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Principios Fisicos: Hidroterapia

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Lafi-ReaCom

PRINCPIOS FSICOS QUE FUNDAMENTAM A HIDROTERAPIA


PHYSICAL PRINCIPLES OF HYDROTERAPY

Ftima A. Caromano*, Jean Paulus Nowotny**

*Profa Dra Curso de Fisioterapia da USP, ** Fisioterapeuta


Este artigo o primeiro de uma serie de 3 artigos. Os seguintes sero publicados nas edies de jan/fev
e maro/abril de 2003.

RESUMO:

Este artigo fornece uma viso geral dos aspectos fsicos que influenciam a imerso e o movimento do corpo
humano na gua e descreve sua implicaes para a hidroterapia.
PALAVRAS CHAVES: fsica, hidroterapia, fisioterapia.
ABSTRACT:

This article supplies a general vision of the physical aspects that influence the immersion and movement of
the human body during immersion in the water and describes its implications for the hydrotherapy.
KEY WORDS: physics, hydrotherapy, physiotherapy.

Fisioterapia Brasil - volume 3 - nmero 6 - nov/dez de 2002

poolterapia.c o m . b r

L a f i - R e a C o m

INTRODUO
A hidroterapia um dos recursos mais
antigos da fisioterapia, sendo definida como o
uso externo da gua com propsitos teraputicos
(2). Seu reconhecimento nos meios cientficos
recente e deve-se a quatro fatores:
1. a fsica uma cincia que tradicionalmente
se desenvolveu com constncia e com uma
produo cientfica altamente significativa. A
hidrosttica, hidrodinmica e termodinmica,
reas da fsica que fundamentam a hidroterapia, acompanharam este desenvolvimento.
2. A necessidade de estudar os reajustes das
funes cardiopulmonar e renal durante
alteraes inesperadas, levou os pesquisadores a descobrirem que a imerso seria o
meio adequado para estes estudos;
3. A necessidade de pesquisas com simulao de
ausncia de gravidade durante a preparao
para enviar homens ao espao e, mais recentemente, da avaliao do treinamento fsico na
ausncia de gravidade;
4. Os bons resultados obtidos com tratamentos
utilizando diferentes mtodos de hidroterapia,
visando reeducao funcional numa srie
de disfunes, e realizados por diferentes
grupos de trabalho, que so amplamente
difundidos, principalmente, na forma de
cursos e palestras.

Atualmente, a hidroterapia esta bem


fundamentada em pesquisas realizadas pelas
reas bsicas talvez at mais que outros recursos
utilizados pela fisioterapia (2,7), mas os estudos
clnicos precisam chegar at s publicaes
cientficas.
As foras fsicas da gua agindo sobre um
organismo imerso, provocam alteraes fisiolgicas
extensas, afetando quase todos os sistemas do
organismo. Os efeitos fisiolgicos podem somar-se
aos desencadeados pela prtica de exerccio fsico
na gua, tornado as resposta mais complexas(12).
Certamente estas respostas e seus efeitos
teraputicos em um organismo sadio, so
diferentes das que ocorrem num corpo doente. O
conhecimento detalhado dos efeitos da imerso,
acompanhada ou no de exerccios fsicos, e da

fisiopatologia, fornece subsdios suficientes para


o estabelecimento de objetivos fisioteraputicos
e um plano de tratamento adequado para cada
paciente (6).
O objetivo deste texto explorar a ao
fsica da gua sobre um corpo imerso em repouso
e em movimento. Sendo este corpo o homem,
com reaes prprias de adaptao ao novo meio,
algumas variaes na situao de imerso do
corpo, a posio do corpo na gua, a presena e o
tipo de movimento realizado e as caractersticas
fsicas da pessoa.
Para entender os efeitos da imerso preciso
compreender alguns princpios da hidrosttica
(considerando-se a imerso em repouso), da
hidrodinmica (considerando a gua ou o corpo
em movimento) e da termodinmica (troca de calor
entre o corpo e o meio).

