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Plano Nacional de Assistência Estudantil ANDIFES

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Plano Nacional

de Assistncia Estudantil

PALAVRA DA DIRETORIA

A Associao Nacional dos Dirigentes das Instituies Federais de Ensino Superior


(Andifes), que congrega as 56 Instituies Federais de Ensino Superior presentes em
todos os Estados da Federao e no Distrito Federal, entende a educao como um bem
pblico e o conhecimento como um patrimnio social. Com base nesses dois princpios,
defende o acesso e a permanncia universal Educao Superior.
Em 2004, o Frum Nacional de Pr-reitores de Assuntos Comunitrios e Estudantis
(Fonaprace) realizou estudos que demonstram que o perfil socioeconmico da sociedade
brasileira est reproduzido no perfil dos alunos das IFES.
Esse trabalho identificou as dificuldades socioeconmicas de uma parcela
significativa do segmento estudantil como uma das causas da evaso e da reteno.
Questes como moradia, alimentao, manuteno, meios de transporte e sade tornamse demandas primordiais para garantir a permanncia desses estudantes nas IFES.
Dessa forma, faz-se fundamental a articulao de aes assistenciais para a
permanncia e a concluso de curso por parte dos estudantes carentes, na perspectiva
de incluso social, de melhoria do desempenho acadmico e de qualidade de vida.
O Plano Nacional de Assistncia Estudantil, que apresenta as diretrizes
norteadoras para a definio de programas e projetos dessa natureza, busca satisfazer
essas demandas da sociedade e dos alunos, constituindo-se, assim, em meta prioritria
para a Andifes. Nele tem-se um marco histrico que representa o compromisso da
Associao com a incluso e a permanncia dos jovens nas IFES
Diretoria Executiva Gesto 2007/2008
Presidente: Reitor Arquimedes Digenes Ciloni (UFU)
1 Vice-Presidente: Reitor Jos Ivonildo do Rgo (UFRN)
Suplente: Reitor Jos Carlos Ferraz Hennemann (UFRGS)
2 Vice-Presidente: Reitor Alan Kardeck Martins Barbiero (UFT)
Suplente: Reitor Edward Madureira Brasil (UFG)
Secretrio Executivo: Gustavo Balduino
Coordenadora Nacional do Fonaprace: Corina Martins Espndola

SUMRIO

I Introduo .................................................................................................................. 04
II Justificativa ............................................................................................................... 06
III Diagnstico .............................................................................................................. 07
IV Princpios ................................................................................................................. 14
V Objetivos ................................................................................................................... 14
VI Metas ........................................................................................................................ 15
VII reas Estratgicas ................................................................................................. 16
VIII Investimento .......................................................................................................... 17
IX Necessidade de Pessoal ......................................................................................... 17
X Acompanhamento .................................................................................................... 17
XI Referencial Terico ................................................................................................. 19

I INTRODUO
A misso da universidade cumpre-se medida que gera, sistematiza e socializa o
conhecimento e o saber, formando profissionais e cidados capazes de contribuir para o
projeto de uma sociedade justa e igualitria. A universidade uma expresso da prpria
sociedade brasileira, abrigando tambm as contradies nela existentes.
A busca pela reduo das desigualdades socioeconmicas faz parte do processo
de democratizao da universidade e da prpria sociedade. Esse no se pode efetivar
apenas no acesso educao superior gratuita. Torna-se necessria a criao de
mecanismos que viabilizem a permanncia e a concluso de curso dos que nela
ingressam, reduzindo os efeitos das desigualdades apresentadas por um conjunto de
estudantes provenientes de segmentos sociais cada vez mais pauperizados e que
apresentam dificuldades concretas de prosseguirem sua vida acadmica com sucesso.
A no definio de recursos para a manuteno de polticas de assistncia
estudantil que busquem criar condies objetivas de permanncia desse segmento da
populao na universidade faz com que esses estudantes, muitas vezes, retardem a
concluso do curso e at desistam dele.
Para que o estudante possa desenvolver-se em sua plenitude acadmica,
necessrio associar qualidade do ensino ministrado uma poltica efetiva de investimento
em assistncia, a fim de atender s necessidades bsicas de moradia, de alimentao, de
sade, de esporte, de cultura, de lazer, de incluso digital, de transporte, de apoio
acadmico e de outras condies.
A Constituio Federal de 1988 consagra a educao como dever do Estado e da
Famlia (art. 205, caput) e tem como princpio a igualdade de condies de acesso e
permanncia na escola (art. 206, I).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educao, aprovada em 20/12/96, contm
dispositivos que amparam a assistncia estudantil, entre os quais se destaca: "Art. 3 - O
ensino dever ser ministrado com base nos seguintes princpios: I - igualdade de
condies para o acesso e permanncia na escola;...". A LDB, determina ainda que "a
educao deve englobar os processos formativos e que o ensino ser ministrado com
base no princpio da vinculao entre a educao escolar, o trabalho e as prticas
sociais" (Lei n. 9.394, de 29/12/96, artigo 1, pargrafos 2 e 3, inciso XI).
A Lei 10.861, de 14 de Abril de 2004, que institui o Sistema Nacional de Avaliao
da Educao Superior (Sinaes), afirma que a avaliao das instituies de educao
superior ter por objetivo identificar o perfil e o significado de sua atuao, por meio de

