Diário do Bolso - Os 100 primeiros dias
()
Sobre este e-book
Leia mais títulos de José Roberto Torero
Um cara como outro qualquer Nota: 0 de 5 estrelas0 notasQuarenta em quarentena: 40 visões de um mundo em pandemia Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a Diário do Bolso - Os 100 primeiros dias
Títulos nesta série (1)
Diário do Bolso - Os 100 primeiros dias Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Ebooks relacionados
Dorme Sujo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Estado eficaz: Respostas do liberalismo para a desigualdade e a miséria Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO delator: A história de J. Hawilla, o corruptor devorado pela corrupção no futebol Nota: 5 de 5 estrelas5/5Viagem ao Araguaia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA língua de Trump Nota: 5 de 5 estrelas5/5O país dos petralhas Nota: 4 de 5 estrelas4/5A culpa é do jeitinho brasileiro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMe esqueçam: Figueiredo: A biografia de uma Presidência Nota: 5 de 5 estrelas5/5Perguntas que me fazem sobre o holocausto Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Chinela Turca Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistória do Liberalismo Brasileiro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInfância, adolescência e juventude Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Revolução de 1930: O conflito que mudou o Brasil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBox Obras De George Orwell Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Legítimos Representantes do Povo: Câmaras Municipais e Oligarquias Locais na Construção do Império Liberal Nota: 0 de 5 estrelas0 notas1964 - o último ato Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA história de Mora: A saga de Ulysses Guimarães Nota: 5 de 5 estrelas5/5Minha Formação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs anos de chumbo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRobinson Crusoé Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRomancistas Essenciais - José de Alencar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs cidades mortas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA farra dos guardanapos: o último baile da era Cabral: A história que nunca foi contada Nota: 5 de 5 estrelas5/5LUTANDO NA ESPANHA - ORWELL Nota: 5 de 5 estrelas5/5Socialismo amargo: Dois economistas em um giro etílico pelo mundo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO homem que pensou o brasil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasGetúlio Vargas: A Biografia Nota: 4 de 5 estrelas4/5
Biografia e autobiografia para adolescentes para você
Pão Diário Para Jovens: E Não Vos Conformeis Com Este Século Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPequenas Grandes Líderes: Mulheres importantes da história negra Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA vida não é uma linha reta Nota: 4 de 5 estrelas4/5A história de Barack Obama Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs meninos de Jo Nota: 3 de 5 estrelas3/5Dias ácidos, noites lisérgicas: Relatos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasObesidade & Nutrição Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Avaliações de Diário do Bolso - Os 100 primeiros dias
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Diário do Bolso - Os 100 primeiros dias - José Roberto Torero
possível.
Eu nunca pensei que ia fazer isso. Diário é coisa de menina. Mas, pô, agora eu sou presidente e tenho que escrever as coisas pra lembrar quando eu ficar gagá. Só não vou começar escrevendo Querido Diário
porque isso é coisa de boiola.
Bom, anteontem foi a posse. Coisa fina!
Gostei daquela história de deixar os jornalistas esperando sete horas, presos num cercadinho, sem maçã, sem garrafinha de água, sem cadeira, sem banheiro, sem cafezinho e com um sniper fazendo mira neles. Tem que meter medo. Agora aquelas bichas vão saber onde enfiar as canetinhas.
Falando em canetinha, aquilo de assinar a posse com uma Bic foi demais. Opa! Bic, não. Compactor. Eu devia cobrar mercham. Só espero que não façam um modelo com tinta vermelha.
Falando em vermelho, na festa só o tapete é que tinha essa cor. Gostei de pisar nele, he, he.
Uma boa sacada foi a Michelle fazer discurso em libras antes de mim. Agora quero ver se me chamam de machista. Se bem que aposto que vai ter algum comuna dizendo que eu não deixei ela abrir a boca.
Bom, o importante é que cheguei chutando a porta!
