Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

A partir de $11.99/mês após o período de teste gratuito. Cancele quando quiser.

O cordeiro que venceu: Prepare-se para a batalha
O cordeiro que venceu: Prepare-se para a batalha
O cordeiro que venceu: Prepare-se para a batalha
E-book388 páginas5 horas

O cordeiro que venceu: Prepare-se para a batalha

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

O que você seria capaz de fazer para alcançar o sucesso? Qual o preço que estaria disposto a pagar para chegar ao topo? E se esse preço para alcançar a fama fosse sua própria alma? Seria capaz de vendê-la para realizar seu sonho?
A atriz Margareth Simon não hesitou em fazer o mais maléfico dos pactos para conseguir o que desejava. E na hora que cobraram o preço, descobriu que poderia ser alto demais... Agora, os seus filhos foram sequestrados por alguém que deseja receber esta dívida antiga com o sangue de inocentes.
As crianças, em um jornada que os leva aos confins da selva africana, irão conhecer um personagem capaz de protegê-los do mal e dos predadores famintos. Algo que eles nunca imaginariam... Um cordeiro.
Mergulhe nesta aventura em busca da liberdade. Vença o poder maligno que ameaça destruir tudo.Emocione-se com um desfecho surpreendente, que transformará a sua vida e renovará sua fé.
Prepare-se para a batalha!
IdiomaPortuguês
EditoraBookerang
Data de lançamento2 de jul. de 2020
ISBNB08CBKC8YT
O cordeiro que venceu: Prepare-se para a batalha

Relacionado a O cordeiro que venceu

Ebooks relacionados

Ficção cristã para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de O cordeiro que venceu

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    O cordeiro que venceu - Erick França

    VENCEU

    APRESENTAÇÃO

    Então um dos Anciãos me disse: — Não chore! Eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para quebrar os sete selos e abrir o livro.

    Apocalipse‬ 5:5

    Vencer na vida é muito difícil. Alcançar a vitória requer muito esforço e dedicação para que os sonhos sejam realizados e projetos sejam concluídos. O desejo de vencer na vida é inerente a natureza humana, pois todos nós sentimos a necessidade de vencer, quer seja na vida profissional ou na vida sentimental. Todos vivem suas vidas em busca de um lugar ao sol, todos anseiam em chegar ao topo da pirâmide e serem finalmente auto realizados.

    Para uma pessoa avarenta, vencer é adquirir muito dinheiro, mas, para uma pessoa simples, vencer é apenas concluir seus estudos; uma pessoa soberba acha que vencer é alcançar a fama e o sucesso, mas, para uma pessoa humilde, vencer é apenas superar suas próprias limitações; há quem diga que vencer está relacionado apenas às competições desportivas, mas também há quem diga que vencer está relacionado unicamente a um desejo íntimo e profundo de cada indivíduo.

    Contudo, de uma forma ou de outra, todos nós buscamos vencer em alguma área da vida, e para isso, precisamos matar um leão por dia a fim de superar todos os obstáculos que surgem a nossa frente em uma batalha ferrenha contra nossos próprios limites.

    Mas no que tange a vitória, existe uma dualidade que não podemos ignorar. Em uma partida de futebol, por exemplo, apenas um time levará o troféu de campeão. Um time vencerá e o outro perderá. Afinal, não se pode ganhar todas as partidas. Assim como no esporte, a derrota também faz parte das nossas vidas, ainda que para muitos esta seja mais presente do que a aquela. Portanto temos que aprender a lidar tanto com a vitória quanto com a derrota, porque assim como em um jogo de damas, que para eliminar o maior número de peças do adversário e vencer a partida, às vezes é preciso perder uma ou duas peças para vencer a partida. Às vezes é preciso perder para ganhar. Para sentir o sabor de mel da vitória é preciso que alguém sinta o amargo sabor da derrota, quer seja seus opositores ou até mesmo seu próprio eu.

    Vencer não é um privilégio somente para os mais fortes, mas para todos aqueles que lutam com unhas e dentes neste campo de batalha chamado Terra.

    No mundo espiritual não é diferente. O apóstolo Paulo escreveu aos gálatas que a carne luta contra o espírito e o espírito luta contra a carne, isto porque eles são opostos entre si (Gálatas 5.17). Além da batalha diária que é travada todos os dias na vida natural, existe uma outra batalha sendo travada no mundo espiritual, porém esta nós não conseguimos ver com nossos olhos naturais.

