Apostila de Cartografia Completa
Apostila de Cartografia Completa
Apostila de Cartografia Completa
IGEO CCMN
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
DISCIPLINA DE CARTOGRAFIA
NOTAS DE AULA
1 - INTRODUÇÃO
1.1 DEFINIÇÕES E CONCEITO DE CARTOGRAFIA
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Por outro lado deve ter a capacidade, devido à intimidade com a abstração da realidade e sua
representação, de avaliar e revisar o processo, visando facilitar o entendimento por parte do usuário
final. É fundamental a sua participação no projeto e produção de mapas temáticos, associando também
a representação de outros tipos de informações, tais como sensores remotos.
SAUER (1956) sintetiza claramente a importância da Cartografia para o geógrafo, através da
seguinte citação:
Mostre-me um geógrafo que não necessite deles (mapas) constantemente e os queira ao seu
redor e eu terei minhas dúvidas se ele fez a correta escolha em sua vida. O mapa fala através
da barreira da linguagem. (SAUER, 1956).
SISTEMA CARTOGRÁFICO
Mundo Concepção
Real Cartográfica MAPA USUÁRIO
3
REALIDADE
Realidade Realidade
do do
Cartógrafo Usuário
MUNDO REAL
COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA
Tema do Usuário
Cartógrafo (O que) (Para que?)
MAPA
(Como)
Modelo Simples
Por outro lado, podem ser descritos, segundo esses conceitos, os ciclos de comunicação da
informação cartográfica que podem ser alcançados no processo:
- Ciclo ideal da comunicação cartográfica
Leitura e
Interpretação
Mundo Real
Cartógrafo
Codifica
Decodifica
4 Leitura e
Interpretação
Mapa Usuário
Aqui o cartógrafo faz a leitura e interpretação do mundo real, codificando as informações para
o documento de comunicação, o mapa. O usuário por sua vez, sem contato com o mundo real, apenas
com o documento, vai fazer a leitura e interpretação das informações contidas no mapa para que, ao
decodificá-las, possa reconstituir o mundo real. Este tipo de ciclo não é alcançado na maioria das
vezes. Consegue-se uma aproximação através de fotomapas ou ortofotocartas, dependendo ainda do
tipo de informação que se vai veicular.
- Ciclo de Comunicação Cartográfica Real Cartógrafo-Usuário
Mundo Real
Leitura e
Interpretação
Criação
Cartógrafo Visão do Cartógrafo
ica
Decodifica
dif
Co
Leitura e
Interpretação
Mapa Usuário
Este modelo mostra que na leitura e interpretação pelo cartógrafo do mundo real, na realidade
ele criará um modelo segundo a sua visão, só passando a sua codificação para o mapa após a
elaboração dessa visão própria. Segundo o usuário agora, a leitura e interpretação dessa informação
vai permitir, no máximo, que se chegue até a visão do cartógrafo do mundo real. Não se consegue
chegar ao mundo real, porém alcança-se a comunicação, com o sucesso do usuário em decodificar o
mundo real na visão do cartógrafo.
- Ciclo de Comunicação Falho
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Mundo Real
Leitura e
Interpretação
Criação
Cartógrafo Visão do Cartógrafo
ifica
Cod
Leitura e
Interpretação
Mapa Usuário
ca
i fi
od
ec
D
Visão do Usuário
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O histórico da Cartografia é tão extenso quanto a própria história da humanidade. Não se sabe
quando o primeiro “cartógrafo” elaborou o primeiro mapa. Não há dúvidas, porém, que este seria uma
representação bastante bruta em argila, areia ou desenhada em uma rocha.
Na Antiguidade, um dos mapas mais antigos conhecidos, data de aproximadamente 2500 AC,
mostrando montanhas, corpos d`água e outras feições geográficas da Mesopotâmia, gravadas em
tábuas de argila, como os mapas de Ga-Sur, mostrados na figura 1.7 a e b.
Datam desta época também mapas com a mesma estrutura, do vale do Rio Eufrates e do Rio
Nilo, conforme pode ser apreciado nas figuras 1.8 a e b.
Aos fenícios são atribuídas as primeiras cartas náuticas, que serviam de apoio à navegação, bem
como as primeiras sondagens e levantamentos do litoral.
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Na Grécia, à época de Aristóteles (384-322 AC), a Terra já era reconhecida como esférica pelas
evidências da diferença da altura de estrelas em diferentes lugares, do fato das embarcações
aparecerem “subindo o horizonte” e até mesmo pela hipótese de ser a esfera a forma geométrica mais
perfeita.
Por volta de 200 AC, o sistema de latitude e longitude e a divisão do círculo em 360° já eram
bem conhecidos e utilizados na representação terrestre.
Estimativas do tamanho da Terra foram realizadas por Eratóstenes (276-195 AC) e repetido por
Posidonius (130-50 AC), através da observação angular do Sol e estrelas.
Polo Norte
5000 st
cal
Trópic Alexandria Verti o
7 12’
o de C
ancer
SOL
o
7 12’
Syene
Equad
o r
8
Os romanos interessavam-se pela Cartografia apenas com fins práticos: cartas administrativas
de regiões ocupadas e representações de vias de comunicação, como pode ser observado nas tábuas de
PEUTINGER.
Figura 1.10 - Tábua de Peutinger - Arábia
10
No decorrer do século XIX e início do século XX, conforme o aumento da demanda de mapas
para fins mais específicos, foram criadas instituições que se dedicam exclusivamente à elaboração de
cartas e mapas, tanto com propósitos gerais, como com propósitos definidos.
Hoje em dia a maior parte dos países possuem organizações governamentais dedicadas à
construção de cartas, com as mais diversas finalidades. Existem outras organizações, públicas e
privadas, com finalidades semelhantes, para atuação cartográfica apenas nas suas áreas específicas.
Os avanços técnicos nos processos de construção de cartas, a necessidade crescente de
informação georreferenciada, tanto para a educação, pesquisa, como apoio para tomada de decisões,
a nível governamental ou não, caracteriza o mapa como uma ferramenta importante, tanto para análise
de informações, como para a sua divulgação, em quaisquer áreas que trabalhem com a informação
distribuída sobre a superfície terrestre.
Dividir a Cartografia em áreas de aplicação é tão difícil quanto classificar os tipos de cartas e
mapas. Normalmente usa-se caracterizar duas classes de operações para a Cartografia:
- preparação de mapas gerais, utilizados para referência básica e uso operacional. Esta
categoria inclui mapas topográficos em grande escala, cartas aeronáuticas hidrográficas.
- preparação de mapas usados para referência geral e propósitos educacionais e pesquisa. Esta
categoria inclui os mapas temáticos de pequena escala, Atlas, mapas rodoviários, mapas para uso em
livros, jornais e revistas e mapas de planejamento.
Dentro de cada categoria existe uma considerável especialização, podendo ocorrer nas fases de
levantamento, projeto, desenho e reprodução de um mapa topográfico.
A primeira categoria trabalha inicialmente a partir de dados obtidos por levantamentos de
campo ou hidrográficos, por métodos fotogramétricos ou de sensores remotos.
São fundamentais as considerações sobre a forma da Terra, nível do mar, cotas de elevações,
distâncias precisas e informações locais detalhadas.
Utilizam-se instrumentos eletrônicos e fotogramétricos complexos e o sensoriamento remoto
tem peso importante na elaboração dos mapas.
Este grupo inclui as organizações governamentais de levantamento.
No Brasil são as seguintes:
- Fundação IBGE
- Diretoria de Serviço Geográfico
- Diretoria de Hidrografia e Navegação
- Instituto de Cartografia Aeronáutica
A outra categoria, que inclui a Cartografia Temática, trabalha basicamente com os mapas
elaborados pelo primeiro grupo, porém está mais interessada com os aspectos de comunicação da
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informação geral e a delineação gráfica efetiva dos relacionamentos, generalizações e conceitos
geográficos.
O domínio específico do assunto pode ser extraído da História, Economia, Planejamento
Urbano e Rural, Sociologia, Engenharias e outras tantas áreas das ciências físicas e sociais,
bastando que exista um georeferenciamento, ou seja, uma referência espacial para a representação
do fenômeno.
Órgãos que no Brasil dedicam-se à elaboração de mapas temáticos:
- Fundação IBGE
- DNPM / CPRM - Mapas geológicos
- EMBRAPA - solos, uso de solos, pedologia
- Institutos de Terras - planejamento rural
- Governos Estaduais e Municipais (incipiente)
- DNER - mapas rodoviários
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Por outro lado, a palavra “mapa” possui algumas características significantes restritivas, seja
qual for a forma que se apresente:
- A representação é dimensionalmente sistemática, uma vez que existe um relacionamento
matemático entre os objetos representados. Este relacionamento, estabelecido entre a
realidade e a representação, é denominado escala.
- Um mapa é uma representação plana, ou seja, esta sobre uma superfície plana. Uma
exceção é a representação em um globo.
- Um mapa pode mostrar apenas uma seleção de fenômenos geográficos, que de alguma
forma foram generalizados, simplificados ou classificados. É diferente de uma fotografia
ou imagem, que exibe tudo que afetou a emulsão do filme ou foi captado pelo sensor.
O conceito de mapa é caracterizado como uma representação plana, dos fenômenos sócio-bio-
físicos, sobre a superfície terrestre, após a aplicação de transformações, a que são submetidas as
informações geográficas (MENEZES, 1996). Por outro lado um mapa pode ser definido também como
uma abstração da realidade geográfica e considerado como uma ferramenta poderosa para a
representação da informação geográfica de forma visual, digital ou tátil (BOARD, 1990).
Para a Geografia é também indiscutível a importância da forma de representação da informação
geográfica, em essência dos mapas e da Cartografia. Através deles o geógrafo pode representar todos
os tipos de informações geográficas, bem como da estrutura, função e relações que ocorram entre elas.
Pela caracterização de sua aplicação em quaisquer campos do conhecimento que permitam vincular a
informação à superfície terrestre. Dentro da divisão da Cartografia, um dos cartógrafos temáticos é o
geógrafo por excelência, tanto por ser a Geografia a ciência mais integrativa dentro do conhecimento
humano, como por ter a necessidade de visualizar os relacionamentos entre conjuntos de informações
que isoladamente não permitem quaisquer conclusões.
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Outra definição, de 1736, estabelece que um mapa “é uma figura plana, representando
diversas partes da superfície terrestre, de acordo com as leis da perspectiva ou projeção da superfície
do globo ou parte dele em um plano, descrevendo os diversos países, ilhas, mares, rios, com a
situação das cidades, florestas, montanhas, etc. Mapas universais, são os que exibem toda a superfície
terrestre, ou os dois hemisférios; mapas particulares exibem uma porção definida da superfície
terrestre”, (BAILEY, 1736, apud ANDREWS, 1998)).
Em 1896, a Enciclopédia Concisa Cassel (1896, apud ANDREWS, 1998)), definiu mapa como
“a delineação de uma porção da superfície terrestre sobre papel ou outro material similar, mostrando
os tamanhos proporcionais, formas e posições de lugares”.
Para estabelecer um padrão comparativo entre as definições dos séculos XVIII e XIX, são
apresentadas as definições devido a dois cartógrafos e uma instituição cartográfica americana. A
primeira, estabelecida por Robinson (1995), diz que “mapa é a representação gráfica de conjuntos
geográficos”.
O USGS (United States Geological Survey) define mapa como “a representação da Terra ou
parte dela”, uma definição bastante simplista, mas de conteúdo bastante extenso.
Umas das mais modernas definições é devida à Thrower (1996), dizendo que um mapa “é uma
representação usualmente sobre uma superfície plana, de toda ou uma parte da superfície terrestre,
mostrando um grupo de feições, em termos de suas posições e tamanhos relativos” .
A definição formal de mapa, aceita e difundida pela Sociedade Brasileira de Cartografia,
estabelece como “a representação cartográfica plana dos fenômenos da sociedade e da natureza,
observados em uma área suficientemente extensa para que a curvatura terrestre não seja
desprezada e algum sistema de projeção tenha que ser adotado, para traduzir com fidelidade a
forma e dimensões da área levantada” (SBC, 77).
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Quanto à escala de representação, os mapas podem ser classificados em: muito pequena,
pequena, média, grande e muito grande. Alguns autores (ROBINSON, 1995; BAKKER, 1965)
dividem apenas em três grandes grupos: pequena, média e grande. ë difícil porém estabelecer o limiar
de cada escala. O conceito de grande, médio e pequeno é bastante subjetivo e esta associação à um
valor numérico de escala é definida para estabelecer uma referência ao tamanho relativo dos objetos
representados. Também é possível classifica-los segundo características globais, regionais e locais,
mas também encontra-se outro conceito bastante subjetivo, gerando polêmicas quando de sua
associação à escalas numéricas (ROBINSON, 1995; MENEZES, 1996; BAKKER, 1965).
Para a primeira classificação citada, vincula-se a seguinte associação de escalas (tabela 3.1):
15
Até o início da década de 80, os mapas em papel eram considerados um dos poucos meios
cartográficos de representação e armazenamento da informação geográfica, além de ser o produto final
de apresentação desta mesma informação. O desenvolvimento tecnológico ampliou a capacidade de
representação e armazenamento da informação, incorporando conceitos de exibição de mapas em telas
gráfica de monitores de vídeo, mapas voláteis, bem como caracterizando os meios magnéticos de
armazenamento da informação, tais como: CD-ROM, discos rígidos, fitas magnéticas, disquetes, etc,
como uma forma numérica de representação.
Os mapas em papel possuem uma característica analógica, sendo uma forma de representação
permanente da informação, definindo um modelo de dados e armazenamento, como também um
modelo de transferência da informação para os usuários (CLARKE, 1995).
Os mapas apresentados em telas gráficas correspondem àqueles que possuem uma capacidade
de visualização temporária da informação, sendo a transferência estabelecida segundo a vontade ou a
necessidade de ser visualizada. A sua visualização também pode se dar através de cópias em papel,
neste caso assumindo a característica de visualização dos mapas em papel. São muitas vezes
denominados como mapas ou cartas eletrônicas.
Sob esse enfoque, os mapas podem ser classificados segundo seus atributos de visibilidade e
tangibilidade, (MOELLERING, 1980; CROMLEY, 1992; KRAAK, 1996):
- Mapas analógicos ou reais, de características permanentes, diretamente visíveis e tangíveis, tais
como os mapas convencionais em papel, as cartas topográficas, atlas, ortofotomapas, mapas
tridimensionais, blocos-diagramas. Existe uma característica da informação ser permanente, não
podendo ser atualizada, a não ser por processos de construção de novo mapa.
- Mapas virtuais do tipo I, diretamente visíveis, porém não tangíveis e voláteis, ou seja, não
permanentes, como a representação em um monitor de vídeo e mapas cognitivos. Neste caso
apenas a visualização não é permanente. A informação porém possui os mesmos problemas de
atualização.
- Mapas virtuais do tipo II, aqueles que não são diretamente visíveis, porém possuem características
analógicas e permanentes como meio de armazenamento da informação. Como exemplos, pode-se
citar os modelos anaglifos de qualquer espécie, dados de campo, hologramas armazenados, CD-
ROM, laser-disc, discos e fitas magnéticas etc. A informação contida só poderá ser modificada
através de processos completos de atualização.
- Mapas virtuais do tipo III, têm características não visíveis e não permanentes, podendo-se incluir
nesta classe a memória, animação em vídeo, modelos digitais de elevação (inclusos aqui os
modelos digitais de terreno) e mapas cognitivos de dados relacionais geográficos.
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Ainda pode-se incluir uma quinta categoria, descrevendo os mapas que podem ser considerados
dinâmicos. Nesta categoria algumas distinções poderão ser ainda serem tratadas (MENEZES, 1996;
PETERSON, 1998):
- Mapas que apresentam dinamismo das informações, mais precisamente representando fluxos,
movimentos ou desenvolvimentos temporais de um dado tipo de informação;
- Mapas animados, que apresentam as mesmas características dos mapas anteriores, porém
mostrando o dinamismo em seqüências animadas. São de características tipicamente
computacionais.
- Mapas dinâmicos em tempo real, que por serem associados à sensores que fornecem a informação
em tempo real, têm a capacidade de associa-la e representa-la praticamente ao mesmo tempo da
recepção.
Segundo essa abordagem, os mapas podem ser vistos como um modelo de apresentação gráfica da
realidade geográfica.
O Brasil está enquadrado na Carta do Mundo ao Milionésimo. A partir deste enquadramento
foram estabelecidas as cartas de mapeamento sistemático. O quadro abaixo fornece as escalas, o
número de folhas de cada escala
N° de Folhas
Escala N° Total de Folhas Executadas % Mapeada
1/ 1 000 000 46 46 100,00
1/ 500 000 154 68 44,00
1/ 250 000 556 529 95,1
1/ 100 000 3049 2087 68,4
1/ 50 000 11928 1641 13,7
1/ 25 000 47712 548 1,2
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Os mapas temáticos podem representar também feições terrestres e lugares, mas não são
definidos diretamente dos trabalhos de levantamentos básicos. São compilados de mapas já existentes
(bases cartográficas), que servirão de apoio à todas as representações. Distinguem-se essencialmente
dos mapas de base, por representarem fenômenos quaisquer, que sejam geograficamente distribuídos,
discreta ou continuamente sobre a superfície terrestre. Estes fenômenos podem ser tanto de natureza
física, como por exemplo a média anual de temperatura ou precipitação sobre uma área, ou de
natureza abstrata, humana ou de outra característica qualquer, tal como a taxa de natalidade de um
país, condição social, distribuição de doenças, entre outros. Estes mapas dependem de dados reunidos
através de fontes diversas, tais como informações censitárias, publicações industriais, dados
governamentais, pesquisa local, etc.
A exigência principal para que um fenômeno qualquer possa ser representado em um mapa, é a
associação da distribuição espacial ou geográfica. Em outras palavras, deve ser conhecida e
perfeitamente definida a sua ocorrência sobre a superfície terrestre. Este é o elo de ligação entre o
fenômeno e o mapa. Assim, qualquer fenômeno que seja espacialmente distribuído, é passível de ter
representada a sua ocorrência sobre a superfície terrestre através de um mapa. Um fenômeno assim
caracterizado é dito como georreferenciado.
Quanto à natureza a Cartografia pode ser dividida em:
- Topográfica
- Temática
- Especial
A Topográfica se propõe a representar os aspectos físicos da superfície terrestre. Enquadram-se
todas as cartas topográficas. Normalmente serve de base à múltiplos usuários. ë incluído aqui todo o
mapeamento sistemático, identificando-se com os mapas de propósito geral ou de referência..
A Cartografia Temática, já explanado os seus objetivos, pode ser dividida três sub-classes
(GUÉNIN, 1972; BÉGUIN & PUMAIN, 1994):
- Inventário
- Estatística ou Analítica
- Síntese
A Cartografia Temática de Inventário é definida através de um mapeamento qualitativo. Possui
uma característica discreta, realizando apenas a representação posicional da informação no mapa.
Normalmente estabelecida pela superposição ou justaposição, exaustiva ou não, de temas, permite ao
usuário saber o que existe em uma área geográfica.
A Cartografia Analítica é eminentemente quantitativa, mostrando a distribuição de um ou mais
elementos de um fenômeno, utilizando para isso informações oriundas de dados primários, com as
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modificações necessárias para a sua visualização. De uma forma geral ela classifica, ordena e
hierarquiza os fenômenos a representar.
A Cartografia de Síntese é a mais complexa e a mais elaborada de todas, exigindo um profundo
conhecimento técnico dos assuntos a serem mapeados. Integrativa por excelência, exige o concurso de
várias especialidades integradamente. Representa a integração de fenômenos, feições, fatos ou
acontecimentos que se interligam através da distribuição espacial. Permite que se desenvolva um
aspecto analítico, para estabelecer um estudo conclusivo-analítico sobre a integração e interligação dos
fenômenos que estejam sendo estudados.
A Cartografia Temática de caráter especial é destinada a objetivos específicos, servindo
praticamente a um único tipo de usuário. Por exemplo a definida por mapas e cartas náuticas,
aeronáuticas, sinóticas, de pesca entre outras.
O mapeamento temático trata muitas vezes de fenômenos que não necessitam de um
posicionamento preciso, pelo tipo de ocorrência do fenômeno, como por exemplo um mapa
pedológico. Deve haver porém a preocupação com uma correta apresentação da ocorrência da sua
distribuição, necessitando para isso de uma base cartográfica com precisão compatível às suas
necessidades. Não se pode confundir precisão da base cartográfica com a precisão do fenômeno a
representar.
A preparação de uma apresentação eficaz, requer uma visão crítica dos dados a serem
mapeados bem como o simbolismo ou convenções que serão utilizadas para representá-los. É
necessário ser considerado para o projetista do mapeamento temático os seguintes aspectos:
- conhecimento profundo dos princípios que fundamentam a apresentação da informação e o
projeto da composição gráfica efetiva;
- ter um forte sentido de lógica visual, e uma habilidade especial para escolher as palavras
corretas que descreverão o gráfico, o mapa ou o cartograma;
- conhecimento do assunto a ser mapeado, ou estar com uma equipe multidisciplinar.
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sido submetida a um processo de transformação, o que permitirá que venha a ser representada em um
mapa, conforme pode ser observado na figura 3.7.
Processo
Informação
Informação Geográfica de Cartográfica
Transformação
20
2 - O Geóide e o Problema da Representação Cartográfica
2.1 - Introdução
A Geodésia é uma ciência que se ocupa do estudo da forma e tamanho da Terra no aspecto
geométrico e com o estudo de certos fenômenos físicos tais como a gravidade e o campo gravitacional
terrestre, para encontrar explicações sobre as irregularidades menos aparentes da própria forma da
Terra. O assunto é intimamente ligado com mapeamento e Cartografia.
A maior parte das evidências sobre a forma e tamanho da Terra é baseada em levantamentos
geodésicos. Por outro lado é necessário se conhecer o tamanho da Terra e sua grandeza, para se poder
representá-la em mapas, em uma escala desejada.
Sabe-se que a Terra é um planeta de forma aproximadamente esférica e sobre o qual existem
irregularidades da superfície definida pelas terras, mares, montanhas, depressões etc. Estas
irregularidades topográficas não representam mais do que uma pequena aspereza da superfície,
comparadas ao tamanho da Terra. Considerando-se o raio da Terra com aproximadamente 6.371 Km,
a maior cota em torno de 9 Km (Monte Everest) e a maior depressão por volta dos 11 Km (Fossa das
Marianas), a representação da Terra como um globo de 6 cm de raio mostra que a variação entre as
duas cotas representará apenas 0,2 mm, ou seja, o limite de percepção do olho humano.
A idéia da Terra esférica data da época dos geômetras gregos, em torno de 600 AC. O primeiro
trabalho com embasamento científico foi a experiência clássica de Eratóstenes, definindo as primeiras
dimensões conhecidas para a Terra. Ainda durante o período grego, Aristóteles, através dos estudos
sobre os movimentos da Terra, concluiu que deveria haver um achatamento nos pólos.
Somente próximo ao fim do século XVII, ISAAC NEWTON demonstrou que a forma esférica
da Terra era realmente inadequada para explicar o equilíbrio da superfície dos oceanos. Foi
argumentado que sendo a Terra um planeta dotado de movimento de rotação, as forças criadas pelo
seu próprio movimento tenderiam a forçar quaisquer líquidos na superfície para o Equador. Newton
demonstrou através de um modelo teórico simples que o equilíbrio hidrostático seria atingido, se o
eixo equatorial da Terra fosse maior que o seu eixo polar. Isto é, equivalente a um corpo que seja
achatado nos pólos.
2.2 - O Geóide
A forma da Terra, na realidade, é única. É definida como um Geóide, que significa a forma
própria da Terra.
21
O geóide é definido pela superfície do nível médio dos mares supostamente prolongado sob os
continentes. Assim ele está ora acima, ora abaixo da superfície definida como a superfície topográfica
da Terra, ou seja, a superfície definida pela massa terrestre.
A superfície do Geóide (nível médio
dos mares) é propriamente definido como
Superfície Topográfica
sendo uma superfície equipotencial - igual
Superfície do potencial gravitacional -, onde a direção da
Elipsóide
22
A elipse possui dois eixos 2a (eixo maior) e 2b (eixo menor), a e b representam os semi-eixos
maior e menor, respectivamente.
A razão que exprime o
achatamento ou a elipticidade é dada pela
b
(a − b)
expressão: f=
a a
Para a Terra esse valor é definiido em
torno da razão de 1/300.
Sabe-se que a diferença entre os dois
semi-eixos terrestres é de aproximadamente
11,5 Km, ou seja, o eixo polar é cerca de 23
ELIPSÓIDE DE REVOLUÇÃO Km mais curto que o eixo equatorial.
Para uma redução de escala de 1/100.000.000, o que representa a Terra com um raio equatorial
de 6 cm, a diferença para o raio polar será da ordem de 0,2 mm, valor imperceptível, uma vez que é a
largura do traço de uma linha.
Equivale a dizer com o que foi explanado acima, que para pequenas escalas o achatamento é
menor do que a largura das linhas usadas para o desenho, portanto, negligenciável.
Tira-se uma importante conclusão sob o ponto de vista cartográfico, que permite estabelecer a
Terra como esférica para determinados propósitos.
Entretanto deve-se notar que qualquer
tentativa de representar o elipsóide terrestre por
meio de um elipsóide reconhecível, deve envolver
um considerável exagero, uma vez que é
imperceptível a diferença entre os dois semi-
eixos.
