C1 Teoria 1serie 1bim Portugues
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Introduo Lngua Portuguesa O poder da palavra Prtica de Redao (1) Substantivo Da palavra ao texto Prtica de Redao (2) Artigo Denotao e conotao Prtica de Redao (3) Numeral Os recursos expressivos na descrio 12 Prtica de Redao (4) 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Adjetivo Descrio (objetiva e subjetiva) Prtica de Redao (5) Locuo adjetiva Descrio (dinmica e esttica) Prtica de Redao (6) Adjetivo composto Descrio de pessoa Prtica de Redao (7) Pronomes pessoais, possessivos e de tratamento 23 O ttulo na redao 24 Exerccios Propostos
Junto com este caderno, voc recebeu uma gramtica da lngua portuguesa. Voc deve traz-la para todas as aulas de gramtica, pois a encontrar conceitos e regras gramaticais. Desde que voc comeou a estudar portugus, aprendeu uma srie de conceitos e regras gramaticais. Alguns voc deve ter memorizado e outros pode ter esquecido. H, ainda, uma srie de conceitos e regras que voc possivelmente desconhece. Uns sero estudados no Ensino Mdio, outros talvez nem sejam estudados na escola. Justamente por causa do esquecimento, assim como da falta de tempo para estudar tudo na escola, voc deve aprender a consultar uma gramtica. Alis, dicionrio e gramtica so dos materiais de consulta mais utilizados por professores, jornalistas, escritores, enfim, por todos aqueles que trabalham com a palavra. Quanto mais sabemos a respeito da lngua, mais dvidas temos. E, claro, maior a nossa exigncia com relao quilo que produzimos por escrito. Livro Consultar uma gramtica no difcil. Basta sabermos a nomenclatura comumente usada para agrupar os assuntos. PORTUGUS Gramtica Nem toda gramtica organizada da mesma maneira. No entanto, alguns ttulos so LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS comuns s diferentes gramticas, por adotarem a nomenclatura oficial. Aprendendo a TECNOLOGIAS nomenclatura, voc saber utilizar o material. Observe que a gramtica que voc recebeu est dividida em quatro grandes ttulos: A. Fontica, Fonologia e Ortografia Fontica: estudo dos sons da fala; relaciona-se com a Fsica; Fonologia: estudo da funo dos sons na lngua; parte da Lingustica; Ortografia: parte da gramtica que ensina a escrever corretamente as palavras. B. Morfologia estudo do aspecto formal das palavras. C. Sintaxe estudo das relaes entre palavras e entre conjuntos de palavras (oraes). Portanto, o estudo da construo gramatical. D. Pontuao sistema de sinalizao da escrita para indicar pausas, subdivises e entonao.
CERED
CENTRO DE RECURSOS EDUCACIONAIS
COLEO
PORTUGUS
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A linguagem na ponta da lngua, to fcil de falar e de entender. A linguagem na superfcie estrelada de letras, sabe l o que ela quer dizer? Professor Carlos Gis, ele quem sabe, e vai desmatando o amazonas de minha ignorncia.
Figuras de gramtica, esquipticas, atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me. J esqueci a lngua em que comia, em que pedia para ir l fora, em que levava e dava pontap, a lngua, breve lngua entrecortada do namoro com a prima. O portugus so dois; o outro, mistrio.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.)
Texto 2
Texto 3
A lngua pertence a todos os membros de uma comunidade e uma entidade viva em constante mutao. Quem determina as transformaes lingusticas o conjunto de usurios, independentemente de quem sejam eles, estejam escrevendo ou falando, uma vez que tanto a lngua escrita quanto a oral apresentam variaes condicionadas por diversos fatores: regionais, sociais, intelectuais etc. Embora as variaes lingusticas sejam condicionadas pelas circunstncias, tanto a lngua falada quanto a escrita cumprem sua finalidade, que a comunicao. A lngua escrita obedece a normas gramaticais e diferente da lngua oral, mais espontnea, solta, livre, visto que acompanhada de mmica e entonao, que preenchem importantes papis significativos. A linguagem empregada coloquialmente difere substancialmente do padro culto, o que, segundo alguns linguistas, criou no Brasil um abismo quase intransponvel para os usurios da lngua, pois se expressar em portugus com clareza e correo uma das maiores dificuldades dos brasileiros. Com base nessas consideraes, no se deve reger o ensino da lngua pelas noes de certo e errado, mas pelos conceitos de adequado e inadequado, que so mais convenientes e exatos, porque refletem o uso da lngua nos mais diferentes contextos. O domnio eficiente da lngua, em seus variados registros e em suas inesgotveis possibilidades de variao, uma das condies para o bom desempenho profissional e social.
(Elizabeth de Melo Massaranduba)
(ENEM) Explorando a funo emotiva da linguagem (no texto 1), o poeta expressa o contraste entre marcas de variao de usos da linguagem em a) situaes formais e informais. b) diferentes regies do pas. c) escolas literrias distintas. d) textos tcnicos e poticos. e) diferentes pocas. Resoluo O poema contrasta a linguagem do cotidiano (A linguagem / na ponta da lngua, em que
comia etc.) com a linguagem literria ou, pelo menos, a linguagem escrita de padro culto (A linguagem / na superfcie estrelada de letras). Portanto, trata-se do contraste entre a linguagem empregada em situaes formais e informais. Resposta: A (ENEM) No poema, a referncia variedade padro da lngua est expressa no seguinte trecho: a) A linguagem / na ponta da lngua (vv. 1 e 2).
b) A linguagem / na superfcie estrelada de letras (vv. 5 e 6). c) [a lngua] em que pedia para ir l fora (v. 14). d) [a lngua] em que levava e dava pontap (v. 15). e) [a lngua] do namoro com a prima (v. 17). Resoluo A superfcie estrelada de letras uma referncia metafrica literatura (a arte das belas letras). Resposta: B
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PORTUGUS
1 No texto 1, os verbos atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me revelam o estado do eu lrico diante da gramtica. A nica palavra que no condiz com esse estado a) sofrimento. b) estupefao. c) admirao. d) desespero. e) atordoamento.
RESOLUO: Resposta: C
2 No texto 1, o verso O portugus so dois; o outro, mistrio pode ser entendido como: a) Ao estudar a gramtica da lngua portuguesa, o eu lrico descobre uma distino entre a lngua que ele usa e a que ele estuda. b) Apenas o professor Carlos Gis sabe tudo sobre os mistrios da gramtica da lngua portuguesa. c) No h somente um portugus, h dois: o do professor e o do aluno. d) A lngua portuguesa permanece um mistrio para o eu lrico. e) Alm da lngua falada e escrita, h uma outra.
RESOLUO: Resposta: A
5 O verso o amazonas de minha ignorncia (texto 1) significa que a) o eu lrico, quando menino, era ignorante sobre as matrias escolares. b) o eu lrico, quando menino, nada sabia sobre o Rio Amazonas. c) s o professor Carlos Gis tinha conhecimento da ignorncia do menino acerca de gramtica. d) a ignorncia do eu lrico a respeito de gramtica pode ser comparada ao tamanho do Amazonas. e) o eu lrico sente-se grandioso, mas ignorante, como o Rio Amazonas.
RESOLUO: Resposta: D Obs.: O professor deve explicar o conceito de metfora.
6 No verso 11, (texto 1), no contexto em que se encontra, referindo-se s figuras de gramtica, a palavra esquipticas s no significa a) difceis. b) desconhecidas. c) esquisitas. d) incompreensveis. e) relevantes.
Resposta: E
3 Comparando-se os textos 1, 2 e 3, pode-se dizer que a) tratam de assuntos diferentes, com predomnio da linguagem denotativa. b) tratam do mesmo assunto e espelham pontos de vista semelhantes. c) tratam do mesmo assunto, mas refletem pontos de vista diferentes. d) tratam do mesmo assunto, porm apresentam vrios pontos conflitantes. e) apresentam forma e contedo distintos.
RESOLUO: Professor, comente a diferena entre as formas textuais (verso e prosa) e entre linguagem denotativa e conotativa. Resposta: B
A lngua escrita obedece a normas gramaticais e diferente da lngua oral, mais espontnea, solta, livre, visto que acompanhada de mmica e entonao, que preenchem importantes papis significativos.
7 (MODELO ENEM) De acordo com o trecho, a) a escrita, apesar de no dispor de tantos recursos expressivos quanto a fala, mais rica. b) a escrita baseada na fala, estabelecendo-se, assim, uma relao de igualdade entre ambas. c) a escrita diferencia-se da fala porque esta tende a ser usada por indivduos incultos, e aquela por intelectuais. d) tanto a escrita quanto a fala so duas modalidades da linguagem com suas especificidades, sendo a primeira mais valiosa que a ltima. e) a lngua falada pode ser considerada mais expressiva que a lngua escrita porque dispe de maiores recursos extralingusticos.
Resposta: E
8 4 Pode-se concluir da terceira e quarta estrofes, do texto 1, que o eu lrico a) demonstra respeito pelo conhecimento do professor Carlos Gis. b) confundiu alguns aspectos da gramtica. c) s conseguiu aprender as figuras da gramtica. d) percebeu que a lngua falada e a escrita so fceis de aprender. e) perdeu a espontaneidade com que se expressava.
RESOLUO: Resposta: E
a) b) c) d) e)
(MODELO ENEM) Ainda, segundo o texto 3, no Brasil, deve-se aprender a lngua portuguesa na escola. a maior parte da populao domina a lngua culta. deve-se considerar a existncia de variantes lingusticas. a comunicao oral pouco eficiente. apenas a lngua escrita deve ser considerada.
Resposta: C
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PORTUGUS
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O poder da palavra
O texto de Rodolfo Konder deve ser lido pelo professor e comentado, enfatizando o poder da palavra.
Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potncia a Vossa. (Ceclia Meireles)
O que existe numa palavra? Letras, sons, significados e magia. As palavras so mgicas e possuem poder quase ilimitado. Fazem rir, alimentam os sonhos, ameaam as mais ferozes ditaduras, inquietam carcereiros, acuam torturadores. No mundo inteiro, pensadores, crticos, jornalistas, professores, radialistas, socilogos, escritores pem em marcha um desarmado exrcito de palavras que invade castelos, fortalezas, masmorras, corporaes e bunkers1, como imbatveis cavalos alados. Elas sobem aos palcos, emergem das telas, povoam livros, jornais e revistas, anunciam, confortam, afagam. Sussurradas junto ao ouvido, acariciam a alma. So cinzentas ou coloridas, speras ou suaves. Podem destruir ou ressuscitar. Adormecer ou despertar. Prometer ou desiludir. Matar. Salvar. Precisamos tratar as palavras com carinho, fruir sua magia.
(Rodolfo Konder, jornalista e escritor)
1 Bunkers: abrigo subterrneo abobadado e blindado; priso subterrnea.
1 a 3. 1
Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potncia a vossa! Ai, palavras, ai, palavras, sois de vento, ides no vento, no vento que no retorna, e, em to rpida existncia, tudo se forma e transforma! Sois de vento, ides no vento, e quedais, com sorte nova! Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potncia a vossa! Todo o sentido da vida principia vossa porta; o mel do amor cristaliza seu perfume em vossa rosa; sois o sonho e sois a audcia, calnia, fria, derrota... A liberdade das almas, ai! com letras se elabora... E dos venenos humanos sois a mais fina retorta1: frgil, frgil como o vidro e mais que o ao poderosa! Reis, imprios, povos, tempos, pelo vosso impulso rodam...
(Ceclia Meireles, Romance LIII ou Das Palavras Areas)
indicativo. No singular, pressupe-se o sujeito tu que no tempo indicado assume as formas s, vais e quedas. Resposta: E
estranha potncia atribuda s palavras consiste em sua a) imobilidade misteriosa. b) capacidade transformadora. c) irrealidade perene. d) fuga definitiva e) ao ameaadora. Resoluo Segundo o texto, a palavra poderosa arma de transformao social, poltica, artstica, afetiva, educacional etc. Resposta: B
sois a mais fina retorta: frgil, frgil como o vidro e mais que o ao poderosa!
correto afirmar que a repetio do adjetivo frgil ocorre para a) intensificar a ideia de que, como a retorta, as palavras so muito frgeis, mas superam a fora do ao. b) reforar a definio das palavras como frgeis objetos de vidro, semelhantes retorta, e fortes como o ao. c) evidenciar a fragilidade das palavras, comparando-as a uma retorta que to forte quanto o ao. d) ironizar a fragilidade das palavras e da retorta, que, apesar de serem de vidro, valem como o ao. e) reiterar a hiptese de que a resistncia tanto da retorta quanto das palavras equivale ao poder do ao. Resoluo Apesar da aparncia frgil, a palavra tem um poder extraordinrio. Resposta: A
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vento, ides no vento, / e quedais, com sorte nova! Se os verbos forem flexionados no singular, os versos acima sero assim expressos: a) de vento, vai no vento, / e queda, com sorte nova! b) Seja de vento, vai no vento, / e queda, com sorte nova! c) S de vento, vai no vento, / e quedas, com sorte nova! d) Era de vento, ia no vento, / e quedou, com sorte nova! e) s de vento, vais no vento, / e quedas, com sorte nova! Resoluo O verso do enunciado est na segunda pessoa do plural (vs), no presente do
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1 Retorta: vaso de gargalo estreito e curvo, geralmente de vidro, prprio para operaes qumicas.
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PORTUGUS
Palavra (ou vocbulo) um signo lingustico que expressa ideias, sensaes, desejos, emoes etc. Pode representar um objeto, uma imagem, uma sensao, uma percepo, uma ao, um ser, uma qualidade etc. As palavras so a matria-prima da expresso oral e escrita. organizando as palavras em frases que se produz o discurso, manifestao oral ou escrita da lngua na comunicao humana.
d) Quando as pessoas no sabem falar ou escrever adequadamente sua lngua, surgem homens decididos a falar e escrever por elas e no para elas. (Wendell Johnson)
1 Os fragmentos a seguir enfocam ideias diferentes sobre o uso da palavra. Identifique a mensagem que os trechos encerram.
As respostas a seguir so apenas uma orientao. O professor pode formar grupos para que os alunos trabalhem em conjunto, ou ler cada exerccio, incentivar a participao dos alunos e dar a resposta aproveitando os comentrios que eles fizerem. S ento dever escrever a resposta na lousa ou dit-la.
Somente o indivduo capaz de instalar-se dentro da sociedade em que vive, com um discurso prprio, que poder considerarse parte dessa mesma sociedade, e, portanto, reivindicar seus direitos e lutar para que ela seja realmente democrtica. (Maria Thereza Fraga Rocco)
RESOLUO: As leis, os contratos, os documentos so escritos na norma culta. Sem o domnio da palavra, os indivduos so facilmente manipulados. Portanto, o domnio da linguagem confere poder.
a) A lngua a mais viva expresso de nacionalidade. Saber escrever a prpria lngua faz parte dos deveres cvicos. (Napoleo M. de Almeida)
Notai bem isto: entre todas as coisas que sabemos, a nossa lngua a que devemos saber melhor, porque ela a melhor parte de ns mesmos, a nossa tradio, o veculo do nosso pensamento, a nossa ptria e o melhor elemento da nossa raa e da nossa nacionalidade. (Jlia Lopes de Almeida)
RESOLUO: O domnio da palavra (escrita ou falada) instaura a cidadania.
e) Se a vida tal como est no vale a pena; se no pode ser mudada e j no esconde a sua necessidade de ser outra que o teu canto, poeta, lanado ao mundo, sirva de fermento a preparar-lhe a transformao e nunca de cimento a consolidarlhe os erros. (Anbal Machado)
b) A nossa civilizao marcada pela linguagem grfica. A escrita domina nossa vida; uma instituio social to forte quanto a nao e o Estado. Nossa cultura basicamente uma cultura de livros. Pela escrita acumulamos conhecimentos, transmitimos ideias, fixamos nossa cultura. Nossas religies derivam de livros: o islamismo vem do Coro, escrito por Maom; os Dez Mandamentos de Moiss foi um livro escrito em pedra. Nosso cristianismo est contido num livro, a Bblia. a cartilha, o livro escolar, a literatura expressa graficamente, o jornal. (...) Sem a linguagem escrita praticamente impossvel a existncia no seio da civilizao. O analfabeto um pria que no se comunica com o mundo, no influi e pouco influenciado. (R. A. Amaral Vieira, O Futuro da Comunicao)
RESOLUO: O conhecimento cientfico e cultural da humanidade est registrado nos livros. Portanto, aquele que no domina a palavra (escrita ou falada) um pria, um excludo do processo poltico-social.
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado at hoje a ideia de que o menos que um escritor pode fazer, numa poca de atrocidades e injustias, como a nossa, acender a sua lmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escurido, propcia aos ladres, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lmpada, a despeito da nusea e do horror. Se no tivermos uma lmpada eltrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em ltimo caso, risquemos fsforos repetidamente, como um sinal de que no desertamos nosso posto. (rico Verssimo)
RESOLUO: A palavra a matria-prima dos artistas escritores, teatrlogos, cineastas. A funo da arte denunciar, alertar, provocar, transformar, esclarecer (fazer luz sobre a realidade do mundo).
f) Enyci me ensinou a escrever. Quando eu era menino, levava um quadro-negro, que era verde, mas isso no importa e o armava na cozinha de minha me. Com um giz que se esfumaava, me iniciou na arte de ligar as palavras e de dominar os pensamentos. Aprendi com ela que viver pensar. Muitos anos depois, na dedicatria de um livro que lhe dei de presente, eu escrevi: mulher que me ensinou a escrever e me permitiu, assim, ser o que sou. Mais tarde, em uma carta, ela me respondeu: Isso bobagem, eu s te ensinei a copiar palavras; escrever outra coisa fazer das palavras, sonhos. (Jos Castello)
RESOLUO: O texto trata da escolha das palavras certas ou daquelas que possam traduzir os nossos sentimentos, as nossas emoes e da complicao para verbalizar ou escrever de forma clara, coerente, para informar, deslumbrar ou persuadir.
c) Apenas escrevendo bem poderemos nos sair satisfatoriamente como estudantes, candidatos a empregos ou empregadores (escrevendo cartas, instrues, relatrios de atividades, artigos e resenhas, e contribuies cientficas para publicao). (Robert Barras, Os Cientistas Precisam Escrever)
RESOLUO: A produo intelectual e a atuao profissional impem como exigncia o domnio da lngua.
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PORTUGUS
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Substantivo
Na tirinha ao lado, os substantivos f, amor e ignorncia so abstratos. Explique por que eles recebem essa classificao. Resoluo So substantivos abstratos porque designam realidade existente somente no mbito da subjetividade humana, como medo, estudo, coragem, planejamento etc.
Resoluo Existe coisa pior do que banalizar a morte? Banalizar a vida As questes de nmeros se no texto a seguir.
3 e 4 baseiam-
Para o pblico leitor contemporneo, Machado de Assis basicamente um ironista ameno, um hbil criador de sentenas elegantes, cuja filosofia cortante, expressa em tom mdio, refinado, faz da leitura de seus romances, contos, crnicas e peas de teatro uma agradvel experincia. Um autor que merece figurar em bons dicionrios de citaes, constantemente reproduzidas em revistas de grande circulao para satisfao imediata dos bem pensantes. Entretanto, tudo leva a crer que poucos leitores sejam capazes de identificar a sofisticada tcnica machadiana da literatura de sala de estar, onde costuma ocorrer, inclusive, a maior parte de suas tramas. Por meio dela, o autor capaz, de acordo com a precisa definio de Antonio Candido, de sugerir as coisas mais tremendas da maneira mais cndida (...), ou investigar o que est por trs da aparncia de normalidade, ou insinuar que o ato excepcional normal, e anormal seria o ato corriqueiro, ainda segundo o crtico. (Revista Cult, edio 128)
(UFTM MODELO ENEM) Observe as palavras destacadas no texto: hbil, crer, precisa. Assinale a alternativa que contm os substantivos, derivados dessas palavras, na forma negativa.
a) inabilidade descrena impreciso. b) inbil descrente imprecisa. c) habilidade crena preciso. d) habilidoso crente precioso. e) inabilmente descrente precisamente. Resoluo Os prefixos -in, -des e -im so negativos e os sufixos -dade, -ena e -so formam substantivos. Resposta: A (UFTM MODELO ENEM) O segundo pargrafo inicia-se com a conjuno Entretanto, que desenvolve a ideia de que a) a maioria dos leitores veem a sofisticada tcnica machadiana como forma de chocar o leitor, com a presena de temas cruis para a anlise do comportamento humano. b) poucos leitores se do conta de que Machado de Assis, por meio de sua filosofia cortante, expressa com ar de bastante naturalidade aquilo que normal e corriqueiro. c) Machado de Assis merece figurar em bons dicionrios de citaes, porque sua literatura traduz as inmeras amenidades do dia a dia com a sua intrnseca normalidade. d) grande parte dos leitores de Machado de Assis incapaz de assimilar com profundidade sua sofisticada tcnica literria, que implica mostrar, de forma singela, as coisas excepcionais. e) a subverso da realidade impede que se entenda o que est por trs dela, e isso uma estratgia presente na sofisticada literatura machadiana para insinuar a normalidade. Resoluo A alternativa d corresponde s ideias desenvolvidas no segundo pargrafo. Resposta: D
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PORTUGUS
CIRCUITO FECHADO Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. gua. Escova, creme dental, gua, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, gua, cortina, sabonete, gua fria, gua quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, cala, meias, sapatos, gravata, palet. Carteira, nqueis, jornais, documentos, caneta, chaves, relgio, mao de cigarros, caixa de fsforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xcara e pires, prato, bule, talheres, guardanapo. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fsforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papis, telefone, agenda, copo com lpis, canetas, bloco de notas, esptula, pastas, caixas de entrada, de sada, vaso com plantas, quadros, papis, cigarro, fsforo. Bandeja, xcara pequena. Cigarro e fsforo. Papis, telefone, relatrios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papis. Relgio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboo de anncios, fotos, cigarro, fsforo, quadro-negro, giz, papel. Mictrio, pia, gua. Txi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xcara. Mao de cigarros, caixa de fsforos. Escova de dentes, pasta, gua. Mesa e poltrona, papis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fsforo, telefone interno, externo, papis, prova de anncio, caneta e papel, telefone, papis, folheto, xcara, jornal, cigarro, fsforo, papel e caneta. Carro. Mao de cigarros, caixa de fsforos. Palet, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeira, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xcaras. Cigarro e fsforo. Abotoaduras, camisa, sapato, meias, cala, cueca, pijama, chinelos. Vaso, descarga, pia, gua, escova, creme dental, espuma, gua. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro. (Ricardo Ramos)
1 Os substantivos podem ser classificados, entre outras formas, como concretos ou abstratos. a) Qual o tipo escolhido pelo narrador?
RESOLUO: O narrador usou apenas substantivos concretos.
O substantivo lpis, que aparece no texto, primitivo, ou seja, ele pode dar origem a outro substantivo, que chamado derivado. lpis lapiseira Transcreva do texto substantivos derivados e indique o substantivo primitivo que os originou.
RESOLUO: sabonete: derivado de sabo. poltrona: derivado de poltro (poltro), que significa preguioso e ainda filhote ou cria de animal. cavalete: derivado de cavalo. cinzeiro: derivado de cinza. abotoaduras: derivado de boto. travesseiro: travesso+eiro (travesso, que est atravessado na cama; -eiro, sufixo que designa objeto ou instrumento). Obs.: As palavras abaixo no so derivadas: guardanapo: origina-se do francs guarda + toalha de mesa; tratase de um galicismo. televiso: tele (do grego, significa de longe) + viso (do latim vid, significa ver, olhar); trata-se de hibridismo.
2 (CSPER LBERO MODELO ENEM) I. O texto essencialmente construdo com frases enumerativas e nominais, numa sucesso vertiginosa. II. Inova o processo narrativo, tornando ainda mais arrojada uma das formas da prosa contempornea, o conto-narrativa. III. O percurso do cenrio domstico para o profissional (e viceversa) revela hbitos e atividades que se sucedem e se repetem, justificando o ttulo do texto.
Sobre Circuito Fechado, podemos afirmar: a) Somente a I est correta. b) Somente a II est correta. c) Somente a III est correta. d) I e III esto corretas. e) Todas as afirmativas esto corretas.
RESOLUO: Obs.: O professor deve chamar a ateno para o fato de que a sequncia de substantivos relacionados a uma determinada atividade como escovar os dentes, tomar banho, vestir-se, configura metonmia (ou, mais precisamente, sindoque), em que as partes (objetos) compem um todo (atividades). Resposta: E
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4 (FUMEC-MG MODELO ENEM) Em todos os exemplos abaixo, o diminutivo traduz ideia de afetividade, exceto: a) Deixe-me olhar o seu bracinho, minha filha. b) Para mim voc ser sempre a queridinha. c) Amorzinho, voc vem comigo? d) Ele um empregadinho de nossa firma. e) No sei, paizinho, como irei embora.
RESOLUO: O sufixo diminutivo -inho, em empregadinho, depreciativo. Nas demais alternativas, exprime afetividade. Resposta: D
6 Substitua as palavras destacadas por substantivos que indiquem aes equivalentes. a) Sucederam-se aes sociais que elevaram o moral dos menos favorecidos.
RESOLUO: A sucesso de aes sociais elevou o moral dos menos favorecidos.
5 Grife as palavras substantivadas: a) O grande assombra, o glorioso ilumina, o intrpido arrebata; o bom no produz nenhum desses efeitos. Contudo, h uma grandeza, h uma glria, h uma intrepidez em ser simplesmente bom, sem aparato, nem interesse, nem clculo; e sobretudo sem arrependimento. (Machado de Assis)
RESOLUO: grande, glorioso, intrpido, bom.
7 (FUVEST) Cultivar amizades, semear empregos e preservar a cultura fazem parte da nossa natureza. Reescreva a frase, substituindo por substantivos cognatos os verbos cultivar, semear e preservar, fazendo tambm as adaptaes necessrias.
RESOLUO: Cognato = palavra que vem de uma mesma raiz que outra(s). O cultivo de amizades, a semeadura de empregos e a preservao da cultura fazem parte da nossa natureza.
SUBSTANTIVO Palavra que nomeia o existente, seja ele real ou imaginrio, verdadeiro ou falso, animado ou inanimado, concreto ou abstrato. Definio Masculino e feminino
gnero
nmero
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PORTUGUS
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1. Palavra
Da palavra ao texto
As palavras so unidades de linguagem e ns vivemos cercados de linguagem tanto quanto de ar. O pensamento e a linguagem so dificilmente separveis e no possvel saber qual veio antes. Falamos, pensamos e sonhamos usando a linguagem, de forma que impossvel separar da linguagem a nossa personalidade, a nossa vida social e a nossa vida interior. Portanto, ser capaz de distinguir os diversos tipos ou classes de palavras to importante quanto ser capaz de distinguir os elementos do mundo fsico, como gua, ar, terra ou pedra. As classes de palavras so dez: substantivo: homem, ideia... adjetivo: bonito, inovadora... artigo: o, a... numeral: primeiro, dois... pronome: aquele, ns... verbo: ser, correr... advrbio: nunca, aqui... conjuno: se, mas... preposio: de, em... interjeio: Oh!, Viva!...
So cinco os tipos de frase: declarativa (O trabalho exigiu esforo.); interrogativa (Por que mudar?); imperativa (Venha c! / No v embora.); exclamativa (Que horror! / Como eu te amo!); indicativa ou de situao (Bom dia! / Fogo!). Com o Modernismo, que valorizou as frases concisas e diretas, rompeu-se uma tradio do sculo XIX que privilegiava as frases prolixas e o rebuscamento da linguagem.
3. Pargrafo
Pargrafo uma unidade de texto constituda de uma frase ou de um grupo de frases ordenadas. Na narrao, o pargrafo apresenta uma sequncia de fatos; na descrio, uma sequncia de aspectos; na dissertao, uma sequncia de juzos. A mudana de pargrafo no texto varia conforme o estilo do autor e a modalidade redacional.
4. Texto
O texto um todo construdo artesanalmente, a partir da seleo e da combinao das palavras, frases e pargrafos concatenados com logicidade. Normalmente, apresenta introduo, desenvolvimento e concluso. As caractersticas do texto so determinadas pelas modalidades de redao (ou tipos de composio).
2. Frase
Segundo Rocha Lima, frase a expresso verbal de um pensamento. Pode ser brevssima, constituda s vezes por uma s palavra, ou longa e acidentada, englobando vrios e complexos elementos.
5. Concluindo
As palavras combinam-se para formar a frase; as frases agrupam-se e ordenam-se em pargrafos; os pargrafos, por sua vez, sucedem-se numa sequncia lgica para formar o texto.
As modalidades redacionais ou tipos de composio em que os textos podem ser escritos so: descrio, narrao e dissertao. Geralmente esses tipos de composio aparecem mesclados dentro dos gneros narrativos (romance, conto, novela e crnica). 1. Descrio
Texto I
UM TIPO DE BRASILEIRO Raimundo tinha vinte e seis anos e seria um tipo acabado de brasileiro, se no foram os grandes olhos azuis, que puxara do pai. Cabelos muito pretos, lustrosos e crespos; tez1 morena e amulatada, mas fina; dentes claros que reluziam sob a negrura do bigode; estatura alta e elegante; pescoo largo, nariz direito e fronte2 espaosa. A parte mais caracterstica da sua fisionomia eram os olhos grandes,
ramalhudos3, cheios de sombras azuis; pestanas eriadas4 e negras, plpebras de um roxo vaporoso e mido; as sobrancelhas, muito desenhadas no rosto, como a nanquim, faziam sobressair a frescura da epiderme, que, no lugar da barba raspada, lembrava os tons suaves e transparentes de uma aquarela sobre papel de arroz. Tinha os gestos bem educados, sbrios, despidos de pretenso5, falava em voz baixa, distintamente, sem armar ao efeito6; vestia-se com seriedade e bom gosto; amava as artes, as cincias, a literatura e, um pouco menos, a poltica. (Alusio Azevedo)
1 Tez: pele, ctis. 2 Fronte: testa. 3 Ramalhudos: grandes pestanas. 4 Eriadas: encrespadas. 5 Despidos de pretenso: espontneos. 6 Sem armar ao efeito: sem tentar impressionar.
Texto II
AUTORRETRATO Simptico, romntico, solteiro, autodidata, poeta, socialista. Da classe 38, reservista, de outubro, 22, Rio de Janeiro. Com a bossa de qualquer bom brasileiro, possuo o sangue quente de um artista. Sou milionrio em senso de humorista, mas juro que estou duro e sem dinheiro. H quem me julgue um poeta irreverente, mentira, reao da burguesia, que no vive, vegeta falsamente, num mundo de doente hipocrisia.
PORTUGUS
217
Mas o meu mundo belo e diferente: vivo do amor ou vivo de poesia... E assim eu viverei eternamente, se no morrer por outra Ana Maria.
(1962, disco RGE) (CHAVES, Juca. In: Histria da Msica Popular Brasileira, fascculo n. 41, So Paulo: Abril Cultural, 1971.) O texto I apresenta a forma de prosa, o texto II a forma de verso, porm, ambos exemplificam uma mesma modalidade redacional ou tipo de composio. a) O que permite classificar os textos I e II como descritivos? Resoluo Os dois textos so descritivos porque caracterizam fsica e psicologicamente as personagens. O texto descritivo pode caracterizar seres animados ou inanimados, paisagens, ambientes, alm das sensaes fsicas ou psicolgicas desses seres. O texto I privilegia o aspecto fsico da personagem: olhos grandes e azuis, ramalhudos, cheios de sombras azuis cabelos muito pretos, lustrosos, crespos tez morena e amulatada, fina dentes claros, que reluziam (= reluzentes) estatura alta, elegante pescoo largo nariz direito fronte espaosa pestanas eriadas, negras plpebras de roxo vaporoso e mido sobrancelhas desenhadas, como a nanquim barba raspada tons suaves, transparentes epiderme frescura, lembrava os tons suaves e transparentes de uma aquarela sobre papel de arroz (no lugar da barba raspada) gestos bem educados, sbrios, despidos de pretenso voz baixa, distintamente, sem armar ao efeito Observe que a caracterizao se efetiva por meio de adjetivos ou equivalentes. Sobre a personalidade (aspecto psicolgico) da personagem, temos: gestos... despidos de pretenso, voz ...sem armar ao efeito, vestia-se com seriedade e bom gosto, amava as artes, as cincias, a literatura e, um pouco menos, a poltica. O texto II privilegia as caractersticas psicolgicas e emocionais da personagem: simptico, romntico, poeta, (induz a pensar numa pessoa sensvel), socialista (pensa-se num revolucionrio), com a bossa de qualquer bom brasileiro, / possuo o sangue quente de um artista. / Sou milionrio em senso de humorista, meu mundo belo e diferente / vivo do amor ou vivo de poesia. Observe que o
conceito dado pelo poeta burguesia (que no vive / vegeta falsamente / num mundo de doente hipocrisia) um trecho dissertativo. b) Raramente os textos descritivos aparecem isolados (como no texto II), geralmente vm inseridos em romances, contos, novelas e crnicas. Com que finalidade se usa a descrio no meio de textos narrativos? Resoluo Com a finalidade de dar a conhecer as caractersticas fsicas e/ou psicolgicas das personagens e os detalhes que compem a paisagem, o cenrio, o ambiente em que se passa a ao. Resumindo Descrever consiste em utilizar as palavras para fazer um retrato de seres animados e inanimados (pessoas, objetos, paisagens, ambientes, sensaes).
Resoluo Os trechos I e IV so descritivos, porque caracterizam uma personagem e detalham um cenrio, por meio do emprego de adjetivos, de figuras de linguagem, de verbos de estado ou condio e de frases nominais. Resposta: D
Texto I
Sem ser verdadeiramente bonita de rosto, era muito simptica e graciosa. Tez macia, de uma palidez fresca de camlia; olhos escuros, um pouco preguiosos, bem guarnecidos e penetrantes; nariz curto, um nadinha arrebitado, beios polpudos e viosos, maneira de uma fruta que provoca o apetite e d vontade de morder. (Alusio Azevedo)
Texto II
(...) a verdade que Marcela no possua I. a inocncia rstica. Era boa moa, lpida, sem escrpulos, um pouco tolhida pela austeridade que lhe no permitia arrastar pelas ruas os seus estouvamentos e berlindas; luxuosa, impaciente, amiga de dinheiro e de rapazes. (Machado de Assis, Memrias Pstumas de Brs Cubas)
II. Aprovado pela Assembleia para vigorar na regio metropolitana de So Paulo, o rodzio de automveis ainda no pode ser considerado um consenso entre os paulistanos (...). (Folha de S. Paulo) III.
O brasileiro gosta de se imaginar cordial, camarada, emotivo. Quando est no exterior, reclama da "frieza" do americano e do europeu. A verdade que somos falsos bonzinhos: em meio indiferena generalizada, direitos individuais so pisoteados todos os dias em grande escala. E tudo termina sempre em impunidade. (Gilberto Dimenstein)
Texto III
O canivete voou E o negro comprado na cadeia Estatelou de costas E bateu com a cabea na pedra (Oswald de Andrade) Plida luz da lmpada sombria. Sobre o leito de flores reclinada, Como a lua por noite embalsamada, Entre as nuvens do amor ela dormia! (Alberto de Oliveira) Porque a Beleza, gmea da verdade, Arte pura, inimiga do artifcio, a fora e a graa na simplicidade. (Olavo Bilac)
"Levante-me", o velho insistiu. Me e filho, porm, continuaram imveis. "Vo ficar a parados?", ele perguntou. "O que esto esperando?" A mulher pediu: "Odete, venha nos ajudar!" A empregada limpou as mos no avental e, controlando o medo, aproximou-se. (Jos Castello)
Considerando as caractersticas bsicas de cada modalidade discursiva, assinale a alternativa que apresenta a sequncia correta. a) I narrao; II dissertao; III narrao. b) I descrio; II descrio; III narrao. c) I narrao; II descrio; III dissertao. d) I descrio; II dissertao; III narrao. e) I narrao; II dissertao; III descrio. Resoluo O texto I descritivo, porque pormenoriza os traos fisionmicos de uma personagem. O texto II dissertativo, porque o autor manifesta uma opinio sobre o comportamento do brasileiro. O texto III apresenta personagens, verbos de ao, dilogo, estrutura que define a narrao. Resposta: D
IV.
V.
218
PORTUGUS
1. Descrio
As questes de nmeros Alvarenga e Ranchinho.
2. Narrao
1 e 2 baseiam-se na cano de
Texto I
MILOCA h, So Paulo h, So Paulo h, So Paulo So Paulo da garoa So Paulo que terra boa So Paulo da noite fria Ao cair da madrugada As campinas verdejantes Cobertas pela geada So Paulo do cu anil Da noite enluarada Da linda manh de sol No raiar da madrugada Um dia, em frente da casa, caiu uma preta velha ao cho, abalroada1 por um tlburi2. Adolfo, que ia a entrar, correu infeliz, levantou-a nos braos e levou-a botica3 da esquina, onde a deixou curada. Agradeceu ao cu o ter-lhe proporcionado o ensejo4 de uma bela ao diante de Miloca, que estava janela com a famlia, e subiu alegremente as escadas. D. Pulquria abraou o heri; Miloca mal lhe estendeu a ponta dos dedos.
(Machado de Assis)
1 Abalroada: atropelada. 2 Tlburi: carruagem. 3 Botica: farmcia. 4 Ensejo: oportunidade. Texto II
1 (VUNESP-CEFET MODELO ENEM) Na cano, predominam aspectos _____________________________________ , pois se faz uma _____________________________________ , tendo como referncia a cidade de So Paulo. Os espaos da frase devem ser preenchidos, correta e respectivamente, com a) dissertativos histria. b) descritivos caracterizao. c) dissertativos sntese. d) descritivos reflexo. e) narrativos anlise.
RESOLUO: A cano explora a percepo visual na composio imagtica da cidade de So Paulo. Os elementos da natureza compem o quadro que caracteriza a cidade. Resposta: B
NEGRO FUGIDO O Jernimo estava numa outra fazenda Socando pilo na cozinha Entraram Grudaram nele O pilo tombou Ele tropeou e caiu Montaram nele. (Oswald de Andrade)
2 (VUNESP-CEFET MODELO ENEM) A relao de sentido que se define pela oposio de informaes est devidamente exemplificada em: a) da garoa / terra boa. b) noite fria / cobertas pela geada. c) noite / madrugada. d) cu anil / manh de sol. e) noite enluarada / manh de sol.
RESOLUO: A oposio ocorre entre as palavras noite / manh e enluarada / sol, que configuram antteses. Resposta: E
RESOLUO: Em ambos os textos, conta-se um episdio que envolve personagens numa sucesso de aes que evoluem no tempo. Os verbos de ao que compem o enredo do texto I so: caiu (velha), ia a entrar, correu, levantou-a, levou-a, deixoua curada, agradeceu, subiu, abraou, estendeu. O ndice temporal um dia e o lugar em frente da casa. As personagens so: preta velha, Adolfo, Miloca e D. Pulquria. No texto II, a personagem Jernimo e os verbos no plural indicam que algumas pessoas entraram, grudaram e montaram nele. O ndice de espao numa outra fazenda; no h ndices temporais, mas deduz-se pela leitura tratar-se da poca da escravido. Os verbos de ao que compem o enredo so: socando, entraram, grudaram, tombou, tropeou e caiu, montaram.
pormenorizar
retratar
visualizar
DESCREVER
caracterizar
enumerar
observar
PORTUGUS
219
NARRAR
apresentar personagens
3. Dissertao
Texto I
criticar
expor
debater argumentar
O homem ocidental civilizado vive num mundo que gira de acordo com os smbolos mecnicos e matemticos das horas marcadas pelo relgio. ele que vai determinar seus movimentos e dificultar suas aes. O relgio transformou o tempo, transformando-o de um processo natural em uma mercadoria que pode ser comprada, vendida e medida como um sabonete ou um punhado de passas de uvas. E, pelo simples fato de que, se no houvesse um meio para marcar as horas com exatido, o capitalismo industrial nunca poderia ter se desenvolvido, nem teria continuado a explorar os trabalhadores. O relgio representa um elemento de ditadura mecnica na vida do homem moderno, mais poderoso do que qualquer outro explorador isolado, que qualquer outra mquina.