    Existe sim uma dualidade invisível: carne e espírito; mau e bom; morte e vida; inferno e céu; Diabo e Jesus. Nós, homens, estamos bem no meio desta batalha espiritual, onde o Diabo luta pela nossa destruição eterna e o Senhor Jesus luta pela nossa salvação eterna. Mesmo sabendo que o poder de Jesus é infinitamente superior e que esta batalha já está ganha, nós somos os únicos responsáveis pelo destino final das nossas almas, porque nos foi dado um livre arbítrio para escolhermos qual lado ficar: o lado de quem venceu ou o lado de quem foi derrotado.

    Mergulhe nas aventuras desta incrível história e você conhecerá os dois lados do reino espiritual. Este conhecimento lhe ajudará a fazer a escolha mais importante da sua vida. Afinal, para vencer no mundo espiritual é preciso ficar do lado mais forte, do lado daquele que venceu e que poderá lhe ajudar a vencer nesta tremenda batalha, onde sua própria alma está em jogo.

    Antes de continuar a leitura, ore ao Senhor e peça que Ele o proteja nesta batalha que acaba de entrar, pois o inimigo da sua alma fará de tudo para que você não continue a leitura porque sabe que neste livro você encontrará as armas necessárias para lutar nesta batalha e aprenderá a usar a armadura espiritual descrita pelo apóstolo Paulo à igreja de Éfeso, sendo assim, o vencedor que receberá a coroa da vida.

    Que Deus abençoe sua leitura!

    Prepare-se para a batalha!

    O PEDIDO

    MARGARETH SIMON

    CORTA! — Grita o diretor cinematográfico ao finalizar mais um dia de gravação.

    O que eu mais quero neste momento é chegar em casa, dar um forte abraço nos meus filhos, tomar um banho quente em minha banheira, comer alguma coisa e me jogar na cama.

    A rotina de gravações em Hollywood é muito pesada e estressante. Já estou tão cansada que é a sexta vez que repito a mesma cena. Ainda bem que meu diretor, James Stock, é uma pessoa muito calma e compreensiva, sabe que eu estou exausta à essa hora da noite. Para dizer a verdade, não tenho do que reclamar. Para mim, atuar não é uma profissão, mas sim uma diversão. Imagina alguém se divertir diariamente fazendo o que gosta e ainda receber uma fortuna por isso. Esse alguém sou eu.

    — Até amanhã James. — Cumprimento meu diretor antes de me retirar do estúdio.

    — Espere, preciso conversar com você antes de ir embora.

    — Mas a essa hora da noite? Não podemos deixar para amanhã?

    — Não, o assunto é importante. Por favor, me acompanhe. — Conclui James ao me conduzir para uma sala de reunião que é usada pelos diretores e executivos da companhia para planejamento das cenas.

    Entro e vejo quatro executivos sentados em volta de uma mesa redonda de vidro que fica no centro da sala. Na mesa há duas cadeiras vazias reservadas para James e eu. Quando me vê sentar à mesa, um dos executivos, chamado Scoot Miller, um dos donos da companhia, diz:

    — Boa noite Margareth! Você já está conosco há anos, sempre fiel à nossa empresa e à nossa sociedade. Quero que saiba que o nosso mestre está muito orgulhoso de você.

    — Muito obrigada. — Reajo um pouco desconfiada.

    — Chegou a hora de você dar uma prova do seu amor e devoção ao nosso mestre. — Continua Scoot, o executivo.

    — Uma prova de amor? Quantas provas de amor terei que dar para ele se convencer da minha lealdade?

    — Sabemos que a sua história de vida é uma grande prova de amor. Reconhecemos isso. Sei que realizou várias conquistas desde que se juntou a nós, mas agora é diferente. O mestre quer que você lhe faça uma oferta de amor, um sacrifício que prove sua lealdade e fidelidade.

    — Tudo bem, não será o primeiro nem o último. O que devo sacrificar desta vez? Algum animal de grande porte e valor ou uma criança sequestrada? Podem pedir o que quiser, pois estou disposta a fazer o sacrifício que for necessário para provar minha devoção ao meu mestre.

    Os executivos olham uns para os outros. Parece estar tudo ensaiado. Scoot, então, continua:

    — Ele deseja um sacrifício de duas crianças, onde elas deverão ser sacrificadas em um ritual satânico.

