O Livro Da Longa Jornada
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O Livro Da Longa Jornada - Artur Amorim E Robson Gonçalves
O Livro da Longa Jornada
Reflexões sobre o Tarô e seus Arcanos Maiores e Menores
Artur Amorim e Robson Gonçalves
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O LIVRO DA LONGA JORNADA
O Livro da Longa Jornada
Reflexões sobre o Tarô e seus Arcanos Maiores e Menores
Artur Amorim e Robson Gonçalves
Primeira Edição Edição dos Autores São Paulo, 20 18
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Artur Amorim e Robson Gonçalves
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O LIVRO DA LONGA JORNADA
Dedicatória de Artur Amorim
A minha esposa Marilene pela permissão de uma viagem inspiradora ;
A minhas filhas Lara e Ilana, as irmãs Romanova; e A meus fiéis consulentes: meu primo Ticiano e minha tia Telma, a verdadeira Rainha de espadas .
Dedicatória de Robson Gonçalves
A minha mãe, Hilda, a Imperatriz- Papisa; A minha filha Julia, a princesa de paus; e
A minha esposa Tabata, a alma do Louco com o coração da Rainha de copas.
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"O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige que o intérprete possua cinco qualidades ou condições, sem as quais serão, para ele, mortos, e ele um morto para eles.
"A primeira é a simpatia, em grau de simplicidade e conformidade com as citações. Tem o intérprete que sentir simpatia pelo símbolo que se propõe interpretar. "
Apontamento atribuído a Fernando Pessoa , s.d., não assinado
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Prefácio dos autores
Quando teve início nossa busca? Quando foi que o tarô nos atraiu e nos encantou? Todas as tentativas que fizemos de responder a essa questão resultaram em nada. Então, quando a razão falha, talvez a fantasia possa nos oferecer uma resposta , abrindo com liberdade as portas do inconsciente , bloqueadas por nossas falsas certezas. Por isso, decidimos inserir aqui, no Prefácio, a pequena peça de ficção que se segue, de autoria de Artur Amorim. Essa é nossa melhor resposta até aqui.
Já era quase a hora das vésperas e o silêncio da tarde , que tentava envolver todo o lugar, era quebrado pelo som de bandos de pardais e pelo farfalhar das árvores movidas pelo vento, um vento frio de outono. Eu me sentia contrito, convidado a refletir, a olhar para dentro da própria alma naquele momento de paz. De olhos fechados, eu refletia sobre a natureza, simples e bela no algo daquela colina, e também sobre minha maior angústia: meu propósito de decifrar, ainda que
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só em parte, alguns mistérios, algumas contradições da alma humana .
Apesar de haver tanta quietude e paz ao meu redor, um certo peso me oprimia por dentro. Mas, qual? Concluí que era o peso da própria vida, da experiência de tantos anos passados atravessando estranhos rincões do mundo onde a ignorância e a violência penetravam e consumiam as pessoas como a própria peste .
Eu já via o Sol se escondendo nas colinas distantes do poente e as estrelas que começavam a brilhar. Aqueles sinais do céu me diziam que eu tinha estado ali, contemplando, por horas sem me dar conta. Sabia que era preciso me recolher ao mosteiro, cujos muros estavam logo atrás de mim, mas meu desejo mais íntimo era que aquela tarde nunca acabasse; que , como um personagem do Velho Testamento, eu pudesse deter a marcha do Sol .
Não posso me demorar mais
– pensava eu naquele tempo distante. – Estou aqui a convite de meus antigos confrades. Por caridade cristã eles me cederam um pouso momentâneo. Em respeito a eles, eu t enho que ir...
.
Movido pelo anseio de caminhar pelo mundo e pela vida, eu tinha deixado nossa Ordem muitos anos antes. Acreditava que, para mim, o tempo de reclusão já tinha se esgotado; uma força irresistível tinha me impelido a buscar novos horizontes a cada dia, a espalhar pelo mundo a semente que guardava no coração. Só tempos depois descobri que a verdadeira busca era pelo meu autêntico eu interior que não havia encontrado junto aos irmãos da Ordem em seus mosteiros. Por isso tinha decidido vagar de vila em vila, de burgo em burgo oferecendo a pouca luz d e
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conhecimento e vida que tinha em mim aos que tivessem paciência de me ouvir. E, a cada nova paragem, descobria um pouco mais de mim mesmo e me reconhecia como um mundo vasto para dentro e como um ser diminuto para fora, diante da vida.
