A Cidade das Esmeraldas de Oz
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Sobre este e-book
L. Frank Baum
L. Frank Baum (1856-1919) published The Wonderful Wizard of Oz in 1900 and received enormous, immediate success. Baum went on to write seventeen additional novels in the Oz series. Today, he is considered the father of the American fairy tale. His stories inspired the 1939 classic film The Wizard of Oz, one of the most widely viewed movies of all time. MinaLima is an award-winning graphic design studio founded by Miraphora Mina and Eduardo Lima, renowned for establishing the visual graphic style of the Harry Potter and Fantastic Beasts film series. Specializing in graphic design and illustration, Miraphora and Eduardo have continued their involvement in the Harry Potter franchise through numerous design commissions, from creating all the graphic elements for The Wizarding World of Harry Potter Diagon Alley at Universal Orlando Resort, to designing award-winning publications for the brand. Their best-selling books include Harry Potter and the Philospher’s Stone, Harry Potter Film Wizardry, The Case of Beasts: Explore the Film Wizardry of Fantastic Beasts and Where to Find Them, The Archive of Magic: Explore the Film Wizardry of Fantastic Beasts: The Crimes of Grindelwald, and J.K. Rowling’s Fantastic Beasts screenplays. MinaLima studio is renowned internationally for telling stories through design and has created its own MinaLima Classics series, reimagining a growing collection of much-loved tales including Peter Pan, The Secret Garden, and Pinocchio.
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A Cidade das Esmeraldas de Oz - L. Frank Baum
Esta é uma publicação Principis, selo exclusivo da Ciranda Cultural
© 2021 Ciranda Cultural Editora e Distribuidora Ltda.
Traduzido do original em inglês
The Emerald City of Oz
Texto
L. Frank Baum
Tradução
Laura Folgueira
Preparação
Otacílio Palareti
Revisão
Agnaldo Alves
Produção editorial
Ciranda Cultural
Diagramação
Linea Editora
Design de capa
Ciranda Cultural
Ebook
Jarbas C. Cerino
Imagens
welburnstuart/Shutterstock.com;
Juliana Brykova/Shutterstock.com;
shuttersport/Shutterstock.com;
yuriytsirkunov/Shutterstock.com;
Reinke Fox/Shutterstock.com
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD
B347c Baum, L. Frank
A Cidade das Esmeraldas de Oz / L. Frank Baum; traduzido por Laura Folgueira. - Jandira, SP : Principis, 2021.
192 p. ; EPUB. (Terra de Oz)
Tradução de: The emerald city of Oz
Inclui índice. ISBN: 978-65-5552-587-8
1. Literatura americana. 2. Aventura. 3. Magia. 4. Dorothy. 5. Fantasia. I. Folgueira, Laura. II. Título. III. Série
Elaborado por Lucio Feitosa - CRB-8/8803
Índice para catálogo sistemático:
1. Literatura americana : 813
2. Literatura americana : 821.111(73)-3
1a edição em 2020
www.cirandacultural.com.br
Todos os direitos reservados.
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Nota do autor
Talvez eu devesse admitir na folha de rosto que este livro é escrito por L. Frank Baum e seus correspondentes
, pois usei muitas sugestões transmitidas a mim em cartas de crianças. Antes, imaginava-me como autor de contos de fadas
, mas hoje sou meramente um editor ou secretário particular de uma série de jovens cujas ideias sou levado a tecer na trama de minhas histórias.
Muitas dessas ideias são inteligentes, além de lógicas e interessantes. Então, as usei sempre que tive oportunidade, e é apenas justo que reconheça minha dívida com meus amiguinhos.
Minha nossa, que imaginação têm essas crianças! Às vezes, quase me choco com a ousadia e genialidade delas. Haverá muitos autores de contos de fadas no futuro, tenho certeza. Meus leitores disseram-me o que fazer com Dorothy, tia Em e tio Henry, e eu obedeci às suas ordens. Também me deram uma variedade de assuntos sobre os quais escrever no futuro: o bastante, aliás, para manter-me ocupado por algum tempo. Tenho muito orgulho dessa parceria. As crianças amam essas histórias, porque ajudaram a criá-las. Meus leitores sabem o que querem e percebem que tento agradá-los. O resultado é muito satisfatório para os editores, para mim e (tenho certeza) para as crianças.
Espero, meus caros, que demore muito para sermos obrigados a dissolver nossa parceria.
