Correspondência
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Sobre este e-book
Your favourite qualities in man. Obedecer sua mulher
Your favourite qualities in woman. Enfurecer seu marido
Your favourite occupation. Não fazer nada
Your chief characteristic. O capricho e a inconstância
Your idea of misery. Ser mãe de muitos filhos
Your favourite colour and flower. A cor que muda mais e a flor que não muda
Your favourite poets. Aquele que não faz versos
Your favourite painters and composers. Eu mesma
What characters in history do you most dislike? Eles são todos desagradáveis
What is your present state of mind? É muito difícil de dizer
For what fault have you most toleration? Tolero todos meus defeitos mas nem um pouco os dos outros."
Trecho de carta de 16 de maio de 1888.
Neste volume está reunida pela primeira vez no Brasil a correspondência completa da artista. São mais de 300 cartas endereçadas a diversos destinatários, entre eles Paul Claudel, Auguste Rodin e Florence Jeans. O material cobre de temas pessoais até questões do mundo das artes da época.
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Correspondência - Camille Claudel
Sumário
Camille Claudel – Correspondência
Cronologia
Créditos
1. Camille Claudel a sua prima Amélie Gigout
[1870?]¹
Arquivos familiares
Minha Cara Amélie
Já que você quer ter notícias minhas, eu mesma vou lhe dar. Há oito dias que estou um pouco doente, não muito, mas o suficiente, contudo, para não poder ir à aula.
Desejo-lhe um bom ano como também ao meu tio Isidore, minha tia Josephine, meus primos Louis e Eugène. Um beijo para todos vocês e também para minha irmã Louise.
Camille
2. Léon Gauchez a Camille Claudel
[maio de 1886]
Carta não localizada.
3. Camille Claudel a Auguste Rodin
[maio-junho de 1886]
Senhor Rodin,
Comecei uma nota para o Sr. Gauchez que não consigo prosseguir e que é, certamente, a mais estúpida do mundo. Poderia corrigi-la, por favor, e fazer um belo discurso sobre o movimento e o estudo da natureza etc...
Não consegui escrevê-la. Envie-me a nota corrigida o mais cedo possível. Você sabe que o sr. Gauchez me repreenderá novamente.
4. Camille Claudel a Florence Jeans
[2? de julho de 1886]
Minha Cara Florence,
Alegra-me muito vê-la em Shanklin e agradeço-lhe muito seu amável convite. Miss Lipscomb me dirá o dia em que nos veremos.
Espero retomar algumas aulas de inglês com você, se isso não a aborrecer, e farei o melhor que puder para progredir.
Sua aluna
Camille Claudel
5. Camille Claudel a seus pais
[julho de 1886]
Carta perdida ou destruída.
6. Senhor e/ou Senhora Claudel a Camille Claudel
[julho de 1886]
Carta perdida ou destruída.
7. Camille Claudel a Jessie Lipscomb
[julho de 1886]
Cara Miss Lipscomb,
Hoje está chovendo e estou de mau humor assim como Amy. Então, decidimos escrever-lhe.
Recebemos esta manhã suas fotografias, todas deram certo, ficamos encantadas e gostaríamos de ter as provas para cada uma de nós.
Amy me pediu para lhe perguntar se, quando o senhor Elborne terminar as provas, você poderia enviar as placas a Frome para que o fotógrafo fizesse as provas para nós duas. Nós lhe devolveríamos as placas depois.
Amy enviou as provas desta manhã ao mister Elwin e eu morro de vontade de enviá-las também à minha casa para surpreender toda minha família e os Massary, o que servirá de ilustração para as aventuras que eu conto.
A Senhora Singer me pede para dizer-lhe que também gostou muito das fotografias e que agradece sua gentil carta. Todos aqui lamentam que não tenha ficado mais tempo. Eu principalmente, teria gostado de ficar com você as férias inteiras. Não sei se tem o mesmo sentimento por mim.
Vamos quinta-feira próxima a Bristol com o senhor Edgar e, sexta-feira, passaremos cinco ou seis dias na casa de um tio de Miss Singer que mora nos arredores.
Veja como, decididamente, não perco meu tempo na Inglaterra.
Pode me dizer quando devo encontrá-la em Portsmounth? Meus pais estão mesmo impressionados de ver que vou a Shanklin e me pediram para agradecer-lhe mil vezes pelo prazer que me proporcionou. Eles esperam que venha em nossa casa em Villeneuve e também a Paris, como está combinado. Parece que meu irmão está muito sentido por não receber suas cartas há muito tempo.
