a religiosidade e o período diário que dedicam às preces é o mesmo para a administração de fluidos benéficos que os livram de impregnações indesejáveis. No entanto, de tempo em tempo, quando a vida fica mais calma, sem dificuldades, eles se esquecem das preces diárias, deixam de freqüentar uma boa casa de oração e acabam atendendo a força mental inferior, ligando-se à vasta rede de entidades maléficas que querem se vingar, levá-los a amarguras, angústia ou vampirizá-los.

— Eu sei como é isso, Humberto. Para muitos encarnados é difícil repelir ou se desligar das tentações que os levarão ao fracasso em todos os sentidos, pois essas tentações vêm disfarçadas de alegria, prazeres, comodidades ou diversões.

— É, eu sei — argumentou de modo triste. — Peço a Deus que me dê forças para que, na próxima encarnação, eu consiga vencer os meus desafios, com fé e amor, seguindo os ensinamentos de Jesus.

— Ah! E como está o senhor Leopoldo? — ela perguntou alegremente.

— Correu tudo bem no reencarne de meu pai! Ele foi recebido com muita alegria.

— Seu ex-pai! — brincou, sorrindo.

— É! Mas, uma vez pai, sempre pai. Eu não consigo chamá-lo de senhor Leopoldo — riu. Depois comentou: — Eu o acompanhei em tudo. Foi bem emocionante. Todos estavam felizes por ser um menino e...

Humberto continuou contando os detalhes com expressão satisfeita enquanto caminhavam a passos lentos até a casa onde residiam naquela colônia.

* * *

No aconchego do lar, após conversarem atualizando algumas novidades, Humberto apreciava um chá revigorante quando Lívia o olhou de modo sério e avisou:

— Preciso conversar com você.

Ele sentiu-se invadido por algo muito estranho. Um pressentimento ruim pareceu amargurá-lo ao mesmo tempo em que seu peito apertava.

— O que aconteceu? — perguntou calmo.

— Eu estive pensando e... Bem, diante da dificuldade de todos aqueles que amamos... Para auxiliá-los, acredito ser melhor eu reencarnar.

— Não... — murmurou como um lamento. — Não, meu amor, isso não é o melhor a fazer agora.

— Humberto, já falamos sobre isso antes e eu esperava que entendesse. Não consigo mais ficar tranqüila aqui sabendo das perturbações dos nossos queridos em outros sítios espirituais. A Irene, por exemplo, necessita retornar à vida terrena, e eu poderia recebê-la, como também poderia receber a Neide, de quem você gosta tanto.

— Como assim?!

— Eu poderia recebê-las como filhas.

— Lívia... — Uma angústia o invadiu detendo-lhe as palavras. Passados alguns segundos, ele se forçou e prosseguiu: — Meu bem, nós temos planos! Temos uma história interrompida que pode ser linda e produtiva mesmo na Terra. Você sabe que eu não tenho planos para reencarnar agora. Não me sinto tão preparado. Já falamos sobre isso.

Olhando-o de modo singular, ela murmurou sem trégua:

— Você fica. Eu vou.

Aquela sugestão chegou como um choque. Amargurado, argumentou sussurrando:

— Não planejei isso. Não vou suportar vê-la longe e...

— Eu tenho que harmonizar a minha consciência e posso aproveitar para ajudar a Irene, principalmente.

— Quem falou que ela quer, de verdade, ser ajudada? Pense! A Irene já perdeu várias oportunidades de elevação que não deram certo, principalmente por culpa de sua luxúria, de sua vaidade e orgulho que a fazem manipular situações por causa de seus caprichos.

— Não é só por isso. Preciso ser mais forte, mais independente e...

— Lívia, não tenho qualquer dificuldade para reencarnar, mas não gostaria que fosse agora. — Olhando-a firme, quis saber: — Quem pediu ou sugeriu tal idéia a você foi a Irene?

— Não... Quer dizer... Eu fui visitá-la e... Ela não pediu diretamente. Nós conversávamos e a idéia surgiu. — Aproximando-se, afagou-lhe a face fazendo-o virar para que a encarasse: — Humberto, a Irene foi uma filha querida e uma amiga de séculos. Durante todo o seu tempo na espiritualidade, ela estuda e se empenha para trabalhar os seus vícios morais, não ser arrogante, vaidosa, imponente... Ela vai conseguir. Eu posso ajudá-la. — Breve pausa e perguntou: — Você tem alguma mágoa ou ressentimento dela por causa do passado?