Os conceitos bsicos da hidrosttica


Densidade e densidade relativa
A densidade (r: l-se r) definida como
massa por unidade de volume: r=m/V (Kg/m3
ou g/cm3).
Lembre-se que massa de uma substncia
a quantidade de matria que ela compreende, seu
peso a fora com a qual ela atrada para o
centro da Terra (fora da gravidade). Ento, o peso
igual massa, multiplicado pela acelerao da
gravidade. Por exemplo, uma massa de 1 kg tem
um peso de 9.8 Newtons (2,13).
A densidade relativa de uma substncia
a relao entre a massa de um dado volume de
substncia e a massa do mesmo volume de gua.
A densidade relativa da gua pura, a 4C, por
definio, de 1,0. Como esse nmero refere-se
a uma proporo, ele no tem unidade. O
corpo humano, constitudo principalmente por
gua, tem densidade relativa prxima de 1,0
(aproximadamente 0,95). Esse nmero varia com a
porcentagem de gordura corporal. A massa corporal
magra ossos, msculos, tecido conjuntivo e rgos)
tem densidade de 0,9. A Composio entre massa
magra e massa gorda vai definir a densidade relativa
de cada pessoa. Mulheres temdem a Ter densidade
relativa menor que os homens, enquanto que as

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de bebs e idosos so menores que dos adultos


(aproximadamente 0,86). Analisando situaes
extremas, a densidade relativa de uma pessoa magra
pode ser de 1,1 e de uma obesa 0,93 (1).
Como a maioria das pessoas apresenta uma
diferena positiva entre a densidade relativa da
gua e a do corpo humano, o corpo ao ser colocado
na gua, forado para cima por uma fora igual
ao volume de gua deslocado e flutuar (2,8,13).
A respirao tambm faz oscilar a densidade
relativa, portanto a respirao calma provoca pouca
variao na densidade relativa do corpo e menos
desequilbrio durante a flutuao (5,12).

Princpio de arquimedes e flutuao


O principio de arquimedes diz que quando
um corpo esta imerso completamente ou parte dele
num lquido em repouso, ele sofre um empuxo
para cima, igual ao peso do lquido deslocado.
Se o corpo imerso tiver densidade menos do que
o volume de gua deslocado; ao contrrio, se o
corpo possuir densidade relativa maior que 1,0 ele
afundar. Corpos em densidade relativa igual a 1,0
flutuam logo abaixo da superfcie da gua (6,13).
No caso do corpo humano, considerando-se
a densidade relativa em torno de 0,95, ele flutuar e
95% dele ficar submerso, enquanto que 5% ficar
emerso (13), como demonstra a figura 1.
Se a poro emersa do corpo exceder 5%,
como quando a pessoa tem os braos acima do
nvel da gua, a quantidade de gua deslocada pelo

restante do corpo ser insuficiente para sustentar


o peso do corpo, e a pelve e membros inferiores
afundaro (2,3). Uma forma prtica de se evitar
que isto acontea utilizar a bia na regio da
pelve. Por vezes, tambm necessrio utilizar a
bia na regio cervical (13). O flutuados (bia,
prancha de plstico ou isopor, bolinhas, etc.) tem
densidade relativa bem menos que 1,0 diminuindo
a densidade relativa do conjunto corpo-flutuador.
A flutuao a fora esperimentada como
o empuxo para cima, que atua em sentido oposto
fora da gravidade. Desta forma, um corpo na
gua esta submetido a duas foras que atuam em
oposio.
- a fora da gravidade, atuando atravs do
centro de gravidade;
- a fora de flutuao, atuando no centro de
flutuao.
Quando o peso do corpo flutuante iguala-se
ao peso do lquido deslocado, e os centros de
flutuao e gravidade esto na mesma linha vertical,
o corpo mantido em equilbrio estvel 913), como
demonstra a figura 1.
Se os centros no estiverem na mesma linha
vertical, as duas foras atuando sobre o corpo
faro com que ele gire at atingir uma posio
de equilbrio estvel. Quando existe o centro de
flutuao, observa-se o momento de fora M, que
a fora que age em um ponto (resultante das foras
atuantes nesse ponto), gerando o efeito rotatrio
(foas rotacionais chamadas de torque). Essa fora

Fig. 1 - Corpo flutuando em equilbrio estvel e em desiquilbrio. CF o centro de flutuao e o CG, o centro de gravidade.