Você me diz que não devo esperar vender meus bustos na Inglaterra . Então, devo desistir. Entretanto, vou enviá-los, assim mesmo, com os outros a Peterborough, não para vendê-los, mas para enviá-los à exposição de Nottingham da qual me falara.
Escrevi a Miss Strong, dizendo-lhe para ir ver meus bustos em sua casa quando chegarem. Espero que ela goste.
Comunique todo meu respeito aos senhor e senhora Lipscomb e diga-lhes que nunca esquecerei o tempo tão agradável em sua casa, que uma lágrima de saudade vai sempre escorrer de meus olhos ao pensar naqueles deliciosos roly-polys.²
Assim, envio-lhes um grande abraço, pedindo-lhe para não esquecer do meu pedido ao senhor Elborne.
A sua disposição
Fiz um esboço a carvão do senhor Singer e da senhora Edgar mas tenho muito dificuldade em fazê-lo, pois eles nunca podem posar.
Puxe o rabo de Cissy por mim, dê um sorriso a Dachy e várias pauladas em Carlo.
8. Jessie Lipscomb a Camille Claudel
[julho de 1886]
Carta perdida ou destruída.
9. Camille Claudel a Florence Jeans
[22 de julho de 1886]
Miss Florence Jeans
Grantham
Lincolnshire
Minha cara Florence,
Recebi uma carta de miss Lipscomb dizendo que temos que ir a Shanklin no dia doze de agosto. Permita-me agradecer-lhe, mais uma vez, por seu amável convite. Meus pais estão bem surpresos de que eu faça uma viagem à Ile de Wight. Para uma francesa, é totalmente inesperado. Garanto-lhe que, para mim, será uma verdadeira festa.
Não tenho feito, infelizmente, muito progresso em inglês. De vez em quando, tento fazer uma versão mas me falta coragem e seria preciso que você, professora Florence, estivesse aqui para me dar umas severas lições.
Gosto muito da Inglaterra. Com a Senhorita Singer, fazemos excursões por toda parte.
Vimos Bath, Wells e veremos Bristol esta semana. Acho que vou também visitar Portsmouth já que Miss Lipscomb marcou um encontro comigo ali para embarcarmos para Shanklin. Vou levar muito papel e carvão para fazer croquis do mar e do campo e espero que pose para mim. Ficarei feliz em receber um bilhete seu, caso tenha tempo.
Receba meu sincero abraço e peço-lhe para não se esquecer de dar lembranças minhas ao senhor e senhora Jeans.
À sua disposição
Camille Claudel
Chez miss Singer
Frome, Somerset
10. Auguste Rodin a Camille Claudel
[agosto de 1886]
Carta perdida ou destruída.
11. Camille Claudel a Auguste Rodin
[agosto de 1886]
Caro amigo,
Fiquei irritada ao saber que você está doente de novo. Tenho certeza de que exagera nos malditos jantares, com aquelas malditas pessoas que detesto, que tomam seu tempo e saúde, sem nada lhe dar em troca.
Mas prefiro calar-me pois sei que sou impotente para preservá-lo do mal que estou vendo.
Como faz para trabalhar na maquete de uma figura sem modelo? Diga-me. Fico preocupada com isso. Você reclama que não escrevo cartas mais longas mas você só me envia algumas linhas banais e indiferentes que não me satisfazem.
Pode imaginar que não estou muito alegre aqui; sinto que estou distante de você e que lhe sou completamente estranha. Parece sempre me faltar algo.
Eu lhe contarei melhor tudo o que fiz quando o encontrar. Vou à casa de miss Faucett na próxima quinta-feira, avisar-lhe-ei o dia de minha partida da Inglaterra.
Até lá, peço-lhe, trabalhe e guarde todo o prazer para mim.
Um abraço,
Camille
12. Camille Claudel ao diretor [?] do Midland Counties Museum de Nottingham
[16 de agosto de 1886]
Arquivos do Midland Counties Museum
Wotton-House
Peterborough
Senhor,
Estou enviando um busto de bronze para a exposição em Nottingham. Ele foi aceito no Salão de Paris de 1885 e em Londres este ano na Academia.
Queira aceitar minhas saudações.