suas atividades, seus cursos, seus programas, seus projetos e seus setores,
considerando as diferentes dimenses institucionais, dentre as quais, e em carter
obrigatrio, a responsabilidade social da instituio com relao incluso social e s
polticas de atendimento a estudantes e egressos (IX dimenso).
O Decreto 6.096 de 24 de abril de 2007, que institui o Programa de Apoio a Planos
de Reestruturao e Expanso das Universidades Federais (Reuni), em seu artigo 1,
afirma que esse tem por objetivo criar condies para ampliao do acesso e da
permanncia na Educao Superior. E, em seu artigo 2, item V, que o Programa ter as
seguintes diretrizes, entre outras: ampliao de polticas de incluso e de assistncia
estudantil.
Esses princpios legais levam reflexo e reviso das prticas institucionais.
Cabe s IFES assumirem a assistncia estudantil como direito e espao prtico de
cidadania e de dignidade humana, buscando aes transformadoras no desenvolvimento
do trabalho social com seus prprios integrantes, o que ir ter efeito educativo e,
consequentemente, multiplicador.
Nesse contexto, pode-se dizer que, genericamente, sem perder de vista as
experincias e as iniciativas diferenciadas, a assistncia deve ser entendida como um
espao de aes educativas e de construo do conhecimento e considerada no plano
institucional-oramentrio das IFES uma questo de investimento para que se garantam
recursos para a sua execuo.
fundamental articular aes ao processo educativo. Para que a universidade
brasileira forme cidados qualificados e comprometidos com a sociedade e com a sua
transformao, ela deve assumir as questes sociais no seu cotidiano, tornando-se
espao de vivncia e de cidadania.
Outrossim, o Plano Nacional de Assistncia Estudantil, como parte do processo
educativo, dever articular-se ao ensino, pesquisa e extenso. Permear essas trs
dimenses do fazer acadmico significa viabilizar o carter transformador da relao
universidade e sociedade. Inseri-la na prxis acadmica e entend-la como direito social
romper com a ideologia tutelar do assistencialismo, da doao, do favor e das concesses
do Estado.

II JUSTIFICATIVA
A Andifes vm demonstrando, desde a sua fundao, preocupao com a poltica
social de assistncia aos estudantes. Tal fato permitiu a criao do Fonaprace, com o
objetivo de discutir e fortalecer as aes desenvolvidas pelas IFES.
A criao do Frum coincidiu com a fase em que a sociedade civil brasileira
avanava na construo do Estado democrtico de direito. Desses eventos, emanaram
decises registradas em documentos prprios, que explicitam a necessidade de
estabelecer polticas que viabilizem o acesso, a permanncia e a concluso de curso dos
estudantes em condies de vulnerabilidade social.
Vale ressaltar algumas concepes de consenso desses eventos:
... A democratizao do acesso implica na expanso da rede pblica, bem como
na abertura de cursos noturnos. A democratizao da permanncia implica na
manuteno e expanso dos programas de assistncia (Fonaprace, 1993, p. 110).
... As propostas que mais uma vez encaminhamos dizem respeito a uma poltica
que possa assegurar ao estudante sua permanncia

na Universidade e com isso,

possibilitar melhor desempenho nas questes acadmicas e, por conseguinte, melhor


qualificao. (Fonaprace, 1993, p. 161).
... preocupao com a construo de polticas voltadas para a plena cidadania do
homem universitrio, no lugar do assistencialismo alienante e empobrecedor...
(Fonaprace, 1993, p. 301).
...torna-se imperativo sensibilizar as autoridades, o legisladores e a comunidade
Universitria para a importncia da Assistncia como parte de um projeto acadmico que
tem

funo

fundamental

de

formar

cidados

qualificados

competentes.