(George Woodcock, A Ditadura do Relgio )
DISSERTAR
Texto II
RELGIO Diante de coisa to doda Conservemo-nos serenos. Cada minuto de vida Nunca mais, sempre menos. Ser apenas uma face Do no ser, e no do ser. Desde o instante em que nasce J se comea a morrer. (Cassiano Ricardo)
Dissertao: modalidade de redao ou tipo de composio que consiste na exposio crtica de ideias, por meio de discusso embasada em argumentos (exemplos, justificativas, evidncias).
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220
PORTUGUS
Artigo
Definido Indefinido
Faa a associao, levando em conta o sentido dos artigos destacados. 1. Ela aparenta uns 20 anos. 2. O projeto me deu um trabalho! 3. O Fernando Pessoa meu poeta favorito. 4. Esse rapaz s mais um na minha vida. 5. Namorou uns e outros na escola. a) ( ) familiaridade b) ( ) depreciao c) ( ) intensificao d) ( ) clculo aproximado e) ( ) indefinio (pronome indefinido) Resoluo a (3), b (4), c (2), d (1), e (5) (MODELO ENEM) Assinale a alternativa em que o artigo indefinido funciona como intensificador do substantivo.
a) Ela sentia o cheiro do impermevel dela: um cheiro doce de fruta madura. (E. Verssimo) b) A chuva continuava, uma chuva mansa e igual, quase lenta, sem interesse em tombar. (M. J. de Carvalho) c) Ela de uma candura!... (Celso Cunha) d) A fortuna, toda nossa, que no temos um Kant. (J. Ribeiro) e) Havia na botica um relgio de parede... (Camilo Castelo Branco) Resoluo O artigo indefinido uma intensifica o substantivo candura, que traduz docilidade, meiguice. Resposta: C (MODELO ENEM) Assinale a alternativa na qual o a destacado no artigo. a) Apesar das vrias roupagens inovadoras que a mdia vem experimentando, a palavra escrita no foi destronada da posio central que ocupa em nossas vidas.
b) Na verdade, a palavra escrita no apenas permanece ela floresce como trepadeira nas fronteiras da revoluo digital. c) Ela marca a maior mudana ocorrida nos meios de comunicao: as palavras foram desacopladas do papel. d) Tal revoluo no se limita apenas a agradar aos ecologistas ou a diminuir o tamanho dos lixes nas grandes metrpoles. e) O texto eletrnico transformou-se num novo meio de comunicao, que combina a fixidez da prensa com a capacidade de alterao do manuscrito. Resoluo Antes do verbo agradar, o a preposio, nas demais alternativas artigo, porque antecede substantivo. Resposta: D
Outro dia fui a So Paulo e resolvi voltar noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto l como aqui. Quando vinha para casa de txi, encontrei um amigo e o trouxe at Copacabana, e contei a ele que l em cima, alm das nuvens, estava um luar lindo, de lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram vistas de cima, enluaradas, colches de sonho, alvas, uma paisagem irreal. Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim: O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar l em cima? Confirmei: sim, acima de nossa noite preta, enlamaada e torpe havia uma outra pura, perfeita e linda. Mas que coisa... Ele chegou a pr a cabea fora do carro para olhar o cu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. No sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa. Ora, sim senhor... E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um boanoite e um muito obrigado ao senhor, to sinceros, to veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.
(Rubem Braga, Ai de ti, Copacabana)
1 No segundo perodo do primeiro pargrafo, o autor utiliza a expresso um amigo e no incio do segundo pargrafo o meu amigo. a) As duas expresses indicam o mesmo referente?
RESOLUO: Sim, indicam o mesmo referente.
b) Sendo assim, por que o narrador utiliza primeiro um amigo para depois empregar o meu amigo?
RESOLUO: O narrador emprega primeiro o artigo indefinido porque o amigo desconhecido do leitor. Aps apresent-lo, j possvel usar o artigo definido, que pressupe familiaridade compartilhada.
2 Em que pargrafo do texto os artigos indefinidos foram usados para intensificar o substantivo? Transcreva os termos ou expresses.
RESOLUO: A intensificao ocorre no ltimo pargrafo, nas expresses um boa noite e um muito obrigado.
PORTUGUS
221
3 No terceiro quadrinho, o artigo o (definido) e o artigo um (indefinido) determinam as relaes de amizade pensadas por Miguelito. a) Quais so elas? b) Explique por que esses recursos causam tal efeito.
RESOLUO: a) As relaes de melhor amigo e de parte de um grupo de amigos, conhecido. b) A oposio definido/indefinido (o/um) refora a distino valorativa: o amigo apresentado como nico, o melhor, enquanto um amigo significa um qualquer.
MOA LINDA BEM TRATADA Moa linda bem tratada, Trs sculos de famlia, Burra como uma porta: Um amor. Gr-fino do despudor, Esporte, ignorncia e sexo, Burro como uma porta: Um coi. Mulher gordaa, fil, De ouro por todos os poros Burra como uma porta: Pacincia...
(FUVEST)
Plutocrata sem conscincia, Nada porta, terremoto Que a porta de pobre arromba: Uma bomba.
(Mrio de Andrade)
5 Um amor um epteto (qualificao elogiosa ou injuriosa dada a algum) muito utilizado popularmente. a) Na expresso um amor, o artigo indefinido indetermina o substantivo?
RESOLUO: Sim, pois na expresso um amor, alm de indeterminar o substantivo, o artigo o torna concreto, pois no se trata do sentimento amoroso em geral (o amor, substantivo abstrato), mas de uma ocorrncia amorosa, uma expresso particular de amor. A expresso um amor muito empregada metaforicamente para indicar pessoa ou coisa muito linda, bem apresentada, preciosa.
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222
PORTUGUS
6 (MODELO ENEM) Assinale as frases em que o artigo foi empregado para indicar aproximao numrica. a) Indaguei de Virglia, depois ficamos a conversar uma meia hora. (Machado de Assis) b) Fui beij-la... roubei do seio dela / Um bilhete que estava ali metido... (lvares de Azevedo) c) Teria, quando muito, uns doze anos. (U. Tavares Rodrigues) d) Trazia uns sapatos rasos, uns olhos verdes. (A. Abelaira) e) Mas cantou nesse instante uma coruja. (lvares de Azevedo)
RESOLUO: O artigo indefinido na expresso uns doze anos indica clculo aproximado: Teria, quando muito, aproximadamente, doze anos. Resposta: C
ARTIGO
Definio
Palavra que antecede os substantivos, designando-os de forma determinada (o, a, os, as) ou indeterminada (um, uma, uns, umas).
Denotao e conotao
Denotao e conotao
Entre os sentidos das palavras, podemos distinguir o sentido prprio ou literal (A lua estava minguando lua: satlite da Terra) e o sentido figurado (Depois de esperar uma lua inteira, deixou a floresta lua: perodo de um ms, contado conforme as fases da lua). O sentido figurado forma-se a partir do sentido prprio das palavras, por meio de comparaes implcitas ou explcitas, baseadas em relaes de semelhana ( os sis do seu rosto sois: olhos), assim como por meio de extenses do sentido original, envolvendo relaes de proximidade (beber um Porto Porto: vinho dessa cidade), incluso (comprou um bronze bronze: estatueta de bronze) etc. Essas formas indiretas de significao se dizem figuradas porque correspondem s chamadas figuras de linguagem. O emprego das palavras em seus sentidos prprios corresponde ao que se chama denotao ou linguagem denotativa; o emprego das palavras em seus sentidos figurados corresponde conotao ou linguagem conotativa. No uso normal da linguagem, falada ou escrita, tanto denotao quanto conotao esto presentes. Em usos especficos, pode predominar uma ou outra forma de significao: na linguagem informativa ou cientfica, pre do mina a denotao; na linguagem emocional, assim como na literatura e, especialmente, na poesia, fundamental a conotao, que enriquece o sentido do texto. PORTUGUS
Palavras polissemia
As palavras so signos complexos, que podem assumir uma multiplicidade de significados, dependendo do contexto. Esse fenmeno chamado polissemia e pode ser exemplificado com a palavra corrente em seus diversos sentidos: grilho, cadeia de metal (corrente de ao), que flui, passa (gua corrente, ms corrente), fcil, espontneo (estilo corrente), usual, corriqueiro (opinies correntes), movimento de guas, correnteza (correntes marinhas), fluxo de ar (corrente fria da noite), fluxo de eletricidade (corrente eltrica), grupo de indivduos associados por ideias, gostos ou tendncias (corrente literria) etc.
223
Observe que Haroldo, o Tigre, no entende o questionamento existencial de Calvin e a tudo responde em linguagem denotativa.
Enquanto Hagar se refere metaforicamente ao sentido (significado) de felicidade, seu companheiro entende denotativamente a mensagem, acreditando que Hagar engolira uma chave que levava a um lugar chamado Felicidade.
Resumindo A linguagem pode ser denotativa ou conotativa. A denotao corresponde ao uso das palavras em seus sentidos bsicos, chamados prprios ou literais so os sentidos que os dicionrios apresentam em primeiro lugar. A conotao corresponde ao uso das palavras em seus sentidos figurados, que nascem de associaes ou extenses dos sentidos prprios. A denotao possibilita maior preciso e clareza, pois permite evitar as ambiguidades (diversidade de sentidos numa mesma palavra) e desfazer as obscu-
ridades e as variaes de interpretao. A denotao deve predominar quando se emprega a funo referencial da linguagem. A conotao possibilita a intensificao e a multiplicao dos sentidos, com o uso criativo da polissemia e das variaes de interpretao. A conotao em geral predomina quando se empregam as funes emotiva e potica da linguagem. Apesar de seus usos mais especficos, denotao e conotao esto sempre presentes, com maior ou menor incidncia, nos usos normais da linguagem, tanto da linguagem falada quanto da escrita, em todas as suas modalidades.
(UNAERP MODELO ENEM) Na segunda fala, a da direita, da tirinha de Miguel Paiva, as palavras empregadas Maminha, Fraldinha, Camisinha permitem lembrar a) a existncia de sries sinonmicas. b) o carter polissmico das palavras. c) a possibilidade de paronmia. d) a antonmia entre vocbulos. e) o grau aumentativo dos substantivos. Resoluo As palavras do enunciado so polissmicas, porque apresentam mais de um significado: maminha e fraldinha so peas de carne, ou, respectivamente, seio e parte inferior do vesturio feminino ou masculino. Camisinha uma camisa pequena ou preservativo masculino. Resposta: B
224
PORTUGUS
(UNESP MODELO ENEM) Assinale a alternativa em que os substantivos da frase s tm valor denotativo, isto , sentido prprio, no figurado. a) A leitura da filosofia permite-nos acumular tesouros que as traas no corroem. b) Nem tudo so rosas nos caminhos da vida. c) Por andar descalo, acabei com espinhos fincados nos ps. d) Tenho que resolver alguns abacaxis antes da viagem. e) Muitos indivduos vivem hoje no Brasil margem da sociedade. Resoluo Na alternativa apontada, o sentido denotativo, referencial, literal: espinhos fincados nos ps. Nas demais, h trechos em linguagem conotativa: tesouros que as traas no corroem, rosas nos caminhos da vida, resolver alguns abacaxis, margem da sociedade. Resposta: C
(ENEM) O termo (ou expresso) destacado que est empregado em seu sentido prprio, denotativo ocorre em: a) (...) de lao e de n De gibeira o jil Dessa vida, cumprida a sol (...) (TEIXEIRA, Renato. Romaria. Kuarup Discos, setembro de 1992.) b) Protegendo os inocentes que Deus, sbio demais, pe cenrios diferentes nas impresses digitais. (Maria N. S. Carvalho, Evangelho da Trova. /s.n.b.) c) O dicionrio-padro da lngua e os dicionrios unilngues so os tipos mais comuns de dicionrios. Em nossos dias, eles se tornaram um objeto de consumo obrigatrio para as naes civilizadas e desenvolvidas. (BIDERMAN, Maria T. Camargo. O dicionriopadro da lngua. Alta (28), 2743, 1974. Supl.)
d)
e) Humorismo a arte de fazer ccegas no raciocnio dos outros. H duas espcies de humorismo: o trgico e o cmico. O trgico o que no consegue fazer rir; o cmico o que verdadeiramente trgico para se fazer. (ELIACHAR, Leon. www.mercadolivre.com.br, acessado em julho de 2005.) Resoluo A linguagem denotativa, referencial ou literal aparece na expresso dicionriopadro. Nas demais alternativas, a linguagem conotativa, pois as expresses destacadas no so empregadas em sentido literal, mas sim metafrico: cumprida a sol = vivida com muito sacrifcio, cenrios = configuraes, fazer ccegas no raciocnio = estimular o pensamento de forma divertida. Resposta: C
a) conotativo. d) realista.
Resposta: B
b) denotativo. e) modernista.
c) polissmico.
SATLITE Fim de tarde No cu plmbeo A lua baa Paira Muito cosmograficamente Satlite. Desmetaforizada, Desmitificada, Despojada do velho segredo de melancolia, No agora o golfo de cismas, O astro dos loucos e dos enamorados, Mas, to somente Satlite. Ah Lua deste fim de tarde, Demissionria de atribuies romnticas; Sem show para as disponibilidades sentimentais! Fatigado de mais-valia, Gosto de ti assim: Coisa em si, Satlite. (BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 4.a ed. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1978. p. 232.)
2
a) b) c) d) e)
Analisando-se o poema, pode-se dizer que o poeta revela saudade dos tempos do romantismo. manifesta melancolia e desgosto pela vida. demonstra preferncia pela viso da lua apenas como satlite. muda de preferncia pela viso da lua, a todo momento. mostra que a lua deve ser vista conotativamente.
Resposta: C
Os versos:
revelam que o poeta Fatigado de mais-valia, a) est cansado de s pensar no valor Gosto de ti assim: das coisas terrestres. Coisa em si, b) ope-se explorao romntica Satlite. que faz da lua um mito. c) tem noo de economia e conhece a teoria marxista da maisvalia. d) est cansado demais e a lua o descansa, vista como satlite. e) gosta da lua de todas as maneiras, dependendo do estado de esprito dele.
Resposta: B
Nos versos: o adjetivo plmbeo equivale locuo adjetiva contida na alternativa a) de chumbo. b) de bronze. c) de fogo. d) de prata. e) de chuva. Resposta: A
PORTUGUS
225
5 (UFPE-UFRPE) Com base nos conceitos de denotao e conotao, analise e comente a interpretao da colega de Mafalda acerca da questo da prova de Histria.
RESOLUO: A colega de Mafalda entendeu de forma literal a pergunta da prova, para ela, ocupar a cadeira expresso denotativa, significando ficar sentado na cadeira, por isso ela pergunta se os outros presidentes haviam governado de p.
noite. Sinto que noite No porque a noite descesse (bem me importa a face negra) mas porque dentro de mim, no fundo de mim, o grito se calou, fez-se desnimo. Sinto que ns somos noite, que palpitamos no escuro e em noite nos dissolvemos. Sinto que noite no vento, noite nas guas, na pedra. (Carlos Drummond de Andrade)
Palavra polissmica aquela que, com o correr do tempo, vai assumindo novos significados. um processo prprio de toda lngua que, por uma lei de economia, vai remanipulando, reorganizando o vocbulo com novos semas. O verbo dar tipicamente polissmico na Lngua Portuguesa.
(MODELO ENEM) De acordo com o contexto, d o sentido das palavras destacadas: I. Deram duas horas no relgio da sala. II. Do alpendre sobre o canavial a vida se d to vazia. (Joo Cabral de Melo Neto) III. No queria se encontrar com a namorada e, no entanto, deu com ela na porta do cinema. IV. Aqui, em se plantando, d. V. Deu no garoto, deixando-o prostrado.
RESOLUO: No texto, dar significa: I. bateram; II. apresenta; III. encontrou-a repentinamente; IV. produz; V. bateu (= surrou).
6 (MODELO ENEM) O termo noite nesse poema est empregado predominantemente no sentido a) denotativo, significando o contrrio de dia. b) conotativo, associado ideia de imobilismo e morte. c) pejorativo, associado ideia de boemia. d) denotativo, ligado ideia de desnimo e tristeza. e) polissmico, associado ideia de noite como bem e como mal. 7 Transforme em linguagem denotativa as expresses que apresentam sentido conotativo. a) O presidente promete abrir o cofre e triplicar os recursos para o setor agrcola. (O Estado de S. Paulo, 3/9/1998)
RESOLUO: abrir o cofre O presidente promete destinar verbas e triplicar os recursos para o setor agrcola. Resposta: B
9 (MODELO ENEM) O termo destacado que est empregado em seu sentido prprio, denotativo, ocorre em: a) O baque do corpo no cho chamou a ateno do vizinho, moo do interior de So Paulo, inquilino recente do apartamento do andar de baixo (...) (Drauzio Varella)
b) O pirralho no se mexeu, e Fabiano desejou mat-lo. Tinha o corao grosso, queria responsabilizar algum pela sua desgraa. (Graciliano Ramos) c) A porta envidraada estava aberta; e subimos pela escadaria de pedra, no imenso silncio em que toda a Flor da Malva repousava, at a antecmara, de altos tetos apainelados, com longos bancos de pau, onde desmaiavam na sua velha pintura as complicadas armas dos Cerqueiras. (Ea de Queirs) d) Jos Dias fez um gesto de aborrecido, e apenas lhe respondeu com uma palavra seca, olhando para o padre que lavava as mos. (Machado de Assis) e) Crimes da terra, como perdo-los? Tomei parte em muitos, outros escondi. Alguns achei belos, foram publicados. Crimes suaves, que ajudam a viver. Rao diria de erro, distribuda em casa. (Carlos Drummond de Andrade)
RESOLUO: Nas demais alternativas, a linguagem conotativa, pois os termos destacados no so empregados em sentido literal, mas sim metafrico. Resposta: A
b) No raro que o verdadeiro fil-mignon dos festivais cinematogrficos seja servido nessas mostras paralelas e no na seleo oficial. (O Estado de S. Paulo, 3/9/1998)
RESOLUO: fil-mignon, servido No raro que as melhores pelculas dos festivais cinematogrficos sejam apresentadas nessas mostras paralelas e no na mostra oficial.
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226
PORTUGUS
10
Numeral
Cardinal Ordinal
H numerais que designam um conjunto determinado de pessoas ou coisas. Preencha os espaos com o numeral correspondente ao significado entre parnteses: a) Os tripulantes do navio ficaram de ________ ___________________________, por causa de um surto de sarampo. (perodo de quarenta dias) b) Faltam cerca de trinta anos para se comemorar o __________________________________ da Abolio da Escravatura em nosso Pas. (perodo de cento e cinquenta anos) c) As beatas fizeram uma _________________ ____________________ pela paz. (perodo de nove dias) d) Amor e dio so sentimentos opostos, porm ________________________ fazem parte da natureza humana. (numeral dual) Resoluo a) quarentena; b) sesquicentenrio; c) novena; d) ambos.
(MODELO ENEM) Na tirinha acima, o que os numerais empregados por Hagar indicam? a) Indefinio. b) Frao. c) Multiplicao. d) Ordem. e) Proporo. Resposta: E
(ESPM MODELO ENEM) Em todas as frases h ideia hiperblica (de exagero), exceto em uma. Assinale a que possua sentido referencial (ou denotativo). a) Voc sempre arranja mil e uma desculpas para no arrumar o quarto! b) Teu pai falou milhes de vezes para voc escovar os dentes depois das refeies! c) Voc quer que eu veja este filme pela milsima vez? d) Durante a partida, o tcnico fez trs substituies no time. e) Para mostrar carto vermelho, o juiz oito ou oitenta! Resoluo O numeral empregado na alternativa d est em linguagem denotativa. As demais alternativas apresentam expresses hiperblicas: mil e uma desculpas, milhes de vezes, milsima vez, oito ou oitenta. Resposta: D
RESTRIES AO LCOOL Merece apoio o movimento "Beba Cidadania", que pretende impor fortes restries propaganda de lcool. Lanada por cerca de 300 entidades entre elas o Conselho Regional de Medicina do Estado de So Paulo e a Universidade Federal de So Paulo) , a iniciativa j recolheu mais de 500 mil assinaturas. A ideia obter 1 milho e sensibilizar o governo federal e o Congresso para limitar a publicidade. Os danos provocados pelo abuso de lcool superam os ocasionados pela soma de todas as drogas ilcitas. Segundo o "Beba cidadania", o lcool responde por mais de 10% dos casos de adoecimento e morte no pas. Provoca 60% dos acidentes de trnsito. Traos de etanol so detectados em 70% dos laudos cadavricos de mortes violentas. O nmero de brasileiros dependentes do lcool estimado em 18 milhes. As pessoas tm evidentemente o direito de beber, mas no precisam ser estimuladas a faz-lo, principalmente os jovens. Estudos mostram que quem comea a beber cedo tem maiores chances de tornar-se alcolatra. Restries publicidade de determinados produtos como cigarros e lcool esto previstas na Constituio (art. 220, pr. 4.). Em teoria, a lei n. 9.294/96 regula a matria, impondo algumas limitaes publicidade etlica. No entanto, este diploma, por fora de poderosos lobbies, criou uma injustificvel excluso: bebidas com teor alcolico inferior a 13 graus Gay Lussac (leia-se, as cervejas) no esto submetidas s restries. A diferena de tratamento no encontra nenhuma justificativa cientfica ou epidemiolgica. O grau de intoxicao de um indivduo funo do volume de lcool por ele ingerido, no da gradao do produto consumido. Espera-se que o "Beba Cidadania" consiga vencer os lobbies e reparar os equvocos da lei n. 9.294. O esprito da restrio propaganda de lcool deve ser o mesmo que praticamente baniu, h alguns anos, a publicidade do tabaco no Brasil. (Editorial, Folha de S.Paulo, 13/9/2006)
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1 O texto anterior contm palavras que indicam quantidade. a) Do primeiro pargrafo, transcreva dois exemplos de numerais cardinais.
RESOLUO: 300, 500 mil e 1 milho.
5 MODELO ENEM) Assinale a incorreta quanto concordncia: a) Foi vaiado pelos milhares de pessoas presentes. b) Eram textos cujos milhes de palavras nada diziam. c) Um quilate de diamante pesa duzentos gramas. d) provvel que 1,2 milhes de eleitores abstenham-se de votar. e) 3,1 milhes de rvores deveriam ser plantadas na cidade de So Paulo. 6 Complete os espaos com os verbos indicados nos parnteses. Use-os no Presente do Indicativo. a) Cerca de 10% _______________________________________ __________________ de votar nas ltimas eleies. (abster-se) b) Apenas 1% no ______________________________________ ______________________________ convocao. (comparecer) c) Somente 40% das pessoas ___________________________ _________________________ na internet de madrugada. (surfar) d) 60% dos usurios __________________________________ ________________________ idade superior a 35 anos. (possuir) e) 30% da populao brasileira ___________________________ ______________________ vtima do analfabetismo funcional. (ser) f) 52% da mo de obra feminina ________________________ __________________________ no mercado de trabalho. (estar)
RESOLUO: a) abstiveram-se; b) compareceu; c) surfam; d) possuem; e) ; f) est. RESOLUO: Resposta: D (1,2 milho) Obs.: As palavras grama, milhar e milho so do gnero masculino.
Consultando um dicionrio, voc vai descobrir que a palavra grau, como muitas outras, polissmica, ou seja, apresenta multiplicidade de sentidos. Com certeza voc conhece alguns deles. Escreva trs frases usando a palavra grau com diferentes acepes.
RESOLUO: A resposta pessoal. O professor deve incentivar os alunos a darem exemplos orais e ir deduzindo com eles o significado da palavra em cada contexto.
3 No segundo pargrafo, os dados porcentuais s no indicam que a ingesto etlica a) a grande responsvel pelos acidentes de trnsito. b) ocasiona a dependncia de aproximadamente 10% dos brasileiros. c) provoca danos que superam os das drogas ilcitas. d) faz parte das estatsticas criminais. e) provoca adoecimento e morte prematuros. 4 a) Qual o tipo de composio do texto? Justifique. b) Resuma o contedo do texto.
RESOLUO: a) Trata-se de um texto dissertativo, em que o editor defende seu ponto de vista acerca da propaganda de lcool. b) Com base em dados estatsticos, o editor comprova os malefcios do lcool e defende a iniciativa do movimento Beba Cidadania, que pretende sensibilizar o governo para que a legislao imponha restries publicidade de bebidas alcolicas. Resposta: E
Concluindo: a) O verbo concorda com o nmero da porcentagem. b) Se o nmero da porcentagem vier seguido de expresso preposicionada, o verbo concorda com a expresso.
7 Sua vizinha, apesar de rica, s almoa em restaurantes de segunda classe. O numeral perde, no contexto da frase, o sentido de ordinal. Explique o sentido da referida palavra.
RESOLUO: A palavra segunda exerce funo de adjetivo para caracterizar o restaurante como de classe inferior, de baixa qualidade.
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(MODELO ENEM) Muitas vezes, o numeral empregado em expresses de sentido intencionalmente exagerado. Tais exageros constituem uma figura de linguagem denominada hiprbole. Assinale a alternativa em que o numeral no tem valor hiperblico. a) Queria querer gritar setecentas mil vezes / Como so lindos, como so lindos os burgueses. (Caetano Veloso) b) A senhora j disse isso mais de cem vezes. (lvaro C. Gomes) c) Oitenta e seis anos e um sorriso enorme, mil dentes, os olhos brilhantes e aquela sabedoria que os anos vo conferindo s pessoas. (Ziraldo) d) Chorei bilhes de vezes com a canseira de inexorabilssimos trabalhos! (Augusto dos Anjos) e) Unicamp recebe 60 mil visitantes. (Folha de S.Paulo, 7/9/2006)
RESOLUO: As expresses hiperblicas enunciadas por meio de numerais so: setecentas mil vezes, cem vezes, mil dentes, bilhes de vezes. Resposta: E
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PORTUGUS
9 a) Imagine que voc j se formou e ingressou no mercado de trabalho. Ao final de algum tempo, consegue economizar o suficiente para comprar um carro, cujo valor de R$ 14.653,16. Voc est na concessionria e vai preencher o cheque abaixo para pagar o bem que voc adquiriu.
RESOLUO: Catorze (ou quatorze) mil, seiscentos e cinquenta e trs reais e dezesseis centavos. Obs.: A forma cincoenta no consta dos dicionrios.
b) Voc se tornou um profissional bem-sucedido e at trocou de carro. Agora resolveu comprar um apartamento de altssimo padro, que custa R$ 1.466.317,00. Preencha o cheque e pague construtora.
RESOLUO: Um milho, quatrocentos e sessenta e seis mil, trezentos e dezessete reais. Obs.: O professor deve observar que, no caso de preenchimento de cheques, pode-se grafar hum, para evitar falsificao.
NUMERAL
Definio
Classificao
Cardinal
Ordinal
Fracionrio
Multiplicativo
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O uso de figuras de linguagem um dos recursos empregados para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. um recurso lingustico para expressar de formas diferentes experincias comuns, conferindo originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso. A utilizao de figuras revela muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo particularidades estilsticas do autor. Quando a palavra empregada em sentido figurado, conotativo, ela passa a pertencer a outro campo de significao, mais amplo e criativo. por isso que, na literatura, so constantes as hiprboles, as comparaes, as metforas, as antteses, bem como outras figuras e recursos prprios para a manifestao das emoes do autor. H figuras que so indiferentemente usadas na descrio, na dissertao e na narrao. Mas h figuras parti-
cularmente importantes para a descrio, como, por exemplo, a metfora, a comparao, a catacrese, a sinestesia, a prosopopeia e a onomatopeia.
1. COMPARAO a figura que consiste em estabelecer uma similaridade entre duas palavras por meio de um nexo ou um conectivo.
O processo comparativo fundamental nos textos descritivos. Nexos mais usados: tal qual, como, como, semelhante a, similar a, parecido com, tem forma de. Exemplos Amou daquela vez como se fosse a ltima. (Chico Buarque) A felicidade como a pluma. (Vinicius de Moraes)
2. METFORA o emprego de um termo que se associa a um outro, por haver alguma semelhana entre ambos, funcionando como uma comparao abreviada de ordem pessoal e subjetiva.
Exemplos Foi um rio que passou em minha vida. (Paulinho da Viola) Eu sou uma ilha longe de voc. (Fernando Brandt) Eu no acho a chave de mim. (Abel Silva)
3. CATACRESE a figura que consiste na utilizao de um vocbulo com sentido inadequado em virtude da inexistncia de palavras que, com preciso, designem os seres referidos. uma figura de linguagem que sefossilizou.
Exemplos Amolar a pacincia Brao do rio, da cadeira Cu da boca Costas do Brasil Embarcar no trem Leito do rio Mo de direo Sacar dinheiro do banco Barriga da perna Cabea de alho Cortina de fumaa Dente de alho Folhas de livro Lngua de fogo Perna da mesa, da cadeira Ventre da terra
Maringela gostou dos sofs da Mobiliria Moderna e Benvenuto Cascadura gostou dos sofs de Maringela. E de sof em sof, casaram-se. (Jos Cndido de Carvalho)
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PORTUGUS
O JARDIM 4. PROSOPOPEIA a metfora que consiste na atribuio de caractersticas humanas a seres inanimados, irracionais ou abstratos. tambm chamada de personificao.
Exemplos Sinto o canto da noite na boca do vento. (Ivone Lara)
Essa a glria do jardim, com roxos queixumes de rolas, pios sbitos, gorjeios melanclicos, voos de silncio, msica de chuva e de vento, dbil queda de folhas secas murmrio de gota de gua na umidade verde dos tanques. (Ceclia Meireles)
6. ONOMATOPEIA a figura que consiste na sequncia de sons que do uma ideia exata ou aproximada do objeto ou ao representados.
Exemplos Sino de Belm, bate bem-bem-bem. (Manuel Bandeira)
(Hermes Fontes)
(ENEM) Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, autor de Bicho urbano, poema sobre a sua relao com as pequenas e grandes cidades.
BICHO URBANO Se disser que prefiro morar em Pirapemas ou em outra qualquer pequena cidade do pas estou mentindo ainda que l se possa de manh lavar o rosto no orvalho e o po preserve aquele branco sabor de alvorada. ..................................................................... A natureza me assusta. Com seus matos sombrios suas guas suas aves que so como aparies me assusta quase tanto quanto esse abismo de gases e de estrelas aberto sob minha cabea.
(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: Jos Olympio Editora, 1991.)
Embora no opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relao do homem com alguns desses elementos, ele recorre sinestesia, construo de linguagem em que se mesclam impresses sensoriais diversas. Assinale a opo em que se observa esse recurso. a) e o po preserve aquele branco / sabor de alvorada. b) ainda que l se possa de manh / lavar o rosto no orvalho c) A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas guas d) suas aves que so como aparies / me assusta quase tanto quanto e) me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas Resoluo Na expresso sabor de alvorada, mesclamse referncias a duas impresses sensoriais diversas. A palavra sabor implica sensao gustativa; alvorada (palavra derivada de alvo) implica sensao visual. Resposta: A
2 (FUVEST MODELO ENEM) A catacrese, figura que se observa na frase: "Montou a cavalo no burro bravo", ocorre em: a) Os tempos mudaram, no devagar depressa do tempo. b) ltima flor do Lcio, inculta e bela, s a um tempo esplendor e sepultura. c) Apressadamente, todos embarcaram no trem. d) mar salgado, quanto do teu sal. e) Amanheceu, a luz tem cheiro. Resoluo Catacrese a figura que consiste na utilizao de um vocbulo com sentido inadequado em virtude da inexistncia de palavras que designem os seres referidos. No enunciado da questo, "Montou... no burro bravo" catacrese, porque o verbo montar refere-se a colocar-se sobre cavalo. O uso, porm, estendeu-se para outras situaes referentes montaria: montar um camelo, montar um elefante etc. O mesmo ocorre com o verbo embarcar, que a princpio se referia a entrar ou colocar-se em embarcao. Hoje, alm de barco, embarca-se em avio, trem ou nibus. Resposta: C
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(FGV-adm.) Com muita cautela, abriu a porta e se viu no meio duma escurido perfumada, duma escurido fresca que cheirava a doces, bolinhos e po. Observe as palavras escurido perfumada. Identifique e explique o recurso estilstico utilizado nesse caso. Resoluo Em escurido perfumada ocorre sinestesia, figura de palavra que consiste na mistura de sensaes. No caso, houve o cruzamento da sensao visual (escurido) com a olfativa (perfumada).
Tarde de olhos azuis e de seios morenos. tarde linda, tarde doce que se admira, Como uma torre de prolas e safira. tarde como quem tocasse violino. (Emiliano Perneta)
Nesses versos, o flagrante apelo aos sentidos humanos, que se misturam e se confundem no efeito emocional que provocam no leitor, caracteriza figura altamente expressiva: a) metonmia. b) anacoluto. c) hiprbato.
d) sinestesia. e) aliterao. Resoluo Alm da sinestesia tarde doce, definida no enunciado como "apelo aos sentidos humanos, que se misturam e se confundem", os versos de Emiliano Perneta tm apstrofes (" tarde linda, tarde doce", " tarde"), comparaes ("Como uma torre de prolas e safira." e "como quem tocasse violino.") e prosopopeia ou personificao ("Tarde de olhos azuis e de seios morenos."). Resposta: D
H um pr de sol de primavera e uma velha casa abandonada. Est em runas. A velha casa no mais abriga vidas em seu interior. Tudo passado. Tudo lembrana. Hoje, apenas almas juvenis brincam despreocupadas e felizes entre suas paredes trmulas. Em seu cho, despido da madeira polida que o cobria, brotam ervas daninhas. Entre a vegetao que busca minimizar as doces recordaes do passado, surge a figura amarela e suave da margarida, flor-mulher. As nuanas de suas cores sorriem e denunciam lembranas de seus ocupantes. A velha casa est em runas. Pssaros saltitam e gorjeiam nas amuradas que a cercam. Seus trinados so melodias no altar do tempo espera de redentoras oraes. Razes vorazes de grandes rvores infiltram-se entre as pedras do alicerce e abalam suas estruturas. Agoniza a velha casa. Agora, somente imagens desfilam, ao longo das noites. As janelas so bocas escancaradas. A casa velha em runas clama por vozes e movimento
(Geraldo M. de Carvalho)
1 Retire do texto anterior exemplos de: a) metfora: margarida, flor-mulher, seus trinados so melodias no altar do tempo, as janelas so bocas escancaradas.
b) prosopopeia: paredes trmulas, As nuanas de suas cores sorriem e denunciam lembranas, Agoniza a velha casa, Razes vorazes de grandes rvores, A casa velha em runas clama por vozes e movimento...
2 Na tirinha acima, que nome recebe o acmulo de metforas que se referem vida?
RESOLUO: Chama-se alegoria (metfora continuada, desenvolvida em outras).
No Portal Objetivo
d) sinestesia: doces recordaes, figura amarela e suave da
margarida.
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PORTUGUS
AGONIZA MAS NO MORRE Samba, Agoniza mas no morre Algum sempre te socorre Antes do suspiro derradeiro Samba, Negro forte, destemido, Foi duramente perseguido Na esquina, no botequim, no terreiro. Samba, Inocente p no cho A fidalguia do salo Te abraou, te envolveu Mudaram toda tua estrutura, Te impuseram outra cultura E voc nem percebeu.
(SARGENTO, Nelson. Sonho de um sambista. Eldorado, 1972.)
INUTILIDADES Ningum coa as costas da cadeira. Ningum chupa a manga da camisa. O piano jamais abana a cauda. Tem asa, porm no voa, a xcara. De que serve o p da mesa se no anda? E a boca da cala se no fala nunca? Nem sempre o boto est na sua casa. O dente de alho no morde coisa alguma. Ah! se trotassem os cavalos do motor... Ah! se fosse de circo o macaco do carro... Ento a menina dos olhos comeria at bolo esportivo e bala de revlver. (Jos Paulo Paes)
3 (UFRJ) O Samba personificado (prosopopeia) em todo o texto. As caractersticas a ele atribudas indicam uma transformao ao longo do tempo. Com base no trecho que vai do verso 5 ao verso 12, compare duas caractersticas que revelem essa transformao. Justifique sua resposta.
RESOLUO: A personificao (ou prosopopeia) ocorre porque, no primeiro momento, o samba caracterizado como "Negro forte, destemido" (verso 6) e "perseguido" (verso 7). Em outro momento, como "inocente" (verso 10), de "p no cho" (verso 10), envolvido pela "fidalguia do salo" (verso 11). O texto mostra, assim, que o samba, ao longo do tempo, foi absorvido pela cultura dominante e que isso comprometeu sua origem popular.
6
Folheada, a folha de um livro retoma o lnguido vegetal da folha folha; e um livro se folheia ou se desfolha como sob o vento a rvore que doa...
(Joo Cabral de Melo Neto)
4 (MODELO ENEM) Os versos acima apresentam, respectivamente, as seguintes figuras: a) Catacrese e metfora. b) Sinestesia e prosopopeia. c) Metfora e onomatopeia. d) Catacrese e comparao. e) Prosopopeia e metfora.
Resposta: D
(FUVEST MODELO ENEM) A prosopopeia, figura que se observa no verso "Sinto o canto da noite na boca do vento", ocorre em: a) "A vida uma pera e uma grande pera." b) "Ao cabo to bem chamado, por Cames, de 'Tormentrio', os portugueses apelidaram-no de 'Boa Esperana'." c) "Uma talhada de melancia, com seus alegres caroos." d) "Oh! eu quero viver, beber perfumes, Na flor silvestre, que embalsama os ares." e) "A felicidade como a pluma..."
RESOLUO: A prosopopeia ou personificao, atribuio de caractersticas humanas a objetos ou entes inanimados, ocorre em "alegres caroos". Na alternativa a, h metfora. Em b, o sentido literal. Na alternativa d, ocorre sinestesia ("beber perfumes") e metfora ("flor silvestre que embalsama os ares"). Na alternativa e, h comparao ou smile. Resposta: C
PORTUGUS
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Adjetivo
Caracterizao Qualificao
Mas a girafa era uma virgem de tranas recm-cortadas. Com a tola inocncia do que grande e leve e sem culpa. A mulher do casaco marrom desviou os olhos, doente, doente. Sem conseguir diante da area girafa pousada, diante daquele silencioso pssaro sem asas sem conseguir encontrar dentro de si ponto pior de sua doena, o ponto mais doente, o ponto de dio, ela que fora ao Jardim Zoolgico para adoecer. Mas no diante da girafa, que era mais paisagem do que ente. No diante daquela carne que se distrara em altura e distncia, a girafa quase verde. Procurou outros animais, tentava aprender com eles a odiar. O hipoptamo, o hipoptamo mido. O rolo rolio de carne, carne redonda e muda esperando outra carne rolia e muda. No. Pois havia tal amor humilde em se manter apenas carne, tal doce martrio em no saber pensar. (Clarice Lispector)
(FUVEST) Destaque do texto dois adjetivos diferentes que, referindo-se respectivamente girafa e ao hipoptamo, expressem a mesma ideia. Qual essa ideia? Resoluo Os adjetivos so silencioso em silencioso pssaro e muda em carne redonda e muda. Esses adjetivos sugerem ideia de recolhimento e, ao mesmo tempo, de paz interior.
a) A malha azul estava molhada. b) O sol desbotou o verde da bandeira. c) Tinha os cabelos branco-amarelados. d) As nuvens tornavam-se cinzentas. e) O mendigo carregava um fardo amarelado. Resoluo Verde, na alternativa b, deixa de ser adjetivo, pois est substantivado pelo artigo o, ou seja, um caso de derivao imprpria ou converso. Resposta: B Leia o texto abaixo e responda s questes e .
