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    Apocalipse: A força da resistência dos pobres
    Apocalipse: A força da resistência dos pobres
    Apocalipse: A força da resistência dos pobres
    E-book107 páginas2 horas

    Apocalipse: A força da resistência dos pobres

    De Luiz Alexandre Solano Rossi e Ildo Perondi

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    Sobre este e-book

    "Por vezes, muitas leituras inadequadas do livro do Apocalipse jogam mais luzes no 'dragão' do que no 'Cordeiro' e, assim, não somente invertem o protagonismo de Jesus, como alçam ao papel principal um personagem que está derrotado desde o início. Uma leitura que desloca Jesus do centro jamais poderá edificar a nossa fé e, muito menos, alimentar a nossa esperança. Portanto, mais do que um livro que presumidamente relate o fim do mundo, o Apocalipse é um livro que busca apresentar, em todas as suas páginas, aquele que é o princípio e o fim de tudo". "O nome 'Apocalipse' é uma palavra grega que significa 'revelação'. Por isso, o Apocalipse é uma revelação, da parte de Deus, de algo que está oculto e que não pode ser compreendido por aqueles que não conhecem a mensagem cristã". Neste livro, intitulado Apocalipse: a força de resistência dos pobres, Luiz Alexandre Solano Rossi e Ildo Perondi fornecem, com base no contexto da época em que foi escrito, uma chave de leitura do livro bíblico Apocalipse, cuja interpretação é considerada até hoje complexa, majoritariamente em virtude de seus simbolismos.
    IdiomaPortuguês
    EditoraPaulus Editora
    Data de lançamento17 de mar. de 2022
    ISBN9786555625158
    Apocalipse: A força da resistência dos pobres

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      Apocalipse - Luiz Alexandre Solano Rossi

      Como ler o Apocalipse

      O Apocalipse é, ao mesmo tempo, um livro fácil e difícil de ler. É como uma casa fechada: para poder entrar, é preciso ter a chave certa. Da mesma forma é o livro do Apocalipse: só quem conhece o contexto em que foi escrito e o gênero literário empregado consegue entender o seu conteúdo. O autor utiliza o gênero apocalíptico que já foi usado por alguns profetas, como Ezequiel e Daniel, e alguns textos dos Evangelhos.

      É certo que o livro do Apocalipse foi escrito para não ser entendido pelos de fora. Para isso, o autor faz uso de muitos sinais, símbolos, números, animais, códigos, órgãos do corpo, elementos do universo e utiliza datas, locais e pessoas do passado. O povo das comunidades conhecia toda essa linguagem. O próprio nome Apocalipse é uma palavra grega que significa revelação. Por isso, o Apocalipse é uma revelação, da parte de Deus, de algo que está oculto e que não pode ser compreendido por aqueles que não conhecem a mensagem cristã.

      O Apocalipse é também uma profecia (Ap 1,3). Neste sentido, o livro recupera uma antiga tradição do Antigo Testamento. Os profetas sempre foram mensageiros de Deus que surgiam em tempos de crise e opressões sobre o povo de Deus. A tarefa dos profetas podia ser resumida em dois verbos: denunciar e anunciar. Os profetas denunciavam os opressores, que podiam ser os governantes políticos, impérios, as classes econômica e judiciária ou os líderes religiosos. E, por outro lado, os profetas anunciavam Boas Notícias ao povo, sobretudo incentivando a perseverança e prevendo um tempo de esperança que havia de chegar.

      Profecia e Apocalipse na Bíblia nunca foram a adivinhação ou previsão de eventos futuros (como alguns querem interpretar). Ao contrário, são uma crítica a um sistema que oprime o povo. São a denúncia contra os poderes que dominam e oprimem o povo, contra aqueles que se julgam acima de tudo e até do próprio Deus. O livro do Apocalipse quer denunciar o poderio e a tirania do Império Romano e anunciar que tempos melhores irão chegar se o povo se mantiver fiel à Palavra de Deus e ao testemunho de Jesus.

      Para ler e entender o Apocalipse, é preciso conhecer o contexto em que o livro foi escrito. Conhecer como funcionava a opressão do Império Romano sobre as comunidades cristãs espalhadas mundo afora.