Isto pode conduzir por sua vez a uma má
interpretação de algumas ilustrações retratando a
geometria do elipsóide.
Como o elipsóide de revolução aproxima-se muito da esfera, é também tratado na literatura
como esferóide. Ambos os termos (elipsóide e esferóide) têm o mesmo significado.
As medições da figura da Terra são desenvolvidas de cinco diferentes formas, determinando
seu tamanho e sua forma:
23
- medição de arcos astro-geodésicos na superfície terrestre;
- medições da variação da gravidade na
superfície;
Superfície Física - medição de pequenas perturbações na órbita
Ondulação
Geoidal lunar;
Geóide - medição do movimento do eixo de rotação
Elipsóide
da Terra em relação às estrelas;
Desvio da - medição do campo gravitacional terrestre a
Vertical
evitando a ocorrência de desníveis geoidais muito exagerados. A relação abaixo mostra alguns dos
mais de 50 elipsóides existentes no mundo:
24
o
Delambre 1810 6376428 6355598 1/311,5 Bélgica
Everest 1830 6377276 6356075 1/300,80 Índia,Burma
Bessel 1841 6377997 6356079 1/299,15 Europa
Central e
Chile
Airy 1849 6377563 6356257 1/299,32 Inglaterra
Clarke 1866 6378208 6356584 1/294,98 USA
Hayford 1924 6378388 6356912 1/297,0 Mundial
Krasovsky 1940 6378245 6356863 1/298,30 Rússia
Ref. 67 1967 6378160 6356715 1/298,25 Brasil e
América
do Sul
WGS 84 1984 6378185 6356??? 1/298,26 Mundial
levantam
ento de
satélites
25
Essas três hipóteses estão listadas em ordem ascendente de refinamento, assim um elipsóide
adequado representa melhor a forma da Terra do que uma esfera de raio equivalente.
Estão também ordenados em ordem crescente de dificuldade matemática. As formulações
necessárias para definir posições; para estabelecer as relações entre ângulos e distâncias sobre um
plano, são muito mais simples do que as definições para uma superfície curva de uma esfera, que por
sua vez são mais simples do que as formulações estabelecidas para um elipsóide.
26
O fato de que em uma escala superior a 1/100.000.000 não existe praticamente diferença entre
o tamanho dos eixos do elipsóide, implica que o uso principal da hipótese esférica ocorrerá na
preparação de mapas de formato muito pequenos, mostrando grandes partes da superfície terrestre, isto
é, um hemisfério, continente ou mesmo um país. Tal como aparecem nos Atlas.
Neste aspecto, questiona-se qual a escala máxima aproximada que justifica a utilização da
hipótese esférica.
Estudos realizados, principalmente por Willian Tobler, através da comparação de erros
angulares e lineares, mostraram que a maior escala possível de representação para uma área de
aproximadamente 8.000.000 Km2 , estaria algo em torno de 1/500.000, porém os erros padrões
indicavam que este número era muito otimista.
Genericamente, pela consideração do erro gráfico de 0,2 mm representando de 7 a 8 km, estar-
se-ia limitado a uma representação em torno de 1/15.000.000 ou menor.
Em termos cartográficos práticos, assume-se a escala média de 1/5.000.000 como possível de
representar a Terra como uma esfera.
O raio de representação é normalmente definido pelo raio terrestre médio, estabelecido pela
formulação: R = M . N , onde M é o raio da seção meridiana e N o raio da seção normal ao
elipsóide, para o centro da latitude da região a representar.
Em termos gerais, valores de 6370 a 6372 km são utilizados normalmente para definir o raio
terrestre com uma razoável precisão, na assunção da Terra como uma esfera.
27
Esta hipótese da figura elipsóidica gera menores erros na definição de uma superfície de
referência para a Terra, sendo, portanto a superfície ideal para o cálculo de precisão (cálculo
geodésico).
Esta superfície, portanto é apropriada à todas as escalas de mapeamento topográfico e de
navegação, assim como para todas as cartas temáticas e especiais que se apoiem nestes levantamentos.
Estima-se como o limite, a escala aproximada de 1/4.000.000 a 1/5.000.000.
A seleção de um elipsóide particular para uma região, é devido ao fato de parâmetros de um
adaptar-se melhor aos dados observados do que qualquer outro.
No Brasil, a rede primária inicialmente estava desenvolvida sobre o elipsóide Internacional de
Hayford, de 1924, sendo a origem de coordenadas estabelecidas no ponto Datum de Córrego Alegre.
A partir de nossas observações e cálculos, o sistema geodésico brasileiro foi mudado para o
SAD - 69 (South American Datum - 69) com elipsóide de referência de 67 e o ponto Datum
estabelecido no ponto CHUÁ Astro Datum (Minas Gerais).
28
posição de uma posição no espaço. O conjunto é formado por tantos elementos quantas forem as
dimensões do espaço considerado e o número de elementos constitui-se uma característica intrínseca
do espaço. A coordenada pode ser uma distância, um ângulo, uma velocidade, um momento, etc. Um
sistema de coordenadas é conceituado como o conjunto de coordenadas, referido à uma ou mais
origens, que definem uma posição no espaço.
A noção de dimensionalidade é essencial para a caracterização dos sistemas de coordenadas
associados à cada espaço. Assim, pode-se classificar os espaços segundo a sua dimensionalidade,
estabelecendo suas características básicas.
Um espaço 0-dimensional, não possui dimensão mensurável, podendo ser visualizado e
materializado através de um ponto.
Um espaço 1-dimensional ou unidimensional, só se percebe uma dimensão, por exemplo, um
comprimento ou uma distância entre dois pontos. Necessita-se de um ponto origem, e uma escala de
unidade que permita, através dessa origem e a quantidade de unidades medida na escala, estabelecer o
posicionamento linear de um ponto a outro. Neste caso, a coordenada é definida pela distância da
origem até o ponto, em unidades especificadas.
Origem
O P
29
multidimensional é o meio-ambiente terrestre no qual as diversas variáveis componentes do meio
ambiente passam a funcionar como elementos do sistema multidimensional.
A utilização de Geometria plana e no espaço é fundamental para o desenvolvimento e
possibilidade de se estabelecer um sistema unívoco de posicionamento, no plano e no espaço.
Qualquer posição, seja em qual dimensão for, terá apenas uma única representação no sistema e vice-
versa. A cada representação de um ponto corresponderá a uma e apenas uma posição no espaço.
Origem
Eixos Coordenados
Malha ou grade
O X
Entretanto existem vantagens significativas para o caso especial de se tomar ambas as famílias
de linhas retas e que se interceptem segundo direções ortogonais (perpendiculares entre si). A esse
sistema dá-se o nome de sistema plano retangular de coordenadas.
Na figura 5, a origem do sistema retangular é o ponto O, através do qual foram traçados os
eixos OX e OY, definindo a direção das duas famílias de linhas. A convenção matemática estabelece o
eixo horizontal OX como eixo X, definindo a família de coordenadas denominadas de abcissas e o
eixo vertical OY como eixo Y, definindo a família de coordenadas denominadas de ordenadas.
Sendo cada eixo uma linha reta e perpendicular um ao outro, segue-se que todas as linhas de
uma mesma família serão paralelas entre si e todos os pontos de interseção dentro da rede são obtidos
através de famílias de linhas retas perpendiculares (figura 6).
31
Y
N P
y
x
0 X
M
10 quadrante + x e + y
20 quadrante + x e - y
30 quadrante - x e -y
32
40 quadrante - x e +y
Exercício Resolvido
1 – Marcar a posição dos seguintes pontos em um sistema de eixos cartesiano plano, especificando o
quadrante em que se encontram:
A( 3, 5); B(8, -3), C(-7; 4); D(-3,-6); E(0, 5); F(5, 0)
Solução:
a) Análise do sinal
A: x + e y + → 1o Quadrante
B: x + e y - → 2o Quadrante
C: x - e y + → 4o Quadrante
D: x - e y - → 3o Quadrante
E: x 0 e y + → não pertence a nenhum quadrante; pertence ao eixo X
A: x + e y 0 → não pertence a nenhum quadrante; pertence ao eixo Y
b) Plotagem nos eixos coordenados
3 A
C -7 5F
-4 5
X
E -3
5
-6 B
8
D -3
Exercício resolvido:
Determinar a diferença de coordenadas entre os pontos A( 3, 5) e B(8, -3), em relação ao ponto A e ao
Ponto B.
Solução:
∆xAB = ( xB - xA ) e ∆yAB = ( yB - yA ) e ∆xBA = ( xA - xB ) e ∆yBA = ( yA - yB )
∆xAB = ( 8 - 3 ) = 5 e ∆yAB = ( -3 - 5 ) = -8
∆xBA = ( 3 - 8) = -5 e ∆yBA = ( 5 - (-3) ) = 8
1 (x1,y1) ∆x
0 X
[
d12 = 12 = ( x 2 − x1 ) − ( y 2 − y1 )
2
]
2 1/ 2
ou d12 = ∆x 2 + ∆y 2
Por sua vez, pode-se em função do comprimento d, medido entre 1 e 2 e do ângulo formado
por esta linha e o eixo X, que estabelece o ângulo α, pode-se também determinar as diferenças de
coordenadas:
∆x12 = (x2 - x1) = d cos α
∆y12 = (y2 - y1) = d sen α
Estabelecendo-se o cálculo em função do ângulo β, definido pelo eixo Y e a direção da linha
considerada, as relações são as seguintes:
Para a determinação de β
∆x ( x 2 − x1 )
tgβ = = e
∆y ( y 2 − y1 )
( x 2 − x1 )
β = arctg
( y 2 − y1 )
Y ∆x
p4 ∆x
4 p1 1
β p4
∆y β p1 ∆y
p4 p1
αp4 αp1
β p3 α
∆y αp3 P p2
p3 β p2 ∆y
p2
3 ∆x
O 2
p3 ∆x
p2
X
35
Figura 9 – Posição relativa de pontos segundo os quadrantes relativos
A posição relativa é estabelecida sempre entre dois pontos, ou seja, considerando-se um ponto
1 e um ponto 2, genéricos quaisquer, tem-se a posição relativa do ponto 2 em relação ao ponto 1 e
vice-versa. Este posicionamento relativo é definido através das diferenças de coordenadas de um ponto
em relação ao outro.
A figura 9 mostra este raciocínio para os pontos P e os pontos 1, 2, 3 e 4. Define-se um dos
pontos como uma suposta origem de um novo sistema de coordenadas, no qual, em lugar das
coordenadas absolutas de cada ponto, são consideradas as diferenças de coordenadas entre estes
mesmos pontos.
O cálculo das diferenças de coordenadas através dos ângulos α e β complica-se com a posição
relativa dos pontos em outra posição diferente de valores das diferenças de coordenadas
exclusivamente positivas (1o quadrante). Tem-se com isto que verificar continuamente a posição dos
pontos, para se determinar qual o ângulo que está sendo computado para o cálculo, sinal da diferença
de coordenadas, sinal do seno, coseno ou tangente, uma vez que os ângulos α e β são sempre menores
que 90°, portanto fornecendo valores referidos ao 1o Quadrante.
Facilita-se o problema, através da adoção de um ângulo, que tem como origem o ponto que se
deseja definir a diferença de coordenadas, tomando-se como origem angular uma paralela ao eixo Y
passando por este ponto e o valor angular contado no sentido horário até a direção do segundo ponto.
Pode ser facilmente verificado que a diferença entre os dois ângulos θ12 e θ21 será sempre de
Y
2
Θ12 Θ21
Θ34
3
1
4
Θ43
180° , ou seja:
36
As coordenadas polares definem uma posição por meio de uma medição linear e uma medição
angular.
O par de eixos ortogonais é substituído por uma linha simples, OQ, passando pela origem O,
agora denominado origem ou polo do sistema.
Q O - polo
OQ - Eixo Polar
θ OP=r - Raio Vetor
O
θ - Ângulo Vetorial
r P
Figura 10 – Sistema polar
A posição de qualquer ponto P é definida por meio de uma medição linear da origem ou polo
ao ponto considerado e o ângulo formado entre o eixo polar OQ e a direção OP, respectivamente por
meio da distância OP = r e o ângulo QÔP = θ, definindo um par de coordenadas, caraterística de um
sistema plano de posicionamento.
A linha OP é denominada raio vetor e o ângulo θ ângulo vetorial, ângulo que o raio vetor faz
com o eixo polar.
Assim a posição de P é definida pelo par de coordenadas P (r, θ).
Exemplo:
Considerando-se o ponto O como polo de um sistema polar e a direção OQ como eixo polar, a posição
de um ponto P de coordenadas (10, 30°), será dada por um esquema definido pela figura abaixo:
O ângulo vetorial pode ser expresso em unidades sexagesimal (graus), centesimais (grados) ou
Q
Y P
N30° P
θ
lar
Po
y r
10
o
Eix
Polo
0 x M X
O
37
Toma-se o ponto P, de coordenadas planas retangulares (x, y). Assumindo-se agora o sistema
polar onde a origem esteja em O, o eixo polar seja o eixo cartesiano OY, r = OP e θ = YOP e as
coordenadas x = PN e y = PM, pela triângulo PON tiram-se as relações:
x = r sen θ
y = r cos θ
Estabelece-se assim o relacionamento de transformação de coordenadas polares para planas.
O relacionamento inverso pode ser obtido segundo diversas formas de obtenção das
coordenadas polares em função das coordenadas planas cartesianas.
tg θ = x / y
r = y sec θ
r = x cosec θ
r 2 = x2 + y2
sen θ = x / r
cos θ = y / r
Este relacionamento é bastante simples, uma vez que as origens dos dois sistema estão
coincidentes. Havendo um deslocamento entre origens, deve ser considerada a diferença de
coordenadas entre os dois sistemas, conforme é visto na figura 12.
Y
P
N
θ r
∆y
x
0
O' ∆x
y
0
O X
M
xp = ∆x + x0
yp = ∆y + y0
38
Os sistemas tridimensionais são sistemas espaciais, portanto necessitam de três coordenadas
para o posicionamento de um ponto no espaço. Alguns sistemas são extensões dos sistemas planos e
outros são trabalhados de forma a definirem um sistema de representação mais específico para
determinada aplicação.
r z
β
O
X
α r1 y
39
É desejável portanto alguns comentários um pouco mais profundos sobre a geometria da Terra,
quando é assumida como uma esfera perfeita, para introduzir uma notação padronizada para esta
hipótese e mostrar algumas diferenças básicas para o esferóide.
Inicialmente deve ser entendido o que é precisamente representado por planos, arcos e ângulos
em um e em outro.
Sabe-se que:
- uma esfera é um corpo sólido cuja superfície é eqüidistante do centro;
- toda esfera tem raio constante;
- a normal a um plano tangente à superfície no ponto de tangência é um raio da esfera;
- a distância entre dois pontos na superfície pode ser medida como distância angular ou
distância arco.
Estas são as propriedades principais da esfera e que serão essenciais para o prosseguimento das
definições seguintes.
- Se um plano intercepta uma esfera, a seção resultante da superfície curva que é traçada no
plano é um círculo.
- Um círculo máximo ou grande círculo é o círculo de
uma seção que passa pelo centro da esfera. Em outras palavras, o
círculo PP’CD e ABCD são círculos máximos. Todos com
centros em O, centro da esfera.
Um e somente um círculo máximo pode ser traçado entre
dois pontos na superfície da esfera, que não sejam
diametralmente opostos.
O menor arco de um círculo máximo passante por dois
pontos, é a menor distância entre estes pontos na superfície
esférica.
- Se o plano de interseção com a esfera não passa pelo centro da esfera, determina também uma
seção circular, porém de raio menor que o raio da esfera. Esses círculos são denominados de
pequenos círculos.
Na figura, o círculo EFGH é um pequeno círculo, de centro O’.
- O eixo de qualquer círculo é uma linha reta passando pelo centro da esfera,
perpendicularmente ao plano do círculo.
Na figura a linha POP’ é o eixo do círculo máximo ABCD. Pela definição de que apenas um
círculo máximo pode ser traçado por 2 pontos que não sejam diametralmente opostos, o eixo de dois
ou mais círculos máximos não coincidem.
40
Por outro lado um círculo máximo e um número infinito de pequenos círculos podem ter o
mesmo eixo.
Neste caso especial, pela definição de eixo, o círculo máximo e os pequenos círculos serão
paralelos entre si. Além disso, se os planos são paralelos, as circunferências dos círculos também são
paralelas.
Os polos de qualquer círculo são os pontos de interseção do eixo do círculo com a superfície da
esfera.
Na figura P e P’ são os polos do círculo máximo ABCD.
Pela definição que uma esfera tem raio constante e que a seção de um grande círculo passa pelo
centro da esfera, os polos de um círculo máximo são eqüidistantes do seu plano: PO = P’O. Para um
pequeno círculo, pode-se notar claramente a desigualdade entre P’O’ e PO’.
- Se um círculo máximo é denominado círculo máximo primário, qualquer círculo máximo
que passe por seus pólos será denominado círculo máximo secundário.
Como os polos são diametralmente opostos, pode-se definir infinitos círculos secundários. Na
figura os círculos máximos PFAP’CH e PGBP’DE, são secundários ao círculo máximo ABCD.
Como o eixo do círculo primário coincide com o plano de cada círculo secundário, pode se
verificar que o plano, e portanto, a circunferência de cada círculo secundário, é perpendicular ao plano
e circunferência do círculo máximo primário.
Além disso quaisquer pequenos círculos que tenham um eixo comum a um círculo máximo
primário, terão também planos e circunferências perpendiculares aos círculos secundários desse
círculo máximo.
Coordenadas Geográficas
A construção da rede geográfica se inicia a partir do movimento de rotação da Terra em torno de
um eixo imaginário vertical. Os pontos da Terra por onde este eixo emerge, são conhecidos como
Pólo Sul e Pólo Norte (vide figura 2).
41
Figura 2: Eixo daTerra e Pólos Norte e Sul
Para melhor entender a construção desta rede geográfica, partimos de um plano horizontal
perpendicular a este eixo, que passa bem no centro da Terra. Ao cortar a superfície terrestre, este plano
horizontal forma a linha do equador, que divide o globo em dois hemisférios, o norte (HN) e o sul
(HS). Vide figura 3.
Não é dado nenhum nome específico aos círculos máximos secundários, mas a palavra
meridiano define cada semicírculo de um par, que juntos formam um círculo secundário. A cada
meridiano, opõe-se o seu antimeridiano, ou seja, o meridiano diametralmente oposto. O círculo
máximo secundário completo compreende o meridiano e o seu antimeridiano.
Em seguida, são traçados uma série de outros planos horizontais, que cortam o globo terrestre
formando pequenos círculos, paralelos ao plano do equador. Estes círculos, denominados
paralelos, diminuem de tamanho a partir do equador (que é um círculo máximo) até os pólos,
devido à curvatura da Terra (vide figura 4). O raio de um paralelo, dessa forma variará desde o raio
terrestre, no equador até zero nos polos.
42
Figura 4: Paralelos e Meridianos
Pelo conceito da utilização de ângulos centrais (a partir do centro de uma esfera), para medir
distâncias sobre a superfície curva, pode-se inferir um sistema de coordenadas tridimensionais
polares como um método de locação de pontos sobre a superfície da esfera tendo o seu centro como
origem.
Como uma extensão do conceito de coordenadas polares visto anteriormente, um ponto pode
ser localizado no espaço através de dois ângulos vetoriais e um raio vetor. Isto define um sistema
polar esférico ou coordenadas esféricas polares.
Na esfera o raio vetor é constante, logo, qualquer ponto na superfície poderá ser então
localizado pela definição apenas, dos dois ângulos vetoriais. São escolhidos para isto dois planos
ortogonais que se interceptam no centro da esferas, considerados então como origem.
Figura 5 – Coordenadas terrestres
Um plano já foi definido e é o plano do Equador. O Equador é utilizado como origem para as
medições do ângulo vetorial conhecido como latitude. O outro plano é um plano arbitrário, definido
pelo meridiano que passa pelo centro ótico da luneta do Observatório de Greenwich, utilizado para as
medições do ângulo vetorial denominado de longitude.
Formalmente define-se a latitude de um lugar como o ângulo vetorial entre o Equador e o
lugar, medido sobre o meridiano que o contem, na figura 5, o ângulo AÔQ. É positiva se for medida
do Equador para o norte e negativa se medida em direção ao polo Sul. A latitude é expressa em
unidades sexagesimais, ou seja, graus, minutos e segundos. É notada pela letra grega ϕ (fi). Vide
figura 5.
Para qualquer valor de latitude ϕ, existirão uma infinidade de pontos na superfície terrestre, que
fazem este mesmo ângulo com o Equador. O lugar geométrico desses pontos é a circunferência de
círculo, cujo plano é paralelo ao Equador.
43
Assim os planos de todos os paralelos são paralelos ao Equador e compartilham o mesmo eixo.
Segue-se que qualquer paralelo será um pequeno círculo, porque o Equador é um círculo máximo.
Para obtermos a posição de qualquer ponto na direção norte-sul são dados valores a estes
círculos. Por se destacar nitidamente, a linha do equador recebe valor zero, ou seja possui latitude
igual a 0º, sendo portanto, considerada a origem da contagem destas coordenadas (latitude). Cada
círculo ou paralelo, vai recebendo um valor em graus, que cresce para norte ou sul a partir do equador
até os pólos. Essa variação de valores é medida em graus de latitude, e vai de 0º a 90º N (no hemisfério
norte)1, e igualmente de 0º a 90º S (no hemisfério sul)2. Vide figura 11.
Nota: Além do equador existem quatro paralelos especiais. No hemisfério norte ficam o Trópico de Câncer (23º 27’N) e o
Círculo Polar Ártico (66º 33’N), e no hemisfério sul situam-se o Trópico de Capricórnio (23º 27’S) e o Círculo Polar Antártico
(66º 33’S).
1
Que também são convencionadas como coordenadas positivas (0º a +90º)
2
Que, ao contrário, são convencionadas como negativas (0º a –90º)
44
convencionadas como positivas ou negativas, atribuindo-se a leste ou valores positivos e a oeste, os
negativos. O Brasil se encontra totalmente a oeste de Greenwich, possuindo assim, somente longitudes
negativas.
Será positiva se estiver a este de Greenwich e negativa se estiver a oeste. É notada pela letra
grega λ (lâmbda), sendo também medida em unidades sexagesimais.
Meridiano Origem
φ+ φ+
λ− λ+
φ− Equador
φ−
λ− λ+
45
representação em um plano através de uma projeção cartográfica. Uma interseção de gratícula define
um ponto na superfície de coordenadas geográficas (ϕ, λ). Esta convenção é internacionalmente aceita.
Vide figura 7.
Exercício Resolvido:
1) Considere dois pontos, A e B, localizados sobre a superfície terrestre. Conhecendo-se suas
coordenadas geográficas, calcule as diferenças de coordenadas, latitudinal e longitudinal, e
identifique os hemisférios em que os pontos se encontram.
Por essa figura, pode-se verificar que a longitude λ pode ser medida em qualquer ponto do eixo
de rotação, uma vez que este ângulo pode ser medido em um plano paralelo ao Equador. Na figura 1,
o ângulo plano KPJ e o ângulo esférico APD são iguais.
Um segundo conceito angular importante é o conceito de azimute, entre dois pontos,
introduzindo a noção de ângulos e direções sobre a superfície terrestre.
47
Considerando-se 3 pontos N, A e B conforme a figura 2, onde N é o Pólo Norte e NA é um
arco de círculo máximo, representando o meridiano A, similarmente com B e NB. A linha AB
representa a menor distância entre A e B, portanto um arco de círculo máximo, definindo-se um
triângulo esférico, formado pela interseção dos 3 círculos máximos.
Figura 2 – Azimute
48
3 – Comprimento de um Arco de Meridiano
Sendo os meridianos arcos de círculo máximo, todos têm portanto o raio terrestre como raio
definidor. Na figura 4, considerando-se um meridiano qualquer, o arco de um meridiano irá
corresponder à diferença de latitudes entre dois pontos quaisquer, sobre este mesmo meridiano.
D
C
δλΑΒ δϕΑC
B
A
O E
ϕΑ
E
F
r
O'
90 - φ
R
φ
49
O
Figura 5 – Raio de um paralelo
Da formulação de arco de um círculo: EF = R δλ e
AB = r δλ
E finalmente:
S=Rz
6 - Determinação do Azimute
O azimute entre dois pontos A e B qualquer, pode ser definido através da trigonometria esférica
NAB = Z.
A dedução de equação conduz à formulação
cot Z = cos ϕa .Tg ϕb .cosec δλ - sen ϕa cot δλ
7 - Convergência de Meridianos
O azimute de A para B e B para A não são recíprocos, ou seja, α ≠ α′ + 180°. Diferem de
uma quantidade γ mostrado na figura.
δλ γ
α'
α 50
B
A
Isto leva a uma conclusão importante que um azimute de qualquer círculo máximo que cruza
um meridiano obliquamente, somente pode ser definido no ponto que estiver sendo medido,
significando que o azimute muda continuamente, a razão para isto é existência da quantidade angular
denominada convergência meridiana.
No Equador o arco entre 2 meridianos é: Sa = R δλ.
Nos pólos a distância correspondente é nula.
No Equador, os meridianos λa e λb são perpendiculares a ele, interceptando-se nos polos para
definir a diferença de longitude δλ.
A convergência entre dois meridianos em qualquer latitude intermediária, é expressa pelo
ângulo γ , variando de 0 no Equador até δλ nos pólos.