— Não. Não tenho ressentimento, mas não quero me envolver em qualquer assunto que diga respeito à Irene e acredito que você não precise se sacrificar tanto. Tudo pode ser diferente. É muito amor, mas também muita renúncia de sua parte, você a conhece. — Repentinamente, ele questionou: — Lívia, se eu devo ficar, com quem pretende se unir para recebê-la?

— Com o Rubens — respondeu temerosa. — Você sabe que tenho muito a harmonizar e existiram situações do passado que nos envolveram e que...

Humberto sentiu-se mal. Levantando-se, caminhou vagarosamente pela sala enquanto Lívia o acompanhava com o olhar. Ele esfregou o rosto com as mãos e apoiou-as, em seguida, em uma mesa. Olhou para o alto e rogou baixinho:

— Senhor, dê-me forças!

— Humberto! — exclamou, levantando-se rápido. Abraçando-o pelas costas, Lívia apertou-o contra o peito e pediu: — Por favor, não fique assim!

Virando-se, ele segurou delicadamente os seus braços e a olhou firme ao indagar:

— Como quer que eu me sinta?! — Sem obter respostas, prosseguiu angustiado: — O Rubens se debate em sofrimento no Umbral há cerca de meio século. Você bem sabe o quanto eu venho tentando ajudar o meu irmão por todos esses anos. Ele nunca ouviu os meus bons conselhos quando encarnado e agora não é diferente. Das raras vezes em que tive êxito em inspirá-lo, só consegui fazer com que sentisse um grande arrependimento pela forma como ele viveu, pela vida promíscua, pela bebida, pelo jogo, por minha morte... O Rubens não tem paz na consciência por ter me tirado a vida terrena sem que alguém, nunca, tivesse desconfiado. Com isso, ele interrompeu a ordem de um grande planejamento reencarnatório, impedindo, inclusive, a nossa união. Estávamos noivos, lembra?

— Como eu poderia esquecer?

— Foi para ficar com você que ele me matou. Meu irmão acreditou que o tempo a levaria para os braços dele.

— Mas não foi isso o que aconteceu. Eu errei. Sei que errei quando percebi os olhares conquistadores do seu irmão e simplesmente sorri em vez de reprová-lo. Foi uma forma de incentivo ao Rubens. Já me puni muito por isso. Você sabe!

— Sim, eu sei. Calma. Não fique assim — pediu ao vê-la nervosa. — Ele estava desequilibrado e sua atitude alimentou suas idéias e a fascinação por você.

— Humberto, eu sei que errei. Não entendo por que não o repreendi na época. Na verdade, eu era vaidosa, gostava de ser admirada e pensei que fosse, por parte dele, uma atração passageira pela minha beleza e meu modo de ser. Tenho certa responsabilidade pelo que ele fez a você e preciso harmonizar isso. Minha consciência cobra.

— Mas não precisa ser dessa forma, Lívia. Veja, meu desencarne foi difícil. Eu era jovem, repleto de energia e com muitos planos. Graças a Deus e a minha conduta de vida fiquei poucas horas em estado de perturbação. Socorrido com presteza no plano espiritual, muito bem cuidado por amigos que, inclusive, eu ignorava ter, me equilibrei rapidamente. Ao entender que ele me matou, eu não quis saber o motivo. Fiquei confuso, lamentei muito e aceitei as novas condições. Apesar da dor, da imensa dor da nossa brusca separação, apesar de todo o meu amor por você, eu procurei entender, pois tive esperança de um futuro melhor na próxima encarnação. Para não me abalar, fiquei anos sem informações do lar terreno e de você. Somente com a chegada de minha mãe no plano espiritual, eu tive notícias suas. Soube o motivo pelo qual ele me matou e fui visitar a crosta terrena, acompanhando e me inteirando de tudo.

Não foi fácil, Lívia. O Rubens alterou tanto o nosso destino que você, pela dor de me perder, por saudade, ficou debilitada emocionalmente e, apesar de sua luta para resistir a tamanho sofrimento, sua dor abalou o seu físico e você adoeceu. Ficou vulnerável e a tuberculose foi mais forte, fazendo-a desencarnar ainda muito jovem e em meus braços, na espiritualidade... Pois eu, espírito, acompanhei cada segundo de seu último ano na Terra. — Breve pausa e falou sentido. — Não era para ser assim.