L. Frank Baum
Coronado, 1910
Como o rei Nomo irritou-se
O rei Nomo estava bravo e, nessas ocasiões, tornava-se muito desagradável. Todos se afastavam dele, até seu mordomo-chefe Kaliko.
Assim, o rei irrompeu e esbravejou sozinho, andando para cima e para baixo em sua caverna cravejada de joias, cada vez mais irritado. Então, lembrou que não era divertido ficar irritado, a não ser que tivesse alguém a quem assustar e deixar infeliz, e correu para seu grande gongo, fazendo-o soar o mais alto que podia.
E lá veio o mordomo-chefe, tentando não demonstrar ao rei Nomo o quanto estava assustado.
– Traga o conselheiro-chefe aqui! – gritou o monarca bravo.
Kaliko correu o mais rápido que suas pernas finas conseguiam carregar seu corpo gordo e redondo, e assim que o conselheiro-chefe entrou na caverna, o rei fechou a cara e disse a ele:
– Estou muito atordoado com a perda de meu cinto mágico. A todo momento quero fazer algo mágico e descubro que não posso, porque o cinto sumiu. Isso me deixa bravo e, quando fico bravo, não consigo me divertir. Agora, o que aconselha?
– Algumas pessoas – disse o conselheiro-chefe – gostam de ficar bravas.
– Mas não o tempo todo – declarou o rei. – Ficar bravo de vez em quando é muito divertido, porque faz os outros muito infelizes. Mas ficar irritado de manhã, de tarde e de noite, como eu, fica monótono e me impede de ter outro prazer na vida. Agora, o que aconselha?
– Bem, se está bravo porque quer fazer coisas mágicas e não consegue, e se não quer ficar nem um pouco bravo, meu conselho é não querer fazer coisas mágicas.
Ao ouvir isso, o rei olhou com raiva para seu conselheiro com uma expressão furiosa e puxou seus próprios longos bigodes brancos até esticá-los com tanta força que gritou de dor.
– Você é um tolo! – exclamou ele.
– Compartilho essa honra com Vossa Majestade – disse o conselheiro-chefe.
O rei rugiu de raiva e bateu o pé.
– Ei, ó, meus guardas! – gritou. Ei
é uma forma real de dizer venha cá
. Então, quando os guardas tinham eiado
, o rei disse a eles: – Levem esse conselheiro-chefe e o joguem para fora.
Então, os guardas pegaram o conselheiro-chefe e o amarraram com correntes para que ele não se debatesse, e o jogaram para fora. E o rei andou para cima e para baixo de sua caverna mais bravo do que nunca.
Finalmente, correu até seu grande gongo e o fez soar como um alarme de incêndio. Kaliko apareceu, tremendo e pálido de medo.
– Pegue meu cachimbo! – berrou o rei.
– Seu cachimbo já está aqui, Vossa Majestade – respondeu Kaliko.
– Então, pegue meu tabaco – rugiu o rei.
– O tabaco está no seu cachimbo, Vossa Majestade – devolveu o mordomo.
– Então, traga uma brasa acesa da fornalha – ordenou o rei.
– O tabaco está aceso, e Vossa Majestade já está fumando seu cachimbo – respondeu o mordomo.
– Ora, estou mesmo! – disse o rei, que tinha se esquecido desse fato. – Mas é muito rude de sua parte me lembrar disso.
– Sou um vilão humilde e miserável – declarou o mordomo-chefe.
O rei Nomo não conseguiu pensar em nada para dizer depois, então, baforou seu cachimbo e andou para lá e para cá no cômodo. Por fim, lembrou quanto estava bravo e gritou:
– O que está querendo, Kaliko, estando tão satisfeito quando seu monarca está infeliz?
– O que o deixa infeliz? – perguntou o mordomo.
– Perdi meu cinto mágico. Uma garotinha chamada Dorothy, que esteve aqui com Ozma de Oz, roubou meu cinto mágico e levou com ela – disse o rei, rangendo os dentes de raiva.
– Ela o capturou numa luta justa – Kaliko ousou dizer.
– Mas eu quero! Preciso dele! Metade do meu poder se foi com aquele cinto! – rugiu o rei.
– O senhor terá de ir à Terra de Oz para recuperá-lo, e Vossa Majestade não tem maneira alguma de chegar à Terra de Oz – disse o mordomo, bocejando, porque estava trabalhando havia noventa e seis horas e sentia sono.
