Doce força do amor
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Mas o Destino, soprou a seu favor e o Marquês mal podia acreditar que depois de tudo o que passou, fosse encontrar o amor...
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Doce força do amor - Barbara Cartland
Barbara Cartland
DOCE FORÇA DO AMOR
Título Original
«Caught by Love»
Published by ©2023
Copyright Cartland Promotions 1985
Ebook Created by M-Y Books
Table of Contents
Barbara Cartland
DOCE FORÇA DO AMOR
Título Original
«Caught by Love»
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO I
1820
O Marquês de Broome conteve um bocejo. Estava achando a atmosfera quente e abafada de Carlton House mais desagradável do que habitualmente e ficou imaginando quando poderia ir para casa.
Embora admirasse o Príncipe Regente por inúmeras razões, ficava cada vez mais aborrecido de frequentar estas festas intermináveis que se sucediam umas às outras e não ofereciam nenhuma novidade.
A única coisa que mudava era o coração do Regente. Atualmente, o Marquês achava que Lady Hertford estava prestes a ser abandonada e que seu lugar, como favorita, logo seria preenchido pela Marquesa de Conyingham.
Fosse qual fosse o tipo de mulher que tomasse lugar no coração do Príncipe, o Marquês sabia que a conversa seria a mesma e que, todas as vezes que falasse, demonstraria sua ignorância sobre os sentimentos do povo.
As coisas que Broome realmente apreciava em Carlton House eram: a coleção de quadros que o Regente ampliava quase todas as semanas, a mobília, as estátuas e os objetos de arte que faziam com que a residência real mais parecesse um museu.
O Marquês bocejou de novo. Um de seus amigos, Lorde Hansketh, que ia passando por ali, parou e perguntou:
—Está entediado, Ivo, ou apenas cansado de suas extravagâncias da noite passada?
—Entediado!
—Creio que você escolheu a melhor delas— continuou Henry Hansketh—, descobri que a minha «feiticeira» fala demais. E uma das coisas que mais detesto é uma mulher tagarela ao romper da madrugada.
O Marquês não comentou nada. Seu amigo se lembrou de que uma das regras de Ivo era jamais fazer comentários sobre as mulheres em quem estava interessado, fossem elas damas da sociedade ou mulheres de vida alegre. Mudando de assunto, comentou:
—Creio que o Príncipe vai se retirar logo. É uma verdadeira bênção que, à medida que envelhece, não queira ficar acordado até tarde.
—Tem razão— disse o Marquês—, lembro-me dos tempos em que era preciso que o sol tivesse raiado para que o Príncipe de Gales batesse as asas.
Lorde Hansketh riu.
—Batesse as asas! Preciso me lembrar disso, Ivo. É uma de suas melhores tiradas!
—Faço-lhe presente da frase. Você a usaria mesmo, fosse como fosse.
O amigo sorriu.
—Por que não? Você é muito mais espirituoso do que qualquer um de nós, e está aí uma qualidade que podemos roubar impunemente.
Mas o Marquês já não o ouvia. Percebeu que o Príncipe Regente dava o braço a Lady Hertford, o que significava que estava pronto para sair com ela do salão chinês.
Calculou que, com sorte, poderia deixar Carlton House nos próximos dez minutos.
Como se adivinhasse os pensamentos do amigo, Lorde Hansketh perguntou:
—Qual o seu próximo compromisso, Ivo? Estou imaginando se sou capaz de adivinhar quem está à sua espera.
—Pode guardar suas odiosas insinuações para outra pessoa. Acontece que, assim que sair daqui, vou para Broome.
—A essa hora da noite?
O Marquês inclinou a cabeça.
—Tenho um cavalo que quero experimentar, antes das corridas de obstáculos no próximo sábado.
—E naturalmente, pretende ganhar!
—Vai depender desse garanhão.
Houve um momento de silêncio. Lorde Hansketh disse:
—É claro! Eu sei do que está falando. Você comprou vários cavalos no leilão do pobre D’Arcy e creio que esse é um deles.
—Acertou. Fiquei muito aborrecido quando D’Arcy comprou Agamemnon, em Tattersall, num dia em que não pude ir lá.
—Agamemnon! Lembro-me desse cavalo! Um animal magnífico! Todos ficaram impressionados, foram precisos três homens para levá-lo para a pista.
O Marquês sorriu.
—Contaram-me que era um animal muito fogoso. Eu estava disposto a comprá-lo de D’Arcy, mas ele resolveu esperar um pouco, para ver se o preço subia. Acontece que jamais conseguiu controlar o cavalo.
—O que você fará com facilidade!— observou Hansketh, zombeteiro.
—É o que pretendo fazer— respondeu o Marquês, serenamente.
Falou com muita autoconfiança, o que era uma das suas características.
Era um homem extremamente belo, mais alto do que a maioria dos que estavam no salão, e não havia um pingo de gordura supérflua em seu corpo esbelto e atlético.
O Marquês de Broome era admirado por seus sucessos no mundo dos esportes. Tinha seu próprio público, sendo aclamado em todas as corridas. Ao mesmo tempo, aqueles que se consideravam seus amigos o achavam imprevisível e às vezes até mesmo um enigma.
Embora houvesse muitas mulheres bonitas dispostas a lhe entregar o coração, ele era considerado muito exigente, tendo a reputação de impiedoso e insensível.