    — Tudo bem, mas onde estão estas crianças? Tenho que mandar sequestrar ou vocês já fizeram o serviço?

    Scoot, então, abaixa a cabeça por alguns segundos e em seguida levanta novamente. Com os olhos fitos em mim, responde em um tom de voz firme:

    — As crianças estão em sua casa, Margareth.

    — Na minha casa? Não tem nenhuma criança na minha casa, a não ser meus filhos.

    — É deles que estamos falando. Você deve sacrificar seus filhos em adoração ao nosso mestre, esta é a oferta que você deve oferecer.

    — Que tipo de brincadeira é essa? — Retruco assustada antes de afastar minha cadeira da mesa tamanho susto.

    — Não estamos aqui de brincadeira, você sabe disso. Ele cumpriu sua parte no contrato. Hoje você é a atriz mais rica e poderosa do mundo. Dinheiro, fama, sucesso, luxo, enfim, você tem tudo o pediu, agora, é hora de renovar seu pacto com ele e provar que é grata por tudo o que ele tem feito por você.

    — Desculpem-me, mas não posso fazer isso. Meus filhos são a minha herança, são tudo para mim, minha única família. Como posso matar meus próprios filhos? — Replico ao levantar-me da mesa e me dirigir em direção à porta, na tentativa de fugir.

    — Você ainda é jovem e bonita, linda aliás. Pode ter quantos filhos quiser. Mas estes pertencem ao nosso mestre, você sabe disso, não é?

    — Não vou fazer isso, peçam o que quiser, mas meus filhos não!

    Scoot franze a testa, olha em meus olhos, e diz:

    — Desculpe Margareth, mas você não tem escolha. Você não pode dizer não ao nosso mestre. Se não fizer o que ele te pede, terá graves consequências.

    Intimidada, sento novamente à mesa, coloco as mãos sobre a cabeça e, com os olhos cheios de lágrimas, questiono:

    — Como deve ser feito este sacrifício?

    O diretor James toma a palavra dizendo:

    — Quem fará o ritual será o mesmo sacerdote da irmandade que te trouxe para Hollywood. Você deve levar seus filhos até sua cabana, onde tudo começou. Ele fará o ritual e o sacrifício.

    — Tudo bem, farei confirme estão me pedindo. — Respondo ao me levantar rapidamente da mesa e me retirar da sala sem dizer mais nenhuma palavra.

    ***

    Chego em casa e meus filhos já estão dormindo. Meu coração está muito apertado com a possibilidade de perdê-los. No quarto de cada um, dou um beijo na testa enquanto dormem. Desesperada, começo a chorar enquanto observo minha filha mais nova dormir. Não consigo me conformar em ter que sacrificar meus próprios filhos. Eu estou prestes a sentir na pele o que muitos pais sentiram quando tiveram seus filhos sequestrados para serem sacrificados em rituais satânicos. Eu mesma já fiz vários destes sacrifícios, mas nunca pensei em um dia ter que sacrificar meus próprios filhos.

    — Não se preocupe minha filha, não deixarei que nada de mal te aconteça, nada! — Sussurro aos ouvidos de Lara enquanto ela dorme. Não consigo parar de chorar.

    Não posso fazer isso! É loucura ter que entregar meus filhos nas mãos destes homens sanguinários. Estou decidida que não farei isso, mesmo sabendo que posso sofrer sérias consequências por negar o pedido do mestre. Mas estou disposta a pagar o preço do castigo, só não estou disposta a perder meus filhos.

    ***

    Algumas semanas depois da reunião, Scoot manda me chamar em sua sala que fica no prédio administrativo da companhia. Não faço ideia do que ele quer comigo. Acho que ele quer falar sobre alguma proposta em um novo filme. Entro na sala e Scoot me cumprimenta com muita cortesia. Começamos a conversar de forma amigável e saudável. Ele quer saber como estão as gravações para próximo filme que eu irei estrear. Scoot sempre é muito gentil e educado comigo. Sempre me presenteia com roupas, bolsas, sandálias e até mesmo viagens para outros países.

