Mistérios Da Vila
De Carol London
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Mistérios Da Vila - Carol London
Carol London
Mistérios
da Vila
1ª Edição
2017
MISTÉRIOS DA VILA
Por:
Carol London
Arte e Fotografia: Carol London
Revisão: Edy Santola
Registrado pela Biblioteca Nacional
©Todos os direitos reservados.
Dedico este livro a minha querida mãe Nair G. Almeida, que me
incentivou e inspirou a escrever este original.
Dedico a Josiane Abreu que me apresentou a vila. Ao meu amigo
Edy Santola que me apoiou durante o processo desta minha primeira obra.
Este livro também é uma homenagem à dona Francisca, a mais
antiga moradora de Paranapiacaba que torna a vila encantadora com suas
histórias. Por fim, a todos os fãs da Vila Mágica.
CONCEITO HISTÓRICO DA
VILA DE PARANÁPIACABA
uem visita a antiga vila ferroviária de Paranapiacaba
pela primeira vez, pode imaginar que está sendo
Q inserido em um cenário de horror, como em Silent
Hill, pois na parte alta, logo na entrada, é possível se deparar com
uma vila imersa na neblina típica da região, que vem abraçar os
moradores e receber os visitantes. Por se tratar de uma região
fluvial, com trilhas que levam a vinte e três cachoeiras, quatro rios,
quatro cavernas e represas, quatro mirantes e ao litoral de Santos, a
umidade do ar evapora e resfria, resultando nesta sombria bruma,
que cai quase todo final de tarde.
Paranapiacaba na língua indígena tupi-guarani
significa lugar de onde se vê o mar
, pois é o último ponto antes
da descida da serra para o litoral. A vila é patrimônio histórico
brasileiro, um dos distritos de Santo André, localizada na região
sudeste do município dentro do estado de São Paulo que, foi
fundada no século XIX, por volta de 1867, quando houve a
construção da ferrovia de Santos-Jundiaí, a primeira ferrovia de
São Paulo, pela empresa São Paulo Railway Co., que facilitaria o
comércio manufaturado europeu e a expansão do fluxo do café
para o Rio de Janeiro, Vale do Rio Paraíba, e o oeste paulista.
O projeto se viabilizou com a iniciativa do empreendedor
Mistérios da Vila por Carol London
Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, que visava uma
parceria com os ingleses, para favorecer os interesses de
exportação e importação agrícola.
Posteriormente, foi adotado o sistema funicular, onde trens
a vapor traçavam o trajeto com cabos de aço circulares, pois a
serra era considerada muito íngreme. Os trens eram chamados de
locobreques que funcionavam com o sistema de contrapeso, ou
seja, enquanto uma locobreque carregada com café descia a serra, a
outra com peso igual carregada de lastros era puxada para cima. A
funicular dependia exclusivamente da mão de obra humana,
portanto qualquer falha do homem poderia ser fatal. O trem mais
luxuoso e rápido era o Cometa, que transportava damas,
engenheiros e barões estrangeiros e que também não escapou de
cometer alguns acidentes, pois sua velocidade era impossível de
parar de imediato se houvesse alguém na via.
A ferrovia foi construída em cinco patamares com cinco
maquinas fixas, dezesseis viadutos e treze túneis de Jundiaí a
Santos. No inicio, ainda durante a fase de construção da ferrovia a
vila era um acampamento de funcionários, mas com o seu
crescimento, houve a necessidade de fixá-los. Os imigrantes
europeus, os ingleses, portugueses, espanhóis e italianos trouxeram
suas famílias, sua religião que na maior parte era protestante e
anglicana e também a sua cultura, para dar origem a Paranapiacaba
vitoriana do século XX.
Devida à estrada de ferro, o comércio e a produção
agrícola cresceram e a ocupação no interior de São Paulo foi
consolidada. A vila começou a se tornar importante e em torno,
foi fundado Santo André.
Paranapiacaba era a Estação Alto da Serra que foi
construída para a moradia dos operários da ferrovia e, de acordo
com o seu desenvolvimento foi necessário construir duas vilas. A
Vila Velha, - hoje conhecida como Rua Direita - onde ocorreu a
urbanização espontânea, os comerciantes forneciam produtos aos
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Mistérios da Vila por Carol London
funcionários da ferrovia e esta vila era composta por casas de
alvenaria e vias públicas estreitas, de paralelepípedos, chamadas de
avenidas. Já a Vila Martin Smith, foi projetada pelos ingleses,
considerada uma inovação para a época. As casas eram
padronizadas, com recuo frontal para jardins, construídas com
paredes duplas de madeira, fundação de pedras e telhados em
ardósia, feitas com materiais vindos diretamente da Europa. As
ruas largas de traçado ortogonal e regular com sistema de
encanamento moderno. As cores das casas eram ocre, ferruginoso,
já a parte alta da vila seguia um modelo português, sobrados com
moradia em cima e salas comerciais em baixo. O contraste da vila
está em suas cores alegres e brasileiras.
