terra dentro
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Nara Vidal
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Pré-visualização do livro
terra dentro - Vanessa Vascouto
Copyright © 2020 Vanessa Vascouto
terra dentro © Editora Reformatório
Editor
Marcelo Nocelli
Revisão
Marcelo Nocelli
Eliéser Baco (EM Comunicação)
Capa
Eduardo Kerges
Design e editoração eletrônica
Negrito Produção Editorial
Diagramação de eBook
Calil Mello Serviços Editoriais
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecária Juliana Farias Motta (CRB 7-5880)
Vascouto, Vanessa
Terra dentro / Vanessa Vascouto. – São Paulo: Reformatório, 2020.
ISBN 978-65-88091-43-2
1. Romance brasileiro. i. Título.
v331t
cdd b869.3
Índice para catálogo sistemático:
1. Romance brasileiro
2. Literatura brasileira
Todos os direitos desta edição reservados à:
EDITORA REFORMATÓRIO
www.reformatorio.com.br
rostoPara R.
meu ponto de partida.
A realidade é a pedra.
maura lopes cançado
Sumário
Prólogo
Rita
Mirna [ri entre os lençóis]
Mosquito [ouve os passos os passos os passos sobre as folhas secas]
Rita
Mirna [ri entre os lençóis]
Mosquito
Mirna [entre os lençóis]
Mosquito
Rita
Mirna [entre os lençóis]
Mosquito
Rita
Mosquito
Mirna
Landmarks
Cover
Title Page
Copyright Page
Dedication
Epigraph
Prologue
Prólogo
Rita
conta o tempo
numa goteira
Mirna
ri entre os lençóis
Mosquito
ouve passos
sobre folhas secas
Rita
tic. [uma gota]
tic. [uma gota]
tic. [uma gota]
É, criança.
É de como a terra cai aos pedaços
e a gente junto.
Eu pequena, terra vermelha nos pés, num pedaço de chão que não era da gente. Eu pequena. Eu, meu pai, minha mãe, a Mirna e o Mosquito. Irmã mais velha, irmão mais novo. Eu pequena no meio. Num pedaço de terra que nunca foi da gente.
E se repete.
Cinco pessoas repetidas. Contei e são cinco.
Seis com você, mas você não conta porque não veio.
Me esqueci de como começou.
tic. [uma gota]
tic. [uma gota]
tic. [uma gota]
Tem aqui uma goteira que parece memória
e pinga.
Começou com a minha mãe, que nunca foi minha nem mãe.
Porque eu era magrela, pequena e vermelha, mais cabocla que os outros, e ela da cachaça, bêbada de tudo, o cheiro de pinga e uma patada amarga de bafo doce: te achei no lixo, lombriga
. Nem tinha porque ela dizer assim.
Mirna, irmã mais velha, mais gorda. Mosquito, irmão mais novo, um cachorro
.
Que tipo de gente merece vida assim
, ela perguntava prum cigarro em cima da mesa da cozinha, dentro da casa que ficava no terreno emprestado do dono da plantação, a casa que dava vista pras batatas e que tinha mais sete casas do lado, tudo colada uma na outra, tão junto que dava pra ouvir o Nito comer banana sem os dentes duas paredes pra lá. Só saliva e banana, dum lado pro outro na boca banguela do Nito quando tudo ficava quieto.
O Nito que disse que a mãe tinha saído pelada de lá. Disse pro meu pai e o meu pai já tinha ido no bar pedir pelo amor de Deus que não dessem mais cachaça pra ela porque ela ficava de dar medo, e todo mundo tinha medo da minha mãe, menos o Mosquito que não era flor que se cheirasse, a flor roxa dum pé de boldo fedido.
Mas não adiantava o pai pedir nem no bar nem em lugar nenhum porque bêbado arranja jeito e ela escondia a pinga no chimarrão e não alcançava a cuia pra ninguém.
Uma pessoa repetida a minha mãe, mas ela não conta porque não veio. Ou veio e nunca veio. Um’alma que veio sem querer vir ou querendo ir embora. Veio e foi embora pelada com o veneno dos ratos na plantação das batatas quando eu tinha vinte e um anos e um bucho. E meu pai, sem nunca ter botado pingo de álcool