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igual fora de flutuao F multiplicada pelo


deslocamento d, que a distncia perpendicular
desde uma linha vertical passando atravs P (ponto
em torno do qual o efeito rotatrio da flutuao
exercido), at o centro de flutuao (3,13):
M = F x d.

O deslocamento de qualquer segmento


produz mudanas na postura do corpo na gua,
produzindo principalmente a rotao. Este um
dos melhores recursos de mobilizao que pode
ser aprendido pelo paciente, com a finalidade de
obter independncia na gua (12).

Skinner & Tompson (13) descreveram a


situao de abduo de um membro superior,
onde a alavanca formada pelo brao (segmento
AB), sendo P a articulao em torno da qual o
movimento est ocorrendo ( o ombro). O efeito
rotatrio da flutuao aumenta com o grau de
abduo, uma vez que a distncia tambm aumenta.
O efeito da flutuao aumenta medida que o
membro se aproxima da superfcie da gua. Se a
alavanca for encurtada, por exemplo, pela flexo
do cotovelo, o centro de flutuao se aproxima de
P e a distncia d diminui. Ento, o momento de
flutuao menor e o efeito da flutuao tambm
menor. O oposto pode ocorrer com aumento da
alavanca, atravs de uma prancha colocada na
mo (palmar) ou pela diminuio da densidade
do segmento, por exemplo, somando a este uma
pequena bola de isopor (fig.2)

Quando uma pessoa fica em p, quase na


vertical com o nvel da gua, seu corpo tende a
retornar posio horizontal, sendo que as pernas
tendem a deslocar-se para a superfcie e o corpo
desloca-se para trs (13).

Do ponto de vista fisioteraputico, a flutuao


pode ser usada para facilitar o movimento, quando
o ombro movido na direo do nvel da gua e
para facilitar o movimento, quando o membro
movido na direo do nvel da gua e para resistir
o movimento, quando o membro movido da
superfcie da gua em direo ao tronco. Quanto
maior a facilitao e maior a resistncia ao
movimento (6,18).

A presso hidrosttica P definida como a


fora (F) exercida por unidade de rea (A), em
que a fora por conveno suposta, e exercida
igualmente sobre toda rea da superfcie de um
corpo imerso em repouso, a uma dada profundidade
(lei de Pascal). Ou seja, a presso do lquido
sobre o corpo imerso (4,13).

A flutuao tambm pode ser alterada por


meio do ajuste da poro imersa do corpo,
modificando a descarga do seu peso. Com imerso
at o processo xifide, a maioria dos humanos
descarrega 75% do peso corporal, e com a imerso
at a cicatriz umbilical, descarrega em torno de
50% do peso (4), possibilitando ao fisioterapeuta
utilizar o nvel de imerso como graduao da
dificuldade de alguns exerccios, como o treino
de marcha.

Presso hidrosttica (P), Lei de Pascal e


Momento de flutuao

Fig. 2 - Efeito rotatrio da flutuao, onde o membro superior esquerdo o segmento AB, P o ponto em torno do qual o movimento
rotatrio acontece, F a fora em cada ngulo de abduo e CF o centro de flutuao do segmento. Observa-se direita abduo
com MSE em extenso, no centro com MSD em flexo e direita com auxlio de uma bola de isopor.

