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Corajosas: Os contos das princesas nada encantadas
Corajosas: Os contos das princesas nada encantadas
Corajosas: Os contos das princesas nada encantadas
E-book238 páginas3 horas

Corajosas: Os contos das princesas nada encantadas

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Sobre este e-book

Uma releitura cristã e moderna de quatro contos de fadas clássicos
Arlene Diniz reconta a história de Branca de Neve. Bianca planeja concluir uma pesquisa científica que sua mãe iniciou antes de morrer repentinamente. Para isso, conta com a ajuda do melhor amigo, Edu, com quem trabalha como voluntária em um projeto social. Em meio a disputas com a madrasta e emoções fragilizadas, Bianca precisará de coragem para encarar seu verdadeiro eu e mudar a perspectiva sobre si e os outros.
Queren Ane reinventa o conto do Príncipe sapo. Tati é uma garota apaixonada por culinária que sonha em ser chef e ter o próprio restaurante. Enquanto persegue seu objetivo com determinação e coragem, essa princesa moderna aprenderá lições valiosas para seguir sua jornada com leveza, tendo os olhos no que é mais importante.
Maria S. Araújo traz uma Cinderela que perdeu os pais cedo, mas não a esperança. Ella é uma garota gentil que sonha em se tornar veterinária e construir uma vida independente de sua madrasta. No entanto, um mal-entendido resultará em uma sequência de revelações que exigirão coragem, força e uma boa dose de fé.
E se a Bela se tornasse a Fera? Thaís Oliveira nos apresenta Isabela, que após a perda abrupta da mãe perde também a alegria e a esperança, restando-lhe apenas os livros e a gatinha, Lucy. Contudo, uma nova escola e um novo amigo a aguardam. Novos capítulos sempre podem ser escritos, mas será que é possível abrir mão dos espinhos e tornar-se uma bela rosa novamente?
 
"Prepare-se para encontrar princesas do mundo real e mensagens de esperança."
Pat Müller, autora de Memórias em papel timbrado
IdiomaPortuguês
Data de lançamento19 de jun. de 2023
ISBN9786559882144
Corajosas: Os contos das princesas nada encantadas

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    Pré-visualização do livro

    Corajosas - Arlene Diniz

    capacapa

    Copyright © 2023 por Arlene Diniz, Queren Ane, Maria S. Araújo e Thaís Oliveira

    Os textos de referências bíblicas foram extraídos da Nova Versão Transformadora (NVT), da Tyndale House Foundation, salvo indicação específica.

    Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19/02/1998.

    É expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros), sem prévia autorização, por escrito, da editora.

    CIP-Brasil. Catalogação na publicação

    Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

    C794

    Corajosas [recurso eletrônico] : os contos das princesas nada encantadas / Maria S. Araújo ... [et al.] ; [ilustração Ana Bizuti]. - 1. ed. - São Paulo : Mundo Cristão, 2023.

    recurso digital

    Formato: epub

    Requisitos do sistema: adobe digital editions

    Modo de acesso: world wide web

    ISBN 978-65-5988-214-4 (recurso eletrônico)

    1. Ficção cristã. 2. Literatura infantojuvenil brasileira. 3. Livros eletrônicos. I. Araújo, Maria S. II. Bizuti, Ana.

    23-83476

    CDD: 808.899282

    CDU: 82-93(81)

    Meri Gleice Rodrigues de Souza - Bibliotecária - CRB-7/6439

    Edição

    Daniel Faria

    Revisão

    Natália Custódio

    Produção

    Felipe Marques

    Diagramação (impresso e e-book)

    Marina Timm

    Colaboração

    Ana Luiza Ferreira

    Capa e projeto gráfico

    Ana Bizuti

    Publicado no Brasil com todos os direitos reservados por:

    Editora Mundo Cristão

    Rua Antônio Carlos Tacconi, 69

    São Paulo, SP, Brasil

    CEP 04810-020

    Telefone: (11) 2127-4147

    www.mundocristao.com.br

    Categoria: Literatura

    1ª edição eletrônica: junho de 2023

    Para todas as garotas

    que não usam coroas,

    mas têm coração de princesa.

