Comunidade tradicional em transição na Amazônia paraense: impactos ambientais e a gestão de resíduos sólidos
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Comunidade tradicional em transição na Amazônia paraense - Fernando Monteiro da Silva
Ao meu pai, Francisco Ribeiro da Silva (Chaga
Gavião), pela lição de vida e amor ao próximo.
AGRADECIMENTOS
Considero essa Dissertação como fruto coletivo, cuja colaboração e solidariedade das instituições e de muitas pessoas, faço questão de homenagear e registrar a minha gratidão e reconhecimento inconteste.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pelo financiamento da pesquisa com bolsa de estudo.
Ao Programa de Pós-graduação em Estudos Antrópicos na Amazônia – PPGEAA, pela oportunidade de desenvolver e ampliar minha qualificação profissional e acadêmica.
Aos meus amigos e parentes da Agrovila Santa Terezinha, que muito contribuíram para a minha formação, por me permitirem participar de suas reuniões e aceitar minhas contribuições.
Ao meu orientador, Prof. Drº. Euzébio de Oliveira, por aceitar-me como orientando.
Ao Prof. Drº. José Guilherme dos Santos Fernandes, pelos debates e apontamentos na condução das pesquisas no Grupo de Pesquisa COLINS.
Aos meus amigos, José Fadul, Mauro Tembra e Daniel Moreira, pela amizade e companheirismo de sempre.
Aos meus irmãos Raimundo Santos; João Santos, Raimunda Ataíde, Raimunda Santos, António Ernaldo, Fernanda, José Eduardo, por tudo que passamos e fez com que eu pudesse estar neste momento aqui.
Aos meus filhos Ericka Fernanda e Miguel Monteiro, minhas inspirações, direcionamento e equilíbrio.
Ao meu querido filho do coração, Erick, pessoa que me ensinou o que é ser pai e a buscar o melhor que a vida possa lhe oferecer.
A minha esposa Juliane, que compartilha comigo os dias com muito amor.
A minha sogra Corina Luzia, sua presença como mãe e conselheira no dia a dia
E a tod@s que direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento deste livro.
Lutar pela terra, lutar pelas plantas, lutar pela agricultura, porque se não vivermos dentro da agricultora, vamos acabar. Não tem vida que continue sem-terra, sem agricultura
.
Ana Primavesi.
SUMÁRIO
Capa
Folha de Rosto
Créditos
INTRODUÇÃO
1. DESCRIÇÃO DA PESQUISA
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
1.1.2 Objetivos específicos
1.2 METODOLOGIA DA PESQUISA
1.2.1 Tipo de Estudo
1.2.2 Norteamento da Pesquisa de Campo
2. AÇÃO ANTRÓPICA, RESÍDUOS SÓLIDOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS: LUTAS E RESISTÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO PREDATÓRIO NA AMAZÔNIA
2.1 AÇÃO ANTRÓPICA E IMPACTOS AMBIENTAIS: A QUESTÃO DA GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
2.2 DIVERSIDADE CULTURAL DOS POVOS DA AMAZÔNIA E A QUESTÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR CAMPONESA: O AVANÇO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA E AS AMEAÇAS AOS MODOS DE VIDA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS
2.3 LUTAS E RESISTÊNCIAS: COMUNIDADES TRADICIONAIS E O DESAFIO DA GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
3. ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA AGROVILA SANTA TEREZINHA-CASTANHAL/PARÁ
3.1 ANÁLISE DO PERFIL SOCIOECONÔMICO DA COMUNIDADE
3.2 ANÁLISE GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA AGROVILA SANTA TEREZINHA
3.3 CONDIÇÕES SANITÁRIAS E AMBIENTAIS: ANÁLISE DOS FATORES DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DE ORIGEM ANTRÓPICA E A DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA AGROVILA SANTA TEREZINHA
4. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
REFERÊNCIAS
APÊNDICE 1
ANEXO 1
ANEXO 2
Landmarks
Capa
Folha de Rosto
Página de Créditos
Sumário
Bibliografia
INTRODUÇÃO
Historicamente a humanidade se desloca de uma predominância agrícola e, nos meados do século XVIII, passa a viver em torno das grandes fábricas. Em virtude de um contingente populacional que migrava do campo para a cidade, em busca de ocupação e subsistência, metamorfoseiam-se, e funda-se uma nova concepção de sociedade (MARX, 2000). Portanto, baseado na produção industrial, outro marco desse processo produtivo foi o uso intensivo de recursos naturais como matéria prima para a produção de produtos consumidos pelas sociedades modernas. Dessa forma, o consumo excessivo de produtos industrializados, acirrou o uso intensivo dos recursos naturais, que geraram mais resíduos sólidos e líquidos, que, por sua vez, passaram a ser lançados no meio ambiente de forma indiscriminada, deflagrando um dos graves problemas da sociedade moderna.