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A presso aumenta com a densidade do


lquido e com a profundidade (fig. 3). Da, temos
ento:
P=F/A sua unidade o Pascal - Pa, e
medida em:
Newtons por metro quadrado - N/m2;
Dinas por centmetro quadrado - dyn/cm2;
Quilograma por metro quadrado - KG/m2;
Milmetros de mercrio por p - mmHg/ft

Considerando-se um corpo imerso a uma


distncia h, abaixo da superfcie, a fora exercida
sobre o corpo resulta do peso da coluna de lquido
acima dele (2).
Sendo a fora F = a massa m x acelerao
da gravidade g e, fora (F) = densidade (r) x a
rea (A) x altura da coluna de lquido (h), ento,
P=F/A = rAhg/A, onde cancelando-se a rea A,
tem-se: P = rgDh.
Devemos lembrar ainda que a presso
hidrosttica no a nica fora que est sendo
exercida sobre o corpo. A presso atmosfrica da
Terra contribui para a fora total exercida sobre
o corpo (3).

A gua exerce uma presso de 1,0 mmHg/


1,36 cm por profundidade de 1,20 m est sujeito a
uma fora igual a 88,9 mmHg - que ligeiramente
maior que a presso arterial diastlica-, podendo
auxiliar na resoluo de edema em uma regio
delimitada. Caso a imerso seja abaixo do nvel da
gua, a fora exercida sobre o corpo ser resultado
do peso da coluna de gua acima dele (4,4,13).
Segundo Becker (4), todos os tecidos moles
so compridos, aumentando o retorno linftico. A
presso linftica normal um sistema de presso
negativo. Uma imerso em profundidade mnima
produz uma presso hidrosttica sobre o vaso,
que excede a presso linftica que de poucos
milmetros de mercrio.
A ao da presso hidrosttica e da
fora de flutuao proporciona a sensao de
imponderabilidade. Atuando no trax e abdome
produz resistncia inspirao e facilita a expirao,
sendo um exerccio respiratrio interessante para
determinados pacientes. O alvio de peso do
corpo uma das principais vantagens do tratamento
na piscina, pois, aps o controle do equilbrio
o maior estmulo para libertar-se do medo e
dominar o meio aqutico 912), como demonstra
a figura 3.

Fig. 3 - Presso sobre um corpo flutuante com a cabea fora da gua e porcentagem de descarga de peso em corpo
imerso at o pescoo.

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importante lembrar que com a deambulao


na gua e os ps tocando o solo, existe o impacto,
que embora seja reduzido, em funo das foras
de flutuao e hidrosttica, est relacionado com a
velocidade do exerccio. Quanto maior a velocidade
maior o impacto (1).

Os princpios bsicos da hidrodinmica


esto relacionados ao deslocamento
(movimento) do corpo ou seus segmentos
na gua.

Outros conceitos fsicos relativos gua

importante compreender, fisicamente,


como ocorre o deslocamento de um corpo na meio
lquido.

Coeso- a fora de atrao entre molculas


vizinhas, de um mesmo tipo de matria 913).
Adeso refere-se fora de atrao entre as
molculas vizinhas de diferentes tipos de matria (13).
Diferentes lquidos so caracterizados por
diferentes quantidades de atrao molecular,
e quando as camadas de lquidos so postas
em movimento, essa atrao cria resistncia
ao movimento. Esse atrito interno do liquido
denominado viscosidade. O ar menos viscoso que
a gua, portanto h mais resistncia ao movimento
na piscina que em terra. A viscosidade da gua
aquecida menor do que a da gua fria. A tenso
superficial a fora exercida entre as molculas
da superfcie de um lquido. Atua como leve
resistncia mudana de meio, por exemplo,
gua-ar (3,13).
Para o fisioterapeuta importante lembrar
da refrao- uma deflexo de um raio, quando
ele passa de um meio mais denso para um menos
denso ou vice-versa (fig. 4).

