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Conforto: clientes de arquitetos e designers contam o que é conforto para eles em suas casas
Conforto: clientes de arquitetos e designers contam o que é conforto para eles em suas casas
Conforto: clientes de arquitetos e designers contam o que é conforto para eles em suas casas
E-book155 páginas1 hora

Conforto: clientes de arquitetos e designers contam o que é conforto para eles em suas casas

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Sobre este e-book

No desejo de auxiliar designers e arquitetos de interiores no entendimento do que é conforto, nos ambientes domésticos, para seus clientes, nasceu esta pesquisa que hoje está registrada em forma de dissertação.
Diante de 32 anos de atividade profissional, considerando, portanto, a longa trajetória profissional, a autora conseguiu reunir neste trabalho um vasto banco de dados, obtido através de entrevistas com 280 clientes e 109 profissionais da área no intuito de entender o que é conforto para estes 2 públicos, o que projeto e o que recebe o resultado do projeto.
E afinal, o que é conforto para o nosso cliente?
Haja vista que não existe definição definitiva, e sim conceitos muito pessoais, estes foram separados entre homens e mulheres, observando apenas a característica biológica, não foram consideradas as questões de gênero. Este livro está dividido em 3 partes, a primeira apresenta um panorama do mercado imobiliário da cidade de Curitiba-Paraná, na segunda parte estão apresentados a metodologia aplicada e os gráficos e tabelas resultantes das entrevistas e na última parte apresentamos os resultados e conclusões, que humildemente são compartilhadas com o leitor que também se coloca apto a novas interpretações.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de mar. de 2022
ISBN9786525225791
Conforto: clientes de arquitetos e designers contam o que é conforto para eles em suas casas

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    Conforto - Elisa Costa Mielke

    1 INTRODUÇÃO

    A casa abriga o devaneio, a casa protege o sonhador, a casa nos permite sonhar em paz

    (BACHELARD, 2003, p. 201).

    Em tempos de muita transformação do jeito de morar, da maneira de se viver o dia a dia e dos grandes avanços tecnológicos surgiu, na autora desta pesquisa, a curiosidade de entender qual o significado de conforto para o cliente do arquiteto ou designer de interiores, sabendo que a percepção desse fenômeno é pessoal e não dissociada de cultura, sentidos, sentimentos e racionalidade (HARTHENTAL; ONO, 2011).

    Sendo a autora pesquisadora, arquiteta, formada na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1990, e atuando em projetos de interiores nestes últimos 32 anos de formação e de maneira constante e intensiva, colecionando mais de mil trabalhos executados neste setor, se faz válido seu interesse pelo assunto. Vale colocar que, presidiu a Associação Confraria Arquitetura e Design, instituição curitibana que conta com 17=0 associados, profissionais de projetos de interiores atuantes no mercado.

    Portanto, esta pesquisa está voltada para o estado de conforto ou dito confortável, percebido pelo usuário do ambiente doméstico, residencial, das classes econômicas A e B, clientes de arquitetos e designers de interiores.

    Pois, segundo esta pesquisa, 78% dos clientes, como demonstra o gráfico 14 que será visto à frente, mencionam a palavra conforto como desejo para dentro de suas casas, sendo assim interessa saber e discutir qual o significado dessa sensação e como os profissionais podem, por meio de seus projetos, proporcionar ou atender a esta demanda ou desejo.

    Observado que o setor de design de interiores cresceu 500%, de 2004 a 2014, segundo a ABD (2019), isto leva a fazer uma análise deste mercado e deste público, que crescem exponencialmente, esse número sugere ainda que o design e arquitetura de interiores têm ganho cada vez mais importância e estão sendo mais valorizados quando se pensa em morar bem, e é exatamente esta a proposta do designer ou arquiteto quando ele atende um cliente: fazê-lo morar bem!

    Arquitetos e designers, quando captam um novo projeto, é praxe realizarem, junto ao cliente, um briefing ou programa de necessidades, expostas ou solicitadas pelo dono/dona da casa, normalmente observam-se itens como funcionalidade, estética, custo, tendência, praticidade, entretanto é possível incrementar ainda mais essa etapa da prestação desse serviço, quando atenta-se aos aspectos fenomenológicos que permeiam um projeto de interiores, o que, possivelmente, pode conferir ao produto final, o projeto e ambiente finalizado, um alto índice de aprovação e satisfação tanto para o cliente contratante como para o profissional contratado.

