Sabine
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Pré-visualização do livro
Sabine - Thyago S. Bacchin
"Eu, porém cantarei a tua fortaleza. Celebrarei desde
manhã a tua misericórdia, porque te fizeste meu refúgio e
proteção nos dias adversos".
Em memória de Miguel Ângelo Bacchin Noli.
SABINE
A sala era pequena e tinha as janelas cobertas com folhas
de Duratex, afinal, ninguém podia ver o que se passava lá dentro,
havia uma lâmpada acesa, mas era tão fraca que deixava apenas
um faixo de luz no meio da sala.
A menina se retorcia e erguia as pernas alternadamente,
elevando o joelho um pouco acima da linha da cintura
rapidamente, um de cada vez. As calças de moletom amarelas
eram apertadas e mal serviam em Sabine que já devia ter seus doze
anos de idade naquela época. Mais alguns segundos trancada
naquele lugar e ela não iria aguentar...
- Ah...
Ela não aguentou, fez xixi nas calças e molhou todo o chão.
A porta se abre e a luz que vem do corredor faz com que a poça de
xixi fique ainda mais visível, como se brilhasse.
- Sabine. Não acredito que você fez isso! Putz! Vai tomar
no cú! Porra! E agora? O cara tá vindo aí meu!
- Desculpa Dona Renata, não deu pra aguentar, eu não tava
conseguindo tirar a calça...
- Claro que não, isso ai tá muito apertado, venha cá.
Sabine se aproxima de Renata e então a mulher da um
puxão na calça da menina e a deixa na altura dos tornozelos. –
Agora tira isso ai e se enxuga.
- Tô esperando, cadê a menina? Pergunta o homem ao
entrar na sala.
- Desculpa senhor Carlos, essa menina só dá trabalho pra
gente, ela não vai poder atender agora, o senhor prefere escolher
outra? Eu já falo pras meninas fazerem a apresentação de novo,
pode deixar.
- Não, não... Deixa tudo como está. - Diz Carlos ao olhar a
menina de cabelos lisos e finos, com olhos desproporcionalmente
grandes e com as calças abaixadas encharcadas de xixi.
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SABINE
Ele se aproxima de Sabine e a toca nos ombros. Vira-se e
diz. – Pode ir Renata eu me acerto com ela aqui.
- O senhor é quem sabe. – Diz a mulher, sai do quarto e
fecha a porta. – Mas é cada pervertido que me aparece... Pensa
olhando para o relógio e calculando. – Nove e meia eu volto.
- Sabine né? Que nome diferente... Posso tirar isso? A
menina não diz nada, o homem se abaixa e tira as calças de Sabine
delicadamente.
- Isso sim! Você é muito bonita menina! Diz ao torcer as
calças sobre os pés de Sabine, então Carlos se abaixa e começa a
lamber o chão e as canelas finas da menina, o bigode fica
gotejando xixi assim q ele levanta o rosto do chão e começa a
lamber freneticamente a vagina de Sabine.
Sabine faz uma cara de incomodo e pensa. – Por que será
que esses velhos carecas sempre deixam bigode? Machucam tanto
a minha bucetinha... Depois fico toda ardendo... Fazer o que né? –
Vai, mama gostoso seu taradão filho da puta. -Diz ao apoiar as
mãos na cabeça do velho e a empurrar ainda com mais força contra
sua vagina.
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SABINE
SABINE
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SABINE
Anos depois
Daniela posta mais um de seus textos no facebook:
Alguém aí já ouviu sobre a teoria de que
Jesus não morreu na cruz? E muito menos
ressuscitou no terceiro dia?
Costumamos olhar
para as imagens da crucificação espalhadas nas
igrejas católicas como um ato isolado, costumamos
pensar erroneamente que Jesus foi o único a
sofrer daquela maneira. Várias pessoas eram
crucificadas semanalmente por diversos motivos,
porém devo admitir nenhuma como Jesus Cristo, os
crucificados ficavam agonizando durante dias, e
esse sim era o grande martírio... A bíblia diz
que Jesus morreu pela lança de um soldado após
algumas horas na cruz, mas cá entre nós, isso
seria inaceitável, se um soldado fizesse isso
provavelmente seria condenado à morte. A
brutalidade e o sofrimento da crucificação era
justamente o tempo. Como um soldado decide
encurtar
esse tempo? Por que ele quis terminar
com o sofrimento de Jesus? Pô, um bostinha de um
soldado jamais teria autoridade para tal coisa...
Vejamos outra coisa estranha: os seguidores
de Jesus, os apóstolos, deixaram suas casas,
famílias, bens e conforto para seguir um homem
que era muito articulado, um excelente orador e
um líder cativante... Percebam que não mencionei
um fazedor de milagres... Na verdade isso nem era
tão importante naquela época, existiam muitos
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SABINE
outros milagreiros, como por exemplo, Simão mago
ou Apolonio de Tiana (procurem por aí sobre esses
caras e vocês vão entender o que estou querendo
dizer). Enfim, esses homens abandonaram tudo e
juraram amor e fidelidade eterna a esse líder...