Fluxo laminar e turbulento

Para isso, primeiro deve-se entender a


diferena entre fluxo laminar (alinhado) e fluxo
turbulento (desalinhado). No primeiro a velocidade
permanece constante dentro de uma corrente de
lquido, produzindo um fluxo alinhado e contnuo,
caracterizado como camadas de lquidos deslizando
uma sobre as outras, sendo que as camadas
mais centrais movem-se mais rapidamente e as
mais externas permanecem estacionrias. No
fluxo turbulento, sua velocidade ultrapassa uma
velocidade crtica, provocando um movimento
irregular do lquido (4,11).
O lquido estacionrio comporta-se como
fluxo alinhado, at agir de tal forma que se comporte
como fluxo turbulento (11).
Durante o movimento, a resistncia friccional
maior no fluxo turbulento. Fisicamente, no fluxo
alinhado a resistncia diretamente proporcional
velocidade e devido ao atrito entre as camadas

Considere um raio de luz


refletido no fundo de uma piscina.
O raio ser refratado afastando-se
do normal, ao passar da gua para
o ar, portanto na figura 4, o ponto A
parece ocorrer no ponto B, porque o
observador imagina que a luz viaja
em linha reta.
A piscina parece ser mais rasa
do que realmente , e os membros
inferiores de um paciente, quando
imersos, parecem deformados,
e quando parcialmente imersos
parecem quebrados. Isto dificulta a
observao do paciente, a partir da
superfcie da piscina (13).

Fig. 4 - Efeito da refrao sobre raios luminosos refletidos no fundo da


piscina.

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de molculas do lquido, e no fluxo turbulento


proporcional as quadrado da velocidade,
em conseqncia ao atrito entre as molculas
individuais do lquido e estre o lquido e a superfcie
do continente. Assim, mais difcil equilibra-se
ou deslocar-se em um fluxo turbulento que em um
fluxo contnuo (1,4,11).

Esteira, redemoinhos e arrasto


Quando um objeto se move atravs da
gua, cria-se uma diferena na presso frente
e na traseira do objeto, sendo que a presso
traseira torna-se menor que a dianteira. Como
conseqncia, ocorre um deslocamento do fluxo
de gua para dentro da rea de presso reduzida
(denominada esteira). Na regio da esteira forma-se
redemoinhos, que temdem a arrastar para trs o
objeto (arrasto). Quanto mais rpido o movimento,
maior o arrasto (4,13)
O coeficiente de arrasto est relacionado
com a forma como o corpo esta alinhado com
a correnteza. O deslocamento de um corpo na
gua pode estar alinhado ou desalinhado com a
correnteza. O corpo esta alinhado com a correnteza
quando ao mover-se pela gua produz pouca
separao das linhas de corrente (linhas imaginrias
que cortam a gua) e pequena perturbao na gua;
sua largura pequena. Esta desalinhado com a
corrente quando produz grande separao das
linhas de corrente e formam ondas ao seu redor;
sua largura grande. Assim, a resistncia ao
movimento depende da velocidade e da forma do
objeto (fig. 5) (1,4,13).
Alguns princpios da fsica no afetam
diretamente a imerso ou movimento de um corpo
na gua, mas so importantes para nos lembrar de
alguns cuidados a serem prestados aos pacientes
durante e aps a sesso de hidroterapia.

Os principio da termodinmica esto


associados com a transferencia de calor
na gua
Quando trabalhamos em piscina aquecida, ou
no, impomos ao corpo uma temperatura diferente
da sua. Vamos entender um pouco sobre gerao
e troca de energia calrica pelo corpo. Grande
parte das reaes quimicas celulares destina-se
produo de energia a partir de alimentos. Todos
os alimentos energticos (carboidratos, lpideos
e protenas) podem ser oxidados com oxignio
no interior das clulas e, neste processo, grandes
quantidades de energia so liberadas. A energia
necessria para os processos fisiolgicos no
o calor. Para fornecer energia para as reaes
qumicas, ela deve ser acoplada aos sistemas
responsveis por essas funes fisiolgicas, como
a formao de ATP (3).
Alguns fatores aumentam a atividade qumica
das clulas e do metabolismo. Exerccio fsico,
atividades dirias, processos orgnicos, como a
digesto, a idade (a velocidade metablica de um
beb duas vezes a de uma pessoa idosa), alteraes
no nvel do hormnio tireideo (especialmente
a tireoxina), estimulao do sistema nervoso
simptico (com liberao de norepinefrina e
epinefrina), hormnio sexual masculino, hormnio
do crescimento, febre, clima, ou diminui a atividade
qumica celular- sono (10 a 15% abaixo do normal),
pela diminuio das atividades do sistema nervosos
simptico e desnutrio prolongada (2). Em torno
de 20% da energia produzida convertida para
realizar trabalho e o resto convertido em energia
trmica (4).
A temperatura no corpo humano varia por
regio. Assim, podemos dividir em temperatura
central (interior do corpo- varia no mximo de

