Cinco semanas em um balão: Texto adaptado
De Júlio Verne, Neuville e Léon Benett
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Sobre este e-book
Dr. Fergusson se propõe a realizar a façanha de, dentro de um balão de hidrogênio, cruzar o continente africano por um trajeto que nunca havia sido feito por ninguém. Considerada um desafio impossível por muitos, a empreitada ainda conta com a presença de Joe, o leal criado de Dr. Fergusson, e Dick Kennedy, um grande amigo de seu patrão.
Os três partem em uma aventura inédita e única, cheia de perigos e com risco de vida, mas da qual, com certeza, não retornarão os mesmos de antes.
Júlio Verne
Julio Verne (Nantes, 1828 - Amiens, 1905). Nuestro autor manifestó desde niño su pasión por los viajes y la aventura: se dice que ya a los 11 años intentó embarcarse rumbo a las Indias solo porque quería comprar un collar para su prima. Y lo cierto es que se dedicó a la literatura desde muy pronto. Sus obras, muchas de las cuales se publicaban por entregas en los periódicos, alcanzaron éxito enseguida y su popularidad le permitió hacer de su pasión, su profesión. Sus títulos más famosos son Viaje al centro de la Tierra (1865), Veinte mil leguas de viaje submarino (1869), La vuelta al mundo en ochenta días (1873) y Viajes extraordinarios (1863-1905). Gracias a personajes como el Capitán Nemo y vehículos futuristas como el submarino Nautilus, también ha sido considerado uno de los padres de la ciencia ficción. Verne viajó por los mares del Norte, el Mediterráneo y las islas del Atlántico, lo que le permitió visitar la mayor parte de los lugares que describían sus libros. Hoy es el segundo autor más traducido del mundo y fue condecorado con la Legión de Honor por sus aportaciones a la educación y a la ciencia.
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Cinco semanas em um balão - Júlio Verne
SUMÁRIO
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capítulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Capítulo XXXIX
Capítulo XL
Créditos
I.
No dia 14 de janeiro de 1862, os membros da Sociedade Real de Geografia de Londres compareceram em peso à sessão convocada pelo presidente. Num discurso interrompido várias vezes por aplausos dos honrados colegas, Sir Francis deu-lhes uma importante notícia, terminando a comunicação com frases entusiásticas de patriotismo:
– A Inglaterra sempre esteve à frente de todas as nações pela bravura de seus homens nas viagens de descobertas. O dr. Samuel Fergusson, um dos seus ilustres filhos, manterá essa tradição. Se a tentativa desse homem, como todos nós esperamos, for coroada de sucesso, ela completará as noções esparsas que temos do continente africano. E, se fracassar, ficará na história como uma das mais ousadas concepções da genialidade humana!
– Viva! Viva! – gritou a assembleia arrebatada pelas emocionantes palavras.
– Um viva para o corajoso Fergusson! – exclamou um dos membros mais expansivos do auditório.
Gritos de entusiasmo ecoaram por toda a sala.
A sessão ficou em polvorosa. Todos os audaciosos viajantes, que o espírito de aventura levara aos cinco continentes, estavam presentes, alguns já envelhecidos e cansados. A maioria deles, física ou moralmente, havia escapado de naufrágios, de incêndios, das machadinhas dos índios, dos tacapes de selvagens, do tronco de tortura e dos estômagos dos antropófagos.
Por tudo o que já haviam passado não puderam controlar as aceleradas batidas do coração, tão comovidos ficaram com as palavras do orador.
Aquele discurso ficou na memória de todos os membros da Sociedade Real de Geografia, de Londres.
E, como na Inglaterra o entusiasmo não se limitava às palavras, foi posta em votação uma ajuda de custo, como encorajamento ao dr. Fergusson, ajuda esta que atingiu o valor de duas mil e quinhentas libras. A grandeza da soma mostrava-se proporcional à importância do projeto.
Um dos membros da Sociedade perguntou ao presidente se o dr. Fergusson não ia ser oficialmente apresentado.
– O dr. Fergusson está à disposição da assembleia – respondeu Sir Francis.
– Mande-o entrar! Mande-o entrar! Queremos ver com os próprios olhos o homem possuidor de uma audácia tão extraordinária!
– Talvez essa proposta tenha sido feita apenas para nos enganar – disse um membro idoso, que recebera o título honorífico de comodoro.
– Mande entrar o dr. Fergusson – disse apenas Sir Francis.
E o homem em questão entrou, sob uma trovoada de aplausos e, diga-se de passagem, nem um pouco emocionado.
Ferguson tinha uns quarenta anos, tamanho e constituição normais, expressão fisionômica fria, amenizada por um olhar suave que denunciava grande inteligência, e traços regulares. Transmitia grande seriedade e calma. Nada na personalidade e na aparência desse homem indicava que se tratasse de um impostor.
O pai de Fergusson, um bravo capitão da marinha inglesa, compartilhara com o filho, ainda pequeno, os perigos e aventuras da profissão que exercia. A criança, que parecia nunca sentir medo, desde cedo dera mostras de possuir uma mente de pesquisador e uma notável propensão para os trabalhos científicos. Fazia todas as coisas com extrema facilidade, como na primeira vez em que comeu com garfo e faca, missão quase impossível para a maioria das crianças da sua idade.
Fergusson era um entusiasta das leituras de projetos ousados, de explorações marítimas, e havia acompanhado com paixão as descobertas da primeira metade do século XIX. Como homem instruído que era, o pai do jovem Fergusson consolidava a viva inteligência do filho orientando-o para sérios estudos de hidrografia, de física e de mecânica, com leves pinceladas de botânica, medicina e astronomia.