— Eu sei. Foi você quem providenciou todo o socorro e sustentação para eu ser bem acolhida na espiritualidade, Humberto.

— Não! Foi você quem teve merecimento. Sabe, precisei colocar à prova toda minha resignação diante de tudo. Tem idéia do que é isso?! Foi necessário eu me conformar com tudo o que aconteceu e eu não sei se, verdadeiramente, consegui perdoar ao meu irmão. Tínhamos um planejamento reencarnatório lindo! Uma tarefa promissora que ajudaria muitos! Eu queria viver ao seu lado! — Alguns segundos e prosseguiu: — Foi minha fé, foi por acreditar na justiça Divina que continuei em equilíbrio e aguardando o momento de retornarmos a reencarnar para cumprirmos o que planejamos. Agora, mais de cem anos aqui na espiritualidade, nós estudamos, nos equilibramos, trabalhamos com uma finalidade, com um objetivo que não é esse que me propõe. Lívia, não me peça, agora, para abrir mão da minha harmonia, pois eu não vou conseguir ficar tranqüilo aqui, sabendo que você está encarnada com o propósito de se unir ao meu irmão. Além do que, não se sabe se ele sairá das condições em que se encontra com brevidade.

— Nós chegamos a comentar sobre a possibilidade de Rubens renascer como nosso filho. Você mesmo sugeriu isso para amá-lo incondicionalmente.

— Nessa possibilidade estaríamos juntos. Um fortalecendo o outro para amá-lo, ampará-lo e ensiná-lo. Mas pelo que vejo você quer ir sozinha para ficar à mercê dele, que é dependente de tantos vícios e imperfeições com inúmeros defeitos morais. Ora, Lívia, não posso me conformar com essa idéia! Casar-se com o Rubens e receber a Irene como filha, a Neide... Quem mais você deseja unir nesse planejamento?! O Luís?! A Cleide?! — Ela não respondeu. — Você está se deixando levar pela sugestão da Irene!

— Não! Estou atendendo ao meu coração. E pensei também no Luís e na Cleide. Por que não?

— Ora, por favor! — exclamou em tom moderado, mas contrariado.

— Humberto, o Rubens ao tirar a sua vida terrena, roubou-nos a felicidade no mundo. Por todos esses anos ele se tortura por isso experimentando um sofrimento sem igual. É agredido por outros espíritos ignorantes que o acusam de assassino! Ele revê mentalmente o instante do desencarne do próprio irmão como se fosse ele que estivesse no seu lugar naquele momento. Lentamente ele vê e sente o impacto do trem para o qual ele te empurrou. Sente como se fosse dele o corpo a ser esfacelado, triturado! Coisa que você não experimentou!

— Não porque eu não sou assassino! O que você queria?!

— Que você entendesse a minha decisão. Estou entrando com o pedido para isso.

— Então você já decidiu, Lívia? Não está comentando

comigo a sua idéia? — perguntou perplexo, mas sem se alterar.

— Humberto!... — falou implorando sua compreensão e indo ao encontro dele.

— Espere — sussurrou, ao espalmar a mão, pedindo que parasse. — Espere um pouco. Eu não estou bem. Esse assunto está me abalando e... Bem, eu preciso sair. Não é bom continuarmos com essa conversa. Depois falamos a respeito disso.

Ele afagou a face de Lívia, olhou-a por alguns segundos e a puxou para um abraço. Em seguida, beijou-lhe a testa demoradamente e, ao se afastar, disse baixinho:

— Lembre-se de uma coisa: eu te amo muito.

— Eu também te amo — murmurou.

Virando-se, ele se foi. Lívia, por sua vez, ficou inquieta e angustiada. Retirando-se para seu quarto, deitou-se na cama e chorou muito.

* * *

Após horas de caminhada, cujo tempo foi usado para profunda reflexão, Humberto propositadamente deteve-se diante de charmosa residência na qual a frente era embelezada por um jardim colorido e gracioso pelas flores harmoniosas.

Entrando na casa, logo foi recebido por sua mãe que sorriu ao vê-lo.