Fig. 4 - Fluxo atravs do corpo em deslocamento frontal, frontal com suporte quadrado e lateral (vista superior).

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0,6C) e temperatura superficial. A temperatura


normal mdia considerada como sendo de 37C,
quando medida oralmente (2).
O corpo humano possui um sistema isolador
de temperatura, constitudo principalmente por
gordura. Segundo Guyton (10), como a maior parte
do calor corporal produzida nas pores mais
profundas do corpo, o isolamento pr debaixo
da pele constitui um meio efetivo para manter as
temperaturas internas normais, apesar de permitir
que as temperaturas da pele se aproximem da
temperatura do meio ambiente. No entanto, existem
diferentes formas do corpo transferir e assim
perder calor: irradiao, conduo, conveco e
evaporao (ligada ao mecanismo de sudorese),
garantindo um equilbrio entre produo e perda
de calor.

Formas de transferencia de calor


Irradiao: perda de calor na forma de raios
trmicos infravermelhos, isto se a temperatura do
corpo maior que a temperatura ambiente (4,13).
Conduo: transferencia de calor entre o
corpo e um objeto ao ar, se estes so mais frios
que a pele. Quando existe troca freqente do ar
(vento) em contato com a pele, temos a perda por
correntes de conveco (4,13).
Fisicamente a conduo definida como
a transferencia de calor por meio de colises
moleculares individuais, ocorrendo ao longo de
uma pequena distncia, e a conveco transfere
calor pr meio de movimento em massa de grande
nmero de molculas ao longo de uma grande
distncia. A radiao transfere calor por meio de
ondas eletromagnticas (4).
Evaporao: ocorre quando a gua se evapora
a partir da superfcie corporal ou atravs dos
pulmes. A perda de calor por evaporao de suor
pode ser controlada pela regulao da sudorese (13).
Nestes processos, a circulao faz um papel
fundamental, onde o sangue torna-se um liquido
convectivo, que transfere calor para superfcie do
corpo e para os pulmes. A realizao de exerccios
vigorosos em gua aquecida (35C), resulta em
aumento da temperatura central para 39C e fadiga
prematura. O exerccio vigoroso em gua fria

(18C) resulta em diminuio da temperatura


corporal central para aproximadamente 36C,
associada com a inabilidade de realizar contrao
muscular (1.3).
Conforme descrito por Becker (4), um corpo
imerso numa massa de gua torna-se um sistema
dinmico. Se a temperatura da gua exceder
a temperatura do corpo submerso, o sistema
equilibra-se. Se a temperatura da gua exceder a
temperatura do corpo, o corpo submerso aquece-se
atravs de transferencia de energia calrica da
gua para o corpo.