– Por que não? – perguntou o rei.
– Porque há um deserto mortal em torno de toda aquela terra mágica que ninguém consegue cruzar. Vossa Majestade sabe disso tanto quanto eu. Deixe o cinto perdido para lá. O senhor ainda tem muito poder, pois governa este reino subterrâneo como um tirano, e milhares de nomos obedecem às suas ordens. Aconselho que beba um copo de prata derretida para acalmar seus nervos e vá para a cama.
O rei pegou um grande rubi e jogou na cabeça de Kaliko. O mordomo abaixou-se para escapar da joia pesada, que bateu contra a porta logo acima de sua orelha esquerda.
– Saia da minha frente! Suma! Vá e mande o general Blug entrar – berrou o rei Nomo.
Kaliko retirou-se às pressas, e o rei Nomo bateu os pés para cima e para baixo, até o general dos exércitos chegar.
Esse Nomo era conhecido por todo lado como um lutador terrível e um comandante cruel e desesperado. Tinha cinquenta mil soldados nomos, todos bem treinados, que temiam apenas seu rugido. Mesmo assim, o general Blug ficou um pouco inquieto ao chegar e ver como o rei Nomo estava bravo.
– Ah! Aí está você! – gritou o rei.
– Aqui estou eu – disse o general.
– Marche com seu exército imediatamente à Terra de Oz, capture e destrua a Cidade das Esmeraldas, e traga-me de volta meu cinto mágico – rugiu o rei.
– O senhor está louco – comentou calmamente o general.
– O quê? O quê? O quê? – e o rei Nomo pulou nas pontas dos pés, de tão enraivecido.
– O senhor não sabe do que está falando – continuou o general, sentando-se num grande diamante lapidado. – Aconselho que vá para um canto e conte até sessenta antes de voltar a falar. Aí, talvez diga algo mais sensato.
O rei procurou algo para jogar no general Blug, mas como não havia nada à mão, começou tolamente a considerar que talvez o homem estivesse certo e ele estivesse dizendo tolices. Então, simplesmente se jogou em seu trono brilhante, inclinou a coroa por cima da orelha, colocou os pés embaixo do corpo e lançou um olhar maldoso a Blug.
– Para começar – disse o general –, não podemos marchar pelo Deserto Mortal até a Terra de Oz. E, se pudéssemos, a princesa Ozma, governante daquela terra, tem certos poderes mágicos que fariam nosso exército impotente. Se o senhor não tivesse perdido seu cinto mágico, podíamos ter alguma chance de derrotar Ozma; mas o cinto se foi.
– Eu quero! – gritou o rei. – Preciso dele.
– Bem, então, deixe-nos tentar uma forma sensata de recuperá-lo – respondeu o general. – O cinto foi capturado por uma garotinha chamada Dorothy, que mora em Kansas, nos Estados Unidos da América.
– Mas ela o deixou na Cidade das Esmeraldas, com Ozma – declarou o rei.
– Como sabe disso? – perguntou o general.
– Um de meus espiões, que é um melro, voou sobre o deserto até a Terra de Oz e viu o cinto mágico no palácio de Ozma – respondeu o rei com um murmúrio.
– Agora, isso me dá uma ideia – disse o general Blug, pensativo. – Há duas formas de chegar até a Terra de Oz sem viajar pelo deserto arenoso.
– Quais são? – exigiu o rei, ansioso.
– Uma forma é por cima do deserto, pelo ar; e a outra é por baixo do deserto, pela terra.
Ao ouvir isso, o rei Nomo soltou um grito de alegria e pulou de seu trono para continuar andando para lá e para cá na caverna.
– É isso, Blug! – gritou ele. – Essa é a ideia, general! Sou rei do Submundo, e meus súditos são todos mineiros. Vou fazer um túnel secreto por baixo do deserto até a Terra de Oz. Isso! Até a Cidade das Esmeraldas! E você marchará com seus exércitos e capturará o país todo!
– Devagar, devagar, Vossa Majestade. Não vá rápido demais – avisou o general. – Meus nomos são bons lutadores, mas não são fortes o bastante para conquistar a Cidade das Esmeraldas.
– Tem certeza? – questionou o rei.
– Absoluta, Vossa Majestade.
– Então, o que vou fazer?
