Boa noite
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Boa noite - Pam Gonçalves
1ª edição
Rio de Janeiro | 2016
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
G628b
Gonçalves, Pam
Boa noite [recurso eletrônico] / Pam Gonçalves. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Galera, 2016.
recurso digital
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN 978-85-01-10851-7 (recurso eletrônico)
1. Ficção infantojuvenil brasileira. 2. Livros eletrônicos. I. Título.
16-36719
CDD: 028.5
CDU: 087.5
Copyright © 2016 por Pam Gonçalves
Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de quaisquer meios.
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Direitos exclusivos desta edição reservados pela
EDITORA RECORD LTDA.
Rua Argentina, 171 - Rio de Janeiro, RJ - 20921-380 - Tel.: (21) 2585-2000.
Produzido no Brasil
ISBN 978-85-01-10851-7
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Atendimento e venda direta ao leitor
mdireto@record.com.br ou (21) 2585-2002.
Este livro é para todas as meninas, garotas e mulheres. Não deixem que digam que não são capazes, vocês podem ser o que e quem quiserem.
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Epílogo
Agradecimentos
CAPÍTULO 1
Acho que a maioria das pessoas que chega na universidade espera que a vida tome um rumo totalmente diferente... Obviamente eu também. Tudo que eu quero é começar de novo. É nisso que penso enquanto encaro o prédio de tijolinhos à frente. Só quero deixar tudo para trás e enfim ser alguém legal.
O primeiro passo é conhecer o lugar em que eu vou morar nos próximos meses: a República das Loucuras (nome no anúncio). Escolher não foi tão difícil. Quase destino. Encontrei um aviso no mural da secretaria no dia em que fui fazer a matrícula. O anúncio estava escrito em um papel amarelo e em letras pretas:
Lembro de sorrir para o texto inusitado. Pensei que tinha encontrado um jeito de experimentar uma vida diferente. Por que não começar pelos loucos? Tirei uma foto e naquele mesmo dia resolvi ligar. Quem atendeu foi uma moça que se identificou como Louca-mor.
— Ou apenas Manuela. — Uma voz estridente me atingiu, e afastei o celular dos ouvidos. — Manu para os íntimos. — A mesma voz acrescentou baixinho.
— Hum, estou ligando sobre a vaga na república — expliquei, um pouco tímida, impedindo que a Louca-mor se estendesse com outras opções de nomes.
Ela então suspirou, cansada, como quem diz lá vamos nós de novo
, e me perguntou em um tom nada amigável:
— Por que nós devemos aceitá-la?
Eu não entendi; afinal, eles tinham colocado o anúncio, e ele era bem claro. Então acabei respondendo o óbvio:
— Talvez seja porque vocês têm um anúncio no mural da faculdade?
— Ah, é isso que se faz quando se tem uma vaga disponível, sabe? — disparou ela ironicamente contra o meu sarcasmo. — Não é porque temos uma vaga que vamos aceitar qualquer um. Somos bastante seletivos.
Eu fiquei chocada com aquela conversa. Pensei em desligar, mas a garota me interrompeu antes:
— Você vai cursar o quê? — perguntou, como se fôssemos amigas e estivéssemos no meio de uma conversa animada.
Será que ela fazia teatro? Impossível uma pessoa mudar tanto de personalidade em minutos. Avaliei por um segundo a relevância daquela pergunta, ignorando a estranheza daquilo tudo. Resolvi ser sincera.
— Engenharia da Computação.
— Uau. É inteligente então?
É o que todos dizem.
Aquilo me desanimou um pouco porque era exatamente como eu não queria mais ser rotulada. A nerd esquisitona
. Escutei isso durante todo o ensino médio. Nem de me gabar eu gostava, porque tirar boas notas nunca havia me beneficiado em nada além de evitar a recuperação, mas isso acontecia com quem era mediano também. E, bom, ser a CDF da sala nunca foi muito animador no quesito social.
— Um pouco — respondi sem dar mais detalhes.
Tudo bem que a escolha de curso talvez não tenha sido um fator a favor para uma mudança de imagem. Mas digamos que eu não sabia muito bem o que escolher além do que achava mais interessante.
— Acho que precisamos de uma nerd na república. Temos gente esquisita demais por aqui, mas ninguém para preencher a cota de certinhos da turma. O que você acha, Talita? — Quase a corrigi dizendo que meu nome na verdade era Alina, mas logo percebi que ela estava falando com alguém do outro lado da linha. — Uma menina que mexe com computadores. — Revirei os olhos ao escutar aquela definição manjada do meu curso. — Pois é, achei legal também. E pode ser útil.