    Tudo na tentativa de me comprar, pois faz de tudo para me ter como sua mulher. Até chegamos a sair algumas vezes. Ele é uma pessoa muito atraente para um homem com seu cinquenta e poucos anos de idade. Sempre bem arrumado e cheiroso, Scoot é capaz de seduzir a mulher que quiser. Na verdade, ele faz isso. Troca de mulher como quem troca de roupa. Embora ele seja um bom partido, não faz o meu tipo porque eu gosto de homens mais jovens, com corpo atlético, musculoso e belo, tipo modelo. No entanto, Scoot nunca desiste de mim, nunca perde uma oportunidade de me galantear. Mas hoje é diferente.

    Depois de alguns minutos de conversa, Scoot me presenteia com um lindo anel de brilhantes. Estou muito encantada. Aceitei de imediato o fruto da sua generosidade interesseira. Em seguida, Scoot finalmente revela o verdadeiro motivo de ter me chamado.

    — Margareth, estou preocupado com você. Sei que não gostou de receber o pedido do nosso mestre amado. Percebi sua tristeza no dia da reunião.

    — Não posso fazer isso, Scoot. Como vou oferecer meus próprios filhos para serem sacrificados vivos? — Desabafo.

    — Eu entendo querida, mas não se trata de um jogo de múltipla escolha. Lembre-se que nosso mestre não pede, manda. Se você resistir à sua vontade, não tenha dúvida que receberá um severo castigo.

    — Não posso fazer isso, me desculpe. Estou disposta a pagar o preço.

    — Você não sabe do que está falando. Há um contrato com o mestre, lembra? Ele cumpriu com sua parte no contrato, agora é sua vez de cumprir com a sua.

    — Então eu irei quebrar o contrato! Irei vender todos os meus bens, pedir demissão e sair da sociedade. — Reajo levantando da cadeira.

    Scoot sorri e replica:

    — Margareth, por favor, entenda que o longo caminho que você percorreu para chegar até aqui não tem volta. Não é possível quebrar um pacto com nosso mestre. Sua vida não pertence mais a você, mas sim a ele, bem como tudo o que você tem, inclusive seus próprios filhos.

    — Já disse que nos meus filhos ele não encostará um dedo sequer! Pode fazer o que quiser comigo, mas não permitirei que ninguém faça nenhum mal às minhas crianças.

    — Irá se arrepender amargamente desta sua decisão infantil. Você precisa pensar com a cabeça, não com o coração. O mestre não tolera traidores e se você insistir nesta tolice, será considerada uma, consequentemente, será condenada a sofrer muito enquanto estiver encarnada. Para ser sincero, não entendo o motivo da sua rebeldia. Você sabia que um dia isso poderia acontecer. Além do mais, como já disse, você ainda pode ter quantos filhos quiser. Basta ser obediente e provar do seu amor pelo nosso mestre.

    — Isso é uma loucura! Como vou matar meus próprios filhos?

    — Margareth, isso não é loucura. Até Deus gosta deste tipo de oferta, ou você não se lembra que Ele mesmo pediu que Abraão sacrificasse seu próprio filho Isaac?

    — Obrigada por sua preocupação, mas vou permanecer firme em minha decisão. — Finalizo ao virar-me para sair da sala.

    — Margareth! — Exclama Scoot com um olhar sério — Está é sua última palavra?

    — Sim.

    — Então não terei outra escolha: Você está demitida!

    — O quê? — Reajo tremendamente assustada.

    — Colocaremos outra atriz em seu lugar. Sinto muito.

    — Seu canalha, vão todos para o inferno! — Exclamo antes de jogar a caixa contendo o anel de brilhantes, que ele havia me dado, em sua mesa e sair apressadamente da sala.

    Quando entro em meu carro, começo a chorar desesperadamente, pois sei que é apenas o começo da retaliação do inferno. Neste momento de desespero, começo a lembrar de Deus, mas sei que Ele não vai me ajudar, afinal, agora eu sou propriedade do inferno, não há nada que Ele possa fazer para mudar isso, nada. A única solução é fugir de todas as formas possíveis e proteger meus filhos.

    Antes de dar partida no carro, pego meu celular e ligo para meus seguranças particulares pedindo que buscassem as crianças na escola, porque sabia que precisava protegê-los.

    No fundo eu ainda tenho esperança deles mudarem de ideia e pedirem outro tipo de oferta, livrando assim meus filhos da morte, afinal, eles não vão querer perder uma mulher como eu: rica, poderosa e influente. Eu sou importante para a organização, já conquistei muitas coisas para o crescimento da irmandade. Estou certa de que eles irão voltar atrás e implorar para que eu não abandone a organização nem deixe de servir ao mestre. Estou convicta de que ele precisa de mim e nunca permitirá que eu fique triste ou decepciona. Sei que uma hora ele vai aparecer novamente para mim e pedir desculpas pelo pedido insano. Eu sei e estou certa de que isso tudo vai acontecer.

