Fórmulas mágicas
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Sobre este e-book
Fórmulas mágicas apresenta as diversas plantas que têm propriedades medicinais e explica como é possível utilizá-las no tratamento de doenças simples e de modo caseiro. Por meio do detalhamento de cada uma das plantas, desde seu nome científico até suas propriedades mais relevantes, Dr. Alex Botsaris, referência no uso medicinal de plantas no Brasil, mostra como o leitor pode reconhecer e aplicar a natureza contra alguma adversidade.
Em Fórmulas mágicas, Botsaris mostra, de maneira muito didática e direta, que a solução para alguns problemas simples de saúde pode ser encontrada diretamente na natureza, sem a necessidade de inserir algum medicamento no organismo. Esta obra é muito relevante, não apenas para aqueles que já conhecem e praticam a medicina natural, mas principalmente para aqueles que desejam conhecê-la.
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Fórmulas mágicas - Alex Botsaris
1ª edição
Rio de Janeiro | 2021
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Botsaris, Alex
B767f
Fórmulas mágicas [recurso eletrônico]: Como utilizar e combinar plantas para o tratamento de doenças simples / Alex Botsaris. – 1ª ed. – Rio de Janeiro: BestSeller, 2020.
recurso digital
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
Inclui apêndice
Inclui índice
ISBN 978-65-5712-015-6 (recurso eletrônico)
1. Ervas - uso terapêutico 2. Plantas medicinais. 3. Livros eletrônicos. I. Título.
20-65599
CDD: 615.321
CDU: 633.88
Meri Gleice Rodrigues de Souza – Bibliotecária – CRB-7/6439
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução,
no todo ou em parte, sem autorização prévia por escrito da editora,
sejam quais forem os meios empregados.
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adquiridos pela
EDITORA BEST SELLER LTDA.
Rua Argentina, 171, parte, São Cristóvão
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que se reserva a propriedade literária desta obra
Produzido no Brasil
ISBN 978-65-5712-015-6
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AVISO IMPORTANTE
• Este livro não é um estímulo à automedicação. Para uma orientação adequada, procure seu médico antes de tomar qualquer medicamento.
• O uso de plantas medicinais deve ser feito, exclusivamente, para sintomas comuns, ou depois de uma avaliação médica.
• Caso o uso de plantas medicinais provoque qualquer sintoma ou efeito colateral, interrompa imediatamente o seu uso e procure um médico. Plantas medicinais também podem provocar toxicidade ou efeitos colaterais.
• Nunca use plantas medicinais por longos períodos sem orientação médica.
Agradecimentos:
Instituto de Acupuntura do Rio de Janeiro
Dra. Maria Elizabeth Oliveira Michiles
Dr. Roberto Leal Boorhem
Ricardo Machado
Dra. Patricia Vieira Machado
Núcleo de Phytoterapia do Rio de Janeiro
Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais
Dr. João Curvo
Centro Médico de Acupuntura e Terapias Integradas
Glaucia Saad
Miguel Mussi
Ivone Manzali de Sá
Paulo Leda
Marília Magarão Costa
Dedico este livr a todas as pessoas que contribuem de
forma direta ou indireta com meu trabalho, me incentivando,
ou ajudando em minha vida pessoal de uma forma ou de outra,
e com isso permitindo que o meu trabalho aconteça.
Todos os meus amigos.
Meus filhos Pedro, Yuri e Felipe.
Meus avós e minha mãe já falecidos.
Minha tia Marília Kranz e minhas primas.
Minha tia Sônia, tio Malcolm, Sergio, Sandra, Marta,
Diana, Ricardo, Regina, Humberto, Eduardo, Felipe,
Ana Cecília, José, Lurdes, Alcio, Caroline, Ana Paula,
Edmundo, Miguel e tantos outros que deixei de citar.
SUMÁRIO
Prefácio
Introdução
PARTE UM - FUNDAMENTOS DA FITOTERAPIA
I) Propriedades energéticas das plantas medicinais
II) Preparações caseiras
III) Formulações em fitoterapia
IV) Cultivo doméstico de plantas medicinais
V) Orientações para a compra de plantas medicinais
PARTE DOIS - TRATAMENTO DE 40 DOENÇAS SIMPLES
Acne
Aftas
Ansiedade
Apetite, falta de
Azia
Bronquite
Cansaço e fadiga
Cistite
Cólicas intestinais
Cólicas menstruais
Conjuntivite
Contusões
Corrimento vaginal
Diarreias
Dor de cabeça
Dor de garganta
Dor de ouvido
Dores nas juntas
Estiramento muscular
Febre
Gastrites
Hemorroidas
Impotencia
Indigestão
Insônia
Memória fraca
Náuseas e vômitos
Obesidade
Pedra nos rins
Pedra na vesícula
Pressão baixa
Prisão de ventre
Queda de cabelos
Queimaduras
Resfriados e gripes
Rinites
Sinusites
Tosse
Varizes
Verminoses
PARTE TRÊS - MONOGRAFIA SOBRE AS PLANTAS CITADAS NAS FÓRMULAS
Lista das Fórmulas Magistrais Chinesas
Glossário
Índice das Plantas em Ordem Alfabética
Referências Bibliográficas
O autor
Prefácio
Hoje em dia, com a diminuição da distância temporal entre os povos, as medicinas cada vez mais se entrelaçam e se complementam. Fitoterapeutas brasileiros adotam em suas prescrições fitoterápicos chineses. Estudamos as ervas existentes no Brasil, Europa, Estados Unidos e Oriente, muitas vezes em livros norte-americanos, espanhóis e franceses. A nossa fitoterapia é muito rica, mas não foi estudada tão a fundo como a chinesa, por exemplo. É uma questão de tempo, uma vez que o interesse pelo assunto é cada vez maior no campo das pesquisas, e este livro, sem dúvida, é uma expressão deste movimento e muito contribui para a fitoterapia universal.