      Sumário  

    Espelho do coração

    Arlene Diniz

    A princesa e seu sonho

    Queren Ane

    Encontrada

    Maria S. Araújo

    A fera sou eu

    Thaís Oliveira

    Agradecimentos

    Sobre as autoras

    O que quer que aconteça, disse ela, não pode mudar uma coisa. Se sou uma princesa em trapos e andrajos, posso ser uma princesa por dentro. Seria fácil ser princesa se eu estivesse vestida com tecido de fios de ouro, mas é um triunfo muito maior ser princesa o tempo todo, sem ninguém saber.

    Frances Hodgson Burnett, A Princesinha

    capacapa

    Bianca soltou um suspiro. Não que estivesse contando, mas já devia ter feito isso pelo menos umas vinte vezes aquela manhã, enquanto escutava a voz afetada de Flávia analisando as combinações de roupas em frente ao grande espelho da sala de estar.

    A madrasta insistiu que a menina participasse da sessão provador que armara em casa naquele sábado, e embora comprar roupas fosse a última coisa em que Bianca estivesse pensando àquela altura, decidiu ir. Mas levou Bob junto e assim se distraía, ora jogando coisas para o shih-tzu de pelos brancos e caramelo pegar, ora amassando o bicho em abraços e beijos carinhosos. Divertir-se com o cãozinho parecia-lhe muito mais atraente do que ficar assistindo enquanto Flávia admirava a própria imagem no espelho.

    — Ficou deslumbrante! — a personal stylist repetiu pela centésima vez. A mulher de cabelo loiro batido na nuca era dona de uma boutique de roupas importadas e, sempre que solicitada, levava sua mercadoria para a linda e imponente residência dos Neves. Flávia não gostava de ter que andar pelo calçadão da cidade para ir até a loja e portanto, ainda que precisasse pagar caro, continuaria tendo seu conforto garantido.

    — Você não vai experimentar nada? — Flávia virou-se para Bianca e olhou com desgosto para Bob, que brincava aos pés dela.

    — Ah, não, obrigada. Já tenho o suficiente.

    Do alto do seu salto de quinze centímetros, Flávia colocou o reluzente cabelo ondulado atrás da orelha e encrespou os lábios enquanto analisava Bianca de cima a baixo.

    — Querida, você sabe que algumas roupas não estão mais cabendo em você, certo?

    Bianca fechou os braços sobre a barriga na mesma hora.

    — Elas parecem boas para mim — deu de ombros, tentando disfarçar o rosto que enrubescia. Ela devia ter imaginado que Flávia implicaria com seu peso. De novo.

    — Do jeito que anda comendo, enquanto suas amigas vão desfilar em vestidos colados na formatura, nem uma cinta bem apertada vai dar jeito em você.

    As lágrimas subiram como jatos aos olhos de Bianca, mas a menina conseguiu controlá-las antes que, mais uma vez, Flávia tivesse a oportunidade de dizer que ela era muito dramática por chorar na frente dos outros. Sem responder, levantou-se e foi para seu quarto. Bob foi atrás. Quando ainda subia as escadas, ouviu a madrasta gritar:

    — Seu pai chegará de viagem amanhã! Ele quer almoçar conosco ao meio-dia.

    Bianca continuou rumando para o segundo andar e, ao entrar pela primeira porta à direita, fechou-a com cuidado atrás de si.

    Por que o pai não ligou para ela? Por que não enviou sequer uma mensagem dizendo que voltaria no dia seguinte? Ele estava fora havia duas semanas, e sua comunicação com a filha se resumiu em dois curtos e rápidos Oi, filhota! Tudo bem? Bom dia (ou boa noite) via mensagem de celular.

    Rodolfo era um homem muito ocupado. Construíra, com muita força de vontade e algumas boas oportunidades pelo caminho, um império de plantação de maçãs no interior de Santa Catarina. Saíra da faculdade de agronomia com um pedaço herdado de terra e um sonho no coração. Ele e Lúcia — mãe de Bianca, que havia se formado em engenharia química no mesmo ano que Rodolfo e com quem se casou logo após a formatura — ganharam calos nas mãos por muitos anos até que pudessem ver a empresa Reino das Maçãs comercializando a fruta e seus derivados por todo o Brasil, e até fora do país. Bianca sentia muito por sua mãe não poder estar lá para ver aonde a empresa à qual havia dedicado tanto suor conseguiu chegar.