Capacidade calrica especfica e umidade


Pela primeira lei da termodinmica, o
contedo total de calor permanece o mesmo. Como
curiosidade, interessante saber que a gua
definida como tendo capacidade calrica especfica
igual a 1,0 e o ar igual a 0,001. Isto , a gua retm
1.000 vezes mais calor que um volume equivalente
de ar. O corpo humano, pr sua vez, tem capacidade
calrica especfica igual a 0,83 (13).
A capacidade do ar de reter gua conhecida
como umidade. Umidade relativa a relao entre
a quantidade que estaria presente se o ar estivesse
saturado na mesma temperatura (geralmente
expressa sob forma de porcentagem). O ar capaz
de absorver quantidades diferentes de umidade
a temperaturas diferentes. Quanto mais alta a
temperatura maior a quantidade de vapor de gua
pode ser absorvido. O ar seco eleva a temperatura
e o ar mido abaixa (6,13).
A evaporao do suor produz resfriamento
do corpo. Se o ar que circunda o corpo j estiver
completamente saturado com vapor da gua,
nenhuma evaporao conseguir ocorrer e o corpo
tem dificuldade para perder calor. Se a temperatura
atmosfrica for alta, o corpo tem dificuldade em
perder calor sob forma de conduo, conveco ou
radiao. Se a umidade e a temperatura estiverem
elevadas, o corpo ter muita dificuldade em
perder calor e o ambiente torna-se desconfortvel.
Aconselha-se temperatura ambiente entre 20 e 21C
e umidade de 55% em piscinas teraputicas (3,13).

Resfriamento

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Pela lei de Newton do resfriamento, a

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velocidade de resfriamento de um corpo, em


um dado tempo, proporcional diferena de
temperatura entre o corpo e sua vizinhana.
Quanto maior a diferena, maior a velocidade de
resfriamento (7).

A utilidade da temperatura tpida da gua


depende de sua grande capacidade de reter e
transferir calor. Para o organismo humano significa
conforto, melhora da circulao perifrica e alvio
da dor (8).

Aplicabilidade dos princpios fsicos na


hidroterapia

O fisioterapeuta deve cuidar da temperatura


da gua da piscina e da temperatura e umidade
do ar, pois o excesso ou queda acentuada de
temperatura pode provocar desequilbrios e at
danos no organismo do paciente (7).

Para Becker (3), todos os princpios fsicos


so clinicamente teis, sem modificao adicional,
embora possam ser ampliados para uma variedade
de situaes clnicas, mediante equipamentos
adicionais.
De forma geral, a densidade pode ser alterada
para facilitar ou resistir movimentos e auxiliar na
sustentao e flutuao do corpo.
A fora de flutuao tambm pode auxiliar a
atingir os objetivos acima, alm de poder auxiliar
em tcnicas de mudana de decbito e facilitar o
deslocamento de todo corpo, como pr exemplo,
durante a marcha (7.11).
A presso hidrosttica auxilia na diminuio
da descarga de peso sobre os membros inferiores, na
resoluo de edemas e pode servir como exerccio
respiratrio em algumas doenas respiratrias (3,12).
A viscosidade provoca resistncia ao
deslocamento (9).
Variaes no ambiente aqutico, como a
produo de turbulncia, cria um meio interessante
para o trabalho do equilbrio esttico e dinmico.
O fluxo tambm pode ser modificado pr
equipamentos como palmares, que dependendo de
como so utilizados, podem dificultar ou facilitar
um determinado movimento (5).
O movimento em meio aquoso sendo
dependente da forma do corpo ao se deslocar
na gua e da velocidade, pode ser modificado
de inmeras maneiras, criando as mais diversas
situaes teraputicas (8, 9).
A fora de arrasto pode ser utilizada para
facilitar os movimentos, tanto do paciente quando
do terapeuta. Uma vez o paciente posicionado
atrs do terapeuta, o movimento de resistncia
vencido pelo terapeuta e facilitado para o paciente.
O inverso verdadeiro (7).

Do ponto de vista fisiolgico, inmeras


respostas so desencadeadas pela ao das foras
fsicas agindo sobre o corpo imerso na gua,
como as de reajuste dos sistemas circulatrio,
respiratrio, renal e a ativao dos mecanismos de
termoregulao. Estas respostas podem somar-se
s desencadeadas pela realizao de exerccio
fsico. Este um outro assunto a ser considerado
no tratamento fisioteraputico com o paciente
imerso na gua.

REFERNCIA BIBLIOGRFICA
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