Modesto, pintado de um controverso verde e com a fachada em forma de ondas, o edifcio Ypiranga seria mais uma brava reminiscncia da dcada de 50 em Copacabana, na Zona Sul carioca, caso no abrigasse o famoso escritrio de Oscar Niemeyer. Para se chegar toca do Arquiteto do Sculo preciso sair do elevador no nono andar e subir uma escadinha meio rocambolesca, improvvel em projetos arquitetnicos de hoje. Despojado de qualquer sofisticao ou modismo, o escritrio uma lufada de bom gosto, todo branco, com janeles de vidro que emolduram o mar azul. Nas paredes, a marca do dono: retas e curvas em total liberdade a formar desenhos e pilares filosficos (...).
(LOBATO, Eliane. Isto, 16/10/2002. p. 7.) (UEL MODELO ENEM) Sobre o escritrio descrito no texto, correto afirmar: a) Apesar de luxuoso e aconchegante, tem uma decorao bastante comum.
b) O acesso a ele se d por uma escada antiquada para os modernos padres arquitetnicos. c) Sua decorao muito sofisticada e segue as tendncias da moda atual. d) Seu estilo segue o padro convencional da fachada do edifcio. e) Segue as tendncias da moda atual, mas no reflete a personalidade de seu proprietrio. Resoluo O trecho que confirma como se chega ao escritrio de Oscar Niemeyer : ...subir uma escadinha meio rocambolesca, improvvel em projetos arquitetnicos de hoje. Resposta: B
(FGV-SP MODELO ENEM) Assinale a alternativa em que a palavra destacada no tem valor de adjetivo.
(UEL MODELO ENEM) Os adjetivos controverso, brava e rocambolesca utilizados no texto para caracterizar verde, reminiscncia e escadinha podem ser entendidos, respectivamente, como a) escuro, constante e estreita. b) agressivo, desfeita e de metal. c) discutvel, resistente e espiralada. d) espalhafatoso, agradvel e ngreme. e) sombrio, agressiva e fora de moda. Resoluo Alm dos sinnimos apresentados na resposta, controverso significa polmico, duvidoso; brava est em sentido figurado, significa forte e termo empregado para intensificar a expresso reminiscncia da dcada de 50; rocambolesca tem sentido figurado e significa em forma de espiral. Resposta: C
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PORTUGUS
2 Considerando que a locuo da Inglaterra substitui o adjetivo inglesas, que nome recebe essa locuo?
RESOLUO: Recebe o nome de locuo adjetiva, pois tem valor de adjetivo.
(FUVEST) Segundo a ONU, os subsdios dos ricos prejudicam o Terceiro Mundo de vrias formas: 1. mantm baixos os preos internacionais, desvalorizando as exportaes dos pases pobres; 2. excluem os pobres de vender para os mercados ricos; 3. expem os produtores pobres concorrncia de produtos mais baratos em seus prprios pases. (Folha de S.Paulo, 02/11/1997, E-12)
RESOLUO: Consiste no fato de Hagar ter descrito com preciso as mulheres inglesas e em seguida ter confirmado que nem as notou.
4 (UNIV. FED. DE JUIZ DE FORA-MG MODELO ENEM) A respeito da frase: "... eu no sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor..." (Machado de Assis) so feitas as seguintes afirmaes: I. No primeiro caso, autor substantivo; defunto adjetivo. II. No segundo caso, defunto substantivo; autor adjetivo. III. Em ambos os casos tem-se um substantivo composto. Assinale: a) Se I e II forem verdadeiras. b) Se I e III forem verdadeiras. c) Se II e III forem verdadeiras. d) Se todas forem verdadeiras. e) Se todas forem falsas.
Resposta: A
No texto, as palavras destacadas rico e pobre pertencem a diferentes classes de palavras, conforme o grupo sinttico em que esto inseridas. a) Obedecendo ordem em que aparecem no texto, identifique a classe a que pertencem, em cada ocorrncia destacada, as palavras rico e pobre. b) Escreva duas frases com a palavra brasileiro, empregando-a cada vez em uma dessas classes.
RESOLUO: a) Ricos substantivo em "... ricos prejudicam"; pobres adjetivo em "pases pobres"; pobres substantivo em "os pobres"; ricos adjetivo em "mercados ricos"; b) H inmeras possibilidades de construo de frases. O importante que a palavra seja usada ora como substantivo, ora como adjetivo. Exemplos: O brasileiro admira muito futebol. (substantivo) O futebol brasileiro revela, constantemente, grandes jogadores. (adjetivo)
RETRATO Eu no tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro nem estes olhos vazios, nem o lbio amargo. Eu no tinha estas mos sem fora, to paradas e frias e mortas; eu no tinha este corao que nem se mostra. Eu no dei por esta mudana, to simples, to certa, to fcil: Em que espelho ficou perdida a minha face?
(Ceclia Meireles)
5 a) No texto, grife com um trao os adjetivos e com dois as locues adjetivas (expresso constituda de preposio e substantivo que caracteriza o substantivo). b) O que o emprego dos adjetivos e das locues adjetivas sugere no texto?
RESOLUO: a) So adjetivos: calmo, triste, magro, vazios, amargo, paradas, frias, mortas, simples, certa, fcil, perdida. So locues adjetivas: de hoje (adjetivo = hodierno, atual), sem fora (no h adjetivo correspondente, poderia ser trocado por fracas). b) Sugere a amargura, a perda de vitalidade provocada pelo envelhecimento.
7 (UFP MODELO ENEM) A expresso em que a mudana de colocao de seus termos altera por completo o sentido do adjetivo : a) velho fidalgo fidalgo velho. b) ndio tmido tmido ndio. c) corao nobre nobre corao. d) pobre ndio ndio pobre. e) admirao ardente ardente admirao.
Resposta: D
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PORTUGUS
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O homem no um espectador atravs de uma janela, mas penetra na rua. A vista e o ouvido atento transformam mnimas comoes em grandes vivncias. De todas as partes fluem vozes e o mundo inteiro ressoa. Como um explorador que se aventura por territrios desconhecidos, fazemos nossas descobertas no cotidiano. (V. Kandinsky)
1. O que descrio
A descrio um texto, literrio ou no, em que se caracterizam seres, coisas e paisagens. A pormenorizao que individualiza o ser descrito obtida pelo uso de adjetivos, pelas figuras de linguagem e pelos verbos de estado ou condio. Raramente encontramos um texto exclusivamente descritivo. Quase sempre a descrio vem mesclada a outras modalidades de texto, caracterizando uma personagem, detalhando um cenrio, um ambiente ou paisagem, dentro de um romance, conto, crnica ou novela. A descrio pura aparece geralmente como parte de um relatrio tcnico, como no caso da descrio de peas de mqui-
nas, rgos do corpo humano, funcionamento de determinados aparelhos (descrio de processo ou funcional). Dessa maneira, na prtica, seja literria, seja tcnicocientfica, a descrio sempre um fragmento, um pargrafo dentro de uma narrao, parte de um relatrio, de uma pesquisa, de um manual de instrues.
2. O que se descreve
Podemos descrever o que vemos (aquilo que est prximo), o que imaginamos (aquilo que conhecemos, mas no est prximo no momento da descrio) ou o que nossa imaginao cria, qualquer entidade inventada: um ser extraterreno, uma mulher que voc nunca viu, uma habitao futurista, um aparelho inovador etc.
3. Como se descreve
De acordo com os objetivos de quem escreve, a descrio pode privilegiar diferentes aspectos: pormenorizao corresponde a uma persistncia na caracterizao de detalhes; dinamizao a captao dos movimentos de objetos e seres; impresso so os filtros da subjetividade, da atividade psicolgica, interpretando os elementos observados.
4. A organizao da descrio
No processo de composio de uma redao descritiva, o emissor seleciona os elementos e os organiza para levar o receptor a formar ou conhecer a imagem do objeto descrito, isto , a conceb-lo sensorial ou perceptivamente. A descrio fundamentalmente espacial. Podem aparecer ndices temporais, porm sua funo meramente circunstancial: servem apenas para precisar o registro descritivo. Pode ser escrita num nico pargrafo.
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PORTUGUS
Exemplo
No podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranas, com as pontas atadas uma outra, moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo. (Machado de Assis)
b) Sensaes e/ou Percepes Auditivas So muito comuns; esto relacionadas ao som (intensidade, altura, timbre, provenincia, direo, ausncia etc.). Exemplo Essa a glria do jardim, com roxos queixumes de rolas, lamentaes, gemidos pios sbitos, gorjeios melanclicos, repentinos, inesperados voos de silncio, [trinados tristes msica de chuva e de vento, fraca, frgil dbil queda de folhas secas murmrio de gota dgua rudo, burburinho na umidade dos tanques. (Ceclia Meireles) c) Sensaes e/ou Percepes Gustativas Relacionam-se ao gosto, ao paladar (doce, azedo, salgado etc.). Exemplo Martim lho arrebatou das mos, e libou as gotas do verde e amargo licor. (Jos de Alencar) d) Sensaes e/ou Percepes Olfativas Relacionam-se ao cheiro ( o caso de um perfume, o hlito de uma pessoa, o aroma da comida, o odor do campo etc.) Exemplo Perfumes salutares, tonificantes eflvios exalamse da frescura nova, imaculada dos campos, como dum vioso e casto florir de magnlias, na volpia da natureza adormecida numa alvura de linhos, dentre opulncias de Noivados. (Cruz e Sousa) e) Sensaes e/ou Percepes Tteis Resultam do contato da pele com os objetos (a maciez de uma poltrona, dos cabelos, da pele, a aspereza de um piso de cimento, calor, frio, umidade etc.). Exemplo
A cama de ferro; a colcha branca, o travesseiro com fronha de morim. O lavatrio esmaltado, a bacia e o jarro. Uma mesa de pau, uma cadeira de pau, o tinteiro, papis, uma caneta. Quadros na parede. (rico Verssimo) c) Adjetivao: caracterizadores que imprimem qualidade, condio, estado ao nome a que se referem. Exemplo A pele da cabocla era desse moreno enxuto e parelho das chinesas. Tinha uns olhos grados, lustrosos e negros como os cabelos lisos, e um sorriso suave e limpo a animar-lhe o rosto oval de feies delicadas. (rico Verssimo) d) Figuras de linguagem: recursos expressivos, geralmente em linguagem conotativa. As mais usadas na descrio so a metfora, a comparao, a prosopopeia, a onomatopeia e a sinestesia, j estudadas na aula anterior. Exemplo O rio era aquele cantador de viola, em cuja alma se refletia o batuque das estrelas nuas, perdidas no vcuo milenarmente frio do espao... Depois ele ia cantando isso de perau em perau, de cachoeira em cachoeira... (Bernardo lis) e) Sensaes: uso dos cinco sentidos, ou seja, das percepes visuais, auditivas, gustativas, olfativas e tteis.
A tua mo dura como casca de rvore. Rspida e grossa como um cacto. spera, rude Teu aperto de mo machuca a mo celeste, de to agreste e naturalmente por falta de tacto. rstico,
[tosco
(Cassiano Ricardo)
Libou: bebeu. Salutares: fortificantes. Tonificantes: vigorantes. Eflvios: aromas. Volpia: prazer. Opulncias: luxos, abundncias.
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f)
Impresses Psicolgicas Alm das sensaes propriamente ditas, existem as experincias pessoais de espao: trata-se das sensaes de grande/pequeno, alto/baixo, largo/estreito, curto/ comprido etc. A redao descritiva tambm comporta observaes a respeito de sensaes particularmente anali- sadas no ser humano, tais como a alegria, a tristeza, o desnimo, a esperana, a serenidade, que so impresses psicolgicas.
A descrio subjetiva a apreenso da realidade interior, isto , da imagem. O objeto transfigurado pela sensibilidade do emissor-observador. a reproduo do objeto como ele visto e sentido; nesse caso, privilegia-se a linguagem conotativa ou figurada. Esse tipo de descrio apresenta o modo particular e pessoal de o escritor ou redator sentir e interpretar o que descreve, traduzindo as impresses que tem da realidade exterior. Na descrio subjetiva no deve haver preocupao quanto exatido do objeto descrito. O que importa transmitir a impresso que o objeto causa ao observador.
H um pinheiro esttico e exttico, h grandes salso-chores derramados para o cho, e a graa menina de uma cerejeira cor de vinho, que o sol oblquo acende e faz fulgurar; mas o lamo junto do porto tem um vigor e uma pureza que me fazem bem pela manh, como se toda manh, ao abrir a janela, eu visse uma jovem imensa, muito clara, de olhos verdes, de p, sorrindo para mim.
(Rubem Braga) Os valores denotativo (objetivo) e conotativo (subjetivo) podem tambm ser dados pela disposio dos adjetivos na frase. Observe os exemplos: a) Ela uma mulher pobre. (adjetivo posposto, linguagem denotativa, aspecto fsico) b) Ela uma pobre mulher. (adjetivo anteposto, linguagem conotativa, aspecto psicolgico)
NA PEDREIRA Aqui e ali, por toda a parte, encontravam-se trabalhadores, uns ao sol, outros debaixo de pequenas barracas feitas de lona ou de folha de palmeira. De um lado cunhavam pedra cantando; de outro a quebravam a picareta; de outro afeioavam lajedos a ponta de pico; mais adiante faziam paraleleppedos a escopro e macete. (Alusio Azevedo)
DESCRIO OBJETIVA
substantivos concretos adjetivos pospostos linguagem denotativa linguagem com funo referencial perspectiva tcnica, cientfica, geomtrica, anatmica viso fria, isenta e imparcial captao exata frases curtas em ordem direta imagem dimensional
Cunhavam: davam forma. Escopro: ferramenta de ao, cinzel. Macete: martelo de madeira. Esttico: imvel. Exttico: contemplativo, que causa admirao. lamo: tipo de rvore.
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PORTUGUS
1 e 2.
Mas, afinal, as chuvas cessaram, e deu uma manh em que Nh Augusto saiu para o terreiro e desconheceu o mundo: um sol, talqualzinho a bola de enxofre do fundo do pote, marinhava cu acima, num azul de gua sem praias, com luz jogada de um para outro lado, e um desperdcio de verdes c embaixo a manh mais bonita que ele j pudera ver. (...) De repente, na altura, a manh gargalhou: um bando de maitacas passava, tinindo guizos, partindo vidros, estralejando de rir. (Guimares Rosa)
(MODELO ENEM) O trecho acima caracteriza uma paisagem, pormenorizada por meio de linguagem figurada e impresses sensoriais. Pode-se classificar a descrio como
a) objetiva, porque traduz a realidade em linguagem denotativa. b) dinmica, porque predominam trechos em que os seres aparecem em movimento. c) esttica, pois os elementos que compem a paisagem esto imveis. d) subjetiva, pois predomina linguagem conotativa, rica em figuras de linguagem e impresses sensoriais. e) esttica e objetiva, alm da imobilidade dos seres, a linguagem referencial. Resoluo A descrio subjetiva porque a paisagem foi transfigurada pela sensibilidade do narrador. Resposta: D (MODELO ENEM) Nos trechos abaixo, extrados do texto, foram identificadas figuras de linguagem e impresses sensoriais. Assinale a alternativa cuja identificao est incorreta:
a) De repente, na altura, a manh gargalhou... prosopopeia, impresso auditiva. b) ...um sol, talqualzinho a bola de enxofre do fundo do pote,... comparao, impresso visual. c) ...um bando de maitacas passava, tinindo guizos, partindo vidros, estralejando de rir onomatopeia, impresso auditiva. d) ...um sol, (...) marinhava cu acima, num azul de gua sem praias,... metfora, impresso visual. e) ...e um desperdcio de verdes c embaixo... sinestesia, impresso visual. Resoluo Em desperdcio de verdes c embaixo h metonmia, porque o narrador se refere ao predomnio do verde na natureza, vista, portanto, como um todo, sem que se visualizem as partes (rvores, arbustos etc.) que a compem. A impresso que predomina no trecho realmente a visual. Resposta: E
INSNIA Noite. A treva chega de repente, entra pelas janelas, vence a luz da lmpada. Uma friagem doce. A chuva aoita as vidraas. Durmo uns minutos, acordo, adormeo novamente. Neste sono cheio de rudos espaados rolar de automveis, um canto de bbado, lamentaes de outros doentes avultam as pancadas fanhosas do relgio. Som arrastado, encatarroado1 e descontente, gorgolejo2 de sufocao. Nunca houve relgio que tocasse de semelhante maneira. Deve ser um mecanismo estragado, velho, friorento, com rodas gastas e desdentadas. Meu av repreendia numa fala assim lenta e aborrecida quando me ensinava na cartilha a soletrao. Voz autoritria e nasal costumada a arengar3 os pretos da Fazenda, em ordens speras que um pigarro interrompia. O relgio tem aquele pigarro de tabagista velho, parece que a corda se desconchavou4 e a mquina decrpita5 vai descansar. (Graciliano Ramos)
1 Encatarroado: enrouquecido. 2 Gorgolejo: rudo que lembra gargarejo. 3 Arengar: comandar. 4 Desconchavar: desencaixar. 5 Decrpita: muito velha, muito usada.
RESOLUO: O texto apresenta descrio subjetiva, com predomnio de imagens sensoriais e auditivas ("sono, cheio de rudos, um canto de bbado, pancadas fanhosas do relgio, som arrastado"); visuais ("A luz da lmpada, noite"), sinestsicas ("friagem doce", "ordens speras"), misturadas a certas impresses de natureza psquica do autor ("pancadas fanhosas do relgio, sono cheio de rudos").
2 Destaque do texto algumas frases nominais (sem verbo ou com verbos que indicam estado).
RESOLUO: Som arrastado, encatarroado e descontente, gorgolejo de sufocao.
Aps a leitura do texto, voc depreende que o narrador est contando uma histria (narrao), mas nela predominam aspectos descritivos. Voc classificaria essa descrio como objetiva ou subjetiva?
PORTUGUS
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7 (FEI) Aponte no texto expresses que indicam: a) emudecimento do eu lrico diante da tormenta; b) declarao de trgua; c) ideia de morte.
RESOLUO: a) Impossvel descrever a tormenta ou sncope das palavras. b) O arco da aliana, o sinal do armistcio / assinado entre Deus e as suas criaturas. c) ... fotografia do transeunte que a enxurrada engoliu...
5 Quais as sensaes usadas para criar a imagem sinestsica que aparece em "uma friagem doce"?
RESOLUO: H o cruzamento de sensaes por meio da imagem ttil (friagem) e gustativa (doce).
8 (FEI) Que relao h entre rosa dgua (7) e ptalas de fogo (8)?
RESOLUO: Rosa dgua refere-se a aguaceiro, enquanto ptalas de fogo denota raios, relmpagos, configurando ambas a ideia de tormenta.
5 6 7 8 9
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Impossvel descrever a tormenta Sobre a cidade, sobre o arranha-cu de vidro. A hora do pnico. Uma cintilao crua e os fios da iluminao pblica e do [trfego. Sncope das palavras. As ruas so rios, as casas dos pobres Nadam como peixes nos alagadios, rosa dgua Que tombou do ar em ptalas de fogo. (Os jornais naturalmente publicaro amanh a fotografia [do transeunte Que a enxurrada engoliu pela boca de um cano de esgoto) Mas surge o arco-ris, grande flor celeste, Girassol fantstico sobre o arranha-cu de vidro. Arco-ris que fugiu da fbula e da Bblia. O arco da aliana, o sinal do armistcio Assinado entre Deus e as suas criaturas. Arco no cu, e ris em nossos olhos Pra nos lembrar que ainda somos nufragos. No cu o arco do triunfo, em nossa ris A gua do Dilvio Que nos escorre pelos olhos, at hoje. (Cassiano Ricardo)
(...) voc me faz pensar no homem que se veste de mulher no carnaval: o sujeito usa enormes conchas de borracha guisa de seios, desenha duas rodelas de carmim nas faces, riscos pesados de carvo no lugar das pestanas, avoluma ainda com almofadas as bochechas das ndegas, e sai depois por a com requebros de cadeira que fazem inveja mais verstil das cabrochas; com traos to fortes, o cara consegue ser embora se traia nos pelos das pernas e nos pelos do peito mais mulher que muita mulher de verdade.
(Raduan Nassar)
(FEI) Divida o texto em 3 partes, indicando incio e fim. D um ttulo a cada parte.
RESOLUO: 1.a parte: A tormenta (linhas 1 a 10). 2.a parte: A bonana, a calmaria (linhas 11 a 15). 3.a parte: A conscientizao (linhas 16 a 20).
J (CSPER LBERO MODELO ENEM) A propsito do texto acima, podemos dizer que , essencialmente, a) dissertativo. b) narrativo. c) descritivo. d) poema em prosa. e) jornalstico.
Resposta: C
No Portal Objetivo
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PORTUGUS
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Locuo adjetiva
Ampliao do lxico
1 3
Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chal. Na ponta do chal brilhava um grande ovo de loua azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias lmpidos, quando o cu ficava da mesma cor do ovo de loua, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criana, achava essa iluso maravilhosa, e sentia-me completamente feliz. Houve um tempo em que minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? quem as comprava? em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existncia? e que mos as tinham criado? e que pessoas iam sorrir de alegria ao receb-las? Eu no era mais criana, porm minha alma ficava completamente feliz. [...] Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que esto diante de cada janela, uns dizem que essas coisas no existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que preciso aprender a olhar, para poder v-las assim.
(Ceclia Meireles, A arte de ser feliz, Em: Escolha seu sonho, p. 24.) (UFSCar MODELO ENEM) A alternativa que sintetiza mais adequadamente o contedo do texto de Ceclia Meireles : a) Quase sempre, gua mole em pedra dura tanto bate at que fura. b) Os olhos somente veem aquilo para que nossa mente est preparada. c) Ceda tentao; pode ser que ela no se apresente novamente. d) Aquilo que os nossos olhos no veem o nosso corao no sente. e) Quem inteligente no se aborrece em nenhuma circunstncia. Resoluo A frase final do texto refere-se a aprender a olhar para ver aquilo que a autora via, mas outros no. Portanto, a percepo visual depende de estarmos preparados mentalmente preparados para vermos as coisas; ou seja, no basta que as coisas estejam diante de ns, se no estivermos preparados para v-las. Resposta: B
(UFSCar MODELO ENEM) Assinale a alternativa em que o emprego do verbo dar se aproxima mais da maneira como empregado no trecho: Houve um tempo em que minha janela dava para um canal. a) s vezes, minha imaginao dava com ela a sorrir ao meu lado. b) Faz um ano que seu amigo no d sinal de vida. c) Deu na televiso que vai chover amanh tarde. d) No final da corrida, Felipe Massa deu tudo o que pde. e) preciso dar andamento quele seu projeto. Resoluo Em ...minha janela dava para um canal., o sentido de dar para abrir-se para (uma vista); ter vista para ou sobre (Dicionrio Houaiss). Na alternativa a, em ...minha imaginao dava com ela a sorrir..., o sentido de dar com deparar-se com, topar, encontrar (ib.). No o mesmo sentido, mas o que mais se aproxima, pois nas demais alternativas o verbo dar tem sentidos bem diferentes: apresentar (b), ser noticiado (c), esforar-se (d) e conduzir (algo a seu prosseguimento) (e). Resposta: A
Resoluo O adjetivo brancas, caracterizando tanto meias quanto crianas, provoca um sentido dbio, porque no se sabe a que substantivo ele se refere: meias brancas ou crianas brancas. Resposta: B
D a locuo adjetiva correspondente ao adjetivo destacado: a) A chuva, em gotas glaciais, Chora monotonamente. (Manuel Bandeira) Resoluo de gelo. b) As percepes sensoriais, levadas memria, transformam-se em arquivos cognitivos. Resoluo dos sentidos, do conhecimento. c) As guas pluviais correm para juntar-se s fluviais. Resoluo da chuva, dos rios. d) Sua tez nvea dava-lhe uma aparncia espectral. Resoluo
de neve, de fantasma (espectro). e) Nas guas lacustres, havia uma grande variedade pscea. Resoluo do lago, de peixes. f) No aguentava mais a comida insossa e inspida do hospital. Resoluo sem sal, sem gosto.
(UFSCar MODELO ENEM) Na expresso ...um grande ovo de loua azul., o adjetivo azul tanto pode estar modificando loua quanto ovo de loua. Nesse caso, no h prejuzo para o entendimento do texto. Nem sempre, contudo, isso acontece. Assinale a alternativa em que o sentido se modifica conforme o adjetivo afete palavras diferentes. a) Procuram-se vendedores de motos recondicionadas. b) Vendem-se meias para crianas brancas. c) Apoiamos as medidas da comisso nova. d) Vivemos uma poca de mudanas bruscas. e) Fundou-se uma ONG de intenes nobres.
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A LINHA E O LINHO a sua vida que eu quero bordar na minha Como se eu fosse o pano e voc fosse a linha E a agulha do real nas mos da fantasia Fosse bordando, ponto a ponto, nosso dia a dia E fosse aparecendo aos poucos nosso amor Os nossos sentimentos loucos, nosso amor O zigue-zague do tormento, as cores da alegria A curva generosa da compreenso Formando a ptala da rosa da paixo A sua vida, o meu caminho, nosso amor Voc a linha, e eu o linho, nosso amor Nossa colcha de cama, nossa toalha de mesa Reproduzidos no bordado a casa, a estrada, a correnteza O Sol, a ave, a rvore, o ninho da beleza. (Gilberto Gil, Todas as letras )
RESOLUO: Locues adjetivas: do real, da fantasia, do tormento, da alegria, da rosa, da paixo, de cama, de mesa, da beleza. Nem todas as locues adjetivas podem ser substitudas por um adjetivo porque no existe um adjetivo equivalente, ou porque o sentido se alteraria.
(FUVEST MODELO ENEM) Os dois elementos do ttulo representam, no contexto da cano, a) a expectativa de uma parceria solidria, intensa e amorosa. b) os termos de uma contradio que deve ser superada. c) o confronto amoroso de dois destinos incompatveis. d) uma harmonizao ideal, que o cotidiano no permite. e) a falta de contraste entre dois temperamentos.
d) As locues adjetivas da alegria e da beleza poderiam ser substitudas por adjetivos, sem prejuzo do sentido original? Justifique.
RESOLUO: "Da alegria" poderia ser trocada pelo adjetivo alegres (cores alegres), mas o paralelismo com a expresso anterior (zigue-zague do tormento) seria quebrado. Em "ninho da beleza" poderia ser empregado ninho belo. Note, porm, que tambm nesse caso o sentido original seria alterado.
RESOLUO: A linha e o linho representam, metaforicamente, o par afetivo e consolidam a ideia de completude atravs da relao amorosa. Resposta: A
Para interpretar o poema, voc entendeu que o compositor comparou a relao homem/mulher ao linho e linha. Utilizando substantivos e verbos do campo semntico de costura (agulha, ponto a ponto, zigue-zague, bordado, bordando), ele criou uma letra que traduz o que ele espera da relao amorosa. Observe que h apenas dois adjetivos e muitas locues adjetivas. a) Quais so os adjetivos e que substantivos eles qualificam?
RESOLUO: O adjetivo "loucos" qualifica "sentimentos" e "generosa" qualifica "curva".
Agora que voc consegue reconhecer a locuo adjetiva, faa os exerccios seguintes que serviro para ampliar seu vocabulrio. Procure incorporar essas palavras ao seu repertrio lingustico e empreg-las nos textos que voc vai produzir.
3 Grife as locues adjetivas nas frases a seguir e, quando possvel, substitua-as por um adjetivo equivalente, observando a concordncia.*Professor, incentive o aluno a responder e crie
outras frases, oralmente, utilizando os adjetivos encontrados.
b) Grife no prprio texto as locues adjetivas e responda se elas podem ser trocadas por um adjetivo equivalente. Obs.: No se esquea de que locuo adjetiva uma expresso formada de preposio e substantivo que qualifica o substantivo que a antecede.
a) O planeta Vnus, tambm conhecido como Vsper, aparece tarde, por isso conhecido como estrela da tarde.
RESOLUO: da tarde = vespertina
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5 (FECE-Apucarana MODELO ENEM) O adjetivo martimos equivale locuo adjetiva dos mares. Assinale a alternativa em que no h correspondncia entre o adjetivo e a locuo. a) exangue sem sangue b) inodoro sem sabor c) heptico do fgado d) blico da guerra e) pluvial da chuva
RESOLUO: O adjetivo inodoro corresponde locuo adjetiva sem cheiro, e inspido locuo sem sabor. Resposta: B
j) A anlise dos dedos, da pele e do cabelo podia provar se entrara em contato com o produto txico.
RESOLUO: dos dedos = digital; de pele = cutnea ou epidrmica; de cabelo = capilar
(UM-SP) Aponte a alternativa incorreta quanto correspondncia entre a locuo e o adjetivo. a) Glacial (de gelo); sseo (de osso). b) Fraternal (de irmo); argnteo (de prata). c) Farinceo (de farinha); ptreo (de pedra). d) Viperino (de vespa); ocular (de olho). e) Ebrneo (de marfim); inspida (sem sabor).
RESOLUO: O adjetivo viperino corresponde locuo adjetiva de vbora; a locuo adjetiva de vespa relaciona-se ao adjetivo vespdeo. Obs.: a locuo adjetiva de abelha corresponde ao adjetivo apcola. Resposta: D
4 Substitua a expresso destacada por um adjetivo correspondente, fazendo as adaptaes necessrias. a) A guerra causa sempre males sem medida.
RESOLUO: males incomensurveis ou imensurveis
No Portal Objetivo
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No mdulo 14, estudamos a importncia das impresses sensoriais na descrio. Aps esse estudo, que nos mostrou como melhor caracterizar e especificar os seres, abordamos, neste mdulo, a DESCRIO ESTTICA e a DESCRIO DINMICA. Observe que os tipos de descrio (subjetiva, objetiva, esttica ou dinmica) podem ser usados na caracterizao do cenrio, do ambiente, da paisagem, dos seres humanos, dos objetos.
A chamin da fbrica elevava-se a distncia. Anncios verdes, vermelhos, acendiam-se e apagavam-se. O letreiro de um jornal reluzia em frente, num quinto andar. quela hora o elevador enchia-se, tipos suados, de roupas frouxas, entravam e saam. Os nibus e os bondes moviam-se devagar, como formigas... (Graciliano Ramos)
Portanto, preciso ter visto realmente o que se procura pintar com palavras, ou evocar uma imagem (traz-la lembrana) de tal forma que, dentro de ns, se forme exatamente o quadro a ser descrito. Vamos agora, com exerccios, descobrir o que descrio esttica e descrio dinmica.
A mata agita-se, revoluteia, contorce-se toda e sacode-se! A mata est hoje como uma multido em delrio coletivo. S uma toua de bambus, parte, Balouava levemente levemente levemente E parece sorrir do delrio geral. (Manuel Bandeira)
1.
2.
Narizinho correu os olhos pela assistncia. No podia haver nada mais curioso. Besourinhos de fraque e flores na lapela conversavam com baratinhas de mantilha e miostis nos cabelos. Abelhas douradas, verdes e azuis, falavam mal das vespas de cintura fina achando que era exagero usarem coletes to apertados. Sardinhas aos centos criticavam os cuidados excessivos que as borboletas de toucados de gaze tinham com o p das suas asas. Mamangavas de ferres amarrados para no morderem. E canrios cantando, e beija-flores beijando flores, e camares camaronando, e caranguejos caranguejando, tudo que pequenino e no morde, pequeninando e no mordendo. (LOBATO, Monteiro. Reinaes de Narizinho. So Paulo: Brasiliense, 1947.)
(ENEM) No ltimo perodo do trecho, h uma srie de verbos no gerndio que contribuem para caracterizar o ambiente fantstico descrito. Expresses como camaronando, caranguejando e pequeninando e no mordendo criam, principalmente, efeitos de a) esvaziamento de sentido. b) monotonia do ambiente. c) estaticidade dos animais. d) interrupo dos movimentos. e) dinamicidade do cenrio. RESOLUO: Os neologismos camaronando, caranguejando e pequeninando e no mordendo, criados a partir de substantivos e adjetivos, imprimem movimento descrio, por meio da pura enunciao das aes expressa pelos gerndios. Resposta: E
CORDES Era em plena rua do Ouvidor. No se podia andar. A multido apertava-se, sufocada. Havia sujeitos congestionados, forando a passagem com os cotovelos, mulheres afogueadas, crianas a gritar, tipos que berravam pilhrias. A pletora da alegria punha desvarios em todas as faces. Era provvel que do largo de So Francisco rua Direita danassem vinte cordes e quarenta grupos, rufassem duzentos tambores, zabumbassem cem bombos, gritassem cinquenta mil pessoas. A rua convulsionava-se como se fosse fender, rebentar de luxria e de barulho. A atmosfera pesava como chumbo. [...] Serpentinas riscavam o ar; homens passavam empapados d'gua, cheios de confete; mulheres de chapu de papel curvavam as nucas etila dos lana-perfumes, frases rugiam cabeludas, entre gargalhadas, berros, uivos, guinchos. (Joo do Rio, "A Alma Encantadora das Ruas")
passado. e) narrativo-descritivo aes pontuais, concludas no passado. RESOLUO: Os verbos empregados na caracterizao do cordo carnavalesco so de ao, o que impe dinamismo descrio. Os verbos no pretrito imperfeito indicam aes em processo no passado. Resposta: B Leia o seguinte trecho para responder s quesa . tes de
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Imediatamente ps-se a danar, tinha a dana dentro de si, os ps criando passos, o corpo solto, as mos batendo o ritmo. Gabriela olhava; com ela era igual, no se conteve. Abandonou tabuleiros e panelas, salgados e doces, a mo a suspender a saia. Gabriela volteava, a saia voando, os braos indo e vindo, o corpo a dividir-se e a ajuntar-se, as ancas a rebolar, a boca a sorrir.
H repouso ou movimento no trecho transcrito? Resoluo Movimento. Qual a palavra, no texto, que d movimento, carter dinmico descrio? Resoluo O verbo. Grife os verbos do texto. Resoluo Ps-se a danar, as mos batendo, a mo a suspender a saia, volteava, voando, indo e vindo, dividir-se, ajuntar-se, rebolar.
(MODELO ENEM) O fragmento acima pode ser classificado, quanto ao tipo de composio, como ______________________ e o emprego de verbos no pretrito imperfeito indica __________________________ . Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas da frase acima. a) narrao aes concludas no passado. b) descrio dinmica aes em decurso no passado. c) dissertao simultaneidade de aes no passado. d) descrio esttica aes hipotticas no
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(Jorge Amado)
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PORTUGUS
Era o casaro clssico das antigas fazendas negreiras1. Assobradado, com paredes de pedra at meia altura e dali em diante de pau a pique2. Janelas e portas em arco, com bandeiras em pandarecos. Pelas fendas da pedra, amoitavam-se samambaias e avenquinhas raquticas3. porta da entrada, havia uma escadaria dupla, com alpendre4 e parapeito5 desgastados.
(Monteiro Lobato)
1 Fazendas negreiras: fazendas que usavam o trabalho escravo. 2 Pau a pique: parede de ripas ou varas entrecruzadas e barro. 3 Raquticas: fracas. 4 Alpendre: varanda. 5 Parapeito: apoio da janela, muro ou parede altura do peito.
O escorpio rodou sobre si mesmo, erguendose nas patas traseiras, procurando uma sada. A cauda contraiu-se desesperadamente. Encolheu-se. Investiu em meio das chamas que se apertavam mais. (Lygia Fagundes Telles)
Assim, podemos observar que tambm h textos que estimulam a percepo de uma realidade em movimento, em que os seres surgem em movimento; a chamada descrio dinmica ou animada.
Texto para as questes de 4 a 9.
1 2
RESOLUO: Em repouso.
3 Perceba que o texto apresenta frases nominais, ou seja, frases sem verbo. Cite alguns exemplos.
RESOLUO: Assobradado, com paredes de pedra at meia altura e dali em diante de pau a pique. Janelas e portas em arco, com bandeiras em pandarecos.
O vendedor de jornais o tipo mais despreocupado e alegre do mundo. Tem uma alma de pssaro () garoto de dez anos, brasileirito trfego1, ativo, tagarela como uma pega2, travesso como um tico-tico. Est sempre a rir, sempre a cantar. Canta o dia inteiro, num tom arrastado, apregoando3 as revistas que vende. Por aqui, por ali, vai, vem, corre, galopa, atravessa as ruas com uma rapidez de raio, persegue os veculos, desliza entre os automveis como uma sombra. Parece invulnervel4. assim uma espcie de pensionista do pblico arrebata as pontas de charuto que jogam rua e surrupia5, para revender, os jornais que se deixam esquecidos nos bancos dos passeios. Se pode, socapa6, deita mo a7 alguma dessas pirmides de frutos que sedutoramente se elevam s portas das mercearias.
(Graciliano Ramos, Linhas Tortas)
1 Trfego: traquinas; levado; irrequieto. 2 Pega: espcie de pssaro. 3 Apregoando: divulgando; publicando. 4 Invulnervel: aquele que no atacado ou ferido. 5 Surrupia: (pop.) furta. 6 socapa: furtivamente; s escondidas. 7 Deita mo a: apodera-se indevidamente.
4 Aponte os pormenores da descrio que justificam a comparao do pequeno jornaleiro com os pssaros.
RESOLUO: alma de pssaro, tagarela como uma pega, travesso como um tico-tico.
Magra, gil, elegante, Lol era feia de rosto, mas os olhos somente os olhos eram grandes, imensamente negros, faziam-na bela. O pai rico, bastante rico, a sua casa, recm-construda, era a mais bonita da rua, branca, com beirais azuis, um jeito de casa de boneca. (Marques Rebelo)
Depois da leitura atenta dos textos, podemos concluir que a descrio esttica reproduz os seres em sua mera aparncia material, sem situ-los em atividade com outros seres. Dessa forma, podemos reproduzir, pela descrio esttica, um animal, um ser humano, um objeto, uma cena, uma paisagem, um ambiente.
6 O que podemos concluir pela observao dos dois ltimos pargrafos do texto?
RESOLUO: Apresentaram uma srie de verbos para o mesmo sujeito. Essa sucesso mostra a ligeireza, a mobilidade, as diferentes aes do menino.
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7 As qualidades e as caractersticas permitem distinguir e conhecer os objetos e os seres. Elas podem ser constitudas por uma nica palavra adjetivo ou um grupo de palavras locuo adjetiva. Retire do texto: a) cinco adjetivos que caracterizam o pequeno jornaleiro.
RESOLUO: trfego, ativo, tagarela, despreocupado, alerta.