Pode ser presumida que varie então de acordo com o seno da latitude ( 0 a 1 ), logo:
γ = δλ . sen ϕ
Para uma linha AB qualquer entre os paralelos ϕa e ϕb, é usual expressar a convergência em
termos de uma latitude média:
(ϕ + ϕ )
γ = δ s λe n a b
2
N
P
ψ φ
51
S
O conceito de longitude é idêntico. O de latitude porém tem uma pequena modificação.
Existirão duas latitudes: a geocêntrica, tomada em relação ao centro do elipsóide e a geodésica,
tomada em relação à normal ao plano tangente e o plano do Equador. Para a definição do sistema de
posicionamento, utiliza-se a latitude geodésica como ângulo vetorial.
Exercício Resolvido
Determinar o comprimento dos arcos de meridianos paralelos entre esses pontos, sabendo-se que as
coordenadas de A e B são respectivamente: (-24° 13′ 22,82″ ; -72° 37′ 42,93″) e (-45° 37′ 45,32″;-
67° 43′ 17,79″). Raio terrestre = 6372 km.
Solução:
Esboço de posicionamento
A
-24° 13′ 22,82″
δϕAB = 0,369018628941
Sm = Rδϕ = 2351.38670361 km
52
Como não foi especificado qual o paralelo, deve ser realizado para os dois paralelos, de A e B
respectivamente. Isto mostrará a desigualdade entre os arcos de paralelo.
rA = RcosϕA rB = RcosϕB
Figura 1
A figura 1 mostra um exemplo das situações apresentadas. A Terra (E), observada pelo polo
norte, é iluminada pelo Sol (S). Os raios solares atingem a superfície terrestre paralelamente, devido à
distância Terra-Sol. A seta curva mostra a direção contrária da rotação terrestre, uma vez que se está
considerando a Terra fixa. O Sol está alinhado com a direção do meridiano (MN) e o ponto M indica a
passagem do Sol pelo meridiano (meio dia). Em E, a este são 3 horas, havendo um ângulo horário de
+ 3 horas, definido pelas direções MN e NA, direção do meridiano local. Similarmente, existirá um
ângulo horário de – 3 horas, em relação ao meridiano BN, em W. No ponto L também serão meio dia,
pois está situado sobre o mesmo meridiano MN.
53
3.4.1 Medidas de Tempo
O tempo e sua medida é algo que é amplamente conhecido e vivido por cada ser humano.
Porém o que é tempo? Qual o seu significado real? Como é medido e sentido sobre a superfície
terrestre?
O dicionário Webster define tempo como: “O período medido ou mensurável, durante o qual
uma ação, processo ou condição exista ou continue a existir”.
Também é definida a duração desse período, como “o continuum não espacial, que é medido
em termos de eventos que se sucedem um ao outro, do passado, através do presente, para o futuro.
O conceito antigo de tempo definia o dia como a unidade básica, estabelecida como o período
de luz solar, seguido pela noite, consistindo de dois períodos de 12 horas, num total de 24 horas. Uma
hora é dividida em 60 minutos, que por sua vez subdivide-se em 60 segundos, estabelecendo assim um
sistema sexagesimal. Os segundos por sua vez são subdivididos no sistema decimal, em décimos,
centésimos, milésimos de segundo.
Modernamente o tempo é definido tendo por base o segundo. Um dia possui 86400 segundos e
um segundo é oficialmente definido como 9 192 631 770 oscilações do átomo do Césio-133 em um
relógio atômico.
Existem ainda outros sistemas de tempo, principalmente voltados para aplicações astronômicas
e satélites (GPS), como por exemplo:
- Tempo dinâmico, que considera o tempo definido pelo movimento orbital da Terra no Sistema Solar.
- Tempo Universal (UT), baseado na rotação terrestre em relação às estrelas (Tempo sideral). Sideral
Time : Tempo Sideral – A medida de tempo definida pelo movimento diurno aparente do ponto
vernal; portanto, uma medida da rotação da Terra com respeito a malha de referência relacionada com
as estrelas ao invés do sol. São usados dois tipos de tempo sideral em astronomia: tempo sideral médio
e tempo sideral aparente. Um dia sideral é igual a cerca de 23 horas, 56 minutos, e 4,090 segundos do
dia solar médio. Da mesma forma, 366,2422 dias médios siderais são iguais a 365,2422 dias solar
médio.
- Tempo Atômico Internacional (IAT), Uma escala de tempo atômico baseada em dados provenientes
de um conjunto mundial de relógios atômicos. Constitui por acordo internacionalmente aceito a
referência de tempo em conformidade com a definição do segundo, a unidade fundamental de tempo
atômico no Sistema Internacional de Unidades (SI). É definido como a duração de 9 192 631 770
54
períodos da radiação correspondente a transição entre dois níveis hiperfinos dos átomos de césio 133
em seu estado básico.
O TAI é mantido pelo Bureau International des Poids et Mesures (BIPM) na França. Embora o
TAI tenha sido oficialmente introduzido em Janeiro de 1972, ele está disponível desde Julho de 1955.
- Tempo Terrestre (TT) –A nova denominação do Tempo das Efemérides, definida pela União
Astronômica Internacional em 1991. Em Janeiro 01, 1997, TT = TAI + 32,184 segundos, e a duração
do segundo foi escolhida em concordância com o Sistema Internacional (SI) sobre o geóide. A escala
TT difere do antigo Tempo das Efemérides em sua definição conceitual. Todavia, na prática é
materializado pelo Tempo Atômico Internacional (TAI).
- Greenwich Mean Time (GMT): Hora Média de Greenwich - Um sistema de 24 Horas baseado na
hora Solar média mais 12 horas em Greenwich, Inglaterra. A Hora Média de Greenwich pode ser
considerada aproximadamente equivalente ao Tempo Universal Coordenado (UTC), o qual é
disseminado por todas rádio emissoras de tempo e freqüência. Entretanto, GMT é um termo obsoleto e
foi substituído por UTC.
- Tempo civil (Tc): é o tempo solar médio acrescido de 12 horas, isto é, usa como origem do dia o
instante em que o sol médio passa pelo meridiano inferior do lugar. A razão da instituição do tempo
civil é não mudar a data durante as horas de maior atividade da humanidade nos ramos financeiros,
comerciais e industriais, o que acarretaria inúmeros problemas de ordem prática.
- Tempo universal (TU): é o tempo civil de Greenwich. Note que os tempos acima são locais,
dependendo do ângulo horário do Sol, verdadeiro ou médio. Se medirmos diretamente o tempo solar,
este vai provavelmente ser diferente daquele que o relógio marca, pois não se usa o tempo local na
vida diária, mas o tempo do fuso horário mais próximo.
Por acordos internacionais, a grande maioria das informações de tempo são relacionadas ao
Tempo Universal Coordenado (UTC), antiga denominação do Tempo Médio de Greenwich (GMT),
que por sua vez é uma aproximação do Tempo Universal (UT).
55
Como a Terra gira 360° em 24h , é fácil verificar que à cada hora ela gira em 15°. Surge assim o
conceito de divisão da Terra em fusos horários, com a amplitude desses mesmos 15°, estabelecendo-se
assim 24 fusos de uma hora cada.
Todos os fusos foram definidos a partir do meridiano de Greenwich, por acordo internacional
estabelecido em 1884, por ser o mesmo meridiano já considerado origem para alguns dos sistemas de
posicionamento terrestre, passando pelo cruzamento dos fios da luneta do antigo Observatório Real.
Este meridiano é definido como o meridiano central do fuso, dessa forma cada fuso tem a longitude do
meridiano central divisível por 15. A hora em cada fuso é assumida pela hora do meridiano central.
MY X W V U T S R Q P O N Z A B C D E F G H I
Meridiano de Greenwich
Linha Internacional de Mudança de Data
Figura 2 – Fusos Horários – O Mundo em fusos de 15°
56
hora Zulu. Aos demais fusos são também atribuídas letras. O fuso que abrange a Linha Internacional
de Mudança de Data possui duas designações: a oeste M e a este Y, correspondendo à data adiantada e
atrasada respectivamente.
Para acomodar divisões políticas a maior parte dos países têm modificado os fusos, criando
contornos que melhor enquadram as suas necessidades, conforme pode ser visto na figura 3.
57
Figura 4 – Fusos Horários no Brasil
Em função das divisões apresentadas, algumas definições sobre tempo podem ser agora firmadas.
- Hora legal: é a hora civil do fuso para a área geográfica considerada
- Hora oficial: normalmente considerada em cada país, como a hora legal da sua Capital.
- Hora Universal local: hora determinada pelo meridiano passante pelo lugar em relação à Greenwich.
58
Data. No leste do país, quando era domingo, na capital, Bairiki, já era segunda-feira. Isso foi alterado
em 1995, com a nova demarcação da Linha Internacional de Mudança de Data,
±12 11
-11 10
-10 9
-9 8
-8 7
-7 6
-6 5
-5 4
-4
3
-3 2
-2 1
-1 0
Hora Legal
De posse de um mapa de fusos horários, verificar qual a diferença horária (UT ± f, onde f é o
fuso do lugar) em relação à Greenwich. Observar que este tipo de mapa, conforme pode ser visto na
59
figura 3, todas os horários estão reduzidos ao fuso origem. Assim serão também obtidos horários
relacionados à este fuso. Sabendo-se a hora de Greenwich, basta somar ou subtrair os valores.
Para a determinação de um horário em relação à outro ponto terrestre, deve-se reduzir um dos
pontos como origem estabelecendo-se o diferencial em relação aos dois pontos.
Exemplos:
1 – Qual a hora em Nova York, sabendo-se que são 14:00 em Greenwich
Pelo mapa, NY está no fuso Q, correspondendo a UT – 4, ou seja, quatro horas a menos que em
Greenwich, logo
Deve-se ficar atento para o problema de mudança de data. Por exemplo se fossem 22:00 horas em Rio
Branco, a hora de Greenwich seriam 22: 00+ 5 = 27:00, porém já extrapolado para 24:00, a hora
correta é 03:00 do dia seguinte ao dia em Rio Branco.
HRJ = UT –3 e HM = UT + 3
Considerando então que UT =
HM = (HRJ + 3) + 3, portanto HM = HRJ + 6, assim a hora em Moscou será 17:00, do mesmo dia.
60
Hora Civil
A hora civill sempre será determinada pela diferença de longitude entre os dois lugares
considerados. Dividindo-se a diferença de longitude pelo valor unitário de 1h (15°), obtem-se a
diferença horária entre os dois meridianos. Este valor obtido deve ser somado ou subtraído, conforme
a posição do ponto desejado estar à este ou oeste do ponto origem.
Exemplos
1 – Determinar a hora na cidade de Estocolmo, de longitude igual a 18° 17′ 22″, sabendo-se que são
17h 22m na cidade de Salvador, Brasil, cuja logitude é igual a -38° 18′ 42″.
∆λSE = λE - λS ∆λSE = 18° 17′ 22″ -(-38° 18′ 42″) = 56° 36′ 04″
∆λSE = 56,6011111 (graus decimais)
61
Para o Brasil, normalmente o horário de verão é decretado no início de outubro, com término
previsto em meados de fevereiro.
Exercícios
1-Unb-2003 Um avião que parte a zero hora da cidade de Los Angeles (a) estados Unidos da Ame´rica
(EUA) com destino a Londres (b) Inglaterra, pode escolher entre dois sentidos em linha reta de vôo.
Leste –Oeste ou Oeste-Leste. Desprezando o tempo gasto em escalas e considerando tempos de vôo de
26 horas e 13 horas, respectivamente, para os sentidos mencionados, julgue os itens:
1-Tomando o avião no sentido Oeste-Leste, o viajante terá de atrasar seu relógio ao chegar à cidade de
destino, Londres, para ajustá-lo ao horário local.
2-No sentido Oeste-Leste, o viajante chegará a seu destino no horário local de 21 horas do mesmo dia.
3-Em relação ao horário na cidade de destino, o viajante que se deslocasse no sentido Leste-Oeste
chegaria em um horário mais cedo do que se tivesse viajado no sentido contrário, porque o aumento na
duração do vôo é compensado pela diminuição do horário em relação a Greenwich.
4. Um eclipse, ocorrido às 12 horas GMT sobre uma ilha, foi visto em Los Angeles e em Vladivostok,
na Rússia.
Sabendo-se que o eclipese ocorreu a 15? W de GMT, pergunta-se: onde está o erro do problema?
62
d) O Acre encontra-se 1 hora atrasado em relação a São Paulo.
e) Quando em Porto Velho for 1 hora, em Vitória serão 2 horas
63
VER ANEXO
4 - ESCALA E ESCALAS
64
4.1- Conceito de escala
O conceito de escala em termos cartográficos é essencial para qualquer tipo de
representação espacial, uma vez que qualquer visualização gráfica é elaborada segundo uma
redução do mundo real. Genericamente pode ser definido de uma forma bem simples:
Escala é a relação entre a dimensão representada do objeto e a sua dimensão real. É
portanto uma razão entre as unidades da representação e do seu tamanho real.
Em termos lineares, planares ou volumétricos, dispõe-se então das relações adimensionais
de escala linear, de área e de volume:
EL = d/D Ep = a/A Ev = v/V
Sendo d = medida linear da representação; D medida linear real
a = medida de área (planar) da representação; A medida planar real.
v = medida de volume da representação; medida de volume real.
A razão é adimensional, por relacionar quantidades físicas idênticas, acarretando a
ausência de dimensão.
O inverso da relação de escala D/d , A/a e V/v , denomina-se número da escala (N),
podendo então a representação numérica da escala ser estabelecida pela relação
E = 1/N ou 1: N ou 1/N ( NL , Na , Nv )
Quando a dimensão do objeto representado é menor que o objeto real, tem-se uma escala
de redução. O contrário estabelece uma escala de ampliação.
E = 1/20000 - redução (uma unidade linear equivale a 20 000 unidades lineares no
terreno)
E = 20/1 - ampliação (20 unidades lineares na carta equivalem a uma unidade
linear no terreno)
65
A apresentação da razão no entanto é feita normalmente mostrando o numerador unitário
e o denominador expressando um valor:
d /d
E=1/N =
D/d
Esta forma de expressar uma escala estabelece a segunda maneira de mostrar a relação, a
forma escrita. Normalmente esta expressão é dada em termos de uma unidade coerente para as
observações no mapa (mm ou cm em termos lineares, cm 2 , cm3 ), para unidades também
coerentes em termos de terreno (quilômetros, quilometros quadrados ou cúbicos).
1:100.000 - 1 cm = 10 km = 10.000 m
1 mm = 1 km = 1.000 m
1:25.000 - 1 cm = 0,25 km
4 cm = 1 km
Área - 1/ 250 000 - 1 cm2 = 25 m2
Volume - 1/ 1 000 000 000 = 1cm3 = 1000 m3
A conversão de uma forma é simples, bastando efetuar uma transformação de unidades.
Deve-se estar atento para mapas ou cartas antigas, principalmente oriundos de países que
adotavam o sistema inglês. Por exemplo a expressão de
1 m = 1 milha fornece um fator de 1 / 63360.
1 / 2 = 1 milha = 1 / 253440
4′ ′ = 1 milha = 1 / 15840
Recordando: 1′ ′ = 2,54 cm
1 mi n = 1852 m
1 ft = 30, 48 cm
1 yd = 1, 093613 m
A tabela abaixo mostra as escalas mais comuns e equivalências:
66
Escala 1 cm 1 km 1 in (pol) 1 mi
1:2.000 20 m 50 cm
1:5.000 50 m 20 cm
1:10.000 0,1 km (100 m) 10 cm
1:20.000 0,2 km 5 cm
1:25 000 0,25 km 4 cm
1:31.680 0,317 km 3,16 cm 0,5 m 2
1:50.000 0,5 km 2,0 cm
1:63 360 0,634 km 1,58 cm 1,0 1
1:100.000 1.0 km 1 cm
1:250.000 2,5 km 4 mm
1:500.000 5,0 km 2 mm
1:1.000.000 10 km 1 mm
Pode-se verificar que quanto maior o número da escala, menor será a escala, e
inversamente; quanto menor o número da escala, maior a escala. Uma escala maior acarreta
portanto um maior grau de detalhamento dos objetos cartografados, sendo aplicada em áreas
menores e vice versa.
1Km 0 1 2 3 4 5 Km a)
1Km 0 1 2 3 4 5 Km b)
1Km 0 1 2 3 4 5 Km
c)
1/2 mi 0 1 mi 2 mi
67
A figura mostra algumas formas de apresentação de escalas gráficas.
Este tipo de escala permite que as medidas lineares obtidas na carta sejam comparadas
diretamente na escala, já se estabelecendo o valor no terreno.
As escalas podem ser simples ou duplas (a) e (c), isto é, calibradas em mais de um
sistema de medida linear.
Normalmente a escala gráfica apresenta-se dividida em duas partes, a partir da origem: a
escala propriamente dita e o talão ( parte menor), sendo que o talão, é subdividido em
intervalos menores da maior graduação da escala, para permitir uma medição mais precisa.
A escala propriamente dita inicia do zero para a direita e o talão do zero para a esquerda.
O tamanho do talão corresponde a uma unidade da escala.
A escala gráfica, por razões de espaço e funcionalidade, não deve ter menos do que 6
divisões e no máximo 12 divisões (incluindo o talão), dependendo da escala que está
representando.
A divisão do talão deve seguir o sistema de unidades. Com o sistema métrico
normalmente divide-se em 10 partes. Para uma escala de milhas, tomam-se 8 divisões e para
uma escala horária tomam-se 6 divisões (10 min).
Talão
Este processo gráfico tem por finalidade evitar a propagação de erros de medição, que
ocorrem se as divisões da escala forem marcadas diretamente pelo compasso.
69
O processo de obtenção de uma distância através da escala gráfica, é direto, não
necessitando de cálculo. Apenas é efetuada a medição da distância a determinar sobre o mapa,
com o auxílio de um compasso.
Transfere-se esta distância para a escala gráfica, a partir da origem da escala
propriamente dita, marcando-se o ponto que alcançou. Com isto tem-se a valorização em
unidades inteiras da escala, mais uma fração da unidade.
A partir da unidade inteira determinada, mede-se agora em direção ao talão, assim a
fração estará inteiramente sobre o talão, podendo então ser estimada o seu comprimento total.
Deve ser observado, que a precisão da escala gráfica é determinada pela divisão do talão,
sendo estimado os valores inferiores. Por exemplo: se a divisão é de 100 m, a estimativa fica em
torno de valores múltiplos de 10m (10, 20, 30, 40m ... etc).
70
ESCALA GRÁFICA DECIMAL
100 m
900 m
600 m
500 m
300 m
200 m
800 m
700 m
400 m
1km 0 1 2 3 km
As fotografias aéreas e grande parte das projeções cartográficas não possuem escalas
constantes, elas são variáveis dependendo de uma sérei de fatores inerentes ao processo de
elaboração da projeção.
As fotografias aéreas, por serem uma projeção central. a escala é variável do centro da
foto para a periferia, sendo tanto menor quanto mais próximo das bordas.
Para determinadas projeções porém, a escala pode ser constante apenas segundo
condições que são ditadas pela própria projeção, valendo a escala nominal ou principal (Ep),
apenas para uma área do mapa, também ditada pela projeção.
Quando a escala for grande, não ocorrerão muitos problemas pois os erros serão
desprezíveis, o que já não ocorrerá em escalas pequenas, podendo ser constante ao longo dos
paralelos e variável ao longo dos meridianos, ou vice-versa. Depende do tipo de projeção e da
sua estrutura projetiva.
Na projeção de Mercator, por exemplo, a escala é variável, constante ao longo dos
paralelos e variável ao longo dos meridianos, variando com a latitude, quanto maior a latitude,
maior a escala. No equador tem-se a escala nominal, aumentando-se a medida caminha-se para
os pólos, onde a escala é infinita.
PROJ EÇÃO DE MERCATOR
71
É obrigatória nas pequenas escalas a citação da área de validade da escala principal,
complementando-se com gráficos variáveis ou ábacos de variação de escala.
72
- o documento já possui um erro gráfico inerente à sua escala de representação, e nada vai
fazer com que esse erro diminua;
- o documento está em uma escala pré-definida.
Surge então a questão de que esses dados só poderão servir à essa escala de aquisição,
não podendo ser trabalhados para outras representações em outras escalas, o que evidentemente é
um disperdício em um sistema de armazenamento de dados.
Em termos de utilização desses dados para uma redução, não existe nenhuma restrição de
utilização. Através do exemplo, pode-se facilmente verificar isso:
Suponha-se a aquisição de dados para uma região, através de folhas de carta na escala de
1/ 250 000. Deseja-se fazer a redução de representação para a escala de 1/ 1 000 000. O erro
gráfico da primeira escala corresponde a 50m e para a segunda escala, de 200m, ou seja quatro
vezes menor.
Em termos de uma ampliação, ocorrerá o problema inverso. Supondo-se aquisição na
escala de 1/ 1 000 000 e uma ampliação para a escala de 1/ 250 000, o erro de 200 m terá uma
ampliação de quatro vezes passando para 800m o que na realidade corresponde não a quatro
vezes, mas a dezesseis vezes maior que o erro gráfico permitido para aquela escala, que é de 50
m. Para uma ampliação de um mapa, da escala de 1/ 100 000 para 1/ 20 000, o erro gráfico
inerente à primeira escala é igual a 20 m e para a segunda, igual a 4 m. Ao se ampliar a
informação gráfica, o erro será também ampliado, passando para 100 m, uma vez que a
ampliação submentida foi de 5 vezes. Comparando-se esse valor com o erro gráfico da escala
final, verifica-se que é 25 vezes maior que o erro permitido para a escala de 1/ 20 000.
Podem ocorrer casos que os erros oriundos de uma ampliação não sejam relevantes para
uma determinada representação. Com todos a s restrições, é possível até aceitar-se, mas em
princípio, as ampliações não são consideradas em termos cartográficos.
73
Deve-se considerar em relação ao papel, locais para a colocação de margem e legendas
para o mapa. Isto fará com que a área do papel seja menor que as dimensões iniciais.
Supor que se deseje editar um mapa do Estado do Rio de Janeiro em tamanho A4. Para se
definir a escala ideal de representação, devem ser seguidos os seguintes passos:
a) Tamanho do papel
A4 - 21,03 x 29,71 cm
km
0 300 km
45
450 km
b) Dimensões do Estado
área útil
d) Orientando de forma que a área fique com a base voltada para a margem inferior,
desenvolvem-se os seguintes cálculos para a determinação das escalas
26 cm 1
≈
45.000 .000 cm 1730769
74
Quando por algum motivo não é fornecida a escala de um mapa pode-se, obter uma
escala aproximada, através da medição do comprimento de um arco de meridiano entre dois
paralelos.
O comprimento médio de um arco de meridiano é de 111, 111 km, bastando então dividir
a distância encontrada no mapa por este valor.
o
21 dist . mapa mm
E= =
111 ,111 111 .111 .000
22o
Desejando-se valores mais precisos, pode-se consultar uma tabela de valores de arco
meridiano para as diversas latitudes.
E1 = 1 / 25.000 E2 = 1 / 125.000
E1 1 / 25.000 125.000
FR = = = =5
E 2 1 / 125.000 25.000
75
Um processo gráfico de uso bastante comum é o gradeamento do desenho original e o
desenho de uma grade com o fator de escala definido, passando-se o desenho de um para outro.
2 1
E= =
1.200 .000 600 .000
2) Tendo-se uma carta na escala 1/40.000, e medido-se uma distância na carta igual a 4
mm, determinar a distância correspondente no terreno.
E = 1/40.000 d = 4 mm
4
E = d/D D = d/E D= = 160 .000 mm = 160 m.
1 / 40.000
3) Tendo-se a escala da carta igual a 1/50.000, e a distância no terreno de 5,5 km,
determinar a distância na carta.
d
E= d = E x D = 5,5 x 1/50.000 = 5.500.000/50.000 = 110 mm
D
4) Sendo dada a escala de uma carta igual a 1/80.000, e uma distância medida na carta
igual a 5 cm, pede-se verificar qual a escala de uma carta em que a mesma distância foi medida
por 2,6667 cm.
Existem dois caminhos:
76
2 ,6667 1
E′ = =
400 .000 150 .000
5
FR = = 1,8750
2 ,6667
1 1 1
E′ = x =
80 .000 FR 150 .000
77
Em que fi são funções que determinam cada uma das coordenadas na representação do
mapa. Assim cada ponto da superfície terrestre terá um e apenas um ponto correspondente na
carta ou mapa, ou seja, existirá uma correspondência um-para-um, biunívoca, entre o mapa e a
superfície terrestre, ou seja, x e y (ou r e θ), como funções de (ϕ, λ).
Este relacionamento na realidade poderá ser até questionado mais tarde, uma vez que
algumas projeções mostram o mesmo meridiano duas vezes, ou os polos são representados por
linhas ou alguma parte da superfície terrestre não seja representada. Mas isso é devido à
características intrínsecas de determinados tipos de projeções, que exigem representações duplas
de mesmos meridianos ou paralelos, ou por relacionamentos matemáticos que não permitam a
visualização de uma determinada porção terrestre.
Estas particularidades geralmente ocorrem nas bordas das projeções e devem ser tratadas
como casos excepcionais ou pontos singulares. De qualquer forma, dentro do contexto das
projeções cada ponto da superfície terrestre é representado apenas uma vez, e portanto, a idéia de
pontos correspondentes pode ser aplicado.
