Sobre a França
De Emil Cioran
()
Sobre este e-book
Leia mais títulos de Emil Cioran
Silogismos da amargura Nota: 4 de 5 estrelas4/5Breviário de decomposição Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistória e utopia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO livro das ilusões Nota: 0 de 5 estrelas0 notasExercícios de admiração: Ensaios e perfis Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a Sobre a França
Ebooks relacionados
A obra Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO vaso de ouro - Princesa Brambilla Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVitória Nota: 4 de 5 estrelas4/5Manual do Dândi: A vida com estilo Nota: 4 de 5 estrelas4/5Bula para uma vida inadequada Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO CORONEL CHABERT Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs trabalhadores do mar Nota: 5 de 5 estrelas5/5A relíquia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBrasil e França: Laços literários: Laços literários Nota: 4 de 5 estrelas4/5Educação Sentimental - Flaubert Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAntologia de contos românticos: Machado, Álvares de Azevedo, João do Rio e cia. Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs mortos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Direita e esquerda na literatura Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUtopia - Bilíngue (Latim-Português): Nova Edição Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUma temporada no inferno seguido de Correspondência Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Retrato Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Falecido Mattia Pascal - Pirandello Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUniões Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPequeno-burgueses Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs Tramas do Fantástico: Contos e Novela Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPor que eu escrevo & outros textos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasULTIMO DIA DE UM CONDENADO, O Nota: 4 de 5 estrelas4/5Um retrato do artista quando jovem Nota: 5 de 5 estrelas5/5Graciliano Ramos – Um escritor personagem Nota: 0 de 5 estrelas0 notasQuatro novelas e um conto: As ficções do platô 8 de Mil platôs, de Deleuze e Guattari Nota: 0 de 5 estrelas0 notasViagem sentimental Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos de Sebastopol Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEnsaios de Robert Musil, 1900-1919 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCoração das trevas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPoesia (e) filosofia: por poetas filósofos em atuação no Brasil Nota: 5 de 5 estrelas5/5
História Europeia para você
A Franco-maçonaria Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVikings: A história definitiva dos povos do norte Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBordeaux e seus Grands Crus Classés: A história dos melhores vinhos do mundo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Revolução Francesa, 1789-1799 Nota: 5 de 5 estrelas5/5Um Mundo sem Judeus: Da Perseguição ao Genocídio, a Visão do Imaginário Nazista Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Doutrina do Fascismo Nota: 3 de 5 estrelas3/5As Cruzadas Os Templários E A Maçonaria. Nota: 5 de 5 estrelas5/5Escola Franco-belga E O Violino Solo Brasileiro: Flausino Vale E Marcos Salles Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLilith, A Primeira Mulher Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO diário do diabo: Os segredos de Alfred Rosenberg, o maior intelectual do nazismo Nota: 5 de 5 estrelas5/5Minha Luta De Adolf Hitler Com Comentários Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBox - As cruzadas: a história oficial da guerra pela Terra Santa Nota: 5 de 5 estrelas5/5Por Dentro Do Terceiro Reich Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSanta Inquisição Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistória medieval do Ocidente Nota: 5 de 5 estrelas5/5Baco, O Deus Do Vinho Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEscravidão na Roma Antiga Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLivro de Concórdia: As Confissões da Igreja Evangélica Luterana Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSPQR: Uma História da Roma Antiga Nota: 3 de 5 estrelas3/5O 18 de brumário de Luís Bonaparte Nota: 5 de 5 estrelas5/5Antissemitismo Na Alemanha Pré-nazista Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUnião Ibérica E Restauração Portuguesa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInquisição Desmistificada Nota: 0 de 5 estrelas0 notas60 Anos Da História Do Automóvel No Brasil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEspumantes Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRoma - Uma história em sete invasões: Uma história em sete invasões Nota: 5 de 5 estrelas5/5A História Do Automóvel No Brasil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLandmarks Nota: 5 de 5 estrelas5/5O julgamento de Adolf Hitler: O Putsch da Cervejaria e a prisão de um dos homens mais emblemáticos da História Nota: 0 de 5 estrelas0 notasGuia de Viagem Barcelona 2018: Conheça Barcelona, a cidade de Antoni Gaudí e muito mais Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Categorias relacionadas
Avaliações de Sobre a França
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Sobre a França - Emil Cioran
Sumário
Nota à tradução
A presente tradução do texto de Cioran baseou-se na edição francesa de Alain Paruit (De la France, Paris: L’Herne, 2009), que utilizou o manuscrito pertencente ao acervo da Biblioteca Literária Jacques Doucet, Fundo Cioran. Essa edição de Paruit em alguns poucos casos não conseguiu apreender o texto original romeno. Por esse motivo, nesses poucos casos, indicados em nota, recorremos à tradução italiana de Giovanni Rotiroti (Sulla Francia, Roma: Voland, 2014), que confrontou a edição francesa de Alain Paruit com a edição romena de Constantin Zaharia (Despre Franţa, Bucareste: Humanitas, 2011).