    Espero não estar enganada.

    O SEQUESTRO

    Ela não estava sozinha quando tudo aconteceu. Na verdade, ela nunca se separava do seu irmão, o único que tinha. Mesmo ainda crianças, eles sabiam que precisavam estar sempre juntos para enfrentar seus desafios diários. É claro que, como em qualquer família normal, as brigas de irmãos eram inevitáveis, bem como ficar sem se falar por algum tempo, mas graças ao bondoso coração de Lara, tudo voltava ao normal após um simples convite para brincar. O amor que sentia pelo seu irmão mais velho a fazia uma irmã protetora e amorosa. Sempre que ele se envolvia em confusão, lá estava Lara para afastá-lo. Porém, naquele dia Lara não conseguiu evitar que o pior acontecesse.

    Certamente passaram um bom tempo culpando um ao outro até encontrarem um culpado. Mas isso não mudará o destino da aeronave que os levará para algum lugar que eles não sabem aonde é. Agora, mais do que nunca, eles precisam estar juntos para encontrarem uma forma de fugir. Infelizmente o medo que corre por suas veias bloqueou seus pensamentos a ponto de não conseguirem pensar em alguma saída. Até porque não há como fugir de uma aeronave em pleno voo. O jeito é esperar.

    — Prometo que se sairmos com vida daqui nunca mais falarei mentiras. Passarei a falar apenas a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade. — Disse seu irmão após uma sequência de sermões de Lara.

    — Será que também não está mentindo agora? Você disse a mesma coisa da última vez quando roubou o skate do nosso vizinho Cris, lembra? Para fugir do castigo, disse para nossa mãe que eu quem havia roubado o skate. Se você tivesse roubado direito com certeza eu ainda estaria de castigo até hoje. Minha sorte foi que o Cris viu quando você pegou o skate em seu quintal. No dia seguinte falou com seu pai, que em seguida falou para nossa mãe que havia sido você o ladrão de skate, e não eu. Mas acho que a surra que levou da nossa mãe e os dias que ficou de castigo não foram o suficiente, não é mesmo Pedro Lucas? — Reage Lara, vendo o silêncio do seu irmão como resposta.

    Desta vez Lara está muito irritada com ele, pois somente o chama pelo nome inteiro quando está muito nervosa. Mas não é para menos, a resistente mania do seu irmão em mentir sempre os colocavam em situações muito difíceis. Hoje não foi diferente.

    Pedrinho, como normalmente é chamado em casa, é o Pinóquio em pessoa. Suas mentiras são tão convincentes que ele mesmo acaba acreditando nelas. Raramente consegue dizer a verdade. Pedrinho não dizia a verdade nem mesmo quando um menino novo chegava no bairro e perguntava seu nome. Sempre criava um novo apelido. Na verdade, ele não gosta do seu nome, talvez por saber que em sua sala de aula é o único nome de origem brasileira. Mas ele não tem culpa de ser o único brasileiro da sua turma.

    Ben10, como é chamado na escola (isso porque dizem que a cada batida em seu relógio sai um monstro mentiroso diferente), fica várias vezes de castigo, mas parece que ao invés de acabar com a sua mania, Pedrinho piora cada vez mais.

    Talvez a ausência de um pai atenue o sentimento de insegurança em Pedrinho, o levando a mentir para se proteger. Porém, hoje Pedrinho pagará caro por suas mentiras.

    Faltar aula não é novidade para Pedrinho. Embora seja um aluno aplicado e inteligente, sua paixão por games é maior do que a vontade de assistir às aulas. Pelo menos uma vez por semana, Pedrinho e alguns colegas de sua classe se reúnem na casa de um deles para jogar seu jogo favorito: Cabela's Dangerous Hunts, um jogo de caça à animais selvagens. Como jogadores, o objetivo dos garotos é caçar o máximo de animais possível. O melhor caçador é aquele que caçar a maior quantidade de animais selvagens na floresta. Já faz um mês que Pedrinho está em primeiro lugar no ranking dos seus amigos, sendo o melhor caçador.