– Desista da ideia e cuide dos seus próprios assuntos – aconselhou o general. – Tem muito a fazer tentando governar seu reino subterrâneo.
– Mas quero o cinto mágico, e vou conseguir! – rugiu o rei Nomo.
– Quero ver – respondeu o general, rindo malicioso.
O rei, nesse momento, ficou tão exasperado que pegou seu cetro, que tinha uma bola pesada feita de safira na ponta, e jogou com toda a força no general Blug. A safira bateu na testa do general e o derrubou no chão, onde ele ficou imóvel. Então, o rei soou seu gongo e disse para os guardas arrastarem o general e o jogarem para fora; e assim o fizeram.
Esse rei Nomo chamava-se Roquat, o Vermelho, e ninguém o amava. Era um homem ruim e um monarca poderoso, e tinha decidido destruir a Terra de Oz e sua magnífica Cidade das Esmeraldas para escravizar a princesa Ozma e a pequena Dorothy, e todo o povo de Oz, e recuperar seu cinto mágico. O mesmo cinto certa vez permitira que Roquat, o Vermelho, levasse a cabo muitos planos malignos; mas isso fora antes de Ozma e seu povo marcharem até a caverna subterrânea e o capturarem. O rei Nomo não perdoava Dorothy nem a princesa Ozma e tinha determinado vingar-se delas.
Mas elas, por sua vez, não sabiam que tinham um inimigo tão poderoso. De fato, Ozma e Dorothy tinham quase esquecido que uma pessoa como o rei Nomo ainda vivia sob as montanhas da Terra de Ev – que ficava logo depois do Deserto Mortal, ao sul da Terra de Oz.
Como tio Henry encrencou-se
Dorothy Gale morava numa fazenda no Kansas, com sua tia Em e seu tio Henry. Não era uma fazenda grande nem muito boa, porque às vezes a chuva não vinha quando as plantações precisavam, e aí tudo murchava e secava. Uma vez, um ciclone tinha levado a casa do tio Henry embora, então ele foi obrigado a construir outra; e, como era pobre, teve que hipotecar a fazenda para conseguir o dinheiro para pagar a nova casa. Aí, sua saúde piorou e ele ficou frágil demais para trabalhar. O médico ordenou que ele fizesse uma viagem marítima, e ele foi à Austrália e levou Dorothy com ele. Isso também custou muito dinheiro.
Tio Henry ficava mais pobre a cada ano, e as colheitas da fazenda só lhe garantiam comida para a família. Portanto, a hipoteca não podia ser paga. Por fim, o banqueiro que lhe emprestara o dinheiro disse que, se ele não pagasse em determinado dia, sua fazenda lhe seria tomada.
Isso preocupava muito tio Henry, pois sem a fazenda ele não teria como sobreviver. Era um homem bom, que trabalhava no campo o mais duro que podia; e tia Em fazia todo o trabalho doméstico, com ajuda de Dorothy. Mas eles não pareciam prosperar.
Essa garotinha, Dorothy, era como dezenas de garotinhas que você conhece. Era amável e em geral dócil, e tinha um rosto redondo e rosado, e olhos sinceros. A vida, para Dorothy, era algo sério e também maravilhoso, pois, em sua curta vida, ela tivera mais aventuras estranhas do que muitas outras garotas de sua idade.
Tia Em, certa vez, disse achar que as fadas deviam ter marcado Dorothy no nascimento, porque ela se enfiava em lugares estranhos e sempre era protegida por algum poder invisível. Quanto a tio Henry, achava que a sobrinha era apenas uma sonhadora, como fora sua falecida mãe, pois não acreditava muito nas curiosas histórias que Dorothy contava sobre a Terra de Oz, que ela visitara várias vezes. Ele não achava que ela estava tentando enganar os tios, mas imaginava que tivesse sonhado todas aquelas aventuras impressionantes, e os sonhos tivessem sido tão reais que ela passara a acreditar neles.
Qualquer que fosse a explicação, era certo que Dorothy estivera ausente de sua casa no Kansas por longos períodos, sempre desaparecendo de forma inesperada, mas sempre voltando sã e salva, com histórias impressionantes de onde tinha estado e das pessoas peculiares que tinha conhecido. Seus tios ouviam as histórias atentamente e, apesar de suas dúvidas, começavam a sentir que a garotinha tinha experiência e sabedoria incontáveis naquela idade, quando as