Fórmulas mágicas é fruto de pelo menos dez anos de pesquisas feitas pelo Dr. Alex Botsaris, que foi meu professor de acupuntura no fim dos anos 1980. Naquela época, ele já tratava com o auxílio das ervas chinesas que estudava em literatura estrangeira e em suas várias visitas à China. O material bibliográfico era muitas vezes de difícil compreensão, com o nome chinês da planta e não o nome científico ocidental. Foi um trabalho lento e perseverante que resultou neste livro bonito, sério, de qualidade incontestável no mundo científico.
Fórmulas mágicas é agora leitura obrigatória tanto para aqueles que fazem formação em fitoterapia como também para leigos interessados nas terapias naturais. A linguagem é acessível como deve ser a linguagem daqueles que buscam passar conhecimento ao próximo. A ciência não deve ser elitista em suas palavras quando o fim é puramente a nobreza de espalhar o que se aprende. Alex Botsaris condensa nesta obra textos simples, de fácil compreensão, que poderão ajudar milhares de pessoas a viver melhor.
João Curvo
Rio de Janeiro, 16 de maio de 1997
Introdução
Apesar de ter atingido grande avanço tecnológico, a medicina moderna ainda possui limitações significativas, seja na sua capacidade de descrever os fenômenos sociopsicobiológicos envolvidos na saúde ou na doença, seja nas suas propostas terapêuticas. Isso tem se refletido numa crescente insatisfação dos pacientes, que apelam para técnicas ou tratamentos alternativos, ou ainda impetram ações judiciais buscando reparação de danos físicos ou morais.
Entender o motivo dessa aparente contradição exige uma reflexão sobre vários temas que têm influência determinante na qualidade da medicina de hoje. O primeiro tema, e o mais fundamental, são as bases filosóficas sobre as quais se sustenta a lógica da ciência médica, saídas de uma visão cartesiana e mecanicista dos processos fisiológicos e patológicos. Segundo essa visão, os processos corporais são lineares, com relação de causa e efeito, exatamente como era o pensamento científico no fim do século XIX.
Inovações conceituais da física moderna, como a teoria da relatividade, a física quântica e a teoria do caos, ainda não foram completamente absorvidas pela ciência médica. Conforme esses conceitos, um sistema complexo e com milhões de variáveis, como uma pessoa doente, pode assumir muitos comportamentos diferentes mediante os tratamentos propostos, e o esperado são respostas individuais e diferentes a cada caso, como, aliás, costuma efetivamente ocorrer. A ciência médica, entretanto, se comporta como se todas as pessoas fossem reagir da mesma forma.
Nesse ponto, chegamos à questão da individualidade. As pessoas são diferentes, e reagem de forma diferente aos tratamentos. Mas não existe nenhuma estratégia, na medicina, para lidar de forma eficiente com as diferenças, e o médico é ensinado a atuar por tentativas.
Ou seja, podemos considerar que o problema dos efeitos colaterais
decorre de uma incapacidade de diferenciar qual paciente vai reagir bem e qual vai reagir mal a um determinado tratamento.
Mesmo assim houve pouco questionamento desses pontos fracos, e o investimento em tecnologia e novas drogas não pára. Isso seria ótimo, se essa tecnologia não fosse usada para ocultar as fragilidades da ciência médica. Com isso, as questões humanas da medicina, e mesmo o instinto clínico do profissional, são desvalorizados, com uma ênfase excessiva na técnica e na objetividade. Os pacientes, que não são objetos, sofrem as consequências.
Como resposta, a ciência médica mergulhou no reducionismo característico da sua filosofia cartesiana, produzindo os especialistas e os superespecialistas: profissionais médicos muito capacitados para resolver problemas específicos, mas pouco treinados nas questões globais do indivíduo. Por isso, as soluções propostas nem sempre agradam aos clientes.
Ainda como resultante de suas raízes filosóficas e conceituais, a medicina ficou excessivamente centrada em doença, esquecendo-se da saúde e do bem-estar. Por isso, suas estratégias terapêuticas são pouco adequadas para 95% dos queixosos que buscam atendimento médico. Estudos epidemiológicos têm mostrado que esses indivíduos possuem problemas simples de saúde e que necessitam de medidas também simples para sua solução.
Isso não significa que as grandes inovações tecnológicas da medicina não tenham o seu valor. Claro que são válidas, desde que empregadas no contexto adequado. Novos antibióticos, novos quimioterápicos para o câncer, novas técnicas de exame trouxeram grandes avanços no diagnóstico e no tratamento de muitas doenças. Mas existe um grande número de pessoas não atendidas por essas inovações que estão sofrendo e necessitando de solução para seus problemas.
Se atentarmos para o movimento instintivo que o paciente faz em direção aos sistemas tradicionais de saúde, podemos chegar a algumas conclusões interessantes.