(Fonaprace,2000)
Pesquisas, como as realizadas pelo Fonaprace, abalam o imaginrio que permeia
o senso comum de que as universidades pblicas so, em sua maioria, ocupadas por
elites econmicas.
Historicamente essa mxima encontrava eco na maior parte das instituies.
Contudo, e felizmente, esse perfil vem transformando-se ao longo do tempo e a
efetivao dessa possibilidade de real diversidade s ter ampliao se estabelecidas as
condies que transfiram capital cultural e conhecimento queles que mais precisam das
Instituies Pblicas de Ensino.
Para a elaborao de projetos na rea de assistncia estudantil, essencial
reconhecer que, no Brasil, grande parte da populao vivencia diversas formas de

segregao e condies de misria, que variam de intensidade. H um enorme


contingente de jovens que no tem oportunidade de educao, de cultura, de lazer e
condies mnimas de moradia e de sade.
Nesse sentido, urge o engajamento das universidades pblicas, no apenas no
debate, mas na concretizando aes que possibilitem o acesso e sobretudo a
permanncia no meio universitrio em condies dignas e de forma equnime.
III DIAGNSTICO
O Fonaprace realizou duas pesquisas nacionais para traar o perfil socioeconmico
e cultural dos discentes de graduao das IFES. A primeira entre 1996 e 1997 e a
segunda entre 2003 e 2004. A pesquisa realizada no segundo semestre letivo de 1996,
contou com a participao de 84,62% das 52 IFES brasileiras, que existiam poca. Na
pesquisa mais recente, de 2004, esse percentual chegou a 88,68%, o que demonstra uma
forte participao das IFES.
Para traar o Perfil Socioeconmico e Cultural dos Estudantes de Graduao das
IFES, que representou um universo de 469.378 estudantes dessas instituies, foi
adotado o critrio da Associao Nacional de Empresa de Pesquisa (ANEP). Constatouse que 43% dos estudantes pertenciam as categorias C, D e E categorias que
englobam alunos provenientes de famlias cujos chefes tm atividades ocupacionais que
exigem pouca ou nenhuma escolaridade, cuja renda familiar mdia mensal de no
mximo R$ 927,00.
As condies socioeconmicas dos estudantes de graduao das IFES refletem
uma realidade semelhante quela a que submetida a populao brasileira. Com base
nas constataes feitas em 1996 (Fonte: Folha de So Paulo, 18 jun., 1996, p. 1-6 e 1-8)
pelo Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e pelo Instituto de
Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea), verifica-se que:
a. em cada trs brasileiros, um no tem renda suficiente para suprir suas
necessidades bsicas;
b. h 41,9 milhes de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza;
c. 14% da populao encontra-se desempregada, principalmente jovens, idosos e
mulheres;
d. os brasileiros tidos como pobres apresentam baixa qualificao, decorrente da
baixa escolaridade;

e. o Pas apresenta uma das maiores concentraes de renda do mundo,


superando o Peru, Panam e, at mesmo, Botsuana, no sul da frica. Os dez por cento
mais ricos da populao tm uma renda quase trinta vezes maior do que a renda mdia
dos 40% mais pobres, enquanto que, na maior parte dos pases, os mais ricos percebem
em mdia, dez vezes mais que os mais pobres.
Em condies adversas, o desempenho acadmico desigual. Os estudantes das
classes C, D e E no dispem de recursos para suprirem suas necessidades bsicas e,
ainda menos, para as despesas tpicas do universitrio.
Para o desempenho do seu papel social, o estudante precisa de livros,
equipamentos de aprendizagem prtica, acesso informao, participao em eventos
acadmicos e culturais. Soma-se a essas desvantagens o baixo capital cultural
representado pela insuficincia de acesso cultura como e at mesmo ao estudo de uma
lngua estrangeira.
Outro aspecto relevante diz respeito incluso digital , tendo em vista a indiscutvel
importncia da informtica como veculo de informao e realizao de pesquisas
cientficas. Como agravamento desse quadro, os dados apresentam um percentual de
10,1% de estudantes que nunca utilizaram o computador e, consequentemente, a
Internet.
Associado a esses dados, o estudo "Diplomao, Reteno e Evaso em cursos
de graduao em Instituies de Ensino Superior Pblicas", realizado pelo MEC, por meio
de um grupo de Pr-Reitores de Graduao, aponta que 40% dos alunos que ingressam
na universidade abandonam o curso antes de conclu-lo. Segundo o Secretrio de
Polticas de Ensino Superior da Secretaria de Educao Superior (SESu/MEC), Luiz
Roberto Liza Curi, "a evaso reduz a eficincia do sistema, alm de torn-lo
excessivamente caro". (Folha de So Paulo, 13 maio, 1998, Caderno 3)
A SESu estima que o custo com a evaso no sistema federal seja de 486 milhes
ao ano. Esse valor corresponde a 9% do oramento anual das IFES. Segundo o
Presidente da Comisso que realizou o estudo, Merion Campos Bordas, "a evaso
decorre de fatores externos e internos ao sistema. Mas cabe Universidade criar os
meios para estimular o aluno". (Folha de So Paulo, 13 maio, 1998, Caderno 3)
O mesmo estudo revela que o problema da evaso agravado pelo da reteno
(de 8 a 13%) que ocorre quando os alunos permanecem na universidade mais tempo que
o estabelecido, ocupando uma vaga que poderia ser destinada a outro candidato.
O Fonaprace aponta as dificuldades socioeconmicas da parcela do segmento
estudantil, estimada em 14%, como uma das causas externas da evaso e da reteno.