Camille Claudel
13. Camille Claudel a Florence Jeans
[22 de setembro de 1886]
Miss Jeans
Grantham
Lincolnshire
Inglaterra
Minha cara Florence,
Infelizmente, estou de volta a Paris, no Boulevard Port Royal, número 31. Não posso acreditar, não posso pensar que não verei mais o mar e as magníficas paisagens de Shanklin. Sinto que meu coração está muito ferido. Sábado, quando você foi embora, já senti um horrível vazio. Eu a via por toda parte, na praia, em seu quarto, no jardim: impossível habituar-me à ideia de sua partida. Então, segunda-feira, quando foi minha vez de partir, não pude impedir-me de chorar como uma louca, de Shanklin até Southampton, sem parar, e hoje, ao lhe escrever, tenho medo de recomeçar.
Você sabe que partimos com os Lipscomb às 4 horas e meia; tivemos que esperar cinco horas em Southampton, o que não foi muito agradável. Só que nós nos deitamos imediatamente e dormimos muito bem. O mar estava excessivamente violento e em vez de 9 horas de travessia, fizemos 11. Apesar disso, para meu espanto, não tive enjoo, meu irmão também não. Todo mundo enjoou e muitas vezes. Durante a noite, fomos acordados pelos soluços de nossos vizinhos e como sonhava ainda com Shanklin, pensei que era a banda alemã que começava.
Quando chegamos ao Havre, o trem de Paris tinha partido. Fomos obrigados a esperar até meio-dia e vinte por um outro que nos conduziu a Paris em 7 horas. Aí, uma outra história. Imagine que, na minha agitação, esqueci, em Southampton, de registrar minhas bagagens e mandei que as transportassem no barco, sem qualquer cerimônia. Então, em Paris, não havia bagagens e não sabemos ainda o que aconteceu com elas.
É muito aborrecido, pois todos os meus desenhos estão dentro e minha mala não fecha muito bem. Foi Guillaume que a amarrou e, em Southamptom, já estava meio aberta. Estamos todos preocupados e meu pai me passou um sabão, ao chegar. – Ainda não fui ao meu ateliê e tremo em pensar encontrar lá todo tipo de acidentes.
Resta-me agradecer-lhe, minha cara Florence, por todas as suas atenções comigo. Nunca esquecerei meus belos dias ao seu lado em Shanklin, foram certamente os mais agradáveis de toda minha vida. Olhe, meus olhos enchem de lágrimas pensando neles.
Espero que se lembre, todo primeiro dia do mês, conforme combinamos, às oito horas da noite. Lembraremos de nosso pequeno passeio da noite, com a lua e os barquinhos negros no mar. E também o bagpiper que tocou tão deliciosamente.
No dia de nossa partida, estávamos tão perturbados que meu irmão deu dois pennys à banda alemã, e o lourinho com o trompete grande ficou tão surpreso que ficou olhando-nos por cinco minutos e, depois, disse obrigado senhor
com um ar enternecido.
Quanto a mim, deixei de abraçar Tom Renneer quando ele veio me dizer good bye
e barco a vapor
pela última vez.
No último jantar em Shanklin, chorei e não pude comer nada; meu irmão zombou de mim e disse que também ia chorar pois amo muito Fanny e quero me casar com ela aqui. É impossível separar-me dela
. Imagine o quanto rimos. Meu irmão e Fanny, que casal!
Mas, minha cara Florence, percebo que vou aborrecê-la com esta longa carta. Perdoe-me e receba meus beijos mais afetuosos. Dê lembranças ao Doutor Jeans que foi tão bom para mim e que, tantas vezes, incomodei com meus sapatos sujos no tapete.
Espero que me escreva logo. Sinto sua falta e gostaria que me falasse de Shankin.
Sua afetuosa amiga
Camille Claudel
Paris – Boulevard Port Royal, 31
ateliê – Rua notre dame des champs, 117
14. Camille Claudel a Jessie Lipscomb
[setembro de 1886]
Cara miss Lipscomb,
Chegamos a Paris ontem à noite, às 7 horas e meia somente pois nosso barco atrasou e, ao invés de 9 horas de travessia, tivemos 11 horas. O mar estava agitado, ao contrário do que havíamos previsto mas, felizmente, não enjoamos.