A Vila Martin Smith era baseada na hierarquia funcional e
de nacionalidade, onde as casas eram ocupadas de acordo com a
mão de obra, estado civil e posição social. Conforme os
funcionários subiam de cargo, eles e suas famílias mudavam para
casas melhores. Os antigos trabalhadores da ferrovia relembram
até hoje a qualidade de vida daquela época, diziam que eram muito
bem tratados por seus chefes, poderiam até ganhar uma casa
quando se casavam. Não precisavam pagar pela luz, tampouco pela
saúde e educação. A vila era extremamente desenvolvida,
utilizavam engenharia de ponta do mundo moderno.
O Castelinho, a casa mais luxuosa no topo da colina,
situado no ponto mais alto da vila, onde se tem a visão de todo o
pátio ferroviário. Este foi o casarão dos antigos engenheiros
chefes, construído para dar a sensação aos funcionários que
estavam sendo vigiados pelos seus patrões. Isso os estimulava a
trabalhar melhor e não faltar aos seus serviços. O casarão até hoje,
visto de fora, dá a sensação de estar sendo observado por alguém
pelas janelas. Atualmente, o Castelinho se tornou um museu, umas
das principais atrações da vila.
Em meados de 1946 termina o período de atividades da
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Mistérios da Vila por Carol London
São Paulo Railway Co. e a União, a Vila e a ferrovia
são incorporadas à malha ferroviária do estado, a antiga FEPASA,
o que se acredita que foi o inicio da decadência da vila de
Paranapiacaba. Todo o seu desenvolvimento tornou-se ruína com
o tempo.
Hoje, a vila é um dos pontos turísticos mais instigantes,
possuindo paisagens deslumbrantes, com 55% da região sendo
constituída por mananciais e vegetações, compondo o cinturão
verde, a Mata Atlântica de São Paulo.
Em 1987 foi primeiramente tombada pelo Condephaat
(Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico,
Artístico e Turístico) do Estado de São Paulo. Foi incluída entre os
100 monumentos mais importantes do mundo, pelo
World Monuments Fund – organização não- governamental que atua
na área de preservação do patrimônio histórico e Núcleo da
Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo e
integra a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, reconhecida pela
UNESCO com grande importância para humanidade.
Atualmente possui cerca de 1.100 habitantes e é o
patrimônio estilo vitoriano mais importante do Brasil.
No mês de junho de 2003 foi criado o Parque Natural
Municipal Nascentes de Paranapiacaba, uma Unidade
de Conservação com 04 milhões de m2 de área de patrimônio
natural para conservar os exuberantes recursos naturais da Mata
Atlântica e as nascentes que contribuem para o abastecimento da
Represa Billings, localizados ao redor da vila.
O atual aspecto abandonado e descuidado da vila, não faz
jus à importância histórica que esta região teve no
desenvolvimento da cidade de São Paulo, tampouco aos méritos
obtidos pela sua riqueza em vegetação, entretanto a sua aparência
toma conta do imaginário dos fãs da vila.
Muitos turistas vêm à Paranapiacaba não somente para
apreciarem as atrações turísticas, mas também para encontros
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Mistérios da Vila por Carol London
espirituais e rituais pagãos, que são bem frequentes.
Por volta do mês de maio ocorre a Convenção das Bruxas
e Magos, que envolve uma programação com rituais e
comercialização de artigos de magia. Neste mesmo período,
também costuma ocorrer debates sobre ufologia por grupos de
pesquisadores do tema. A visita de caças fantasmas em busca de
desvendar os mistérios da vila também é bem recorrente, assim
como cerimônias de vampiros.
Estes eventos em especial, estão envolvidos pela atmosfera
mágica e misteriosa, pois existem muitos contos ocultos e sinistros
em torno de Paranapiacaba que a torna ainda mais atraente e
envolvente.
Para a composição deste original foram entrevistados
alguns moradores, guias turísticos e visitantes da vila conhecedores
das famosas lendas urbanas de Paranapiacaba que confirmam a sua
veracidade. Em seus depoimentos, muitos afirmam terem
presenciado situações sobrenaturais que estão acima das
explicações lógicas.
Dona Francisca, nascida na vila e a moradora mais antiga é
a responsável por propagar as histórias, preservar memórias,
declarando que as lendas são reais.
O guia turístico Toninho, garante ter visto o fantasma do
Vigilante Noturno, a noiva da lenda do Véu da Noiva, entre
diversos seres espirituais pelas florestas.
Um antigo vigia noturno do museu do Castelinho afirma
ter visto o espírito de um homem de preto numa noite durante o
seu turno, possivelmente o fantasma do engenheiro chefe Daniel
Fox. Entretanto, muitos moradores