importante citar, como exemplo, o resultado do estudo realizado pela


Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que comparou o desempenho acadmico
de seus estudantes. Foi constatado que os bolsistas dos programas de assistncia no
apresentaram diferena no desempenho acadmico, quando comparados aos demais,
apesar das diferenas socioeconmicas entre os dois grupos. Alm disso, o estudo
revelou que os estudantes apoiados pela instituio concluram seus cursos em menor
tempo e apresentaram menor percentual de abandono, de reopo e de trancamento de
matrcula.
Estudos semelhantes, realizados pelas IFES: Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), Universidade de Braslia (UnB), Fundao Universidade Federal do Rio Grande
(FURG), Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Universidade Federal de Uberlndia
(UFU), demonstram que os estudantes de baixa condio socioeconmica, que fazem
parte de algum programa de apoio nessas instituies, tiveram rendimento acadmico
superior aos demais estudantes.
Sero

apresentados

seguir,

alguns

indicadores

das

Pesquisas

Perfil

Socioeconmico e Cultural dos Estudantes de Graduao das IFES, realizadas pelo


Fonaprace entre 1996 e 1997 e entre 2003 e 2004, que reafirmam a necessidade de
alocao na matriz oramentria das IFES, recursos para viabilizar a execuo de
projetos que se alinhem ao Plano Nacional de Assistncia Estudantil.
a) Migrao/ Moradia
A varivel local de moradia antes do ingresso do estudante na universidade tornase um importante indicador de sua qualidade e condio de vida. A 1 pesquisa
Fonaprace aponta que 34,79% dos estudantes se deslocam de seu contexto familiar ao
ingressarem na universidade, apresentando, portanto, necessidade de moradia e apoio
efetivo. A segunda pesquisa mostra que 30,5% dos alunos encontram-se nessa realidade.
Os estudantes que no residem com os pais/cnjuges ou em casas mantidas pelas
famlias e que pertencem s categorias C, D e E constituem a demanda potencial por
moradia estudantil, totalizando um percentual de 12,34 % na 1 pesquisa e 12,4% na 2
pesquisa.
As moradias universitrias atendem a um percentual de 2,40% desses estudantes,
que, em sua maioria, so das categorias C, D e E. Isso evidncia que 9,94%, na 1
pesquisa, e 7,5%, na 2 pesquisa, constituem a defasagem existente entre a demanda
potencial e a demanda atendida pelas moradias estudantis.

b) Alimentao
Na 1 pesquisa, 19,10% dos estudantes informaram que o Restaurante
Universitrio (RU) constitui-se em importante instrumento de satisfao de uma
necessidade bsica, educativa e de convivncia universitria. Na 2 pesquisa, esse
nmero cresce para 24,7%. Desses usurios, os das categorias C, D e E so os que
mais freqentam o restaurante, o que ratifica sua real funo acadmico-social e de
convivncia universitria.
Dada a sua importncia para a vida acadmica fundamental que o RU seja,
tambm, um espao gerador de atividades de ensino, pesquisa e extenso. necessrio
criar, manter e ampliar os programas que garantam o apoio alimentao dos estudantes
de baixa renda, principalmente os servios dos restaurantes universitrios, como forma de
garantir a permanncia dos estudantes no campus, dando-lhes oportunidade para
otimizar seu tempo de vida acadmica e contribuindo para seu desempenho e formao
integral.
c) Manuteno e Trabalho
Trabalhar e estudar, essa a condio que se constata em todas as categorias
socioeconmicas. Na 1 pesquisa, observou-se que 42% dos estudantes exercem
atividades no-acadmicas remuneradas. Na 2 pesquisa, esse percentual de 35,4%.
Desses, a maior concentrao de estudantes encontra-se nas categorias C, D e

E,

refletindo a necessidade concreta de auto-manuteno.