Grife as qualidades do substantivo brasileirito no seguinte trecho: garoto de dez anos, brasileirito trfego, ativo, tagarela como uma pega, travesso como um tico-tico.
9 Predomina no texto a descrio dinmica ou esttica? Justifique sua resposta com exemplos.
RESOLUO: Predomina a descrio dinmica. Est sempre a rir, sempre a cantar, Por aqui, por ali, vai, vem, corre, galopa, atravessa as ruas (...), persegue os veculos, desliza entre os automveis (...)
O TERRITRIO O trem de ferro partia cedo, acordando Ilhus, os trilhos na terra esbranquiada do mar. Rompia lguas, a mquina fervendo, as vilas e arruados ficando atrs. Internava-se pouco a pouco na mata, fumaa e p nos vages, seu apito gritando nos campos. Os cacaueiros escuros, casas em solido, bolses de capim alto. Ele passava, homens a sua carga, a selva ainda como nascera, virgem e sem caminhos. Estacava na ponta dos trilhos, o rio ali se alargava, os grapinas1 esperavam. A ltima estao, um arruado de casas pobres, casebres arruinados, cor-de-chumbo a terra. Sequeiro, lugar de guerras, muito sangue no cho, as balas dos rifles nas paredes, cheiro de cacau no calor pesado. Aqui comea o territrio o menino sabia. ............................................................................................ Grande e selvagem o territrio. Viajar, percorrendo-o nos vales e nos flancos da selva, era conhecer lajedos fechando as passagens e deter-se para v-lo melhor. Sua aspereza, a fora, seus viventes. Ningum fraco em suas fronteiras, nem mesmo os pssaros, muito menos os homens. A plvora na aguardente uma bebida, o domador to selvagem quanto o cavalo, o gavio se fazia rei porque matava. Era assim o territrio.
(FILHO, Adonias. Lguas da promisso. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1968.)
1 Grapina: nome dado pelos sertanejos aos habitantes do litoral.
J (FGV MODELO ENEM) Um dos principais recursos utilizados pelo autor para descrever o espao em que se d a ao o uso reiterado de a) adjetivos antepostos. b) oraes subordinadas. c) frases nominais. d) advrbios de lugar. e) verbos no presente.
RESOLUO: O emprego de frases nominais (sem verbo) um recurso evidente do texto, repetido saciedade. Construes nominais se encontram dentro de perodos que contm tambm oraes (...os trilhos na terra esbranquiada do mar, no primeiro perodo) ou constituem perodos inteiros, sem uma orao sequer (Os cacaueiros escuros, casas em solido, bolses de capim alto.). Resposta: C
Resumindo Como j foi dito, ler ou elaborar um texto descritivo formar ou conhecer a imagem visual de uma realidade espacial. H textos descritivos que fornecem estmulos para a visualizao de uma realidade fixa, parada (esttica) e h textos descritivos que excitam a visualizao de uma realidade em movimento, em processo (dinmica). Na descrio esttica, predominam: formas nominais, verbos que indicam estado ou fenmeno. Na descrio dinmica, predominam: a) nomes que denotam aes, movimentos, processos etc. Por exemplo: queda, salto, pulo, travessia, vento, chuva, saltitante, rpido, veloz etc. b) verbos que denotam ao, movimento. Por exemplo: ir, cair, pular, atravessar, correr, escorregar etc.
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Adjetivo composto
1.
E todo aquele retintim de ferramentas, e o marchar da forja, e o coro dos que l em cima brocavam1 a rocha para lanar-lhe fogo, e a surda zoada ao longe, que vinha do cortio, como de uma aldeia alarmada; tudo dava a ideia de uma atividade feroz, de uma luta de vingana e de dio. Aqueles homens gotejantes de suor, bbedos de calor, desvairados de insolao a quebrarem, a espicaarem, a torturarem a pedra, pareciam um punhado de dem- nios revoltados na sua impotncia contra o impassvel gigante que os contemplava com desprezo, imperturbvel a todos os golpes e a todos os tiros que lhe desfechavam no dorso, deixando sem um gemido que lhe abrissem as entranhas de granito. (Alusio Azevedo, O Cortio)
1 Brocar: perfurar com broca. (MODELO ENEM) Considere as seguintes proposies: I. O trecho descreve o trabalho rduo de homens em uma pedreira. II. A pedreira apresenta caractersticas de um ser animado. III. A impresso sensorial mais explorada a visual. IV. A impresso sonora predomina no primeiro perodo. Est correto o que se afirma em a) I e II, apenas. b) II e III, apenas. c) I, III e IV, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. Resoluo O narrador, explorando as sensaes visual e sonora, descreve o trabalho de homens em uma pedreira, que personificada. Resposta: E As questes de nmeros de So Carlos UFSCar.
Diversos do Dirio de Pernambuco, leio o nome do sujeito: Joo da Silva. Morava na rua da Alegria. Morreu de hemoptise. (...) Joo da Silva Nunca nenhum de ns esquecer seu nome. Voc no possua sangue azul. O sangue que saa de sua boca era vermelho vermelhinho da silva. Sangue de nossa famlia. Nossa famlia, Joo, vai mal em poltica. Sempre por baixo. Nossa famlia, entretanto, que trabalha para os homens importantes. A famlia Crespi, a famlia Matarazzo, a famlia Guinle, a famlia Rocha Miranda, a famlia Pereira Carneiro, todas essas famlias assim so sustentadas pela nossa famlia. Ns auxiliamos vrias famlias importantes na Amrica do Norte, na Inglaterra, na Frana, no Japo. A gente de nossa famlia trabalha nas plantaes de mate, nos pastos, nas fazendas, nas usinas, nas praias, nas fbricas, nas minas, nos balces, no mato, nas cozinhas, em todo lugar onde se trabalha. Nossa famlia quebra pedra, faz telhas de barro, laa os bois, levanta os prdios, conduz os bondes, enrola o tapete do circo, enche os pores dos navios, conta o dinheiro dos bancos, faz os jornais, serve no Exrcito e na Marinha. Nossa famlia feito Maria Polaca: faz tudo. Apesar disso, Joo da Silva, ns temos de enterrar voc mesmo na vala comum. Na vala comum da misria. Na vala comum da glria, Joo da Silva. Porque nossa famlia um dia h de subir na poltica...
(BRAGA, Rubem. Luto da famlia Silva. Apud: Para gostar de ler. 4.a ed. So Paulo: tica, 1984, v. 5, p. 44-5.) (UFSCar MODELO ENEM) A leitura do texto permite afirmar que o autor a) quis desqualificar as famlias no importantes, como a Silva. b) pretendeu enaltecer a tradio de famlias importantes na histria brasileira. c) explicitou a submisso dos pases da Amrica do Sul aos da Amrica do Norte. d) props uma reflexo sobre diferenas sociais, sugeridas tambm pelos nomes de famlia. e) enfatizou a importncia de se melhorarem os Silva para entrarem na poltica.
Resoluo O confronto entre o nome comunssimo (Joo da Silva) e os nomes de prestgio , essencialmente, uma contraposio entre despossudos e privilegiados ou, em outros termos, entre pobres e ricos. Resposta: D (UFSCar MODELO ENEM) No texto, a expresso vermelhinho da silva traduz a ideia de a) intensidade. b) carinho. c) pequenez. d) ironia. e) desprezo. Resoluo Uma das funes do diminutivo expressar intensidade (vermelhinho quer dizer muito vermelho). O sintagma da Silva usado com a mesma funo intensificadora, na linguagem coloquial popular. Resposta: A (UFSCar MODELO ENEM) O texto estrutura-se na oposio entre os Silva e as demais famlias. Essa relao revela-se em a) vai mal em poltica e h de subir na poltica. b) em todo lugar onde se trabalha e a gente de nossa famlia trabalha nas plantaes de mate. c) vermelhinho da silva e sangue azul. d) vala comum da misria e vala comum da glria. e) vermelho e vermelhinho da silva. Resoluo Os dois qualificativos aplicados a sangue significam, respectivamente, sem e com nobreza, ou seja, indicam posio social inferior e superior. Resposta: C
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foram
LUTO DA FAMLIA SILVA A Assistncia foi chamada. Veio tinindo. Um homem estava deitado na calada. Uma poa de sangue. A Assistncia voltou vazia. O homem estava morto. O cadver foi removido para o necrotrio. Na seo dos Fatos
5 (UFSCar MODELO ENEM) A orao faz tudo, em destaque no texto, assume a funo de a) resumir e comentar informaes anteriores. b) retomar e sintetizar informaes anteriores. c) expandir e explicar informaes anteriores. d) explicar e comentar informaes anteriores. e) retomar e explicar informaes anteriores. Resoluo Todas as mltiplas e variadas aes atribudas famlia de Joo da Silva so retomadas e resumidas em faz tudo. Resposta: B
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TREM DAS CORES A franja da encosta Cor de laranja Capim rosa-ch O mel desses olhos luz Mel de cor mpar O ouro ainda no bem verde da serra A prata do trem A lua e a estrela Anel de turquesa Os tomos todos danam Madruga Reluz neblina Crianas cor de rom Entram no vago O oliva da nuvem chumbo Ficando Pra trs da manh E a seda azul do papel Que envolve a ma As casas to verde e rosa que vo passando ao nos ver passar Os dois lados da janela E aquela num tom de azul quase inexistente, azul que no h Azul que pura memria de algum lugar Teu cabelo preto Explcito objeto Castanhos lbios Ou, pra ser exato Lbios cor de Aa E aqui trem das cores Sabe os projetos Tocar na Central E o cu de um azul celeste celestial (Caetano Veloso)
A letra de msica acima explora os aspectos cromticos dos seres e da paisagem captados pelo observador durante uma viagem de trem.
d) Alguns substantivos foram adjetivados para indicar cor. Transcreva-os acompanhados dos substantivos que qualificam.
RESOLUO: "capim rosa-ch", "olhos luz", "nuvem chumbo", "casas... rosa".
e) Passando para o plural as expresses que esto no singular, tm-se: capins rosa-ch, nuvens chumbo, casas rosa. O que se observa ao flexionar em nmero as expresses?
RESOLUO: Observa-se que os substantivos usados como adjetivos para indicar cor ficam invariveis.
2 Observe agora os exemplos abaixo e defina uma regra. a) As camisetas amarelo-canrio coloriam o estdio. Os ternos cinza-claro esto na moda.
RESOLUO: Se o adjetivo composto indicando cor contiver um substantivo, a expresso fica invarivel.
b) A blusa verde-clara combina com seu olhos. Os olhos castanho-escuros contrastavam com sua pele clara.
RESOLUO: Se o adjetivo composto indicando cor for formado por dois adjetivos, apenas o ltimo elemento varia.
Preencha as lacunas dos exerccios abaixo, empregando os adjetivos entre parnteses como compostos. Observe a concordncia com o substantivo. a) O Estatuto da Igualdade Racial um projeto de lei que estabelece polticas para favorecer a populao _____________ ____________________________________ (africano e brasileiro) b) Durante a Copa, a torcida foi ___________________________ __________________________________ (portugus e brasileiro) c) Os hospitais da rede pblica tm escassez de salas _____________________________________ (mdico e cirrgico) d) Indivduos ___________________________________________ tm dificuldade em encontrar trabalho. (surdo e mudo) e) Os candidatos sempre prometem resolver os problemas ____________________________________ (social e econmico) f) O comrcio __________________________________________ tem sido intenso. (China e Japo) g) Os acordos de exportao ____________________________ ___________________ tm sido promissores. (Japo e Brasil)
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c) Passe para o plural as expresses abaixo extradas do texto: seda azul: sedas azuis cabelo preto: cabelos pretos
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PORTUGUS
(MODELO ENEM) Com base na regras estudadas nesta aula, assinale a alternativa incorreta. a) atitudes antissociais. b) esforos sobre-humanos. c) cursos tcnico-profissionalizantes. d) atitudes cmica-irnicas. e) bolsas roxo-escuras.
RESOLUO:O ltimo elemento do adjetivo composto concorda em gnero e nmero com o substantivo que o antecede. Resposta: D (cmico-irnicas)
J a) livros anglo-saxes. b) comrcio sino-ingls. c) acordos franco-japoneses. d) exportao nipo-espanhola. e) comunidades germanas-polonesas.
Resposta: E (germano-polonesas)
(FGV-SP MODELO ENEM) Assinale a alternativa gramaticalmente correta. a) Na Aliana Lusa-brasileira, os porteiros usavam ternos azuismarinhos e as recepcionistas, saias azuis-paves. b) Na Aliana Luso-brasileira, os porteiros usavam ternos cinzaschumbos e as recepcionistas, saias verdes-olivas. c) Na Aliana Luso-brasileira, os porteiros usavam ternos cinzachumbo e as recepcionistas, saias verde-oliva. d) Na Aliana Lusa-brasileira, os porteiros usavam ternos cinzaschumbo e as recepcionistas, saias verdes-oliva. e) Na Aliana Luso-brasileira, os porteiros usavam ternos cinzachumbos e as recepcionistas, saias verde-olivas.
Resposta: C (verde-oliva)
RESOLUO: A frase apresentada na alternativa c est correta, pois: I. em Aliana Luso-brasileira, ocorre apenas a flexo do ltimo elemento do adjetivo composto luso-brasileiro. II. Em ternos cinzachumbo e saias verde-oliva, os segundos elementos (chumbo e oliva) no variam por tratar-se de substantivos. Resposta: C
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Descrio de pessoa
Num texto narrativo, os trechos descritivos enriquecem a histria, detalhando ambientes, paisagens, objetos e personagens. No se deve abusar da descrio, principalmente na narrao escolar, em que o texto deve ter por volta de 30 linhas. Bastam algumas pinceladas sugestivas para, com originalidade, caracterizar uma personagem. Pode-se, por exemplo, salientar o que ela tem de mais expressivo: moa morena, de cabelos lisos e boca carnuda e sensual; um rapaz alto, desengonado dentro de um terno listrado que parecia menor que ele; uns olhos castanhos e meigos; um rosto redondo e corado, parecia uma criana; usava roupas amplas que lembravam a dos hippies; um negro alto e magro que ao sorrir mostrava apenas os dois dentes que tinha na frente. O texto abaixo apresenta pormenores fsicos de uma personagem. Note que uma descrio objetiva em linguagem denotativa. Texto 1
CHICO-JUCA O Chico-Juca era pardo, alto, corpulento, de olhos avermelhados, longa barba, cabelo cortado rente; trajava sempre jaqueta branca, cala muito larga nas pernas, chinelas pretas e um chapelinho branco muito banda. (Manuel Antnio de Almeida)
Observe, no texto abaixo, os pormenores psicolgicos destacados. A descrio subjetiva, vazada em linguagem conotativa. Texto 2
Nesse tempo meu pai e minha me estavam caracterizados: um homem srio, de testa larga, uma das mais belas testas que j vi, dentes fortes, queixo rijo, fala tremenda; uma senhora enfezada, agressiva, ranzinza, sempre a mexer-se, bossas na cabea mal protegida por um cabelinho ralo, boca m, olhos maus que em momentos de clera se inflamavam com um brilho de loucura. Esses dois entes difceis ajustavam-se. (Graciliano Ramos)
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COMO DESCREVER UMA PESSOA Introduo viso do conjunto: gordo/magro; alto/baixo; loiro/moreno etc. (aspectos de carter geral). rosto: cabelo, olhos, boca etc. braos, mos, dedos, pernas, ps. x postura do corpo, maneira de Desenvolvimento vestir, andar e falar. x personalidade, temperamento, carter, preferncias, inclinaes, objetivos, comportamento, defeitos, virtudes, ndole. Concluso considera-se concludo o texto quando se completa a caracterizao.
dos ombros tivesse subido por ele, como cheia em torno de pilastra de ponte. Do inventrio lexical adjetivos, verbos e substantivos usado para se autodefinir, resultam impresses de desencanto, desalento e tristeza: Sua expresso, dentro do empapuamento e sob o cenho fechado, de tristeza e tem um qu da mscara de choro de teatro. Uma imagem caricatural surge da dimenso hiperblica dos traos: ventas arreganhadas; A boca tambm despencou (); tem mais ou menos a forma de um V muito aberto. Metforas de grande expressividade traduzem a viso amarga e angustiante da senectude: Dolorosamente encaro o velho que tomou conta de mim e vejo que ele foi configurado custa de uma espcie de desbarrancamento, avalanche, desmonte queda dos traos e das partes moles deslizando sobre o esqueleto permanente. Eroso. (Thas Montenegro Chinellato) Caricatura
CABELOS COMPRIDOS Coitada da Das Dores, to boazinha Das Dores isso, s isso boazinha. No possui outra qualidade. feia, desengraada, inelegante, magrrima, no tem seios, nem cadeiras, nem nenhuma rotundidade posterior; pobre de bens e de esprito; e filha daquele Joaquim da Venda, ilhu de burrice ebrnea isto , dura como o marfim. Moa que no tem por onde se lhe pegue fica sendo apenas isso boazinha. Coitada da Das Dores, to boazinha S tem uma coisa a mais que as outras cabelo. A fita da sua trana toca-lhe a barra da saia. Em compensao, suas ideias medem-se por fraes de milmetro, to curtinhas so. Cabelos compridos, ideias curtas j o dizia Schopenhauer. A natureza ps-lhe na cabea um tabloide homeoptico de inteligncia, um grnulo de memria, uma pitada de raciocnio e plantou a cabeleira por cima. Essa mesquinhez por dentro. Por fora ornou-lhe a asa do nariz com um gro de ervilha, que ela modestamente denomina verruga, arrebitou-lhe as ventas, rasgou-lhe boca de dimenses comprometedoras e deu-lhe uns ps Nossa Senhora, que ps! E tantas outras pirraas lhe fez que ao v-la todos dizem comiserados: Coitada da Das Dores, to boazinha (Monteiro Lobato) O humor debochado despontou da esdrxula caracterizao da personagem. O discurso direto reiterado ( Coitada da Das Dores) reproduz uma impresso generalizada (ao v-la todos dizem comiserados) que se confirma nas caracterizaes particulares do observador: feia, desengraada, inelegante, magrrima (). A combinatria vocabular tpica da capacidade inventiva de Monteiro Lobato: ilhu de burrice ebrnea, um tabloide homeoptico de inteligncia, um grnulo de memria, ornou-lhe a asa do nariz com um gro de ervilha. A linguagem envolve o leitor, pois instaura a comicidade que torna inventiva e original a viso caricatural de uma figura feminina. (Thas Montenegro Chinellato)
Leia atentamente os trechos descritivos a seguir e observe os aspectos selecionados pelos autores para caracterizarem, de forma singular, suas personagens. Autorretrato
Passo ento inspeo. O vidro me manda a cara espessa dum velho onde j no descubro o longo pescoo do adolescente e do moo que fui, nem seus cabelos to densos que pareciam dois fios nascidos de cada brilho. Castanho, meu velho moreno corado. A beialhada sadia... Hoje o pescoo encurtou, como se a massa dos ombros tivesse subido por ele, como cheia em torno de pilastra de ponte. Cabelos brancos to rarefeitos que o crnio aparece dentro da transparncia que eles fazem. Olhos avermelhados, esclerticas sujas. Sua expresso, dentro do empapuamento e sob o cenho fechado, de tristeza e tem um qu da mscara de choro do teatro. () Par de sulcos fundos saem dos lados das ventas arreganhadas e seguem com as bochechas cadas at o contorno da cara. A boca tambm despencou e tem mais ou menos a forma de um V muito aberto. Dolorosamente encaro o velho que tomou conta de mim e vejo que ele foi configurado custa de uma espcie de desbarrancamento, avalanche, desmonte queda dos traos e das partes moles deslizando sobre o esqueleto permanente. Eroso. (Pedro Nava)
Compondo seu autorretrato, Pedro Nava empreende um percurso pattico sobre os reflexos do prprio rosto, desvendando-lhe as marcas do tempo. A juventude lembrada para pr em relevo a velhice: j no descubro o longo pescoo do adolescente e do moo que fui. As comparaes produzem uma imagem exacerbada da senilidade: Hoje o pescoo encurtou, como se a massa
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Tipo L vem ele. E ganjento, pilantra: roupinha de brim amarelo, vincada a ferro; chapu tombado de banda, leno e caneta no bolsinho do jaqueto abotoado; relgio de pulso, pegador de monograma na gravata chumbadinha de vermelho. (Mrio Palmrio) Se a caricatura a exorbitncia nos traos definidores de uma personagem, o tipo a representao ou o modelo que se firmou culturalmente, sobretudo nas artes e na literatura. O despojamento e a irreverncia da malandragem tm nos gestos e nas roupas a sua expressividade maior: vinco, chapu de banda, leno e caneta mostra, jaqueto abotoado, relgio de pulso e pegador de gravata. O observador explora visualmente esses adereos que tipificam o malandro.
A roupa um recurso de aparncia que a literatura brasileira consagrou no tipo que vive de expedientes e abusa da confiana alheia. Algumas das caractersticas do tipo so bem exageradas pelo escritor para que o leitor perceba com clareza a pluraridade de pessoas que esto sendo representadas naquele momento. As novelas televisivas exploram intensamente o tipo. Observe a novela a que voc est assistindo e atente para os tipos presentes. comum haver uma solteirona com chiliques; ou um poltico corrupto que, com uma retrica vazia e cheia de clichs, ilude o povo; ou um beberro que mais lcido do que as outras personagens; ou ainda uma fofoqueira que no leva e traz acaba movimentando a histria e provocando vrias cenas de suspense. So, enfim, os tipos que do vida, colorido e humor a muitas histrias.
Tipo e personagem no so sinnimos. Personagem tem sentido especfico: o indivduo com caractersticas prprias, inconfundveis. Tipo tem sentido geral: modelo, o indivduo que possui em elevado grau os caracteres essenciais ou distintivos de todos os indivduos da mesma espcie. D-se conta dos tipos populares existentes em todos os grupos humanos, como: poltico, mendigo, malandro, pescador, beata, curandeira, parteira, fofoqueira etc. Tipo e caricatura so personagens simplificadas, isto , caracterizadas com poucos traos e que geralmente se prestam ao humor ou crtica social. A caricatura enfatiza aspectos ridculos do ser humano, o que evidentemente provoca o riso.
1 3
2 (FMTM) Quanto ao sentido, as palavras 4 (FATEC MODELO ENEM) Afinal levanpecado, paraso, serpente e mulher na configurao da personagem a) opem-se. b) excluem-se. c) complementam-se. d) distanciam-se. e) divergem entre si. Resoluo As antteses usadas para descrever a personagem se complementam na caracterizao do que h nela de divino e terreno. Resposta: C
(FMTM) O melhor sinnimo, no contexto, para a forma verbal destoldara, em A lua destoldara-se nesse momento..., a) escondera-se. b) desocultara-se. c) brilhara. d) desaparecera. e) acenara. Resoluo Destoldar significa descobrir-se, destapar-se, tornar-se claro, lmpido. Resposta: B taram-se uma gorda e baixa matrona, mulher de um convidado; uma companheira desta, cuja figura era a mais completa anttese da sua [...]. (Manuel Antnio de Almeida, Memrias de um Sargento de Milcias) Considerando-se a informao em destaque nessa passagem, correto dizer que a companheira era uma mulher a) magra, de estatura mediana e simptica. b) esguia, encorpada e jovem. c) rechonchuda, de meia estatura e de meia idade. d) magra, alta e solteira. e) delgada, esguia e casada. Resoluo Como se trata de mulher "cuja figura era a mais completa anttese" da outra, que era "gorda e baixa", no se entende por que a alternativa de resposta (no h outra possvel), alm de "magra" e "alta", inclua a qualificao "solteira" (a outra era "mulher de um convidado"), pois esse predicado no diz respeito a figura, mas sim a estado civil. Teste defeituoso, mas de resposta faclima. Resposta: D
E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braos nus, para danar. A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua cama de prata, a cujo refulgir os meneios da mestia melhor se acentuavam, cheios de uma graa irresistvel, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraso, com muito de serpente e muito de mulher. (Alusio Azevedo)
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FREDERICO PACINCIA Frederico Pacincia Foi no ginsio ramos de idade parecida, ele pouco mais velho que eu, quatorze anos. Frederico Pacincia era aquela solaridade escandalosa. Trazia nos olhos grandes bem pretos, na boca larga, na musculatura quadrada da peitaria, em principal nas mos enormes, uma franqueza, uma sade, uma ausncia rija de segundas intenes. E aquela cabelaa pesada, quase azul, numa desordem crespa. Filho de portugus e de carioca. No era beleza, era vitria. Ficava impossvel a gente no querer bem ele, no concordar com o que ele falava.
(Mrio de Andrade)
5 O uso de reticncias no 1. pargrafo indica a) dvida quanto veracidade das informaes que esto sendo passadas. b) ausncia de objetividade no relato dos fatos. c) hesitao e inteno de no prosseguir a histria. d) rememorao de um fato passado que ser contado utilizando a tcnica de flashback. e) hesitao ao contar fatos que esto ocorrendo entre o narrador e Frederico Pacincia.
Resposta: D
1 Na descrio ao lado, o narrador fez uso de dois vocbulos solaridade e cabelaa que no esto dicionarizados, ou seja, foram criados pelo autor. a) Que nome recebe essa criao ou inovao lingustica?
RESOLUO: neologismo (neo = novo + logos = palavra)
Danival tornou-se mecnico de automveis de uma oficina na Via Dutra, perto de Nova Iguau. E foi principalmente ento que o incerto, incapaz e fugidio Danival, esse inconstante, inquieto, incontrolvel, bbado, imprevisvel, faroleiro, irrecupervel, livre, curioso, malandro, esperto, perigoso, manso, irritvel, desaforado e conformado crioulo mudou sua curta, solta, intil e preguiosa vida.
(Ivan ngelo)
b) Tente inferir o provvel significado de: solaridade: sol + claridade; cabelaa: grande quantidade de cabelo (aa: sufixo que indica
aumentativo).
6 Que tipo de descrio predomina no trecho dado? Justifique com expresses do prprio texto.
RESOLUO: Predomina a descrio subjetiva e psicolgica, confirmada pelo emprego de adjetivos que caracterizam a ndole, o carter, a personalidade do personagem.
2 H no trecho uma expresso adverbial pouco utilizada nos dias de hoje, equivalente a essencialmente, fundamentalmente. Identifique-a.
RESOLUO: em principal
3 uma ausncia rija de segundas intenes denota que a personagem qual o texto se refere a) apresentava, vez ou outra, um comportamento instvel, que o aspecto fsico denunciava. b) era uma pessoa cujo aspecto fsico revelava a personalidade: retido de carter, honestidade, probidade. c) era um adolescente rgido no julgamento de seus semelhantes. d) desviava-se com frequncia de suas intenes iniciais; e o aspecto fsico denunciava esse carter volvel. e) era uma pessoa absolutamente calma, no se perturbava com nada.
Resposta: B
Ns somos as inorgnicas Frias esttuas de talco Com hlito de champagne E pernas de salto alto. Nossa pele fluorescente doce e refrigerada E em nossa conversa ausente Tudo no quer dizer nada.
RESOLUO: E aquela cabelaa pesada, quase azul, numa desordem crespa. Filho de portugus e de carioca.
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(MODELO ENEM) Neste fragmento de As mulheres ocas, de Vinicius de Moraes, a) o poeta utiliza um recurso expressivo, que consiste em no mencionar diretamente o tema ou a ideia bsica do poema, mas sugeri-lo ou insinu-lo atravs de outras palavras. b) o poema utiliza palavras bastante explcitas; o tema tratado de maneira direta, e no atravs de menes alusivas. c) a poesia no se caracteriza pela existncia de um tema nico, facilmente reconhecvel. d) o poema no utiliza nenhum recurso expressivo evidente. e) a estrutura narrativa do poema se constri a partir do emprego de verbos e substantivos denotativos de movimento.
Resposta: A
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Quaresma pde ento ver melhor a fisionomia do homem Era vulgar e desoladora. O bigode cado; o lbio inferior pendente e mole a que se agarrava uma grande mosca; os traos flcidos e grosseiros; no havia nem o desenho do queixo ou olhar que fosse prprio, que revelasse algum dote superior. Era um olhar mortio, redondo, pobre de expresses, a no ser de tristeza que no lhe era individual mas nativa, de raa; e todo ele era gelatinoso parecia no ter nervos. No quis o major ver em tais sinais nada que lhe denotasse o carter, a inteligncia e o temperamento. Essas cousas no vogam, disse ele de si para si.
O trecho anterior, extrado da obra Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, descreve o presidente Floriano Peixoto, o chamado Marechal de Ferro, que governou de 1891 a 1894. O que se depreende sobre a personalidade de Floriano, em relao ao seu ttulo e a seu poder presidencial?
RESOLUO: Embora seja denominado Marechal de Ferro, a descrio constri a anttese da fora e do poder. A imagem da falncia fsica e poltica decorre do conjunto de expresses depreciativas que caracterizam um personagem de personalidade fraca.
RESOLUO: vulgar e desoladora, lbio inferior pendente e mole, traos flcidos e grosseiros, no havia nem o desenho do queixo ou o olhar que fosse prprio, olhar mortio, pobre de expresses, tristeza, gelatinoso, parecia no ter nervos.
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PESSOAL OBLQUO me, mim, comigo te, ti, contigo se, si, consigo, lhe, o, a nos, conosco vos, convosco se, si, consigo, lhes, os, as
POSSESSIVO meu(s), minha(s) teu(s), tua(s) seu(s), sua(s) nosso(s), nossas(s) vosso(s), vossa(s) seu(s), sua(s)
quem fala com quem se fala de quem se fala quem fala com quem se fala de quem se fala
1. pessoa do singular 2. pessoa do singular 3. pessoa do singular 1. pessoa do plural 2. pessoa do plural 3. pessoa do plural
a a a a a
PRONOMES DE TRATAMENTO
Voc tratamento familiar O Senhor, a Senhora tratamento cerimonioso Vossa Alteza (V. A.) prncipes, duques Vossa Eminncia (V. Ema.) cardeais Vossa Excelncia (V. Exa.) altas autoridades Vossa Magnificncia reitores de universidades
Vossa Majestade (V. M.) reis Vossa Majestade Imperial (V. M. I.) imperadores Vossa Santidade (V. S.) papas Vossa Senhoria (V. Sa.) tratamento geral cerimonioso Vossa Reverendssima (V. Revma.) sacerdotes
Observao: Os pronomes de tratamento, apesar de se referirem segunda pessoa, ou seja, pessoa com quem se fala, s admitem verbos e pronomes na terceira pessoa. PORTUGUS
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1 e 2.
Tu amars outras mulheres E tu me esquecers! to cruel, mas a vida. E no entretanto Alguma coisa em ti pertence-me! Em mim alguma coisa s tu. O lado espiritual do nosso amor Nos marcou pra sempre. Oh, vem em pensamento nos meus braos! Que eu te afeioe e acaricie...
(BANDEIRA, Manuel. A Viglia de Hero. In: O Ritmo Dissoluto. Poesia Completa e a Prosa. 2. ed. Rio de Janeiro: Jos Aguilar, 1967. p. 224.)
a) segunda pessoa do singular. b) terceira pessoa do singular. c) primeira pessoa do plural. d) segunda pessoa do plural. e) terceira pessoa do plural. Resoluo Os pronomes pessoais de 2.a pessoa do singular empregados no texto so: tu, ti e te. Resposta: A Reescreva os versos, usando a forma de tratamento voc para designar a segunda pessoa, ou seja, a pessoa com quem se fala. Resoluo Voc amar outras mulheres E voc me esquecer! to cruel, mas a vida. E no entretanto Alguma coisa em voc pertence-me! Em mim alguma coisa voc. O lado espiritual do nosso amor Nos marcou pra sempre. Oh, venha em pensamento nos meus braos! Que eu o afeioe e acaricie...
(UFSCar MODELO ENEM) Manuel Banderia usa, no poema, os pronomes pessoais com muitas variaes. O pronome pessoal de primeira pessoa do singular, por exemplo, est empregado na sua forma reta e nas formas oblquas (eu, me, mim). O mesmo acontece com o pronome pessoal de
(ESPM MODELO ENEM) Assinale o item em que o pronome grifado tenha valor semntico de possessivo: a) A borboleta, depois de esvoaar muito em torno de mim, pousou-me na testa. (Machado de Assis) b) Comeo a arrepender-me deste livro. No que ele me canse; eu no tenho que fazer. (Machado de Assis) c) Perdi-me dentro de mim / Porque eu era labirinto. (Mrio de S-Carneiro) c) Vou-me embora pra Pasrgada / L sou amigo do rei! (Manuel Bandeira) e) Perdi alguma coisa que me era essencial, e que j no me mais. (Clarice Lispector) Resoluo O pronome me equivale a minha em pousoume na testa. Resposta: A
A palavra gente, dependendo do texto em que empregada, assume diferentes classificaes. Observe a tira abaixo:
1 Observe a tira acima e responda as perguntas: a) A quem se referiu a cobra, no segundo quadrinho da tira?
RESOLUO: A cobra referiu-se de forma generalizada a todos, porque ns pode ser entendido como a humanidade.
No contexto, a gente equivale ao pronome pessoal reto ns, o que inclui o personagem da tira e os leitores.
Nos trechos seguintes, classifique gramaticalmente o termo gente e identifique a palavra que ele substitui. a) No tenho nada que dizer... j lhe disse... isto pe a cabea da gente como cebola, no tem lugar nenhum. (Manuel Antnio de Almeida)
RESOLUO: Gente pronome possessivo e equivale a nossa (pe a nossa cabea como...).
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PORTUGUS
b) Para com essa matinada, cambada de gente herege!... E depois enterrem bem direitinho o corpo, com muito respeito e em cho sagrado, que esse a o meu parente seu Joozinho Bem-Bem! (Guimares Rosa)
RESOLUO: De gente locuo adjetiva, equivale a pessoas, pois cambada substantivo e significa bando (bando de pessoas).
III. A palavra at, no segundo quadrinho, refora o apelo da propaganda, indicando os limites mximos da simplicidade da mquina: at uma criana consegue manejar! IV. A frase da personagem no ltimo quadrinho, apesar de interrogativa, tem inteno de acusao. Marque a alternativa correta. a) I, II e III so verdadeiras. b) II, III e IV so verdadeiras. c) I, III e IV so verdadeiras. d) II e III so verdadeiras. e) I e IV so verdadeiras.
RESOLUO: Em II, o pronome de tratamento senhora s tem fora de apelo no primeiro quadrinho, em que empregado com a funo de vocativo. Na fala de Mafalda, no ltimo quadrinho, senhoras sujeito do verbo conseguir. Resposta: C
c) Mas Fulana ser gente? Estar somente em pera? Ser figura de livro? Ser bicho? Saberei? (Carlos Drummond de Andrade)
RESOLUO: Gente adjetivo e equivale a humana.
d) Por que motivo o governo aproveitava gente assim? S se ele tinha receio de empregar tipos direitos. Aquela cambada s servia para morder as pessoas inofensivas. Ele, Fabiano, seria to ruim se andasse fardado? Iria pisar os ps dos trabalhadores e dar pancada neles? No iria. (Graciliano Ramos)
RESOLUO: Gente substantivo e equivale a indivduos (ou pessoas).
4 (UFU) Observe os trechos a seguir: I. Positivamente, era um diabrete Virglia, um diabrete anglico, se querem, mas era-o e ento... Ento apareceu o Lobo Neves... (Machado de Assis) II. Meu pai ficou atnito com o desenlace, e quer-me parecer que no morreu de outra coisa. Eram tantos os castelos que engenhara, tantos e tantssimos os sonhos, que no podia v-los assim esboroados, sem padecer um forte abalo no organismo. A princpio no quis cr-lo. Um Cubas! um galho da rvore ilustre dos Cubas! (Machado de Assis) III. Ela era menos escrupulosa que o marido: manifestava claramente as esperanas que trazia no legado, cumulava o parente de todas as cortesias, atenes e afagos que poderiam render; pelo menos, um codicilo [testamento]. Propriamente, adulava-o; mas eu observei que a adulao das mulheres no a mesma coisa que a dos homens. (Machado de Assis)
Assinale a nica alternativa em que as palavras abaixo podem substituir os pronomes em destaque. a) diabrete desenlace parente. b) anglico pai legado. c) Virglia abalo marido. d) diabrete organismo parente. e) anglico desenlace legado.
Resposta: A
(IMES MODELO ENEM) Indique a alternativa em que o pronome lhe apresenta o mesmo valor significativo que possui em: Uma angstia terrvel tirava-lhe o sono. a) Aconteceu-lhe uma desgraa. b) Eles pretendem roubar-lhe as invenes. c) No lhe contei o susto por que passei. d) Tudo lhe era indiferente. e) Dou-lhe a minha palavra.
RESOLUO: O professor pode dar outros exemplos em lousa: Morreu-lhe o pai; Beijou-me as mos; Quebro-te a cara. Resposta: B (pronome possessivo)
(UEG-adaptado MODELO ENEM) A leitura da tira anterior permite as seguintes afirmaes: I. O cartunista ironiza o preconceito do adulto em relao capacidade intelectual infantil. II. Os pronomes de tratamento "senhora" e "senhoras" tm fora de apelo: visam a um efeito de chamada na propaganda da TV.
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PORTUGUS
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6 Assinale a alternativa em que o pronome (ou pronomes) foi (ou foram) empregado(s) corretamente: a) Ele no tem mais nenhum compromisso com ns. b) Minha querida, gostaria de falar consigo. c) Fiquei to nervosa que cheguei a ficar fora de si. d) Ele resolveu o problema com ns prprios. e) No te ofendas se te perguntarem sobre o seu nvel mental.
Resposta: D
8 Preencha os espaos das frases abaixo com os pronomes eu ou tu, mim ou ti: a) Minha irm trouxe o livro para _________________________ . b) Ningum ir praia sem ____________________________ . c) Meus pais fizeram tudo para _________________________ entrar na faculdade. d) Para _________________________ passares nas provas, s com muito estudo e disciplina. e) Pra _________________________ resolver esses problemas uma questo de tempo. f) A partir de hoje, no h mais nada entre __________________ e _________________________ . g) Entre voc e _________________________ h grande diferena de idade.
RESOLUO: a) mim (ou ti); b) mim (ou ti); c) eu; d) tu; e) mim (ou ti); f) mim e ti; g) mim.
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O ttulo na redao
O ttulo a moldura do texto. Como numa manchete de jornal, deve sugerir ao leitor o assunto de que trata o texto, instigando-o leitura. Sinttico e intimamente relacionado ao tema, deve refletir a ideia central de forma original e criativa. Graficamente, deve vir centralizado na folha, sem grifo e sem aspas, com a primeira letra em maiscula, separado do texto por uma linha. Tente se lembrar do ttulo de filmes, CDs, msicas e livros que preenchem suas horas de lazer e de cio e pense no quanto eles so originais e significativos. mais fcil, segundo grande parcela dos professores de redao, dar ttulo a um trabalho depois que ele foi redigido. Nesse caso, leia as provveis razes que os levam a pensar assim: 1.) Economia de tempo: pode-se comear trabalhando diretamente as ideias que integraro a redao. 2.) Possibilidade de extrair vocbulos do prprio texto que possam compor um bom ttulo. 3.) Eliminao da possibilidade de discordncia entre ttulo e texto. 4.) Eliminao da possibilidade de ficar preso ao ttulo e assim, sem necessidade, limitar o contedo da redao.
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PORTUGUS
1 a 5.