Mas as escrituras nos dizem que nenhum deles
estava ao pé da cruz no momento da morte de
Jesus, Pedro não hesitou ao cortar a orelha de um
soldado romano para evitar a captura de seu
Cristo, mas negou conhecer Jesus por três vezes
naquela mesma noite... Pedro ficou com medo de
quê? O cara meteu a faca na orelha de um soldado
armado, e depois da um vacilo desses?
Vocês sabem onde Jesus foi sepultado? Um
tal José de Arimatéia aparece do nada e cede o
lugar para o sepulcro de Jesus... José de
Arimatéia era de Arimatéia, assim como Jesus de
Nazaré era de Nazaré, antigamente fazia-se muito
isso para diferenciar pessoas que tinham nomes
comuns, sempre era mencionado o lugar de onde a
pessoa vinha... Aliás, embora reconhecido como
Nazareno, Jesus nunca o foi. O fato de ter
passado não só a minoridade como também o maior
período de sua vida em Nazaré, fez com que sua
comunidade o reconhecesse como um deles. Porém,
Mateus em seu evangelho não nos deixou qualquer
sombra de dúvidas quanto sua natalidade, ao
dizer: "Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia,
em dias do Rei Herodes"... Acho que seria mais
correto chama-lo de Jesus de Belém... Enfim...
Cara! Pra começo de conversa: O que esse José
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SABINE
tava fazendo lá? E pior, por que ele tinha um
sepulcro em Nazaré? É como se eu morasse na Bahia
e tivesse um túmulo em Minas Gerais.
Continuar lendo...
Sabine clicou em curtir e em seguida compartilhar.
Noutro lado da cidade Rafael acompanha os feeds de
notícia do Facebook em seu I Pad: - Da uma olhada no que essa
mina compartilhou no face. – Diz Rafael apontando pra tela do
computador. Lídia da uma olhada lê algumas poucas frases do
texto e diz: - É uma retardada, já falei pra você excluir essas
meninas, mas você parece que gosta de ter amizade com puta.
- Não é isso amor, é que ela é minha aluna ué, se excluir vai
pegar mal.
- Você que sabe, só não reclama depois. – Diz Lídia
cruzando os braços. – Esses adolescentes ficam pagando de ateus,
mas nem sabem sobre o que estão falando. Rafael concorda
assentindo com a cabeça, porém os argumentos da menina o
deixaram com a pulga atrás da orelha.
- Mas que é uma puta isso você não pode negar né? Já ouvi
falar uma porção de coisas dessa aí... E as roupas que essa
meninada vai pra escola então? Pelo amor... Reclama a mulher.
Rafael abraça Lídia e os dois riem juntos, concordando
sobre a vulgaridade das roupas das adolescentes de hoje em dia,
naquela mesma noite os dois transaram e por mais de uma vez
Rafael pensou nos seios e na bunda de sua aluna puta
Foda, essa
Sabine é uma gostosa mesmo. Pensa assim que entra no banho.
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SABINE
Flávia desce correndo as escadas e quase tropeça no carrinho de
controle remoto que seu irmãozinho havia deixado no penúltimo
degrau. – Mas é um lazarento esse moleque! Pensa irritada. – Tô
super atrasada.
- Peraí mãe! Grita na janela para a mãe que já esta no carro
esperando para leva-la à escola. Apanha uma blusa e sai.
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SABINE
Sabine está exausta, trabalhou o dia todo no supermercado
e agora ainda teria de aguentar duas aulas de matemática, uma de
sociologia, duas de português e uma última de filosofia. – The show
must go on! Parafraseando em pensamento Fredie Mercury ao
adentrar os portões da escola Comendador Aurélio Nova.
Entra com a cara fechada de sempre, fala oi pra um
conhecido que nem mesmo lembra o nome e vai direto para classe
- Chega antes que a maioria dos alunos, isso porque nenhum aluno
ia direto pra classe, todos tinham conversas e fofocas pra colocar
em dia, todos tinham que rir das piadas do Ricardo que era o
palhaço da classe, todos tinham que reclamar da mãe e do pai que
não os deixavam ir a determinada festa ou então reclamar de seus
relacionamentos que eram construídos e destruídos pelo advento
das redes sociais... Todos menos Sabine.