Verifica-se que a insero dos estudantes em atividades acadmicas remuneradas
ainda tmida. Na 1 pesquisa, apenas 16,83 % do universo pesquisado participava
desses programas. importante registrar que foi constatado na 2 pesquisa um aumento
desse percentual para 19,10%. Mesmo assim, os estudantes da categoria A so os mais
envolvidos nessas atividades (22,2%).
A tendncia para a busca da auto-manuteno apresentada pelos estudantes,
aliada baixa oferta de programas acadmicos remunerados, aponta para a necessidade
de sua ampliao, estimulando-se a insero dos estudantes de baixa renda nas
atividades de ensino, pesquisa e extenso, respeitado o desempenho acadmico.

d) Meios de Transporte
A maioria dos estudantes, tanto na 1 pesquisa (60,60%), quanto na 2 (59,9%)
utiliza transporte coletivo para deslocamento at a universidade. Isso indica a
necessidade de polticas articuladas com rgos responsveis pelo transporte urbano, a
fim de melhorar os ndices de freqncia por intermdio da reduo do gasto com
transportes.
Destacamos que, em alguns centros urbanos, a despesa com transporte consome
um percentual considervel da renda familiar.
e) Sade
Quanto aos estudantes das IFES, que utilizam os servios de sade pblica, a 1
pesquisa demonstra um percentual de 27,22%, havendo um aumento para 37% na 2
pesquisa. Os estudantes das categorias de maior vulnerabilidade social so os que mais
freqentam os servios pblicos de sade: C, D e E (55,4%). Essas categorias tm o
maior ndice das que procuram o dentista apenas em casos de emergncia ou
eventualmente, o que indica precariedade na sade oral.
Na 1 pesquisa, identificou-se que 21,41% dos estudantes tm menos de vinte
anos. Na 2 pesquisa, esse percentual aumenta para 23,8%. Tendo em vista a
especificidade dessa faixa etria, identificam-se alguns temas considerados desafiadores
e que demandam programas de sade especficos: preveno de DST/AIDS;
planejamento familiar; dependncia qumica, sade oral e de preveno de doenas
imunoprevinveis.
Reforando as necessidades anteriormente citadas, a 2 pesquisa mostra que
36,95% dos estudantes das IFES apresentam necessidades significativas ou crise
emocional durante o ltimo ano do curso e 39,5% so acometidos por dificuldades
emocionais, no incio do curso. Esses dados revelam a necessidade de equipes
multidisciplinares e interdisciplinares para este tipo de atendimento.
f) Acesso Biblioteca
A 1 pesquisa mostra que 79,9% dos estudantes utilizam as bibliotecas para
consulta acadmica. Na 2 pesquisa, esse percentual de 65,4%. Na 1 pesquisa,
apenas 11,25% de estudantes buscam atividades relacionadas a lazer e cultura. Na 2

pesquisa, o percentual de 17,2%, demonstrando um potencial a ser explorado pelas


bibliotecas universitrias.
fundamental o estabelecimento de uma poltica de investimentos nas bibliotecas
universitrias, com ampliao do acervo, da capacidade e dos horrios de atendimento,
alm da viabilizao de novas tecnologias de acesso informao.
g) Acesso Cultura, ao Esporte e ao Lazer
Com relao leitura, os estudantes das IFES esto lendo mais, posto que em
1997, 46,7% leram de 1 a 6 livros por ano, e, em 2004, 62,4% dos pesquisados fizeram
essa leitura anual.
Na 1 pesquisa, observa-se que 86% dos estudantes praticam atividade fsica e/ou
esportiva, sendo o lazer a principal motivao para a prtica dessas atividades. Na 2
pesquisa, 34% dos estudantes praticam freqentemente ou sempre atividades fsicas ou
esportivas.
Os estudantes, em sua maioria 55,13%, na 1 pesquisa e 51,1%, na 2 pesquisa
, tm como nica fonte de informao o telejornal, sendo que a Internet despontou como
o novo veculo de informao com 24,3% na 2 pesquisa.
Assim sendo, faz-se necessria uma ampliao dos programas culturais,
esportivos e de lazer, promovidos pelas IFES

para a comunidade interna/externa,

estimulando a participao dos estudantes nesses programas.