    Sentando-se na cama ainda desarrumada, a menina deparou com a própria imagem refletida no espelho do outro lado do quarto. Analisou como a blusa que havia comprado poucos meses antes estava justa. Apertou os braços, um tanto roliços, e suspirou. Algumas espinhas estouravam na pele branca como papel, e o cabelo chanel preto estava cheio e precisando de uma boa hidratação. Como foi que tivera a ideia de cortar o cabelo tão curto? Ah, sim. Flávia tinha dito que favoreceria seus traços.

    A menina de 17 anos jogou-se na cama e tomou nas mãos um porta-retrato da mesinha de cabeceira. Com cuidado, passou os dedos pela fotografia detrás da película de vidro.

    — Ah, mamãe, por que você foi me deixar? — Bianca soprou para a foto de uma bela mulher de cabelos negros e olhar sorridente. De repente, a imagem no espelho não importava mais. A dor que enchia seu coração naquele instante era mais tenaz, mais profunda… a dor da solidão.

    Fazia meia hora que o pai de Bianca havia chegado. A costela de cordeiro mal tinha sido posta à mesa e o homem levantou-se para atender um telefonema. Bianca olhava com tristeza as ondas de calor se dissipando às pressas do alimento.

    — Vi que esta semana vai haver um evento beneficente no centro da cidade — disse Flávia após tanto silêncio. — Poderíamos ir juntas.

    — Vou estar ocupada — respondeu Bianca.

    — Até na quinta-feira à noite? Depois do evento pensei em dar um pulo no restaurante vegano que abriu aqui perto.

    — Não gosto muito de comida vegana — respondeu Bianca, virando-se para Rodolfo, que retornava com Bob brincando com a barra de sua calça. — Vai passar a semana em casa, pai?

    — Oh, meu bem, infelizmente não. Quarta de manhã embarco para Floripa. Tenho algumas reuniões com os distribuidores da cidade.

    — Mas você vai chegar até sábado, não vai?

    — Sábado… por quê? — Rodolfo começou a colocar a comida no prato e Flávia o acompanhou. Bianca olhava para o pai sem piscar.

    — A reunião da ONG. Está marcada faz um mês, pai.

    — Puxa, vai ter que ficar pra próxima. Negócios são negócios, filha.

    Bianca prendeu os lábios com força. Sabia que tinha ficado vermelha. Seu rosto ardia como fogo. Mas, de todo modo, não tinha importância. Seu pai nem parecia ter percebido.

    — Para que é essa reunião mesmo? Algo sobre uma doação, não é?

    A menina empertigou-se e, como que vendo uma esperança no fim do túnel, começou a falar:

    — Lembra daquele salão onde mamãe costumava dar aulas? Tem infiltrações no teto, e o revestimento da parede está despedaçando. Estamos traçando algumas ações para conseguir reformar. Mas a reunião não vai ser só para isso. Também queremos discutir com os colaboradores sobre a festa de vinte anos da ONG, que vai acontecer ano que vem.

    Rodolfo bebeu um gole de suco de uva.

    — De quanto precisam?

    — Não sei ao certo. Isso vai ser tratado na reunião.

    — Informe-se então. Eu transfiro o valor.

    Bianca abriu a boca, mas desistiu de falar no segundo seguinte. Apenas agradeceu e tirou sua comida. Ela queria, mais do que tudo, que seu pai participasse da reunião, não que desse dinheiro de forma impessoal só para cumprir o papel de responsabilidade social de sua empresa.

    Sua mãe havia gastado tanto suor naquela ONG! A Sonhar ficava numa comunidade na entrada da cidade, lugar onde Lúcia cresceu. Foi ali que sua mãe teve aulas em um pré-vestibular gratuito que lhe rendeu uma vaga na universidade federal, onde conheceu Rodolfo.

    Lúcia nunca se esquecera de suas raízes. Ainda na faculdade, toda semana dava aulas de reforço na ONG. E assim continuou até sua morte. Mesmo com o crescimento da empresa e tantas novas responsabilidades como mãe e empresária, Lúcia dizia que nunca poderia deixar de servir a Deus com aquilo que dele recebera. A estrutura do lugar foi aperfeiçoada após as generosas quantias que ela passou a ofertar, e Rodolfo continuou as doações por respeito à memória da falecida esposa. E por Bianca ficar sempre em seu pé.