É um equívoco achar que os pacientes são apenas um bando de ignorantes sendo enganados por charlatões habilidosos. As pessoas sustentam esse movimento porque encontram resposta para os seus problemas nas medicinas tradicionais.
O uso de plantas medicinais é um dos aspectos mais antigos e universais dos hábitos da espécie humana. Ele está presente em todas as culturas que já foram estudadas, além de se perder na história: evidências com mais de 20 mil anos, coletadas por arqueólogos, confirmaram o uso de plantas medicinais pelos homens das cavernas.
A própria farmacologia atual derivou, em grande parte, do estudo de plantas usadas pelo homem como medicamentos ou para outros fins. Muitos medicamentos usados até hoje, como a aspirina, as drogas simpaticomédicas, os curantes, os broncodilatadores, e muitos outros vieram de plantas medicinais.
Mas a contribuição dos sistemas médicos tradicionais não termina por aí. Eles ensinam como associar plantas para potencializar seu efeito e minimizar os efeitos adversos, como individualizar a prescrição, adequando-se melhor às necessidades de cada paciente, como lidar com problemas simples de saúde, e como fazer uma medicina voltada para o equilíbrio. Todos esses conhecimentos, que eu considero altamente sofisticados e eficientes, podem ser empregados para lidar com problemas do dia-a-dia, mas estão também disponíveis para o médico que deseje se diferenciar e monitorar os resultados de suas abordagens terapêuticas. Basta ter coragem para ir em frente e descobrir os segredos das medicinas tradicionais, em especial a medicina tradicional chinesa.
PARTE UM
FUNDAMENTOS DA FITOTERAPIA
I) Propriedades energéticas das plantas medicinais
Este conhecimento vem da medicina tradicional chinesa (MTC), que classifica as plantas utilizando os conceitos de energia, seguindo os conceitos básicos de sua filosofia, o taoísmo. Segundo a medicina tradicional chinesa, pode-se classificar uma planta medicinal conforme três parâmetros básicos:
a) o sabor;
b) a energia intrínseca;
c) as propriedades adicionais.
1 Os cinco sabores
O primeiro parâmetro que se deve levar em consideração ao se preparar uma fórmula ou prescrever determinada planta medicinal é o sabor. Na concepção energética, cada sabor possui um movimento, que deve ser analisado para evitar equívocos na escolha da planta mais adequada ao paciente. Os cinco sabores são os seguintes:
1.1 Doce
Segundo a MTC, o sabor doce é ligado ao baço e ao estômago. Seu movimento energético é para cima, mas também tem capacidade fixante. As plantas medicinais com sabor doce possuem as seguintes ações:
— Tonificação: é o aumento da energia de um órgão ou função.
— Fixação: é quando o corpo tende a reter a energia sob forma de matéria. Isto se relaciona com o ganho de peso corporal.
— Suavização: é quando a planta reduz alguma ação drástica sobre o organismo. Isto significa, por exemplo, que pode evitar os efeitos colaterais possíveis ou reduzir as consequências de uma doença.
— Harmonização: tem função auxiliar numa fórmula, para que a combinação de outras plantas seja bem aceita pelo organismo.
1.2 Picante
Segundo a MTC, o sabor picante relaciona-se com o pulmão e o intestino grosso. Seu movimento energético é do centro para a periferia e de baixo para cima. As plantas medicinais com sabor picante possuem as seguintes ações:
— Sudorificação: é a indução de suores para reduzir a temperatura corporal. Na concepção chinesa, o suor pela ação do sabor picante elimina os agentes patogênicos.
— Mobilização: é quando a planta faz uma energia que estava parada se movimentar. Isto corresponde, entre outras coisas, a uma melhor absorção dos alimentos.
— Carminativa: é quando a planta auxilia na peristalse e expulsa os gases do tubo digestivo.
1.3 Salgado
Segundo a MTC, o sabor salgado relaciona-se com os rins e a bexiga. Seu movimento energético é para cima, além de reforçar a força vital
. As plantas com sabor salgado possuem as seguintes ações:
— Ascensão: é a elevação da energia do corpo da base para a cabeça. Isto pode, entre outras coisas, corresponder ao aumento da pressão arterial.
— Tonificação: é o aumento da energia de um órgão ou função.
— Consolidação: é quando a força vital relacionada à energia dos rins é reforçada.
1.4 Ácido
Segundo a MTC, o ácido relaciona-se com o fígado e a vesícula biliar. Seu movimento é a transformação da energia. As plantas com sabor ácido possuem as seguintes ações:
— Transformação: quando plantas modificam a essência da energia.
— Harmonização: tem como função auxiliar numa fórmula, para que a combinação de outras plantas seja bem aceita pelo organismo.
— Carminativa: é quando a planta auxilia na peristalse e expulsa os gases do tubo digestivo.
1.5 Amargo
Segundo a MTC, o sabor amargo relaciona-se com o coração e o intestino delgado. Seu movimento é para baixo. As plantas com sabor amargo possuem as seguintes ações:
— Concentração: é quando a energia é concentrada no meio do corpo. Corresponde a um movimento centrípeto.
— Eliminação: é o processo de expulsão, por via baixa, de matéria ou energia. Corresponde a um efeito laxante ou diurético.
— Tonificação: é o aumento da energia de um órgão ou função.
Cada planta, em geral, possui mais de um sabor. Para que haja harmonia na combinação das plantas, numa fórmula, é necessário associar os cinco sabores, reforçando o sabor correspondente à função principal da fórmula.