      Outra questão importante é ler o livro todo. Não ler frases isoladas ou só alguns trechos. O Apocalipse é um livro que vai se abrindo aos poucos. Não é um livro para transmitir medo; ao contrário, é um livro que tem por objetivo animar as pequenas comunidades. O Império Romano parecia poderoso, mas iria desaparecer. As comunidades não. Vão sobreviver porque confiam que o poder está na perseverança e na confiança em Deus. Assim como Jesus foi perseverante, e continua vivo, pois é o Cordeiro vencedor, também as comunidades vão ser vencedoras.

      Portanto, o Apocalipse é um livro de esperança! É um livro que contém sete Bem-aventuranças (Ap 1,3; 14,13; 16,15; 19,9; 20,6; 22,7; e 22,14). É a resposta de Deus a um povo que sofre a perseguição e, apesar disso, se mantém fiel, resiste, denuncia, persevera, celebra, canta e espera na certeza de que um novo tempo irá chegar!

      É nesse sentido que o livro do Apocalipse se torna vivo e atual. Hoje as perseguições são outras; os impérios continuam oprimindo; os poderosos continuam explorando os mais fracos; as comunidades resistem, e muitos irmãos e irmãs nossos pagam com o martírio da própria vida por causa da sua fidelidade ao Reino de Deus e sua fé no testemunho de Jesus Cristo. Então a profecia do Apocalipse e sua mensagem podem ser atualizadas para a realidade de hoje e servir para animar e trazer esperança para as comunidades cristãs que resistem e perseveram diante das crises e dificuldades.

      Autor, data, local e destinatários, e a situação socioeconômica das comunidades

      Autor

      Assim como acontece com a maioria dos livros da Bíblia, encontra-se uma dificuldade em saber quem foi o verdadeiro autor do livro do Apocalipse. Naquela época não se sentia a necessidade, que nós temos hoje, de informar quem foi que escreveu um livro; o objetivo principal era o valor da obra e a mensagem que o livro queria transmitir. Geralmente os livros eram atribuídos a alguém que lhes desse autoridade e credibilidade. Então nem sempre autor e autoridade são a mesma pessoa.

      O autor do livro do Apocalipse se apresenta como João, o servo (Ap 1,1), aquele que escreve às sete Igrejas (1,4), que é irmão e companheiro na tribulação e preso na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus (1,9). No dia do Senhor (um domingo), recebeu as revelações através de visões e as transmitiu às comunidades (١,١٠).

      Seu nome é João. Ele tem um título, mas não apresenta nenhum outro indicativo (como: apóstolo, diácono, discípulo etc.). O título que vale para ele é: irmão e companheiro na tribulação (1,9). Ele mesmo é um perseguido por causa da sua opção de seguimento a Jesus. Sofre a mesma dor e sofrimento que seus irmãos de fé. Ele conhece por dentro o drama das comunidades. Por isso, tem condições para animá-las!

      No entanto, a grande dificuldade que temos é saber qual é este João. Alguns sugerem que seja o mesmo autor do Evangelho de João, porém também sobre o autor do quarto Evangelho não há consenso se é o apóstolo João, filho de Zebedeu (Mt 4,21; Mc 1,19). Outros creem que o autor seja o presbítero João, que era um líder das comunidades joaninas, na região de Éfeso, mas também nisso não há consenso. Então, é inútil querermos saber com certeza quem é esse João. O importante é saber que a ele foi atribuída a autoridade do livro. O que mais nos interessa é que João, o autor do Apocalipse, é alguém que soube colocar-se diante de Deus e acolher a mensagem revelada por Jesus Cristo (o Cordeiro vencedor).

      João tem consciência de ser o portador de uma profecia da parte de Deus para o povo das comunidades (1,1-3; 22,6-8). Ele se apresenta com autoridade e pede obediência (22,18-19). A sua autoridade vem da Palavra de Deus (1,2). Ele próprio encarnou essa Palavra na sua própria vida (10,8-11). E é isso que lhe dá autoridade para escrever e transmitir a mensagem recebida da parte de Deus.

      Possivelmente João era o coordenador-geral das comunidades da Ásia Menor, e é para essas Igrejas que ele envia o seu livro (1,4.11). Além disso, ele está bem por dentro da situação e dos problemas de cada uma das sete comunidades, como demonstra nas sete cartas (2,1–3,22).

      Apesar da sua autoridade e liderança, João parece ter sido uma pessoa humilde que se coloca no mesmo nível dos demais membros das comunidades. Ele não sente dificuldades em confessar o que não

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