E dormimos muito bem, a noite toda. Nossa viagem foi agradável o tempo todo, mas imagine que estamos bem preocupados por causa de nossas bagagens. Na nossa agitação em Southamptom, esquecemos de registrar nossas bagagens, mandamos que as transportassem simplesmente no barco. Então, quando chegamos a Paris, não havia nada. Estamos achando que ficaram no Havre. Telegrafamos, mas ainda não tivemos resposta. É muito inconveniente.
– Estou agora no Boulevard Port-Royal para minha tristeza. Fico só pensando em Shanklin, Frome, Peterborough e em todos daí. Chorei, novamente, o tempo todo de minha viagem.
Não esqueça de agradecer à sua mãe novamente pela atenção que teve comigo e pelos prazeres que me proporcionou. Nunca me diverti tanto em minha vida. Dê lembranças ao senhor e senhora Elborne e receba mil beijos afetuosos.
Camille
Eu lhe escreverei novamente, dentro de alguns dias.
15. Camille Claudel a Florence Jeans
[27 de setembro de 1886]
Miss Florence Jeans
Grantham
Lincolnshire
Inglaterra
My dear Florence,
Estou ansiosa porque não me escreveu. Espero que não esteja doente e que nada tenha acontecido em sua viagem. Ou, então, pode ser que você se encontre em Brighton.
Aqui, temos uma zeladora muito indiscreta que, algumas vezes, abre as cartas e as guarda. Talvez você me tenha escrito e não recebi. Diga-me. E na próxima vez em que me escrever, é melhor mandar para a rua Notre-dame-des champs, número 117, meu ateliê.
Neste momento, estou sozinha em Paris, até final de outubro: minha ingrata família foi para Rambouillet. Algumas vezes, a vida é amarga. Vi Jasmina esta manhã. Ela está melhor e vai começar a posar para mim. Encontrei minha figura relativamente bem, mas muitas coisas no meu ateliê estão reviradas e tive que reclamar com meus amigos.
Meus desenhos, encontrei-os muito bem. Enviarei a Grantham seus dois retratos, logo que puder.
Muitos abraços e dê lembranças ao Mr Jeans.
Sua afetuosa amiga
Camille Claudel
16. Jessie Lipscomb a Camille Claudel
[setembro de 1886]
Cartas perdida ou destruída.
17. Camille Claudel a Florence Jeans
[2 de outubro de 1886]
Miss Jeans
Grantham
Lincolnshire
Inglaterra
My dear girl,
Ontém, sexta-feira, primeiro de outubro, às 9 horas da noite, recordei como tínhamos combinado. Espero que seu pensamento tenha encontrado o meu.
E que uma benfazeja corrente magnética nos tenha levado uma em direção a outra. Em todo caso, eu me transportei rapidamente ao belo e charmoso mar sobre o quebra-mar de Shanklin.
Revi a tarde de primeiro de setembro com o céu sem lua; um único barquinho negro no fundo que, com sua luz, desenha um longo e fino caminho.
– Nada de novo aqui, estou sozinha em Paris com a empregada e trabalho. Minha ingrata família está em Rambouillet. Jessie me escreve, de vez em quando, cartas incompreensíveis.
– Penso como você que os Lipscomb têm alguma coisa contra você mas é impossível saber o quê. Não me disseram nada. – Envio-lhe Le chapeau de paille d’Italie
.
Muitos beijos e espero que venha nos ver em Paris neste inverno, em visita a Port Royal. Seria muito divertido.
Sua amiga Camille.
18. Auguste Rodin a Camille Claudel
[1886?]
Minha feroz amiga,
Minha pobre cabeça está bem doente, e não posso mais levantar-me de manhã. Esta noite, percorri (por horas), sem encontrá-la, nossos cantos. Como a morte me seria doce! E como minha agonia é longa. Por que não me esperou no ateliê? Onde você está? A que dor estou destinado? Tenho momentos de amnésia em que sofro menos, mas, hoje, a implacável dor permanece, Camille, minha bem amada, apesar de tudo, apesar da loucura que sinto estar me dominando e que será obra sua, se continuar. Por que não acredita em mim? Abandonaria meu salão, minha escultura se eu pudesse ir a qualquer lugar, um país onde pudesse esquecer, mas esse lugar não existe. Há momentos em que acredito que a esquecerei. Mas, num instante, sinto a terrível força. Tenha piedade, maldosa.
Não posso mais, não posso passar um dia sem vê-la. Senão, vem a atroz loucura. É o fim, não trabalho mais, divinidade malfeitora e, no entanto, eu a