Otdr
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Funcionamento e aplicaes
Introduo
Freqentemente necessrio executar procedimentos de manuteno em
redes utilizando cabos de par metlico ou fibra ptica para avaliar suas
caractersticas em busca de algum tipo de falha ou deteriorao do material.
Os Reflectmetros no Domnio do tempo (Time Domain Reflectometers) ou
simplesmente TDR, so dispositivos utilizados para localizar rapidamente uma
grande variedade de problemas em cabos como curtos, cabos abertos, cabos com
defeitos intermitentes, dobras e frisos que podem ser detectados pelo instrumento.
O TDR opera de forma semelhante a um radar. Um pulso eltrico de
amplitude e durao conhecida transmitido de uma extremidade a outra do cabo.
Se houver qualquer mudana na impedncia caracterstica do cabo, haver
reflexes do pulso transmitido. De modo anlogo, se no existir nenhuma falha de
cabo, nenhum pulso de reflexo ir ocorrer. Por exemplo, no caso de um cabo
coaxial, verifica-se que existe um considervel retorno de sinal em pontos de
ruptura. O TDR nesse caso utilizado como um osciloscpio, que mostra
graficamente as propriedades eltricas de toda a extenso de um cabo. Ele possui
as mesmas funcionalidades oferecidas pelo multmetro para redes eltricas,
possuindo ainda caractersticas adicionais. Uma delas a possibilidade de realizar
um teste sem interromper uma rede, diferentemente do multmetro, onde
necessrio remover o terminador ou desconectar um segmento. Isso possvel,
pois o TDR age como se fosse um terminador de rede, podendo ficar conectado a
ela pelo tempo que for necessrio para os testes. Outra vantagem oferecida pelo
TDR a sua capacidade de mostrar a localizao precisa onde ocorre o problema,
diferentemente do multmetro que s indica a existncia do problema (curto,
aberto, etc).
Existe tambm um outro equipamento de igual importncia ao TDR,
conhecido como Optical Time Domain Reflectometer (OTDR) Reflectmetro
ptico no Domnio do Tempo, que funciona de modo anlogo ao TDR, porm
sendo empregado na anlise de redes de fibras ticas e que envia, ao invs de
sinais eltricos, pulsos de luz (raios laser).
O OTDR funciona procurando eventos em uma fibra, detectando quebras
em cabos pticos, dobras, vazamento de luz, descolorao e degradao da fibra,
alm de indicar o comprimento do cabo e o comprimento de onda de todos os
transmissores ligados na rede. Isto faz desse instrumento uma inestimvel
ferramenta de controle de qualidade para qualquer um que fabrica, instala ou
executa a manuteno de redes com fibras pticas. Entender como funciona e
saber configurar corretamente esse instrumento condio fundamental para
interpretar corretamente os resultados obtidos pelos testes com o OTDR.
O OTDR ser o objeto de estudo desse trabalho, onde sero descritos os
princpios de funcionamento e as situaes onde o equipamento deve ser utilizado
na manuteno de enlaces de redes de fibras pticas.
Jos Maurcio S. Pinheiro
Setembro-2002
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Retroespalhamento
Do exposto anteriormente, a fonte de laser do equipamento envia um pulso
ptico potente que se espalha ao longo da fibra em direo a sua extremidade
distante. Parte deste sinal ptico refletido e volta ao OTDR sob a forma de luz
retroespalhada. O instrumento capaz ento de medir a potncia ptica
retroespalhada em qualquer ponto ao longo da fibra ptica.
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logo aps um conector poder estar ligeiramente mais baixo do que estava antes,
indicando um ponto de atenuao na fibra.
Podem ocorrer tambm reflexes. Uma reflexo pode ser causada pelo
afastamento entre duas fibras. Esse espao acaba sendo preenchido pelo ar. Uma
maneira de diminuir essa reflexo, principalmente no caso de emendas mecnicas
preencher esse espao interfibras com uma gelia especial que diminui essa
diferena entre coeficientes dos meios. Essa soluo tambm pode ser usada
para a medio de enlaces pticos curtos onde o receptor do OTDR pode sofrer
problemas de sobrecarregamento devido ao nvel do sinal refletido.
