1927 - Morte Ao Entardecer
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1927 - Morte Ao Entardecer - André Arrojado Lisboa Da Costa Pereira
1927
MORTE AO ENTARDECER
André Arrojado Lisboa Costa Pereira
ROMANCE BASEADO EM ACONTECIMENTOS REAIS
Os nomes dos personagens históricos são reais; seus atos, considerados suposições, são narrados estritamente conforme está nos jornais e anais da época em que viveram. Todos os demais personagens são fictícios.
1a. edição
Distribuidora.
www.amazon.com.br
FICHA CATALOGRÁFICA DO AUTOR
Costa Pereira, André Arrojado Lisboa
literatura brasileira. - Romance
Baseado em acontecimentos reais - edição do autor.
Distribuidora
www.amazon.com.br
DIREITOS AUTORAIS
André Arrojado Lisboa da Costa Pereira
Rua Maria Oliano Gerassi, 297
Moinho Velho, São Paulo - SP
04284-065
DEDICATÓRIA
Este livro é dedicado a minha bisavó e suas filhas que tiveram que se reinventar para sobreviver a tamanha tragédia. Dedico-o também a todas as pessoas que, de alguma forma, passaram por esse tipo de sofrimento, onde a verdade foi sufocada diante do triunfo da impunidade, afirmando, que mais importante que a própria justiça é a dedicação daquelas pessoas que tem por missão a proteção da sociedade!
Carta do Autor
Estes fatos, que aqui serão relatados, de há muito tempo intrigam e surpreendem todos aqueles familiares, mais próximos ou mais longínquos, do personagem principal.
Eventos dolorosos e marcantes não apenas sensibilizaram aqueles que, de um modo ou de outro, assistiram ou participaram do ato brutal, pesquisaram ou se envolveram naquelas tramas que, tenebrosas e envoltas em mistério, foram seguidas por eventos cujas consequências afetaram as vidas de muitas pessoas pelo tempo afora, criando um emaranhado de questões sobre a própria Verdade.
Foi daí, das conversas ouvidas na infância, dos comentários sempre diversificados que se faziam a respeito da morte trágica do meu bisavô, que um movimento interno, atávico, visceral surgiu, impondo-me um trabalho maior, na tentativa sempre presente de lançar luzes sobre os acontecimentos.
Por mais que nos debrucemos neste relato, nem temos certeza de que encontramos a saída ou projetamos luzes em meio às trevas impostas pelo tempo ou pelo medo, para encontrar toda a verdade do que aconteceu num passado mais ou menos longínquo.
Temos, entretanto, uma certeza: cada pessoa que souber dos detalhes aqui registrados ficará mais curiosa sobre nosso passado como um povo. Por certo, também consideramos que é da natureza dos homens sentirem-se atraídos a desvendar os mistérios perdidos na linha do tempo e nos meandros da História, a fim de achar a solução para este labirinto político/jurídico - seguramente apenas mais um entre tantos a ser recalcado para os alicerces da construção da nossa sociedade.
O que sentimos, a cada passo, foi a vontade das vítimas de que este crime não permaneça sem solução, e que o autor, ou autores, possam ser revelados; que, mediante as causas expostas, os poderosos de outrora sejam efetivamente vistos a olho nu na sua miserável e terrível condição de assassinos.
Afinal, já que o medo foi atenuado pela passagem do tempo, quem seria tão insensível, a ponto de não se abalançar a buscar a verdade? Uma verdade ainda que tardia, mas que possa esclarecer essa espécie de crime que, infelizmente, parece ainda estar muito presente neste mundo em que vivemos agora.
André A L Costa Pereira
ÍNDICE
Prefácio
Capítulo I – O Encontro
Capítulo II – Notícia Ruim Vem a Cavalo
Capítulo III – Uma Longa Caminhada Começa com o Primeiro Passo
Capítulo IV – O Passado te Condena
Capítulo V – Respeito e Honra
Capítulo VI – A Última Despedida
Capítulo VII – O Mal Encarnado
Capítulo VIII – A Execução
Capítulo IX – O Processo
Capítulo X – Quem tem Amigo não Morre Pagão
Capítulo XI – Aqui se Faz Aqui se Paga
Capítulo XII – O Tribunal de Relação
Capítulo XIII – O Segundo Julgamento
Capítulo XIV – A Verdade
Prefácio
A mocinha abriu a porta devagar.
Não que estivesse com receio, mas ela sabia que ali era o reino do passado. Era chamada de A Garagem
, mas não havia carros ali. Empilhados por toda parte, e tão somente obedecendo à ocupação do espaço à medida que chegavam e eram guardados, estavam um sem-número de objetos. Havia de tudo o que, por uma razão ou outra, tinha deixado de ser útil e que, por isso mesmo, acabaria achando seu lugar entre as coisas mais diversas possíveis.
Móveis desmontados ou não, aparelhos fora de uso, livros antigos, coisas quebradas aguardando um reparo que nunca aconteceria, malas de viagem, caixas e uma grande arca cheia de badulaques e papéis. Perto da porta de saída, que sempre permanecia fechada, uma ou duas bicicletas esperavam em vão pelas crianças que saberiam fazer com que voltassem à vida.
Muitas coisas, com certeza, pertenciam aos tempos de outrora; esperavam ali, pacientemente, que as pessoas que as haviam utilizado sentissem a saudade apropriada para virem até elas, buscando lembranças e revivendo sentimentos.
Mas o que levara a mocinha até lá não eram saudades. Era a consequência de uma discussão com uma prima mais velha que, de repente, dissera uma coisa impensável. Em meio a uma conversa normal, haviam comentado fotografias antigas que ainda estavam à mostra em vários locais das casas da família. Foi apenas uma questão de curiosidade quando a prima perguntou se a fotografia do Dr. Mathias, na sala da casa da Avó, era da época do seu assassinato.
Foi um choque para a mocinha! Ela nunca escutara qualquer coisa sobre assassinato do seu Avô: nem de sua mãe, nem de sua Avó, e muito menos das suas tias. Parecia tratar-se de um assunto jamais conversado, principalmente perto das crianças.
Atônita, achou que havia algo errado no que a prima dizia. Depois, pela expressão da prima, sentiu que houvera um erro sim - uma falha da prima, como se ela, inadvertidamente, tivesse aberto informações que não deveria. Pelo menos não sem autorização maior. Um assunto escondido de propósito, como que uma mancha a ser cuidadosamente esquecida.
Ainda querendo entrar na verdade da história, desafiou a prima:
– Isso é verdade mesmo ou você está inventando?
Assim, as duas se entreolharam por quase um minuto inteiro. Era visível o embaraço da prima e a surpresa no rosto da mocinha.
Finalmente, a prima falou com cuidado:
– Desculpe, não sabia que você não sabia. Saiu de mim sem intenção. Não fique triste ou assustada, foi um crime covarde, muito comum naqueles tempos.
Depois, muito depois, ainda estava confusa, pensando...
Por que nunca ninguém falou disso com a gente? Acho que ninguém da minha geração sabe disso...
Acho que devo procurar saber mais antes de ir até Mamãe, pois sem ter mais informações reais, não sei como vou tocar nesse assunto... Jamais tocaria nisso com qualquer outra pessoa..."
Guardou consigo o enorme segredo que lhe fora revelado, mas continuou a pensar no que deveria fazer. Dormiu agitada, conjecturando um milhão de coisas, procurando uma saída para resolver tão imensa responsabilidade que assumira, quer real quer intelectualmente.
Pela manhã, ao tomar café, estava mais confiante. Pensou em falar com a mãe, mas ainda não achou que podia: tinha de