    Como os pais de Arthur trabalham fora, a casa fica vazia durante o dia, assim os matadores de aula podem jogar tranquilamente enquanto seus pais acham que ele está na escola.

    Embora não esteja em sua casa, Pedrinho é o líder do grupo, ele quem escolhe o melhor dia para a jogatina.

    Como uma boa menina, Lara torna-se cúmplice do seu irmão, mesmo não concordando com seus atos criminosos. Lara diz a Pedrinho que se ele é capaz de matar aula aos 11 anos de idade, também pode matar um animal dócil aos 16 e um ser humano aos 18. No entanto, a fim de ter um bom motivo para não assistir às aulas de matemática, às vezes Lara acabava fugindo com seu irmão, não para jogar, mas simplesmente para fugir do chato professor. Pedrinho é um fugitivo profissional e sabe matar aula como ninguém. Nada dá errado em suas fugas. Pelo menos até hoje.

    — Seu pai está em casa hoje? — Pergunta Pedrinho ao ver uma van preta estacionada em frente à casa do seu colega de jogo.

    — Meus pais estão no trabalho. Não sei de quem é este carro. Ele está aqui desde cedo, mas não vi ninguém por perto. Não precisa se preocupar, deve ser do vizinho da casa ao lado que se mudou estes dias. — Responde Arthur, o dono da casa.

    — Se é do seu vizinho, por que está na sua calçada? Será que é um espião? Podem ter enviado alguém para nos vigiar e descobrir para onde vamos quando matamos aula. — sussurra Lara desconfiada e assustada.

    Após uma risada debochada, Pedrinho responde:

    — Não viaja, Larinha! Já disse para você não ficar vendo filmes policiais até tarde da noite.

    Com um clima de alegria misturado com curiosidade, todos entram na casa de Arthur para jogar como faziam habitualmente.

    ***

    Próximo ao meio dia, horário que costumam retornar para suas casas, ouve-se o som da campainha.

    — Sujou galera! Nos descobriram! — Sussurra um deles.

    — Esperem! Vou vem quem é. — Disse Arthur ao levantar-se lentamente do sofá.

    Após observar pela janela que não há ninguém lá embaixo, Arthur desce para procurar quem tocou a campainha. Mas para sua surpresa, não viu ninguém no quintal nem na rua, apenas a van preta estacionada em frete a casa. Como os vidros estavam com insulfilm, não dá para ver se tem alguém lá dentro.

    — Podem ficar tranquilos pessoal, não tem ninguém lá fora. Deve ter sido os pestinhas da rua de baixo que correm após apertar a campainha das casas. — Exclama Arthur enquanto retornava.

    Todos ficam aliviados e começam a se preparar para partir, descendo do quarto de Arthur para a sala.

    DING-DONG… — Soa novamente a campainha.

    — Deixem comigo! Estes pirralhas vão se arrepender! – Grita Pedrinho correndo em direção à porta com um pequeno saco nas mãos.

    — O que tem dentro deste saco? O que pensa em fazer? — Pergunta um dos meninos.

    — Vocês vão ver. — Responde Pedrinho ao descer as escadas do quarto.

    Mas para sua frustração, não há ninguém lá fora, apenas a van preta estacionada na calçada.

    Pedrinho, então, fecha a porta e entra novamente.

    — Vamos, nos diga o que tem aí dentro? — Insiste Arthur.

    — Pó de mico! — Responde Pedrinho com um sorriso maroto no rosto. — Às vezes eu levo para a escola a fim de colocar na cadeira dos professores. — Conclui.

    Quando Pedrinho termina de falar, ouve um barulho de vários passos do lado de fora da casa. Paralisado no meio da sala, ele ouve alguém bater à porta.

    — Fiquem todos em silêncio! Pedrinho, pergunte quem é. Seja lá quem for, ainda está aí. É possível ver sua sombra por debaixo da porta.

    Pedrinho, então, se aproxima da porta e pergunta:

    — Quem é? — Ninguém responde do outro lado.

    — Quem é? — Pergunta Pedrinho pela segunda vez, agora com um tom de voz mais alto.

    — Sou seu novo vizinho. Meu carro está enguiçado na sua calçada. Vim devolver a mala de ferramentas que peguei emprestado com seu pai hoje de manhã. — Responde um homem do lado de fora pensando que falava com Arthur, o dono da casa.