2 As cinco energias
Cinco energias
é uma expressão usada para classificar a energia intrínseca de cada planta, que vai resultar numa atuação nos pacientes conforme a polaridade universal (ou seja, as forças opostas YIN — frio e YANG — calor). Desta forma, segundo a visão da MTC, as plantas dividem-se em cinco tipos de energia diferentes, conforme sua temperatura
.
2.1 Frias
São as que possuem uma energia YIN forte e, consequentemente, ação refrigerante potente. Estão indicadas em doenças de calor intenso e não devem ser usadas por longos períodos.
2.2 Refrescantes
São as que possuem uma energia YIN moderada e, consequentemente, ação refrigerante discreta. Estão indicadas em doenças com calor moderado e podem ser usadas de forma crônica.
2.3 Neutras
São as que possuem equilíbrio de forças YIN e YANG, não sendo caloríficas ou refrigerantes. Por isso, podem ser usadas tanto em doenças de frio quanto de calor.
2.4 Amornantes
São as que possuem uma energia YANG moderada e, consequentemente, ação calorífica discreta. Estão indicadas em doenças de frio moderado e podem ser usadas de forma crônica.
2.5 Quentes
São as que possuem uma energia YANG forte e, consequentemente, ação calorífica potente. Estão indicadas em doenças de frio intenso e não devem ser usadas por longos períodos.
Quando as plantas são combinadas em fórmulas, considerando-se uma pessoa com boa saúde e que não apresente uma doença de frio ou de calor definida, o ideal é associar um pouco de plantas amornantes, refrescantes e neutras, para evitar uma formulação muito amornante ou muito refrescante.
Caso a pessoa tenha uma doença de calor bem caracterizada, com vários sintomas de calor
, então a fórmula deve ser refrescante, mesmo que haja uma ou outra planta amornante.
Caso a pessoa tenha uma doença de frio bem caracterizada, com vários sintomas de frio
, então a fórmula deve ser amornante, mesmo que haja uma ou outra planta refrescante.
3 As propriedades adicionais
São outras propriedades que influenciam na atividade farmacológica das plantas medicinais, segundo a MTC. Estas propriedades são as seguintes:
3.1 Propriedade aromática
A planta exala um odor forte e agradável. Isto corresponde às plantas que possuem óleos essenciais. Esta propriedade tem características especiais, conforme o conhecimento oriental:
— Ressecamento: diferente das plantas diuréticas, as plantas aromáticas também podem ser empregadas para tratar a retenção de líquido, mas sua ação seria pela evaporação deste.
— Transformação: as plantas aromáticas promovem a transformação
do muco, o que significa eliminá-lo.
— Penetração: os princípios aromáticos são menos materiais, tendo capacidade de penetração onde outras plantas encontram dificuldade para agir.
Os óleos essenciais costumam promover ação antiespasmódica, antimicrobiana, antisséptica, expectorante e vasodilatadora.
3.2 Propriedade adstringente
É quando a planta causa uma sensação de aperto e desconforto na mucosa da boca ao ser provada. Corresponde à presença de taninos nas plantas medicinais. Esta propriedade assume as seguintes características em termos de atividade, conforme a MTC:
— Contenção: as plantas adstringentes concentram a energia, evitando perdas como diarreia, perdas seminais e sudorese excessiva. Os taninos, que caracterizam as plantas com a propriedade adstringente, efetivamente têm ação antissudorífica e antidiarreica.
— Proteção: esta propriedade significa que as plantas adstringentes protegem a pele e as mucosas.
3.3 Suavidade
Modera a ação de outras plantas mais drásticas, reduzindo a incidência de efeitos colaterais. Esta propriedade tem as seguintes características:
— Harmonização: significa que a planta pode ser usada para reduzir efeitos colaterais de fórmulas, facilitando o uso de associações de plantas.
— Redução de toxicidade: significa um bloqueio da ação de substâncias com atividade tóxica.
3.4 Propriedade tóxica
Significa que a planta pode ter uma ação tóxica sobre o organismo. As plantas com atividade tóxica devem ser usadas em casos extremos, de forma criteriosa, em dosagem mínima e por curto período.
II) Preparações caseiras
A fitoterapia popular usa processos de preparação simples, que foram desenvolvidos ou incorporados pela população ao longo dos anos. A esses processos os farmacêuticos chamam de preparações caseiras. As preparações caseiras podem não ser tão precisas quanto as farmacêuticas, mas têm suficiente qualidade para permitir um tratamento de casos simples. Faremos a seguir um roteiro simplificado da forma correta de procedimento para as principais preparações caseiras.
1 Material básico
Para possibilitar a utilização correta de plantas medicinais é preciso dispor de material básico para auxiliar nas preparações. Este material inclui:
1.1 Balança
O ideal é a pessoa contar com uma balança que tenha sensibilidade para pesar de 1 a 100 g.
A balança mede o peso das plantas utilizadas com precisão, permitindo o cálculo correto das doses.
Existem balanças muito baratas com esta sensibilidade.
Na ausência de balança, é possível empregarem-se medidas baseadas em colheres, conforme a relação a seguir:
Observação: Materiais mais leves são, por exemplo, flores, folhas e ramos frescos ou secos.
Materiais mais pesados são, por exemplo, sementes, cascas e raízes.
Quantidades como punhado
ou porção
são muito imprecisas e não devem ser usadas.