Eu fiquei sem saber o que fazer enquanto as duas conversavam sobre mim e sobre a minha utilidade, mas decidi esperar.
— Então tá certo, você está contratada! — A garota me falou como se estivesse me fazendo o maior favor do mundo.
— Contratada?
— Ah, qual é! Usar termos sérios deixa a conversa mais empolgante. Eu pareço adulta falando sobre NEGÓCIOS! — Ela fez questão de destacar a palavra. Aquela conversa ficava cada vez mais confusa, e eu não conseguia acompanhar o raciocínio de Manuela ou entender o objetivo daquilo tudo. Poderia quase apostar que ela era de humanas.
Bom, tudo isso aconteceu há duas semanas, e agora aqui estou eu na entrada do prédio, esperando criar um pouco de coragem para apertar a campainha. Ao meu lado está uma mala enorme que trouxe no ônibus, e nas costas, uma mochila, onde prefiro levar o notebook. Não precisei trazer mais nada porque Manuela havia me garantido que tudo estava incluso no aluguel e precisava apenas de coisas pessoais. Aperto os olhos para ver pela grade e noto que todas as janelas estão fechadas. Será que tem alguém? Não demora muito para que a minha pergunta seja respondida.
— Vai ficar parada aí por muito tempo?
Reconheço a voz. Dou meia-volta e encaro a dona. Não sei por que, mas imaginei que a Manuela fosse muito diferente. Imaginei uma baixinha, mas ela é muito alta e magra, e me lembrava um pouco a Avril Lavigne com uma parte do cabelo platinado tingido de rosa. Ela me encara, decidida, enquanto espera sua resposta. Mas tudo que eu tenho a dizer é:
— Oi, eu sou a Alina.
— É claro que você é a Alina — diz me descartando com um gesto enquanto se aproxima um pouco mais. — Eu conheço quase todo mundo por aqui e você tem mesmo cara de nerd.
Eu sorrio sem graça e imagino se ela é sempre assim.
— Quer ajuda com a mala? — Manuela pergunta enquanto abre o portão com uma das chaves do chaveiro cheio de penduricalhos barulhentos.
— Eu consigo me virar.
— Ótimo, mas quero só ver você subindo a escada com uma mala desse tamanho.
Ela espera eu passar pelo portão para então voltar a trancá-lo.
— Bem-vinda à República das Loucuras! — Manuela cantarola animada, esticando os braços e indicando o prédio.
Será que eu vou ter que chamar de República das Loucuras também? Faço uma careta só de imaginar a vergonha.
Observo, desanimada, a construção que não tem nada que lembre o título. Na verdade, era um prédio bem normal, igual a vários da rua. Se eu não prestasse bastante atenção, poderia me confundir, e a qualquer momento entrar em uma casa errada.
Nota mental para o futuro: tomar bastante cuidado.
A Manuela é a líder. Ela me contou que além dela moravam mais três pessoas na casa. A Talita, com quem ela estava conversando quando eu liguei; o Bernardo, o namorado da Talita, que não é um morador oficial, mas como sempre está por ali, todo mundo se esquece disso; e o Gustavo, filho do dono do prédio da república, mas que não curte muito tomar decisões, e por isso a Manuela assume as responsabilidades.
Ela me contou tudo ainda naquela ligação. Eu só concordava com alguns aham
e nossa
, para que ela soubesse que eu continuava na linha, mas, na verdade, não estava muito interessada em tanta conversa com alguém que eu mal conhecia. Ela ameaçou contar algumas fofocas sobre a galera, mas se conteve dizendo que teríamos muito tempo para conversar. Além disso, garantiu que não estava fazendo nada de mais ao contar, afinal seríamos uma grande família.
Isso me faz lembrar da minha própria família. Eles ficaram em Laguna, a minha cidade natal. O tipo de cidade que as pessoas só lembram que existe no verão ou no carnaval. Eu teria que sair da cidade para fazer o curso de qualquer jeito, só que preferi uma universidade longe o suficiente para precisar me mudar também.
Fiz questão de vir sozinha. Meu pai até insistiu para me trazer de carro. Disse que seria uma ótima oportunidade para a família passear um pouco antes que as férias terminassem, mas eu sabia a real intenção dele. Estava louco para conhecer a república e ter uma conversa com os meus futuros colegas, garantindo que não seriam má influência. Ainda bem que minha mãe conseguiu convencê-lo a mudar de ideia. Eu nem cheguei a pedir, mas sabe aquele radar que eu suponho que toda mulher deve ganhar de brinde ao sair da maternidade? Acho que o dela é um daqueles de alta precisão.