Pode ocorrer tambm nos testes de enlaces pticos curtos que apresentam
conectores com altos valores de reflexo o surgimento de fantasmas, causados
pela reflexo do conector. Essa indicao permanece no tracer at ser atenuado
ao nvel de rudo. Esses eventos causam erros de leitura, pois aparentam ser
eventos reflexivos reais, porm sem apresentar perda ptica.
Nesses casos quando se encontra algum evento reflexivo no tracer em um
ponto onde no existe a princpio nenhuma conexo, mas a conexo do cabo de
teste do OTDR (lauch cable) e a fibra sob teste so altamente reflexivas, devemse procurar esses eventos em comprimentos mltiplos do cabo de teste.
Na figura anterior a queda do nvel do sinal aps o evento indica uma perda
na conexo. Tanto as emendas por fuso, quanto as emendas mecnicas,
refletem alguma luz de volta para o instrumento e tm alguma perda, apesar de
tanto a perda como a reflexo serem menores nesses exemplos. Uma outra
descontinuidade a perda de uma emenda por fuso (ou de uma dobra aguda na
fibra), que no reflete luz de volta para o instrumento.
As caractersticas de alcance e resoluo de um OTDR variam de acordo
com o modelo e fabricante. Normalmente no devem operar sob temperaturas
extremas (-20c ou +60c) por existir o risco de falha nas leituras. Equipamentos
com limitaes quanto resoluo acarretam dificuldades em testes de LANs ou
em ambientes em campus ou interedifcios.
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O fenmeno de Rayleigh
O fenmeno do espalhamento de Rayleigh a irradiao da luz sobre as
molculas do meio no qual ela incide, proporcionalmente luz incidente. Por
exemplo, o cu azul da Terra causado pela disperso de Rayleigh da luz, um
processo descrito primeiramente por Sir Rayleigh, fsico britnico (1842-1919).
A disperso de Rayleigh a disperso da luz pelos objetos que so
pequenos em comparao ao comprimento da luz. No caso da Terra, a luz visvel
do sol contm uma mistura das cores, cada cor corresponde a um comprimento de
onda diferente. A luz solar que penetra na atmosfera da terra em um sentido
dispersa em todos os sentidos quando encontra as molculas do ar. Os
comprimentos mais curtos da luz (o azul do espectro) so mais dispersos do que
os comprimentos longos (o vermelho do espectro), por isso o cu fica azul durante
o dia. Ao anoitecer, quando o sol fica mais baixo no cu, os raios do sol passam
numa espessura muito grande de ar. A luz azul pode comear a ser dispersa
lateralmente gerando um por do sol vermelho colorido. Se no houvesse nenhuma
atmosfera, o cu pareceria negro, como na lua.
Assim, quando a luz passa atravs de uma partcula (impureza), parte dela
espalhada em todas as direes. A parte que retorna at a fonte
(aproximadamente 0,0001%) chamada retroespalhamento.
Teste de retroespalhamento
Este teste realizado com o OTDR. O instrumento faz uso do fenmeno do
espalhamento de Rayleigh da seguinte forma:
O instrumento gera um pulso luminoso que inserido na fibra ptica sob teste.
Conforme percorre a fibra, a luz atenuada.
Em um determinado ponto X na fibra, a luz provoca o espalhamento de
Rayleigh das molculas de vidro desse ponto, com intensidade proporcional luz
existente nesse ponto.
