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Análise Do Poema O Menino Da Sua Mãe

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Anlise do poema O menino de sua me

Este poema em seis estrofes de cinco versos (quintilhas), de versos regulares de


6 slabas e rimados -esquema abaab, que se repete nas diferentes quintilhas, ainda
que com rimas diferentes - destoa um pouco no conjunto do Cancioneiro por,
aparentemente, abordar um tema social - o da guerra e dos meninos injustamente
roubados idade ("Agora que idade tem?"), s mes e s velhas amas, infncia,
afinal. Trata-se, efetivamente, de um poema de base narrativa, com narrador - o
poeta; narrao de uma histria; ao - a morte na guerra; personagens; espao plaino abandonado/l longe, em casa; e tempo - passado. O narrador subjetivo, visto
emitir juzos de valor sobre o que conta e at sobre os motivos desta morte
prematura. Em todo o caso, naturalmente que aqui, sob forma narrativa, se
transmitem sentimentos (mesmo que "fingidos" no sentido de fingimento pessoano).
Na primeira quintilha, conta-se, descreve-se a situao vivida pelo protagonista e
tambm se faz o retrato da personagem no momento atual. A descrio feita em
termos realistas, "fortes", como convm a quem quer fazer ver.
Nas estrofes seguintes, predomina a emoo, o valorativo. O jovem, cuja
juventude e perda dela so referidas em frases exclamativas, que j no tem idade
(como se refere entre parnteses - discurso parenttico que reala a mensagem nele
contida) , afinal, "filho nico", cujo nome , por vontade materna, O menino da sua
me - um menino-smbolo de uma me-smbolo. Regressa-se nas 4 e 5 quintilhas
descrio e emoo: a cigarreira breve, smbolo do que no morre, do que fica de
uma vida, essa sim, breve (deves ter reconhecido a figura estilstica da hiplage); o
leno bordado dado pela criada velha/que o trouxe ao colo.
A ltima quintilha lana um olhar sobre o espao familiar: "L longe, em casa,
h a prece:/"Que volte cedo e bem!" S que a prece , sem que l em casa o saibam,
intil, agora que "o menino da sua me" 'jaz morto e apodrece" (este verbo substitui e
intensifica o realismo do verbo arrefece da 1 estrofe). Pelo meio, novo discurso
parenttico que aponta subtilmente a causa que est por detrs desta morte
prematura (Malhas que o Imprio tece!), ou seja, hoje e sempre, as vtimas que o
desejo de Imprios faz.
Nuno Hiplito, Um Fernando Pessoa (texto adaptado)

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