Estávamos na cozinha de casa quando dei a notícia que já tinha onde morar. Minha mãe estava preparando um chá no fogão, e meu pai, sentado na ponta da mesa, tentando ignorar a existência da xícara com o líquido estranho que ela havia servido. Ele já havia desistido de esperar que o conteúdo virasse uma cerveja.
— Ah, Carlos. — Minha mãe deu um dos seus sorrisos mais doces depois de despejar a água fervente em outra xícara. Ela sabe que sempre funciona. — Dezoito anos. Acho que chegou a hora de ela se virar sozinha, não é? — Ela me observou por alguns instantes e depois voltou a atenção para o meu pai.
Ele concordou com relutância. Não levou muito tempo para que seus grandes olhos castanhos se enchessem de lágrimas e ele tentasse disfarçar bebendo um gole do chá.
— Eu nunca vou gostar disso aqui — resmungou depois de fazer uma cara feia e quase cuspir.
— Bom, Alina, acho que você vai de ônibus e depois pega um táxi até a república, certo? — Ela me perguntou sem que meu pai tivesse chance de sugerir qualquer outra coisa.
Levantei as sobrancelhas, surpresa, e encarei meu pai, que apenas deu de ombros, derrotado pelo sorriso doce.
Não tenho nada contra a minha família. Eu só gostaria de aproveitar a oportunidade de começar tudo de novo. Onde ninguém me conhece de verdade. Onde posso ser quem eu quiser. Além disso, digamos que mudar para a capital do estado não é ruim, certo?
Tudo bem, não vou morar exatamente na capital, afinal, a universidade tem uma cidade própria. O campus foi rodeado por um ecossistema que se sustenta só pela população universitária e suas necessidades. Falar que vou morar na capital só facilita para explicar, por exemplo, para a minha avó. Ela ficou bastante confusa quando eu disse que iria para Pedra Azul, até perguntou se ficava em outro país. Então apenas corrigi que mudaria para Florianópolis mesmo.
Fiquei com o coração apertado ao me despedir dos meus pais na rodoviária, mas sabia que era a hora de ser alguém. Sei que não sou exemplo de autoconfiança e autoestima, mas digamos que estou trabalhando nisso. A passos lentos, mas sempre em frente.
Quando entro no prédio da república, começo a analisar o lugar. A porta principal dá para uma sala-cozinha, e um balcão divide os dois ambientes. Nada muito grande, mas é um espaço razoável para o número de habitantes da casa. Há dois sofás coloridos e uma televisão de LCD na parede. No rack logo abaixo, reparo em diversos videogames e perto do balcão da cozinha há uma mesa de pebolim. Nada mal.
A cozinha é pequena, tipo americana, com uma pia, alguns armários no alto, além de geladeira, fogão e micro-ondas. Reparo que não tem nenhuma mesa de jantar, só aquele balcão vermelho separando os ambientes.
Manuela pede para que eu a siga, já que os quartos ficam no segundo andar. Luto para subir com a mala e a mochila. Quando chego no piso de cima, mal consigo respirar. Eu me apoio em uma das paredes do corredor e solto o ar com dificuldade.
— É bom se acostumar — ela declara com os braços cruzados, encostada em uma das quatro portas do corredor, se divertindo com o meu sofrimento. — É sério.
— Vou tentar.
Ela desencosta quando percebe que estou andando novamente e se vira para a primeira porta à esquerda.
— Esse é o seu quarto!
Entro e analiso o cômodo que será meu lar pelo próximo semestre. Uma cama de solteiro embaixo da janela, um guarda-roupas do lado da porta e uma escrivaninha.
— Gostou? Você pode decorar como quiser. O único problema é que tem que tirar tudo quando se mudar e deixar exatamente assim, como encontrou. Estabeleceram essa regra quando a garota que morava aqui antes de eu chegar resolveu pintar o quarto todo de preto e ninguém mais quis alugar aquilo além de mim. A Talita tirou uma foto do quarto quando ela chegou.
Eu não tenho problemas com decoração. Não me importo, de verdade. Desde que a cama seja confortável, tudo bem. Caminho até a janela e deixo minha mala perto da cama. Quando me viro para Manuela, ela está com o celular apontado para mim e um flash quase me cega.
— Só para garantir! Depois eu mando por e-mail — explica.
É inútil, mas concordo, ainda atordoada com aquele flash.
— Ok, agora que já conheceu seu quarto, vem! — Ela me puxa pelo braço. — Quero te apresentar aos outros loucos! Eles são demais! — comenta, animada.