h) Conhecimento Bsico de Informtica
O acesso internet est relacionado ao aumento no nvel de conhecimento em
informtica que em 1997 era de 22,85, passando para 43,9% em 2003/2004. O percentual
de estudantes que no dominam este recurso reduziu de 24,65, na primeira pesquisa,
para 4,7%, na 2 pesquisa. O acesso internet est diretamente relacionado posse do
equipamento.
Os dados apontam para a necessidade de desenvolver polticas e aes de
incluso digital nas IFES, principalmente, junto aos estudantes da categoria C, D e E,
43,1% raramente utiliza a Internet e 10,1% nunca utilizou.

i) Domnio de lngua estrangeira


Com relao ao domnio de lngua estrangeira, observou-se que o domnio de
lngua inglesa com 30,2% aumentou 6,9% em relao a 1 pesquisa. Observa-se que os
estudantes das categorias C, D e E so os que tm menor domnio de lngua estrangeira,
apenas 14,7% apresentam um bom domnio de lngua Inglesa.
Ressalta-se que as IFES precisam implementar e intensificar programas que
ampliem a oferta de cursos de lnguas estrangeiras, principalmente, para que os
estudantes de baixa condio socioeconmica tenham acesso a estes curso e, por
conseqncia, ao domnio da lngua.
j) Movimentos Sociais
Na 1 pesquisa, identificou-se um percentual significativo de 42% de estudantes
que no participam de movimentos sociais. Os demais participam preferencialmente dos
movimentos religiosos 24,67%, na 1 pesquisa, e 24,8%, na 2 pesquisa. A primeira
pesquisa mostrou que 11,14% dos entrevistados participavam de movimentos estudantis.
Esse percentual foi reduzido para 7% na segunda pesquisa. O nmero de participantes de
atividades polticas partidrias tambm baixo 7,97%, na primeira pesquisa, e 5,1%, na
segunda.
Nesse sentido, preciso ampliar os projetos que estimulem, por intermdio de
vrias estratgias, dentre elas o pagamento de bolsas para os estudantes de origem
popular, o retorno dos alunos a suas comunidades, objetivando trocas de vivncia e
saberes e oportunizando o contato com lideranas e a participao nos movimentos
sociais.
Pelos indicadores sociais apontados, conclui-se que a capacidade instalada de
atendimento das IFES pblicas demanda social insuficiente para responder a
realidade apresentada. Os dados refletem a necessidade de implementao de uma
poltica pblica, aprofundando a discusso da assistncia estudantil com novas
perspectivas na ampliao de recursos e programas para atendimento a necessidades
bsicas, como moradia, alimentao e bolsas, mas tambm de estratgias que permitam
uma efetiva insero social por intermdio de uma formao tica, cidad, que no se
restrinja manuteno e sobrevivncia dos estudantes em condies de risco
socioeconmico.

IV PRINCPIOS
O Plano Nacional de Assistncia Estudantil rege-se pelos seguintes princpios:
I)

a afirmao da educao superior como uma poltica de Estado;

II)

a gratuidade do ensino;

III)

a igualdade de condies para o acesso, a permanncia e a concluso de curso


nas IFES.

IV)

a formao ampliada na sustentao do pleno desenvolvimento integral dos


estudantes;

V)

a garantia da democratizao e da qualidade dos servios prestados comunidade


estudantil;

VI)

a liberdade de aprender, de ensinar, de pesquisar e de divulgar a cultura, o


pensamento, a arte e o saber;

VII)

a orientao humanstica e a preparao para o exerccio pleno da cidadania;

VIII)

a defesa em favor da justia social e a eliminao de todas as formas de


preconceitos;

IX)

o pluralismo de idias e o reconhecimento da liberdade como valor tico central.

V OBJETIVOS
a) Gerais:

garantir o acesso, a permanncia e a concluso de curso dos estudantes das IFES, na


perspectiva da incluso social, da formao ampliada, da produo de conhecimento,
da melhoria do desempenho acadmico e da qualidade de vida;

garantir que recursos extra-oramentrios da matriz oramentria anual do MEC


destinada s IFES sejam exclusivos assistncia estudantil.