1.2 Frasco para medição de volume
O mais indicado é um frasco de um litro com gradação em mililitros.
Estes frascos são fáceis de encontrar no comércio, pois são utilizados para medição na cozinha, principalmente na preparação de mamadeira ou comida de bebê.
Eles auxiliam a medir com precisão uma quantidade de líquido qualquer quando necessário.
1.3 Panela adequada a preparações caseiras
Para preparação é preciso uma panela esmaltada, com cobertura de teflon ou de vidro, facilmente encontrada no comércio.
As panelas de metal, em contato direto com o planeta, modificam suas propriedades medicinais, pois atuam como catalisador. Dessa forma, o chá pode perder seu efeito terapêutico.
1.4 Álcool
Algumas preparações exigem o uso de álcool. O álcool mais indicado para extração das substâncias químicas terapêuticas das plantas medicinais é o de cereais. A vodca pode ser usada como fonte de álcool de cereais; contudo, as marcas mais baratas não são as mais indicadas, porque costumam ser misturadas.
Uma cachaça de boa procedência pode ser usada como substituto, aliás é utilizada na preparação popular chamada garrafada.
O álcool industrializado, vendido para uso domiciliar, não é adequado para este processo.
1.5 Coador
O ideal é um coador de pano, ainda encontrado no comércio.
Caso não se encontre um coador de pano, ele pode facilmente ser confeccionado com um arame grosso moldado em círculo e costurando-se um tecido apropriado no arame, com forma de um funil sem abertura embaixo.
Quando se faz uma extração, muitas vezes é necessário separar as plantas do líquido extrator. Para isto, se emprega um coador.
Os coadores de papel não são adequados porque comportam volume insuficiente e possuem uma cola que pode interagir quimicamente com as substâncias ativas das plantas medicinais.
1.6 Mel
O mel é usado na preparação de xaropes ou para adoçar chá. O mel deve ser de boa qualidade, podendo ser usado o melado de cana.
1.7 Liquidificador
Pode ser um liquidificador comum, desde que o copo seja usado especificamente para triturar plantas medicinais.
O liquidificador só é necessário para preparações quando for preciso transformar em pó ou reduzir a pequenos pedaços plantas medicinais.
Usar o liquidificador caseiro para triturar as plantas medicinais em geral causa um desgaste considerável do aparelho.
1.8 Peneira
O ideal é que seja uma peneira fina, com orifícios bem pequenos para separar o pó.
1.9 Água
Deve ser limpa, tratada e filtrada. Caso possível, o ideal é usar água mineral ou de fonte natural.
Muitas preparações utilizam água como líquido extrator. Se a água está contaminada, pode interferir nos princípios ativos das plantas.
2 Preparações para uso interno
São as preparações usadas para ingestão por via oral. Quando se utilizam plantas medicinais por via oral, o cálculo da dose deve ser feito cuidadosamente para evitar superdosagem e suas consequências.
Existem várias maneiras de se preparar as plantas medicinais para uso por via oral. As principais são:
2.1 Infusão
A infusão é o tradicional chá, que as pessoas costumam preparar em casa.
Preparação
É feita com a colocação de água fervente num recipiente onde estão as plantas medicinais; depois espera-se 5 a 10 minutos. Em geral, utiliza-se uma xícara, que tem cerca de 150 ml. O infuso (chá) é então bebido diretamente.
Dosagem
É a quantidade diária utilizada para o tratamento. Em geral, está definida em literatura e, muitas vezes, é baseada na experiência profissional.
Vantagens
É fácil e rápido de ser feito. É ideal para folhas, flores e ramos finos.
Desvantagens
A extração através de infuso é parcial, com baixo aproveitamento das plantas. Isso torna o infuso inadequado para a extração a partir de órgãos sólidos dos vegetais (caules, cascas, ramos, raízes e sementes) pois, neste caso, ela é insuficiente. Por isso, não se aplica à maioria das fórmulas, que contêm algum órgão sólido entre seus constituintes.
2.2 Decocção
É o processo de cozimento das plantas medicinais.
Preparação
É feita com a colocação das plantas numa panela adequada (com revestimento ou de material não-metálico), e com água suficiente para cobrir os vegetais, deixando-a sob fogo brando por 15 a 20 minutos.
Neste período, a decocção não pode ferver. Às vezes pode ser necessário colocar a decocção em banho-maria para evitar fervura que, caso ocorra, vai degradar os princípios ativos das plantas medicinais, prejudicando sua ação.
Deve-se mexer de vez em quando, e acrescentar mais água, caso o nível do líquido fique abaixo do conteúdo de plantas medicinais. Ao fim do cozimento, o decocto (líquido do cozimento das plantas) deve ser coado e bebido logo em seguida.
Para o decocto, as plantas devem estar rasuradas (cortadas em pedaços pequenos), permitindo assim uma extração mais completa. Em alguns casos, até o pó pode ser usado.
Tanto o infuso quanto o decocto podem ser adoçados, para melhorar o sabor, caso necessário. Em geral, recomenda-se uso de mel nesses casos.
Dosagem
A mesma citada anteriormente para infusão.
Vantagens
A decocção é relativamente simples e pode ser usada em qualquer tipo de fitoterápico, além de ser a melhor preparação para fórmulas. A extração da decocção é melhor, permitindo mais aproveitamento das plantas medicinais.