Estamos livres de uma srie de desgraas como grandes terremotos, vulces e furaces por causa de fatores geolgicos e climticos. Catstrofes como sismos, vulcanismos e ondas gigantes esto ligadas aos movimentos na crosta da Terra. A gente nem percebe, mas sua superfcie anda: ela est dividida em placas, que deslizam sobre o magma entre 1 e 20 centmetros por ano. No encontro dessas placas que ocorre a maior parte dos terremotos e vulces. (...) A pouca ocorrncia de ventos devastadores como furaces, tufes e ciclones devida, em grande parte, baixa temperatura do mar nossos mares dificilmente atingem os 26,5 graus necessrios para a formao das piores tempestades. Furaces e tufes so a mesma coisa, com nomes diferentes. Ciclones so diferentes nas condies de formao e geralmente so mais brandos. Um furaco deve ter ventos superiores a 118 quilmetros por hora, mas h ciclones com ventos muito intensos, diz a meteorologista Rosmeri da Rocha, da USP. O Catarina, por exemplo, que passou em maro pelo sul do Brasil, tinha caractersticas tanto de ciclone quanto de furaco, segundo o INPE. (Adaptado da Revista Superinteressante, maio/2004)
(PASUSP MODELO ENEM) Assinale a alternativa que contm palavras-chave do texto: a) Catstrofes fatores climticos ventos devastadores. b) Catarina magma condies climticas. c) Ciclones ventos meteorologista. d) Desastres naturais violncia vulces. e) Placas ondas gigantes sismos. Resoluo A questo apresenta resposta bvia, pois o texto trata de desastres ecolgicos e das razes de suas ocorrncias (fatores climticos ventos devastadores). Resposta: A (PASUSP MODELO ENEM) Na frase: A gente nem percebe, mas sua superfcie anda..., o termo mas expressa a ideia de a) explicao. b) consequncia. c) oposio. d) condio. e) adio.
a) Ventos causam baixas temperaturas? b) Por que o Brasil tem poucos desastres naturais? c) O Brasil est livre de catstrofes naturais. d) Baixas temperaturas provocam desastres. e) Magma provoca furaces. Resoluo O texto apresenta um apanhado das catstrofes naturais para justificar as razes que tornam o Brasil menos vulnervel a tais ocorrncias. Resposta: B
Resoluo A conjuno adversativa mas introduz uma orao que estabelece oposio com a anterior. Resposta: C (PASUSP MODELO ENEM) De acordo com o texto, os desastres naturais ocorrem devido a a) fatores geolgicos e climticos. b) baixas temperaturas do mar. c) pouca ocorrncia de ventos. d) imobilidade das placas. e) rochas derretidas pelo calor. Resoluo A alternativa a apresenta as justificativas das ocorrncias de grandes terremotos, vulces e furaces, ou seja, dos desastres naturais. Resposta: A
(PASUSP MODELO ENEM) Assinale a alternativa que serviria para ser ttulo da notcia:
(PASUSP MODELO ENEM) Com base no texto, assinale a afirmao correta: a) A superfcie da Terra se mantm imvel. b) impossvel que furaces e ciclones tenham caractersticas comuns. c) O magma est acima das placas da Terra. d) A baixa temperatura do mar causada por furaces, tufes e ciclones. e) Tufes devem ter ventos superiores a 118 quilmetros por hora. Resoluo H no texto explicao de que furaces e tufes so a mesma coisa, com nomes diferentes. Ainda no mesmo pargrafo, a citao da meteorologista Rosmeri da Rocha valida a alternativa e. Resposta: E
Ao contrrio de praticamente todos os jornalistas e escritores que conheo, comeo a escrever pelo ttulo. Os outros escrevem o texto, avaliam o que saiu e a arranjam um ttulo adequado. Suponho que esta a maneira mais sensata de agir, mas que vou fazer? no sou dado sensatez. Assim, o ttulo desta crnica j estava pronto quando ainda me encontrava hospitalizado outra vez, agora em consequncia de uma pancada na cabea, quando, na cozinha, ao tentar bancar o Nijinski, me sa bem mais para o Carequinha, sem, naturalmente, a habilidade deste para trambolhar inclume. (Joo Ubaldo Ribeiro, O Estado de S. Paulo)
PORTUGUS
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a) O que h em comum entre o procedimento de redao de Calvin e o pensamento de Joo Ubaldo Ribeiro sobre ttulos de texto?
RESOLUO: A ideia de se comear qualquer texto sempre pelo ttulo.
MAPA-MNDI A facilidade de comunicaes acabou com esses tanques em que floresciam as diferentes culturas. Quando antes se olhava o mapa-mndi e via-se cada pas de um colorido diferente, podia-se tomar isso ao p da letra. verdade que o mundo continuou a ser uma colcha de retalhos; mas so todos da mesma cor. Bombaim, Roma, Tquio, que se escondiam, cada um com seu peculiar mistrio, nos compartimentos estanques de sua prpria civilizao, agora, a julgar pelos filmes esto perfeitamente padronizados, universalizados. E, no mundo de hoje, para desconsolo dos descendentes de Sindbad e de Marco Polo, a nica cor local das cidades famosas so os turistas. (Mrio Quintana, Prosa e Verso)
b) Voc considera adequado iniciar o texto pelo ttulo? Justifique sua resposta.
RESOLUO: resposta pessoal do aluno.
DESCOBRIMENTO Abancado escrivaninha em So Paulo Na minha casa da Rua Lopes Chaves De supeto senti um frime por dentro. Fiquei trmulo, muito comovido Com o livro palerma olhando para mim. No v que me lembrei que l no norte, meu Deus! [muito longe de mim Na escurido ativa da noite que caiu Um homem plido magro de cabelo escorrendo nos olhos, Depois de fazer uma pele com a borracha do dia, Faz pouco se deitou, est dormindo. Esse homem brasileiro que nem eu. (Mrio de Andrade)
RESOLUO: O ttulo sintetiza a descoberta do eu lrico: a identidade com todos os outros brasileiros.
b) Pelo ttulo, o texto apresenta ao leitor uma avaliao do progresso. Essa avaliao negativa ou positiva? Justifique sua resposta.
RESOLUO: A avaliao negativa, pois Mrio Quintana chama a ateno para o fato de que povos e naes esto-se tornando muito parecidos, padronizados. Esse processo negativo, pois dilui as diferenas culturais.
ERRO DE PORTUGUS Quando o portugus chegou Debaixo duma bruta chuva Vestiu o ndio Que pena! Fosse uma manh de sol O ndio tinha despido O portugus.
(Oswald de Andrade)
RESOLUO: Sim, o ttulo ambguo, pois tanto remete a erros gramaticais da lngua portuguesa quanto a um deslize cometido por algum de nacionalidade portuguesa. A leitura do poema esclarece que a segunda interpretao a correta: trata-se do portugus colonizador.
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PORTUGUS
METAMORFOSE Meu av foi buscar prata mas a prata virou ndio. Meu av foi buscar ouro mas o ouro virou terra. Meu av foi buscar terra e a terra virou fronteira. Meu av ainda intrigado foi modelar a fronteira: E o Brasil tomou forma de harpa.
(Cassiano Ricardo)
GARE1 DO INFINITO Papai estava doente na cama e vinha um carro e um homem e o carro ficava esperando no jardim. Levaram-me para uma casa velha que fazia doces e nos mudamos para a sala do quintal onde tinha uma figueira na janela. No desabar do jantar noturno a voz toda preta de mame ia me buscar para a reza do Anjo que carregou meu pai.
(Oswald de Andrade, Memrias Sentimentais de Joo Miramar )
1 Gare: plataforma de embarque das estaes de trem.
RESOLUO: O ttulo Metamorfose enumera as etapas do processo de colonizao e as constantes mudanas nas fronteiras do Pas. Poeticamente, sugere a forma atual do espao geogrfico brasileiro: uma harpa.
7 Comente: a) o ttulo do texto; b) o elemento infantil presente na sintaxe (construo das frases); c) o elemento infantil presente nas imagens utilizadas.
RESOLUO: a) O ttulo uma referncia morte do pai de Miramar: embarque para o infinito. b) A falta de elementos de coeso entre as oraes uma das formas de imitao da linguagem infantil. Outra a falta de pontuao (muito ao gosto dos modernistas). c) So de gosto infantil imagens como voz toda preta (metfora do tipo sinestesia, para indicar voz grave, de luto) e reza do Anjo que carregou meu pai, para indicar as oraes fnebres.
FORJA E viva o Governo: deu dinheiro para montar a forja. Que faz a forja? Espingardas e vende para o governo. Os soldados de espingarda foram prender criminoso foram fazer eleio foram caar passarinho foram dar tiros a esmo e viva o Governo e viva nossa indstria matadeira.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Boitempo II. Rio de Janeiro: Record. p. 42.)
8 (UFGO) O poema acima tem uma linguagem de denncia. O uso de certos verbos relacionados a certos substantivos atesta essa inteno do autor. Explique os vrios significados do ttulo do poema.
RESOLUO: Forja pode significar oficina, fundio (sentido literal). No sentido figurado, forjar significa moldar, manipular, maquinar, fingir, mentir.
PORTUGUS
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APENAS... Aula inaugural de uma pequena escola do interior. Os alunos, endomingados como requeria a ocasio. O professor, grave, de preto, voz cava. Pelo que bem se v, a aula era de Portugus. E eis que no final, to ansiado pela gente mida como pela gente grande, ele tossiu, mudou de tom e disse: Ateno, meninos! Para gravarem melhor a matria exposta, copiem o esquema que vou traar no quadro-negro. Perpassa pela classe um frio de pnico. Esquema? Meu Deus, que diabo disto seria aquilo? Mas o professor, que, alm de autodidata, era tambm humano, farejou a angstia daquelas alminhas e esclareceu ento, com um esgar bondoso: uma sinopse, meus filhos, apenas uma sinopse...
(Mrio Quintana)
BRASIL O Z Pereira chegou de caravela E preguntou pro guarani da mata virgem Sois cristo? No. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte Terer tet Quiz Quiz Quec! L longe a ona resmungava Uu! Ua! Uu! O negro zonzo sado da fornalha Tomou a palavra e respondeu Sim, pela graa de Deus Canhem Bab Canhem Bab Cum Cum! E fizeram o Carnaval. (Oswald de Andrade)
9 (ENEM) Percebe-se simpatia do narrador pelas personagens no seguinte fragmento: a) Perpassa pela classe um frio de pnico. b) ...farejou a angstia daquelas alminhas. c) Os alunos, endomingados como requeria a ocasio. d) Mas o professor, que, alm de autodidata, era tambm humano... e) Ateno, meninos! Para gravarem melhor a matria exposta, copiem o esquema que vou traar no quadro-negro.
RESOLUO: O emprego do diminutivo alminhas sugere que o narrador solidariza-se com os alunos, porque percebe a aflio que toma conta da classe. Resposta: B
K (MODELO ENEM) O ttulo Brasil justifica-se porque a) o poema menciona as trs raas (portugus, ndio e negro) que formam a nao brasileira. b) rev os costumes dos primeiros habitantes do Brasil: os ndios. c) refere-se a uma festa marcante para o brasileiro: o carnaval. d) retrata a natureza brasileira representada pela ona. e) menciona a catequese feita pelos jesutas.
Resposta: A
L Depois do estudo desta aula, correto afirmar que o ttulo a) deve apresentar a primeira letra em maiscula, vir grifado ou entre aspas. b) deve apresentar as mesmas palavras do tema. c) deve ser original; por exemplo, se o assunto for sobre o menor abandonado, o ttulo deve ser: O menor abandonado. d) deve ser repetido no incio do primeiro pargrafo. e) deve ser original e criativo, recuperando, obrigatoriamente, o assunto de que trata a redao.
Resposta: E
J (ENEM) A fala final do protagonista, associada ao ttulo, a) prova que ele era um autodidata. b) justifica que o narrador o considere humano. c) revela que ele estava irritado com os alunos. d) indica que sua ansiedade o fazia ignorar a reao dos alunos. e) mostra que ele achava a palavra sinopse mais fcil que esquema.
RESOLUO: O ttulo apenas remete ltima fala do professor que acredita atenuar o conflito causado nos alunos pelo emprego da palavra esquema. Resposta: E
M Assinale a alternativa incorreta sobre o texto. a) O poema narrativo e as aes so sugeridas no trecho pernas e cabeas na calada. b) O dilogo travado pelos dois personagens est presente nos quatro versos. c) O ttulo e a primeira fala sugerem que a luta entre um capoeira e um soldado. d) A linguagem empregada no primeiro e terceiro versos tipicamente oral e corresponde fala do capoeira. e) O enredo sugere que o capoeira provocou o soldado, este aceitou a provocao e houve luta.
RESOLUO: O dilogo, marcado pelo travesso, ocorre apenas nos trs versos iniciais. Resposta: B
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PORTUGUS
9. Evitar exceder o nmero de linhas pautadas ou pedidas como limites mximos e mnimos. Aproximadamente 25 linhas para textos narrativos e dissertativos. 10. Escrever apenas com caneta preta ou azul. O rascunho ou esboo das ideias podem ser feitos a lpis e rasurados. O texto no ser corrigido em caso de utilizao de lpis ou caneta vermelha, verde etc. na redao definitiva. Observaes Nmeros a) b) Idade deve-se escrever por extenso at o n. 10. Do n. 11 em diante, devem-se usar algarismos. Datas, horas e distncias sempre em algarismos: 10h30min, 12h, 10m, 16m30cm, 10km (m, h, km, l, g, kg).
Palavras estrangeiras As que j estiverem incorporadas aos hbitos lingusticos devem vir sem aspas: marketing, merchandising, software, dark, punk, status, office-boy, show etc.
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Rascunho
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PORTUGUS
COLGIO
MDULO
Prtica de Redao 1
Nome legvel __________________________________________________________________ Unidade ______________________________________________________________________ Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________ N.o de Computador
Escrever um ato livre, universal. Vencer o medo de escrever, rebaixar a censura prvia, liberar a imaginao so passos para a desinibio. (Samir Curi)
Com base nos mdulos 1 e 2 e em sua prpria experincia, escreva um texto de aproximadamente 20 linhas sobre o seguinte tema: A linguagem e a vida so uma coisa s. Quem no fizer do idioma o espelho de sua personalidade no vive, e como a vida uma corrente contnua, a linguagem tambm deve evoluir constantemente. (Joo Guimares Rosa)
PORTUGUS
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Nome: ________________________
O professor deve aproveitar as ideias sobre palavra e linguagem trabalhadas nos mdulos 1 e 2 para orientar os alunos neste exerccio.
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PORTUGUS
COLGIO
MDULO
Prtica de Redao 2
Nome legvel __________________________________________________________________ Unidade ______________________________________________________________________ Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________ N.o de Computador
Amigo coisa pra se guardar No lado esquerdo do peito Mesmo que o tempo e a distncia digam no Mesmo esquecendo a cano O que importa ouvir A voz que vem do corao. (Milton Nascimento e Fernando Brant, trechos de Cano da Amrica)
Tu te tornas eternamente responsvel por aquilo que cativas. (Saint-Exupry, O Pequeno Prncipe )
PORTUGUS
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Nome: _______________________
O aluno deve escrever sobre o valor da amizade (em qualquer tipo de composio: descrio, narrao ou dissertao). Deve questionar se os amigos so eternos ou se as pessoas afinam e desafinam, esto sempre mudando, como escreveu Guimares Rosa, e se por esse motivo os amigos so substitudos a cada etapa da vida em funo de novas situaes existenciais. Pode incluir em seu texto as virtudes necessrias, como solidariedade, bondade, tolerncia, para se cultivar e preservar um amigo.
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PORTUGUS
COLGIO
MDULO
Prtica de Redao 3
Nome legvel __________________________________________________________________ Unidade ______________________________________________________________________ Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________ N.o de Computador
A GRANDE MGICA DAS FAVAS Sempre que a situao nacional se complica como agora busco sabedoria e consolaes num livro que herdei de meus antepassados, O Grande e Verdadeiro Livro de So Cipriano. Anteontem, enquanto a equipe econmica explicava mais um plano, encontrei entre as receitas uma que me parece adequada situao. Pega-se um marreco e dele se extrai uma tripa. Pega-se uma pomba virgem e fecha-se o bico dela com a tripa do marreco. Espera-se pela stima lua e colocam-se marreco e pomba ao relento, com dois fios de azeite (tambm virgem) e um ovo de codorna num tacho de cobre que nunca tenha sido lavado. Pela manh do oitavo dia procura-se um corcunda que nunca tenha comido marrecos nem pombas. Obriga-se o corcunda a comer tudo cru, marreco e pomba e ovo de codorna. E se o corcunda se obstinar em no comer, deve levar porrada e quanto mais porrada o corcunda levar maior ser o efeito. Ao que, depois da sova no corcunda, deve o mesmo ser trancafiado numa enxovia. Enquanto isso, passam-se quatro corujas defumadas num ralador de coco e a elas se juntam as favas contadas e lavadas. Aguarda-se pela Lua Crescente em absoluta castidade. Chegada a Lua Crescente, deitam-se ento o corcunda, as favas contadas e as corujas defumadas num caldeiro untado com leo de baleia, se possvel, baleia virgem. A mgica est pronta para ser servida. eficaz para curar sarampo, coqueluche, maridos bbados e esposas adlteras, tesoureiros desonestos, sufocaes vrias, gavetas emperradas, partos tambm emperrados. Promove a volta de mulheres que nos abandonaram, impede a fome, a misria, a guerra, a peste e maremotos.
(Carlos Heitor Cony)
(Folha de S.Paulo) Leia com ateno a receita dada pelo autor do texto A grande mgica das favas. Observe que apesar de a receita e de os benefcios serem absurdos, o autor utiliza linguagem denotativa. Imagine agora uma situao ou fato que voc gostaria de ver exterminado ou algo que gostaria de obter. Pense numa receita possvel para obter o seu milagre e transcreva-a para ns. No se esquea de indicar os benefcios que podero ser obtidos caso algum se interesse em utiliz-la. Faa seu texto em prosa e no se esquea de dar-lhe um ttulo original.
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Nome: _______________________
A receita pode ser feita em itens ou apresentar a sequncia do texto modelo. O professor deve observar que os verbos foram empregados com o se, ndice de indeterminao do sujeito, pois o autor est-se referindo a qualquer pessoa que queira fazer a receita. O texto do aluno, porm, pode apresentar os verbos no imperativo (pegue, faa, cozinhe etc.). Observar que a receita deve ter uma finalidade, que dever ser explicada no incio ou no fim do texto.
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COLGIO
MDULO
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Prtica de Redao 4
Nome legvel __________________________________________________________________ Unidade ______________________________________________________________________ Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________ N.o de Computador
RSTIA DE VIDA Folheando o jornal, l estava. A foto da criana africana, faminta, como tantas que vemos. Tantas que ns, embrutecidos, j as olhamos sem estremecer. Mas nessa criana havia algo mais. Os olhos. Aqueles olhos midos, negros, imensos tinham a fora de uma lagoa ou de um oceano inteiro. Brilhavam espetaculares e transmitiam uma sensao no de horror ou tristeza, o que era espantoso, mas de luta feroz, quase de poder. Porque eram rstia de vida. Como se a alma daquela criana, aprisionada no corpo decrpito, ali tivesse cavado sua ltima trincheira.
(Helosa Seixas) O texto proposto registra as impresses e as reflexes despertadas pela foto de uma criana africana. A autora fixa seu ponto de observao nos olhos, criando metforas e comparaes para caracterizar a fora vital neles concentrada. Procure reconstituir mentalmente uma cena ou uma foto que tenha sido significativa para voc ou que o(a) tenha impressionado. Lembre-se dos pormenores: expresso facial, impresses cromticas (cores), tteis, olfativas e sonoras, e outros detalhes que compem a imagem. Descreva a foto ou a cena e incorpore a essa caracterizao os sentimentos que foram suscitados em voc durante a observao e no momento em que voc redige o texto. Explore os recursos expressivos, como as figuras de linguagem que voc estudou (metfora, sinestesia, comparao, prosopopeia, catacrese e onomatopeia).
PORTUGUS
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Nome: _______________________
O professor deve incentivar o aluno a empregar as figuras de linguagem estudadas na aula terica: metfora, comparao, prosopopeia, sinestesia, catacrese e onomatopeia. Para utilizar a linguagem figurada, o aluno pode mesclar a denotao e a conotao: sorriso doce, passo tmido, nariz altivo, olhar viperino, nuvens galopantes, vento atrevido, lua pacfica, paisagem nua, aves desesperadas, mar bravo, sol caindo na tarde etc. O aluno deve iniciar a descrio pelos aspectos gerais para depois particulariz-los; deve selecionar as caractersticas mais marcantes do ser ou da cena.
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PORTUGUS
COLGIO
MDULO
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Prtica de Redao 5
Nome legvel __________________________________________________________________ Unidade ______________________________________________________________________ Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________ N.o de Computador
ERA O DIA Na noite anterior tinha chovido. S um pouquinho. Do cho subia o cheiro morno, esquisito, de terra molhada. Esquisito, mas bem gostoso. As folhas das rvores ainda estavam todas salpicadas dos respingos da chuva. Pareciam as faces de pessoas vivas, midas de suor, cansadas. O vento bocejou por outros caminhos, no chegara at quela hora. Preguioso! Apenas uma brisa suave, feminina, passava ligeira, sacudindo os galhos das plantas, devagarinho. E as gotas dgua, tmidas, vacilantes, caam no cho, quase desamparadas. Perdiam-se no meio das folhas secas, sem dono. No cu, nenhuma nuvem escura. Pelo contrrio, estava limpo, sereno, todo descoberto. O azul claro do seu corpo envolvia o tempo, engolia as coisas. No era inverno. Uma chuva perdida, desencontrada das outras, foi que apareceu, doida. Talvez, nem sequer mesmo chuva. Foi o filho dela, um chuvisco passageiro, safadinho, misturado com o orvalho, que despertou a manh. O Sol, manhoso, vinha botando a cabea de fora, no horizonte. Malandro, sem-vergonha! Olhava o tempo com o pedacinho do olho, indeciso. A cara, ainda no vermelha, bem dizia que acordava chateado, no queria espantar o mundo. Comeou somente mostrando a careca da cabea, que a linha do horizonte deixava ver. Depois, a fatia foi aumentando, aumentando um pouco mais at que j se via praticamente a metade da cara dele. Vinha subindo devagar. Mas um devagar ligeiro, que se percebia claramente, fcil, fcil. Afinal, l apareceu todinho no horizonte, aquele disco alaranjado, maior do que um prato, calado, imponente, mandando luz para toda parte. Era o dia. (Everaldo Moreira Veras)
O texto acima explora com mestria as percepes sensoriais: Do cho subia o cheiro morno (olfato), brisa suave (ttil) e um excesso de sensaes visuais. Observe tambm a linguagem figurada presente em vrias personificaes ou prosopopeias: O vento bocejou () Preguioso, gotas dgua, tmidas, vacilantes () desamparadas, Uma chuva perdida, desencontrada das outras () doida, chuvisco passageiro, safadinho, O Sol, manhoso () Malandro, sem-vergonha () calado, imponente .
H sempre um lugar que nos mais querido, pode ser o nosso quarto, um jardim, uma praa da cidade, uma casa de campo, a praia que frequentamos, a paisagem que vemos da nossa janela, ou qualquer outro ambiente ou paisagem. Feche os olhos e visualize seu cantinho preferido e descreva-o, tentando fazer com que o leitor forme a imagem mental do local descrito. No precisa pormenorizar demais, a ponto de dar medidas, basta voc localizar espacialmente (abaixo, acima, ao lado, ao longe, prximo) os componentes do espao descrito. Inclua em seu texto figuras de linguagem criadas por voc, como no texto Era o dia. Explore tambm as sensaes fsicas (cheiro, sabor, sons, formas, cores, consistncias, temperatura, volume, espessura e outros) e sensaes psicolgicas (medo, saudade, ternura, carinho, amor, tristeza, desejo, satisfao, alegria, ansiedade, dvidas e outras). O texto poder ter at 20 linhas. D-lhe um ttulo e no escreva em versos.
PORTUGUS
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Nome: _______________________
O aluno deve descrever um lugar, utilizando as figuras de linguagem e as sensaes fsicas (tato, olfato, viso, gustao e audio) e psicolgicas (tristeza, alegria, amor, raiva etc.) que o cenrio suscita. O nmero de linhas irrelevante. Oriente o aluno para explorar as sensaes e os sentimentos que o local desperta no narrador, valendo-se de adjetivao expressiva. O texto pode apresentar um nico pargrafo.
272
PORTUGUS
COLGIO
MDULO
18
Prtica de Redao 6
Nome legvel __________________________________________________________________ Unidade ______________________________________________________________________ Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________ N.o de Computador
RETRATO DE UM SEM-RUMO H dois anos Jess Severino de Souza no faz a barba nem corta o cabelo. Nada a ver com falta de vaidade. uma questo de estilo. Aos 47 anos, em forma com 1,75 metro e 70 quilos, Souza se destaca pela aparncia. Usa anis de plstico, colares coloridos e brinces neo-hippies que no tira nem para tomar banho coisa que, alis, faz pouco. Sua morada, no canteiro da ala que liga as avenidas Doutor Arnaldo e Rebouas, no tem chuveiro. Nem pia. S um vaso sanitrio, sem descarga. Servem de enfeite, assim como a TV, o teclado de computador, o telefone e quilos de quinquilharias. Trabalho com reciclagem, afirma ele, que fatura 15 reais por ms vendendo papelo. Recebia salrio de 250 reais como porteiro de prdio, mas foi despedido nove anos atrs. Piadista, rimador metido a poeta, Souza abusou da bebida, arranjou uma turma da pesada e foi vender bijuterias na Avenida Paulista. Em pouco tempo passou a dormir na rua. Para os sem-teto e sem-rumo que tomam banho ou caf da manh no mesmo albergue que ele, Souza uma espcie de guru. Dou conselhos ao pessoal. O ltimo: Faa ioga e tai chi chuan. ma-ra-vi-lho-so! (Maria Rita Alonso)
Escreva uma histria em que um personagem, com perfil diferente do de Jess Severino de Souza, aconselhado pelo morador de rua e, em razo desses conselhos, muda seu comportamento e seus valores existenciais. D um ttulo a seu texto e no ultrapasse 30 linhas.
PORTUGUS
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Nome: _______________________
O aluno deve descrever o personagem que vai conhecer o morador de rua. A caracterizao deve ser oposta do morador de rua, como, por exemplo, um tipo certinho, todo arrumado, disciplinado etc. No enredo, o encontro com Jess, aliado a algum episdio que contrariou a expectativa do certinho, provoca a mudana de comportamento. Tal mudana no precisa ser radical, mas fazer com que o certinho reveja seus valores e, por exemplo, resolva largar um trabalho mecnico, burocrtico e enfadonho por um trabalho criativo ligado arte (artesanato, pintura, msica etc.). Essa apenas uma sugesto de enredo.
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PORTUGUS
COLGIO
MDULO
21
Prtica de Redao 7
Nome legvel __________________________________________________________________ Unidade ______________________________________________________________________ Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________ N.o de Computador
Texto I
Figure o leitor um homenzinho nascido em dias de maio, de pouco mais ou menos trinta e cinco anos de idade, magro, narigudo, de olhar vivo e penetrante (...) e ter ideia do fsico do Sr. Jos Manuel (...) Quanto ao moral, se os sinais fsicos lhe falham, quem olhasse para a cara do Sr. Jos Manuel assinalava-lhe um lugar distinto na famlia dos velhacos de quilate. E quem tal fizesse no se enganava de modo algum: o homem era o que parecia ser. Se tinha alguma virtude, era a de no enganar pela cara.
(Manuel Antnio de Almeida, Memrias de um Sargento de Milcias) Texto II
Cinquenta e cinco anos, que pareciam quarenta, macia, risonha, vestgios de beleza, porte elegante e maneiras finas. No falava muito nem sempre; possua a grande arte de escutar os outros, espiando-os; reclinava-se ento na cadeira, desembainhava um olhar afiado e comprido, e deixava-se estar. Os outros, no sabendo o que era, falavam, olhavam, gesticulavam, ao tempo que ela olhava s, ora fixo, ora mbil, levando a astcia ao ponto de olhar s vezes para dentro de si, porque deixava cair as plpebras; mas como as pestanas eram rtulas, o olhar continuava o seu ofcio, remexendo a alma e a vida dos outros.
(Machado de Assis, Memrias Pstumas de Brs Cubas ) Escolha um dos personagens dos textos apresentados e faa uma narrao. O personagem escolhido deve fazer parte da histria que voc vai construir e suas aes devem confirmar as caractersticas fsicas e psicolgicas descritas. No copie o texto proposto, restrinja-se a aproveitar os traos definidores do personagem escolhido, quanto a aspectos da aparncia e da personalidade. Seja criativo, crie uma histria em que haja suspense. D um ttulo ao seu texto.
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Nome: _______________________
O professor deve observar se as aes praticadas pelo personagem condizem com a descrio psicolgica apresentada no textoestmulo. Deve-se avaliar a verossimilhana e a criatividade.
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PORTUGUS
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Exerccios Propostos
A) --------------------------------------------
Pense nisto: quando do a voc de presente um relgio esto dando um pequeno inferno enfeitado, uma corrente de rosas, um calabouo de ar. No do somente um relgio, muitas felicidades e esperamos que dure porque de boa marca, suo com ncora de rubis; no do de presente somente esse mido quebra-pedras que voc atar ao pulso e levar a passear. Do a voc eles no sabem, o terrvel que no sabem do a voc um novo pedao frgil e precrio de voc mesmo, algo que lhe pertence mas no seu corpo, que deva ser atado a seu corpo, com correia, como um bracinho desesperado pendurado a seu pulso. Do a necessidade de dar corda todos os dias, a obrigao de dar-lhe corda para que continue sendo um relgio; do a obsesso de olhar a hora certa nas vitrinas das joalherias, na notcia do rdio, no servio telefnico. Do medo de perd-lo, de que seja roubado, de que possa cair no cho e se quebrar. Do sua marca e a certeza de que uma marca melhor do que as outras, do o costume de comparar o seu relgio aos outros relgios. No do um relgio, o presente voc, a voc que oferecem para o aniversrio do relgio. (Jlio Cortzar)
B) --------------------------------------------
Ficara o galo, sobrevivncia da runa. Rouco o seu canto. Canto que no parecia mais de galo, seno a prpria voz da casa abandonada. Casa rachada ao sol, aluindo-se ao vento de chuva. No mais agora figuras humanas entrando; apenas lagartixas e morcegos para recepo s sombras. Casa rouca submersa no matagal, teu galo ficou. E seu canto perdeu o timbre de sol, j no inaugura os dias. E se fez adequado aos estragos do reboco, podrido das esquadrias ltima secreo de paredes gemidas. Galo rouco. Casa rouca. (Anbal Machado)
A casa rouca
C) --------------------------------------------
A bruxa veio do nada, voando no cabo de vassoura, e ceifou a vida de Joo. A histria podia terminar a, mal comeada porque Joo era ainda uma criana, mas sua me no deixou. Um menino to bonzinho e amado, se finar assim de repente. Sofrendo horrivelmente com a morte do filho, desesperada apesar dos confortos amigos, no se conformava: queria que ele continuasse. Pelo menos um pouco dele. A me deu os olhos de Joo. Fez a doao para um banco de olhos, isso que a gente v s de longe e nos outros. Foi previsvel que os parentes estranhassem, mais que isso, no entendessem, indignados quase, uma desnaturada. E contudo era simples ir refazendo o seu caminho, at lhe encontrar o corao no motivo. O mais bonito de Joo viveria. E Maria, que h dois anos esperava, teve afinal esperana. E a operao de Maria, um transplante, de crnea, se fez possvel, com sucesso feliz. E Joo e Maria de olhos dados seguiram, juntos, e saram do escuro. (Ricardo Ramos, Amantes Iluminados )
Joo e Maria
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D) --------------------------------------------
Em Assuno do Paraguai, morreu a tia mais querida de Nicols Escobar. Morreu serenamente, em casa, enquanto dormia. Quando soube que perdera a tia, Nicols tinha seis anos de idade e milhares de horas de televiso. E perguntou: Quem a matou? (Eduardo Galeano)
Crnica familiar
E) --------------------------------------------
Apanhou o envelope e na sua letra cuidadosa subscritou a si mesmo: Narciso, rua Treze, n. 21. Passou cola nas bordas do papel, mergulhou no envelope e fechou-se. Horas mais tarde a empregada colocou-o no correio. Um dia depois sentiu-se na mala do carteiro. Diante de uma casa, percebeu que o funcionrio tinha parado indeciso, consultara o envelope e prosseguira. Voltou ao DCT, foi colocado numa prateleira. Dias depois, um novo carteiro procurou seu endereo. No achou, devia ter sado algo errado. A carta voltou prateleira, no meio de muitas outras, amareladas, empoeiradas. Sentiu, ento, com terror, que a carta se extraviara. (Igncio de Loyola Brando)
F) --------------------------------------------
No pas faminto, os negros esqulidos velhos, mulheres e crianas acabaram de receber os sacos de gros. A ajuda humanitria foi jogada do alto, dos helicpteros, por aqueles que talvez sintam pena, sim, mas uma pena distante, que no se mistura. E os pobres se atiram aos sacos numa balbrdia. Num instante, some tudo. Na beira do rio, alguns gros cados dos sacos rasgados misturam-se areia. E os famintos velhos, mulheres, crianas que ficaram por ali agacham-se para tentar garimp-los, buscando o gro to raro. Raro como uma gema preciosa. (Heloisa Seixas)
G) --------------------------------------------
Maria nunca foi certa. O prprio pai dela dissera a Jos o que esperar. No foi por falta de aviso. Mas Jos acreditava que o seu amor era o que Maria necessitava. O tipo de cuidado interessado que um homem devota sua mulher acima de todas as coisas, e ns sabemos o quanto isso pode curar! Um tempo Maria ficou bem, mas comeou a ter ausncias. Primeiro esquecia o que ia dizer. Depois esquecia o que tinham dito. Ento comeou a desaparecer. Quando apareceu grvida de um certo Gabriel, Jos assumiu o menino. Ele jamais ligou pro que falavam e morreu dormindo. (Fernando Bonassi)
Histria de amor
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PORTUGUS
5 Linguagem potica: poesia lrica 14 Trovadorismo e cancioneiro popular: stira 6 Auto da Barca do Inferno: episdio do Corregedor 7 Linguagem comum e potica
Trovador medieval
Poesia e fico
(ENEM) Eu comearia dizendo que poesia uma questo de linguagem. A importncia do poeta que ele torna mais viva a linguagem. Carlos Drummond de Andrade escreveu um dos mais belos versos da lngua portuguesa com duas palavras comuns: co e cheirando: Um co cheirando o futuro. (Entrevista com Mrio Carvalho. Folha de S.Paulo, 24/5/1988. Adaptao) O que deu ao verso de Drummond o carter de inovador da lngua foi a) o modo raro como foi tratado o futuro. b) a referncia ao co como animal de estimao. c) a flexo pouco comum do verbo cheirar (gerndio). d) a aproximao no usual do agente citado e a ao de cheirar. e) o emprego do artigo indefinido um e do artigo definido o na mesma frase.
Resoluo O que surpreende, no verso de Carlos Drummond de Andrade, no a aproximao entre o agente (sujeito), co, e a ao de cheirar, como afirma a alternativa d, mas sim o objeto de tal ao (o futuro), como prope a alternativa a. Resposta: A
E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razo, Esse comboio de corda Que se chama o corao. (Fernando Pessoa)
(MODELO ENEM) A palavra que d ttulo ao poema indica que o eu lrico tratar de um fenmeno psquico a) que ocorre conosco quando de uma ruptura amorosa. b) vivenciado por pessoas que apreciam a autntica poesia. c) responsvel pela inspirao artstica. d) que ocorre com o poeta no ato da criao potica. e) prprio dos estados de transe dos artistas. Resoluo A palavra autopsicografia refere-se anlise psquica ou psicolgica que o eu lrico faz do ato de criao potica. Resposta: D
2.
AUTOPSICOGRAFIA O poeta um fingidor. Finge to completamente Que chega a fingir que dor A dor que deveras sente. E os que leem o que escreve, Na dor lida sentem bem, No as duas que ele teve, Mas s a que eles no tm.
PORTUGUS
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Releia o poema Autopsicografia (Exerccios Resolvidos) e responda s questes de 1 a 9. (MODELO ENEM) Poesia fico porque nela o poeta finge. Mas no s a emoo expressa pelo poeta que fictcia: a do leitor tambm no a emoo vivida. Pode-se dizer, ento, que o leitor a) elemento estranho ao fingimento encenado no poema. b) s se emociona se perder o uso da razo. c) parte integrante da brincadeira estabelecida no poema. d) tem o seu corao iludido pelo poeta. e) no deve permitir que sua razo seja iludida.
RESOLUO: O leitor parte integrante do jogo ficcional criado pelo poeta, pois a emoo que ele, leitor, sente, ao ler o poema, no emoo de fato vivida, mas sim emoo lida, ou seja, emoo que ele apreende dos versos que l. Resposta: C
RESOLUO: So a dor que [o poeta] deveras sente e a dor que ele finge no poema.
7 O que h de comum entre a dor fingida pelo poeta e a dor que os leitores sentem bem quando leem o poema?
RESOLUO: O ponto comum que nenhuma a dor que se experimenta na vida, pois a do poeta fingida e a dos leitores s a que eles no tm.
Nos testes de 2 a 4, indique os sentidos das seguintes palavras ou expresses presentes no poema de Fernando Pessoa:
8 A partir da resposta anterior, indique o que se pode concluir a respeito das emoes representadas na poesia (o que vale, em geral, para a literatura e a arte).
RESOLUO: Na poesia, como na literatura e na arte em geral, temos emoes representadas, quer dizer, fictcias, fingidas. Elas so, portanto, diferentes das emoes que sentimos na vida.
b) verdadeiramente. d) convenientemente.
3
a) b) c) d) e)
Calhas de roda: canos redondos. tubos que do vazo s guas da chuva. trilhos circulares. sulcos para irrigar plantaes. abertura estreita.
Resposta: C
4
a) b) c) d) e)
Comboio de corda: trenzinho de brinquedo. escolta de veculos. grupo de carregadores. conjunto de navios mercantes. tropa de animais de carga. Resposta: A
9 Baseando-se no que voc pode concluir da leitura do poema Autopsicografia, assim como na sua experincia com literatura e arte, tente explicar por que as pessoas podem ter prazer ao ler obras literrias ou assistir a filmes, novelas e peas de teatro que narram histrias tristes, com sofrimento e finais infelizes ou catastrficos.
RESOLUO: O motivo que as emoes representadas na obra e sentidas pelo leitor ou espectador no so da mesma natureza que as emoes da vida. Por isso, tais emoes, mesmo que negativas na vida, podem dar prazer por constarem de uma bela obra de arte, que nos agrada e esclarece sobre a vida.
O Destaque
Fernando Pessoa (1888-1935): Escritor portugus, um dos responsveis pela introduo do Modernismo em Portugal, em 1915, com a publicao da revista Orpheu. considerado pela crtica internacional como um dos maiores poetas do sculo XX. Seus poemas tanto eram assinados por Fernando Pessoa poesia ortnima , como por diversos de seus heternimos (outros autores inventados por ele), entre os quais se tornaram mais conhecidos Alberto Caeiro, lvaro de Campos e Ricardo Reis.