— Filho! Pensava em você! — Abraçaram-se e a senhora de cabelos grisalhos, com um coque preso na nuca, conduziu-o, vagarosamente, para que se sentasse. — Que notícias me traz, Humberto?! Não o vejo desde que foi para a crosta acompanhar o nascimento de seu pai!

Sorrindo ele avisou:

— Sua bisneta Sara está bem. Recebeu com imensa felicidade o filho que nasceu.

— Seu pai! Meu querido Leopoldo!

— Por que a senhora não quis acompanhar o retorno dele, mãe? Teve permissão.

— Em pensar a que ele se propôs para não ter tanta cobrança na consciência que o deixava desesperado! Ah, não! Já é muita emoção acompanhar tudo a distância. Tenho pensado muito a respeito. Preciso me preparar bastante, pois, cerca de três anos, será a minha vez de retornar para, daí a alguns anos, me encontrar com ele.

— Poucos anos antes de desencarnar, por conseqüência do meu repentino desencarne na última experiência terrena, o pai se entregou ao vício do álcool e não o venceu, antecipando o seu retorno ao plano espiritual pelas deficiências causadas em seu organismo pela bebida. Quando se desencarna levam-se junto os vícios, os efeitos que eles causam e muito sofrimento, sendo necessária a experiência de vencê-los e encarar os seus resultados.

O silêncio reinou absoluto por longos minutos e, observando-o melhor, a senhora perguntou bondosa:

— Humberto, o que você tem filho?

— Alguns pensamentos inquietantes. Não quero incomodá-la com isso, mãe.

— E quando foi que você me incomodou?! Deve ser algo bem importante para deixá-lo assim. Eu o conheço, Humberto.

Dando trégua ao silêncio, em minutos, ele lhe contou tudo o que o amargurava, pois confiava nos conselhos da senhora Aurora.

— Eu entendo, filho — murmurou preocupada. — Mas não fique desgostoso. Pensamentos ansiosos e nervosos emanam substâncias fluídicas venenosas que não farão bem a você nem a ninguém. Eu bem sei disso. Como padeci com a angústia que eu mesma criei pela falta de fé. Não se deixe abater. Ninguém está livre.

— Mãe — falou, olhando-a nos olhos —, antes de retornar à colônia, eu estive no Umbral e vi o Rubens. Tentei alcançar o seu nível de consciência, mas ele está aterrorizado e revoltado com o que vive. É bem possível que ele não creia em Deus como deveria. O meu irmão experimenta muita rebeldia, mesmo com tamanha dificuldade. Então, o seu reencarne pode ser compulsório, sem muito tempo para aprender no plano espiritual. Isso pode resultar uma pessoa difícil, tempestuosa, agitada e... Mãe, ele não será um bom companheiro.

— Você diz isso baseado na maioria dos casos que vê. Porém, pode ser diferente com ele.

— Mãe, lembre-se de todos os vícios e defeitos morais que ele tem. O Rubens não será um bom companheiro para ninguém, muito menos para a Lívia.

A senhora Aurora puxou sua cadeira para mais perto do rapaz, que se debruçou na mesa, e afagou-lhe os cabelos com generosidade materna. Alguns minutos se passaram e ela se manifestou novamente:

— Humberto, meu filho! Levante essa cabeça! Não se desequilibre!

Ele se ergueu e pôs-se a fitá-la com olhos brilhantes.

— O que eu posso fazer, mãe? Ficar feliz com isso?!

— Foi você quem me ensinou a respeitar e aceitar a opinião de alguém. Disse que nós temos o livre-arbítrio, mas é Deus quem dirige o nosso destino.

— Estou contrariado, mãe.

— Nunca o vi assim, filho, e não estou gostando. Onde está a sua fé? Onde está o seu respeito à opinião alheia? Por que não respeita e aceita o desejo da Lívia?

— É diferente!