Desvantagens
Se a pessoa está viajando, pode ficar impossibilitada de fazer decocções. Seu preparo é mais longo, consumindo pelo menos meia hora diária, o que é impraticável para pessoas ocupadas. Como a decocção extrai maior quantidade de princípios das plantas, em geral o decocto é muito concentrado e tem um gosto forte e desagradável. Isso o torna insuportável para muitos pacientes.
2.3 Pó
É a transformação das plantas medicinais em pequenos grãos, por meio de um processo de moagem.
O pó, em geral, é considerado uma preparação oficinal (ou seja, preparação feita em farmácia). Contudo, ele pode ser feito em casa, devendo-se destinar um liquidificador só para esta função.
Preparação
Para preparar o pó, a pessoa deve picar bem as plantas, misturando-as quando se tratar de uma fórmula com mais de um componente. Em seguida, colocar aos poucos no liquidificador (cerca de 3 a 4 punhados para começar) e ligá-lo na rotação máxima por 5 a 10 minutos.
Retirar as plantas do copo e passar numa peneira bem fina, coletando o pó. A parte retida na peneira deve ser recolocada no liquidificador, acrescentando-se mais um ou dois punhados das plantas picadas. Ligar outra vez o aparelho por 10 minutos, retirar do copo, peneirar, coletar o pó e recolocar a sobra no copo.
Repetir a operação quantas vezes forem necessárias para pulverizar o máximo possível.
O pó deve ser guardado em recipiente hermético, num local fresco, seco e arejado, durante seu consumo.
Dosagem
A dose do pó pode ser calculada a partir da dose da decocção, na proporção de um quinto. Isto é, se a dosagem de uma planta for 10 g, em pó será 2 g. Isto pode ser aplicado para as fórmulas também.
Vantagens
O pó permite um aproveitamento máximo das plantas medicinais, e, com isto, é mais econômico, pois as doses são menores. Também costuma ser bem tolerado pelas pessoas, pois não tem sabor desagradável. Recomenda-se que o pó seja ingerido misturado com água, mel, banana ou outra fruta amassada, ou misturado em papa de arroz. Estando pronto, o pó pode ser levado em viagens, e sua administração é rápida e simples.
Desvantagens
Muitas pessoas não têm disponibilidade financeira para comprar um liquidificador só para as plantas medicinais. A preparação inicial do pó é trabalhosa e demorada, e vai exigir investimento de tempo e paciência para sua execução. Algumas pessoas sentem desconforto causado por algumas partículas do pó, que ficam presas na língua ou na garganta no momento de ingeri-lo, por isso não se adaptam ao seu uso.
2.4 Xarope
É uma preparação em que o extrato das plantas é misturado com um concentrado de açúcar para melhorar o sabor e, ao mesmo tempo, ajudar na conservação.
Preparação
A preparação do xarope começa com a extração alcoólica das substâncias terapêuticas das plantas. Isto é feito com a colocação das plantas após serem bem picadas ou moídas num recipiente de vidro junto com o líquido extrator, de preferência vodca. A relação deve ser de 20 g de plantas para cada 100 ml de vodca. No caso de fórmulas para adultos, pode-se usar o dobro da concentração, ou seja, 40 g para 100 ml.
O recipiente deve, então, ser fechado, para evitar evaporação, e colocado num local fresco, ao abrigo da luz por dez dias. Durante esta fase, o frasco pode ser agitado duas vezes ao dia, para melhorar o processo de extração.
No fim da extração, o líquido deve ser coado com coador de pano e, assim, o volume inicial de vodca usado na extração deve ser completado por cima do resíduo de plantas retido no coador. Dessa forma, o aproveitamento das plantas é máximo.
O líquido coado é chamado de extrato. Acrescenta-se a este mel, misturando continuamente por 10 minutos. A proporção da mistura é sete partes de mel para três de extrato. É só deixar repousar por 2 horas e o xarope está pronto.
Dosagem
A dosagem do xarope pode ser calculada da seguinte forma, dependendo do tipo de preparação:
• Se a preparação é uma fórmula, podemos calcular uma média de 0,5 a 1 ml de xarope por quilo de peso. Assim, se a criança tem 20 kg pode tomar de 10 a 20 ml de xarope ao dia em três vezes.
• Se a preparação é de uma planta apenas, então a dose deve ser calculada por meio da dosagem em pó, usando-se o seguinte esquema:
Primeiro calcular a dose de pó daquela planta em particular, que pode ser usada para uma criança. Supondo que o peso da criança é 20 kg (cada criança deve ser pesada para cálculo da dose individual), e sabendo-se que um adulto médio pesa 60 kg, a dosagem em pó para essa criança é dividida por 60 e multiplicada por 20, ou seja, um terço.
Assim, supondo ser a planta o alcaçuz, cuja dose é de 1,5 g, teremos uma dose de 0,5 g para esta criança.
Sabemos também que cada 100 ml de extrato feito para crianças possui 20 g de planta e que os 100 ml correspondem a três décimos do volume do xarope (pois a relação do xarope são três partes de extrato para sete de mel). Seguindo este raciocínio, 330 ml de xarope (pois 100 : 3 = 33 e 33 × 10 = 330) contêm os 20 g de ervas. Como queremos administrar 0,5 g (ou seja, 500 mg), devemos dividir o volume total por 40 (pois 40 × 0,5 = 20).