b) Especficos:

promover o acesso, a permanncia e a concluso de curso dos estudantes das IFES,


na perspectiva da incluso social e democratizao do ensino;

viabilizar a igualdade de oportunidades aos estudantes das IFES, na perspectiva do


direito social assegurado pela Carta Magna;

contribuir para aumentar a eficincia e a eficcia do sistema universitrio, prevenindo e


erradicando a reteno e a evaso;

redimensionar as aes desenvolvidas pelas instituies e consolidar programas e


projetos, nas IFES, relacionados ao atendimento s necessidades apontadas nas
pesquisas sobre o perfil do estudante de graduao, a partir das reas estratgicas e
linhas temticas definidas;

adequar os programas e projetos articulados e integrados ao ensino, pesquisa e


extenso;

assegurar aos estudantes os meios necessrios ao pleno desempenho acadmico;

promover e ampliar a formao integral dos estudantes, estimulando e desenvolvendo


a criatividade, a reflexo crtica, as atividades e os intercmbios: cultural, esportivo,
artstico, poltico, cientfico e tecnolgico;

consolidar a expanso de um sistema de informaes sobre assistncia ao estudante


nas IFES , por meio da implantao de um banco de dados nacional;

realizar pesquisa a cada 4 anos para atualizao do Perfil Socioeconmico e Cultural


dos Estudantes de Graduao das IFES;

definir um sistema de avaliao dos programas e projetos de assistncia estudantil por


meio da adoo de indicadores quantitativos e qualitativos para anlise das relaes
entre assistncia e evaso, assistncia e rendimento acadmico;

viabilizar por meio das IFES uma estrutura organizacional, em nvel de Pr-Reitoria
com as finalidades especficas de definir e gerenciar os programas e projetos de
assistncia estudantil;

desenvolver parcerias com a representao estudantil, a rea acadmica e a


sociedade civil, para implantao de projetos.

VI METAS

Implantao do Plano Nacional de Assistncia Estudantil no ano de 2007;

Criao de um Fundo para Assistncia Estudantil, onde os recursos destinados sero


adicionados aos aplicados atualmente e que so insuficientes para a assistncia
estudantil.

VII REAS ESTRATGICAS

reas
Permanncia

Linhas Temticas
-Moradia

rgos Envolvidos
- Assuntos Estudantis

-Alimentao

- Ensino

-Sade (fsica e mental)

- Pesquisa

-Transporte

- Extenso

-Creche
-Condies bsicas para
atender os portadores de
Desempenho

necessidades especiais
- Bolsas

- Assuntos Estudantis

Acadmico

- Estgios remunerados

-rgos das IFES ligados ao

- Ensino de Lnguas

ensino, pesquisa e extenso

- Incluso Digital

-Parcerias com rgos pblicos

- Fomento participao

e entidades com fins sociais

poltico-acadmica
- Acompanhamento psicoCultura, Lazer

pedaggico
-Acesso informao e

- Assuntos Estudantis

e Esporte

difuso das manifestaes

- rgos das IFES ligados ao

artsticas e culturais

ensino, pesquisa, extenso e

- Acesso a aes de educao cultura


esportiva, recreativa e de lazer -

Parcerias

com

rgos

pblicos federais,estaduais e
municipais

entidades

da

sociedade civil
Assuntos

- Orientao profissional, sobre - Assuntos Estudantis

da Juventude

mercado de trabalho

- Preveno a fatores de risco

pblicos federais,estaduais e

- Meio ambiente

municipais

- Poltiica,tica e Cidadania

sociedade civil

Sade,

Sexualidade

Dependncia Qumica

VIII INVESTIMENTOS

Parcerias
e

com

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Para efeito do cumprimento do Plano Nacional de Assistncia Estudantil,


dever ser criado um Fundo para Assistncia Estudantil. Esse dever ter o valor
equivalente a 10% do oramento anual de OCC ( Outros Custeios e Capitais) das IFES.
Para o segundo semestre de 2007, esse valor ser equivalente a 5% do
oramento anual de OCC das IFES.
Estes recursos sero adicionados aos aplicados atualmente pelas IFES.
IX NECESSIDADE DE PESSOAL
A elaborao e implementao de programas vinculados assistncia estudantil
no mbito das IFES est relacionada ao trabalho integrado de profissionais em atuao
nas diversas reas do conhecimento. fundamental que se envide todos os esforos no
sentido de garantir a formao de equipes multidisciplinares e interdisciplinares que
tenham como atribuio a construo e a execuo dos programas de assistncia
estudantil que envolvem, dentre outros aspectos, avaliaes de cunho social e
econmico.
Nesse sentido, faz-se premente a autorizao de vagas para realizao de
concursos pblicos de servidores tcnico-administrativos, a exemplo de assistentes
sociais, psiclogos, nutricionistas, dentre outros, atendendo as especificidades de cada
regio e instituio. Alm desses cargos, urgente a reviso de alguns cargos extintos
que esto diretamente relacionados viabilizao de alguns programas de assistncia
aos estudantes, podemos citar como exemplo o cargo de cozinheiro.
X ACOMPANHAMENTO
Historicamente as IFES tm desenvolvido suas atividades de assistncia estudantil,
a partir das demandas apresentadas pelos estudantes.
A partir das anlises dos dados coletados, observa-se a necessidade de adequar a
oferta de servios em qualidade e quantidade, com relao demanda. Associa-se a
esse contexto, a necessidade de estabelecer uma metodologia de acompanhamento e
avaliao da assistncia praticada e qualificar as aes desenvolvidas para a melhoria do
desempenho acadmico do estudante usurio dos servios.
A avaliao dos programas e projetos institucionais destinados aos estudantes
dever ser realizada pela Instituio, com a participao dos discentes e demais Pr-