— Não, não é! — falou firme. Tocando-lhe o ombro para fazê-lo encará-la, dona Aurora argumentou: — Quando eu vivi na Terra, na última encarnação, e experimentei a provação de perder o meu filho mais novo num suposto acidente, pensei que eu fosse enlouquecer. Na verdade, morri em vida. Senti sua falta de uma forma impressionante. Pensava ouvir os barulhos que fazia dentro de casa e acreditava que era você. Sentia o seu cheiro nas roupas, o seu perfume, preparava o seu prato... Como é difícil perder um filho! Você estava noivo. Seu pai o ajudou a comprar uma boa casa e tinha muitos planos. De repente, a notícia de sua morte: atropelado por um trem. O seu irmão, o Rubens, não imagina como eu sofri. Ainda mais quando ele sugeriu que você se suicidou. Oh, meu filho!... — Lamentou com lágrimas nos olhos. — Como fiquei desesperada! Quanta dor! Vivi uma angústia e um desgosto pelo resto de meus dias terrenos. Não atendi aos conselhos recebidos. Não procurei ser ativa. Entreguei-me à tristeza e ao desespero. Nada amenizava a minha dor. Fui egoísta demais. Só pensava na minha dor e não me importava nem com o seu pai, que se entregou à bebida porque sofria também. Neguei-me até para os seus irmãos e me tornei um fardo para eles que se cansaram da minha depressão. Eu só queria ter você de volta. Cinco anos após o seu desencane, eu vim para a pátria espiritual. Permaneci em um estado semelhante ao de um sono profundo, por mais de um mês e fui assistida por nossos amigos. Ao reencontrá-lo, quanta felicidade! Meu filho querido estava bem! Estava lindo como sempre! Foi então que eu soube que o seu irmão o havia matado. — Breve pausa e continuou: — Humberto, você me acompanhou e me socorreu por causa das minhas vibrações desesperadas que geravam fluidos pesarosos. Por isso precisei permanecer, por mais de um ano, em pavilhões hospitalares. Você e minha mãe, sua avó, me sustentaram o ânimo e me fizeram reconhecer que o desespero de nada serviria a não ser para o meu desequilíbrio, para a minha inutilidade e o risco de eu me atrair para grande sofrimento no Umbral. O meu egoísmo foi o que me atirou na depressão e me deixou inútil diante da dor. Eu sei que precisarei reparar isso. O tempo foi passando e eu me recuperei. Aprendi muito e me tornei operante. Depois, novamente, fiquei abalada pelo seu pai, por ele vivenciar longa e dolorosa perturbação no Umbral e tudo por conta de seu vício no álcool, que lhe roubou a saúde física, encurtando os seus dias terrenos. Porém a culpa maior foi minha por não estar ao lado dele, por não ouvi-lo e por não dividirmos a mesma dor. As condições deprimidas, das quais não me esforcei para sair, tiveram um grande peso para o seu pai. Ele não agüentou e começou beber daquele jeito. Por isso eu preciso ajudá-lo e acompanhá-lo na próxima encarnação.

— Foram suas insistentes vibrações e visitas ao meu pai que o fizeram sair de região de tamanha dor e o levaram a ser socorrido na colônia onde ele se recompôs, se equilibrou, se recuperou e aprendeu. O seu amor e a sua vigília impulsionaram forças ao meu pai e o fizeram reagir e orar.

— Mas o mesmo não aconteceu ao seu irmão. Quando encarnado, meu pobre Rubens tirou a sua vida, tentou convencer Lívia a um romance com ele e só deixou a pobre moça em paz quando soube de sua grave doença. Depois ele se casou, traiu a Neide com várias mulheres, infestou-se de energias doentias e, espiritualmente, nojosas, que vivem encrostadas em seu corpo espiritual até hoje. Colaborou para o nascimento de cinco filhos. Três com a própria esposa. Os outros dois, pobrezinhos, tiveram uma vida ingrata por culpa do Rubens. Além disso, ele é responsável, indiretamente, por cinco abortos, e esse é um crime muito grave, cujas mães mataram o próprio filho por saberem ou desconfiarem que ele, um homem casado, não lhes daria assistência.

— O Luís e a Cleide foram os filhos concebidos fora do casamento. Estou sabendo — disse Humberto.

— Sim. A Cleide, muito meiga e dócil, aceitou a vida infeliz proposta pelo pai que a abandonou à sorte ingrata do mundo. Ainda mocinha, na ocasião da morte de sua mãezinha, procurou pelo Rubens, mas ele não a reconheceu nem a apoiou, deixando-a à mercê de um mundo cruel. Quanto ao Luís, filho do Rubens ainda com outra mulher, nunca perdoou ao pai pelo abandono, pela vida desgraçada. Eles vão precisar ter contato em algumas encarnações, mas não poderão ser muito próximos. — Alguns instantes de silêncio e continuou: — Humberto, meu filho, você foi capaz de entender e aceitar o seu irmão, mesmo não estando de acordo com o que ele fez, vem mostrando o seu amor através de tanta assistência e tentativa de socorro ao Rubens. Agora, não consegue respeitar o desejo da Lívia!