Por fim, com um suspiro eu deixei a contragosto a contemplação da noite que caía e me recolhi para orar junto com meus antigos confrades antes da ceia, simples e pobre. Sentia frio e, sem ter saciado de todo a fome – o que sempre acontecia com todos naquele lugar –, eu me retirei para minha rústica cela.
Na solidão fria, orei novamente diante da cruz mal iluminada pela luz vacilante da minha pequena lanterna. Por fim, apagada aquela chama, deitei sobre o catre olhando para o reflexo do luar que, atravessando as frestas da janela, atingia a parede de pedra do lado oposto da cela, abaixo da cruz. Contrito outra vez, mesmo sem querer, senti aos poucos os pensamentos se entorpecendo. O Sol no poente e o som dos pardais voltaram a minha mente em um giro confuso, aleatório, vívidos como se estivessem ali comigo, dentro da cela. A cada instante crescia em mim uma sensação de leveza e paz.
Em questão de instantes – como, não sei explicar; depois de quanto tempo, não saberia dizer – , transportado em espírito, escapei da cela e vi do alto o mosteiro cada vez menos e mais distante. De repente, eu me vi no meio de um claustro enorme, em tudo maior do que todos os que conhecia.
Em minhas andanças pelo mundo, já tinha visto muitos lugares como aquele, mas apesar disso, não consegui distingui-lo. O local era lindo, amplo, com um belíssimo jardim ao centro, simétrico e bem cuidado. Impressionado, eu me sentei em um dos vários bancos
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de pedra junto a uma romãzeira cheia de frutos, como se estivesse à espera. Mas, de quem seria? A mesma Lua que tinha projetado sua luz na parede da cela brilhava agora no alto do céu, plena e radiante. Olhei de lado, então, e vi alguém vindo em minha direção , uma figura feminina. Uma monja?
– pensei. Sua estatura era alta e seu olhar severo me fez sentir medo, temor. Trajes longos, cabeça coberta, passos lentos, mas firmes. Ela se aproximou, ergueu a mão direita como se me saudasse e disse:
- Não tenha receio meu amigo; sou uma velha conhecida sua. A jornada pela Eternidade é tão longa e cheia de névoa que, por vezes, custamos a reconhecer os entes queridos que cruzam nosso caminho.
Demonstrando que, naquele tempo, eu ainda estava preso às velhas crenças e tradições do mundo cristão, questionei: Como assim, jornada eterna?
Mas, àquela altura, no mais profundo de minha alma eu já sabia que estava diante de uma antiga companheira d a Longa J ornada.
- Ah, velho amigo! A verdade é que somos grandes viajores do tempo – respondeu ela com compaixão.
Como assim?
– perguntei, intrigado. E ela pacientemente respondeu:
- Tudo na natureza perfaz seu ciclo, como uma roda cujo movimento não tem começo nem fim; e, nesse ciclo, tudo se renova. Você não viu o Sol se pôr há pouco? Pois então! Em breve ele aparecerá outra vez em seu giro diário. Então, amigo, assim também são todas as coisas na criação. Estamos em contínuo movimento, vamos e voltamos para novas experiências em uma espiral que sobe. Infelizmente o Homem se prende a conceitos dos quais só se liberta a muito
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custo. Ele se assemelha a uma ave dentro de uma grande gaiola; mas, na verdade, a porta está aberta ! Então cabe perguntar: Quem tem coragem de deixar sua própria gaiola de ideias e crenças? O Homem é livre, mas tem medo de exercer sua liberdade; os seres humanos têm medo do desconhecido, pobres crianças! Mas, o que é a liberdade para quem esteve preso senão o mistério, o oculto? Por isso o ser humano permanece no fundo da gaiola e busca culpados por sua prisão inexistente, por seu próprio imobilismo. O mundo está aí para ser descoberto e sentido; a vida, para ser vivida; os limites, para serem superados; o mistério, para ser explorado. Mas é necessário coragem e esforço para abandonar a prisão voluntária, superando as barreiras ilusórias. Mais ainda: É preciso desprendimento, é necessário aceitar novos caminhos e ideias, por mais que nos pareçam estranhas. Mas o Homem vê a porta da gaiola ilusoriamente fechada por dois cadeados: seus medos e suas certezas, covardia e presunção.