Sabine não tinha mãe e pai ou alguém de quem pudesse se
queixar, não tinha relacionamentos e nem participava muito de
redes sociais, ao menos não durante os dias de semana. Na escola
Sabine não tinha com quem fofocar e nem de quem fofocar, mas
nada disso lhe fazia falta, nada a incomodava, os amigos que tinha
eram mais velhos e nem estudavam mais, não tinha
relacionamentos porque não queria, era muito admirada pelos
meninos e até pelos adultos. Seu rosto era pálido e
‘desproporcional’ mas de uma maneira agradável, seus olhos eram
enormes, seu nariz minúsculo e arrebitado, o rosto em forma de
gota ao contrário e cabelos longos na cor do mel criavam uma
combinação muito distinta, porém atraente... O corpo tinha forma
de ampulheta e seus seios eram como dois balões rosados com
pequenas linhas azuladas, pelo menos era o que se via pelo decote
em V de sua onipresente blusa de tricô sempre impecavelmente
branca.
Naquela noite Sabine cochilou na carteira não havia nem
começado a primeira aula e só foi acordar na última, a do professor
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SABINE
Rafael... Só acordou por conta de um comentário do professor
sobre postagens de certas pessoas no Facebook cujo conteúdo
havia sido o assunto de sua aula passada naquela classe.
- Sabine, acorda aí. Diz Flávia empurrando o ombro direito
da menina que sentava logo atrás dela. – O professor tá falando de
você.
Sabine abre os olhos e enxuga a saliva que escorria no
canto da boca com a manga da blusa. – Pois é, olha lá, quando a
gente pensa que ela não esta prestando atenção eis que acorda. Diz
Rafael seguido de uma risada coletiva.
- Na aula anterior falávamos sobre a necessidade de
questionar... Sabine. Fiquei realmente empolgado ao ler algumas
coisas que postou nas redes sociais ontem... Por que não divide
isso com a classe? Diz Rafael chegando perto da carteira da
menina. – Acho que seria bem interessante, a partir daí podemos
criar uma dinâmica na classe... Que me diz?
- Não, acho que não... Na verdade não postei aquilo... Só
compartilhei. Responde Sabine
- Ah sim, mas mesmo assim aquele texto era bem
interessante.
- Que bom! Responde.
- Você sabe quem o escreveu?
Um silêncio e a menina olha o professor sem esboçar
nenhum sentimento ou emoção. O professor se constrange e então
volta para frente da classe percebendo que havia ultrapassado uma
barreira ou faltado com a ética ao comentar assuntos de cunho
pessoal.
- Gente, o questionamento e a curiosidade são sempre
validos, e ainda melhor quando são embasados em argumentos... A
aula prossegue e Sabine recosta a cabeça na carteira e volta a
dormir.
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SABINE
Na volta pra casa Sabine está irritada e começa a pensar
que talvez o conselho tutelar vá aparecer em sua casa novamente e
fazer mil perguntas sobre seus pais... Havia recebido uma carta da
prefeitura, mas nem abriu, não queria ler aquilo, não queria ler
coisas ruins, que a deixavam desanimada... Pensa na barra que
estava enfrentando com um amigo doente e logo em seguida
desvia o pensamento para algo bom, pra ver se melhorava o
humor... Lembra-se de sua curta, porém marcante experiência com
uma mulher que talvez fosse o mais próximo de uma mãe que ela
já havia conhecido.
- Ei menina! Venha cá!
Sabine joga uma pedra no carro da mulher e vira as
costas.
- Menina! Diz a mulher ao sair do carro e ir em direção a
menina suja e maltrapilha que mostrava tanta animosidade. –
Menina, não vou lhe machucar, só quero lhe perguntar uma coisa.
- O quê você quer? Diz Sabine irritada e virando-se de
volta em direção à mulher.
- Calma, só quero conversar. Ela se senta na sarjeta e pede
para que Sabine faça o mesmo. – Eu tenho uma sobrinha do seu
tamanho e sei que não é fácil ser criança, olha a foto dela. E então
lhe mostra uma foto 3x4 de Giulia sua querida sobrinha.
Sabine olha a foto e não responde nada. – a mulher coloca
a foto de volta na bolsa e lhe diz: - Como você se chama?
- Sabine.
- Meu nome é Sandra, e acho que podemos ser boas amigas
Sabrina.
- Sabrina é o caralho, você é surda? Meu nome é Sabine.
Aquela mulher havia ignorado toda a agressividade de
Sabine, fez o que ninguém até então havia feito; não deixou com
que a aparência e o mau cheiro da menina que na época tinha
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aproximadamente oito anos de idade a impedisse de se aproximar e
ajudar.
Sabine foi morar com Sandra algumas semanas após esse
encontro, e lá foi feliz por um bom tempo, tinha roupas limpas,
boa comida e uma cama pra dormir a noite...
Muito havia passado e Sabine ainda tinha algumas coisas em sua
casa atual que pertencera a Sandra; uma caixinha com agulhas e
rolos de linha, um disc man que funcionava ainda, duas ou três
revistas antigas e inúteis, mas que por algum motivo ela tinha dó
de jogar fora, roupas,