— Não sei se amo o meu irmão como deveria, mãe. Para comprovar isso, só o tendo muito próximo quando reencarnado sob a bênção do esquecimento. A verdade é que eu tenho muito medo disso. Com o esquecimento, será que eu posso ir contra todos os meus princípios e desejar o seu mal? Sabe o que isso significaria? Temo não suportar essa provação. — Sem ouvir qualquer resposta, prosseguiu: — Quanto à Lívia... Bem, com ela é muito diferente. Até onde sei, eu e a Lívia sempre fomos almas afins. Nós nos completamos. Em muitas oportunidades de vida terrena, nós nos unimos como um casal, tivemos filhos... Temos uma história! Viemos nos ajudando na caminhada evolutiva. Eu a amo muito! De todo o meu coração! De todo eu, espírito! Amo-a muito! É como se ela fosse metade do meu ser! Veja, se, por determinada razão evolutiva ou de harmonização, precisasse se unir a outro, é lógico que eu aceitaria, entenderia e a ajudaria, como já aconteceu. Mas não sei se é o caso, pois esse outro é o Rubens. — Alguns instantes e comentou: — Vivemos um sentimento puro, uma vida salutar e temos planos elevados com os quais auxiliaremos muitos! No entanto, agora, ela quer se unir a ele e receber criaturas conhecidas e amigas dentro da nossa compreensão evolutiva, mas não deles e com as quais a Lívia não tem débitos ou obrigações.

— Num passado remoto a Irene já foi filha da Lívia.

— Sim, mãe, eu sei. Mas...

— Acho que sei por que a Lívia quer fazer isso.

— Por quê? Explique-me, por favor!

— Aqui, no plano espiritual, sabemos que não é tão difícil, quanto na vida terrena, trabalharmos algo que nos faça declinar. Quando vocês estavam noivos e de casamento marcado, a Lívia, que sempre foi muito bonita e elegante, precisava se sentir mais confiante, mais segura, por isso aceitava os olhares, os elogios e os cortejos do Rubens. Ela não sabia que, com essa atitude, incentivava-o a uma postura e comportamento errado. Por causa disso, ele teve esperança de conquistar a noiva do irmão. A Lívia deveria tê-lo colocado em seu devido lugar, adverti-lo e não ter se calado e trocado olhares e sorrisos. Esse comportamento alimentou o desequilíbrio do Rubens que decidiu matá-lo para ficar com ela. Ele tinha muita inveja de você e ninguém sabia disso.

Quando estamos encarnados, filho, acreditamos que nossos pensamentos, bem como as coisas mais sigilosas que fazemos, nunca serão descobertos por alguém. Quanto engano! Ao chegar ao plano espiritual, Lívia deparou-se com você que sabia exatamente de tudo. Apesar de amá-lo, de adorá-lo, ela admitiu e, de certa forma, aceitou os cortejos do futuro cunhado, pensando que jamais seria descoberta, que seria algo inocente e sem conseqüências. Estava enganada. Isso a atormenta desde quando você desencarnou. Desde aquela época, o seu inconsciente a culpava e foi por isso que adoeceu. Agora essa situação do passado a tortura a ponto de querer reparar, porque os seus atos custaram a interrupção de suas vidas terrenas.

— Era bem possível que o Rubens tentasse algo contra mim mesmo sem o incentivo de Lívia, pois trazia sentimentos do passado e era isso que ele precisava harmonizar e não o fez.

— Sim. Eu sei. Em tempos remotos, também por inveja de você, o Rubens fez de sua vida um inferno. Roubou-lhe a esposa e lhe tirou a paz. Nessa época, você era casado com a Irene, que não resistiu às más tendências e o traiu, o abandonou jovem e com os dois filhinhos pequenos, o Flávio e a Neide, os netos que eu não quis te ajudar a cuidar naquela época, porque eu não fiz gosto ao seu casamento com a Irene.

— Vivi uma experiência extremamente difícil e infeliz. Quantas vezes pensei em acabar com tudo. Nossa!...

