Conta-gotas: Máximas & reflexões
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Sobre este e-book
Num tempo já marcado pela forma condensada e pela rapidez das novas mídias, Meira Monteiro atualiza a longa tradição de se escrever aforismos para refletir sobre os tempos fragmentados do novo século.
Gota por gota, palavra por palavra, a contemporaneidade é pensada através do filtro da literatura: "O fim é o fim da poesia".
Segundo Fernando Paixão – que assina a apresentação –, "Em doses mínimas, o veneno faz bem ao intelecto".
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Conta-gotas - Pedro Meira Monteiro
Créditos
Antídoto puro
Faz parte da máxima que seja mínima. Capaz de compactar a amplitude do tema na centelha de uma frase ou num punhado delas. Para conseguir tal efeito, contudo, não pode ceder à expressão tortuosa ou voltada para ressaltar as curvas da ideia. Interessam principalmente os ditos diretos, ainda que não sejam tão retos assim. À sua maneira, o texto produz um instante vertical
, vertigem do raciocínio. As palavras entram em curto-circuito.
Certamente foi esse engenho da linguagem que inspirou Pedro Meira Monteiro a resgatar e recriar um gênero tão arcaico, insuperável na maneira de tratar da conduta humana. E, claro, de outros temas que escapam à primeira vista e ao senso comum. Ele sabe que tem por trás de si toda uma tradição que remonta aos apotegmas da antiguidade e inspirou uma galeria de notáveis autores (comentados no ensaio final deste livro), mas não se intimidou com isso. E por uma razão muito simples.
Porque ainda hoje essa intensidade a conta-gotas serve de bom antídoto contra os rumores da banalidade e do autoengano generalizado. Não mais com o propósito de reabilitar os idos conceitos de sabedoria e verdade — noções tão relativas neste século XXI. Mas com o sentido de apostar em certa escolha pessoal de valores e atenções. Princípios que ajudam a pensar na contramão dos nossos hábitos mentais, digamos.
Consciente disso — e inspirado em Roland Barthes, presença forte nas páginas que seguem —, Pedro Meira Monteiro permite-se empregar a primeira pessoa e, com isso, abre uma fresta subjetiva nesse tipo de composição. De maneira indireta, sugere um círculo de identidade ao conjunto; soma dizeres que desenham um campo de crenças e descrenças intelectuais. Aciona o senso crítico com voz própria, diante de um ambiente de ambiguidades e falsetes.
O curioso é que, na era da pós-modernidade, tantas sejam as gotas ácidas relativas ao tema das palavras e da escrita. E parece sintomático que assim o seja. Sinal dos tempos. Talvez isso esteja ligado