A correspondência entre a superfície e o mapa não pode ser exata por dois motivos
básicos:
- Alguma transformação de escala deve ocorrer porque a correspondência 1/1 é fisicamente
impossível.
- A superfície curva da Terra não pode ajustar-se a um plano sem a introdução de alguma
espécie de deformação ou distorção, equivalente a esticar ou rasgar a superfície curva.
A transformação de escala será sempre aplicada à qualquer representação de mapa.
Quanto às deformações serão tanto maiores quanto maior for a área projetada, e quanto mais
afastada for do centro da projeção. O centro de projeção caracteriza o local onde a distorção é
nula, podendo ser caracterizada por um ponto ou uma linha, definidos pelo contato entre a
superfície terrestre e a superfície de projeção, seja por tangência ou secância entre as duas
superfícies.
AB
estas duas quantidades, E = representa a razão de escala para o mapa.
ab
Esta definição pode ser usada para caracterizar a escala de um globo que representa a
Terra. Neste caso, a comparação é efetuada pelo comprimento de dois arcos de círculo máximo
AB na Terra e ab no globo. O comprimento de um arco de círculo máximo é dado por:
AB = R α e ab = r α, sendo α o arco subentendido entre A e Be ae b.R e r
são o raio terrestre e da representação respectivamente. Relacionando:
ab rα r 1
= ou E = R = N , onde N é o número da escala.
AB Rα
Assume-se que o globo gerado dessa forma é uma réplica exata da Terra à escala
considerada e a escala principal é definida como sendo “a escala de redução para um globo,
representando a esfera ou esferóide, definida pela relação fracionária de seus respectivos
raios”.
Estabelece-se ainda que esta escala, por ser representativa da réplica perfeita da Terra à
escala do mapa, é isenta de variação. Assim, define-se a escala principal como tendo um fator
de escala µ0 = 1.0, e as distorções que venham a ocorrer serão avaliadas como frações de
unidade ou múltiplos da unidade.
A escala principal é equivalente à fração representativa impressa no mapa.
Fator de escala µ = 1.0 = µ0 , não há distorção. Se houver dilatação ou ampliação de
escala, o fator de escala µ >µ0 e se houver compressão ou diminuição de escala o fator de escala
µ < µ0.
O fator de escala µ pode ser então definido como o valor adimensional determinado pelo
relacionamento entre a escala no local considerado e a escala principal neste mesmo local.
El
µ=
Ep
Assim um fator de escala igual a 2, caracteriza uma ampliação de escala de duas vezes a
escala principal. Por exemplo, a escala principal igual a 1/ 20 000 e a escala local igual a 1/ 10
79
000. Da mesma forma um fator de escala igual a 0,5, caracteriza uma redução de escala também
de duas vezes, ou seja, se a escala principal é igual a 1/ 20 000, a escala local será de 1/40 000.
Esta representação faz com que alguns paralelos sejam mostrados duas vezes, gerando
uma descontinuidade do mapa e deixando vazios entre os paralelos.
80
Desejando-se que o mapa mostre a superfície de forma contínua, devem-se fechar os
vazios esticando-se cada zona em uma direção ao longo dos meridianos até a coincidência dos
paralelos, conforme mostra a figura abaixo.
81
Isto não quer dizer que uma projeção esteja mais certa, ou melhor, que outra. Seu
significado é de mostrar as distorções que ocorrem entre cada uma das projeções. Toda projeção
sempre possuirá distorções, maiores ou menores, de acordo com a transformação projetiva que
esteja sendo aplicada.
Y
P
X'
O X O'
82
Faz-se a escala ao longo do eixo dos Y dobrar, enquanto que no eixo dos X ela não varia.
Assim P’ = (10,20) Y’OP’ = 300 e a área do retângulo Y’OX’P’ = 200.
À diferença angular δ = Y’OP’ - YOP denomina-se deformação angular e à alteração na
área A = Y’OX’P’ - YOXP, denomina-se distorção de área.
Em um sistema de projeção estas deformações não podem ser facilmente definidas por
gráficos planos, mas a característica principal é perfeitamente definida: ambas as deformações
dependem da deformação linear e em conseqüência podem ser definidas através delas.
Distorção
Baixa
Média
Alta
83
Um cilindro ou cone tangente à superfície terrestre gerará uma linha de distorção nula,
definida por um círculo máximo ou um pequeno círculo.
Tangente
Secante
Tangente
Secante
84
longitude. As escalas máxima e mínima são funções das escalas ao longo dos paralelos e
meridianos, e representam a variação máxima e mínima de escala em um ponto.
Uma medida de distorção bem aceita cartograficamente é definida pelo conceito da
Teoria da Deformação de Tissot, definida pela deformação geométrica de seu indicador: a
Indicatriz de Tissot.
Um círculo infinitesimalmente pequeno na superfície terrestre, será transformado em uma
elipse infinitesimalmente pequena no plano de projeção. Esta elipse descreve as características
locais e próximas das distorções ocorridas na transformação projetiva. A área infinitesimal da
superfície terrestre relaciona-se com a área também infinitesimal da superfície da representação
através de uma transformação de afinidade. Os semi-eixos a e b da elipse de distorção, em
tamanho e direção, são determinados pela formulação e propriedades geométricas da superfície a
ser representada. Avalia-se pela idicatriz as propriedades locais de distorção em ângulo,
distância e áreas.
É traduzida pela figura geométrica, definida e descrita pela elipse de Tissot.
Na esfera, em qualquer ponto, pode ser representado pela igualdade das escalas máxima e
mínima a = b, criando-se um círculo de escala:
Representando-se cada eixo do círculo como eixos da projetada pelo sistema de projeção,
dependendo da escala ao longo dos paralelos e dos meridianos, haverá uma relação de escala
máxima e mínima, de tal forma que h2 + k2 = a2 + b2.
A deformação será mostrada pela elipse traçada segundo a direção da deformação
máxima.
85
Figura 5.8 - Distorções mostradas pela elipse de Tissot
5.5.1 - Conformidade
Uma projeção conforme é uma projeção em que a escala máxima é igual à mínima em
todas as partes do mapa (a = b).
86
Um pequeno círculo na superfície terrestre se projetará como um círculo na projeção,
caracterizando uma deformação angular nula.
Assim as pequenas formas são preservadas e os ângulos de lados muitos curtos também
são preservados. Isto é uma característica necessária aos mapas que servirão a propósitos de
medição de ângulos ou direções. Ou seja, os ângulos em torno de um ponto são mantidos.
Incorretamente esta propriedade é referenciada como uma projeção de formas verdadeiras. Na
realidade só a forma de pequenas áreas são preservadas. Grandes áreas, de características
regionais ou globais são distorcidas em sua configuração geral.
A variação de escala é constante em todas as direções em torno de um ponto qualquer.
Fora do centro de projeção podem existir grandes alterações.
5.5.2 - Equivalência
As escalas máxima e mínima são recíprocas: a.b = 1, mantendo uma escala de área
uniforme. Deforma muito em torno de um ponto, porque a escala varia em todas as direções.
O princípio da equivalência é a manutenção das áreas de tamanho finito. Um aspecto
importante das projeções equivalentes é a sua habilidade de que todo ou parte do globo pode ser
mapeado em um quadrado, retângulo, círculo ou elipse, ou outra figura geométrica qualquer,
tendo a mesma área da parte do globo. A figura 5.10 mostra uma equivalência de área de
diversas figuras.
87
Figura 5.10 - Conservação de áreas
Devido às suas deformações não interessa à cartografia de base, porém é de muito
interesse para a cartografia temática.
5.5.3 - Eqüidistância
Uma escala específica é mantida igual à escala principal ao longo de todo o mapa. Por
exemplo:
a escala ao longo de um meridiano h = 1.0. Assim sob certas condições, as distâncias são
mostradas corretamente. A eqüidistância porém não mantida em todo o mapa, a escala linear é
correta apenas ao longo de determinadas linhas ou a partir de um ponto específico.
É menos empregada que as projeções conforme ou equivalentes, porque raramente é
desejável um mapa com distâncias corretas em apenas uma direção.
No entanto os mapas eqüidistantes são bastante usados em Atlas, mapas de planejamento
estratégico e representações de grandes porções da Terra onde não é necessário preservar as
outras propriedades, pelo fato do aumento da escala de área ser mais lento dos que nas projeções
conformes e equivalentes.
88
5.6.2 - Quanto à Superfície de Projeção
Podem ser:
- Planas ou Azimutais: quando a superfície for um plano.
- Cilíndricas: quando a superfície for um cilindro.
- Cônicas: quando a superfície for um cone.
Conforme o contato da superfície de projeção com o globo, podem ainda ser classificadas
em:
- Tangentes, mostradas nas três figuras anteriores e
- Secantes, mostradas nas três figuras seguintes.
89
Plana normal ou polar Plana Trannsveras ou equatorial Plana obliqua
Figura 5.18
Cilindrica normal ou equatorial Cilíndrica transversa Cilíndrica obliqua
As projeções cônicas por sua vez também podem ser classificadas em:
- Normais: quando o eixo do cone é paralelo ao eixo da Terra (coincide).
- Transversais: quando o eixo do cone é perpendicular ao eixo terrestre.
- Oblíquas: quando o eixo do cone é inclinado em relação ao eixo da Terra.
Figura 5.19
Figura 5.20
Figura 5.21
Cônica
normal Cônica transversa Cônica obliqua
90
- Geométricas: São as que podem ser traçadas diretamente utilizando as propriedades
geométricas da projeção.
- Analíticas: São as que podem ser traçadas com o auxílio de cálculo adicional, tabelas
ou ábacos e desenho geométrico próprio.
- Convencionais: São as que só podem ser traçadas com o auxílio de cálculo e tabelas.
As projeções geométricas possuem ainda uma subdivisão, caracterizando ou não a
existência de um ponto de vista ou centro de perspectiva:
- Perspectiva: possuem um ponto de vista.
- Pseudo-perspectivas ou Não-perspectivas: possuem um ponto de vista fictício ou não
possuem.
Conforme a posição do ponto de vista, podem ser ainda mais uma vez subdivididas em:
Ortográfica (infinito)
Gnomônica
Estereográfica
Fonte de Luz
91
2) - Que tipo de figura geométrica é formada pelo limite do mapa, seja ele do mundo ou
do hemisfério?
Retângulo, círculo, elipse ou figuras mais complicadas.
3) - Como estão os continentes e oceanos dispostos em relação aos limites e eixos do
mapa?
Isto é uma verificação da convenção do Equador e meridiano de Greenwich e localização
dos pólos. Alguma coisa diferente do que se está acostumado a ver, Equador e Greenwich
como eixos centrais e os pólos acima e abaixo, possivelmente causarão estranheza a um leigo.
4) - Os meridianos e paralelos são retilíneos ou curvos?
5) - As interseções dos meridianos e paralelos em qualquer ponto do mapa são ortogonais
ou ocorrem interseções de gratícula oblíquas, em alguma parte do mapa?
6) - Os meridianos ou paralelos curvos são formados por círculos, arcos de círculos ou
arcos de curvas de ordem superior (elipses, hipérboles). Se os arcos forem circulares são
concêntricos?
7) - O espaçamento entre os meridianos sucessivos é uniforme ou variável? Se é variável,
o espaçamento dos paralelos aumenta ou diminui do Equador para os Pólos? Em relação aos
meridianos aumenta ou diminui do centro do mapa para as bordas?
Todas essas variáveis podem ajudar a identificar uma projeção e maior parte delas pode
ser usada de alguma forma para verificar a sua classificação.
A aparência de uma projeção é de valor menor para a definição de uma ou outra
propriedade, por exemplo, se uma projeção tem as gratículas oblíquas, pode-se inferir que não
seja conforme, porém a recíproca não é verdadeira.
92
(polar) (equatorial) obliqua
Três (normal, transversa e obliqua) aspectos aplicados as três projeções (azimuthal equivalente,
cilíndrica de Miller ecônica de Albers) com diferentes superfícies tangentes de projeção. Verificar
como as graticulas características de alguns grupos de projeção (radialemyte simétricas nas
azimutais e cônicas, garde retangular nas projeções cilíndricas) são apenas efetuadas nos
aspectos simples e nos aspectos normais. Um conjunto infinitamente grande de possibilidades
(sem contar translação da latitude) de mapas oblíquos podem ser apresentados.
93
As projeções planas ou azimutais constituem-se num importante grupo de projeções,
algumas das quais conhecidas há mais de dois mil anos. São caracterizadas pela projeção da
superfície terrestre sobre um plano tangente à superfície, conforme pode ser visto na figura 1.
São também chamadas de azimutais, pelo fato de que o azimute do centro da projeção a qualquer
direção é sempre mostrado corretamente na representação do mapa.
94
A figura 2 apresenta a posição do plano tangente, conforme os aspectos polar,
equatorial e obliquo da projeção azimutal.
Perspectiva Infinita
Plano Tangente
95
Figura 4 – Aspectos Polar e equatorial da projeção azimutal ortográfica
Todos os meridianos e paralelos são mostrados como elipses, círculos ou linhas retas.
No aspecto polar os meridianos aparecem como linhas retas irradiadas do polo, em
ângulos reais, com os paralelos representados como círculos concêntricos com centro no polo.
Os paralelos são mais espaçados próximo ao polo, diminuindo o espaçamento até zero no
Equador, que marca o paralelo limite do mapa no aspecto polar. A escala é maior próximo ao
polo diminuindo em direção ao Equador. As formas próximas ao polo parecem maiores por este
motivo, ficando comprimidas próximo ao Equador, sendo de difícil reconhecimento nesta área.
A escala ao longo de qualquer paralelo é constante, uma vez que varia ao longo dos
meridianos, do valor real no centro de projeção, até zero.
O aspecto equatorial tem o centro de projeção em qualquer ponto do Equador terrestre.
Os paralelos são representados por retas, que se estendem de limite a limite da projeção.
O meridiano central é uma reta. Os meridianos de ± 90° a partir do meridiano central formam
um círculo, marcando o limite da projeção. Os demais meridianos são elipses de excentricidade
0 (círculo limite) até 1 (meridiano central).
O aspecto oblíquo tem o centro de projeção em qualquer lugar situado entre o Equador e
os pólos. Fornece uma imagem parecida com um globo, sendo preferida para ilustrações no
lugar dos aspectos polar e equatorial.
O único meridiano representado como uma linha reta é o central. Todos os paralelos são
elipses de mesma excentricidade. Algumas das elipses são mostradas inteiramente, enquanto que
algumas só parcialmente. Todos os demais meridianos são elipses de excentricidade variável.
Nenhum meridiano aparece como círculo.
A escala e distorção mudam apenas em função da distância do centro de projeção.
O esquema de distorção será sempre o mesmo para os três casos. O esquema de distorção
da projeção em qualquer aspecto coincide com a projeção no caso polar.
96
Figura 5 – Aspecto oblíquo da projeção azimutal ortográfica
Utilização
- Foi popular durante a 2a Guerra Mundial.
- Com os vôos espaciais foi rebuscada, pois lembra a fotografia dos corpos celestes.
Equador
Polo Sul
Se o pólo Sul é o centro do mapa, a o ponto de vista está no pólo Norte, e vice versa.
O ponto na esfera oposto ao centro de projeção é projetado no infinito no plano do mapa.
97
No aspecto polar é semelhante a todos os aspectos polares azimutais, meridianos
irradiados como retas pelo centro de projeção e os paralelos como círculos concêntricos. Este
aspecto coincide com o esquema de distorção da projeção.
98
Como uma projeção azimutal, as direções a partir do centro da projeção são verdadeiras
na forma esférica. No caso elipsóidico, apenas o aspecto polar é realmente azimutal, mas não é
perspectiva, para manter a conformidade.
Devido à conformidade, muitas vezes é estabelecida não a tangência do plano, mas uma
secância, passando a existir um círculo padrão de distorção nula, balanceando os erros por todo o
mapa.
Utilização
O aspecto oblíquo tem sido usado para projeção planimétrica de corpos celestes: Lua,
Marte, Mercúrio, Vênus.
O aspecto polar elipsóidico tem sido usado para mapear as regiões polares (Ártico e
Antártico).
A projeção UTM é complementada pela projeção UPS (Universal polar estereográfica)
acima de 84° e abaixo de - 80°.
Em 1962 a porção polar da carta ao milionésimo do Mundo foi modificada da projeção
policônica para a polar estereográfica, nos mesmos moldes da UPS.
99
Figura 9 - Aspecto Polar
O aspecto equatorial mostra o meridiano central como reta e o meridiano central +90° e o
meridiano central - 90°, como um círculo, limitando a projeção, a este e a oeste.
Os demais meridianos e paralelos são curvas complexas.
O aspecto oblíquo assemelha-se à projeção ortográfica, porém é mais compacta. O único
meridiano apresentado como uma reta é o meridiano central, todos os demais meridianos e
paralelos são curvas complexas (não são elipses), que só podem ser traçadas através de cálculo.
Utilização
É bastante utilizada em Atlas comerciais e mapas que necessitem de relações de
equivalência entre as formas. Serve de base para mapas geológicos, tectônicos e de energia;
mapas comerciais e mapas geográficos (físicos, políticos e econômicos).
102
Em qualquer caso, os meridianos serão retas por serem arcos de círculos máximos. São
retas paralelas entre si e perpendiculares à transformada do Equador. O polo não terá
representação.
Os paralelos nos casos oblíquo ou equatorial serão curvas que dependendo da situação do
plano de projeção, poderão ser elipses, parábolas ou hipérboles.
Devido às grandes deformações, quanto mais extensa a área mapeada, as diferenças de
escala também serão consideráveis.
Aplicações
- Cartas polares de navegação;
- Navegação marítima e aérea;
- Rádio e rádiogoniometria, rádio faróis;
- Geologia (alinhamento de componentes da crosta);
- Cartas de portos.
103
Figura 6.16 - Gráfico Comparativo das Projeções Azimutais Polares e Variação de Escala
104
Características Gerais
Geometricamente são parcialmente desenvolvidas por um cilindro tangente ou secante
ao globo terrestre, em seus três aspectos: equatorial, transverso e oblíquo. São utilizadas para
representar mapas mundiais, em uma faixa estreita ao longo do equador, meridiano ou círculo
máximo.
105
Diretoria de Hidrografia e Navegação para o mapeamento de cartas náuticas de auxílio à
navegação. Devido as distorções em altas latitudes tem sido bastante criticada hoje em dia, por
utilização em outras aplicações.
106
Figura 6.2.4 - Loxodrômica ou linha de rumo
Equador
107
Devido às distorções, a escala da projeção é uma escala variável. É constante ao longo
dos paralelos, variando porém em função da latitude, é inversamente proporcional ao coseno da
latitude.
108
Figura 6.2.8 Linha de rumo constante na superfície terrestre
A única projeção que apresenta uma loxodrômica como uma linha reta é a projeção de
Mercator, enquanto que a única que apresenta as ortodrômicas como retas é a projeção
gnomônica. Porém, o que é representado como reta em uma não o é na outra, colocando-se uma
opção para se determinar uma navegação entre dois pontos, se pela ortodrômica ou pela
loxodrômica. Evidente que cada uma delas possui suas vantagens características.
Máx imo
Círculo
Rumo
Linha de
Utilização
- Mapeamentos Topográficos;
- Base para a projeção UTM (Universal Transversa de Mercator).
110
Figura 6.2.13 - Aparência da projeção obliqua de Mercator
O mapa da projeção oblíqua de Mercator lembra a projeção regular com as massas
continentais rotacionadas para os polos. Duas linhas a 90° do grande círculo escolhido como
centro de projeção estão no infinito.
Normalmente é utilizada para mostrar a região próxima à linha central. Sob essas
condições parece similar aos mapas da mesma área em outras regiões, à exceção das medidas de
escala, que mostrarão diferenças.
Utilização
- Foi a projeção mais capaz de projetar imagens de satélite no sistema Landsat (HOM -
Hotime Oblique Mercator).
- Serviu de para a elaboração da projeção SOM (Space Oblique Mercator).
- Mapeamento de regiões que se estendem em uma direção oblíqua (Alaska,
Madagascar).
- Base para a projeção SOM (Space Oblique Mercator).
111
O espaçamento entre os paralelos diminui à medida que a latitude aumenta, indicando
uma redução de escala, dessa forma a escala sobre os paralelos vai sendo progressivamente
exagerada, ao mesmo tempo é reduzida sobre os meridianos na proporção inversa;
Apresenta uma grande distorção nas altas latitudes devido à esta desigualdade entre a
escala nos meridianos e nos paralelos.
A figura 6.2.15
Aplicações
- Apropriada para cartas equivalentes em baixas latitudes;
- Mapas mundiais de baixas latitudes.
112
Sua maior aplicação, devido a sua característica de igual espaçamento entre os paralelos
e meridianos, é o tratamento como um sistema de coordenadas plano cartesiano, sendo portanto
de fácil manipulação em sistemas de CAD (AutoCad, MicroStation e outros), que não
comportam sistemas de projeção cartográficos.
113
6.3 - PROJEÇÕES CÔNICAS
114
Figura 6.3.3.- Aspecto geral da projeção cônica normal
ata
ex
la
s ca
E
117
- Atlas;
- Carta Internacional do Mundo na escala 1:1.000.000.
Características Gerais
Não é nem conforme nem equivalente. Utiliza como superfície intermediária de projeção
diversos cones tangentes em vez de apenas um.
No caso normal os eixos dos cones são coincidentes com o eixo terrestre. Os cones
tangenciam a superfície terrestre em seus paralelos, de modo que a cada um corresponda à um
cone tangente. Em conseqüência, na projeção, cada paralelo será desenvolvido separadamente,
por meio do cone que lhe é tangente, e representado por um arco de círculo.
Os arcos de círculo que representam os paralelos, não são concêntricos, por que cada um
terá como centro o vértice do cone que lhe deu origem. Estes centros estão todos sobre o mesmo
segmento de reta, pois os eixos dos cones são coincidentes, no prolongamento do meridiano
central.
O meridiano central é representado por uma reta ortogonal ao Equador, que também é
uma reta.
Os demais meridianos são curvas complexas calculadas e plotadas para cada posição de
cone tangente, sendo o resultado da união desses pontos.
118
Figura 6.3.9 - Projeção policônica
Utilização
- Mapas topográficos de grandes áreas e pequena escala;
- Cartas gerais de regiões não muito extensas;
- Levantamentos hidrográficos;
- Mapa Internacional do Mundo através da projeção policônica modificada -
substituído usualmente pela cônica conforme de Lambert.
- No Brasil é utilizada nos mapas da série 1: 5 000 000 e 1: 2 500 000 do IBGE,
mapas estaduais e regionais.
119
Estas projeções são globais, que lembram as projeções cilíndricas ou são delas derivadas.
Os paralelos são representados como linhas retas e os meridianos são curvas igualmente
espaçados, à exceção do meridiano central ou de frente para o observador.
São muito utilizadas em Atlas e outras representações globais.
Projeções de Eckert
120
121
122
123
As projeções de Eckert, cartógrafo alemão (1868-1938) são também projeções
empregadas para representações globais, quase todas equivalentes e apresentado variações ou
melhorias em relação à distorção da projeção. As mais usuais são as de Eckert IV e Eckert VI.
124
Projeção de Robinson
Esta projeção, baseada em tabelas de coordenadas e não em fórmulas apresenta uma
tentativa de balanceamento das distorções em área, forma, escala e distâncias. É empregada em
representações globais.
Figura 6.4.8 Projeção de Robinson
Projeção Sinusoidal
É uma projeção pseudo-cilíndrica, de construção simples.
É equivalente, as áreas são mostradas proporcionalmente, sem distorções ao longo do
Equador e meridiano central. As distorções tornam-se pronunciadas próximo a outros
meridianos e próximo às regiões polares.
125
É normalmente usada na forma esférica adequada para escalas pequenas, principalmente
América do Sul e África.
Os paralelos são retas e os meridianos são curvas senoidais.
126
Figura 6.4.11 - Projeção de Aitoff
As projeções existentes podem ser listadas na ordem de centenas, cada uma delas
possuindo propriedades e características próprias ou apenas desenvolvidas para mostrar uma ou
outra característica da superfície da Terra.
A seguir, são mostradas nas figuras, algumas projeções que são facilmente encontradas,
segundo essas características descritas. Algumas são curiosas, mostrando ou apresentando uma
ou outra característica importante que justifica a sua elaboração ou emprego.
127
Figura 6.4.10 - Planificação da Terra em um cubo
128
A projeção SOM visualmente difere da Oblíqua de Mercator no fato da linha central da
projeção, órbita do satélite projetada na Terra, de ser ligeiramente curva. Para o sistema Landsat,
esta órbita aparece como uma curva senóidica, cruzando o eixo dos x em um ângulo de
aproximadamente 8°.
As linhas de imageamento, perpendiculares à órbita no espaço estão ligeiramente
inclinadas em relação à órbita projetada, quando plotada na esfera ou elipsóide.
Devido à rotação da terrestre, as linhas de imageamento interceptam a órbita na Terra a
86° próximo ao Equador e 90° próximo aos pólos.
A órbita do Landsat intercepta o plano do Equador com uma inclinação de 99°. Assim a
órbita projetada alcança limites de ± 81° de latitude.
A cobertura de imageamento é de 185 Km, ± 0,83° em ambos os lados da linha projetada,
permitindo a cobertura terrestre nas latitudes ± 82°, no curso de 233 revoluções.
Com uma altitude nominal em torno de 700 Km, em 16 dias o satélite executa uma
cobertura total da Terra.