Em questão de instantes, comecei a compreender tudo aquilo. Revendo minhas vivências como padre andarilho, finalmente compreendi que era exatamente aquela a condição humana e, por isso, eu me senti feliz ao aceitar ideias que não havia sequer cogitado até ali. Mas, só então percebi como toda aquela cena era estranha. Afinal, qual o propósito disso?
– pensava eu. Sem conseguir me conter, perguntei por que ela estava me dizendo tudo aquilo. Sorrindo, sempre repleta de compaixão, só então ela se apresentou:
- Sou a Sacerdotisa, a senhora do tempo, da intuição e dos segredos ocultos. Chamam-me também de Papisa; um sacrilégio, mas não importa. Há muitos nomes, mas o símbolo é um só. Sou a guardiã do templo do
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conhecimento, mas não do conhecimento humano, e sim do conhecimento que transcende, daquilo que o Homem ainda não pode compreender e, por isso, nega ou teme. Por ignorância e por preconceito, as pessoas do seu mundo perseguem os que se aventuram na busca por esse saber. Meu coração se entristece por tantas das minhas fiéis seguidoras, condenas à fogueira tão-somente por manifestarem seus dons mais naturais, por simplesmente terem o poder de transmitir ao mundo parte do que ainda está oculto aos Homens. Mas de pouco adianta perseguir e combater o que é natural. A manifestação desses dons é inevitável como a chuva na primavera ou a neve no inverno. Sou a senhora do tempo! Por isso, tenho paciência e ajo também por outros meios que as pobres crianças humanas não percebem direito. Uma dessas vias é o sonho... Veja: Você, amigo viajor, não estava observando o reflexo lunar sobre a parede de sua cela? Pois saiba que é assim que eu falo aos Homens: por meio da luz pálida da Lua, n o inconsciente, na sombra e na penumbra da alma. Por isso muitos creem que eu sou a própria Lua que, distante, ergue as marés e faz uivar os lobos, queiram eles ou não. Aquilo que o Homem não enxerga e não compreende, mas que grita dentro dele a cada noite , essa sou eu quando falo. Respondo às perguntas mais angustiantes dos Homens, só para vê-los fugir logo em seguida, cheios de pavor. Por isso, é no torpor do sono e na desatenção humana noturna que se dá a minha ação, pois no sono as certezas ilusórias também dormem para que a sabedoria oculta possa dizer alguma coisa .
Sorrindo ainda mais diante do meu estado de encantamento com as palavras dela, a Sacerdotisa continuou:
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- Enfim... Aqui estou, velho amigo, propondo a você uma missão: a do aprendizado acerca da Grande R oda da vida. Busco almas perquiridoras e sensíveis que queiram se lançar na busca sincera do conhecimento que ainda está oculto e que sejam capazes de compartilhá-lo no auxílio aos irmãos que buscam a luz. Não a luz do grande Astro Rei – magnífica, mas ofuscante – e sim a luz de uma singela lanterna, da sua lanterna, meu amigo. Somos almas cruzando o tempo, Eremita... E por tudo que já vi, por tudo que sei, estou certa que posso confiar a você essa missão. Em breve lhe mandarei sinais e sua intuição e curiosidade o farão iniciar o estudo da Grande Roda da vida e do destino. Não se amedronte quando um Velho Sacerdote paramentado, o próprio Papa, com expressão zangada lhe aparecer em sonho com uma carta do Rei de paus na mão! Mostre a ele o Ás de espadas, pois este será o sinal do início da Longa Jornada para ambos. Estarei sempre a seu lado e, na medida do possível, conversaremos muito mais. Confio em você, velho amigo Eremita, e compartilharemos muitos segredos.