    Desde que aprendeu a pegar condução sozinha, a menina ia à Sonhar toda semana. Já fizera de tudo um pouco por lá: desde lavar banheiro até dar aulas de culinária. No momento, coordenava o coral infantil todos os sábados. Geralmente, esse era o seu ponto alto da semana. O dia em que ela se sentia alegre, animada… como se de fato pertencesse a algum lugar no mundo.

    Terminado o almoço, Flávia pediu que a cozinheira trouxesse a sobremesa. Bianca abriu um sorriso de orelha a orelha quando o cheirinho adocicado chegou à mesa.

    — O que é que você fez? — a madrasta perguntou com raiva à funcionária, que fechou o sorriso no mesmo instante.

    — A torta de maçã que Bianca pediu.

    Flávia girou com força o pescoço em direção à menina.

    — Você pediu torta de maçã?!

    — Sim. Eu amo torta de maçã, o papai ama e…

    — Sua mãe também amava? — Flávia completou a frase com amargura. Rodolfo franziu a testa para a esposa, que rapidamente soltou um riso nervoso. — Ah, é que a gente já vê tanta maçã o tempo todo… Suco de maçã, compota de maçã, doce de maçã, a própria maçã…

    — Tenho certeza que Bianca não lembrava que você não gosta muito dessa torta, Flávia — respondeu Rodolfo, pegando um bom pedaço da sobremesa. Bianca sorriu, não tão certa de que isso fosse verdade.

    — E então, como andam os preparativos para a convenção da empresa? — Rodolfo mudou o assunto, perguntando à esposa. — Estou pressionando os gerentes de produção para que os novos produtos fiquem prontos a tempo.

    — Estão indo de vento em popa. Em breve vou enviar um relatório com tudo que tenho planejado. Vai ser um evento inesquecível! — respondeu Flávia, e os dois gastaram bons minutos falando sobre a convenção que acontecia de dois em dois anos na empresa Reino das Maçãs.

    — Quando vai ser? — Bianca quis saber.

    — Último final de semana de junho. Daqui a um mês — Flávia replicou e logo voltou-se para Rodolfo, com quem continuou conversando. Até quando, Bianca não sabia. Deixou a mesa sorrateiramente e subiu para o quarto, onde uma pilha de artigos científicos a aguardava.

    Gotas de suor acumulavam-se na testa de Bianca. Abanou-se com uma folha de caderno dobrada e apertou em voltar na caixa de som mais uma vez. Era sábado à tarde. Ela estava havia uma hora no abafado salão principal da ONG ensaiando o coral de crianças.

    — Vamos lá! — ordenou.

    Todo o grupo, que conversava desatento, ficou a postos outra vez. Seguindo a música, puxaram o ar para iniciar a primeira estrofe. Mas pararam com as bocas abertas e logo murcharam como bexigas quando a melodia trepidou e desapareceu junto com a bateria da caixa de som.

    — Não acredito! Esqueci o carregador. E agora?! — exclamou Bianca, desolada. As crianças começaram a falar ao mesmo tempo.

    — Pede para o tio Edu tocar pra gente! — uma vozinha se sobressaiu, e logo todos endossaram a sugestão. Bianca abriu um sorriso amarelo e, sem ter muito o que fazer, mandou uma mensagem para o amigo. Dois minutos depois, Edu, que havia terminado fazia poucos minutos sua aula de violão na sala ao lado, apareceu pelo salão com o instrumento nas mãos e um sorriso maroto no rosto moreno.

    Seus olhos castanhos sempre amigáveis brilharam quando as crianças gritaram seu nome. O garoto passou a próxima hora tocando perfeitamente a música que havia acabado de aprender.

    Bianca ficou admirada, mas decidiu não fazer nem ao menos um rápido comentário positivo. Sabia o que a aguardava assim que o ensaio terminasse.

    — Estou esperando — Eduardo ergueu as sobrancelhas logo que a última criança deixou a sala.

    — Esperando o quê? — ela girou os olhos.

    — Você admitir que eu sempre tenho razão.

    — Isso foi uma infeliz coincidência — justificou Bianca enquanto guardava a caixa de som na mochila. Eduardo lhe tinha dito, na semana anterior, que ela precisava levar o carregador, porque vai que um dia a bateria acaba no meio do ensaio. A menina deu de ombros, dizendo que a bateria daquela caixa durava dias.

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