    — Ufa! Relaxa gente, é apenas o vizinho novo. Ele está aqui a poucas semanas. A van preta deve ser dele. Pode abrir a porta, Pedrinho. — Disse Arthur.

    — Ele não está sozinho! — Retruca Pedrinho.

    — Devem ser sua esposa e seus filhos. Ele é um cara inofensivo. Vamos, deixe ele entrar. — Responde Arthur confiante.

    Mesmo ainda desconfiado, Pedrinho vai em direção à porta. Mas, ao colocar a mão na maçaneta, Pedrinho ouve um som semelhante ao de alguém carregando o pente de uma arma. Ainda com a mão na maçaneta, Pedrinho olha para traz como se quisesse perguntar você tem certeza?. Mas Arthur acena positivamente com a cabeça.

    Quando Pedrinho abre a porta, se depara com cinco homens mascarados, todos vestidos de preto, todos com fuzis apontados para ele. No mesmo instante, um dos homens sussurra:

    — O primeiro que gritar vai tomar uma rajada de tiros na cabeça!

    Em silêncio, todos ficam paralisados diante daqueles homens armados até os dentes.

    — Quem são vocês? O que querem aqui? — Pergunta Arthur com a voz mais trêmula que suas pernas.

    Com muita brutalidade, os homens invadem a casa e um deles grita:

    — Vocês dois, entram imediatamente naquela van! — Disse o homem apontando o fuzil para Pedrinho e sua irmã, Lara.

    — Ei, deve haver algum engano moço! Nós não moramos aqui. Estávamos apenas jogando vídeo game, nada mais! — Exclama Pedrinho com as mãos para cima.

    O homem, então, olha para seus comparsas que, entendem o que seu olhar quer dizer, e, como animais selvagens do vídeo game, agarram os irmãos Pedro e Lara e os jogam dentro da van. Rapidamente, os homens mascarados amarram seus braços e pernas, colocam adesivos em suas bocas e partem com a van preta sem roubar nada da casa do menino Arthur.

    Dentro da Van, um dos bandidos explica que irão fazer uma viagem internacional. Faz inúmeras ameaças para que eles não tentarem fugir no aeroporto, pois se assim fizerem, os dois serão esquartejados brutalmente. O bandido também recolhe os celulares e seus pertences pessoais e entrega aos meninos documentos e passaportes falsos.

    Embora a polícia americana seja bastante eficiente e a fiscalização no aeroporto da Califórnia seja muito rígida, tudo ocorre como planejado. Todos embarcam tranquilamente em um avião comercial rumo a África do Sul.

    Dentro do avião, Pedrinho está sentado na poltrona da janela, Lara na poltrona do meio e um comparsa dorme como criança do lado do corredor. Não tem como fugiu ou tentar chamar a polícia, embora saibam que em pouco tempo estarão atrás deles. Além do bandido ao lado, há outros seis que viajam na mesma aeronave, três ocupam as poltronas da frente e os outros três as de trás. As crianças estão literalmente cercadas. Apenas um passo em falso e tudo pode estar perdido.

    A pergunta que atormenta os corações daquelas crianças é: — Por quê? Por que justo nós? Quem são estes homens e para aonde estão nos levando? O que querem de nós?

    Não é fácil aguentar tamanho desespero. Pedrinho já está se preparando para o pior, mas Lara ainda tem a esperança que eles vão conseguir escapar com vida deste inesperado sequestro e que a polícia rapidamente os resgatará. Mas infelizmente não é isso que as circunstâncias dizem no momento.

    A MADRUGADA

    EVANGELISTA

    De madrugada o crente vai buscar poder. Vai, vai, vai, vai. Os dias são de trevas e sem poder o crente cai.

    Particularmente eu adoro esta música. Principalmente quando era cantada no monte. Pelo menos uma vez por semana eu reunia um grupo de amigos para orar e buscar a Deus nas madrugadas, pois como um evangelista apaixonado por Jesus que era, eu precisava buscar poder de Deus para não cair nas ciladas do Inimigo.

    Nascido e criado no evangelho, sempre fui um cristão firme e convicto na fé. Meus pais sempre me ensinavam histórias bíblicas desde criança. Isso foi muito importante para mim. Meu relacionamento com o Espírito Santo começou aos 7 anos de idade, quando numa madrugada eu pedi ao Senhor que me batizasse e

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1