A SOM não é uma projeção perfeitamente conforme, porém os erros são negligenciáveis.
É uma projeção que apesar de ter sido desenvolvida para aplicação nos satélites da série
LANDSAT, é aplicada a qualquer satélite imageador, apenas com modificações dos parâmetros
de cálculo.
130
Meridiano de Hannover
Figura 6.5.1 - Projeção Transversa de Mercator com cilindro tangente ao meridiano de
Hannover
Aproveitando os estudos de Gauss, outro geodesista alemão, Krüger, definiu um sistema
projetivo, no qual o cilindro era rotacionada, aproveitando-se fusos independentes um do outro,
de 3° de amplitude, ficando este sistema conhecido pelo nome de Gauss-Kruger.
Polo
Fuso de 3° graus
132
Central
+y
x- x+
y+ y+
-x +x
Equado
r
x- x+
-y y-
y-
3o
133
134
Existe portanto um miolo de redução, até a região de secância, aonde h = 1.0. Até as
bordas do fuso haverá ampliação;
- Origem dos sistemas parciais no cruzamento central, acrescidas as constantes:
5.000 km para o Equador,
500 km para o meridiano central;
- Estas constantes visam não existir coordenadas negativas o que aconteceria com o
sistema Gauss-Krüger;
- Existência de uma zona de superposição de 30' além do fuso. Os pontos situados até o
limite da zona de superposição são colocados nos dois fusos (próprio e subsequente), para
facilitar trabalhos de campo.
Meridiano
Central
500
km
x>0 x>0
y < 500 y > 500
km km Equado
r
5000
x > 5000 x > 5000 Kmkm
km
y < 500 km
y > 500
km km
6o
Sistema Gauss-Tardi
(Gauss 6)
Figura 6.5.6 - Sistema Gauss 6
2.3. - Sistema UTM
O sistema UTM foi adotado pelo Brasil, em 1955, passando a ser utilizado pela DSG e
IBGE para o mapeamneto sistemático do país.
Gradativamente foi o sistema adotado para o mapeamento topográfico de qualquer
região, sendo hoje utilizado ostensivamente em quaisquer tipo de levantamento.
- Utiliza a projeção conforme de Gauss como um sistema Tardi;
- O cilindro é secante, com fusos de 6°, 3° para cada lado;
- Os limites dos fusos coincidem com os limites da carta do mundo ao milionésimo;
135
- Os fusos de 6° são numerados a partir do antimeridiano de Greenwich, de 1 até 60, de
oeste para leste (esquerda para a direita, desta forma coincidindo com a carta do mundo; pela
figura 6.5.7 pode ser verificado a divisão do país em fusos.
136
A vantagem da secância é o estabelecimento de duas linhas de distorção nula, nos pontos
de secância. Estas linhas estão situadas a aproximadamente 180 km a leste e a oeste do
meridiano central do fuso. Pelo valor arbitrado ao meridiano central, as coordenadas da linha de
distorção nula estão situadas em 320.000 m e 680.000 m aproximadamente.
A figura 6.5.8b mostra a representação esquemática da variação da distorção na projeção.
A partir do meridiano central, existe um núcleo de redução, que aumenta de 0,9996 até 10,
quando encontra a linha de secância. A partir da linha de secância, até a extremidade do fuso
existe uma aompliação, até o valor de h = 1,0010.
Deve ser observado, que o limite de fuso deve sempre ser preservado. A ampliação cresce
de tal forma após a transposição de fusos, que não respeitar o limite traz distorções
cartograficamente inadmissíveis.
137
A simbologia adotada para as coordenadas UTM é a seguinte:
N - coordenada ao longo do eixo N-S,
E - coordenada ao longo do eixo L-O.
Meridiano
Central
500 km
N> 0 N> 0
N<500km E>500 km
Equador
10 0000km
N>10000 km N >10000 km
km
E < 500 km E > 500 km
6o
Sistema UTM
Figura 6.5.9 - Sistema UTM
As coordenadas são dimensionadas em metros, sendo normalmente definidas até mm,
para coordenadas de precisão.
As coordenadas E variam de aproximadamente 120.000 m a 880.000 m, passando pelo
valor de 500.000 m, no meridiano central.
As coordenadas N, acima do Equador são caracterizadas por serem maiores do que zero e
crescem na direção norte.
Abaixo do Equador, que tem um valor de 10.000.000 m, são decrescentes na direção sul.
Um ponto qualquer P, será definido pelo par de coordenadas UTM E e N de forma P
(E;N). Exemplo: - P1 (640 831,33 m; 323, 285 m)
É um ponto situado à direita do meridiano central e no hemisfério norte.
- P2 (640 831,33 m; 9 999 676, 615 m)
É um ponto simétrico do ponto anterior em relação ao Equador.
- P3 (359 168,67 m; 9 999 676, 715 m)
É um ponto simétrico em relação ao anterior, em relação ao meridiano central.
138
N
A E'A
E'
EA = 500 000 - E'
A
B
B
E B = E'B +500 000
NA = N'A
N B = N'B
E
N'C N'D
E' ND =10 000 000 - N'D
NA =10 000 000 - N'A D
E'
E D= E'D +500 000
C
D
C
E C = 500 000 - E'C
139
Referência de 67 a = 6 378 160 m
f = 1 / 298,25
Cartas mais antigas podem mostrar não só sistemas de projeção diferentes (Gauss-Krüger,
Gauss-Tardi) como também estarem relacionando outros data e elipsóides.
Deve-se ter a atenção ao se retirar coordenadas de cartas antigas.
A transformação de coordenadas pode ser efetuada por cálculo manual, utilizando-se
tabelas e manuais de transformação desenvolvidos pela DSG e IBGE, ou através de rápido
cálculo em calculadora de bolso ou programas de computadores.
Tais programas são capazes de calcular também a convergência meridiana e coeficiente
de redução de escala para o ponto considerado.
7 - A CARTOGRAFIA BÁSICA
7.1 - SISTEMA CARTOGRÁFICO NACIONAL
140
Fundamentalmente, o Sistema Brasileiro deve ser cumprido através de metas que são
estabelecidas quinqüenalmente, e divididos por ano de trabalho. Dispõe o país dos seguintes
órgãos de base:
- FIBGE - Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
- DSG - Diretoria do Serviço Geográfico (Exército);
- DHN - Diretoria de Hidrografia e Navegação (Marinha);
- ICA - Instituto de Cartografia Aeronáutica (Aeronáutica).
O espaço territorial brasileiro, para os efeitos do decreto-lei, é representado através de
cartas, mapas e outras formas de expressão afins. As cartas, determinadas pela representação
plana, gráfica e convencional da superfície terrestre são classificadas quanto à representação
dimensional em planimétricas e plani-altimétricas; e quanto ao caráter informativo em Gerais,
quando proporcionam informações genéricas, de uso não particularizado; Especiais, quando
registram informações especificas, destinadas, em particular, a uma única classe de usuários; e
Temáticas, quando apresentam um ou mais fenômenos específicos, servindo a representação
dimensional apenas para situar um tema.
A Cartografia Sistemática tem por fim a representação do espaço territorial brasileiro por
meio de cartas, elaboradas seletiva e progressivamente, consoante prioridades conjunturais,
segundo padrões cartográficos terrestre, náutico e aeronáutico.
A Cartografia Sistemática Terrestre Básica tem por fim a representação da área terrestre
nacional, através de séries de cartas gerais continuas, homogêneas e articuladas, nas escalas-
padrão abaixo discriminadas:
Série de l: l 000 000 – Carta Internacional do Mundo - CIM
Série de 1:500 000
Série de 1:250 000
Série de 1:100 000
Série de 1:50 000
Série de 1:25 000
A Cartografia Sistemática Náutica tem por fim a representação hidrográfica da faixa
oceânica adjacente ao litoral brasileiro, assim como dos rios, canais e outras vias navegáveis de
seu território, mediante as informações necessárias à segurança da navegação.
A Cartografia Sistemática Aeronáutica tem por fim a representação da área nacional, por
meio de series de cartas aeronáuticas padronizadas, destinadas ao uso da navegação aérea.
A Cartografa Sistemática Especial, bem como a Temática, obedecem aos padrões
estabelecidos para as cartas gerais, com as simplificações que se fizerem necessárias à
consecução de seus objetivos precípuos, ressalvados os casos de inexistência de cartas gerais.
141
Os levantamentos cartográficos sistemáticos apoiam-se obrigatoriamente em sistema
plani-altimétrico único, de pontos geodésicos de controle, materializado no terreno por meio de
marcos, pilares e sinais, constituído pela rede geodésica fundamental interligada ao sistema
continental e pelas redes secundarias, apoiadas na fundamental, de precisão compatível com as
escalas das cartas a serem elaboradas.
São admitidos sistemas de apoio isolados, em caráter provisório, somente em caso de
inexistência ou impossibilidade imediata de conexão ao sistema plani-altimétrico previsto neste
artigo.
Compete, precipuamente, ao Conselho Nacional de Geografia promover o
estabelecimento da rede geodésica fundamental, do sistema plani-altimétrico único. O Conselho
Nacional de Geografia (CNG) era subordinado ao IBGE. Hoje em dia, as atividades deste
conselho são dirigidas pela Diretoria de Geodesia e Cartografia, subordinada ao IBGE
142
O Brasil é, portanto, mapeado nas escalas das cartas do mapeamento sistemático. A
divisão em folhas e as projeções das cartas são as seguintes:
Tabela 1 – Situação do Mapeamento Analógico
-1 6 5
-1 5 0
-1 3 5
-1 2 0
-1 0 5
105
120
135
150
165
180
-9 0
-7 5
-6 0
-4 5
-3 0
-1 5
15
30
45
60
75
90
0
9 0 9 0
M
7 5 7 5
L
6 0 6 0
K
4 5 4 5
J
3 0 3 0
H
1 5 1 5
G
0 0
F
- 1 5 - 1 5
E
- 3 0 - 3 0
D
- 4 5 143 - 4 5
C
- 6 0 - 6 0
B
- 7 5 - 7 5
A
- 9 0 - 9 0
-1 8 0
-1 6 5
-1 5 0
-1 3 5
-1 2 0
-1 0 5
-9 0
-7 5
-6 0
-4 5
-3 0
-1 5
15
30
45
60
75
90
105
120
135
150
165
180
A B C D E F G H J K L M N P Q R S T U V W X Y Z
Figura 7.1.1 - Enquadramento mundial do sistema GEOREF
o
- 1 5 Q
P
N
M
L
K
J
H
G
F
E
D
C
B
o A
- 3 0 A B C D E F G H J K L M N P Q
o o
- 6 0 - 4 5
Figura 7.1.2 - Enquadramento de um quadrângulo de 15o
Soma-se ao índice inicial as duas letras que identificam o canto inferior esquerdo da
quadrícula, com a primeira letra relativa à longitude e a segunda a latitude.
Por exemplo, na figura 7.1.2 JE, caracterizando o índice KEJE
51 1' x 1'
1o
43
o
1
144
Figura 7.1.3 - Divisão do quadrângulo de 1o x 1o em quadrículas de 1’x 1’
Cada quadrícula de 1° por 1° é dividida em minutos, ou seja 60 x 60, tendo-se portanto
3.600 quadrículas, estabelecendo-se a numeração final do índice.
A contagem é realizada pelo número de minutos que do limite esquerdo e do limite
inferior, em qualquer hemisfério e em qualquer posição em relação à Greenwich. Exemplo:
KEJE4351
Nome
O nome da folha é uma designação através de um indicativo claro, geográfico, de algum
aspecto físico ou humano que se desenvolva na região cartografada.
Não é a melhor forma de identificar uma folha, pois não fornece nenhum indicativo
posicional ou de localização de escala, podendo inclusive existir duplicação de nomes em
diferentes e até mesmo em escalas idênticas.
1 2
3 4
145
A numeração MI é estendida para as folhas 1/50.000 e 1/25.000. A numeração das folhas
1/50.000 é dada pela divisão da carta 1/100.000 em 4, sendo numeradas da esquerda para a
direita, de cima para baixo, com os dígitos 1, 2, 3 e 4.
A numeração é então definida pelo número MI da folha 1/100.000, seguido pelo dígito
após um hífen, do número correspondente à posição da folha 1/50.000 na divisão da folha
1/100.000.
A numeração das folhas 1/25.000 é semelhante. A folha 1/50.000 é também dividida em
4. sendo notada as folhas em NO, NE, SO e SE, conforme a sua posição seja superior esquerda,
superior direita, inferior esquerda ou inferior direita.
Figura 7.1.5 - Divisão da folha 1/50 000
NO NE
SO SE
O número MI então, de uma folha 1/25.000 será dada pela composição do número MI da
folha 1/100.000, acrescida do dígito da folha 1/50.000 e acrescido das letras da folha 1/25.000.
Exemplo: Folha 1416-3-NE
Apesar de ser uma notação unívoca, o número de mapa índice não possui indicativo
posicional, uma vez que se tem que dispor do mapa índice para localizar a folha.
As folhas na escala 1: 250 000 possuem um número oriundo do Mapa Índice Reduzido
(MIR), que também as designam de forma semelhante ao Mapa Índice da Carta 1: 100 000.
Índice de Nomenclatura
O índice de nomenclatura supre todas as deficiências apresentadas nas formas
anteriormente citadas de identificar as folhas de cartas:
- é único para cada folha de carta em cada escala;
- atende todas as escalas do mapeamento sistemático, podendo ser estendido ao mapeamento
cadastral;
- possui características posicionais, ou seja, pelo próprio índice já se pode localizar a folha
dentro do território nacional.
146
O enquadramento de qualquer folha de carta, é desenvolvido pela definição dos seus
quatro cantos, que são estabelecidos em coordenadas geodésicas, latitude e longitude, logo os
limites de todas as folhas serão sempre paralelo e meridianos, respectivamente.
O canto 1 corresponde ao canto inferior esquerdo da folha; o canto 2 ao canto superior
esquerdo; o canto 3 ao canto superior e o canto 4 ao canto inferior direito. A figura 7.1. mostra
este esquema, que será sempre aplicado para quaisquer folhas do mapeamento sistemático, da
menor à maior escala.
canto 1 = CIE ( canto inferior esquerdo)
canto 2 = CSE ( canto superior esquerdo)
canto 3 = CSD ( canto superior direito)
canto 4 = CID ( canto inferior direito)
Figura 7.1.6 - Posicionamento dos cantos de folhas
φ2 λ2 φ3 λ3
2 3
1φ1 λ1 φ4 λ4 4
A base do índice de nomenclatura é a divisão da carta do Mundo ao Milionésimo, ficando
definido da seguinte forma:
Escala 1/1.000.000
Divisão do mundo nas folhas de 6° de longitude por 4° de latitude.
A numeração dos fusos de 6° é determinada a partir do antimeridiano de Greenwich para
Leste, de 1 até 60.
Os fusos de interesse para o Brasil são os de número: 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24 e 25.
147
Para a formação do índice, o hemisfério Norte é notado pela letra N e o hemisfério sul
pela letra S.
O índice é formado então pela união da letra que caracteriza o hemisfério, com a letra que
corresponde ao limite inferior da zona e o número do fuso, correspondente ao limite esquerdo do
fuso considerado. Exemplo:
o
6
o
A
0
o
A
N ou S +Alfa de φ +Nr Fuso -4
B
o o
4 -8
C
o
-12
D
o
-16 F 20 21 22 23 24 25
SB 23 o o
o o o o
-60 -54 -48 -42 -36 -30
V X
o
4
o
2 Y Z
o
3
Escala 1/ 500 000
Escala 1/250.000
148
Cada folha de 1/500.000 é agora dividida em quatro folhas de 1/250.000, cada uma com
1° de latitude por 1° 30' de longitude.
o
3
A B
o
2
o
1 C D
1o 30'
149
150
Escala 1/100.000
Figura 7.1.10 - Enquadramento 1/ 100 000
1 30'
I II III
o
1
30' IV V VI
30'
Escala 1/50.000
Cada folha de 1/100.000 é dividida em quatro folhas de 1/50.000, cada uma de 15' de
latitude por 15' de longitude.
30'
1 2
30'
15' 3 4
15'
Escala 1/ 50 000
151
O índice de nomenclatura de uma folha 1/50.000 é dado pelo índice da folha de
1/100.000 a qual ela pertença, acrescido do número da folha 1/50.000 em pauta. Exemplo:
SB 23 X-D-III-3
Para a folha de canto inferior esquerdo de coordenadas ϕ = -5° 30', λ = - 43
Escala 1/25.000
É a última escala de mapeamento sistemático. Cada folha de 1/50.000 é dividida em
quatro folhas de 7' 30" de latitude por 7' 30" de longitude.
15'
NO NE
15'
7'30" SO SE
7'30"
Escala 1/ 25 000
o
-43 30'
o
-8
o
-9
o
-10
o
-12
o o o
-48 -45 -42
152
Figura 7.1.13 - Desdobramento da folha 1/ 1 000 000 até 1/ 25 000
Problema 1
Dado um índice de nomenclatura, definir a escala e o enquadramento dos cantos da folha
Neste problema deseja-se, em linhas gerais, que a partir de um índice de nomenclatura
conhecido, se estabeleça a escala e as coordenadas dos cantos da folha.
153
A solução do problema é dada pelas seguintes etapas:
- análise e definição de escala;
- enquadramento a partir da escala 1/1 000.000;
- decomposição da folha ao milionésimo até chegar ao índice conhecido.
Exemplo:
Enquadrar a folha cujo índice é SD 21-Y-B-IV
Escala: a análise do índice, contendo 4 elementos, permite concluir que a escala da folha é 1:
100 000.
Paralelos limites:
A formulação que permite a definição dos paralelos limites, inferior e superior
ϕ inf = (Numeral da letra) x 4
ϕ sup = (Numeral da letra - 1) x 4
Para a letra D, o numeral correspondente é 4 (A,B,C,D...1,2,3,4)
ϕ inf = 4 x 4 = -16° ϕ sup = 3 x 4 = - 12°
Observe-se que esta formulação é invertida para o hemisfério Norte
154
ϕ λ
Canto 1 (inf esq) CIE - 15° - 58° 30'
Canto 2 (sup esq) CSE - 14° 30' - 58° 30'
Canto 3 (sup dir) CSD - 14° 30' - 58°
Canto 4 (inf dir) CID - 15° - 58°
Problema 2
Dado um ponto por suas coordenadas, enquadra-lo em uma folha de carta de uma escala
dada.
O problema dá uma coordenada de um ponto qualquer e a escala da carta, pedindo a
determinação do índice de nomenclatura da folha a qual o ponto pertença.
A solução é dada pelo enquadramento das coordenadas dentro da folha 1/1.000.000. A
partir daí defini-se o índice de nomenclatura, até chegar à escala da folha dada.
Exemplo
Estabelecer o índice de nomenclatura da folha, que contém o ponto A, de latitude ϕ = -13° 22'
14" e longitude λ = -43° 48' 42", na escala 1/50.000
λ le = 6 f - 186 ∴ f = (λ le + 186) / 6
155
f = - 48 + 186 / 6 = 23
Enquadramento semelhante pode ser feito com a latitude, bastando dividir o paralelo
limite inferior por 4 e procurar a letra do número obtido.
Nu = λ / 4 = 16 / 4 = 4 = A B C D
Problema 3
Dada uma área por suas coordenadas limites, determinar o índice de nomenclatura das
folhas que fazem a sua cobertura.
Dada a escala que se deseja enquadrar e as coordenadas limites (normalmente canto
inferior esquerdo e canto superior direito), pode-se definir quais, quantas são e a nomenclatura
das folhas que compõem a área.
Exemplo
Enquadrar a área definida pelas coordenadas: ( - 20° 38'; - 45° 40') - limite inferior esquerdo e
(-19° 23'; - 43° 42') - limite superior direito, na escala 1/50.000, definindo o número de folhas e
o índice de nomenclatura das folhas.
156
Pelos conceitos já definidos, as cartas das escalas de mapeamento sistemático são
divididas em folhas e cada folha representa a cobertura topográfica de uma área, sob a projeção
cartográfica escolhida para a representação terrestre.
No caso brasileiro, o mapeamento sistemático é constituído pelas escalas mostradas na
tabela 1, dividida em folhas, cuja área de cobertura é apresentada.
Tabela 1 – Cobertura do Mapeamento sistemático
Escala Projeção Dimensão Área Coberta
1/1.000.000 Cônica Conforme 6° x 4° 290400 km2
1/500.000 Cônica Conforme 3° x 2° 72600 km2
1/250.000 UTM 1° 30' x 1° 18150 km2
1/100.000 UTM 30' x 30' 3025 km2
1/50.000 UTM 15' x 15' 756 km2
1/25.000 UTM 7' 30" x 7' 30" 189 km2
As cartas são elaboradas para apresentar uma representação o mais precisa possível do
terreno, tanto planimétrica como altimetricamente, bem como a hidrografia e vegetação da
região.
A planimetria compreende:
- rodovias, caminhos e elementos afins;
- terrenos e elementos afins;
- elementos relacionados à comunicações;
- edifícios e lugares povoados;
- elementos de áreas e contornos;
- obras públicas e industriais;
- pontos de controle;
- limites e fronteiras;
- sinais convencionais diversos.
A hidrografia:
- hidrografia costeira (litoral e afastada da costa);
- elementos hidrográficos em geral.
A vegetação, apesar de ser um elemento planimétrico, é tratada separadamente, por ser
restituída separadamente dos demais.
A altimetria, ou hipsografia faz a representação dos elementos topográficos de relevo na
carta.
157
As folhas de cartas são padronizadas pelas folhas modelo, que definem a situação
relativa, área ocupada, inscrições marginais, tipos de letras da toponímia e legendas, bem como a
espessura de todos os tipo de linhas, limites, áreas etc.
A padronização das cartas ao milionésimo e 1/500.000 segue o “Manual de Normas,
Especificações e Procedimentos Técnicos para a carta Internacional do Mundo ao Milionésimo -
CIM”, editado pelo IBGE, seguindo as normas internacionais.
As escalas do mapeamento sistemático são padronizadas pelos Manual Técnico T34-700
Convenções Cartográficas, 1a Parte - Normas para o Emprego dos Símbolos e 2a Parte -
Catálogo de Símbolos do Estado Maior do Exército, normatizando a reambulação, restituição e
desenho final, para as escalas de 1/250.000 e 1/100.000. As escalas maiores seguem as normas
relativas à escala de 1/100.000.
a) Descrição do Quadro
158
O quadro é a parte da carta onde está traçado o reticulado UTM e onde será traçado os
elementos cartográficos que constituirão a planimetria, hidrografia, vegetação e altimetria.
Meridiano Central
Equador
Quadrícula
750000; 6378000
6 378 000 m
750 000 m
b) Moldura
O reticulado UTM é circundado pela moldura da folha, constituído pelos 4 cantos da
folha, definidos pelas suas coordenadas geodésicas.
φ2 λ2 φ3 λ3
2 3
1φ1 λ1 φ4 λ4 4
Figura 7.2.4 - Definição dos cantos da folha
É obrigatória a colocação das coordenadas dos 4 cantos da folha (ϕ, λ), nos quatro cantos
de cada folha.
160
Ainda constam da moldura a numeração intermediária de latitude e longitude, sendo
definida por traços na moldura e no cruzamento por cruzetas. Servem para auxiliar na marcação
e plotagem de coordenadas geodésicas. O seu espaçamento em valores sexagesimal é definido
na tabela 4.
Tabela 4 – Espaçamento das marcações intermediárias de latitude e longitude
Escala Espaçamento
1/25.000 2' 30"
1/50.000 5'
1/10.000 10'
1/250.000 15'
c) Legenda
As legendas correspondem a todos as demais inscrições marginais existentes na folha da
carta.
Na parte superior da folha encontram-se as seguintes legendas:
Canto Superior Esquerdo
- Organização executora;
Convênios associados
- Região de localização da folha e escala
Figura 7.2.6 - Anotações da parte
superior da legenda
No centro é lançado o nome da folha e símbolos da organização executora.
No canto superior direito é lançado o Índice de Nomenclatura da folha, e se a escala for
maior ou igual a 1/100.000, é lançado também o seu número MI (mapa índice).
A parte inferior da folha pde ser dividida em três setores distintos.
161
No setor esquerdo encontram-se os dados referentes a edição e impressão e ano da
impressão.
162
Figura 7.2.10 - Articulação da folha
Outra legenda é a situação da folha no Estado. Mostra-se a localização ou o
posicionamento da folha no Estado que pertence a folha.
Figura 7.2.11 - Situação da folha no Estado
163
Figura 7.2.12 - Legenda central inferior
- Exemplo de obtenção de coordenadas UTM;
- Divisão Administrativa, mostrando os limites administrativos aproximados (minicípios)
da região abrangida pela folha;
- Dados de orientação
Definidos pelo posicionamento na data da impressão dos nortes de quadrícula, magnético
e geográfico, declinação magnética (valor e taxa de variação anual) e convergência meridana.
Deve ser observado que a posição é esquemática, devendo ser usados apenas os valores
numéricos para cálculo.
NV
NM NQ
o
δ 7= 25'
γ =
-32' 06"
164
7.3 - OBTENÇÃO E PLOTAGEM DE COORDENADAS EM CARTAS
TOPOGRÁFICAS
N >0 m N >0 m
Equador
O problema de se obter as coordenadas UTM em uma carta topográfica e a sua plotagem está
ligado à escala da carta e ao erro gráfico de percepção. O erro gráfico é a menor percepção
visual, para um ponto, que o olho humano pode ter. O valor é aceito como 0,2 mm, embora
alguns autores cheguem a aceitar 0,1 mm. Aqui será aceito 0,2 mm por razões de precisão
instrumental.