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PORTUGUS
outros; o Sapateiro, enganador de seus fregueses; o Frade, que vem acompanhado de sua amante; a Alcoviteira (caftina), que fornecia moas para homens de dinheiro e poder; o Judeu, contra quem, refletindo preconceitos da poca, at o Diabo demonstra preveno; o Corregedor (juiz), pomposo e corrupto; o Procurador, desonesto como o juiz; o Enforcado, que acreditava que a forma por que morrera lhe garantiria a ida para o Cu... S so aceitos pelo Anjo o Parvo (idiota), campons explorado e sofredor, e quatro Cavaleiros que morreram em defesa da f de Cristo. Deve-se observar que a crtica de Gil Vicente no se dirige s instituies em si mesmas, mas aos indivduos que as corrompem. Assim, ao apresentar um padre licencioso, no Igreja que Gil Vicente visa, mas devassido e hipocrisia que havia nela, pois ele, um cristo tradicionalista, defendia uma Igreja mais austera, em moldes medievais. Tambm no se deve imaginar que Gil Vicente partilhasse de preconceitos que as personagens de suas peas manifestam. Prova disso que, por ocasio de um terremoto que abalou Lisboa, enquanto os padres faziam sermes culpando os judeus pela ira divina que teria motivado a catstrofe, Gil Vicente assumiu, corajosa e arriscadamente, a defesa dos judeus, condenando a atitude dos padres como absurda e mostrando uma mentalidade bastante avanada, ao atribuir o terremoto a causas naturais e no a capricho divino. Escrita em admirveis versos breves (redondilhos maiores: 7 slabas mtricas) e rimados, que reproduzem com naturalidade e graa a linguagem tpica de cada classe social representada, esta comdia uma das grandes obras da literatura europeia do Renascimento.
1 Personagem alegrica aquela que no representa propriamente um indivduo, mas uma classe de indivduos. Portanto, no corresponde a uma pessoa particular, concreta, mas a uma abstrao, uma generalidade.
(FUVEST-SP MODELO ENEM) Diabo, Companheiro do Diabo, Anjo, Fidalgo, Onzeneiro, Parvo, Sapateiro, Frade, Florena, Brsida Vaz, Judeu, Corregedor, Procurador, Enforcado e Quatro Cavaleiros so personagens do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente. Analise as informaes seguintes e selecione a alternativa cujas caractersticas no descrevam adequadamente a personagem.
a) O Onzeneiro idolatra o dinheiro, agiota e usurrio; de tudo que juntara, nada leva para a morte, ou melhor, leva a bolsa vazia. b) O Frade representa o clero decadente e subjugado por suas fraquezas: mulher e esporte; leva a amante e as armas de esgrima. c) O Diabo, capito da barca do Inferno, quem apressa o embarque dos condenados; dissimulado e irnico.
d) O Anjo, capito da barca do Cu, quem elogia a morte pela f; austero e inflexvel. e) O Corregedor representa a justia e luta pela aplicao ntegra e exata das leis; leva papis e processos. Resoluo O Corregedor, que deveria zelar pela aplicao da justia, um juiz corrupto, que d suas sentenas de acordo com os subornos que recebe. Resposta: E
PORTUGUS
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(MODELO ENEM) Assinale a alternativa que apresenta uma informao correta sobre os seguintes versos do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente.
Como? Por ser namorado ~a mulher e folgar1 com u se h um padre de perder, com tanto salmo rezado? Diabo: Ora ests bem aviado!2
Frade: Frade: Mais ests bem corregido!3 Diabo: Devoto padre marido, haveis de ser c pingado...4
1 Folgar: ter prazer. 2 Aviado: bem arranjado. 3 Mais ests bem corregido: mais bem arranjado ests tu! 4 Pingado: queimado com pingos de azeite. No conjunto dos versos, temos a) variao de ritmo e quebra de rimas. b) ausncia de ritmo e igualdade de rimas. c) alternncia de redondilho maior e menor e simetria de rimas. d) emprego de redondilho menor e de rimas opostas.
e) igualdade mtrica e uniformidade no esquema de rimas. Resoluo Os versos so todos redondilhos maiores (sete slabas mtricas) e as rimas repetem o mesmo esquema de interpolao: ABBAACCA. Esse o padro mtrico e rmico do Auto da Barca do Inferno. Resposta: E
O primeiro entrelocutor um FIDALGO que chega com um Pajem, que lhe leva um rabo mui comprido e u a cadeira de espaldas. E comea o Arrais do Inferno ante que o Fidalgo venha. barca, barca, houl! que temos gentil mar! Ora venha o carro r! Com. Feito, feito! Dia. Bem est! Vai tu muitieram, atesa aquele palanco e despeja aquele banco, pera a gente que vir.
Dia.
Fid. Dia. Fid. Dia. Fid. Dia. Fid. Dia. Fid. Dia.
Pera l vai a senhora? Senhor, a vosso servio. Parece-me isso cortio... Porque a vedes l de fora. Porm, a que terra passais? Pera o Inferno, senhor. Terra bem sem-sabor. Qu?... E tambm c zombais? E passageiros achais pera tal habitao? Vejo-vos eu em feio pera ir ao nosso cais... Parece-te a ti assi! Em que esperas ter guarida? Que leixo na outra vida quem reze sempre por mi. Quem reze sempre por ti?!... Hi, hi, hi, hi, hi, hi, hi!... E tu viveste a teu prazer, cuidando c guarecer porque rezam l por ti?!... Embarcai! Hou! Embarcai, que haveis de ir derradeira! Mandai meter a cadeira, que assi passou vosso pai. Qu? Qu? Qu? Assi lhe vai? Vai ou vem, embarcai prestes! Segundo l escolhestes, assi c vos contentai.
sem graa
boa, propcia
proteo deixo
barca, barca, hu-u! Asinha, que se quer ir! Oh, que tempo de partir, louvores a Berzebu! Ora, sus! que fazes tu? Despeja todo esse leito! Com. Em boa hora! Feito, feito! Dia. Abaixa aram esse cu!
depressa
salvar-se
Faze aquela poja lesta cabo frouxa e alija aquela dria. alivia corda para iar velas Com. Oh-oh, caa! Oh-oh, ia, ia! levanta a vela Dia. Oh, que caravela esta! Pe bandeiras, que festa. Verga alta! ncora a pique! poderoso dom Anrique, c vindes vs?... Que cousa esta?... Vem o FIDALGO e, chegando ao batel infernal, diz:
Fid. Dia.
Fid. Dia.
Fid. Dia.
Esta barca onde vai ora, que assi est apercebida? Vai pera a ilha perdida, e h de partir logo essora.
aparelhada Inferno
Fid. Dia.
Pois que j a morte passastes, haveis de passar o rio. No h aqui outro navio? No, senhor, que este fretastes, e primeiro que expirastes me destes logo o sinal. Que sinal foi esse tal? Do que vs vos contentastes. ()
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PORTUGUS
RESOLUO: Porque o Fidalgo no propriamente um indivduo, no tem caractersticas particularizadoras, no apresentado com psicologia individual; antes, ele representa toda uma classe social, a nobreza.
4 Ao saber que a barca vai para o inferno, o Fidalgo comenta: Terra bem sem-sabor. A julgar pelo comentrio do Diabo, feito logo em seguida, com que tom o ator deve proferir a frase do Fidalgo?
RESOLUO: Com tom de zombaria e desprezo. Depreende-se da observao do Diabo que o Fidalgo tem diante da Barca do Inferno a mesma atitude arrogante e zombeteira que tinha para com tudo.
(MODELO ENEM) Os vcios representados na figura aristocrtica do Fidalgo consistem, em nossos dias, antes em traos de personalidade que em caractersticas de classes sociais. Quais so esses vcios? a) A arrogncia e o autoritarismo. b) A vaidade e o fanatismo religioso. c) O consumismo e a inveja. d) O materialismo e o pragmatismo. e) A alienao e o comodismo.
5 No final do trecho transcrito, o Diabo diz ao Fidalgo: e primeiro que expirastes / me destes logo o sinal. Que sinal foi esse?
RESOLUO: O sinal dado pelo Fidalgo a primeira parcela do pagamento foi seu comportamento reprovvel, sua m conduta, que consistia naquilo com que ele se havia contentado (seus prazeres, privilgios e abusos).
RESOLUO: A figura do Fidalgo tem acentuados os vcios da arrogncia e do autoritarismo, vcios tambm comuns em nossa sociedade. Resposta: A
O Fidalgo chega acompanhado de um pajem. Nesse momento, de que tarefa se incumbe esse acompanhante?
RESOLUO: O pajem sustenta a cauda da capa do Fidalgo e carrega uma cadeira, no caso de este ltimo desejar sentar-se.
O Destaque
Gil Vicente (1465?-1537?): Dramaturgo e poeta portugus, autor de autos e farsas, entre os quais Monlogo do Vaqueiro ou Auto da Visitao, O Velho da Horta, Auto da Barca do Inferno, Farsa de Ins Pereira, Auto da Lusitnia etc. o criador do teatro portugus e um dos maiores teatrlogos da Europa de seu tempo. Suas peas apresentam um amplo quadro da sociedade portuguesa, com humor e crticas severas voltadas contra todas as classes sociais, inclusive o clero e a nobreza.
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PORTUGUS
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1.
E considerei a glria de um pavo ostentando o esplendor de suas cores; um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas no existem na pena do pavo. No h pigmentos. O que h so minsculas bolhas d'gua em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavo um arco-ris de plumas. Eu considerei que este o luxo do grande artista, atingir o mximo de matizes com o mnimo de elementos. De gua e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistrio a simplicidade. Considerei, por fim, que assim o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glrias e me faz magnfico. (BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 20.a ed.)
(ENEM) O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu assim sobre a obra de Rubem Braga: O que ele nos conta o seu dia, o seu expediente de homem, apanhado no essencial, narrativa direta e econmica. (...) o poeta do real, do palpvel, que se vai diluindo em cisma. D o sentimento da realidade e o remdio para ela. Em seu texto, Rubem Braga afirma que este o luxo do grande artista, atingir o mximo de matizes com o mnimo de elementos. Afirmao semelhante pode ser encontrada no texto de Carlos Drummond de Andrade, quando, ao analisar a obra de Braga, diz que ela a) uma narrativa direta e econmica. b) real, palpvel. c) sentimento da realidade. d) seu expediente de homem. e) seu remdio. Resoluo Rubem Braga celebra, no pavo visto como no grande artista, a capacidade de atingir o mximo
de matizes com o mnimo de elementos. Portanto, trata-se de um prodgio de simplicidade e economia, ou, nos termos de Drummond, uma narrativa direta e econmica. Resposta: A (MODELO ENEM) A literatura pode ser definida como a arte de criar e recriar textos, de compor ou estudar escritos artsticos; o exerccio da eloquncia e da poesia; o conjunto de produes literrias de um pas ou de uma poca, ou ainda como o conjunto da produo escrita sobre um determinado assunto ou questo. Assinale a alternativa cujo termo no est implicado na definio de literatura apresentada. a) Autor. b) Linguagem. c) Inspirao. d) Cultura. e) Sociedade. Resoluo A inspirao no est diretamente associada definio de literatura apresentada no enunciado. Resposta: C
Texto 1 mar azul mar azul marco azul mar azul marco azul barco azul mar azul marco azul barco azul arco azul mar azul marco azul barco azul arco azul ar azul Observao inicial: Vamos considerar o conjunto de palavras acima um texto. Se ele um texto, porque suas palavras formam um tecido, isto , se relacionam entre si, como os fios num tecido. (Notar que a palavra texto, pronunciada tecstum em latim, tem a mesma raiz de tecido: tec, de tecer, que significa entrelaar, tramar.)
RESOLUO: No, so palavras que no formam oraes (pois no h verbos) nem mesmo frases no oracionais [pois no se pode supor que elas constituam alguma afirmao, como em Fogo! ou Que beleza!, que no contm verbos, mas so frases no oracionais ou nominais].
9.
1 Por que se pode considerar que o conjunto de palavras transcritas anteriormente constitui um texto? 284
PORTUGUS
Texto 2
CANO PRAIEIRA I Ouves acaso quando entardece Vago murmrio que vem do mar, Vago murmrio que mais parece Voz de uma prece Morrendo no ar? Beijando a areia, batendo as frguas, Choram as ondas; choram em vo: O intil choro das tristes guas Enche de mgoas A solido...
frgua = fraga: rocha
6 Se considerarmos no as palavras, mas os sons, a palavra que no se repete corresponde a um grupo de sons muito repetido. De que grupo sonoro se trata e quantas vezes se repete ele?
RESOLUO: Trata-se de ar, que se repete 15 vezes.
7 (MODELO ENEM) As relaes entre as palavras do texto apresentado so a) apenas de sentido. b) de posio da slaba tnica. c) morfolgicas. d) sintticas. e) de som e de sentido.
RESOLUO: As palavras relacionam-se pelo sentido, pois todas podem ser associadas a mar e o seu conjunto compe uma paisagem marinha. Mas elas relacionam-se tambm pelo som, pois todas correspondem a ampliaes e variaes em torno de mar, com acrscimo, alterao ou supresso de sons. Resposta: E
Duvidas que haja clamor no mundo intil Mais vo, mais triste que esse clamor? Ouve que vozes de moribundo Sobem do fundo Do meu amor. (Vicente de Carvalho)
J Embora os dois poemas se refiram ao mar, o segundo no desenvolve o mesmo tema que o primeiro. Explique, comentando a presena ou a ausncia do eu nos dois textos.
RESOLUO: O poema de Ferreira Gullar tem como tema o mar e no se refere a mais nada, nem h nele a presena de algum eu que exprima suas emoes. O poema de Vicente de Carvalho tem como tema o sofrimento amoroso, devido a um amor que morre (moribundo). O mar funciona apenas como elemento de comparao, pois o centro do poema o eu lrico (o eu que se exprime no poema), projetando seus sentimentos no mar e comparando o clamor do seu amor moribundo ao rudo das ondas.
I Apesar de se repetir no texto a slaba bar, a palavra bar no foi empregada. Por qu?
RESOLUO: Porque destoaria tanto do contexto da paisagem marinha quanto do tom e do gnero do texto. Bar constituiria a intromisso de um elemento urbano numa paisagem que puramente marinha; alm disso, bar azul soaria um pouco ridculo, sugerindo algum enredo gaiato, num texto que no narrativo e cujo tom no humorstico.
PORTUGUS
285
beba coca cola babe cola beba coca babe cola caco caco cola cloaca
A simples brincadeira com a posio das slabas sugere algum babando e engasgando com a bebida, enquanto repete o slogan e produz palavras indesejveis, como babe, caco e, resumo de tudo, cloaca, que significa vaso sanitrio, latrina ou fossa. Por isso, esse texto concretista j foi chamado antipropaganda.
No texto acima, note como a distribuio espacial das palavras cria uma estrutura icnica, isto , de imagem semelhante coisa: a palavra pluvial (referente a chuva) est disposta de forma que suas letras parecem gotas de chuva que, caindo verticalmente, antes de formar a palavra completa, formam a palavra fluvial (referente a rio), disposta horizontalmente pluvial s se completa na vertical e fluvial s na horizontal, como prprio, respectivamente, da chuva e do rio.
Repare que o autor escolheu um tipo de letra luxuoso para compor o texto.
Os Destaques
Ferreira Gullar (1930): Nascido no Maranho, considerado um dos mais importantes escritores brasileiros contemporneos. Seu segundo livro de poemas, A Luta Corporal (1954), marcou poca por seu experimentalismo arrojado. Ligou-se ao movimento de vanguarda chamado Concretismo ( autor de mar azul, um dos mais memorveis poemas concretos), depois liderou o Neoconcretismo e em seguida abandonou o vanguardismo em favor de uma arte popular de contedo poltico, da qual tambm finalmente se afastou. Uma de suas obras mais importantes o autobiogrfico Poema Sujo (1976). tambm crtico de arte e autor de livros para crianas.
Vicente de Carvalho (1866-1924): Advogado, poltico, magistrado, poeta e contista, Vicente de Carvalho foi, durante toda a sua vida, um jornalista combativo. Poeta lrico, ligou-se desde o incio ao grupo de jovens poetas de tendncia parnasiana. Foi grande artista do verso, da fase criadora do Parnasianismo. Chamado poeta do mar, entre suas obras se destaca a coletnea Poemas e Canes (1908).
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286
PORTUGUS
1 a 3.
A estoutra barca me vou. Hou da barca! Para onde is? Ah, barqueiros! No me ouvis? Respondei-me! Houl! Hou! (...)
Anj. Pera vossa fantesia mui estreita esta barca. Fid. Pera senhor de tal marca no h aqui mais cortesia?
Que quereis? Que me digais, pois parti to sem aviso, se a barca do Paraso esta em que navegais. Anj. Esta ; que demandais? Fid. Que me leixeis embarcar. Sou fidalgo de solar, bem que me recolhais.
Anj. Fid.
Venha a prancha e atavio! Levai-me desta ribeira! Anj. No vindes vs de maneira pera ir neste navio. Essoutro vai mais vazio: a cadeira entrar e o rabo caber e todo vosso senhorio.
desejais deixeis famlia importante convm arrogncia, autoritarismo barca cujo destino o Paraso
No se embarca tirania neste batel divinal. Fid. No sei por que haveis por mal que entre a minha senhoria...
Anj.
Vs ireis mais espaoso com fumosa senhoria cuidando na tirania do pobre povo queixoso; e porque, de generoso, desprezastes os pequenos, achar-vos-eis tanto menos quanto mais fostes fumoso.
pretensiosa, arrogante refletindo sobre a opresso [(sobre os humildes) por serdes de famlia nobre em to pior situao
(FGV-SP MODELO ENEM) Na obra de onde se extraiu esse excerto, o autor faz a) crtica restrita a um fidalgo que queria embarcar num batel. b) crtica indireta ao comportamento do povo portugus mais simples. c) crtica direta classe mdia portuguesa. d) crtica ironizada crena nos destinos da alma, aps a morte. e) stira social: por meio do cmico, critica uma parte da sociedade. Resoluo Trata-se de stira social virulenta, dirigida contra amplos setores da sociedade portuguesa, fracamente designados na alternativa e como apenas uma parte da sociedade. Resposta: E (MODELO ENEM) Algumas expresses contidas nas falas do Fidalgo deixam claro que ele se dirige a um interlocutor, a um destinatrio, a quem ele invoca, d uma ordem ou tenta persuadir. Assinale a alternativa em que no h esse tipo de expresso. a) Hou da barca! b) Levai-me desta ribeira! c) Ah, barqueiros! d) A estoutra barca me vou. e) Respondei-me!
Resoluo A alternativa d a nica que no apresenta uma expresso que tenha sido usada pelo Fidalgo para invocar, dar uma ordem ou persuadir. As demais alternativas contm expresses que so invocaes chamamentos (a e c) ou ordens (b e e), isto , vocativos e imperativos. Resposta: D
(MODELO ENEM) Uma pessoa pode dirigir-se a seu interlocutor de diversas maneiras, segundo a imagem que faz da relao social ou afetiva que os liga no momento em que acontece a interao: voc, tu, vs, o senhor/a senhora; prezado cliente, caro colega, companheiro, doutor, senhores, gente, galera. Essas expresses so formas de tratamento. Com elas o enunciador geralmente fornece a primeira pista do registro de linguagem em que pretende se situar. (Jos Carlos de Azeredo, Gramtica Houaiss da Lngua Portuguesa) Se o dilogo entre o Fidalgo e o Anjo fosse transposto para o portugus contemporneo do Brasil, poderamos empregar formas de tratamento diferentes daquela que se observa no
texto original, e essa atualizao implicaria uma adequao das formas verbais. Mantendo a formalidade caracterstica do dilogo transcrito, assinale a alternativa que apresenta a forma de tratamento e a flexo verbal usuais no portugus do Brasil. a) Hou da barca! Para onde [tu] vais? b) Sou fidalgo de solar, / bem que [vs] me recolhei. c) [O senhor] Leve-me desta ribeira! d) Ah, barqueiros! [Vocs] No me ouvem? e) No vieste [o senhor] de maneira / pera ir neste navio. Resoluo A alternativa c apresenta a atualizao correta, visto que se vale da forma de tratamento senhor (tratamento formal) e flexiona o verbo levar na terceira pessoa do singular do presente do subjuntivo (equivalente ao imperativo). Na alternativa d, vocs corresponde a tratamento informal. Na a, tu, com o verbo adequadamente flexionado na segunda pessoa do singular, corresponde ao tratamento informal usado em Portugal. ( fato que, em parte do Nordeste e do Sul do Brasil, se usa popularmente o tu para tratamento informal, mas com o verbo na terceira pessoa: tu vai.) Resposta: C
PORTUGUS
287
Episdio do Fidalgo (continuao) Releia os versos extrados do Episdio do Fidalgo (o dilogo entre o Fidalgo e o Anjo) e responda s questes de 1 a 8.
6 O Fidalgo revela enorme arrogncia ao usar certo pronome de tratamento, relativo sua prpria pessoa. Qual o pronome e o que o Fidalgo pretende ao us-lo?
RESOLUO: Trata-se do pronome de tratamento senhoria, que utilizado com a pretenso de que o Anjo passe a lhe dar o tratamento corts de que se julga merecedor.
RESOLUO: A linguagem do Anjo, do incio ao fim do texto, solene, s vezes irnica[, em contraste com a linguagem gaiata do Diabo].
2 O Fidalgo afirma que partiu to sem aviso. O que isso quer dizer? O que isso evidencia sobre ele?
RESOLUO: Indica que o Fidalgo no se preparara para morrer como, em princpio, deveria fazer todo bom cristo. Talvez ele acreditasse que pudesse, antes de morrer, encontrar uma forma de escapar da condenao ao Inferno.
7 (MODELO ENEM) H no texto outra expresso usada pelo Fidalgo que tambm revela sua arrogncia. Qual ela? a) A estoutra barca me vou. b) Ah, barqueiros! No me ouvis? c) ...me leixeis embarcar. d) Pera senhor de tal marca... e) Levai-me desta ribeira!
RESOLUO: A expresso senhor de tal marca denota o espanto do Fidalgo por no lhe ser dado o tratamento de que se julga merecedor, por ser homem de to grande importncia. Resposta: D
3 O Fidalgo revela prepotncia ao mencionar o motivo para ser recebido na Barca do Paraso. Qual o argumento utilizado por ele na tentativa de convencer o Anjo?
RESOLUO: Ele diz, de forma arrogante, que pertence a uma famlia poderosa e ilustre: ele fidalgo de solar.
substantivo feminino 1 parte da Filosofia responsvel pela investigao dos princpios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo esp. a respeito da essncia das normas, valores, prescries e exortaes presentes em qualquer realidade social 2 Derivao: por extenso de sentido. conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivduo, de um grupo social ou de uma sociedade Relacione o comportamento do Fidalgo ao conceito acima e responda: h incoerncia entre a conduta do Fidalgo e a tica crist? Atualmente h indivduos como o Fidalgo? Explique.
RESOLUO: Resposta pessoal.
RESOLUO: Com a palavra tirania, o Anjo se refere ao comportamento do Fidalgo: injusto, arrogante, autoritrio.
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288
PORTUGUS
1.
Do pedacinho de papel ao livro impresso vai uma longa distncia. Mas o que o escritor quer, mesmo, isso: ver o seu texto em letra de forma. A gaveta tima para aplacar a fria criativa; ela faz amadurecer o texto da mesma forma que a adega faz amadurecer o vinho. Em certos casos, a cesta de papel melhor ainda. O perodo de maturao na gaveta necessrio, mas no deve se prolongar muito. Textos guardados acabam cheirando mal, disse Silvia Plath, (...) que, com esta frase, deu testemunho das dvidas que atormentam o escritor: publicar ou no publicar? guardar ou jogar fora?
(Moacyr Scliar, O Escritor e seus Desafios)
Resoluo A frase da alternativa b, no contexto em que aparece, indica que nem sempre a gaveta, onde se daria a maturao do texto, garante que ele resulte bom. Por isso, a cesta de papis pode ser ainda melhor do que a gaveta, como forma de tratamento de textos de qualidade insuficiente. Resposta: B Texto para o teste
(...) Penetra surdamente no reino das palavras. L esto os poemas que esperam ser escritos. (...) Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrvel, que lhe deres: Trouxeste a chave? (...)
(PUCCamp-SP adaptado MODELO ENEM) Explicitando uma atitude que ele prprio assume como escritor, Carlos Drummond de Andrade sugere, nos versos acima, que o poeta a) faa do poema um meio de cantar atos humanos dignos de louvor. b) busque transmitir suas emoes pessoais mais ntimas e os desejos de seu corpo. c) procure as palavras e a sintaxe adequadas ao ritmo da vida urbana moderna. d) recorra linguagem coloquial como forma de fazer-se porta-voz dos anseios do povo. e) entenda como essncia do texto potico o debruar-se sobre o enigma da linguagem. Resoluo O poema de Drummond inicia-se com uma srie de negaes que rompem radicalmente com a concepo da poesia como um discurso sobre algo: a vida, a morte, os acontecimentos, o cotidiano. Segundo o autor, a poesia no discurso sobre, mas o prprio discurso, por isso s pode ser encontrada no reino das palavras. Resposta: E
2.
PROCURA DA POESIA No faas versos sobre acontecimentos. No h criao nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida um sol esttico, no aquece nem ilumina. As afinidades, os aniversrios, os incidentes [pessoais no contam. No faas poesia com o corpo, esse excelente, completo e confortvel [corpo, to infenso efuso lrica. Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor [no escuro so indiferentes. Nem me reveles teus sentimentos, que se prevalecem do equvoco e tentam a [longa viagem. O que pensas e sentes, isso ainda no [poesia. No cantes tua cidade, deixa-a em paz. O canto no o movimento das mquinas [nem o segredo das casas. No msica ouvida de passagem; rumor do [mar nas ruas junto linha de espuma.
(ENEM) Neste texto, o escritor Moacyr Scliar usa imagens para refletir sobre uma etapa da criao literria. A ideia de que o processo de maturao do texto nem sempre o que garante bons resultados est sugerida na seguinte frase: a) A gaveta tima para aplacar a fria criativa. b) Em certos casos, a cesta de papel melhor ainda. c) O perodo de maturao na gaveta necessrio (...). d) Mas o que o escritor quer, mesmo, isso: ver o seu texto em letra de forma. e) ela [a gaveta] faz amadurecer o texto da mesma forma que a adega faz amadurecer o vinho.
MEMRIA Amar o perdido deixa confundido este corao. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do No.
esquecimento
As coisas tangveis tornam-se insensveis palma da mo. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficaro.
que se podem tocar, concretas que no se sentem, que no so sentidas [(a significao , aqui, passiva)
PORTUGUS
289
Indique as palavras e expresses do poema que podem ser diretamente associadas, pelo sentido, ao seu ttulo, Memria.
RESOLUO: [As palavras do mesmo campo semntico ou da mesma rea de significao de Memria so as que significam passado ou se referem a ele:] Perdido (porque passou), olvido (antnimo de memria), No (o no por excelncia o que no existe mais: o passado), coisas findas (passadas).
5 A expresso este corao (verso 3) equivale a este meu corao, pois o pronome demonstrativo, no caso, indica que h algum que fala em primeira pessoa e que se trata do seu corao. Explique, confrontando as duas formas do pronome: este, no incio, com esse, no fim do texto.
RESOLUO: O pronome demonstrativo este remete primeira pessoa (eu, meu) e ao lugar mais prximo (aqui). Esse remete segunda pessoa (tu/voc, teu/seu) e a um lugar menos prximo do eu (a). No incio do poema, este indica a proximidade do corao, pois o da prpria pessoa que fala; no final do poema, essas indica as coisas que terminaram e se afastam no tempo.
2 O tema, o assunto central desenvolvido no poema, diz respeito a um sentimento e pode ser resumido com um de seus versos. Transcreva esse verso.
RESOLUO: Amar o perdido.
RESOLUO: Sentido figurado[; segundo o Dicionrio Houaiss: bero dos sentimentos, das emoes, do afeto, do nimo, da coragem etc.].
Nesse texto, a que classe morfolgica pertence a palavra No? Qual o seu significado, no contexto?
RESOLUO: No, originalmente, um advrbio, mas no texto est substantivado pelo artigo que o precede. O No o inexistente e/ou impossvel, no contexto em que se fala de memria e esquecimento, o perdido, aquilo que no mais existe, aquilo que foi uma possibilidade no passado e impossvel no presente.
No desenvolvimento, o poema trata de causas e consequncias do sentimento que seu tema. Copie, em cada item a seguir, os trechos do poema referentes ao aspecto indicado. a) Consequncia desse sentimento a confuso de sentimentos:
7 (MODELO ENEM) Na ltima estrofe, a expresso as coisas findas... ficaro no parece lgica, pois envolve ____________________________. Esse tipo de construo corresponde figura de linguagem chamada oxmoro, que consiste em aproximar palavras de sentido __________________________, de forma que uma negue a outra, como em claridade obscura e apressou-se devagar. a) contradio complementar b) oposio idntico c) contradio oposto d) restrio redundante e) inverso contrrio
RESOLUO: A expresso as coisas findas... ficaro ou seja, o que terminou... continuar, o que se foi... ficar paradoxal, pois envolve contradio. Porm, o paradoxo aparente, pois as coisas de que fala o poema terminam na realidade objetiva, isto , no mundo exterior, mas permanecem na realidade subjetiva, no mundo interior (na memria, nos afetos, na saudade). Resposta: C
290
PORTUGUS
RESOLUO: A afirmao de que as coisas findas permanecero, tornando-se muito mais que lindas, indica que, assim como desvaloriza o presente (3.a estrofe), o eu tende a supervalorizar o passado, pois as coisas que passam ficaro, na memria, mais lindas do que eram. A atrao sem sentido que o passado exerce sobre o eu, e que leva este a idealiz-lo (o passado parece melhor do que foi), assunto da 2.a estrofe.
O Destaque
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): Considerado um dos maiores poetas do Brasil e de toda a lngua portuguesa, Drummond ainda um dos maiores do mundo em sua poca. Sua obra, de incio filiada ao Modernismo, consta de poemas (o que fez de mais importante), contos e crnicas. Seus temas giram em torno da problemtica do indivduo em seu confronto com o mundo, seja o mundo interior, subjetivo, ou o exterior. Sua reflexo tambm esteve voltada para questes sociais e para o prprio fazer potico. Seus poemas de temtica amorosa (amor amargo) e existencial (o sentido do mundo e da vida) esto entre suas mais admirveis realizaes.
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Gil Vicente
Teatro medieval
Uma sociedade que instituiu, como valores a perseguir, esses que ns sabemos, o lucro, o xito, o triunfo sobre o outro e todas estas coisas, essa sociedade coloca as pessoas numa situao em que acabam por pensar (se que o dizem e no se limitam a agir) que todos os meios so bons para se alcanar aquilo que se quer. Falamos muito ao longo destes ltimos anos (e felizmente continuamos a falar) dos direitos humanos; simplesmente deixamos de falar de uma coisa muito simples, que so os deveres humanos, que so sempre deveres em relao aos outros, sobretudo. E essa indiferena em relao ao outro, essa espcie de desprezo do outro, que eu me pergunto se tem algum sentido numa situao ou no quadro de existncia de uma espcie que se diz racional. Isso, de fato, no posso entender, uma das minhas grandes angstias.
(Jos Saramago, Dilogos com Jos Saramago)
(FATEC-SP MODELO ENEM) O foco da crtica de Saramago sociedade reside, principalmente, na atitude das pessoas de a) buscar seus objetivos sem avaliar eticamente os meios que utilizam. b) mais falar do que agir para conseguir seus objetivos. c) falar demais acerca dos direitos e dos deveres humanos. d) esquecer que na vida h tambm o desprezo pelo outro. e) considerar racional a espcie humana, apesar de ela ignorar o outro. Resoluo Saramago critica a sociedade contempornea, na qual se visa, sobretudo, ao lucro e vantagem individual, sem que haja uma reflexo, de cunho tico, acerca dos meios de que se vale essa sociedade para garantir seus triunfos. Resposta: A Texto para o teste
Frade:
Tai-rai-rai-ra-r; ta-ri-ri-r; ta-rai-rai-rai-r; tai-ri-ri-r; t-t; ta-ri-rim-rim-r. Huh! Que isso, padre?! Que vai l? Deo gratias! Som corteso.5 Sabeis tambm o tordio6? Por que no? Como ora sei! Pois, entrai! Eu tangerei7 e faremos um sero8.
Essa dama ela vossa? Frade: Por minha la9 tenho eu, e sempre a tive de meu10, (...) (...) Frade: Pera onde levais gente? Diabo: Pera aquele fogo ardente que no temestes vivendo. Frade: Juro a Deos que nom tentendo! E esthbito no me val?11 Diabo: Gentil padre mundanal12, a Berzabu13 vos encomendo!
1 Broquel: escudo pequeno. 2 Casco: capacete. 3 Capelo: capuz. 4 Fazer a baixa: can-
2.
Vem um Frade com uma Moa pela mo, e um broquel1 e uma espada na outra, e um casco2 debaixo do capelo3; e, ele mesmo fazendo a baixa4, comeou de danar, dizendo:
PORTUGUS
291
tarolar ou assobiar a msica de uma dana baixa, espcie de dana cortes ento na moda. 5 Deo gratias! Som corteso: graas a Deus! Sou homem da Corte. 6 Tordio: tipo de dana. 7 Tangerei: tocarei um instrumento. 8 Sero: sarau. 9 La: a. 10 De meu: como coisa minha. 11 E esthbito no me val?: esta batina de nada me vale? 12 Mundanal: mundano. 13 Berzabu: Belzebu, o Diabo.
2 (MODELO ENEM) Sobre o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, obra da qual se extra-
ram os versos transcritos, incorreto afirmar: a) Como se observa no trecho apresentado, a personagem do Diabo sentencia o destino das personagens, segundo as aes que estas praticaram em vida. b) A crtica vicentina no se dirige s instituies a Igreja, a Justia, a Nobreza etc. , mas sim aos indivduos que as compem, como o frade mundano. c) Gil Vicente inova nesta obra, j que o primeiro autor a relativizar a distino entre o Bem e o Mal.
d) Nesta pea, Gil Vicente faz desfilar tipos alegricos, representantes de vcios humanos (a luxria, a desonestidade, a usura, a corrupo etc.). e) A estrutura da pea se enquadra nos moldes medievais, desenvolvendo-se na forma de uma sucesso de quadros ou sketches. Resoluo Gil Vicente um autor ainda preso a uma viso maniquesta do mundo, pois em suas obras no h relativizao do Bem e do Mal. Resposta: C
Vem um Corregedor [juiz a quem cabe corrigir os erros ou abusos das autoridades e funcionrios da Justia] carregado de feitos e, chegando barca do Inferno, com sua vara na mo, diz:
Cor. Dia. Cor. Dia. Cor. Dia. Cor. Dia. Cor. Dia. Cor. Dia.
Dia.
Hou da barca! Que quereis? Est aqui o senhor juiz! amador de perdiz, ave; presente usado para suborno gentil crrega trazeis! carga No meu ar conhecereis que no ela do meu jeito. Como vai l o direito? Nestes feitos o vereis. Ora pois, entrai. Veremos que diz i nesse papel... E onde vai o batel? No Inferno vos poeremos. Como? terra dos demos h de ir um corregedor? Santo descorregedor, embarcai, e remaremos!
Entrai, entrai. Corregedor! Hou! Videtis qui petatis! super jure majestatis tem vosso mando vigor? Quando reis ouvidor nonne accepistis rapina? Pois ireis pela bolina onde nossa merc for. (...)
Cor.
poremos
Cor. Dia.
Ora, entrai, pois que viestes! Nom de regulae juris, no! dos preceitos da lei Ita, ita! Dai c a mo! sim, sim Remareis um remo destes. Fazei conta que nascestes pera nosso companheiro. Que fazes tu, barzoneiro? preguioso (ao Companheiro) Faze-lhe essa prancha prestes! pronta Oh! renego da viagem e de quem mh de levar! Hqui meirinho do mar? No h c tal costumagem. Nom entendo esta barcagem, nem hoc non potest esse. Se ora vos parecesse que nom sei mais que linguagem!...
amaldioo
Cor.
RESOLUO: Para, ironicamente, responder s frmulas latinas do Corregedor. O latim era a lngua internacional de cultura, usado pela Justia e pela Igreja.
292
PORTUGUS
Que efeito se obtm ao se usar, como no texto, um latim cheio de erros, dito macarrnico?
RESOLUO: Os erros grosseiros poderiam ser facilmente percebidos na poca, pelas pessoas de alguma cultura, obtendo-se com esse recurso um efeito humorstico.
RESOLUO: O Corregedor invoca o jus majestatis, que tornava inviolveis os representantes do Rei, acreditando que seus privilgios se mantm, mesmo aps a morte.
Portanto, considerando-se essa definio, pode-se dizer que os versos Pois ireis pela bolina / onde nossa merc for, na quinta estrofe, contm ironia porque a) expressam reverncia figura do Corregedor, homem corrupto, que deveria ser censurado, e no reverenciado. b) o Diabo, ao usar a expresso nossa merc, inverte os papis, o dele e o do Corregedor, conferindo a si mesmo uma autoridade que ele no tem. c) tendo sido ditos pelo Diabo, deveriam apresentar linguagem chula (e no erudita), como ocorre na maior parte de suas falas. d) o sentido denotativo da expresso nossa merc coincide com seu sentido conotativo ou figurado. e) so uma resposta zombeteira do Diabo ao privilgio reclamado pelo Corregedor, que invocara o jus majestatis direito de majestade.
RESOLUO: Como um pouco antes o Corregedor havia invocado o jus majestatis, o Diabo, irnica e zombeteiramente, emprega uma frmula muito solene (nossa merc), habitualmente s utilizada por reis. Resposta: E
6 (MODELO ENEM) Segundo o Dicionrio Houaiss, ironia a figura por meio da qual se diz o contrrio do que se quer dar a entender; a ironia ressalta do contexto. Em literatura, essa figura se caracteriza pelo emprego inteligente de contrastes; usada para criar ou ressaltar certos efeitos humorsticos.
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1 e 2.
TINTA DE ESCREVER Ao teu azul fidalgo mortifica registrar a notcia, escrever o bilhete, assinar a promissria esses filhos do momento. Sonhas mais duradouro o pergaminho onde pudesses, arte longa em vida breve inscrever, vitrolo o epigrama, lgrima a elegia, bronze a epopeia.(*) Mas j que o duradouro de hoje nem espera a tinta do jornal secar, firma, azul, a tua promissria ao minuto e adeus que agora tudo Histria.
(Jos Paulo Paes, Prosas seguidas de Odes Mnimas)
(*) Entenda-se: Sonhas [que seja] mais duradouro o pergaminho, onde pudesses inscrever arte longa em vida breve, [sonhas que] o epigrama (poema breve e satrico) [seja] vitrolo (veneno), [que] a elegia (poema lamentativo) [seja] lgrima, [e que] a epopeia [seja] bronze.