Então, teremos 330 ml divididos por 40, que é igual a cerca de 8 ml ao dia. Apesar de complicada, esta conta é necessária, pois as crianças são muito mais sensíveis a intoxicações e efeitos colaterais que os adultos, devido ao seu baixo peso. Portanto, é fundamental o cálculo de uma dose precisa. Caso haja dificuldade no cálculo da dose, um médico ou farmacêutico deve ser procurado para auxílio.
Como os xaropes caseiros são administrados em colheres, para facilitar, vamos relembrar os seguintes valores como parâmetro de dosagem:
• Uma colher de café tem de 1,5 a 2,5 ml.
• Uma colher de chá tem de 2,5 a 5 ml.
• Uma colher de sobremesa tem de 5 a 10 ml.
• Uma colher de sopa tem de 10 a 15 ml.
Vantagens
O xarope é bem tolerado por ter sabor agradável, sendo ideal para crianças. Ele também tem uma boa estabilidade, conservando os princípios ativos por bastante tempo. Depois de feito, sua administração é simples e rápida.
Desvantagens
O xarope não permite dosagens mais elevadas, dificultando seu emprego em adultos. Como tem muito açúcar, é contraindicado para diabéticos e obesos. Seus componentes — mel e vodca — são caros, tornando seu custo mais elevado que outras preparações. O preparo é complexo e leva muito mais tempo que outras preparações caseiras.
2.5 Garrafada ou vinho medicinal
Garrafada ou vinho medicinal é uma preparação feita com cachaça ou vinho branco.
Preparação
É semelhante à empregada para a fase inicial do xarope. As plantas devem ser picadas ou moídas, para então serem colocadas em recipiente hermético, num local fresco e ao abrigo da luz. O recipiente pode ser agitado uma a duas vezes ao dia para melhorar a extração.
A preparação da garrafada pode ser mais longa, durando até 21 dias. A proporção deve ser de 20 g de plantas para 100 ml de líquido; em caso de planta isolada, são suficientes 50 g para 100 ml de líquido.
Ao fim do período de extração, deve-se coar utilizando coador de pano. O volume inicial de vodca usado na extração deve então ser completado, derramando-se com cuidado mais vodca por cima do resíduo de plantas dentro do coador.
Segundo informações populares, os resíduos das plantas podem ser deixados dentro do recipiente enquanto a pessoa já usa o remédio. Contudo, isto não é recomendável, pois causa diferenças de dosagem, mesmo que o volume de vinho medicinal usado seja o mesmo.
Dosagem
Em geral, a dose é de 20 a 40 ml (de 1 a 2 cálices pequenos ao dia) para fórmulas.
Para ervas isoladas pode-se calcular com base na dose do pó, usando-se uma regra de três, como no exemplo a seguir:
A dosagem de cabelo de milho (Zea mays, stygma) é de 4 g ao dia para pó. Em 100 ml de vinho medicinal temos 20 g de cabelo de milho. Então, 4 g serão:
4 g é um quinto da quantidade de planta (20 g) usada para cada 100 ml de vinho;
ou seja, 20 : 4 = 5
100 ml (que equivalem a 20 g) divididos por 5 (pois desejamos um quinto da quantidade)
100 : 5 = 20; então o volume diário é de 20 ml.
Vantagens
A garrafada permite uma conservação longa da preparação, evitando a degradação e perda do extrato. Depois de feita, sua administração é simples e rápida, e costuma ser bem tolerada por adultos.
Desvantagens
Ela não é adequada para crianças, e é contraindicada para pessoas com gastrite, esofagite, úlcera péptica ou história de alcoolismo. Seu preparo é longo, sendo inadequado para casos de doenças agudas.
2.6 Sucos
São preparações em que as plantas são trituradas até se transformarem em suco.
Preparação
Os sucos devem ser feitos apenas com plantas frescas. As plantas são colocadas no liquidificador junto com meia xícara de água e batidas por 5 minutos. Em seguida, verificar se a trituração foi completa; caso contrário, bater mais cinco minutos. Em seguida, coar numa peneira grossa, comprimindo o bagaço da planta, se necessário. Caso se trate de uma planta de gosto amargo ou desagradável, pode ser adoçado com uma colher de sopa de mel. O suco deve ser ingerido imediatamente após o preparo, pois o contato com o ar degenera as propriedades medicinais das plantas com muita rapidez.
Dosagem
A dose do suco é a da planta fresca, que pode ser calculada como o dobro da dosagem indicada para a planta seca, em infusão ou decocção.
Por exemplo, a dose do cravo-dos-jardins (Dianthus caryophillus, flores) é de 6 a 12 g para decocção. Então sua dose para sucos é de 12 a 24 g (da planta fresca).
Vantagens
Os sucos são preparações rápidas e simples que podem ser ingeridas de imediato. São práticos quando se tem acesso imediato à planta fresca. Na visão oriental os sucos são refrescantes, sendo particularmente indicados para doenças agudas com febre alta, sede e redução do volume de urina.
Desvantagens
Os sucos necessitam da utilização da planta fresca, o que só é possível quando o cultivo é caseiro. Sua preparação exige o uso de liquidificador. Alguns órgãos lenhosos dos vegetais, tais como cascas, raízes e caule, são muito fibrosos e têm pouco sumo, não sendo adequados à preparação de sucos. Os sucos também não são adequados para fórmulas muito grandes com várias plantas. Como são muito refrescantes, os sucos estão contraindicados para pessoas com dificuldades digestivas ou Diarreia crônica.