Assim, a acumulação e o consumo passaram a determinar um estilo de vida que impactou fatores ecológicos e culturais (WALDMAN, 2010). Consecutivamente, na virada do século XX para o século XXI, a sociedade ocidental passa a viver um processo de globalização produtiva e econômica sob várias formas de organização social. Todavia, os problemas ocasionados pelo processo produtivo capitalista de consumo excessivo dos recursos naturais, resultaram na geração incessante de resíduos sólidos e líquidos produzidos pela sociedade global de consumo (PORTILHO, 2010).
Nesse sentido, entendendo a urgência de se buscar alternativas para os problemas da sociedade de consumo dos séculos XX e XXI, em 1972, os países desenvolvidos¹ juntamente com os grandes grupos econômicos, banqueiros, empresários dos mais variados ramos da indústria mundial, pressionados pelos movimentos sociais, Organizações Não Governamentais – ONGS, associações, partidos políticos, povos originários e comunidades tradicionais, mobilizaram os países signatários da Organização das Nações Unidas (ONU) a assinarem termos de compromisso. Com vistas a criar normas, protocolos e resoluções para a criação de metas de redução de poluentes, melhoramento da qualidade de vida dos povos, numa perspectiva de equilíbrio nas relações socioambientais.
Assim, o Brasil como um país signatário da ONU, foi desafiado a se adequar aos compromissos assinados junto à ONU, dentre eles, a criação de leis, resoluções, planos, programa e projetos, capazes de minimizar os impactos da ação antrópica sobre o ambiente.
Na Amazônia, até a primeira metade do século XX, além do isolamento, as políticas públicas econômicas de caráter intervencionistas, estimuladas pelo Estado brasileiro, promoviam o fomento financeiro e a implantação de grandes projetos baseados no monocultivo, revelando a vocação econômica voltada para o extrativismo mineral e vegetal (PEREIRA, 1976). Pois, a Amazônia brasileira estava mais ligada à Europa do que com o centro sul do país, tanto é que a exportação gomífera, no período entre 1870 e 1920, constituiu o primeiro grande momento de exploração econômica centrada na acumulação de capital da região Amazônica (TRINDADE; OLIVEIRA, 2014).
De acordo com Pereira (1976), a partir da década de 1940, o governo brasileiro passou a planejar a integração da Amazônia ao território nacional, materializado pela criação da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA) em 1953, criando uma nova dinâmica do planejamento para a região. Em suma, por meio da construção de centros industriais, rodovias e ferrovias, modificando a sociabilidade e a territorialidade amazônica, causando grandes impactos, tais como: desmatamentos, conflitos agrários, violência contra os povos originários, perda da biodiversidade, fauna, flora.
Assim, no contexto de ocupação da região Amazônica, o Estado do Pará teve grande protagonismo, uma vez que concentrava a maioria da população da região Norte e, também, os grandes polos de produção mineral, agronegócio e a construção das grandes barragens para a geração de energia elétrica necessária ao abastecimento da região centro sul do Brasil. Nessa perspectiva, o Pará apresentava o ciclo completo da produção no seu território, desde a bauxita, com uma das jazidas consideradas a terceira maior do mundo. Sendo que este alumínio era produzido pela empresa multinacional Alumínio Brasileiro S.A (ALBRAS), vizinha da Alumina do Norte do Brasil S.A (ALUNORTE), esta última a maior do continente e a oitava maior produtora de energia do mundo (PINTO, 2012).
Considerando que a região nordeste do estado do Pará, além de concentrar grande parte da população, é considerada uma das mais antigas, em termos de ocupação do território pelos colonizadores. De uma vez que, o seu processo de ocupação inicia-se em 1874, com a medição dos lotes para a construção da primeira colônia agrícola denominada de Núcleo Colonial de Benevides, (REBELLO; HOMMA, 2017). Nesse contexto, o município de Castanhal, criado com base no modelo de colonização induzida², localizado no KM 69 da estrada de ferro Belém-Bragança, tornou-se um polo atrativo para migrantes de várias regiões do Brasil, cujas formas de sociabilidades foram se dando de geração em geração influenciados por identidades culturais sertanejas, caiçaras, cabocas³, dentre outras.
Nesse contexto, o município de Castanhal, criado com base no modelo de colonização induzida, localizado no KM 69 da estrada de ferro Belém-Bragança, tornou-se um polo atrativo para migrantes de várias regiões do Brasil, cujas formas de sociabilidades foram se dando de geração em geração influenciados por identidades culturais sertanejas, caiçaras, cabocas, dentre outras.
Destaca-se que comunidades tradicionais são povos que vivem com base nos seus saberes e fazeres repassados de forma geracional (DIEGUES, 2000). Na Amazônia, além dos povos originários, dentre eles, indígenas, que são sujeitos que têm seus direitos garantidos constitucionalmente, outros modos de organização social foram se formando no processo de ocupação do território espontâneo ou induzido pelo Estado. Castro (2001) ressalta que esses povos foram se adaptando ao meio geográfico, os quais ocupam o território há mais de 10 mil anos, enfrentando as limitações ambientais, tecnológicas e de políticas públicas. Nesse contexto, Agrovila de Santa Terezinha, lócus deste estudo, conta com uma população de cerca de