—Ele é tão cruel!— uma beldade soluçava para quem quisesse ouvir.
Isso era de estranhar, porque o Marquês se opunha violentamente a qualquer tipo de violência no que dizia respeito ao esporte.
Fez com que a prática de açular cães contra touros como esporte fosse banida da alta sociedade. E diziam que tinha chicoteado um homem por vê-lo maltratar um cavalo.
Entretanto, as lágrimas de uma mulher deixavam o Marquês indiferente, por mais patéticas que fossem.
Como era moda entre seus contemporâneos, ele tinha uma amante bonita. Invariavelmente, era uma das «incomparáveis» que se viam perseguidas pelas elegantes almofadinhas de St. James Street; muitas vezes o Marquês as roubava por assim dizer embaixo do nariz do rival, deixando-o aborrecido e enciumado.
Lorde Hansketh dissera confidencialmente a um amigo, no Clube White’s:
—Não acredito que Broome tenha o menor interesse pelas mulheres que instala em sua casa de Chelsea, cobrindo-as de brilhantes, a não ser deixar enfurecidos todos os que não podem competir com ele, por causa do preço alto.
—Se está dizendo que Broome não queria realmente Linette, vou meter uma bala na cabeça dele.
Lorde Hansketh riu.
—Você tem tanta chance de fazer isto, Charlie, como de ir à lua. Já se esqueceu de como Ivo é rápido com uma pistola? Ninguém jamais conseguiu vencê-lo num duelo.
—Maldição! Por que será que ele sempre chega em primeiro lugar, quer se trate de cavalos ou de mulheres?
Henry riu de novo.
—O seu mal é que está com inveja. Mas como sou muito amigo de Ivo, sei que não é um homem feliz.
—Não é feliz?— perguntou Charlie, incrédulo—, claro que é! Como pode não ser feliz com toda aquela riqueza e tantas propriedades que até já perdi a conta delas?
—Mesmo assim, acho que falta alguma coisa na vida dele.
—O quê?
O outro não respondeu.
Quando se dirigia para os seus alojamentos, em Half-Moon Street, Henry pensou que, durante todos esses anos em que convivera com o Marquês, nunca o vira apaixonado.
Eram muito jovens, quando foram servir no exército de Wellington. Ivo, que ainda não tinha herdado o título do pai, era o oficial mais bonito do Corpo de Guardas, como também o mais ousado, o mais corajoso e sem dúvida, o mais admirado.
Quando estavam de folga, apreciavam a companhia de mulheres atraentes, quer fizessem parte do beau monde ou fossem «damas da noite».
Mas enquanto seus amigos suspiravam por uma mulher, e a perseguiam, Ivo continuava completamente senhor de si. Se é que tinha suspirado por alguma mulher, seus companheiros não sabiam disso.
As mulheres sim, suspiravam por ele. Henry sabia dos inúmeros bilhetes perfumados que chegavam desde a manhã até a noite na casa dele, em Berkeley Square.
Se o Marquês os abria e os respondia era um mistério, mas o fato é que existiam.
Assim, os mexeriqueiros achavam difícil encontrar na vida amorosa do Marquês qualquer coisa que indicasse ideia de casamento.
Nesse momento, Henry Hansketh estava imaginando se o amigo iria para Broome sozinho, ou se deveria se oferecer para acompanhá-lo.
Uma coisa que apreciava era montar os magníficos cavalos do Marquês. Além do mais, eram amigos há tanto tempo que sempre tinham muito o que discutir. As horas que passavam juntos eram não apenas de prazer intelectual, como também divertidas.
De repente, Henry se lembrou de que, infelizmente, tinha prometido ao Regente que estaria à sua disposição no dia seguinte, quando ele fosse ao Palácio de Buckingham para saber da saúde do Rei.
Sua Majestade decaía dia a dia. Agora, com oitenta e dois anos, estava pálido e macilento. Essas visitas deprimiam o Regente que, por esse motivo, sempre convidava alguém de confiança ou de quem gostava para acompanhá-lo.
—Quando é que vai voltar?— perguntou Henry ao Marquês.
Ivo observava o Regente, que fazia suas demoradas despedidas no outro lado da sala.
—Não sei ao certo. Na quarta, talvez; ou na quinta.
—Se não tiver voltado até lá, irei visitá-lo.
—Isso certamente será um incentivo para eu ficar no campo. Não compreendo como pode haver quem prefira ficar em Londres, quando pode caçar no campo.
—Concordo com você. Deveríamos guardar as reverências e o dobrar de joelhos para quando terminasse a estação de caça.
—A única coisa boa é que o Rei parece estar mesmo à morte. «Prinny» tem falado em cancelar suas festas e isso nos dá um pouco de folga durante algum tempo.
—Boa notícia— Henry comentou—, por outro lado, não acredito que esse amor filial dure muito.
O Marquês não respondeu. Mas havia em seus olhos uma expressão mais eloquente do que palavras. Henry compreendeu que, embora ele próprio não pudesse escapar às festas de Carlton House, o Marquês daria um jeito de se esquivar.
Agora o Príncipe-Regente se dirigia mesmo para a porta. Gordo, corado, mas com um encanto indefinível que ninguém deixava de reconhecer, ele finalmente desapareceu, com Lady Hertford pendurada em seu braço.
O Marquês suspirou.
—Agora posso