3 Preparações para uso externo
São as utilizadas em aplicação para uso local. Como não são ingeridas, não necessitam tantos cuidados no cálculo da dosagem. Em geral, são adequadas para problemas de pele, tecido subcutâneo, músculos, articulações e mucosas.
As principais preparações para uso externo são:
3.1 Banhos
Trata-se de uma preparação usada para banhar a parte afetada pela doença.
Preparação
O banho é preparado da mesma forma que um chá. Em geral, como se utiliza uma quantidade maior de água, o ideal é fazer pelo menos um litro para cada aplicação.
Aplicação
A água deve estar morna para sua aplicação, e colocada numa tigela funda de plástico ou esmaltada. A parte afetada deve ser imersa no banho durante, no mínimo, 15 minutos. Quando a parte afetada não puder ser imersa no líquido, como é o caso da cabeça, então um algodão ou gaze embebidos podem ser usados na lavagem, várias vezes. A aplicação deve ser repetida duas a três vezes ao dia.
Dosagem
A dosagem para banhos é de 5 a 20 g para cada 100 ml de água, usados na preparação.
Indicação
São indicados em problemas de pele, mucosas, reumatismo e infecções cutâneas.
3.2 Inalação
Inalação é uma preparação cujas substâncias terapêuticas são inaladas sob forma de vapores.
Preparação
A inalação é preparada da mesma forma que uma infusão. A inalação deve ser feita imediatamente, aproveitando o momento que o infuso está bem quente. A quantidade pode ser a mesma usada para uma infusão comum, ou seja, um copo ou uma xícara.
Aplicação
No momento em que a água fervente é derramada sobre as plantas, a pessoa coloca um pano em torno da cabeça e do copo que contém a infusão, deixando uma abertura por onde saem os vapores. Então, respira por cerca de 10 minutos. Esta operação deve ser repetida de duas a quatro vezes ao dia.
Dosagem
A mesma dosagem indicada para a infusão.
Indicação
A inalação é indicada para problemas das mucosas do nariz, seios da face e brônquios.
3.3 Compressas
São preparações em que um pano embebido no chá das plantas é colocado na parte afetada.
Preparação
É feito um chá da planta que é colocado num recipiente de vidro ou esmaltado. O chá deve estar morno. Um pano é embebido para ser usado como compressa.
Aplicação
O pano embebido é colocado sobre a pele da região afetada, por 15 a 30 minutos. Esta operação pode ser repetida duas ou três vezes ao dia.
Dosagem
De 5 a 20 g para cada 100 ml de água.
Indicações
Para aliviar dores de origem muscular ou subcutânea, nos casos de abscessos e furúnculos, ou para edemas frios
(com frio no local).
3.4 Emplastros
São aplicações locais em que as plantas são usadas diretamente sobre a pele.
Preparação
As plantas são bem picadas e cozidas por cinco minutos, com pouca água, numa panela esmaltada ou de vidro. Em seguida, são envolvidas em uma gaze ou pano para aplicação.
Aplicação
As plantas envoltas em pano são colocadas sobre a região afetada por até uma hora. As aplicações podem ser feitas em até seis vezes ao dia, se necessário.
Dosagem
Emprega-se de 10 a 20 g de plantas de cada vez.
Indicação
Para problemas reumáticos, musculares, tendinites, abscessos e contusões.
3.5 Unguentos
São preparações gordurosas e que não contêm água.
Preparação
Picar bem as plantas ou utilizar pó, colocando em uma panela junto com azeite quente. A proporção é de 10 g para cada 20 ml de azeite. Deixar cozinhando por 2 horas em banho-maria. Em seguida, coar num coador de pano, espremendo até o fim para aproveitar o azeite. Enquanto o azeite está quente, colocar uma quantidade equivalente de parafina (utilizar parafina de vela fundida), misturando bem (pode-se usar também cera de abelhas). Colocar num pote de vidro e deixar esfriar.
Aplicação
Os unguentos podem ser aplicados frios ou quentes.
Unguento frio: em geral, a preparação tem consistência sólida. Caso contrário, isto pode ser conseguido colocando-se a preparação no congelador. Então são feitas raspas ou fatias do unguento, que são colocadas sobre a região afetada e presas com um pano ou uma gaze, por duas ou mais horas.
Unguento quente: a preparação é aquecida até 60ºC. Então pode ser embebida num pano e colocada ou derramada diretamente na região afetada. Deixar o unguento no local por cerca de duas horas.
Dosagem
De 10 a 50 g de unguento por aplicação, dependendo da extensão da área a ser tratada.
Indicações
Os unguentos são indicados para doenças crônicas da terceira idade, tais como artrose, úlceras varicosas, panarício e micoses.
3.6 Pó
Plantas trituradas até partículas finas para utilização local.
Preparação
A preparação do pó já foi descrita. Contudo, quando o pó é usado para aplicações locais, deve ser esterilizado. Isto é feito no forno a uma temperatura de 120ºC por 5 a 10 minutos. É preciso olhar a cada minuto para evitar mudança na cor do pó pois, neste caso, as substâncias ativas das plantas vão ser afetadas. Havendo mudança de cor, a temperatura deve ser checada ou o pó retirado do forno. Ao fim do aquecimento, o pó deve ser colocado num frasco de vidro (que tenha sido previamente fervido e esteja bem seco) hermeticamente