A metamorfose
São tempos de guerra. Cioran está em Paris. Escreve a lápis, com traços grossos e fortes, 1941, como se tivesse escrito a palavra fim em seu manuscrito, texto que intitulou De la France, pensando nos moralistas do século XVIII, talvez já pressentindo que um dia se reunirá a eles, nem que seja pelo estilo, estilo que justamente é «contido». Ele não esboça seu retrato premonitório ao compará-los aos grandes criadores estrangeiros?
Este é um livro estranho. Aparentemente consagrado à Decadência da França, é, em verdade, um Hino à França, um hino de amor. Se a palavra «decadência» ressurge regularmente, para explicar que a França já não tem futuro porque ela deu demais, durante tanto tempo, mais do que qualquer outro país no mundo (a derrota já aconteceu, Cioran viu – «momento tão dramático» –¹ os alemães subindo o boulevard Saint-Michel), os elogios são mais numerosos, mais variados, mais regulares: a França é a «província ideal da Europa», onde vive um «povo assolado pela sorte», «um povo que foi, durante séculos, o sangue de um continente e a glória do universo»; «quando a Europa estiver drapeada em sombras, a França continuará sendo o seu túmulo mais vivo». E, enfim: «Como foi grande, a França!».
Livro inesperado. Alguns anos antes, em Berlim, Cioran admirava, sem reservas, a disciplina e o poderio nazistas. Eis que, sem dizê-lo explicitamente, ele abraça, novamente sem reservas, o lado oposto: o do vencido contra o vencedor. Porque «a França prefigura o destino dos demais países», porque «a Europa precisa, depois de tanto fanatismo, de uma onda de dúvidas...». Ora, quem poderia fornecê-la melhor do que o ceticismo francês? Mas também, e sobretudo, porque Cioran, agora, se identifica com a França, algo nele, mais forte que ele, o afrancesa; talvez ele se ressinta disso, mas ele o quer inconscientemente. «Entendo bem a França por tudo que tenho de podre em mim», escreve.
Livro kafkiano. Cioran, a barata antissemita de ontem, está em plena mutação. O judeu se torna seu irmão no sofrimento. «Somente os povos que não viveram não decaem – e os judeus», enfatiza. «Nós, acorrentados a nossos destinos aproximativos», acrescenta, «sujeitos a experiências e perdas – como pobres judeus poupados pelas tentações messiânicas. Todos os países fracassados participam do equívoco do destino judaico: eles são corroídos pela obsessão com o malogro implacável.»
Livro crucial de Cioran. Ele escreve, ainda em romeno mas já na França, uma ode à França, amada inclusive em sua decadência, em seu fim, em sua queda, que não poderá ser sem grandeza por ter sido, a França, tão grande. A Inglaterra, a Alemanha, até a Rússia são mais fortes? Talvez. Mas é pela França que seu coração bate. A larva de ontem é, hoje, crisálida, e amanhã o imago abrirá suas asas sobre as letras francesas, e a Decadência se tornará Decomposição, num magistral Breviário. O novo Cioran surge tão rapidamente, tão subitamente, que nos perguntamos qual mistério pode se ocultar por detrás desta data: 1941.
Alain Paruit
1 Itinéraire d'une vie. Paris: Michalon, 1995, p. 112.
Nota biográfica
Texto-chave escrito ao longo de 1941, Sobre a França é um mundo em si, um livro totalmente à parte na obra de Cioran, tanto por seu tom, que não é completamente romeno nem ainda exatamente francês, quanto por seu conteúdo, em que a história pessoal de Cioran, com pouco mais de trinta anos de idade, surge em filigrana por detrás do comentário. Ele acaba de deixar definitivamente o seu país, para onde não retornará jamais, e volta-se a partir de então, por inteiro, com paixão, para a França.
Em março de 1941, o jovem ensaísta – que já havia publicado, em seu país, cinco livros de sucesso,² alguns dos quais com escândalo tanto pelo valor vindicativo e apaixonado quanto pelo assunto tratado, foi nomeado Conselheiro Cultural da Delegação Romena junto ao governo de Vichy. A realidade é um pouco mais sombria: Cioran fugiu de Bucareste no momento das represálias encetadas pelo general Antonescu contra os legionários da Guarda de Ferro e seus amigos. Ora, nesse mesmo ano, Cioran escreveu «Le portrait du Capitaine» [O retrato do Capitão], que será transmitido nacionalmente pelo rádio. Com esse elogio a Zelea Codreanu, dirigente da Guarda de Ferro, assassinado dois anos antes por ordem do rei Carlos II, Cioran ficou muito visado e quase não conseguiu escapar. Seu irmão Aurel, de quem continuará muito próximo por toda a vida, será preso.
Ele se cansa rapidamente da função diplomática e abandona o escritório da delegação. Sua ausência notória irrita os serviços do Ministério do Interior romeno, que pretendem se livrar dele o quanto antes, sem sequer pagar-lhe seu último salário. Porém o jovem ensaísta já encontrou, em Paris, outra ocupação com horário fixo, «como funcionário