Quando o capitão morreu, Samuel Fergusson tinha vinte e três anos e já havia dado a volta ao mundo.
Então, o jovem se alistou no corpo de engenheiros bengaleses e se destacou em vários trabalhos. Porém, a vida de soldado não lhe era conveniente: não se interessava em comandar e não gostava de obedecer. Pediu para ser desligado da tropa e atravessou a península indiana, de Calcutá a Surat, num simples passeio de turista.
Samuel Fergusson voltou para a Inglaterra em 1850 e, mais do que nunca possuído pelo demônio das descobertas, acompanhou o capitão Mac Clure, um explorador irlandês, na expedição do estreito de Bering ao cabo Farewell, na Groenlândia.
Apesar do cansaço e do clima rigoroso, Fergusson resistiu bravamente. Sentia-se bem nas condições mais difíceis. Ele era um tipo perfeito de viajante cujo estômago se contraía ou se dilatava de acordo com a quantidade de comida disponível, as pernas se alongavam ou diminuíam de acordo com o caminho a percorrer, dormia a qualquer hora do dia e se levantava a qualquer hora da noite.
Portanto, não é nada surpreendente que tenha viajado, de 1855 a 1857, por todo o oeste do Tibete, trazendo dessa visita de exploração curiosas observações sobre a etnia do país.
Nas diversas viagens, Samuel Fergusson foi o correspondente mais ativo e o mais interessante do Daily Telegraph, um jornal que atingia milhões de leitores. Por isso, o doutor em questão era muito conhecido, embora não pertencesse a nenhuma instituição científica.
Fergusson se mantinha sempre afastado do corpo de estudiosos, pois achava que se empregava melhor o tempo buscando do que discutindo, descobrindo do que discorrendo.
O dr. Samuel Fergusson era fatalista. Afirmava que as viagens o atraíam como um ímã, mesmo que não as procurasse.
– Eu não sigo o meu caminho – dizia sempre –, é o caminho que me segue.
Por essa razão, recebeu friamente os aplausos da Sociedade Real. O orgulho não era uma das suas características e nem a vaidade. Não via nada de excepcional na proposta que fizera ao presidente Sir Francis, e nem se dera conta do enorme efeito que ela havia causado.
Depois da sessão, o doutor foi levado ao Traveller’s club, em Pall Mall. Um suntuoso banquete havia sido preparado para homenageá-lo. Foi servido um peixe, um esturjão, de cuja ova se faz o caviar, cujo tamanho era proporcional à importância do personagem, ou seja, não era muito menor, em comprimento, que Fergusson.
Vários brindes foram feitos com vinhos franceses aos exploradores da África. Os membros da restrita sociedade beberam à saúde ou à memória desses homens, todos eles nomeados em ordem alfabética, uma prática estritamente inglesa. Por fim, foi proposto um brinde ao dr. Samuel Fergusson que, por sua incrível tentativa, completaria a série de descobertas africanas de seus compatriotas.
II.
No dia seguinte, 15 de janeiro, o Daily Telegraph publicou um artigo nos seguintes termos:
A África nos revelará o segredo das suas vastas solidões que, durante muitos séculos, nossos estudiosos não conseguiram decifrar. Corajosos descobridores já abriram caminhos para a civilização moderna. Mas nenhum deles conseguiu chegar ao coração desse continente.
Os trabalhos desses audaciosos pioneiros serão retomados pelo dr. Fergusson, que se propõe a atravessar a África num balão, de leste a oeste. O ponto de partida da incrível viagem será a ilha de Zanzibar¹. O ponto de chegada, só Deus sabe.
Manteremos os nossos leitores a par dessa tentativa sem precedentes nos anais da geografia.
Como era de se esperar, o artigo do Daily Telegraph teve enorme repercussão, provocando uma onda de incredulidade. O dr. Fergusson foi considerado um visionário. Ninguém acreditava na viagem utópica.
Mas, em pouco tempo, as dúvidas começaram a ser desfeitas, pois os preparativos foram iniciados em Londres, e as fábricas de Lyon receberam uma grande encomenda de tafetá para a confecção do balão.
Em seguida, nas publicações das sociedades de geografia de toda a Europa, começaram a aparecer artigos que encorajavam o viajante. O dr. Koner, na Alemanha, publicou um minucioso trabalho no qual demonstrava as possibilidades de sucesso, os obstáculos e as imensas vantagens da locomoção por via aérea. Além do mais, ele dizia ser um grande admirador do dr. Fergusson, o homem que se propunha a realizar essa viagem.
Crédulos, incrédulos, ignorantes e estudiosos, todos voltaram os olhos para o doutor e as apostas começaram a surgir.
Fergusson não se recusava a dar explicações sobre a viagem, e alguns ousados aventureiros se apresentaram como voluntários para dividir as glórias e os perigos da tentativa, mas ele recusou todos eles, sem se dar ao trabalho de justificar a recusa.
Fergusson tinha um grande amigo. Embora possuíssem qualidades, aptidões e temperamentos distintos, Dick Kennedy e Samuel Fergusson se davam às mil maravilhas.
Dick Kennedy era um escocês em toda a acepção da palavra, um homem aberto, decidido e teimoso. Morava na pequena cidade de Leith, perto de Edimburgo. Sua atividade favorita era a caça. Citado como um grande atirador, diziam que, ao atirar numa lâmina, Kennedy conseguia cortar a bala em duas metades iguais.
Dick lembrava Halbert Glendinning, personagem do grande escritor escocês Walter Scott no livro O Mosteiro. Era um homem desenvolto, dotado de força hercúlea, bronzeado pelo sol, de olhos vivos e pretos. Transmitia uma sinceridade que fazia com que as pessoas gostassem dele à primeira vista.
Os dois amigos haviam se