— Só não o fez porque a Lívia, em espírito, esteve com você dia e noite. Ininterruptamente sustentou-o com todo o seu amor, dando-lhe forças para resistir a tão dura provação.

— A possibilidade de ver Lívia vivendo ao lado do Rubens me atormenta.

— Não deixe que isso aconteça, Humberto. Sabe qual será o resultado.

— Estou pensando em ir falar com o Sérgio ou com o Diogo. Eles sempre foram meus amigos e vão saber como me aconselhar.

— Faça isso, filho — incentivou animada.

Alguns segundos e Humberto ofereceu leve sorriso, segurou as mãos dela entre as suas e as beijou agradecido.

— Obrigado, mãe. Como é valoroso ter quem nos ouça, oriente e estimule ao que é certo.

— Conte comigo, filho. Faço tudo por você!

— Obrigado. — Levantando-se, decidiu: — Agora preciso ir.

Após abraçá-la, com ternura, beijou-a e se foi.

* * *

Retornando à sua casa, Humberto recolheu-se a um pequeno aposento cujas paredes eram literalmente forradas de livros.

Acomodando-se atrás da escrivaninha de aparência antiga, que, além dos objetos necessários ao estudo, era decorada por gracioso vaso com flores, apoiou os cotovelos, sustentou a fronte com as mãos e permaneceu ali, quieto e em prece, por longo tempo.

Suave batida à porta o chamou ao momento presente.

Erguendo o rosto, ajeitou-se e permitiu:

— Entre!

— Com licença, meu irmão? — pediu uma mulher aparentando meia idade. Cabelos levemente grisalhos emolduravam agradavelmente seu rosto simpático e sorridente.

Seu nome era Júlia. Havia sido filha de dona Aurora e irmã de Humberto, na última encarnação.

Esboçando generoso sorriso, ele pediu:

— Entre, Júlia! Por favor, minha irmã! Eu queria mesmo conversar com você.

Delicadamente ela fechou a porta, garantindo privacidade. Puxou uma cadeira, sentou-se frente a ele e perguntou:

— Não vai fazer a refeição conosco?

— Não — respondeu com simplicidade. Em seguida, considerou em tom brando para ensiná-la: — Creio que já deve saber sobre a decisão de Lívia e, como não poderia ser diferente, estou abalado. E, aqui, não se senta à mesa aquele cujas ondas vibratórias produzem fluidos pesarosos, o que é verdadeiro veneno se misturado aos fluidos salutares das substâncias alimentares. Isso nos intoxica.

— Nesta colônia, sei da existência de residentes que, por não precisarem, se isentam, quase por completo, das substâncias alimentares, mas nunca totalmente e jamais das nutrições espirituais! — sorriu. — Aprendi também que os tarefeiros do Ministério do Auxílio não podem, sobremaneira, dispensar a nutrição de concentrados fluídicos apresentados como caldos, frutas e sucos. E você, Humberto, como considerável prestador de serviço no Auxílio, despende imensa quantidade de energia e necessita repô-las.

— O amor é o verdadeiro alimento do espírito! — sorriu generoso.

— Sem dúvida! Contudo você possui um perispírito e esse corpo espiritual precisa de forças compatíveis a esse plano. Se não deve se unir aos demais para se alimentar, permita-me trazer a sua refeição aqui.

Sustentando sorriso agradável, ele disse:

— O conhecimento está deixando-a mais esperta, Júlia! Tempos atrás você não era assim!

— Humberto — falou com doçura —, você chegou há pouco de tarefa árdua. Alimente-se, para não esgotar as energias, ou eu vou contar para a nossa mãe.

Ele riu gostoso e respondeu:

— Depois. — Com expressiva preocupação, que tentava disfarçar, o irmão comentou após alguns minutos: — A Lívia deve ter comentado contigo sobre a decisão dela.

— Sim, comentou.

— Júlia, estou inquieto, apreensivo, preocupado e com um mau pressentimento. Não estou me sentindo bem.

— Estou surpresa por vê-lo falar assim. Sempre o admirei por sua força interior, seu bom ânimo, sua fé nos momentos mais instáveis, sua convicção no bem e nos pensamentos positivos. Você sempre foi capaz de compreender as pessoas.