(MODELO ENEM) Epigrama, elegia e epopeia, no contexto do poema, opem-se a a) minuto, azul e adeus. b) notcia, bilhete e promissria. c) pergaminho, vitrolo e lgrima. d) vitrolo, lgrima e bronze. e) hoje, vida e azul. Resoluo O poema contrape a escrita de tom elevado, como o epigrama, a elegia e a epopeia, escrita de tom corriqueiro, vulgar, que so a notcia, o bilhete e a promissria. Resposta: B
(MODELO ENEM) No poema apresentado, h a) a correspondncia entre os aspectos ideais e os materiais. b) a frustrao diante do carter duradouro da realidade presente. c) o choque entre o mundo ideal e o intil. d) a escrita como ato exclusivo de pessoas de carter elevado. e) a oposio entre o real vulgar e o ideal grandioso. Resoluo Na primeira estrofe, o poeta informa que penoso escrever coisas cotidianas, como a notcia, o bilhete e a promissria. Na segunda, aponta como desejvel a escrita de textos mais elevados, como o epigrama, a elegia e a epopeia. Resposta: E
PORTUGUS
293
Para responder s questes de 1 a 9, leia o texto jornalstico a seguir e releia o poema Memria, de Carlos Drummond de Andrade, estudado no mdulo 5. Texto 1
3 Para a apreciao do poema Memria, faz diferena que seja verdadeiro ou no o que as palavras dizem?
RESOLUO: No faz diferena. O que importa a construo criada com as palavras e a emoo esttica que ela provoca. [Emoo esttica corresponde ao prazer que se experimenta diante de algo belo como o caso da organizao das palavras na poesia, dos sons na msica, das formas e cores na pintura ou das linhas e volumes num rosto.]
POETA JOS PAULO PAES MORRE AOS 72 O poeta Jos Paulo Paes morreu ontem, de edema pulmonar, aos 72 anos. Autor de A Poesia Est Morta mas Juro que no Fui Eu, era ainda tradutor e ensasta. (texto jornalstico)
Texto 2
MEMRIA Amar o perdido deixa confundido este corao. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do No. As coisas tangveis tornam-se insensveis palma da mo.
esquecimento
4 No caso do texto sobre a morte do poeta Jos Paulo Paes, faz diferena saber se essa morte real ou inventada?
RESOLUO: Faz diferena, pois a finalidade principal do texto jornalstico fornecer informaes sobre fatos.
Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficaro. (Carlos Drummond de Andrade)
Comparando o texto jornalstico e o poema Memria, o que voc observa quanto extenso e quebra de linhas?
RESOLUO: O texto do poema se distribui na linha de um modo diferente em relao ao texto jornalstico: o primeiro apresenta uma distribuio especial das palavras, pois elas no ocupam toda a extenso da linha; o segundo se distribui ocupando a extenso mxima das linhas.
5 Substitua a palavra No pela palavra Inexistente (ou pela palavra Impossvel, que outro dos sentidos do No). No que essa substituio altera o texto?
RESOLUO: Altera-se a forma: a sonoridade, com a perda da rima, e o nmero de slabas [mtricas], com quebra do ritmo. A alterao significativa, pois modifica a organizao da mensagem e, como consequncia, a essncia do texto. Com efeito, o que essencial num texto potico, o que o define, a organizao da mensagem (das palavras consideradas em seus sentidos, sons e imagens). H tambm uma alterao de sentido, j que No tem significao mais ampla e mais fortemente dramtico e incisivo que Inexistente ou Impossvel.
2 No texto jornalstico, alguma palavra foi usada em sentido figurado, ganhando significado novo, original? A finalidade principal desse texto informar ou organizar a linguagem de maneira especial, de forma a despertar sensaes e emoes no leitor?
RESOLUO: Nenhuma palavra foi empregada em sentido figurado. Como a finalidade do texto informativa comunicar a morte de algum , a linguagem no aspira conotao, criao de significados originais, mas predominantemente denotativa.
6 Se, no texto jornalstico transcrito, trocssemos morreu por faleceu ou encerrou sua vida, alteraramos significativamente esse texto? Por qu?
RESOLUO: No, porque a informao, essncia do texto informativo, no seria alterada.
7 Tendo em vista suas respostas s questes anteriores, qual dos dois textos pode ser considerado literrio? Por qu?
RESOLUO: O texto Memria, pois ele apresenta uma organizao especial da linguagem.
294
PORTUGUS
(MODELO ENEM) Assinale a alternativa incorreta sobre o poema de Drummond. a) Todos os versos tm o mesmo nmero de slabas mtricas: cinco slabas (pentasslabos). b) O verso usado chama-se redondilho menor, verso comum na tradio oral popular. c) O ritmo dos versos cadenciado pela mtrica e pelo esquema regular de rimas. d) O esquema de rimas deve ser assim representado: AABAAB-CCB-DDB. e) Em todas as estrofes, tem-se ordem direta dos termos: sujeito + verbo + complemento.
RESOLUO: Na segunda estrofe, o poeta inverteu a posio do sujeito, deslocando-o para depois do verbo. Resposta: E
9 Faa a escanso (separao das slabas mtricas) das duas primeiras estrofes.
RESOLUO: A / mar / o / per / di(do) Dei / xa / con / fun / di(do) Es / te / co / ra / o Na / da / po / deool / vi(do) Con / trao / sem / sen / ti(do) A / pe / lo / do / No
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1 e 2.
AMOR Um pouco cansada, com as compras deformando o novo saco de tric, Ana subiu no bonde. Depositou o volume no colo e o bonde comeou a andar. Recostou-se ento no banco procurando conforto, num suspiro de meia satisfao. Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaosa, o fogo enguiado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mo, no outras, mas essas apenas. E cresciam rvores. Crescia sua rpida conversa com o cobrador de luz, crescia a gua enchendo o tanque, cresciam seus filhos, crescia a mesa com comidas, o marido chegando com os jornais e sorrindo de fome, o canto importuno das empregadas do edifcio. Ana dava a tudo,
tranquilamente, sua mo pequena e forte, sua corrente de vida. Certa hora da tarde era mais perigosa. Certa hora da tarde as rvores que plantara riam dela. Quando nada mais precisava de sua fora, inquietava-se. No entanto, sentia-se mais slida do que nunca () No fundo, Ana sempre tivera necessidade de sentir a raiz firme das coisas. E isso um lar perplexamente lhe dera. (...) (Clarice Lispector)
(UNIFESP-SP MODELO ENEM) De acordo com o texto, pode-se afirmar que a personagem Ana a) sintetiza as qualidades da mulher burguesa e rica, que se responsabiliza pelo lar e em momento algum questiona suas atribuies. b) smbolo da me e da esposa de classe baixa, que v nas tarefas do lar a verdadeira forma de ser feliz, mas almeja ser independente. c) representa a mulher de classe mdia que cuida de suas tarefas, mas no sente prazer nisso, pois incomodada por sua famlia. d) produto de uma sociedade feminista, o que se pode confirmar pela autonomia que tem para realizar suas tarefas.
e) constitui a referncia do lar de classe mdia, no qual tem como misso a tarefa de organizlo e de cuidar dos familiares. Resoluo A personagem Ana destaca-se no texto por sua vida cotidiana e repetitiva em relao s atividades domsticas (tric, o cuidado com os filhos, o cozinhar, o lavar, o zelo com o marido etc.). Resposta: E (UNIFESP-SP MODELO ENEM) No texto, afirma-se que Ana plantara as sementes e E cresciam rvores. Mais adiante: Certa hora da tarde as rvores que plantara riam dela. Esta ltima frase, tomada em conjunto com as anteriores, traz ao texto um tom de a) comicidade. b) profecia. c) perplexidade. d) ironia. e) indignao. Resoluo Plantara sementes e cresciam rvores so metforas da rotina da personagem, que ironizada pelo narrador quando essa sequncia de aes cessa (Certa hora da tarde as rvores que plantara riam dela), revelando-se, assim, a inutilidade de Ana. Resposta: D
PORTUGUS
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ESSE CARA Ah, esse cara tem me consumido A mim e a tudo que eu quis Com seus olhinhos infantis Como os olhos de um bandido. Ele est na minha vida porque quer Eu estou pra o que der e vier Ele chega ao anoitecer Quando vem a madrugada, ele some Ele quem quer Ele o homem Eu sou apenas uma mulher.
RESOLUO: Com seus olhinhos infantis / Como os olhos de um bandido. [O professor pode explorar essa ideia do amado comparado com um bandido, isto , com algum que, de alguma forma, rouba algo e depois vai embora.]
5 Encontre na letra um objeto direto preposicionado (isto , o complemento de um verbo que poderia aparecer sem preposio, como amo a Deus, que prescinde muito bem da preposio: amo Deus) e diga por que ele pleonstico.
RESOLUO: Em me consumido a mim, me j o complemento verbal do verbo consumir (que aparece na forma tem consumido). O a mim que segue, do ponto de vista sinttico, totalmente pleonstico (tem consumido... me/a mim), conferindo, porm, nfase ao que se diz.
1 A letra de msica transcrita apresenta as palavras de uma mulher; se voc lesse o texto pela primeira vez, sem se deixar influenciar pela voz de uma cantora, s teria certeza de que se trata das palavras de uma mulher em um certo momento da letra. Qual seria esse momento?
RESOLUO: Apenas no ltimo verso; at ele, no h certeza a respeito, embora j houvesse uma expectativa nessa direo.
2 Pelo que diz a letra, que viso a respeito da condio feminina tem a mulher que fala de sua relao com um certo homem? Trata-se de uma viso conformista ou rebelde, isto , de aceitao da situao ou luta contra ela?
RESOLUO: A mulher seria, supostamente, um ser em posio inferior, o que se v sobretudo pelo apenas do verso Eu sou apenas uma mulher.
6 Ao nos expressarmos oralmente ou por escrito, obedecemos a diferentes nveis de linguagem (formal, informal, gria etc.). Nas letras de canes, muito comum haver expresses do dia a dia, coloquiais, que normalmente seriam evitadas num discurso mais formal, como uma dissertao, um texto cientfico etc. Encontre na letra de Caetano Veloso dois elementos da lngua coloquial. Explique que impresso d ao texto o emprego da linguagem coloquial.
RESOLUO: Na letra, h o substantivo cara; a forma pra; o diminutivo afetivo olhinhos. O emprego da linguagem coloquial d ao texto a impresso da fala espontnea de uma mulher, que contaria de maneira aberta e sincera o que estaria sentindo.
3 Os trechos Ah, esse cara tem me consumido / A mim e a tudo que eu quis e Ele quem quer revelam que a mulher da cano se comporta de que maneira com relao ao homem amado?
RESOLUO: A mulher comporta-se de forma totalmente passiva; no tem vontade prpria, apagando-se diante da vontade do outro.
4 H uma comparao no texto que mostra bem a ambiguidade do que sente a mulher com relao ao amado, caracterizado como algum que tem uma espcie de dupla face: um lado positivo e um lado negativo; um lado aparentemente inocente e um lado ameaador. Transcreva essa comparao. 296
PORTUGUS
7 Eu sou apenas uma mulher. Essa cano, grande sucesso na dcada de 1970, foi composta por Caetano Veloso (logo ao voltar do exlio durante a ditadura militar), que deu, assim, voz s palavras de um tipo de mulher que o texto retrata. Na sua opinio, o autor est criticando o comportamento submisso da mulher ou defendendo a ideia de que a mulher , de fato, inferior ao homem? Discuta com seus colegas da classe.
RESOLUO: Resposta oral. [O professor pode sugerir que os alunos redijam um pequeno texto sobre o assunto discutido.]
Ainda refletindo sobre a situao da mulher na sociedade brasileira contempornea, leia mais um trecho do texto de Clarice Lispector e responda ao teste 8.
Certa hora da tarde era mais perigosa. Certa hora da tarde as rvores que plantara riam dela. Quando nada mais precisava de sua fora, inquietava-se. No entanto, sentia-se mais slida do que nunca, seu corpo engrossara um pouco e era de se ver o modo como cortava blusas para os meninos, a grande tesoura dando estalidos na fazenda. Todo o seu desejo vagamente artstico encaminhara-se h muito no sentido de tornar os dias realizados e belos; com o tempo, seu gosto pelo decorativo se desenvolvera e suplantara a ntima desordem. Parecia ter descoberto que tudo era passvel de aperfeioamento, a cada coisa se emprestaria uma aparncia harmoniosa; a vida podia ser feita pela mo do homem. ()
8 (UNIFESP-SP MODELO ENEM) Certa hora da tarde era mais perigosa. De acordo com o texto, essa informao deve ser entendida como a) um cansao que envolvia Ana, depois de ter-se dedicado intensamente s tarefas do lar. b) um desconforto de Ana, pois sua importncia se perdia nesse perodo, quando no era requisitada nas tarefas do lar. c) uma irritao de Ana em relao famlia, por no ter o reconhecimento devido pelas tarefas que exercia. d) uma forma de Ana reafirmar seu papel e sua importncia no seio familiar, pois todos dependiam dela. e) um incmodo que Ana sentia, devido tanto ao excesso de tarefas que desempenhava quanto ao modo rotineiro de realiz-las.
RESOLUO: Certa hora da tarde torna-se o momento mais perigoso do dia pelo fato de Ana no se sentir mais exigida nas tarefas domsticas, pois sua importncia s se liga ao papel de dona de casa que ela exerce. Resposta: B
Saiba mais
Eu lrico, eu potico Voc j notou que h vrias letras de msica em que se ouvem as palavras de uma mulher, mas essas letras sabidamente foram compostas por homens? Assim tambm ocorre quando algum diz eu numa poesia ou numa letra de msica ou mesmo num romance. Na literatura, dizer eu no significa que o autor ou autora esteja expressando diretamente o que pensa ou sente. Veja o caso da letra de Caetano Veloso: nela fala uma mulher submissa e conformada e, se notamos que o compositor est criticando um certo comportamento, essa nossa concluso foi tirada de forma muito indireta, interpretando o que diz a letra. Na primeira aula de literatura, voc estudou um poema de Fernando Pessoa, poeta que levou esse processo ao extremo, criando heternimos: nomes fictcios de poetas (Alberto Caeiro, lvaro de Campos, Ricardo Reis etc.), que at tm uma biografia inventada como se eles fossem pessoas que de fato tivessem existido. Podemos dizer que Fernando Pessoa criou diferentes eus lricos ou eus poticos, cada um com suas caractersticas. E, mesmo quando Fernando Pessoa compunha um poema assinando-o com seu prprio nome, tambm devemos falar em eu lrico ou eu potico quando falarmos do eu que aparece no poema. Mesmo quando o autor de carne e osso tenta expressar suas emoes e sentimentos, quando ele diz eu na literatura, esse eu ser j uma outra coisa, independentemente do que ele tenha sentido. Por isso, melhor falar em eu lrico ou eu potico quando se vai comentar as palavras de um certo eu que aparece, por exemplo, numa letra de msica ou num poema.
O Destaque
Caetano Veloso (1942): Cantor e compositor dos mais importantes da msica popular brasileira, tem posio central no panorama cultural do Pas h cerca de 40 anos. Liderou, juntamente com Gilberto Gil, o Movimento Tropicalista surgido no final da dcada de 1960 e voltado para a renovao da cano popular. Possui extensa e rica discografia, alm de trilhas feitas para cinema, teatro e dana.
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PORTUGUS
297
1 e 2.
MULHER DENTISTA Melhor notcia do que essa a de ter sido aprovada, na Bahia, uma senhora que fez exame de dentista. Registro o acontecimento, com o mesmo prazer com que tomo nota de outros anlogos. Vai-se acabando a tradio que exclua o belo sexo do exerccio de funes at agora unicamente masculinas. um caracterstico do sculo [XIX]: a mulher est perdendo a superstio do homem. Tomou-lhe o pulso (...) (Machado de Assis, Crnicas)
(MODELO ENEM) A expresso belo sexo, referncia ao sexo feminino, tem, no trecho transcrito, teor
a) machista. b) conservador. c) pejorativo. d) positivo. e) comparativo. Resoluo Apesar de a expresso belo sexo poder, em algumas situaes, associar-se a machismo ou sexismo (assim como ocorre com sexo frgil, por exemplo), no texto de Machado de Assis o teor da expresso positivo, pois a atitude do autor no nada machista nem conservadora: ao contrrio, de entusiasmo diante do fato de as mulheres se dedicarem ao exerccio de funes at agora unicamente masculinas. Resposta: D
(MODELO ENEM) A orao a mulher est perdendo a superstio do homem significa que a mulher a) deixou de considerar o homem um ser inacessvel. b) perdeu o receio de magoar o sexo oposto. c) se submeteu passivamente ao homem. d) percebeu o quanto ela importante para o homem. e) comeou a atuar segundo novos valores. Resoluo No texto, a afirmao de que a mulher tomou o pulso do homem equivale ao fato de que a mulher passou a agir com a fora e autonomia do homem, ou seja, adotou novos valores. Resposta: E
Abaixo voc ler um texto em galego-portugus, idioma falado em parte da Pennsula Ibrica no sculo XIII, quando o poema foi composto: Aquestas noytes tan longas que Deus fez em grave dia por mi, porque as non drmio, E por que as non fazia no tempo que meu amigo soia falar comigo?
Estas funesto, penoso para
para mim, porque no as durmo, E por que no as fazia no tempo em que meu namorado costumava falar comigo?
costumava
Porque as fez Deus tan grandes, non posseu dormir, coitada! que sofre de coita (pena de amor) E de como son sobejas, longas, excessivas quisera-moutra vegada ocasio, vez no tempo que meu amigo soia falar comigo. Por que as Deus fez tan grandes, medida sem mesura e desiguaes, e as eu dormir non posso? tais Por que as non fez ataes, no tempo que meu amigo (Julio Bolseiro, sculo XIII) soia falar comigo?
1 Faa uma parfrase da primeira estrofe do poema, atualizando seu vocabulrio e, se necessrio, alterando a ordem dos termos nas frases.
RESOLUO: Estas noites to longas que Deus fez em mau dia
RESOLUO: Os versos tm sete slabas mtricas (heptasslabos ou redondilhos maiores) [e so caractersticos da chamada medida velha].
298
PORTUGUS
OLHOS NOS OLHOS Quando voc me deixou, meu bem, Me disse pra ser feliz e passar bem. Quis morrer de cime, quase enlouqueci, Mas depois, como era de costume, obedeci. Quando voc me quiser rever, J vai me encontrar refeita, pode crer, Olhos nos olhos, Quero ver o que voc faz Ao sentir que sem voc eu passo bem demais, E venho at remoando, Me pego cantando Sem mais nem por qu, E tantas guas rolaram, Tantos homens me amaram Bem mais e melhor que voc. Quando talvez precisar de mim, C sabe que a casa sempre sua, Venha sim. Olhos nos olhos, Quero ver o que voc diz Quero ver como suporta me ver to feliz.
(Chico Buarque de Holanda)
5 Que deseja a mulher com relao s noites que lhe parecem to longas?
RESOLUO: A mulher expressa o desejo de que Deus tivesse feito noites to longas quando seu namorado falava com ela.
6 No texto aparece a forma do verbo soer, que significa costumar, mas hoje desusado. A raiz desse verbo sol- (do latim solere), que aparece em slito e inslito. A partir disso, explique o significado desses dois adjetivos antnimos.
RESOLUO: Slito significa costumeiro, usual e inslito, no usual, ou seja, raro, incomum.
Este texto foi escrito por um homem. Neste gnero potico, chamado cantiga de amigo, o poeta, um homem geralmente da aristocracia, assume o eu potico feminino. Nestas cantigas, como ocorre com frequncia na msica popular, aparecem trechos inteiros muito semelhantes ou paralelos (o chamado paralelismo) e at mesmo repetio total de verso ou grupo de versos (refro). Que refro aparece no texto lido?
RESOLUO: No tempo que meu amigo / soia falar comigo.
8 (MODELO ENEM) Na cantiga de amigo que lemos e na letra da cano Olhos nos Olhos, ambas compostas por homens, h um eu lrico feminino.Considerando-se a atitude da mulher nos dois textos, todas as seguintes alternativas so corretas, exceto: a) Na cantiga de Julio Bolseiro, a mulher, na ausncia do amado, consumida pelo sofrimento. b) Na cano de Chico Buarque, a mulher, abandonada pelo amado, assume o controle de sua vida. c) Na cantiga trovadoresca, a mulher expressa abertamente seu desejo sexual, atitude que prenuncia o movimento feminista do sculo XX. d) Na cantiga de amigo, a mulher lamenta o fato de que, no presente, estando ausente o amado, as noites sejam to longas. e) Na cano moderna, em vez de lamentar-se, longe do amado a mulher parece ser mais feliz.
RESOLUO: Na cantiga de Julio Bolseiro, o desejo sexual no mencionado e, quanto atitude da mulher, no se pode afirmar que haja a o prenncio da emancipao feminina do sculo XX, pois h vrios e longos sculos separando o contexto social das cantigas trovadorescas do contexto social dos movimentos emancipatrios feministas. [Havendo tempo, o professor pode abrir espao para uma discusso com os alunos, chamando-lhes a ateno para o fato de que a atitude de cada uma das personagens das canes estudadas tem relao com os valores sociais vigentes na poca. A postura da mulher na cano de Chico Buarque seria inconcebvel no sculo XIII.] Resposta: C
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PORTUGUS
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Saiba mais
Trovadores So chamados trovadores os poetas da fase final da Idade Mdia que iniciaram um novo tipo de literatura o incio das literaturas de lnguas modernas, entre as quais o portugus. Os trovadores no eram apenas poetas, mas tambm msicos: eles compunham as melodias com que cantavam seus poemas. A poesia era sempre associada msica e se fazia presente tanto nas reunies palacianas, da alta aristocracia, quanto nas festas populares. Os jograis eram executantes das composies dos trovadores, mas eles mesmos eram muitas vezes autores de poesia e msica. Cantigas de amigo As cantigas de amigo so adaptaes cultas de antigas tradies populares da Pennsula Ibrica. Primitivamente, as cantigas de amigo deviam fazer parte de festas primaveris, em que se celebravam cultos pela fecundidade do mundo fecundidade da terra, que renasce na primavera, e fecundidade das mulheres, em quem renasce o amor, em meio ao encanto primaveril. Nessas festas, era natural que as mulheres ocupassem lugar central. Elas provavelmente cantavam composies de carter marcadamente feminino, como o caso das cantigas de amigo. A natureza tem uma presena constante nas cantigas de amigo. Nelas, o cenrio natural no descrito, mas envolve o quadro amoroso e participa dele. No h oposio entre o sujeito amoroso e o mundo natural; o que h integrao, como se v numa cantiga em que a moa dialoga com os pinheiros, perguntando por seu amigo, ou noutra em que ela, desesperada com a demora do amigo, conversa com o papagaio que levara consigo para o encontro amoroso. O papagaio, uma figura muito simptica, quem anuncia moa desmaiada, no fim do poema, que o seu amigo enfim chegara. Os trovadores, que eram poetas cultos, ligados a um ambiente aristocrtico, retomaram essa tradio e compuseram poemas de cunho popular no modelo das cantigas de amigo. Uma mulher do povo se queixa da ausncia de seu amado (que foi para a guerra ou se ausentou por um outro motivo qualquer). O poema-cano expressa o que se chama coita, o sofrimento amoroso pela perda ou ausncia do ser amado. O texto era, como nossa msica popular, cantado ao som de instrumentos musicais. Uma caracterstica formal que se deve origem popular dessas composies o esquema de repeties com variao chamado paralelismo. O paralelismo, muito presente na poesia de fundo folclrico, como o caso das cantigas de amigo, corresponde a uma estrutura em que os versos se repetem de forma metdica, com pequena alterao nas palavras finais, correspondentes rima. Ao lado dessas repeties com variao, h o refro, que um verso que se repete sem variao alguma.
10
Cantiga folclrica
1.
Eu nunca drmio nada, cuidandem meu amigo; el que tan muito tarda se outramor h sigo ergo lo meu, querria morrer hojeste dia. E cuid eu esto sempre, non sei que de mi seja; el que tan muito tarda se outro ben deseja ergo la meu, querria. morrer hojeste dia. Se o faz, faz-mi torto e, par Deos, mal me mata; el que tan muito tarda;
se rostro outro cata, ergo lo meu, querria morrer hojeste dia. Ca meu dano seria de viveer mais un dia.
(Joo Lopes DUlhoa Sculo XIII)
1 (MODELO ENEM) Segundo o Dicionrio Houaiss, arcasmo palavra, expresso, construo sinttica ou acepo que deixou de ser usada na norma atual de uma lngua. Em linguagens especiais, comum a sobrevivncia de algumas formas arcaicas, por exemplo, na linguagem forense, na linguagem regional, entre locutores de idade avanada etc. tambm a palavra ou a variante usada no portugus medieval, at o sculo XVI (portu-
gus camoniano). Na cantiga de amigo anteriormente transcrita, encontramos, ao lado de arcasmos, palavras, expresses e construes empregadas at hoje na lngua portuguesa. O contraste entre a forma arcaica e a que hoje usual no ocorre em: a) nunca drmio / meu amigo b) ergo lo meu / muito tarda c) faz-mi torto / se outramor d) meu dano seria / muito tarda e) viveer mais un dia / se o faz Resoluo Embora no to frequentes como no sculo XIII, tanto meu dano seria quanto muito tarda so formas usuais na lngua portuguesa do Brasil, no havendo, portanto, o contraste entre a forma arcaica e a coloquial. Resposta: D
300
PORTUGUS
2.
SE ESTA RUA FOSSE MINHA Se esta rua, se esta rua fosse minha, Eu mandava, eu mandava ladrilhar Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante Para o meu, para o meu amor passar. Nesta rua, nesta rua tem um bosque Que se chama, que se chama solido, Dentro dele, dentro dele mora um anjo Que roubou, que roubou meu corao. Se roubei, se roubei teu corao, Tu roubaste, tu roubaste o meu tambm, Se roubei, se roubei teu corao, porque, porque te quero bem.
(MODELO ENEM) Se esta rua fosse minha uma cantiga da tradio popular brasileira muito cantada sobretudo nas brincadeiras de roda infantis. Considerando a estrutura e demais elementos dessa cantiga, assinale a alternativa incorreta. a) Na primeira e na segunda estrofe, com o emprego das palavras amor e anjo, no possvel saber se quem fala um eu lrico feminino ou masculino. b) Na terceira estrofe fica evidente que a cantiga supe um dilogo entre os enamorados, ou, pelo menos, a resposta de um ao outro, como mostram os pronomes e verbos na segunda pessoa do singular. c) Os versos podem ser escandidos considerando-se dois segmentos: o 1.o com trs slabas mtricas (o trecho que se repete) e o 2.o com sete (tipo de verso usado em composies de tradio popular).
d) Alm da mtrica, contribuem para o ritmo da cantiga as rimas regulares nos versos pares: vv. 2 e 4: -ar; vv. 6 e 8: -o; vv. 10 e 12: -em. e) A repetio do incio de cada verso um dos elementos que se associam origem popular da cantiga responsvel pela irregularidade mtrica da composio, que apresenta versos de 10 e de 11 slabas. Resoluo A repetio do incio de cada verso no acarreta irregularidade rtmica, como se explica na alternativa e. Com efeito, os versos no devem ser considerados decasslabos ou hendecasslabos, mas trisslabos seguidos de redondilhos maiores. A juno entre os trisslabos e os redondilhos pode resultar em 10 ou 11 slabas mtricas, dependendo de o trisslabo terminar em palavra oxtona ou paroxtona e de sua vogal final se juntar ou no vogal inicial do segmento seguinte. Resposta: E
TERESINHA DE JESUS Teresinha de Jesus de uma queda foi ao cho; acudiu trs cavalheiros, todos trs chapu na mo. O primeiro foi seu pai; o segundo, seu irmo; o terceiro foi aquele que a Teresa deu a mo. () Quanta laranja espalhada, quanto limo pelo cho, quanto sangue derramado dentro do seu corao.
2 A situao que envolveu Teresa provocou mudanas tanto no mundo objetivo, como no mundo subjetivo. Quais os elementos da terceira estrofe que se relacionam ao mundo objetivo e quais se relacionam ao mundo subjetivo?
RESOLUO: Mundo objetivo: quanta laranja espalhada / quanto limo pelo cho. Mundo subjetivo: quanto sangue derramado / dentro do seu corao.
1 Teresinha de Jesus, como Se esta rua fosse minha, uma cantiga do folclore brasileiro. Sendo da tradio popular, apresenta versos curtos, propcios memorizao. Considerando o que se acaba de afirmar, indique o nmero de slabas de cada verso.
RESOLUO: Cada verso tem sete slabas mtricas (verso heptasslabo ou redondilho maior).
(MODELO ENEM) Assinale a alternativa cujos versos apresentam um problema de concordncia verbal. a) Teresinha de Jesus / de uma queda foi ao cho. b) Acudiu trs cavalheiros, / todos trs chapu na mo. c) O primeiro foi seu pai; / o segundo, seu irmo. d) O terceiro foi aquele / que a Teresa deu a mo. e) Quanto sangue derramado / dentro do seu corao.
RESOLUO: O verso em que h um problema de concordncia verbal Acudiu trs cavalheiros. Feita a concordncia correta, temos: Acudiram trs cavalheiros. [Notar que, na alternativa d, h um problema de regncia, e no de concordncia verbal, como se ver na questo 5.] Resposta: B
4 Se fosse feita a concordncia correta, haveria alguma alterao na mtrica do verso? Justifique.
RESOLUO: Sim, pois o verso passaria a ter oito slabas mtricas, fugindo ao padro dos demais.
PORTUGUS
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5 Os trs homens representam os possveis vnculos afetivos de uma mulher: seu pai, seu irmo e o terceiro, a quem ela d a mo. Nesse ponto, a linguagem popular do texto imprecisa, pois o pronome que no tem referncia clara, sem a preposio que deveria acompanh-lo. Reescreva o quarto verso da segunda estrofe, tornando precisa a sua referncia. (Voc pode substituir o pronome que por quem.)
RESOLUO: A quem a Teresa deu a mo. [O pronome quem prefervel, por se tratar de referncia pessoal, mas que tambm pode ser empregado. A preposio a regime do verbo dar.]
7 Qual o recurso lingustico empregado na terceira estrofe para realar a intensidade da desordem causada pela queda da menina?
RESOLUO: A repetio de quanto / quanta.
No incio do texto, o nome Teresinha de Jesus liga-se imaturidade e inocncia. O que simboliza o nome Teresa, e no mais Teresinha de Jesus, quando ela opta pelo terceiro cavalheiro?
RESOLUO: No momento de sua escolha, Teresinha torna-se Teresa, mulher. A opo pelo terceiro cavalheiro evidencia o amadurecimento da personagem para o encontro com o masculino fora do reduto familiar.
8 Quais versos sugerem a transformao da menina em mulher e seu amadurecimento fsico e emocional?
RESOLUO: Os versos que associam um derramamento de sangue ao corao: quanto sangue derramado / dentro do seu corao.
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11
1.
A cultura, em seu sentido mais amplo, pode ser entendida como um grande texto, formado de inmeros outros, pertinentes a todas as reas do saber e da atividade humana textos cientficos, filosficos, artsticos etc. Esses textos se referem uns aos outros continuamente: uns retomam, repetem, corrigem, desenvolvem, contestam ou confirmam os outros. Dizemos, ento, que h entre eles uma relao intertextual. Na literatura, essa inter-relao entre textos essencial, pois se trata de um elemento constitutivo da obra literria: toda obra literria mantm uma relao complexa com as obras anteriores, que ela integra a si ou rejeita, mas s quais no pode ser indiferente. (ENEM) Quem no passou pela experincia de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens j lidas em outros? Os textos conversam entre si em um dilogo constante. Esse fenmeno tem a denominao de intertextualidade. Leia os seguintes textos:
I. Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma Poesia. Rio de Janeiro, Aguilar, 1964.) II. Quando nasci veio um anjo safado O chato dum querubim E decretou que eu tava predestinado A ser errado assim J de sada a minha estrada entortou Mas vou at o fim. (BUARQUE, Chico. Letra e Msica. So Paulo, Cia. das Letras, 1989.) III. Quando nasci um anjo esbelto Desses que tocam trombeta anunciou: Vai carregar bandeira. Carga muito pesada pra mulher Esta espcie ainda envergonhada. (PRADO, Adlia. Bagagem. Rio de Janeiro, Guanabara, 1986.)
Adlia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relao a Carlos Drummond de Andrade, por a) reiterao de imagens. b) oposio de ideias. c) falta de criatividade. d) negao dos versos. e) ausncia de recursos. Resoluo Os textos de Chico Buarque e de Adlia Prado retomam a conhecida imagem do anjo anunciador constante do poema de Carlos Drummond de Andrade. Resposta: A
2 e 3.
A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada. Ela vivia de contar histrias de Trancoso. Pequenina e toda engelhada1, to leve que uma ventania poderia carreg-la, andava lguas e lguas a p, de engenho a
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PORTUGUS
engenho, como uma edio viva das histrias de As Mil e uma Noites. Que talento ela possua para contar suas histrias, com jeito admirvel de falar em nome de todos os personagens! Sem nenhum dente na boca, e com uma voz que dava todos os tons s palavras. (...) era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memria de prodgio. Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaos de prosa, como notas explicativas. (...) Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhaes. O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. (...) Os rios e as florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com o Paraba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.
(Jos Lins do Rego, Menino de Engenho) 1 Engelhado: enrugado. (UDESC-SC modificado MODELO ENEM) Assinale a alternativa correta. a) O tratamento que o autor d a Totonha irnico, quando se refere altura dela (pequenina) e, mais adiante, ao fato de ela no ter dentes (sem nenhum dente).
b) Ao referir-se s Mil e uma Noites, o autor estabelece um dilogo entre essa obra e o trecho de Menino de Engenho, num processo chamado intertextualidade. c) A velha Totonha falava com uma voz doce, quando contava suas histrias, para que os meninos e os moleques adormecessem logo. d) As histrias de Trancoso eram acontecimentos apenas para os meninos da casagrande. e) Enquanto lia os versos, a velha Totonha tambm fazia comentrios, equivalentes a notas explicativas. Resoluo Ao citar a obra As Mil e uma Noites, o autor estabelece um dilogo (explcito) entre o texto de Menino de Engenho e o clssico da literatura rabe. No tocante s demais alternativas, convm mencionar seus erros: em a: o autor no irnico ao se referir personagem; ele a descreve de modo a enaltecer-lhe o talento de contar histrias; em c: a velha Totonha no tinha a inteno de fazer que os meninos adormecessem logo, mas sim de entret-los; em d: todos os meninos do engenho, e no apenas os da casa-grande, ouviam as histrias de Totonha; em e: as histrias eram contadas de memria, portanto a velha Totonha no lia versos. Resposta: B
(ENEM) A cor local que a personagem velha Totonha colocava em suas histrias ilustrada, pelo autor, na seguinte passagem: a) Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhaes. b) Era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memria de prodgio. c) Andava lguas e lguas a p, como uma edio viva de As Mil e uma Noites. d) O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco. e) Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaosde prosa, como notas explicativas. Resoluo A cor local que a velha Totonha punha em suas narrativas corresponde assimilao de paisagens e personagens de outros meios ao meio fsico e social em que ela se movia, como ocorre quando ela substitui Barba-Azul (personagem da literatura universal) pela figura de um senhor de engenho de Pernambuco (personagem local). Resposta: D
TERESINHA O primeiro me chegou Como quem vem do florista Trouxe um bicho de pelcia Trouxe um broche de ametista Me contou suas viagens E as vantagens que ele tinha Me mostrou o seu relgio Me chamava de rainha Me encontrou to desarmada Que tocou meu corao Mas no me negava nada E, assustada, eu disse no O segundo me chegou Como quem chega do bar Trouxe um litro de aguardente To amarga de tragar Indagou o meu passado E cheirou minha comida Vasculhou minha gaveta Me chamava de perdida Me encontrou to desarmada Que arranhou meu corao Mas no me entregava nada E, assustada, eu disse no
O terceiro me chegou Como quem chega do nada Ele no me trouxe nada Tambm nada perguntou Mal sei como ele se chama Mas entendo o que ele quer Se deitou na minha cama E me chama de mulher Foi chegando sorrateiro E antes que eu dissesse no Se instalou feito um posseiro Dentro do meu corao
(Chico Buarque)
importante marcarmos a diferena entre autor e narrador (o eu que fala na obra literria). O autor, no caso, Chico Buarque. Quem o narrador? Qual o foco narrativo da cano?
RESOLUO: Apesar de o autor ser homem, assume-se uma perspectiva feminina (a de Teresinha), em primeira pessoa. A narradora, portanto, Teresinha, uma entidade fictcia que tem a funo de enunciar o discurso, sendo ela, ao mesmo tempo, a protagonista do que contado.
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O Dicionrio Houaiss fornece os seguintes significados para a palavra desarmado: adjetivo 1 que est sem arma Ex.: um policial d. 1.1 Rubrica: termo militar. desprovido de armamento Ex.: um pas d. 2 que est descarregado ou com o gatilho travado Ex.: uma pistola d. 3 Rubrica: termo de marinha. a que se tiraram os aparelhos, artilharia, munio etc.; que no est em estado de navegar (diz-se de embarcao) Ex.: navio d. 4 no montado; desfeito, desmontado Ex.: <uma estante d.> <um cenrio teatral d.> 5 Derivao: sentido figurado. no prevenido; indefeso Ex.: pegou-o d. e ludibriou-o 6 Derivao: sentido figurado. falto, carente Ex.: indivduo d. de coragem 7 desadornado, desenfeitado 8 Rubrica: morfologia botnica. m.q. inerme 9 Rubrica: zoologia. desprovido de armas de defesa, como chifre, ferro, presas, garras etc.; inerme (MODELO ENEM) Quais os possveis significados da palavra desarmada, no texto? a) sem arma. b) desfeita. c) indefesa. d) desadornada. e) desmontada.
RESOLUO: No texto, a palavra desarmada tem o sentido figurado e significa indefesa, desprevenida. Resposta: C
4 Por estar desprovida de defesa (desarmada), Teresinha teve o seu corao tocado pelo primeiro homem. No entanto, esse relacionamento teve um final desfavorvel. Por qu?
RESOLUO: A gentileza do primeiro homem era excessiva e intimidou Teresinha: Mas no me negava nada / E, assustada, eu disse no.
5 O segundo homem tambm encontrou Teresinha desarmada e machucou seu corao. Como ele se caracteriza?
RESOLUO: O segundo homem era tirano, controlador, aproveitador e, ao contrrio do primeiro, no manifestava admirao nem respeito por ela.
adjetivo e substantivo masculino Rubrica: termo jurdico. 1 que ou aquele que tem a posse legal de (algo) substantivo masculino Regionalismo: Brasil. 2 indivduo que ocupa terra devoluta ou abandonada e passa a cultiv-la Obs.: cf. grileiro e usucapio O vocbulo posseiro, no texto, foi empregado em sentido prprio ou figurado?
RESOLUO: Figurado. uma comparao para designar o modo como Teresinha ficou emocionalmente entregue ao terceiro homem, tomada por ele.
3 O poeta escolhe as palavras no s pelo significado, mas tambm pelo som que tm e pelas imagens que suscitam. Qual outra palavra vem tona quando desarmada pronunciada rapidamente, no meio da cano?
RESOLUO: Desamada (desa[r]mada).
8 (MODELO ENEM) Entre a cantiga folclrica Teresinha de Jesus, estudada no mdulo anterior, e a cano Teresinha, de Chico Buarque, h uma relao a) metalingustica. b) irnica. c) intertextual. d) opositiva. e) complementar.
RESOLUO: A cano de Chico Buarque dialoga com a cantiga folclrica, recriando-a e dando voz prpria mulher, Teresinha. H, portanto, uma relao intertextual entre as duas composies, sobretudo se considerarmos tambm os elementos formais que Chico Buarque repetiu em sua verso. Resposta: C
O Destaque
Chico Buarque de Holanda (1944): cantor, compositor, escritor e dramaturgo. Sua influncia no cenrio musical foi decisiva desde os anos 60. Alm de suas inmeras e conhecidas composies musicais, escreveu, entre outras obras, as peas de teatro Calabar, Gota dgua e pera do Malandro e os romances Estorvo, Benjamin e Budapeste.