Este valor é único, seja qual for a escala de carta que esteja sendo considerado, pois é vinculado
ao menor elemento gráfico que o olho humano pode perceber, ou seja, um círculo de 0,1 mm de
raio ou 0,2 mm de diâmetro. Em termos práticos, é aceito como a área de indefinição relativa à
ponta de um lápis no papel ou à ponta seca do compasso.
Assim, para cada escala haverá um erro gráfico associado:
1:5.000 1 m (1.000 mm)
1:10.000 2 m (2.000 mm)
1:25.000 5m
165
1:50.000 10 m
1:100.000 20 m
1:250.000 50 m
- não se poderá plotar coordenadas com uma precisão menor do que a expressa pelo
erro
gráfico.
Por exemplo:
Em uma carta de escala 1/50.000, medindo-se uma coordenada qualquer, o erro de sua
determinação estará em torno de 10 m.
14 mm x 50 000 = 700 m
13,9 mm x 50 000 = 695 m
13,8 mm x 50 000 = 690 m
13.9 mm
Por outro lado, ao se plotar uma coordenada, por exemplo 635.843,32 m, na escala
1/25.000, seria necessário plotar (só a parte de centenas de metros) com 33,7328 mm, o que é
impossível. Pode-se plotar 33 mm e estimar 0,7 mm, sendo a certeza (à regua) em 0,5 mm,
ocasionando uma precisão em torno de 5 m definidos pelo erro gráfico.
166
7.3.1 - Obtenção de Coordenadas UTM na carta
167
168
O problema é prático, devendo-se inicialmente ser verificada a escala da carta de onde
serão obtidas as coordenadas. As coordenadas serão obtidas por interpolação linear, dentro da
quadrícula que contém o ponto de interesse, sendo portanto essencial a sua identificação, através
dos valores de coordenadas E e N que a limita.
∆E
7538
dE
∆N
dN
7536
672 674
∆EC dE C ∆N C dN C
= e =
∆ET dE T ∆N T dN T
O que se deseja obter são os valores de dE e dN, seja da carta ou do terreno. Logo para a
obtenção de uma coordenada do terreno, a formulação associada será:
dE C x ∆ET dN C x ∆NT
dE T = e dN T =
∆EC ∆N C
dE T x ∆EC dN T x ∆N C
e dE C = e dN C =
∆ET ∆NT
Mas os valores de ∆EC , ∆NC , ∆ET e ∆NT serão fixos, e os seus relacionamentos serão
iguais à escala da carta e ao número da escala respectivamente:
∆E ou N C ∆E ou N T
E = e N (número da escala ) =
∆E ou NT ∆E ou N C
169
Assim, para a obtenção de coordenadas, basta multiplicar o valor de dEc ou dNc obtidos
na carta, pelo valor do número da escala do mapa em trabalho:
dE T = dE C x N e dN T = dN C x N
Estes dados obtidos devem ser somados às coordenadas da quadrícula: 672.000 para E e
7.536.000 para N, dando as coordenadas do ponto considerado:
EP = 672.000 + 1.420 = 673.420 m
NP = 7.536.000 + 1.465 = 7.537.465 m
A medição com o escalímetro fornece diretamente a coordenada, uma vez que ele
funciona como se fosse uma escala gráfica
7.3.2 - Plotagem de Coordenadas na Carta
É o problema inverso, ou seja, dado um ponto do terreno, através de suas coordenadas E
e N, fazer a sua localização na folha da carta correspondente. Os passos são os seguintes:
- identificar a escala da carta;
- identificar a quadrícula que conterá o ponto, verificando as suas coordenadas inteiras;
- decompor as coordenadas, retirando a parte quilométrica;
170
-transformasr o valor que sobrar para a escala, em cm ou mm;
- marcar na quadrícula o dEC e ∆NC respectivamente, pelos valores determinados ou
através do escalímetro.
7745
29,1 mm
Finalmente, traçar as perpendiculares e no cruzamento
marcar o ponto definido.
7744
15,4 mm
649 650
Θ
B
171
Considerando-se o norte magnético como direção base, o azimute será magnético. Com o
norte geográfico, o azimute pode ser o azimute geográfico ou geodésico ou verdadeiro.
Considerando-se o norte da carta, direção do eixo de coordenadas N, será definido o azimute da
quadrícula da carta. O norte da quadrícula é definido sempre pela direção das linha de
coordenadas paralelas ao meridiano central, ou seja, das linhas verticais que estabelecem as
coordenadas N. O norte geográfico ou verdadeiro é o ponto de convergência de todos os
meridianos. O norte magnético é a direção determinada pela agulha magnética, livre de
influência de massas metálicas.
NV NV
NM NM
δ < 0 ( − )
δ > 0 ( + )
Ocidental Oriental
172
decorrente da secular. a diurna é resultante de um movimento oscilatório. Não é levado em conta
para a topografia.
As variações acidentais são divididas em climáticas (tempestades magnéticas) e espaciais
(presença de grandes massas magnéticas - jazidas de ferro, estruturas metálicas , etc)
O valor básico da declinação em um lugar e época, é extraído dos mapas isogônicos que
contém:
- graticulado de meridianos e paralelos;
- linhas isogônicas (igual declinação);
- linhas isopóricas (igual variação anual);
- linhas referentes à perturbações magnéticas.
Figura
Para calcular a declinação magnética do lugar, loca-se o ponto no mapa isogônico. O
mapa fornece as linhas isogônicas (igual declinação) para o 10 de janeiro do ano, bem como as
linhas isopóricas, linhas de igual variação anual.
Como normalmente a precisão da bússola é da ordem de 15', basta proceder a
determinação por simples interpolação, obtendo-se:
- a declinação entre as isogônicas que enquadram o lugar;
- a variação anual entre as isopóricas correspondentes.
Exemplo: Obter a declinação magnética e a respectiva variação anual, para a cidade de Belo
Horizonte, através do Mapa Isogônico do Observatório Nacional.
Descrição da solução
va
δAT = δCARTA + va x N o anos + x N o meses
12
173
Exemplo: A folha Registro apresenta para o ano de 1993 a declinação de - 28° 18′ , com uma
variação anual de –8,3′ , para o mês de julho.
Número de anos para 1998 - 1998 – 1993 = 5 anos
Número de mêses – julho = 6
va
δ98 = δ93 + va x N o anos + x N o meses
12
( −8,3' )
δ98 = − 28 o 18 ' + ( −8,3' ) x 5 + x6
12
δ98 = -29° 03′ 39″
Θ
γ
θ 12 = α 12 +γ ou Azv = Azq + γ
Figura 7.4.3 - Relação entre azimute plano e verdadeiro
A convergência também será ocidental ou negativa se o azimute plano for maior que o
verdadeiro, e oriental ou positiva, se o azimute planofor menor que o verdadeiro
(respectivamente se o norte geográfico estiver à direita e à esquerda do norte da quadrícula).
NV
NV NQ
NQ
γ 174
− γ +
Ocidental Oriental
Figura 7.4.4 - Convergência meridiana-sinal
Regra prática para a determinação do azimute plano a partir de valores do 10 quadrante
trigonométrico.
IV I
III II
B (EB; NB)
Azq(AB)
∆N
A (EA; NA) ∆E
175
Eb>Ea 20 ∆N
α = arc tg + 900
Nb<Na ∆E
Eb<Ea 30 ∆E
α = arc tg + 1800
Nb<Na ∆N
Eb<Ea 40 ∆N
α = arc tg + 2700
Nb>Na ∆E
7.4.3 - Rumos
Denomina-se rumo de um alinhamento o ângulo que ele forma com a ponta da agulha
magnética que lhe fique mais próxima.
Os rumos são contados para a direita ou para a esquerda, conforme se achem mais
próximos de E ou de W, variando sempre de 00 a 900.
Figura 7.4.6 - Rumo
N
R4 R1
D A
W E
B
R2
C R3
S
Ângulo NOA = 600 Rumo OA = 600 NE
Ângulo SOB = 700 Rumo OB = 700 SE
Ângulo SOC = 200 Rumo OC = 200 SW
Ângulo NOD = 680 Rumo OD = 68 NW
176
7.5 - Representação do Relevo nas Cartas Topográficas
7.5.1 - Introdução
177
O relevo compreende dois elementos principais:
- elevação
- declividade.
É difícil a representação de declividade sem a obtenção de informações de altitude, a não
ser de uma forma aproximada, por que a declividade é obtida pelo relacionamento da diferença
de altitude com a distância plana.
Enquanto a declividade só pode ser obtida a partir das elevações, o inverso não ocorre,
havendo então uma precedência na determinação das altitudes nas cartas topográficas.
As informações de algumas elevações podem ser representadas diretamente na carta, por
símbolos pontuais ou lineares. As feições de relevo devem ser interpretadas a partir das
informações de elevação ou representadas graficamente, sugerindo uma superfície contínua.
1) - Processo Qualitativo
A representação qualitativa teve início com Leonardo da Vinci, que foi o primeiro a
tentar uma representação do relevo em mapas.
Sua representação era uma perspectiva simbólica, que mostrava algumas colinas em
plano. Não havia nenhuma precisão.
178
Figura 75.1 - Relevo de Leonardo da Vinci
No decorrer do século XIX houve alguma preocupação da representação qualitativa
(visual), com algumas características quantitativas.
a) - Hachúrias ou hachuras
Foi o primeiro processo de representação da altimetria na Cartografia de base. Hoje em
dia é pouco usado devido a imprecisão que gera. Surgiu nas cartas da França em 1889.
As hachúrias são pequenas linhas traçadas no sentido de maior declividade do terreno,
devendo obedecer as seguintes considerações:
- devem ser dispostas em filas e não serem desenhadas em toda a extensão das encostas;
- O comprimento das hachúrias e o intervalo entre elas é tanto menos quanto maior for a
declividade.
b) - Representação Sombreada
Dentro do mesmo tipo de representação qualitativa é definida a representação sombreada
do relevo.
Em princípio o sombreado não tem nenhum valor científico. Possue apenas um valor
estético e sua principal vantagem sobre as hachúrias é não sobrecarregar a carta, fornecendo
inclusive uma melhor efeito plástico.
Existem dois processos:
- manual;
- eletrônico.
O manual considera apenas a sombra do relevo e é artisticamente desenhado a aerógrafo.
É dependente do desenhista.
180
Em ambos os processos, o trabalho exige a definição de uma fonte de luz sobre o modelo
que vai definir a área de sombra. No processo manual, o desenhista não tem o modelo e sim a
carta em desenho bidimensional, e a sua abstração é exatamente criar o modelo na imaginação,
para que o sombreado saia coerente, daí a subjetividade do sombreado.
c) - Cores Hipsométricas
As cores hipsométricas são usadas para a representação do relevo.
Em se tratando de relevo submarino, passam a chamar-se cores batimétricas.
O problema da representação do relevo através de cores é basicamente a definição
número de intervalos de altitude (intervalos de classe) entre as altitudes extremas, que serão
representadas pelas cores e a escolha das próprias cores que representarão cada intervalo de
classe.
A representação hipsométrica por cores, é uma das possibilidades de representação de
uma distribuição contínua de um fenômeno sobre a superfície terrestre. Pode-se de uma maneira
geral representar qualquer ocorrência de distribuição contínua por este processo.
As cores são o azul para a batimetria e o verde, amarelo e vermelho para a hipsometria.
Os processos de escolha de intervalos são basicamente 3:
- progressão aritmética
Em geral não é uma boa escolha pois não traduz o agrupamento ou e espaçamento desejado.
- progressão geométrica
define-se os limites inferior e superior e o número de intervalos. Por exemplo:
(10 intervalos)
0.50 → 5.000
182
5.000
Calcula-se a razão geométrica: r= 9 = 1,668
50
Calcula-se os seguintes intervalos:
0 - 50 387,13 - 645,77
50 - 83,4 645,77 - 1.077,21
83,4 - 139,12 1.077,21 - 1.796,90
139,12 - 232,07 1.796,90 - 2.997,42
232,07 - 387,13 2.997,42 - 5.000,00
2) - Processo Quantitativo
O processo quantitativo dee representação da altimetria é uma forma moderna e científica
de representação da altimetria.
Existem três formas básicas de representação, podendo uma ser decorrente da outra:
- curvas de nível, curvas hipsométricas ou isohipsas (curvas batimétricas);
- representação por perfis;
- representação por traçado perspectivo.
183
Figura 7.5.7 - Curvas de nível
As curvas de nível correspondem as linhas de interseção do relevo com os planos
horizontais, projetados ortogonalmente no plano da carta topográfica.
Este é o sistema que permite a melhor tomada de medidas até hoje desenvolvido. Os
contornos são as isaritmas, ou linhas que são obtidas pela intercessão dos planos paralelos
cortando a superfície tridimensional da forma terrestre, projetadas ortogonalmente na carta.
Uma linha de contorno é portanto uma linha de igual altitude a partir de uma superfície
de referência, denominada “datum vertical”, que indica a cota origem das altitudes, na superfície
do geóide.
As observações não são efetuadas no elipsóide, são determinadas no geóide e podem ser
reduzidas ao elipsóide, desde que se conheça a diferença de nível entre o geóide e o elipsóide, o
desnível geoidal.
O problema está em estebelecer a posição horizontal sobre a superfície e a elevação
vertical acima da superfície, de um grande número de pontos na superfície física.
Quando dispõe-se de posições suficientes e a superfície curva do plano origem foi
transformado em uma superfície plana por meio de um sistema de projeção, o mapa pode ser
traçado. Em conseqüência o leitor vê a superfície da Terra ortogonalmente.
Visão do
Usuário
Mapa
Sistema de
Projeção
Superfície
terrestre
Geóide
184
185
186
As curvas de nível são os símbolos mais notáveis em uma carta topográfica, se eles forem
corretamente locados e o intervalo entre eles for constante e relativamente pequeno.
1:100.000 ----- 50 m
1:250.000 ----- 100 m
187
As curvas de nível são numeradas a intervalos regulares, para não prejudicar a clareza das
cartas. Por convenção, a cada 5 curvas será traçada mais grossa e numerada.
Deve-se verificar sempre a eqüdistância definida nas cartas, pois existem cartas antigas
com eqüidistâncias de 40 m para a escala de 1/100.000.
O relevo acidentado apresenta intervalo entre as curvas de nível menor, indicando a
existência de uma maior declividade. Exige um maior número
de curvas que o relevo plano, para que se possa ter uma melhor
visualização da topografia.
Se o relevo for muito acidentado e íngreme, pode ocorrer o
fenômeno de coalescência, que não permite a representação
de
Figura 7.5.11 - Coalescência
todas as curvas de nível, sendo então simplificada a representação para as curvas mestras.
A combinação de processos quantitativos e qualitatitivos permite reunir os aspectos
científicos com os estéticos-plásticos. Pode-se citar as seguintes combinações:
- sombras e curvas;
- cores hipsométricas, sombras e curvas (denominado mise à l’effet)
188
Utilizadas para representação de rupturas de declividade entre as curvas de níveis. Não há
necessidade de ser traçada por completo, apenas na região em que a ruptura ocorre.
1X
2,67X
PERFIL 5,33X
LINHA DO
PERFIL
PLANO
6 km
189
Figura 7.5.14 - Série de perfis
A construção de um perfil começa sempre em um mapa de curvas de nível.
É traçada uma linha ao longo dos pontos que se deseja traçar o perfil. Os pontos inicial e
final são traçados em uma folha de papel, levantando-se paralelos, que serão divididos segundo
os valores das cotas das curvas de nível.
Traçam-se paralelos segundo a cota das curvas e transfere-se para essas linhas os pontos
de intercessão da reta do perfil com as curvas de nível.
Une-se os pontos, fazendo-se uma suavização.
190
O traçado automático permite normalmente a possibilidade de se alterar os seguintes
elementos:
- O ângulo de rotação entre o eixo vertical e a superfície;
- A alteração da distância de visada;
- Alteração na ângulo de elevação ϕ.
Figura 7.5.16 - Representação por traços perspectivos
Linha de Crista
Vertente
Contra-encosta Encosta
Contra-vertente
Ruptura de Declive
Talvegue
Interflúvio
191
Regra geral de representação das curvas de nível: Para uma eqüidistância constante, em
qualquer caso, vertente ou talvegue, o intervalo entre as curvas de nível é tanto maior quanto o
declive for menor e vice-versa. Para um declive constante, o intervalo é constante.
Perfil
192
Figura 7.5.22 - Confluência de rios
O declive no talvegue é sempre inferior ao declive das vertentes, assim o intervalo entre
as curvas de nível será sempre maior que em qualquer outro lugar.
b) - Representação de Vertentes
A vertente é o plano da superfície que liga a linha de crista ao talvegue, assim o talvegue
influencia o traçado no sopé da vertente e a linha de crista no topo. Haverá sempre uma
reentrância da curva de nível, indicando a existência de um talvegue.
Convexas Côncavas
193
No caso do talvegue ser oblíquo ou perpendicular à direção da camada terão uma
aparência bastante sinuosa.
- Vale Assimétrico
Caso o terreno não seja homogêneo.
- Vale transverso
A linha poderá ser deslocada se existir um rio com uma declividade maior que outro, para
o de maior declividade.
195
São obtidas pela medição direta por uma escala, uma régua ou compasso e por
coordenadas.
Pela escala são determinadas diretamente. Pela régua a distância é calculada
multiplicando-se o valor obtido pelo número da escala e efetuada as transformações de unidade
apropriadas. As medidas por compasso podem ser transportadas diretamente sobre a escala
gráfica, ou então, obtidas pelo processo anterior.
∆Ν
1 (E 1, N 1)
∆Ε
b) - Distâncias em curvas
Existem dois processos que se eqüivalem quanto à precisão:
- Uso de curvímetro - É obtida a distância percorrendo o papel com a roda do curvímetro.
A medida pode estar em metros ou quilômetros, definida pela escala específica da carta.
196
Figura 7.6.3 - Uso do curvímetro
- Processo da tira de papel - Com uma tira de papel com cerca de 5 mm de espessura,
acompanha-se toda a extensão da linha curva, rotacionando-se a tira em cada ponto de inflexão
da curva. Pode ser também feita com um fio (linha grossa). A vantagem da tira de papel sobre o
fio é a possibilidade de indicar a passagem por curvas de nível e pontos notáveis.
Figura 7.6.5
IN TE R - Determinação
P O LAÇ ÃO de altitudes por extrapolação e interpolação
EXTRAPOLAÇÃO
540 m
500 m
520 m
540 m
500 m
520 m
A B B
A
560 m
ia
nc ie 520 m 197 cia
istâ erfíc tân
Dis erfície 540 m
D p
Su Sup
E quidistância 520 m
Mapa
500 m
M apa
Formulação geral:
Compmapa Compdet
Equid
=
Hdet ∴ Hdet =
Comp det × Equid
Comp mapa
Onde Compmapa = comprimento entre as duas curvas de nível consideradas (unidades do mapa)
Comp det = comprimento da curva de cota mais baixa até o ponto a determinar (unidades
do mapa)
Equid = equidistância entre as curvas de nível (unidades do terreno)
Hdet = Altitude a determinar (unidades do terreno)
Esta formulação é válida tanto para interpolação como para extrapolação. O resultado já é
apresentado em unidades do tereno.
Exemplos:
a) Interpolação
Equidistância = 20 m Cota de A = 500 m Cota de B = 520 m
Comprimento no mapa entre A e B = 18,5 mm
Comprimento no mapa ao ponto a determinar ( a partir da curva mais baixa ) = 3,7 mm
Aplicando a formulação
Comp det × Equid 3,7 × 20
Hdet = Hdet = = 4m
Comp mapa 18 ,5
Distância Horizontal
escala de declividade representa a distância horizontal para uma diferença de altitude, segundo
um ângulo determinado, ou seja, que representa a declividade ou a inclinação do terreno.
Figura 7.6.6 - Esquema da declividade
O cálculo da declividade naturalmente tem precisão compatível com a medida de
altitudes. É importante para aplicações de engenharia, construção de estradas, agricultura,
aproveitamento hidrelétrico, erosão de encostas etc.
A declividade pode ser definida como o ângulo de inclinação do terreno, segundo uma
direção determinada. Tem então uma relação direta entre a distância horizontal e a distância
vertical no terreno. Relacionando a distância vertical com a horizontal, chega-se a definição da
tangente do ângulo de declividade:
∆h
Tg α =
∆x
Onde ∆h = distância vertical ou a equidistância
∆x = distância horizontal
Para a determinação da declividade, utiliza-se a função arco inversa:
∆h
α = arc tg
∆x
A determinação da distância horizontal, determinada por uma declividade conhecida,
pode ser definida pela relação:
∆h
∆x = tg α
Considerando-se agora uma carta de escala conhecida, a distância vertical pode ser
definada pela relação:
∆h 1
∆x = × , onde N é o número da escala conhecida.
tg α N
199
Ponto de Chegada
Conforme pode ser visto na figura 7.6.7, pode-se facilmente determinar o caminho de
declividade constante em uma carta, bastando para isto marcar entre as curvas consecutivas, a
distância horizontal relativa à declividade que se deseja mostrar.
7.6.4 - Perfis
Define-se perfil como o traço de um plano vertical na superfície topográfica terrestre.
200
Como já foi visto, é uma forma de se representar o terreno, por que é obtida a sua
configuração, porém restrita apenas a uma direção determinada.
O emprego de perfis do terreno se dá particularmente nas áreas de engenharia (vias de
transporte), telecomunicações, geografia, urbanismo etc.
A construção de um perfil permite apreciar com clareza a possibilidade de progressão no
terreno, montagem de postos de observação, determinação de áreas de visibilidade.
400 m
350 m
300 m
250 m
200 m
150 m
100 m
500m 1000m 1500m 2000m 2500m 3000m 3500m 4000m 4500m 5000m 5500m
BR 364
Represa Timbau
Rio Carero
Torres
Rio Açu
202
Título, escala vertical e horizontal, região, orientação do perfil. Colocar todas as
informações úteis.
b) - Perfil Contínuo
Este tipo de perfil é utilizado em levantamentos de estradas, linhas telegráficas,
microondas, levantamento de perfis de rios etc.
A diferença para o perfil anterior é o seu desenvolvimento ao longo de uma linha
contínua ou poligonal.
A construção é idêntica a um perfil individual devendo ser construído em trechos, sendo
que sempre que houver uma mudança de direção brusca, deve ser indicado no perfil.
Perfil Topográfico do Rio Curimataú
Escala Horizontal 1:50 000
Escala Vertical 1:10 000
450 m
350 m
300 m
250 m
200 m
150 m
100 m
50 m
1 km 2 km 3 km 4 km 5 km
Foz Rio
Ponte sobre
Represa Botelho
Itararé
Rv BR 364
203
Observando o perfil acima, tira-se tangentes a todos os pontos elevados B, C e D, cujo
prolongamento determina os pontos de intercessão com o perfil b, c e d. Conclui-se facilmente
que do ponto de observação A, são invisíveis, as partes da superfície do terreno compreendida
entre a tangente e a intercessão.
Essas regiões definem as regiões não vistas ou escondidas. As demais áreas são as zonas
vistas ou visíveis.
Através da elaboração de vários perfis, pode ser elaborada a carta de visibilidade. Os
perfis não devem ser em número regular, nem devem ser tanto mais quanto mais difícil for a
dedução da zona de visibilidade. Devem também passar pelo maior número de acidentes
importantes no terreno(colos, vales etc).
Área real
Área distorcida
204
Utilizado no caso de pequenas áreas. Dispondo-se de um papel milimetrado vegetal,
ajusta-se da melhor maneira possível à área a medir. A área é calculada pela fórmula:
b) - Processo de Decomposição
Este processo é utilizado no caso de áreas maiores, procurando-se dividir a região em
figuras geometricamente conhecidas, normalmente triângulos e retângulos.
A área residual pode ser calculada pelo processo anterior.
A área total será o somatório das áreas das figuras geométricas e das áreas residuais.
Se a área for calculada em termos de unidades reais (unidades da carta), a área deve ser
transformada para unidades do terreno pela utilização da relação de escala.
3 6
2054
5
Figura 7.6.16 - Medição de área por decomposição
3 (E3, N 3 )
1 (E 1, N 1)
n (E n, N n) 4 (E 4, N 4)
7 (E 7, N 7)
5 (E 5 , N5)
6 (E6, N 6)
2A = ∑ Xi * (Yi-1 - Yi + 1) ou
2A = ∑ Ni * (Ei - 1 - Ni + 1)
Quando i = n, entenda-se que o vértice é o primeiro e quando i = 1, o vértice 0 é o último.
S1
S2
S3 206
S4
Figura 7.6.19 - Cálculo de volume
- Corta-se a região a medir passando-se uma reta por todas as curvas que compõem o
volume;
- Mede-se a área sob cada curva pelo planímetro ou papel milimetrado;
- Soma-se cada duas áreas subsequentes, dividi-se por dois e multiplica-se pela
eqüidistância, obtendo-se os volumes parciais:
V1 = (S1 + S2 )/ 2 x Eq V2 = (S2 + S3 )/ 2 x Eq .....Vn = (Sn - 1 + Sn )/ 2 x Eq
- Pode-se verificar que o fundo da cava não é medido. acrescenta-se então, conforme a
declividade da cava, de 5 a 10% do total.