A garota continua me puxando até o quarto seguinte do corredor, ao lado do meu. Entra sem bater e fico com vergonha quando encontro um garoto só de cueca samba-canção deitado na cama. Dormindo.
Eu me viro assim que a Manuela me solta. Que vergonha!
— Ei, Gustavo! Acorda! — grita. — A caloura chegou!
Ele resmunga, mas não parece acordar.
— Vai, levanta! — A garota o balança, puxa e estapeia.
— Tá bom, para, já acordei! — Gustavo reclama com uma voz sonolenta. — Vou conhecer a menina só pela bunda?
Meu rosto começa a esquentar de vergonha e raiva.
— Você está de... cueca — argumento ainda de costas.
Ele ri.
— Ah, Gustavo! Coitada! — repreende Manuela. — Se cobre aí com o lençol, ela não precisa lidar com a sua nudez logo de cara.
— Eu... volto depois. — Tento sair correndo para não passar vergonha, mas a Manuela me impede.
— Nada disso! O Guto já tá coberto.
Eu suspiro e olho para o garoto. Ele não está mais de cueca e nem deitado, mas em um lençol e sentado na beirada da cama. O quarto está um pouco escuro porque as cortinas estão fechadas e a luz só entra pela porta. É a minha sorte: ele não consegue ver o meu rosto vermelho como um pimentão. Ele sorri, e eu dou um meio sorriso em resposta, mas acho que ele não consegue ver.
— Meu nome é Gustavo! — Ele se apresenta. — Estou aqui há muito tempo.
— Sou Alina e... acabei de chegar — declaro, mas logo em seguida me dou conta do quanto fui idiota, como se só tivesse isso a dizer. Para Manuela, já é o bastante.
— Certo, conheceu um dos moradores da casa. Tem mais dois! — Ela começa a me empurrar pela porta com pressa. — Vamos, vamos!
Enquanto saio do quarto, olho para trás em direção ao Gustavo. Ele pisca e sorri para mim. Eu retribuo o sorriso e agora tenho certeza de que ele pode me ver.
— Certo. — A Manuela para no meio do corredor e começa a me alertar: — Ver o Gustavo de cueca não é nada demais. Ele, basicamente, só usa isso em casa. Você se acostuma.
Eu me certifico de colocar isso na lista de coisas às quais preciso me acostumar, e que já possui dois itens: as escadas e a cueca.
— Mas o Bernardo e a Talita? É preciso muito cuidado para não pegá-los em um momento, hum... íntimo demais. Os dois são frenéticos, você não tem noção! Agradeça pelo seu quarto não ser ao lado do deles. É um inferno! — confessa.
Ela para na frente de uma porta que imagino ser do quarto da Talita. Tem um papel em formato de coração colado que diz: Seis meses de amor, beijos do seu Bê
.
— Meu deus... — falo baixinho e faço uma careta.
— Pois é — Manuela concorda
Espero em silêncio por alguns segundos enquanto ela se concentra, prestando atenção em alguma coisa que eu não faço ideia do que é.
— Acho que não é uma boa ideia.
Levo um susto com a voz do Gustavo logo atrás de mim. Eu me viro e percebo que agora está vestido. Quero dizer, parcialmente vestido.
Depois de fechar o zíper da calça, ele olha para nós duas. O cabelo louro-escuro está totalmente fora de controle na cabeça, e o rosto, amassado. Desço os olhos até o peitoral sem camisa. Uau! É definido, mas sem exagero. Tudo totalmente proporcional. Acho bem esquisito aqueles caras que se matam na academia e ficam em formato de fatia de pizza. Os ombros enormes e o quadril minúsculo. Não é o caso.
Acho que estou há muito tempo encarando, pois vejo que ele franze a testa e sorri. Desvio o olhar, envergonhada, e me volto para Manuela. Ela nem parece se importar. Não sou nenhuma garotinha deslumbrada com um peitoral qualquer, ok? Mas o cara é bonito demais para não reparar.
— É, acho que é melhor não entrar aí mesmo. — Manuela interrompe meus pensamentos depois de escutar algum barulho. — Você pode conhecê-los mais tarde.
Fico chocada ao me dar conta do que ela está falando, e com tanta naturalidade. Ela deve ter percebido meu constrangimento porque diz logo em seguida:
— É assim mesmo. — Ela dá um tapinha nos meus ombros. — Como eu disse, você se acostuma.
CAPÍTULO 2
Não demorou muito para que eu conhecesse o casal frenético. Uma hora depois, enquanto eu estava na sala conversando com a Manuela, os dois apareceram. Bernardo foi em direção à cozinha, e a Talita se sentou ao nosso lado no sofá.
— Espero que tenham