    Acredito que, segundo Schmid (2018), a fenomenologia dentro de um ambiente seja construída por um conjunto de afetos fluindo, que percebido pelo indivíduo, de acordo com suas características pessoais, emoções ou significados existenciais antes de uma explicação intelectual (PALLASMAA, 2016) gera um estado de humor, um resultado e é esse resultado que interessa a esta pesquisa.

    1.1 JUSTIFICATIVA

    A falta de humanismo da arquitetura e das cidades contemporâneas pode ser entendida como consequência da negligência com o corpo e os sentidos e um desequilíbrio de nosso sistema sensorial

    (PALLASMAA, 2011, p. 17).

    O ser humano e a relação com sua moradia estão em constante mudança e são diversos fatores que contribuem diretamente para essa sinergia, tais como: históricos, culturais, sociais, técnicos, emocionais, espirituais, momentos de vida, valores pessoais e tantos outros particulares.

    Alguns acontecimentos contemporâneos impactaram mundialmente e indiscutivelmente na compatibilidade entre a pessoa e o seu eu. E se a casa é uma extensão de si, pois é ninho (BACHELARD, 2003, p. 262), novos questionamentos foram feitos profundamente.

    Após a Segunda Guerra Mundial, talvez o ataque terrorista ao World Trade Center tenha sido um novo marco para início de uma nova era no tocante às relações com o conforto, talvez a casa tenha assumido ou reassumido um papel muito importante, pois além de ser um espaço íntimo, é espaço de acolhimento, de recolhimento, de calma e de paz, onde o homem pode relaxar e se sentir protegido (SCHMID, 2005, p. 133).

    O mercado reagiu a este fato histórico, a derrubada das torres gêmeas em um ataque terrorista, em Nova Iorque (EUA), em 2001, como a PANTONE¹, que lançou como a cor do ano de 2002 o vermelho verdadeiro, true red, com a seguinte justificativa: "a cor foi escolhida em reconhecimento aos ataques de 11 de setembro. Este vermelho é um tom profundo, significativo e patriótico. O vermelho é conhecido como uma cor de poder e/ou paixão e é, portanto, associado ao amor. No que diz respeito ao uso desta cor na decoração de interiores deve ser usado com cautela, devido ao calor da cor² (PANTONE, 2001, tradução nossa). Neste momento dá-se valor e importância da cor no estado de espírito, principalmente no tocante a ambientes onde se permanece por mais tempo.

    A Portobello, fábrica de revestimentos cerâmicos brasileira, no ano de 2006, lançou no Brasil os porcelanatos padrão madeira, com a justificativa de que este modelo transmite às pessoas calor e conforto porque remete a uma matéria-prima da natureza (ARCHTRENDS PORTOBELLO, 2018) indicando que o ser humano precisava se reconectar ao natural ou ao que remete ao natural. Aqui surgiu, para arquitetos e designers, mais uma ideia sobre o conforto, sobre como uma simples sugestão de cor ou textura, advinda de um profissional de projeto, pode interferir na percepção do espaço e no humor do indivíduo. O ataque terrorista de 2001 trouxe à tona o valor da vida e o conforto é um fenômeno inerente a ela.

    Existem, para definir o conforto, diversas linhas de raciocínio provenientes de variados movimentos intelectuais e de estudos que elencam e analisam estes pensamentos e pesquisas no intuito de definir a sensação de conforto para o usuário desde o mais remoto dos tempos.

    Se o conforto que interessa a esta pesquisa é aquele percebido dentro de casa, é por óbvio e importante que o ambiente residencial seja sempre observado, visto seu estado mutante, pela ótica da fenomenologia ou sua atmosfera, pois trata-se do entendimento da essência do desejo do cliente para com sua morada, pretendendo-se assim evitar negligenciar o corpo e os sentidos (PALLASMAA, 2011, p. 17) e o próprio contratante de um projeto de arquitetura ou design de interiores, que tem seu sensório como um produto de sua realidade social, histórica e cultural (HOWES, 2005, p. 3).

    Considera-se que atmosfera é o resultado do que se é percebido em um ambiente residencial, portanto pretende-se analisar os seguintes aspectos do conforto:

    1) Conforto sob uma ótica filosófica,

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