- Calcula-se então o volume total da figura
Vt = V1 + V2 +.....Vn + 10% (V1 + V2 + .....Vn)
8 - TOPONÍMIA - REAMBULAÇÃO
8.1 - Introdução
Pode-se definir a toponímia como o estudo lingüístico ou histórico dos topônimos, ou a
relação dos nomes de um lugar ou região. Portanto, a toponímia de uma carta corresponde aos
nomes que caracterizam os acidentes naturais ou não correspondentes de uma carta topográfica.
Uma carta sem nomes ou sem toponímia não é uma carta completa, por menos que se
necessite identificá-la. Existem cartas mudas, porém para fins bastante específicos ou didáticos.
207
A toponímia é portanto um elemento essencial para as cartas ou mapas, pois permitem
fazer a associação entre nomes e posição geográfica, ou seja, a identificação da área de
ocorrência do acidente e dele próprio pelo seu nome associado ao mapa.
Por essas razões, a toponímia correta apresentada em um mapa é de extrema importância,
pois ajuda não só na orientação, mediante referência aos elementos representados, como também
fornece informações essenciais que não podem ser representadas de forma adequada unicamente
por símbolos.
O processo de coleta de topônimos, dados e informações, relativos aos acidentes naturais
e artificiais (orográficos, hidrográficos, fito-geológicos, demográficos, obras de engenharia em
geral), além da materialização das linhas divisórias nacionais e internacionais e respectivos
marcos de fronteira, denomina-se reambulação.
Além destes objetivos, para a cartografia de base, pode-se enumerar ainda:
- esclarecimento de imagens fotográficas não reconhecíveis pela fotointerpretação;
- coleta de informações que não se possam obter através da interpretação por
estereoscopia;
- elucidação de nomes múltiplos de mesmos acidentes.
A fotografia aérea anexa mostra um trabalho de reambulação de campo para a cartografia
de base, onde a toponímia é anotada na fotografia, servindo de base aos trabalhos de escritório.
Para a cartografia temática, dependendo do tema a representar, a reambulação também
pode ser definida através de documentos existentes, em escala apropriada. Não se prescinde no
entanto, de trabalhos de campo para checagem e elucidação de dúvidas.
8.1 Letras
Assim como os nomes são elementos importantes no mapeamento em geral o desenho e
uso de letras são igualmente importantes no projeto do mapa.
Deve-se ver na letra também uma parte estética da carta. O conjunto desenho e letras
devem ser esteticamente harmônicos e balanceados. Letras deslocadas, mal escolhidas ou
projetadas, seja por tamanho desproporcional ou forma, influem bastante no aspecto visual da
carta.
208
a) - Classificação das letras
Pela forma podem ser classificadas em:
- maiúsculas
- minúsculas
M
Os caracteres romanos apresentam serifa ou apoio:
A d
Em relação a espessura podem ser classificados em:
-finas
-normais
-grossas
As simples são finas, enquanto as cheias, do mesmo tipo são dupla ou triplamente encorpadas
G G
Quanto a orientação, as letras podem ser:
-verticais B
209
-oblíquas (itálicas ou cursiva) B
As verticais são usadas para qualquer fenômeno que não seja hidrográfico. As itálicas só
são empregadas em acidentes e fenômenos ligados à hidrografia.
Em relação às dimensões, deve-se observar a largura e altura. Em termos de largura as
letras são classificadas em 4 grupos:
- M e W - Largas
- C O S D G Q - Meio Largas
- A B E F H K L N P R T U V X Y Z - Meio Estreitas
- I J - Estreitas
Em relação a altura, não existe variação para as letras maiúsculas. Quanto às
minúsculas, existe um problema, pois apesar da mesma linha de base, algumas vão para cima e
outras para baixo. Consideram-se os seguintes grupos:
- curtas - a e o i m n r s c u v x
- com perna - g p q y z
- com braço - b d h f l
-intermediária - t
O problema desta classificação está no fato do ponto se referir não ao tamanho da letra,
mas ao tamanho da base tipográfica da letra. Sempre haverá portanto uma diferença para o
tamanho real da letra.
Quanto a largura, não existe uma unidade, porém existem três tipos que variam bastante
devido a não padronização:
- Condensada
Desenho
- Normal
Desenho
- Largas
Desenho
210
Quanto a definição de cores para as letras, este é um problema por não se ter muito o que
escolher. A cor deve ser escolhida de modo a provocar um contraste entre o fundo e a
nomenclatura. Como o fundo muitas vezes não é branco, não pode-se usar qualquer cor.
Exemplos:
- vermelho sobre a curva de nível
- o azul é reservado para a hidrografia.
- usa-se o preto para todo o resto, exceto curvas de nível (mesma cor da curva - sépia).
1 1 1
Limite Inferior
211
- Deve estar o mais próximo possível do local de ocorrência do fenômeno. Se existirem
limites com duas cores contrastantes, o nome não deve atravessar o limite.
Rio Serra
de Janeiro do Mar
- Localizações próximas a margem de rios, o nome deve ficar todo na margem que situa o
fenômeno. Não se pode cortar o rio.
Se o rio for representado por uma linha simples, pode ser colocado na margem oposta,
mas também não pode cortá-lo.
Minas 212
do Sul
Minas
Figura 8.5 - Nomes de rios
- Em litoral mais ou menos paralelo aos limites da carta, a melhor opção é colocar os
nomes em curva, nunca em perpendicular.
Figura 8.6 - Nomes em litoral
nho
obradi
S
Rio
nho
Sobradi
Rio
213
Figura 8.10 - Nomes em rios de margem dupla
Rio
Um nome deve ser repetido, principalmente se for cortado por outro elemento linear.
a
astr
Can
da
S erra
214
9 - GENERALIZAÇÃO CARTOGRÁFICA
9.1 – Introdução – Transformações Cognitivas
As transformações cognitivas são as transformações sofridas pela informação geográfica,
para que possa tanto ser representada cartograficamente, como também ser reconhecida como a
informação existente no mundo real. É uma transformação do conhecimento, uma vez que suas
características podem ser alteradas durante o processo, justamente para poder representar a sua
ocorrência no mundo real.
Para o processo cartográfico, as transformações cognitivas mais importantes são a
generalização e a simbolização. Estas transformações realizam uma adaptação da informação
geográfica, selecionando, eliminando o que não é importante representar, classificando a
informação e representando-a por uma simbologia apropriada, adequadamente aos objetivos
propostos para o mapeamento, de acordo com o tema representado, pelas características da área
geográfica, pela natureza das informações disponíveis e de acordo com a escala do mapeamento.
Um mapa está sempre representa um fenômeno em uma escala reduzida, face a sua
ocorrência no mundo real. A informação que o mapa contem pode sofrer perdas, truncamentos e
até mesmo não poder ser representada, face às restrições que são impostas através da escala de
representação.
Segundo a Associação Cartográfica Internacional, a generalização é um processo de
representação selecionada e simplificada de detalhes apropriados à escala e/ou aos objetivos do
mapa. De uma maneira mais abrangente, pode ser vista como o processo que através da seleção,
classificação, esquematização e harmonização, reconstitui a realidade da distribuição espacial
que se deseja representar ROBINSON (1995). Então, o processo de transformação que permite,
através de uma redução da quantidade de detalhes, reconstituir em um mapa a realidade, seja do
terreno ou da distribuição espacial que se deseja representar, por seus traços essenciais,
denomina-se generalização cartográfica.
215
O processo de generalização é essencial tanto para a cartografia de base, como para a
cartografia temática, pois tem como objetivo principal a elaboração de mapas, cujas informações
possuam clareza gráfica suficiente para o estabelecimento da comunicação cartográfica desejada,
em outras palavras, a legibilidade do mapa.
216
O tema conduz a uma simplificação dos detalhes que não interessam exibir ou são
irrelevantes, por exemplo, o relevo numa carta básica é essencial, enquanto que em uma carta
náutica é apenas esquematizado.
As características regionais vão estabelecer o que é importante ser representado no mapa,
dependendo de sua importância relativa para a região considerada. Por exemplo localização de
um poço artesiano no Rio de Janeiro e um poço artesiano em uma região desértica ou
semidesértica. O poço da região desértica tem uma importância relativa muito maior, sendo
relevante a sua representação.
Em relação as informações disponíveis, deve-se documentar a região, de forma a se
conhecê-la, para se saber o que será possível generalizar. Por outro lado, é necessário conhecer
as características de como a feição é referenciada devido ao fato da informação primária ser de
posição, é a forma linear ou de área que o mapa mostra efetivamente dentro de seus limites. Por
exemplo, estradas podem ter retas e curvas acentuadas; as estradas de ferro terão sempre curvas
suaves; linhas de costa e contornos serão suaves ou irregulares dependendo da região; alguns
limites de cidades são completamente irregulares em forma de construção e layout, outros porém
são simétricos. Algumas formas de terreno são caracterizadas pela freqüência de outras formas
menores, dispersas ou nucleadas.
O problema da generalização torna-se bastante sério em um ambiente digital, uma vez
que a possibilidade de existir uma função de “zoom” ilimitada, pode resultar em mapas ilusórios,
na interpretação de seus conteúdos.
218
A simplificação aplica-se as feições lineares e o limite de feições planares. Tanto maior
for a sinuosidade de uma linha, maior será o efeito de simplificação.
Uma linha reta reduzida em escala, será ??? de uma linha reta, embora mais curta. Por
sua vez uma linha altamente irregular sofrerá além da redução em escala, uma redução em
tamanho, a medida que as sinuosidades são removidas.
Ampliação
É necessária, caso contrário alguns símbolos poderiam desaparecer. Para manter um
limite, um estrada ou caminho legíveis, haverá necessidade de se aumentar o seu tamanho. Uma
estrada na escala 1/10 000, pode ter 10m de largura, enquanto que a mesma estrada em um mapa
em 1/50 000, representado pelo mesmo símbolo, teria 50m de largura.
Deslocamento
Devido a ampliação e mesmo outros fatores, tais como uma série de símbolos colocados
juntos, haverá necessidade de se deslocar alguns para não afetar a legibilidade do documento.
Aglutinação
É necessária para o agrupamento de elementos ou feições de mesmas características, por
exemplo, um grupo de casas em uma mesma quadra.
Seleção
Também chamada de omissão seletiva, é um processo que estabelece o número total de
feições de uma classe que serão ou não representadas no mapa.
A seleção pode ser qualitativa ou quantitativa, porém deve ser estabelecida em ambas as
formas, pela priorização da omissão.
Uma seleção qualitativa pode ser exemplificada pela decisão de supressão da vegetação,
ou de todas as feições das rodovias de uma área.
No aspecto quantitativo, por exemplo, a supressão de riachos com menos de 1cm de
comprimento na carta, ou matas com menos de 16mm 2, ou ainda cidades com menos de 5000
habitantes.
219
Os procedimentos envolvidos na generalização conceitual são os seguintes:
- Aglutinação
- Seleção
- Simbolização
- Exagêro
A figura
mostra esses
procedimentos e as
diferenças entre os
procedimentos
gráficos.
A
aglutinação não
pode ser efetuada
sem um
conhecimento
técnico, uma vez que terá influência na legenda do mapa, por que alguns símbolos irão
desaparecer, enquanto outros poderão aparecer.
A seleção neste contexto exige conhecimento sobre o fenômeno mapeado. Por exemplo,
se o solo da ilha fosse constituído de marga e basalto, em uma ilha vulcânica, o basalto é tão
característico que predomina sobre a própria característica da ilha.
A simbolização indica as mudanças que a relação entre o espaço e o símbolo representam.
Por exemplo, um grupo de torres de petróleo, poderão se tornar um símbolo de área simples,
indicando um campo petrolífero. Esta alteração depende da escala original e da escala após a
redução.
A generalização pode resultar em uma representação que atraia pouco ou não atraia a
atenção. Alguns desses símbolos terão com certeza de ser ampliados, no todo ou em parte, para
ter a sua importância relativa no documento cartográfica bem definida.
220
A generalização semântica procura estabelecer, dentro de uma estruturação hierárquica da
informação, tanto abordando o aspecto qualitativo como o quantitativo, o que deverá ser
representado, em termos de uma classificação e aglutinação da informação.
A classificação qualitativa, abordada através de uma hierarquização da informação em
domínios de ocorrência, define quais as informações geográficas importantes para atingir os
objetivos do mapa. Para a cartografia de base, esta é uma tarefa relativamente simples, uma vez
que esta hierarquização pode ser vista de forma bastante estruturada, pela composição dos
elementos de hipsografia, hidrografia, planimetria e vegetação, suas feições e subfeições,
ficando apenas por definir a exclusão ou inclusão dentro da elaboração do mapa. Para a
cartografia temática, cada objetivo de mapeamento poderá gerar diferentes hierarquias, devendo
naturalmente fazer parte do processo de construção do mapa.
A classificação quantitativa elabora uma forma de representação hierárquica, seja ordinal
ou pela definição de intervalos de classe. A apresentação de mapas coropléticos é um bom
exemplo desta classificação.
A aglutinação ou agregação compõe um fenômeno pôr suas partes constituintes.
Ocorrências em setores censitários, ou bairros, podem ser aglutinados para uma apresentação pôr
regiões administrativas pôr exemplo, em uma cidade.
221
- deslocamento de pontos, linhas e áreas.
9.2.4.1 - Eliminação
É a função mais simples da generalização, pois efetua simplesmente a remoção da
informação e em conseqüência, da representação gráfica da feição selecionada. Não realiza
nenhum tipo de transformação geométrica efetivamente.
É uma conseqüência direta do fator de escala da transformação, onde pequenas áreas,
linhas e feições pontuais, podem perder a significância, ou mesmo tornar menos legível a leitura
gráfica, sendo portanto eliminadas, para clarificar o conjunto.
Figura 37 – Eliminação
A figura 38a mostra uma redução a escala constante e a figura 38b, com uma variação de
escala.
Figura 38 a – Simplificação à mesma escala
222
Figura 38 b – Simplificação em escala variável
A simplificação de
linhas é desenvolvida
segundo técnicas variadas,
desde uma seleção arbitrária
de pontos, até a utilização de
algoritmos de eliminação
global, local ou de banda. Um
dos algoritmos mais
utilizados é devido a
DOUGLAS & PEUCKER,
onde uma divisão sucessiva
da linha elimina os pontos
que mais se afastam,
conforme pode-se observar na figura 39.
223
Estes elementos separadamente não teriam
significação em uma escala pequena, porém reunidos
passam a mostrar uma área ou um grupo significativo.
Figura 41 – Aglutinação
9.2.4.5 - Redução
A redução define a operação que efetua uma transformação de geometria entre o objeto
original e o objeto generalizado. Normalmente é uma transformação obrigatória com a redução
de escala muito acentuada, como por exemplo, transformar uma feição planar, como a área de
uma cidade para um objeto pontual, em uma escala em que a representação de área não tivesse
representatividade.
9.2.4.6 - Exagero
A operação consiste em exagerar propositalmente as dimensões do objeto representado,
uma vez que a redução de escala, na maioria das vezes apresenta o objeto sem as dimensões
reais. Por exemplo, uma estrada de 7 metros de
largura, tem essa dimensão em uma escala 1: 50
000, reduzida a 0,14 mm, porém a sua
especificação é de uma linha próxima a 1mm de largura
Figura 12 – Exagero
9.2.4.7 - Deslocamento
A necessidade do deslocamento está no fato de existir, devido inclusive a outras operação
de generalização, problemas de superposição entre objetos cartográficos. O tratamento do
deslocamento muitas vezes não é simples, devido à necessidade de estabelecer uma prioridade de
aplicação ou de hierarquia entre os objetos representados. Um exemplo bastante elucidativo na
cartografia de base, diz respeito ao deslocamento entre duas estradas que correm paralelamente,
uma rodovia e uma ferrovia, onde uma delas terá que ser deslocada em relação a outra, para não
prejudicar a clareza de leitura do mapa.
224
Figura 43 - Deslocamento
225
226
Toda generalização a ser efetuada deve seguir princípios bem definidos, para que não se
perca qualidade, clareza e precisão do documento a representar.
Conceito de
Generalização
3- Princípio de simbolização
227
A alteração da classificação dos objetos e feições, por exemplo, passando-se de área à
ponto, a generalização tem que atingir todos os elementos envolvidos.
A supressão de classe, por outro lado, leva a um outro conceito de generalização. Existe a
possibilidade inclusive de perda do equilíbrio.
4- Visualização
Por este princípio, sé se pode agrupar elementos que sejam vizinhos. Se existir uma
separação por meio de outros objetos, não podem ser grupados.
5- Semelhança
Se possível, deve-se sempre seguir o princípio de preservação das formas. Existirá uma
degradação das formas, porém deve ser próxima à forma original.
6- Equilíbrio
O equilíbrio em um mapa é caracterizado por estabelecer prioridades sobre os elementos
a representar. Se todos tiverem o mesmo peso, não poderá haver uma prioridade visual sobre
nenhum dos elementos.
Em cartas temáticas porém, o equilíbrio será dado pela priorização da visualização sobre
o tema a representar.
10.1 - Introdução
228
A simbolização ou a definição dos símbolos e convenções cartográficas que representarão
as informações geográficas em um mapa ou carta, é a última das transformações cognitivas que
serão submetidas a informação geográfica.
Uma das grandes vantagens de um documento cartográfico é a sua universalidade. Na
realidade ele não precisaria ter uma linguagem escrita padronizada, para que pudesse ser
interpretado, ou seja, a interpretação de um mapa poderia ser realizada, em princípio, sem que se
conheça totalmente a linguagem escrita, reconhecendo-se apenas a linguagem gráfica associada.
Por outro lado, o mapa fornece uma visão global de uma região, facilitando a sua
memorização, uma vez que é, com as limitações inerentes, uma imagem generalizada do terreno.
Caracteriza-se portanto um mapa, como uma linguagem peculiar de comunicação, que
permite a comunicação de informações por este meio. Como qualquer linguagem, (e
especificamente é uma linguagem gráfica), utiliza símbolos para poder traduzir uma idéia ou um
determinado fenômeno. Assim, pela associação de símbolos, chega-se perfeitamente a uma
analogia e mesmo a comparação de fenômenos.
Desta forma o mapa registra o fenômeno e em conseqüência a informação que o traduz,
logo pode ser considerado um inventário dos fenômenos representados. Por ser um documento
informativo tem que ser completo, ou seja, tem que ser fiel àquilo que se deseja representar. Isto
pode, de uma certa forma, prejudicar a legibilidade, o que deve ser o mais possível evitado, ou
seja, tem-se ao mesmo tempo registrar a informação e o menos possível prejudicar a
legibilidade.
Logo, a informação deve ser tratada para poder representar o fenômeno de acordo com
essas características. Não deve apenas registrá-lo, sob pena de não representar o fenômeno de
forma coerente, criando-se uma simbolização ou convenções, que traduzam com fidelidade a
informação cartográfica representada no mapa.
Ao nível do tratamento da informação, pode-se dar um tratamento qualitativo ou
quantitativo à informação, o que permitirá a sua sintetização, visando facilitar a comunicação.
A comunicação com o usuário deve ser clara, legível e nítida. Uma boa carta pode até ser
lida sem legendas, porém necessita da legenda para uma interpretação mais aprofundada.
Existem diversas formas de simbolizar ou codificar dados geográficos, seus conceitos e
relacionamentos, porém atribuir um significado específico aos vários tipos de símbolos, suas
variações e suas combinações, é apenas o primeiro dos dois passos de um projeto gráfico. O
segundo passo é dispor os símbolos e códigos de forma que o usuário os veja de forma que o
cartógrafo quer que sejam vistos, ou seja, pela atribuição de um significado próprio e pela
disposição e apresentação da simbologia adotada.
229
Pode-se então estabelecer, que símbolos e conveções cartográficas são os elementos que
se dispõe para representar cartograficamente a informação geográfica, dentro de uma linguagem
gráfica pré-estabelecida.
O objetivo de um mapa geral é exibir uma variedade de informações geográficas e pelo
menos em teoria, nenhuma classe deve ser mais importante que outra. Um mapa temático por
sua vez, tem interesse principal em apresentar a forma geral ou a estrutura de uma dada
distribuição espacial ou combinação delas. O relacionamento estrutural de dada parte com o
todo é que tem importância. É uma espécie de ensaio gráfico relacionado com as variações
espaciais e relacionamentos com algumas distribuição espacial. Os objetivos e problemas de
mapas gerais e temáticos são portanto bastante diferentes.
230
A classe nominal traduz as informações qualitativas, possuindo portanto todas as suas
características. A classe ordinal associa-se às distribuições quantitativas que não são
representadas por valores dimensionais, mas por uma hierarquização de importância ou
priorização apropriada. As classes de intervalo e razão associam-se às informações quantitativas
valoradas, sendo as de intervalo traduzidas por valores dentro de uma faixa contínua de
ocorrência e a de razão, representadas por valores obtidos de associações ou relacionamentos
entre dois ou mais elementos. Por exemplo a representação de altitudes por curvas de nível são
intervaladas e a densidade demográfica associa-se às representações por razão - habitantes/km2.
a) - Símbolos Pontuais
São convenções individuais, tais como pontos, triângulos etc, usados para representar um
lugar ou dados de posição, tais como uma cidade, uma cota, o centróide de uma distribuição, ou
um volume conceitual, como a população de uma cidade.
Mesmo que a convenção possa cobrir uma pequena área do mapa, pode ser considerada
um símbolo pontual quando conceitualmente refere-se a uma posição geográfica de ocorrência.
b) - Símbolos Lineares
São convenções lineares, para representar elementos que têm características de linhas, tais
como cursos d’água, rodovias, fluxos, limites etc.
Não significa que representem porém só elementos lineares, por exemplo, a representação
de curvas de nível permite que se extraiam informações de volume.
c) - Símbolos Zonais, de Área ou Planares
São convenções que se estendem no mapa, caracterizando que a área de ocorrência tem
um atributo comum, por exemplo: água, jurisdição administrativa, tipo de solo ou vegetação.
231
232
Usado desta forma, uma convenção de área é graficamente uniforme e cobre toda área de
representação do fenômeno.
Figura 10.1 – Classificação por classes de observações e por características gráficas
Estrada Áridas
min
M aior M enor
Grande Auto-estrada
inal
Federal
M édio
Estadual
Ord
Pequeno Vicinal
Fonte poluidora
Repetição Coropletas
Cada ponto vale Isaritmas
-
75 pessoas
alo
Ra Interv
Valorados Valorados
Unidimensional Hachuras
zão
Bidimensional
Fluxos
Círculos, quadrados
triângulos etc
Isopletas
233
Variáveis Gráficas
Cor
Valor
Tamanho
Forma
Espaçamento
Orientação
Posição
a) - Cor e Valor
São duas variáveis interligadas. Para uma escala monocromática o valor varia do branco
ao preto. Só é visível em símbolos robustos. Para símbolos pequenos, a variação de valor
(saturação) não é distinta.
Também é valido para as cores. Não deve-se escolher muitas cores para não confundir e
desequilibrae uma representação. Devem ser poucas e contrastantes.
A cor traduz fenômenos quantitativos quando é usada apenas uma cor em seus vários
matizes. Cores diferentes vão expressar fenômenos qualitativos.
A variável possui características controvertidas e complexas. Existem fatores para o
estudo da cor, que muitas vezes são divergentes entre si, fazendo com que tenham que ser
considerados inicialmente isolados, para depois serem observados em conjunto. São os seguintes
fatores ou aspectos a considerar:
- físico;
- fisiológico;
- subjetivo;
234
- simbólico;
- estético.
Estas são as cores que pode combinar. Em termos de sistemas de cores, os mais utilizados
são o RGB (red, green e blue) para computação, e o CMY (cian, magenta e yellow), aditivo e
subtrativo respectivamente.
O RGB tem um emprego maior junto com o HIV (hue, intensity, value) para emprego
computacional, enquanto que o CMY para emprego topográfico.
Deve ser levado em conta o efeito da luz branca (ou outra) sobre o documento que será
R C
G 0 M
B Y
gerado.
Hierarquia Cromática
É a ordem de percepção das cores. Por exemplo, o preto é logo notado, enquanto que o
amarelo é das últimas cores a serem percebidas. Reserva-se ao preto detalhes importantes,
enquanto ao amarelo os de pouca importância. Nota-se melhor:
- preto no branco;
235
- preto no amarelo;
- vermelho no branco;
- verde ou azul no branco;
- branco no vermelho;
- amarelo no preto;
- branco no azul ou verde.
Tom ou cor são sinônimos, caracteriza as diferentes cores dentro de cada sistema. É
estritamente qualitativa em termos de representação de fenômenos. Pode no entanto representar
quantificações desde que não dêm margem a dúvidas sobre que tipo de representação está sendo
apresentada.
Valor, também chamado de brilho, corresponde à luminosidade da cor, devido ao grau de
reflectância da cor, dependendo do seu comprimento de onda e da diluição do branco em
proporção variável.
azul - vermelho
verde - laranja
violeta - vermelho roxo
Por saturação entenda-se a relação entre a cor pura e a mesma cor diluída no branco. A
cor pura será 100% saturada.
236
A partir dessas características pode-se ordenar quantitativamente um fenômeno através da
definição de uma escala monocromática com variações de saturação de cor.
Ex.: vermelho puro - 100%; com 25% de branco; com 50%, com 75%.
O branco é normalmente usado para representar ausência do fenômeno.
A escala monocromática de cinza também pode ser utilizada em percentuais de diluição
que permitam uma boa definição da sua variação:
preto - 100%; 23% branco; 48%; 78%.