Reitorias, subsidiando os trabalhos do Fonaprace na avaliao permanente do Plano


Nacional de Assistncia Estudantil.
As avaliaes institucionais devero contemplar, entre outros, os seguintes pontos:

relao oferta/ demanda;

desempenho acadmico do estudante;

mecanismo de avaliao continuada da assistncia estudantil;

Para isso, as Instituies devero:

estabelecer indicadores para pontuar a oferta dos servios em relao ao


atendimento demanda;

avaliar a melhoria do desempenho acadmico do estudante usurio da


assistncia, estabelecendo uma rede de informaes entre Pr-Reitorias,
departamentos de administrao acadmica e colegiados de cursos;

identificar a dinmica do uso de servios de complementao da vida


acadmica pelos estudantes usurios dos programas e projetos (bibliotecas,
videotecas, eventos culturais e apresentao de projetos de pesquisa e
extenso).

Para colaborar na definio de uma metodologia que atenda s necessidades e


exigncias propostas, o Frum buscar consultoria especializada em metodologia de
avaliao.

XI REFERENCIAL TERICO

HALLAK, Ingrides e SOARES, Jos F. "Influncia da bolsa de manuteno no


desempenho acadmico dos bolsistas". Estudo comparado entre dois grupos
"bolsista" e "no-bolsistas".
FARIA, Sandra de. "Poltica de Ao Comunitria". In: Frum Nacional de Pr-Reitores de
Assuntos Comunitrios e Estudantis Dez Encontros. Goinia, 1993, p. 208.
FONAPRACE, I Perfil Socioeconmico e Cultural dos Estudantes de Graduao das
IFES, Braslia, 1997.
_____________, II Perfil Socioeconmico e Cultural dos Estudantes de Graduao das
IFES, Braslia, 2004.
______________, Plano Nacional de Assistncia Estudantil,2001
Frum Nacional de Pr-Reitores de Assuntos Comunitrios e Estudantis - Dez Encontros.
Goinia, 1993, p. 110.

DIRETRIO NACIONAL 2007/2008

Presidente: Reitor Arquimedes Digenes Ciloni UFU


1 Vice-Presidente: Reitor Jos Ivonildo do Rgo UFRN
Suplente: Reitor Jos Carlos Ferraz Hennemann UFRGS
2 Vice-Presidente: Reitor Alan Kardeck Martins Barbiero UFT
Suplente: Reitor Edward Madureira Brasil UFG
Vice Sul: Reitor Joo Carlos Brahm Cousin FURG
Suplente: Reitor Lcio Jos Botelho UFSC
Vice Sudeste: Reitor Oswaldo Baptista Duarte Filho UFScar
Suplente: Reitora Malvina Tnia Tuttman UNIRIO
Vice Centro-Oeste: Reitor Timothy Martin Mulholland UnB
Suplente: Reitor Paulo Speller UFMT
Vice Nordeste: Reitor Amaro Pessoa Lins UFPE
Suplente: Reitor Josu Modesto dos Passos Subrinho UFS
Vice Norte: Reitor Jos Carlos Tavares Carvalho UNIFAP
Suplente: Reitor Marco Aurlio Leite Nunes UFRA
COORDENAO DO FONAPRACE
Coordenador Nacional: Corina Martins Espndola -UFSC
Vice-coordenador Nacional: Eduardo Silvio Sarmento de Lyra - UFAL
Coordenador Regional Norte: Jos Srgio Siqueira UFAC
Coordenador Regional Nordeste: Antonio Glaucio de Sousa Gomes UFCG
Coordenador Regional Sudeste: Rafael Magdalena UFOP
Coordenador Regional Sul: Rita de Cssia Lopes UFPR

SECRETARIA ADMINISTRATIVA
Secretrio Executivo Gustavo Balduno
Secretria Adjunta Marlia Angoti Ledier
Assessora de Comunicao Lilian Saldanha

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