— Sempre, não. Eu não atiro a primeira pedra. Somente quem nunca errou pode fazê-lo e eu, minha irmã, tive incontáveis experiências terrenas nas quais cometi vários erros e precisei harmonizar cada um deles. Não estou julgando a Lívia. É que meus planos eram outros no que diz respeito a ajudar o Rubens.

O caso é o seguinte: aqui, na espiritualidade, quando olhamos para o número de erros que cometemos, ficamos tristes e nos arrependemos. Depois queremos corrigir tudo de uma vez e nos achamos capacitados para superar todos os desafios. No entanto, quando encarnados, vacilamos e não somos tão fortes para suportarmos as provações. Acredito que esse é o caso de Lívia.

— Humberto, eu sei o quanto a atividade mental do encarnado muda quando os seus propósitos são dominados pela falta de perdão, pelos vícios morais e não pelos desejos evolutivos. Todos nós somos vítimas e herdeiros de nós mesmos. Sempre pedimos a Deus que nos alivie das dores em vez de rogarmos por força para vencermos os desafios. Quando estamos bem situados nas atividades terrenas, não nos lembramos de agradecer ao Pai, muito menos de ajudar um irmão. Quase ninguém observa e entende a santificante bênção da oportunidade terrena. O normal é ouvirmos somente súplicas e reclamações a respeito das provações vividas. Eu falo isso por mim, principalmente. — Breve pausa e contou: — Quando encarnada, época em que fomos irmãos, fui vaidosa ao extremo. Só pensava em ver e ressaltar a beleza física, disputar tarefas empresariais mais apropriadas ao espírito masculino e dava pouca importância para o próximo mais próximo. Sabe, senti sua falta quando desencarnou no suposto acidente de atropelamento de trem. Contudo eu não ofereci aos nossos pais a atenção que deveria e de que eles precisavam, principalmente para a nossa mãe, tão desesperada, tão aflita e inconsolável. Ao ficar intimamente insatisfeita por causa das reclamações dolorosas de nossa mãezinha, por causa da exibição de sua dor de forma angustiosa, eu demonstrava o meu pobre egoísmo, minha baixeza espiritual e minha pouca evolução moral quando não compreendia, quando achava que a mãe não pensava nos outros filhos vivos. Eu sabia sorrir, ser atenciosa, compreender e consolar somente os conhecidos e amigos fora de casa. Não queria entender ou admitir que minha caridade deveria ser com os mais próximos, pois esses são os que nos fazem renovar e aprender. São para com esses que temos débitos urgentes ou eles não estariam tão próximos. Somente hoje eu vejo que vivi uma vida egoísta e sem propósitos, sempre fugindo das responsabilidades morais. Casei-me. Tive uma vida abastada e não deixei faltar qualquer provisão material para minha mãe. Porém, eu mesma, nunca estava presente. Não fui diferente com os meus filhos, que sempre deixei sob os cuidados dos melhores empregados. Não tratei bem nem o meu marido. Depois do falecimento de nossa mãe, gozei o resto da juventude e a chegada da maturidade com falsa alegria até meu marido acreditar que precisava ter ao lado uma mulher tão esperta e bela quanto eu havia sido. Aos poucos fiquei limitada ao lar. Os filhos também foram me esquecendo e eu não tinha qualquer atribuição que me satisfizesse. Doenças foram me consumindo. Os melhores médicos e enfermeiros foram pagos para ficarem ao meu lado, mas pouco eu via meu marido e meus filhos. Todo aquele tempo presa ao leito me fez refletir muito. Eu não desejo isso a ninguém. Quanto arrependimento quando se está sobre uma cama sofrendo! Eu desejava mudar tudo, mas não podia. Desencarnei. Permaneci longos anos em estado de perturbação. Esse Umbral da consciência é tão terrível que somente as preces ensinadas por nossa mãe me aliviavam a mente e eu encontrava a fé. A fé de sair daquelas condições. Depois de tanto orar, eu entrei em uma faixa vibratória onde consegui ver você, que muito ficou ao meu lado, utilizando as preces que a nossa mãezinha nos ensinou para me fazer elevar os pensamentos. — Lágrimas rolaram na face de Júlia e sua voz embargou ao dizer: — Eu que nunca havia feito uma oração verdadeiramente sentida por você, nem em vida nem após a sua partida. O que fiz a você foram preces decoradas, palavras repetidas sem a menor atenção, sem sentimento. Você me trouxe para essa colônia e para junto de nossa

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