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PORTUGUS
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1 e 2.
Perdo, se ouso confessar-te, eu hei de [sempre amar-te Oh flor, meu peito no resiste Oh meu Deus, o quanto triste A incerteza de um amor que mais me faz [penar em esperar Em conduzir-te um dia ao p do altar Jurar aos ps do Onipotente em preces [comoventes De dor, e receber a uno da tua gratido Depois de remir meus desejos em nuvens de [beijos Hei de envolver-te at meu padecer de todo [fenecer.
(Pixinguinha/Otvio de Sousa)
Tu s divina e graciosa, esttua majestosa Do amor, por Deus esculturada E formada com ardor Da alma da mais linda flor, de mais ativo olor E que na vida preferida pelo beija-flor Se Deus me fora to clemente aqui neste [ambiente De luz, formada numa tela deslumbrante e [bela Teu corao, junto ao meu lanceado Pregado e crucificado sobre a rsea cruz Do arfante peito teu Tu s a forma ideal, esttua magistral Oh alma perenal do meu primeiro amor, sublime amor Tu s de Deus a soberana flor Tu s de Deus a criao Que em todo corao sepultas um amor O riso, a f, a dor em sndalos olentes cheios [de sabor Em vozes to dolentes como um sonho em flor s lctea estrela, s me da realeza s tudo enfim que tem de belo Em todo resplendor da santa natureza
c) O eu lrico dirige sua splica a Deus, pedindo a oportunidade de encontrar uma mulher que queira casar-se com ele. d) Nos versos finais, o eu lrico parece antever a recompensa por devotar amor to sublime e intenso sua amada. e) O elogio amada acumula muitos adjetivos e comparaes; pode-se dizer que o eu lrico tenta seduzi-la por meio de belas palavras. Resoluo O eu lrico dirige-se diretamente mulher amada. Apenas em algumas passagens ele invoca a Deus, porm como um recurso a mais para conferir intensidade sua declarao de amor. Resposta: C (MODELO ENEM) So caractersticas dos versos em anlise todas as opes seguintes, exceto o/a a) suplcio amoroso. b) eu lrico masculino. c) linguagem elevada. d) convite sexual explcito. e) superioridade da mulher. Resoluo Embora todo o apelo do homem possa sugerir seu interesse sexual, no h manifestao explcita de seu desejo. Resposta: D
Rosa, s no se pode afirmar: a) A descrio que o eu lrico faz da mulher que ele ama idealizada, elevando-a ao nvel de perfeita criao de Deus. b) A musicalidade marca-se pelo emprego de palavras que rimam, algumas no final, outras no interior dos versos.
QUEIXA Um amor assim delicado Voc pega e despreza No o devia ter despertado Ajoelha e no reza Dessa coisa que mete medo Pela sua grandeza No sou o nico culpado Disso eu tenho a certeza Princesa Surpresa Voc me arrasou Serpente Nem sente Que me envenenou Senhora, e agora Me diga onde eu vou Senhora
Serpente Princesa (...) Um amor assim delicado Nenhum homem daria Talvez tenha sido pecado Apostar na alegria Voc pensa que eu tenho tudo E vazio me deixa Mas Deus no quer Que eu fique mudo E eu te grito essa queixa
(Caetano Veloso)
1 Na letra transcrita, quais as palavras que permitem afirmar que o eu lrico masculino?
RESOLUO: So os adjetivos masculinos nico e culpado, com os quais o eu lrico se refere a si.
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O ttulo uma parte especialmente importante da mensagem, pois orienta a compreenso do texto. Relacione o ttulo com o trecho da msica de Caetano Veloso.
RESOLUO: O trecho especifica o tipo da queixa: a de um homem que sofre por estar sendo desprezado pela mulher que ama, conforme os versos: Um amor assim delicado / Voc pega e despreza.
Existem elementos anafricos no texto, cuja funo retomar algo que j foi mencionado, possibilitando a coeso textual. Nesse trecho, podem ser analisadas duas ocorrncias: (1) Dessa coisa que mete medo e (2) Disso eu tenho a certeza. Explique: a) A que se refere dessa coisa? b) A que se refere disso?
RESOLUO: a) Refere-se ao amor do eu lrico, que amedronta pela intensidade (pela sua grandeza). possvel que tal amor se tenha ampliado justamente por causa do desprezo da mulher amada. b) Refere-se ao fato de o eu lrico no ter sido o nico responsvel por sua paixo, o que ele j havia indicado em [voc] no o devia ter despertado.
6 (MODELO ENEM) Qual o argumento mais poderoso usado pelo eu lrico para justificar a expresso de seu lamento? Indique os versos em que se apresenta esse argumento. a) Dessa coisa que mete medo / Pela sua grandeza. b) Voc me arrasou / Serpente / Nem sente / Que me envenenou. c) Mas Deus no quer / Que eu fique mudo / E eu te grito essa queixa. d) Me diga onde eu vou / Senhora / Serpente / Princesa. e) Um amor assim delicado / Nenhum homem daria.
RESOLUO: O argumento est nas linhas finais: Mas Deus no quer / Que eu fique mudo / E eu te grito essa queixa. Apesar de seu total desconsolo (vazio me deixa), o eu lrico protesta com veemncia, argumentando que nem mesmo Deus se conforma com a indiferena dessa mulher. Resposta: C
4 No texto, quais as palavras que o eu lrico emprega para designar a amada? O que elas sugerem?
RESOLUO: Ele se dirige amada com os vocativos princesa (2 vezes), serpente (2 vezes) e senhora (2 vezes). Com os tratamentos princesa e senhora, o eu lrico dirige-se amada com respeito; contudo, com a designao serpente, ele a caracteriza como uma pessoa prfida, desencadeadora de males (Voc me arrasou, Nem sente / Que me envenenou).
Um amor assim delicado Nenhum homem daria Talvez tenha sido pecado Apostar na alegria Voc pensa que eu tenho tudo E vazio me deixa Mas Deus no quer Que eu fique mudo E eu te grito essa queixa
7 H neste trecho uma palavra que costuma ser usada em competies que implicam sorte ou azar. Faa uma parfrase da frase em que essa palavra aparece. 5 Faa uma parfrase do verso Ajoelha e no reza. Voc pode optar por usar a norma culta ou a linguagem coloquial.
RESOLUO: Resposta pessoal (algo como promete, mas no cumpre). [Sugesto: Aps terem sido ouvidas algumas respostas dos alunos, pode-se comentar a funo persuasiva da frase. No trecho analisado, ela um elemento importante para a tentativa de convencer a mulher a atender os apelos amorosos do eu lrico, recompensando-o pelo sofrimento intenso de que, ele deixa claro, ela tambm tem culpa.] RESOLUO: Ela aparece na frase Talvez tenha sido pecado / Apostar na alegria. [Algumas respostas podem ser ouvidas e escolhidas as que a sala considerar mais adequadas (algo como o erro foi confiar na possibilidade da correspondncia amorosa ou quem sabe o grande erro tenha sido esperar que a nossa relao fosse feliz).]
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PORTUGUS
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(MODELO ENEM) A seguir, apresentamse caractersticas das cantigas de amigo. Apenas uma das alternativas incorreta. Trata-se da(o) a) origem folclrica. b) sofrimento amoroso. c) presena de mulheres. d) autoria masculina. e) eu lrico masculino.
(MODELO ENEM) A seguir, apresentamse caractersticas das cantigas de amor. Apenas uma das alternativas incorreta. Trata-se da(o) a) concepo aristocrtica do amor. b) reproduo da hierarquia feudal.
c) coita ou sofrimento amoroso. d) cenrio natural envolvendo a situao. e) inacessibilidade mulher amada. Resoluo O cenrio natural, s margens de rios ou junto ao mar, a ambientao em festas populares ou em procisses caracterizam as cantigas de amigo. Resposta: D
Senhor fremosa, pois me non queredes creer a coita en que me tem amor, por meu mal que tan ben parecedes e por meu mal vos filhei por senhor, e por meu mal tan muito ben o dizer de vs, e por meu mal vos vi, pois meu mal quanto ben vs havedes.
3 Assinale as palavras e expresses desconhecidas. Caso desconhea os significados de palavras no esclarecidas direita dos versos, voc seria capaz de descobri-los a partir do contexto?
Resposta pessoal.
4 Quem parece ocupar posio social superior: o eu lrico ou a pessoa a quem ele se dirige (o vs)? O que permite chegar a essa concluso?
RESOLUO: A pessoa a quem o eu lrico se dirige ocupa posio superior (notase um tratamento formal e de submisso).
Repare na palavra senhor. Parece-lhe, lendo os versos, que ela se refere a um homem ou a uma mulher?
RESOLUO: A uma mulher. No portugus arcaico, a forma feminina da palavra senhor no se havia formado.
5 A que se referem as expresses Senhor fremosa, tan ben parecedes e por meu mal vos vi?
RESOLUO: As trs expresses referem-se beleza da amada e sugerem que o amor depende de uma experincia fatdica do olhar: o fato de a mulher ser bela o primeiro ponto importante para o enamoramento de que se fala no poema.
2 O amor cantado nesses versos parece correspondido? O que permite chegar a essa concluso?
RESOLUO: O amor no correspondido, o que se conclui pelo sofrimento vivenciado e expresso pelo eu lrico.
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7 (MODELO ENEM) A expresso meu mal, repetida ao longo da estrofe, sugere a) confuso por parte do eu lrico, que chama meu mal ao que, na verdade, um bem. b) lamento e desolao, j que o eu lrico sofre por no ser correspondido no amor. c) possessividade, o que se comprova pelo emprego exaustivo do pronome possessivo meu. d) arrependimento, j que o eu lrico escolheu por senhor uma mulher fora dos padres aristocrticos. e) pessimismo, visto que o eu lrico enfatiza apenas aspectos negativos da mulher amada.
RESOLUO: A repetio da expresso meu mal confere ao poema intensidade expressiva e consequente nfase no lamento e desolao do eu lrico. Resposta: B
Senhor fremosa, pois me non queredes creer a coita en que me tem amor, por meu mal que tan ben parecedes e por meu mal vos filhei por senhor, e por meu mal tan muito ben o dizer de vs, e por meu mal vos vi, pois meu mal quanto ben vs havedes.
8 Qual a anttese que se encontra na estrofe? O que h de especial com um dos termos dessa anttese? [Anttese: aproximao de antnimos ou de quaisquer termos que se contraponham (ex.: tudo ou nada).]
RESOLUO: A anttese mal/ben. O segundo termo, que indica as qualidades da amada, aparece apenas uma vez. O trao especial a repetio insistente do termo mal, que indica o sofrimento do poeta (ou melhor: do emissor ou eu lrico).
E pois vos vs da coita non nembrades, lembrais nem do afan que mamor faz prender, ansiedade por meu mal vivo mais ca vs cuidades do que pensais e por meu mal me fezo Deus nascer e por meu mal non morri u cuidei onde pensei (que morreria) como vos visse por meu mal fiquei logo que vos vi vivo, pois vs por meu mal ren non dades. nada E dessa coita en que me vs teendes, en que hojeu vivo tan sem sabor, que farei eu, pois mia vs non creedes? Que farei eu, cativo pecador? Que farei eu, vivendo sempre assi? Que farei eu, que mal dia nasci? Que farei eu, pois me vs non valedes?
ajudais
A seguir, leia na ntegra a cantiga que foi analisada em aula. Trata-se de uma das mais belas composies do Trovadorismo portugus. Sua msica infelizmente se perdeu, como aconteceu com quase todas as canes medievais portuguesas. Repare como o texto, apesar de repetitivo, vai crescendo em intensidade medida que as queixas vo sendo enumeradas, terminando no clmax de desespero do eu lrico desamparado:
E, pois que Deus non quer que me valhades, nem que queirades mia coita creer, que farei eu, por Deus que mio digades? Que farei eu, se logo non morrer: Que farei eu, se mais a viver hei? Que farei eu, que conselho non sei? no sei que fazer Que farei eu, que vs desamparades?
Saiba mais
Cantigas de amor
As cantigas de amor so composies lricas em que o trovador exalta as qualidades de uma mulher, a quem chama minha senhor (o feminino dessa palavra ainda no se havia formado). Trata-a, portanto, dentro do sistema hierrquico da sociedade feudal, como uma pessoa superior, a quem ele se submete, a quem presta servio e de quem espera benefcio (ben). Na cantiga de amor, o poeta confessa a sua coita, ou seja, sua dor de amar sem ser correspondido. Muitas vezes, porm, esse amor ardentemente confessado encobre um apelo sexual ou um conveniente galanteio de inspirao poltica (o sistema poltico-social da Idade Mdia, chamado feudalismo, impunha a necessidade de o vassalo agradar sempre a seu suserano seu senhor e a sua famlia). As cantigas de amor no nasceram em Portugal, mas na Provena (sul da Frana) e dali se espalharam por muitas cortes da Europa. A lngua provenal tambm havia provindo do latim. Todo trovador que se prezasse deveria conhecer um pouco o provenal. Nas canes provenais que ele buscava inspirao para compor suas cantigas de amor em portugus arcaico.
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PORTUGUS
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Considere a seguir trs estrofes de diferentes cantigas trovadorescas e responda aos testes e .
1 2
Texto 1
no mundo vosso par non avia; an qui vosso par [non] ouvesse, quen a meu cuu concela posesse, de parecer ben vencer-vos-ia.
havia ainda que houvesse cosmtico, maquiagem vermelha em beleza eu vos venceria
Muitos me veen preguntar, senhor, que lhis diga eu quen esta dona que quero ben e con pavor de vos pesar non lhis ouso dizer per ren, senhor, que vos eu quero ben.
Texto 2
vm
Donzela, quen quer entenderia que vs mui fermosa parecedes; se assi , como vs dizedes,
Pero dArmea, quando composestes a vosso cuu, que tan ben parecesse e lhi revol o concela posestes, que donzela de parecer vencesse, e sobrancelhas lhi fostes poer, todest, amigo, soubestes perder polos narizes que lhi non posestes.
arrumastes para que tivesse boa aparncia cosmticos para que vencesse uma [certa moa em aparncia narinas
pareceis dizeis
(MODELO ENEM) O texto 1 parte de uma cantiga de amor e os textos 2 e 3, de cantigas satricas. Considere as afirmaes seguintes e assinale a alternativa incorreta. a) possvel concluir que o poeta que compunha uma cantiga de amor podia tambm compor uma cantiga satrica. b) A linguagem, na cantiga de amor, elevada, ao passo que, na cantiga satrica, a linguagem vulgar, chula. c) Na cantiga de amor, a mulher vista como um ser superior; na cantiga satrica, ela alvo de ofensa e de humilhao. d) O texto 3 uma resposta ao texto 2; a stira direta e o nome do destinatrio est explcito. e) No texto 1, a cantiga fala de uma relao entre pessoas de mesmo sexo, visto que o trovador quer ben a um senhor. Resoluo No texto 1, no se trata de uma relao entre pessoas do mesmo sexo, mas entre um homem e uma mulher. Nas cantigas de amor, a palavra senhor refere-se a uma mulher. No havia ainda no idioma a forma feminina senhora. Resposta: E (MODELO ENEM) O texto 3 mantm com o texto 2 uma relao intertextual porque a) o texto 3 versa sobre a prpria linguagem. b) ambos fazem stira.
c) o texto 3 imita o texto 2. d) h um dilogo entre os dois textos. e) ambos so da mesma poca. Resoluo Os versos de Pero DAmbroa invocam, satiricamente, os versos de Pero DArmea, estabelecendo-se um dilogo, um intertexto, entre as duas cantigas. Resposta: D Textos para os testes
3 e 4.
En gran coita, senhor, que peor que mort, vivo, per boa f, e polo vossamor esta coita sofreu por vs, senhor, que eu
pelo
(MODELO ENEM) Comparando (A) o poema medieval com (B) o poema do modernista Oswald de Andrade, observamos todos os seguintes pares de contrastes, exceto: a) (A) gravidade (seriedade) versus (B) humor. b) (A) linguagem elevada versus (B) linguagem coloquial. c) (A) linguagem hiperblica versus (B) linguagem concisa. d) (A) tema religioso versus (B) tema profano. e) (A) regularidade mtrica versus (B) irregularidade mtrica. Resoluo Os versos de Dom Dinis pertencem a uma cantiga de amor, sendo seu tema, portanto, amoroso, e no religioso, como se afirma na alternativa d. Resposta: D
Vi polo meu gran mal, e melhor mi ser de morrer por vs j e, pois meu Deus non val, me vale, ajuda esta coita sofreu por vs, senhor, que eu (Dom Dinis, 1261-1325) SENHOR FEUDAL Se Pedro Segundo Vier aqui Com histria Eu boto ele na cadeia. (Oswald de Andrade, 1890-1954)
(UNIFESP-SP MODELO ENEM) O ttulo do poema de Oswald remete o leitor Idade Mdia. Nele, assim como nas cantigas de amor, a ideia de poder retoma o conceito de a) f religiosa. b) relao de vassalagem. c) idealizao do amor. d) saudade de um ente distante. e) igualdade entre as pessoas. Resoluo Nada mais notrio que a relao entre Senhor Feudal e a organizao social da Idade Mdia, em que havia a instituio da suserania e vassalagem. Resposta: B
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RESOLUO: As personalidades representadas so, respectivamente, Pel, Mick Jagger e Keith Richards, Albert Einstein e Ernesto Che Guevara.
4 Segundo o Dicionrio Houaiss, stira composio potica que ataca de forma incisiva ou ridiculariza os vcios e as imperfeies e pardia obra literria, teatral, musical etc. que imita outra obra, ou os procedimentos de uma corrente artstica, escola etc. com objetivo jocoso ou satrico; arremedo. Um dos textos a seguir satrico e o outro, pardico. Leia-os com ateno e indique o tipo de cada um. Justifique a sua resposta.
Texto 1
RESOLUO: Pel considerado por muitos o maior jogador de futebol de todos os tempos [esportista], Mick Jagger e Keith Richards so msicos [artistas], Albert Einstein era cientista e Che Guevara foi revolucionrio comunista, tendo lutado pela unificao da Amrica Latina.
MULHER INDIGESTA Mas que mulher indigesta! Indigesta! Merece um tijolo na testa. Essa mulher no namora, Tambm no deixa mais ningum namorar. um bom center-half pra marcar, centromdio; lbero Pois no deixa a linha chutar.
3 Voc sabe que nome se d a este tipo de criao artstica, na qual se representa uma pessoa ou fato, deformando-os? A que visa esse tipo de criao?
RESOLUO: Caricatura. Esse tipo de criao visa comicidade, ao humor. [Caricatura um desenho de pessoa ou de fato que, pelas deformaes obtidas por um trao cheio de exageros, se apresenta como forma de expresso grotesca ou jocosa (Dicionrio Houaiss).]
E quando se manifesta, O que merece entrar no aoite. Ela mais indigesta do que prato De salada de pepino meia-noite. Essa mulher ladina, Toma dinheiro, at chantagista. Arrancou-me trs dentes de platina E foi logo vender no dentista.
esperta
(Noel Rosa)
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Texto 2
CANTIGA MEDIEVAL Ai, dona fea, foste-vos queixar que vos nunca louv'en meu cantar; mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei todavia; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia! Dona fea, se Deus me perdon, pois havedes tan gran coraon que vos eu loe, en esta razon vos quero j loar todavia; e vedes qual ser a loaon: dona fea, velha e sandia!
6 A cantiga medieval apresenta ou sugere algum motivo para a ofensa mulher? Explique.
RESOLUO: Sim, fica claro que o trovador ataca a mulher por ela ser feia e reclamar de no ser louvada em canes dele. Ou seja, ela queria ser tema de uma cantiga de amor, mas, por no ser bela, o trovador fez dela tema de uma cantiga satrica. [Ai, dona fea, conforme um critrio, cantiga de maldizer, por apresentar crtica direta e brutal. Segundo outro critrio, porm, alguns poderiam classificla como de escrnio, j que no nomeia a pessoa atacada. O escrnio, no entanto, mais indireto e irnico, faz uso de palavras encobertas.]
louvarei, elogiarei
louca, biruta
desejo, vontade
Dona fea, nunca vos eu loei en meu trobar, pero muito trobei; mais ora j un bon cantar farei, en que vos loarei todavia; e direi-vos como vos loarei: dona fea, velha e sandia! (Joan Garcia de Guilhade)
RESOLUO: O texto 1 puramente satrico, pois ataca e ridiculariza uma pessoa, sem imitar outro texto. O texto 2 pardico, pois imita, com inteno satrica, uma cantiga de amor.
7 A letra da cano de Noel Rosa apresenta ou sugere algum motivo para a ofensa mulher? Explique.
RESOLUO: Sim, apresenta diversos motivos: ser indigesta (chata, difcil de suportar), por no se dar ao prazer (no namora) e impedir ou perturbar o prazer alheio (no deixa mais ningum namorar), e ainda por ser ladina e chantagista. [Trata-se, portanto, de uma caricatura brutal, no de uma mulher em particular, mas de um tipo feminino, a megera.]
(MODELO ENEM) Na cantiga de Joan Garcia, o alvo da stira uma mulher feia e velha. Pode-se dizer que est implcito nos versos um padro de mulher que, para ser admirada e louvada, deve ser a) modesta e madura. b) bela e inteligente. c) bonita e jovem. d) meiga e saudvel. e) dcil e jovem.
RESOLUO: Segundo se depreende dos versos de Joan Garcia de Guilhade, para ser admirada e louvada, a mulher deve ser bonita e jovem. [Trata-se, portanto, de uma viso preconceituosa.] Resposta: C
O Destaque
Noel Rosa (1910-1937): Cantor, compositor, bandolinista e violonista. Poucos compositores tiveram uma carreira to meterica quanto ele. Seus 26 anos de vida, porm, foram suficientes para que ele deixasse um legado impressionante para a msica popular brasileira: 259 canes, na maioria sambas de grande qualidade, que marcaram sua poca (uma poca de ouro do samba) e influenciaram e ainda influenciam os compositores brasileiros. Sua influncia notvel, por exemplo, em Chico Buarque de Holanda, Paulinho da Viola e Caetano Veloso.
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~ U a dona, non digu'eu qual, non agoirou ogano mal: polas oitavas de Natal ia por sa missa oir, e ouv'un corvo carnaal, e non quis da casa sair. A dona, mui de coraon, ora sa missa, enton, e foi por oir o sarmon, e vedes que lho foi partir: ouve sig'un corva caron, e non quis da casa sair. A dona disse: Que ser? E i o clriguest j revestid'e maldizer-mi-, se me na igreja non vir. E diss'o corvo: Qu, ac, e non quis da casa sair. Nunca taes agoiros vi, des aquel dia que naci, nasci com'aquest'ano ouv'aqui; e ela quis provar de s'ir, e ouv'un corvo sobre si, e non quis da casa sair.
missas
Uma mulher, eu no direi quem, no teve mau agouro (ou no teve pouco agouro) este ano: pelas oitavas (missas, celebraes) de Natal, ia ouvir a sua missa, mas ouviu (ou houve, teve) um corvo carniceiro (ou faminto), e no quis sair de casa.
A mulher, de muito boa vontade, ouviria, pois, a sua missa, e iria para ouvir o sermo, mas vejam o que lhe aconteceu: ouviu muito perto de si (ou teve consigo, perto de seu corpo, de sua carne) um corvo, e no quis sair de casa.
A mulher disse: Que ser? (O que farei?) Pois o padre j est l [na igreja] paramentado e ele ir me repreender, se no me vir na igreja. E disse o corvo: Aqui, pra c, e no quis sair de casa.
aqui, vem c
nasci tentar ir
Nunca vi agouros como o que este ano ouvi (houve) aqui, desde o dia em que nasci; e ela tentou ir-se embora (sair para a missa), mas ouviu (ou houve, teve) um corvo sobre si (ou em cima dela), e no quis sair de casa.
(Parfrase de Fernando Teixeira)
(MODELO ENEM) Todas as caractersticas a seguir so pertinentes cantiga satrica de Joan Airas de Santiago, exceto: a) versos cadenciados pela mtrica e pela rima. b) uso de refro no final de cada estrofe. c) emprego de palavras obscenas e vulgares. d) narrativa associada a um evento do cotidiano. e) no nomeao da mulher referida nos versos. Resoluo Embora se trate de uma cantiga satrica, a linguagem no obscena ou vulgar. Algumas palavras revestem-se de malcia ou tm duplo sentido, mas no h vulgarismos no poema. Resposta: C
(MODELO ENEM) Em cada uma das alternativas a seguir, apresenta-se um verso extrado do poema e uma proposta de atualizao desse verso. Assinale a alternativa cuja reformulao acarreta alterao do sentido original. a) A dona disse: Que ser? = A mulher disse: E agora? b) E vedes que lho foi partir = E veja o que foi ocorrer a ela. c) E i o clriguest j = E o padre j est ali. d) E ouvun corvo sobre si = E houve um corvo sobre si mesmo. e) E ela quis provar de sir = E ela quis tentar ir-se.
Resoluo No verso E ouvun corvo sobre si, o pronome si no tem valor reflexivo, no se referindo, portanto, ao corvo, mas sim mulher. O emprego do pronome si com valor no reflexivo ocorre apenas no portugus de Portugal, ainda em nossos dias; no portugus do Brasil, o pronome si tem valor reflexivo ou de reciprocidade apenas (Ele s pensa em si = Ele s pensa nele mesmo, em si mesmo; Os rapazes acusaram-se entre si = Os rapazes acusaram-se uns aos outros, reciprocamente). Resposta: D
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Releia o poema transcrito nos exerccios resolvidos e responda s questes de 1 a 8. (MODELO ENEM) De acordo com o Dicionrio Houaiss, a paronomsia consiste numa figura de linguagem que extrai expressividade da combinao de palavras que apresentam semelhana fnica (e/ou mrfica), mas possuem sentidos diferentes. Podemos tambm afirmar que a paronomsia uma espcie de trocadilho, um recurso que explora a semelhana sonora e ortogrfica de algumas palavras e seus diferentes significados, para criar efeitos diversos (ironia, comicidade, realce de ideias etc.). Considerando-se o que se acaba de dizer e levando-se em conta a ambiguidade central do poema, correto afirmar que h paronomsia entre a) as expresses digueu qual e qu, ac (vv. 1 e 17). b) as expresses oitavas de Natal e corvo carnaal (vv. 3 e 5). c) os verbos ouvir e haver, na expresso ouvun corvo (vv. 5, 11 e 23). d) a palavra agoirou e a expresso ogano mal (v. 2). e) as expresses ia por sa missa oir e ora sa missa, enton (vv. 4 e 8).
RESOLUO: H paronomsia nos versos 5, 11 e 23, no emprego da forma verbal ouve / ouv, que pode tanto referir-se ao verbo ouvir (ouve, ouviu) quanto ao verbo haver, sinnimo de ter (houve, teve). No verso 5, a mulher ouvun corvo carnaal. No verso 11, ela ouve sigun corva caron (ouviu ou teve o corvo a seu lado), sugerindo-se uma proximidade fsica improvvel, inslita, entre a mulher e a ave. A metfora masculina do corvo fica evidente e confirma-se no verso 23: ouvun corvo sobre si (ouviu ou teve um corvo em cima dela). Em todos esses versos, obviamente o corvo no uma ave, mas sim um homem que insiste em ter a protagonista. Resposta: C
3 Por que os versos Nunca taes agoiros vi, / des aquel dia que nasci podem ser entendidos ironicamente?
RESOLUO: Porque os agouros de que falam podem ser tanto maus (o corvo) quanto bons (o amante). No duplo sentido est, neste caso, a ironia.
4 A cantiga satrica que est sendo analisada corresponde a uma modalidade chamada cantiga de escrnio. Considerando as respostas dadas s questes 1, 2 e 3, indique a caracterstica que identifica esse tipo de cantiga e a distingue da cantiga de maldizer, estudada na aula anterior.
RESOLUO: Trata-se do duplo sentido, da chamada equivocatio (equivocao, equvoco). Diz-se que se trata de stira indireta.
5 Como vimos, a mulher de quem nos fala a cantiga no chega a ser nomeada. Transcreva o verso que comprova esse fato.
RESOLUO: ~ Ua dona, non digu'eu qual.
6 Comparando-se as estrofes, pode-se dizer que a distribuio de rimas uniforme, isto , segue sempre o mesmo tipo de sequncia?
RESOLUO: Sim, repete-se o mesmo tipo de sequncia de rimas emparelhadas e cruzadas.
H, como se viu, duas histrias no poema, uma aparente e outra encoberta. a) Resuma brevemente a histria aparente. b) Resuma brevemente a outra histria, aquela que apenas sugerida.
RESOLUO: a) A histria aparente a de uma mulher que deixa de ir missa por medo do mau agouro devido presena de um corvo; b) A outra histria, encoberta, a de uma mulher que no vai missa para satisfazer os desejos de um amante vido.
RESOLUO: AAABABCCCBCBDDDBDBEEEBEB.
8 O tema dessa cantiga, tratado de maneira satrica, poderia ser tratado da mesma forma em uma obra literria atual? Justifique.
RESOLUO: Sim. Embora tenha havido mudana de costumes, temas sexuais, tratados por insinuaes maliciosas, continuam sendo bastante atrativos.
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1 e 2.
VERDADE A porta da verdade estava aberta, mas s deixava passar meia pessoa de cada vez. Assim, no era possvel atingir toda a verdade, porque a meia pessoa que entrava s trazia o perfil de meia verdade. E sua segunda metade voltava igualmente com meio perfil. E os meios perfis no coincidiam. Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta. Chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia seus fogos. Era dividida em metades diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. Nenhuma das duas era totalmente bela. E carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua iluso, sua miopia. (Carlos Drummond de Andrade)
(MODELO ENEM) O poema trata da impossibilidade a) de harmonia entre as pessoas. b) de se decidir sobre o certo e o errado. c) de se agir de forma ntegra. d) da verdade absoluta. e) da cooperao entre os homens. Resoluo O poema trata da impossibilidade de que cheguemos verdade absoluta. Somos sempre condicionados por diversos fatores e interpretamos os fatos ou buscamos a verdade conforme nossos valores, desejos e interesses.
Somos parciais, pois s vemos uma parte da verdade, um s perfil. A verdade , pois, relativa, segundo o poema. Resposta: D (MODELO ENEM) Nas alternativas seguintes, identifique o provrbio que melhor se ajusta ao tema desenvolvido no poema Verdade. a) Quem v cara no v corao. b) Em terra de cego, quem tem um olho rei. c) Quando um no quer, dois no brigam. d) A bom entendedor, meia palavra basta. e) Cada cabea, uma sentena. Resoluo O provrbio Cada cabea, uma sentena sugere que cada um tem seu prprio modo de ver e interpretar os fatos. Resposta: E
O poema seguinte um sirvents moral: composio satrica cujo tema moral, isto , relativo ao comportamento das pessoas. Na classificao convencional, uma cantiga de escrnio. O texto uma verso em portugus moderno realizada por Natlia Correia: Texto 1
Porque neste mundo minguou a verdade, tratei eu um dia de a procurar. Disseram-me todos: Buscai noutra parte, pois de tal maneira daqui desertou que no mais notcias sequer enviou, tanto se arredou da nossa irmandade.
diminuiu
Estando em Santiago* na minha pousada um dia albergado, romeiros chegaram. instalado Por ela indaguei e me contestaram: responderam Ai de vs, tomastes enganosa estrada. Se a verdade, um dia, quiserdes achar, por outro caminho tereis de a buscar. Aqui, da verdade no sabereis nada. (Airas Nunes, sc. XIII)
(*) Santiago de Compostela, na Galcia, foi um dos mais importantes centros de peregrinao religiosa na Idade Mdia. Para l acorriam romeiros (peregrinos) vindos de toda a Pennsula Ibrica. Esse local, em nossos dias, visitado por fiis de todo o mundo.
comunidade
Fui aos mosteiros dos frades regrantes, que seguem regras [severas perguntei por ela e eis o que ouvi: Em vo buscareis a verdade aqui; volveram-se os anos e ignorantes passaram-se somos da verdade que aqui j no mora, tampouco sabemos onde est agora; outras coisas temos por mais importantes. Tambm em Cister, onde se dizia que sempre a verdade ali habitara, disseram que h muito ela se afastara; j nenhum dos frades a conheceria e nem lhe daria abade hospedagem, se acaso a soubera ali de passagem; to longe ela estava daquela abadia.
clebre convento
1 Este poema representa um caso raro de stira medieval portuguesa que se eleva alm da maledicncia e dos ataques pessoais, pois versa sobre um tema geral. Qual esse tema geral?
RESOLUO: A ausncia da verdade no mundo.
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3 Segundo o texto, como poderamos perceber que informaes sobre um mesmo assunto podem ter interpretaes diferentes?
RESOLUO: Comparando as informaes recebidas.
Texto 2
DIFICULDADES PARA A BUSCA DA VERDADE Em nossa sociedade, muito difcil despertar nas pessoas o desejo de buscar a verdade. () A enorme quantidade de veculos e formas de informao acaba tornando difcil a busca da verdade, pois todo mundo acredita que est recebendo, de modos variados e diferentes, informaes cientficas, filosficas, polticas, artsticas e que tais informaes so verdadeiras. () Bastaria, no entanto, que uma mesma pessoa, durante uma semana, lesse (...) jornais diferentes, ouvisse (...) noticirios de rdio diferentes; (...) visse noticirios de (...) canais diferentes de televiso, para que, comparando (...) as informaes recebidas, descobrisse que elas no batem umas com as outras (...). Uma outra dificuldade para fazer surgir o desejo da busca da verdade, em nossa sociedade, vem da propaganda. A propaganda trata todas as pessoas crianas, jovens, adultos, idosos como crianas extremamente ingnuas e crdulas. O mundo sempre um mundo de faz de conta: nele a margarina fresca faz a famlia bonita, alegre, unida e feliz; o automvel faz o homem confiante, inteligente, belo, sedutor, bem-sucedido nos negcios, cheio de namoradas lindas; o desodorante faz a moa bonita, atraente, bem empregada, bem vestida, com um belo apartamento e lindos namorados. (...) (...) Uma outra dificuldade para o desejo da busca da verdade vem da atitude dos polticos nos quais as pessoas confiam, dando-lhes o voto e vendo-se, depois, ludibriadas, no s porque no so cumpridas as promessas, mas tambm porque h corrupo, mau uso do dinheiro pblico, crescimento das desigualdades e das injustias, da misria e da violncia. Em vista disso, a tendncia das pessoas julgar que impossvel a verdade (...), ou cair na descrena e no ceticismo. No entanto, essas dificuldades podem ter o efeito oposto, isto , suscitar em muitas pessoas dvidas, incertezas, desconfianas e desiluses que as faam desejar conhecer a realidade, a sociedade, a cincia, as artes, a poltica. (...) Podemos, dessa maneira, distinguir dois tipos de busca da verdade. O primeiro o que nasce da decepo, e, por si mesmo, exige que saiamos de tal situao readquirindo certezas. O segundo o que nasce da deliberao ou deciso de no aceitar as certezas e crenas estabelecidas, de ir alm delas e de encontrar explicaes, interpretaes e significados para a realidade que nos cerca. Esse segundo tipo a busca da verdade na atitude filosfica.
(Marilena Chau, texto adaptado)
RESOLUO: A deciso de no aceitar as certezas e crenas estabelecidas, de ir alm delas e de encontrar explicaes, interpretaes e significados para a realidade que nos cerca.
(MODELO ENEM) Conhea as acepes da palavra verdade, conforme o Dicionrio Houaiss: substantivo feminino 1 propriedade de estar conforme com os fatos ou a realidade; exatido, autenticidade, veracidade Ex.: <a v. de uma afirmao, de uma interpretao> <v. histrica> 1.1 a fidelidade de uma representao em relao ao modelo ou original; exatido, rigor, preciso Ex.: a v. de um quadro, de uma foto 2 Derivao: por extenso de sentido. coisa, fato ou evento real, verdadeiro, certo Ex.: o que eu contei corresponde v. 3 Derivao: por extenso de sentido. qualquer ideia, proposio, princpio ou julgamento que se aceita como autntico, digno de f; axioma, mxima Ex.: as v. de uma religio, de uma filosofia 4 Derivao: por extenso de sentido. procedimento sincero, retido ou pureza de intenes; boa-f Ex.: agir com v. 5 Derivao: sentido figurado. o que caracteriza algo ou algum; carter, feitio Ex.: demonstrar a sua prpria v. No ltimo pargrafo do texto 2, a palavra verdade empregada em duas diferentes acepes, explicadas pela autora. Indique quais so essas acepes segundo o Dicionrio Houaiss. a) Acepes 1 e 1.1. b) Acepes 4 e 5. c) Acepes 1 (inclusive 1.1) e 2. d) Acepes 3 e 1 (inclusive 1.1). e) Acepes 2 e 4.
RESOLUO: So as acepes 3 e 1 (inclusive 1.1), respectivamente. Resposta: D
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e) uma lio do pensamento chins: s com ironia podemos superar a fatalidade da morte.
RESOLUO: Colocar flores em tmulos, hbito ocidental, visto pelo homem ocidental como algo natural, que no demanda explicao ou justificativa, enquanto o hbito chins de colocar um prato de arroz no tmulo encarado como irracional. A racionalidade ou irracionalidade dos dois hbitos , na verdade, idntica, como sugere o chins em sua resposta irnica. Portanto, a histria ilustra o fato de que tendemos a tomar como naturais as irracionalidades e os preconceitos correntes nas sociedades de que fazemos parte, ou seja, na cultura a que pertencemos. Tal tendncia universal e, por isso mesmo, seus efeitos so igualmente perigosos no mbito individual e no social: a ela esto ligados o fundamentalismo religioso, o nacionalismo xenfobo, o racismo, os preconceitos de classe, o machismo etc. Resposta: D
Um homem colocava flores no tmulo de um parente, quando viu um chins depositando um prato de arroz na lpide ao lado. Ele se voltou para o chins e perguntou: Desculpe, mas o senhor acha mesmo que o seu defunto vir comer o arroz? O chins respondeu: Sim, e geralmente na mesma hora em que o seu vem cheirar as flores!
7 (MODELO ENEM) A histria anterior ilustra a) o fato de que, independentemente da cultura a que pertenam, as pessoas tm sempre atitudes irracionais diante da morte. b) as diferenas intransponveis entre a cultura chinesa e as sociedades modernas do Ocidente. c) o primarismo de certas concepes animistas, segundo as quais preciso alimentar as almas mortas. d) o fato de que tendemos a tomar como naturais os hbitos da cultura a que pertencemos.
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Escreva em seu caderno um pequeno texto, em prosa ou em verso, sobre a verdade. Voc pode fazer uso tambm das frases abaixo. A verdade mais estranha que a fico. (Mark Twain, 1835-1910) Competncia, como verdade, beleza e lentes de contato, est nos olhos do observador. (Laurence J. Peter, 1919-1988) Toda verdade passa por trs estgios. Primeiro, ridicularizada. Segundo, sofre oposio violenta. Terceiro, aceita como se
fosse bvia. (Arthur Schopenhauer, 1788-1860) No diga Encontrei a verdade, mas antes Encontrei uma verdade. (Kahlil Gibran, 1883-1931) Uma mentira bastante repetida torna-se verdade. (Lenin, 1870-1924) A mentira pode fazer meia volta ao mundo enquanto a verdade est calando os sapatos. (atribuda a Mark Twain) A fico obrigada a se ater ao possvel. A verdade, no. (Mark Twain)
Resposta pessoal.
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