Pode-se também definir uma representação quantitativa utilizando-se de uma ou outra
banda do espectro, incluindo-se o amarelo em cada uma delas. Não é aconselhável misturar as
duas bandas ara uma representação única quantitativa.
Para esta consideração, deve-se levar em conta a intensidade da fonte luminosa: sob luz
normal a maior sensibilidade do olho humano é ao amarelo. Se a luz for fraca é deslocada para o
verde, resulta que a cor azul é vista mais clara que o vermelho, apesar de terem valores iguais.
Quando se quiser um bom contraste, deve-se usar uma próxima à escala da direita do espectro
eletromagnético.
Em relação às cores acopladas, o olho humano é mais apto a reconhecer 2 saturações
próximas que estejam vizinhas, do que quando estiverem em duas regiões afastadas. Todavia
todas as cores são notadas com maior ênfase se limitada por preto ou visualizadas sobre um
fundo claro. As cores de maior valor avivam as de menor valor.
Ex.: vermelho junto do verde, este é avivado;
azul → laranja
237
Aspecto Estético
É uma preocupação secundária, mas também deve ser considerada. O usuário é sensível
ao aspecto estético e de beleza. O documento deve ter uma estética no mínimo funcional.
b) - Forma
É uma variável ilimitada. É uma característica gráfica definida pela aparência:
- regular - triângulo, círculo;
- limite de uma área irregular: ilha ou estado;
- contorno de uma feição linear.
Apesar de ser na teoria ilimitada, na prática deve ser limitada, com figuras de formas
conhecidas e fáceis de serem diferenciadas uma das outras.
Figuras de mesma área (círculos, triângulos, quadrados) darão relação de equivalência e
não de classificação.
c) -Tamanho
Fornece uma informação quantitativa sobre a ocorrência do fenômeno. Pode
excepcionalmente representar idéias qualitativas
.
d) - Orientação
Refere-se à disposição direcional dada à variável. Deve haver uma referência (reticulado,
borda do mapa), para a modificação da disposição.
238
Não é permitido a todas as variáveis, como por exemplo o círculo.
As variáveis podem ainda ser combinadas entre si, criando-se novas formas de símbolos,
por exemplo:
- formas diferentes de mesma área;
- formas e dimensões;
- formas e cores diferentes;
- dimensões diferentes e cores diferentes;
- todas com orientações.
e) - Espaçamento
Quando um símbolo é definido por uma arranjo de outros componentes (pontos ou
linhas), o seu espaçamento pode ser variável, qualificando ou quantificando. Por exemplo:
Saturação (valor)
Idéia de saturação → quantificação para determinadas ocorrências
(vegetação)
Qualificação → sem quantificação áreas diferenciadas por
textura visível sem diferenciação de intensidade. Espaçamento
regular (linhas/pontos).
f) - Posição
O posicionamento no campo visual, o plano do mapa, é geralmente aplicado apenas aos
componentes que podem ser movidos, tais como títulos, legendas e toponímia.
239
A posição da maior parte dos símbolos e convenções são prescritas pela ordenação
geográfica dos dados e são suscetíveis de alteração, apenas por mudanças de projeção ou
deslocamentos dentro da área do mapa, para melhorar a legibilidade.
240
A escolha das convenções então deve ser guiada através de uma análise criteriosa dos
fatores apresentados, bem como sobre a escala do documento cartográfico.
Para os fenômenos pontuais, os símbolos devem sempre que possível conservar os limites
e as formas. Não sendo possível, deve pelo menos ter uma forma que lembre estes limites.
O aproveitamento de uma mesma forma para gerar símbolos deve ser estabelecida
levando em consideração os limites estabelecidos.
Para os fenômenos lineares, conserva-se sempre que possível o alinhamento original,
variando-se a largura da convenção e a espessura do traço.
Para os fenômenos zonais, a convenção irá recair em estrutura e textura, seja de cor ou de
padronagem gráfica, que represente a área que o fenômeno cobre.
XY = 1 M2
Partindo-se da base tem-se todos os tamanhos.
241
A3 297 mm 420 mm 0,125 m2
A4 210 mm 297 mm 0,0625 m2
A5 148 mm 210 mm 0,0313 m2
242
I - texto muito próximo da borda do mapa.
243
11 - CARTOGRAFIA TEMÁTICA E ESPECIAL
11.1 – Introdução
Estas duas áreas da Cartografia podem ser estudados em conjunto, pois traduzem a
representação de fenômenos específicos.
Ambas têm a cartografia de base como suporte para as suas representações, porém o
objetivo não é apenas a representação do espaço fisico, mas a representação dentro de um
espaço físico delimitado, de temas específicos e determinados, que terão então, uma prioridade
dentro da imagem do mapa.
Quaisquer fenômenos, sejam físicos, sociais, biológicos, políticos, etc, que tenham uma
vinculação com o espaço terrestre, sendo georeferenciados, serão passíveis de serem
representados. Dessa forma, fica caracterizada a diversificação de temas que poderão ser
envolvidos.
Cartas Meteorologicas
244
Um exemplo de cartas meteorológicas são as cartas sinóticas, pois apresentam um aspecto
resumido da dinâmica do tempo.
Em geral são cartas elaboradas em projeções conformes, por terem necessidade de
conservação das direções. Visualizam a direção dos ventos, movimentos de frentes frias, áreas
de alta e baixa pressão, com o objetivo de facilitar a previsão do tempo de uma área geográfica.
Consta de uma base cartográfica estática da área a ser visualizada e sobre ela são atualizadas as
informações meteorólogicas de tempos em tempos.
245
Atualmente as informações recebidas por satélites meteorológicos atualizam os
movimentos de nuvens,
diretamente em tempo real,
gerando mapas eletrônicos de
atualização constante.
As cartas sinóticas são de
âmbito continental. No caso
brasileiro, abrangem desde a
Argentina até a parte inferior da
América Central.
Os dados dos satélites são
complementados pelos dados das
estações meteorológicas terrestres,
sendo gerados com essas
informações, mapas com
informações de pressão,
temperatura, etc.
Não confundir as cartas
sinóticas com as cartas
climatológicas, que são apenas
cartas temáticas de informação climatológica.
Cartas Náuticas
São também elaboradas em projeções conforme (Mercator) ou Gnomônica.
O detalhamento da carta náutica é exclusivamente desenvolvido para a parte de batimetria
e detalhamento dos acidentes da hidrografia. O litoral é estabelecido com a maior precisão
possível. Além do detalhamento da linha de costa e acidentes como, rochedos, baixos canais de
navegação etc, as sondagens da área marítima, lacustre e fluvial, caracteriza o principal interesse
da carta náutica.
A posição de sondagem é definida pelo centro de mensuração, apesar de não ser
mostrada. Entre os pontos de sondagem são traçadas as linhas de mesma profundidade ou
ISÓBATAS. Não é definida uma eqüidistância entre elas, sendo traçadas apenas as que
realmente interessam próximas a portos, canais, litoral, em relação ao calado das embarcações.
São mapas e cartas que necessitam de constante atualização (3 a 4 anos), sendo que as
cartas náuticas de rios são ainda mais dinâmicas (1 a 2 anos).
246
O trabalho é orientado e gerenciado por convênios internacionais, sendo o Brasil
responsável pela Cartografia náutica de sua costa e de todo o Atlântico Sul.
Ainda como exemplo de outros tipos de cartas especiais, pode-se citar:
- cartas aeronáuticas nas suas diversas aplicações: pilotagem, aeroportos, obstáculos,
aproximações, aerovias etc;
- cartas de pesca;
- carta de encostas etc.
247
- Cartografia de Síntese
É a mais difícil e complexa, pois exige alto conhecimento técnico e pensamento
subjetivo. Representa a correlação, cruzamento, função ou interligação de fenômenos,
permitindo a partir de uma análise de inter-relacionamentos, conclusões sobre sua dinâmica, bem
como estabelecimento de novas informações que tenham por base esta mesma dinâmica.
Reúne a informação de vários documentos, fundindo-as em uma só, resultado de união,
cruzamentos, diferença e outras operações sobre as possíveis ligações entre as informações.
Essas operações, de forma genérica podem ser expressas por:
- dupla contabilidade, reduzida a uma diferença. Ex.: movimento de entrada e saída de
um porto;
- por simbologia própria estabelecida
- por construção matricial, interligando-se todas as possibilidades. Ex.: correspondência
de elementos de uma série temporal com os elementos de outra série temporal ;
- agrupamento e cruzamento de fatores de fatores em um quadro lógico. Ex.: temperatura,
precipitação, umidade relativa, vegetação, solos, declividade, etc.
Deve ser observado, que neste tipo de estudo, o que importa é a análise do inter-
relacionamento dos fatores, visando gerar uma informação pré-determinada, que só é possivel
obter através de um estudo integrado de todos os fatores em conjunto, ou seja, o objetivo tem
que ser definido antes, para depois serem definidos que fatores ou elementos que terão que ser
relacionados para permitir atingir os objetivos propostos.
Com o desenvolvimento da computação, a informação geográfica é manipulada de forma
racional através da tecnologia dos Sistemas de Informações Geográfica, (SIG/GIS), os quais
utilizam a cartografia como ferramenta para a visualização das informações.
Estes sistemas são baseados em computador, que permite a aquisição, tratamento,
gerenciamento, análise e exibição da informação geográfica.
As informações geográficas são definidas através do seu relacionamento à uma base
cartográfica, pelos seus dados de posição, atributos e variação temporal, conforme pode-se ver
na figura.
Para cada tipo de informação, estabelecem-se camadas que possuem a mesma posição
geográfica. Deste forma é possível efetuar-se o cruzamento destas informações e a sua análise
subsequente.
O assunto de Sistemas de Informação Geográfico é extenso, e por si só justifica um curso
específico.
248
Qualquer mapeamento temático qualitativo poderá em princípio ser qualificado como um
mapeamento de inventário. O objetivo deste tipo de mapeamento é apresentar o posicionamento
geográfico do fenômeno a mapear, podendo assim caracterizar-se mapeamentos pontuais,
lineares e planares.
Os processos de representacão serão definidos principalmente pela simbolização ou
convenções que serão atribuídas aos elementos, visando principalmente apresentar a sua área de
ocorrência, através de símbolos e convenções que venham a expressar a sua característica
gráfica.
Abaixo estão listados alguns exemplos de mapas de inventário:
- Mapa Fitogeográfico: representa a associação de vegetação, mapeamento qualitativo de
área;
- Mapa Geológico: mostra afloramentos, falhas, mergulhos de camadas, direções, eixos
de anticlinal e sinclinal, uma mistura dos três elementos gráficos, com ocorrências pontuais,
lineares e planares;
- Mapas de Mineração: mostrando as ocorrências de minerais em uma região, planar;
- Mapas Pedológicas: apresentam a distribuição horizontal e composição dos solos.
1) Processos de Representação
a) Mapas de pontos
Estabelece-se um valor para um ponto isolado, e a distribuição de pontos, com a sua
densidade mostrará como o fenômeno mapeado está caracterizado.
Em princípio o ponto não tem dimensão, mas faz-se a correlação para o fenômeno a
representar. Representar um único fenômeno (gado, produção, população, etc).
A locação dos pontos pode ser regular ou irregular conforme a sua ocorrência. A locação
regular só é aceita no desconhecimento da localização da ocorrência.
A dimensão do ponto tem que ser considerada em relação à quantificação do fenômeno.
249
Na figura, o mapa 1 representa um desenho que um ponto tem um valor muito pequeno e
cada ponto representa uma grande quantidade de informação caracterizando-se uma dispersão e
uma densidade irreal;
Mapa 2
Mapa 1
1 Ponto = 150 000 hab
1 Ponto = 1 500 000 hab
1 ponto = 0,3 mm
1 ponto = 0,3 mm
O mapa 2 já apresenta com o mesmo tamnho de ponto uma menor qunatificação para o valor de
um ponto, apresentando uma distribuição mais densificada.
No mapa 3 os pontos são pequenos em dimensão, atribuido um valor muito pequeno
gerando um padrão de preenchimento, que também pode não expressa a verdader, criando áreas
muito densas.
No mapa 4 a dimensão foi superdimensionada, atribuindo-se uma quantificação média
fornecendo uma impressão errada de densidade, apesar inclusive de haver surgido coalescência.
250
251
O mapa 5 apresenta a mesma situação de tamanho do ponto, associado à uma
quantificação baixa para o ponto.
Mapa 3
Mapa 4
1 Ponto = 10 000 hab
1 Ponto = 150 000 hab
1 ponto = 0,3 mm
1 ponto = 1 mm
Mapa 5
1 Ponto = 10 000 hab
1 ponto = 1 mm
m
em c s
onto
A
tre p
ZON
DE
as en
COA
LES
CÊN
ânci
CIA
Dist
em cm
ontos
s entre p
ncia
Distâ
- todos os símbolos de mesma cor, quaisquer que sejam suas características. são vistos
como pertencentes a um mesmo fenômeno;
- diferenciação de cor ou tonalidade estabelece diferenciação qualitativa;
- mesma cor, com diferente saturação e mesma simbologia, define uma representação
quantitativa.
c) - Coropletas
De “choros”- lugar e “plethas” - valor, são mapas que representam dados coletados para
unidades administrativas ou áreas previamente definidas para representá-los. Usam-se cores ou
padrões determinados para representar as classes de ocorrência dos fenômenos.
Para a representação dos fenômenos, pode-se combinar propriedades quantitativas de cor
ou padrões e dimensões, com propriedades de ordem (valor visual), aplicando em cada unidade
uma estrutura de característica constante ou irregular, relacionando a área com a ocorrência do
fenômeno. Por exemplo a densidade demográfica, taxas de natalidade, produção de bens, etc.
253
Pode-se estabelecer também escala de cinza, com poucas classes (máximo 5), de escala
de cores ou de padrões diversificados.
As figuras mostram alguns tipos de mapas coropléticos,
c) - Representação de Fenômenos Quantitativos por Símbolos Proporcionais
A vantagem deste método é fornecer informações sobre a localização espacial do
fenômeno bem dar uma idéia com razoável precisão de sua quantificação.
Pode-se associar figuras de duas dimensões ou três dimensões, cujas áreas ou volumes
sejam proporcionais às quantidades representadas.
Os símbolos escolhidos devem ser sempre o de construção mais fácil (quadrados,
triângulos e círculos), em termos geométricos. O círculo é a figura de mais fácil
desenvolvimento, sendo uma boa escolha na maior parte dos casos.
254
Por outro lado o círculo tem um problema de visualização: a representação de círculos
maiores será facilmente diferenciada, pois o olho humano não faz boa comparação sem uma
referência linear. Assim, os círculos maiores deverão ser sempre aumentados, sem alterar o valor
dos círculos pequenos, criando-se uma representação quantitativa e matematicamente errada.
Nestes casos utiliza-se uma tabela de aumento logaritmo.
255
Em relação às figuras de 3 dimensões, estas são de desenho mais difícil e também a sua
comparaçãol.
Admite-se que para se representar um fenômeno por isaritma, este tenha que ter uma
progressão regular e contínua sobre a superfície terrestre, não podendo ter discrepâncias fortes
ou descontinuidades. Admitem sondagens isoladas, para uma determinação por amostragem do
fenômeno, deduzindo-se depois a sua continuidade sobre a supefície de desenvolvimento.
Este processo aplica-se melhor a fenômenos físicos do que para humanos, por serem mais
regulares. Por outro lado, o fenômeno deve ser contínuo, ou seja, ele deve ter uma distribuição
sobre a superfície terrestre, não podendo sofrer descontinuidades.
Os softwares cartográficos mais completos permitem a representação de fenômenos
contínuos por isaritmas.
7 . 0 0
6 . 0 0
5 . 0 0
4 . 0 0
3 . 0 0
2 . 0 0
1 . 0 0
0 . 0 0
0 . 0 0 1 . 0 0 2 . 0 0 3 . 0 0 4 . 0 0 5 . 0 0 6 . 0 0 7 . 0 0 8 . 0 0 9 . 0 0
e) - Isopletas
256
Os mapas de representação por isopletas, têm origem nos mapas de isolinhas ou isarítmas,
porém mostram distribuições de classes de ocorrências de valores. Um bom exemplo de um
mapa de isopletas, são os mapas de cores hipsométricas, onde não existem curvas de nível, mas
áreas de ocorrência de classes de altitudes.
Da mesma forma, para fenômenos contínuos, pode ser atribuída este tipo de
representação. A ocorrência do fenômeno é dividida em classes e cada classe será agrupada em
uma área, delimitada por curvas delimitantes. Deve-se ressaltar que estas curvas limitantes não
são isolinhas; apenas delimitam a área de ocorrência de uma determinada classe.
A diferença principal entre um mapa de isolinhas e um de isopletas, está no fato da
isolinha ser quantitativa por excelência, permitindo interpolar valores entre as curvas, o que não
ocorre com as isopletas. Nestas apenas se sabe que na área ocorre o valor, mas não se sabe onde
realmente ele ocorre. Desta forma fica-se impossibilitado de obtenção de valores precisos.
7 . 0 0 7 . 0 0
6 . 0 0 6 . 0 0
5 . 0 0 5 . 0 0
4 . 0 0 4 . 0 0
3 . 0 0 3 . 0 0
2 . 0 0 2 . 0 0
1 . 0 0
1 . 0 0
0 . 0 0
0 . 0 0 0 . 0 0 1 . 0 0 2 . 0 0 3 . 0 0 4 . 0 0 5 . 0 0 6 . 0 0 7 . 0 0 8 . 0 0 9 . 0 0
0 . 0 0 1 . 0 0 2 . 0 0 3 . 0 0 4 . 0 0 5 . 0 0 6 . 0 0 7 . 0 0 8 . 0 0 9 . 0 0
f) - Traçado de Isolinhas
O traçado sempre se fará por interpolação linear, ponderada ou não, seja por computador
ou manualmente.
257
Existe um processo aplicado tanto manual, como computacionalmente. O algoritmo
computacional é bem mais complicado, pois estabelece a ponderação para eleição dos pontos
vizinhos e determinação de triângulos.
É definida uma rede regular, com os seus pontos de interseção bem definidos. Os pontos
de amostragem, por critérios de vizinhança, distância, e ponderação estabelecem o valor para
cada um dos pontos de interseção.
Uma vez valorados os pontos, é feito o traçado de forma semelhante ao anterior. Quanto
menor a malha mais preciso o trabalho. Em oposição, será mais trabalhoso de ser executado
7 . 0 0
6 . 0 0
5 . 0 0
4 . 0 0
3 . 0 0
2 . 0 0
1 . 0 0
0 . 0 0
0 . 0 0 1 . 0 0 2 . 0 0 3 . 0 0 4 . 0 0 5 . 0 0 6 . 0 0 7 . 0 0 8 . 0 0 9 . 0 0
258
12 GRÁFICOS, DIAGRAMAS E CARTOGRAMAS
12.1 - Definições
Gráficos ou diagramas são representações gráficas ou geométricas de dados,
caracterizando a estrutura ou a evolução de um fenômeno. A estrutura mostra o esquema
comportamental do fenômeno, por exemplo, uma pirâmide de idade é um diagrama de estrutura
porque mostra o comportamento da idade de uma população. A evolução por sua vez é a
visualização quantitativa do fenômeno no tempo, por exemplo a precipitação anual, aumento de
população, produção em um espaço de tempo etc.
Um cartograma é a representação de dados estatísticos em mapas esquemáticos ou não,
incluindo as representações isarítmas, coropléticas, fluxos, pontos, tridimensionais prismáticas
etc.
Qualquer fenômeno pode ser representado em palavras, números e gráficos. A exposição
por palavras diz-se descritiva, a numérica é definida como tabelas, sendo apresentada por
tabelas, e os desenhos representam a apresentação gráfica.
12.2 - Constituição
Genericamente os gráficos podem ser construídos segundo o sistema de coordenadas
cartesianas, ou ainda segundo o sistema de coordenadas polares.
Y
α
P
O X O d
259
Figura 12.1 - Sistemas de Coordenadas usados em gráficos: cartesiano e polar
No sistema cartesiano é usado apenas o quadrante positivo.
100
80
60 Leste
Oeste
40
Norte
20
0
1° Trim. 2° Trim. 3° Trim. 4° Trim.
260
Figura 12.2 - Exemplo de gráfico poligonal
Construção do Gráfico
Parte-se de dados tabelados, sendo que uma coluna é relativa à série temporal e a outra
relativa ao fenômeno que se deseja visualizar. Por exemplo, a tabela abaixo mostra o número de
imigrantes que entraram no Brasil, agrupados por décadas.
ANO NÚMERO DE
IMIGRANTES
1860 140.000
1870 120.000
1880 170.000
1890 450.000
1900 1.200.000
1910 700.000
1920 800.000
1930 850.000
1940 165.000
1950 110.000
Tabela 1 - Dados de Imigração
261
Número de Imigrantes no Brasil
Escala de Equivalência
(mil Hab) Escala Vertical
1 cm = 200 mil Hab
1200 Escala Horizontal
1100 1cm = 10 anos
1000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
Anos
1860 1870 1880 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950
Construção
Para um gráfico em barras é construída uma barra variando apenas o comprimento
proporcional a área, que é o atributo de comparação (variável dependente).
As barras podem ser separadas ou juntas. Uma melhor visualização é dada pelas barras
separadas entre si, por intervalos regulares. A relação ideal largura/altura é de 5 ou 7/4. A figura
abaixo mostra a representação do gráfico.
O gráfico em colunas, oriundo da mesma tabela pode ser visualizado abaixo.
Nordeste
Sudeste
3000
2000
1000
263
Não
Geral Intermediários Duráveis
Duráveis
264
A construção é simples e rápida, porém os cálculos são demorados se feitos
manualmente. Sendo um gráfico de áreas, estas devem ser traduzidas em percentagens para uma
melhor legibilidade do gráfico.
Figura 12.8 - Gráfico de Círculo
Sudeste Sul
Nordeste 10,85%
6,77%
18,35%
Centro- Norte
Oeste 41,99%
A tabela 4 mostra dados sobre a área das regiões que devem ser mostradas em um gráfico
circular.
Para o cálculo das percentagens (área relativa) foi usada a seguinte regra de cálculo:
Areadaregi aox 100
%=
Areatotal
As barras podem ser subdivididas para mostrar a composição da população (urbana, rural etc).
266
12.3.7 - Gráfico Polar
O gráfico polar é baseado no sistema de coordenadas polares; tem grande aplicação na
análise de séries mensais.
Sua construção é desenvolvida de forma contrária a do gráfico em setores. A coordenada
angular é constante, variando a coordenada linear, de acordo com a parcela.
As extremidades das coordenadas lineares são ligadas posteriormente para acentuar um
contorno, confrontando com um círculo traçado no próprio gráfico, que pode ter significados
diversos (média das ocorrências mínima, máxima ou qualquer outro valor de comparação).
A tabela 5 mostra dados de freqüência de alunos.
Meses Frequência
Março 79
Abril 74
Maio 80
Junho 77
Agosto 83
Setembro 73
Outubro 65
Novembro 59
267
12.3.8 - Gráficos Triangulares
São gráficos específicos para representar três variáveis expressas em percentagem. Esses
gráficos são empregados para indicar composição de valores, solos, etc, mas podem ser
empregados em qualquer divisão tríplice.
A figura 12.13 mostra uma composição de agregados.
Em relação a uma outra divisão tríplice, um fenômeno com 3 características de
população, por exemplo, jovens, adultos e velhos, mostrando a distribuição de diferentes países.
Também podem caracterizar para um país, características de população em 3 diferentes
anos. Permite também a análise de tendências, pois visualiza um aspecto evolutivo do fenômeno.
268
Figura 12.14 - Gráfico pluviométrico
12.3.10 - Histograma
Qualquer distribuição de freqüência, seja relativa ou absoluta tem como representação
gráfica os histogramas.
Um histograma então é a representação gráfica de uma distribuição de freqüência,
definida por retângulos (barras) cujas áreas são proporcionais à freqüência absoluta ou à
freqüência relativa da distribuição. Se o gráfico for relativo à freqüência absoluta, o somatório
das áreas, ou seja, a área total, tem que ser proporcional também ao somatório das freqüências
absolutas. Se o gráfico for relativo à freqüência relativa, o somatório das áreas deve ser igual a
1, pois o somatório das freqüências relativas tem que ser igual a unidade também.
Observe-se que seja através de uma ou outra representação, a aparência do gráfico é a
mesma. Não existe alteração de aparência, pois representam a ocorrência do mesmo fenômeno.
Para a construção de um histograma pode-se seguir o esquema abaixo:
- traçar os dois eixos coordenados X e Y;
- marcar no eixo das abcissas X os intervalos de classe que pertencem à distribuição;
- construir, tendo por base cada intervalo de classe, retângulos justapostos, que tenham
para a altura (ordenada), as freqüências das classes, ou valores proporcionais, se os intervalos
forem todos iguais.
Se os intervalos forem diferentes, torna-se para a altura, as freqüências divididas pelo
valor do intervalo de classe.
Para a construção para a freqüência relativa, age-se de forma semelhante levando-se em
conta agora a freqüência relativa.
A tabela 6 mostra uma distribuição de freqüência e o gráfico correspondente está na
figura 12.15.
Notas No de Alunos
0-1 1
1-2 2
2-3 1
3-4 2
4-5 3
5-6 10
6-7 12
7-8 18
8-9 30
9 - 10 3
Total 83
269
Tabela 6 - Número de Alunos por Classe de Notas
270