A ideia de passar a demarcação das terras dos índios e dos negros para a Agricultura foi genial. A Funai sifu. Quinze por cento das terras do país para essa gente é um exagero. Chega de índio e de quilombola! Vamos botar calça nesse pessoal!
A mexida no Itamaraty também foi boa. De hoje em diante qualquer um pode ser chefe. Não precisa mais ser um diplomatinha de carreira, falar catorze línguas e blábláblá. Chega daquela bicharada mandando.
O Moro ficar com a Coaf também foi demais. Agora aquela história do Queiroz vai pra debaixo do carpete. Ou será que o certo é falar pra debaixo do tapete? Tanto faz. Já assinei o decreto que proíbe qualquer um do Coaf de falar qualquer coisa. Sem dar carniça para os urubus, daqui a pouco todo mundo esquece o assunto. Acho que vou chamar isso de Operação Bico Fechado. Ou será que o certo é Boca Calada? Tanto faz.
A tal da Comissão da Anistia também sai da Justiça e fica com a Damares. Agora não vão mais encher o saco.
E acabei com o Ministério da Cultura. Intelectual é tudo marxista. Se depender de mim, vão morrer de fome. Artista bom não precisa de Ministério da Cultura. Olha aí o Zezé di Camargo, a Mara Maravilha e a Regina Duarte.
Bom, agora chega. Prum primeiro dia já escrevi bastante. Tá na hora da reunião com o Onyx, com o Mourão e com os ministros. Reunião é um saco. Se pelo menos fosse num churrasco…
Depois eu conto como foi.
Até amanhã, querido Diário. Opa, querido, não!
Poxa, eu disse que ia fazer um diário, mas não consigo nem fazer o diário ser diário. Ontem já furei. Presidente trabalha mais do que eu imaginava. Até me deu uma saudade do meu tempo de deputado. Aquilo sim era moleza.
Bom, hoje vou contar como foi a primeira reunião com os ministros. Na verdade nem foi uma reunião-reunião. A gente deu só uma conversadinha, porque o importante mesmo era a foto. Mas mesmo assim foi um papo interessante.
O primeiro a falar foi o Ricardo Salles, do Meio Ambiente. Ele agora é ficha suja
, mas com aquele penteado moderno e aqueles óculos coloridos, já já fica com a ficha limpa. Ele começou dizendo que acabou com a Secretaria de Mudança do Clima. E nem continuou, porque foi interrompido por umas palmas.
Quem ficou de pé e aplaudiu foi o Ernesto Araújo, de Relações Exteriores. Ele falou que essa história de mudança de clima é uma tática globalista de instilar o medo para obter mais poder
. Achei a frase tão chique que até anotei para escrever aqui.
E ele não parou por aí. Continuou dizendo que o aquecimento global era balela e que não existia nada disso aí. Então eu falei:
– Ernesto, o aquecimento pode ser balela, mas o ar condicionado vai continuar ligado!
Pô, o pessoal caiu na gargalhada. Me senti mais engraçado que o Costinha.
Depois a Damares pediu a palavra e disse: "O que vocês estão achando do meu trabalho? A história do rosa e azul ficou sete horas nos trend topics do Twitter. Mas eu tenho medo de estar exagerando."
Eu falei para ela dar uma maneirada. Mas o Mourão me cortou e disse que a Damares era uma gênia. Menina, você tem que continuar com essas suas coisas. Aí ninguém vai falar da reforma da Previdência. Durante o regime militar, todo mundo ria das burradas do Costa e Silva enquanto ele preparava o AI-5. Tem que dar uma coisa para a esquerda se divertir enquanto a gente faz o ataque pesado. É a tática da distração. Qualquer major sabe disso.
Pô, aquela história de major foi pra me acertar. Ele quis dizer que eu não tinha percebido a jogada. Claro que tinha. O Mourão vai ser um cara difícil. Tenho que tomar cuidado. Pena que não existe mais aquele sujeito que provava a comida antes do rei.
Bom, pra minha sorte o Paulo Guedes começou a falar uns números da reforma da Previdência. Nessas