Então, ela me deu um longo abraço, desejando sorte a mim e ao velho Papa que viria. Mas, antes mesmo que o abraço se desfizesse, eu me senti como se fosse arrastado daquele lugar por uma força irresistível e fui despertado pelos sinos do mosteiro, repicando e chamando os monges para o laudatório da manhã. Corpo e alma estavam leves e meu coração foi tomad o por um entusiasmo imenso, a determinação de cumprir uma missão. Mas, qual?
– eu me perguntava.
Levantando cheio de energia e esperança, fui me juntar aos amigos do mosteiro para as Laudes da liturgia de mais um dia .
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Artur Amorim e Robson Gonçalves
Passados séculos, num momento onírico no ano de 2016, eu [Artur Amorim] me deparei com o v elho Papa que trazia na mão a dita carta com o Rei de paus. Era o chamado da minha grande amiga, a Sacerdotisa. E por isso aqui estou eu, junto com o velho companheiro da Longa Jornada, estudando a Grande Roda da vida que o tarô nos ajuda a decifrar.
São Paulo, 17 de novembro de 2018
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O LIVRO DA LONGA JORNADA
Conteúdo
Prefácio dos autores............................................................................ 9
PRIMEIRA PARTE................................................................................. 21
1. O espelho da alma.................................................................... 23
2. Origens: chineses, árabes, italianos................................. 33
3. O caminho até Marselha e além......................................... 45
4. Os três reinos, os quatro elementos ................................ 61
SEGUNDA PARTE................................................................................. 71
Zero. O Louco................................................................................ 73
I. O Mago................................................................................. 79
II. A Grande Sacerdotisa (a Papisa).............................. 85
III. A Imperatriz....................................................................... 91
IV. O Imperador ...................................................................... 97
V. O Hierofante (o Papa) ................................................. 103
VI. Os Enamorados .............................................................. 109
VII. O Carro (a Carruagem)............................................... 115
VIII. A Força............................................................................... 121
IX. O Eremita.......................................................................... 127
X. A Roda da Fortuna ........................................................ 137
XI. A Justiça ............................................................................ 143
XII. O Enforcado (o Pendurado) ...................................... 151
XIII. A Morte............................................................................... 157
XIV. A Temperança................................................................. 165
XV. O Diabo.............................................................................. 171
XVI. A Torre ............................................................................... 177
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Artur Amorim e Robson Gonçalves
XVII. A Estrela............................................................................ 183
XVIII. A Lua................................................................................... 189
XIX. O Sol ................................................................................... 197
XX. O Julgamento.................................................................. 205
XXI. O Mundo...................................................................................... 213
TERCEIRA PARTE.............................................................................. 219
Introdução aos naipes dos Arcanos Menores....................... 221
Os Arcanos Menores do naipe de PAUS.................................. 231
1. Ás de Paus ................................................................................. 233
2. de Paus........................................................................................ 234
3. de Paus........................................................................................ 235
4. de Paus........................................................................................ 236
5. de Paus........................................................................................ 237
6. de Paus........................................................................................ 238
7. de Paus........................................................................................ 239
8. de Paus........................................................................................ 240
9. de Paus........................................................................................ 241
10. de Paus........................................................................................ 242
Pajem de Paus ................................................................................... 243
Rainha de Paus.................................................................................. 244
Rei de Paus.......................................................................................... 245
Cavaleiro de Paus............................................................................. 246
Os Arcanos Menores do naipe de COPAS............................... 247
1. Ás de Copas............................................................................... 249
2. de Copas..................................................................................... 250
3. de Copas..................................................................................... 251
4. de Copas..................................................................................... 252
5. de Copas..................................................................................... 253
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O LIVRO DA LONGA JORNADA
6. de Copas ..................................................................................... 254
7. de Copas ..................................................................................... 255
8. de Copas ..................................................................................... 256
9. de Copas ..................................................................................... 257
10. de Copas