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L=v
t
, onde L a distncia entre o ponto X e o incio da fibra ptica, t o
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Nesses casos, uma diferena de atenuao de 0,1 dB/km entre duas fibras
pticas emendadas pode ocasionar um erro de leitura de 0,25dB. Alm disso,
modificaes de retroespalhamento podem ser ocasionadas devido diferena
entre os dimetros das duas fibras. Uma variao de 1% pode causar uma
diferena de 0,1 dB no nvel do sinal retroespalhado. Essas diferenas podem ser
representadas pelo tracer do OTDR como uma maior atenuao ou ondulaes no
display do instrumento
Esse tipo de erro pode ser eliminado bastando efetuar leituras nos dois
sentidos do enlace ptico e posteriormente fazendo-se uma mdia das medidas
obtidas. Alguns modelos de OTDR dispem de rotinas de programao para esse
procedimento.
Limitaes de resoluo do OTDR
Quando necessrio lanar um pulso longo de laser em uma fibra para
realizar um teste, pode ocorrer deste pulso alcanar dois ou mais eventos
simultaneamente. Quando isso acontece, o OTDR poder no executar uma
leitura correta nesses pontos. Esse problema comum em LANs quando temos
patch panels pticos interligados por patch cords de comprimento reduzido. Esses
cordes tm sua leitura mascarada no tracer do OTDR e muitas vezes ocorre
que dois eventos so apresentados como se fossem apenas um. Nesses casos, o
valor indicado da atenuao total do segmento, o que induz a achar que se trata
de uma conexo ruim.
centro do ncleo da fibra. Isto ocorre porque o ngulo de emisso da fonte laser
muito pequeno e concentrado. Normalmente os enlaces pticos que utilizam fibras
multimodo utilizam como fonte de luz um LED. Os LEDs transmitem luz por todo o
ncleo da fibra, devido ao seu maior ngulo de emisso, obtendo um maior
retroespalhamento.
Em funo disso, as medies realizadas com o OTDR em fibras multimodo
apresentam valores de perdas menores de potncia ptica nos eventos em
comparao com os valores reais. Uma forma de reduzir esse erro efetuar a
medio em ambas extremidades da fibra e calcular a mdia de perda do enlace
ptico.
Emulador de OTDR
Existem softwares que trabalham em conjunto com um adaptador, que
permitem a um computador pessoal, rodando um sistema operacional,
normalmente Windows, ter as mesmas funcionalidades de um OTDR, tanto para
as fibras multimodo quanto para as fibras monomodo.
O OTDR assim criado constitudo por um mdulo ptico para testes em
850/1300nm multimodo, ou 1310/1550nm monomodo, um processador que
controla o mdulo ptico e envia os sinais para o PC, o qual exibe os traces. O
mdulo responsvel pelas funes do OTDR conectado ao PC via interface
RS232, sendo que o sistema operacional tem completo controle sobre o mdulo. A
operao do simulador de OTDR se baseia no Windows, onde as funes so
selecionadas atravs do mouse, botes da tela e hot keys. O gerenciamento
dos arquivos o padro utilizado pelo Windows. Estes softwares proporcionam
ainda a memorizao dos traces para posterior anlise dos dados.
A vantagem dessa soluo o preo deste conjunto, bem mais em conta
do que o preo de um OTDR normal. A figura seguinte mostra um PC com um
adaptador para simulao de um OTDR.
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Bibliografia e Referncias:
www.agilent.com.br/cm/lightwave.shtml
www.fotec.com/whatsnew.htm
www.nettest.com/products.htm
www.pcifiber.com
www.tpub.com
Wirth Lima Jnior, Almir Tudo sobre Fibras pticas - Teoria&Prtica, Editora
Altabooks, 2002 Rio de Janeiro
Bellcore Document #TR-TSY-000196, "Generic Criteria for OTDR."
Bellcore Document #TR-TSY-000326, "Fiber-Optic Connectors for Single-Mode
Optical Fibers."
Bellcore Document #TR-TSY-000910, "Generic Requirements for Fiber-Optic
Attenuators."
"Optical Fibers and Fiber Optic Communications," in Handbook of Optics, Volume
II, 1995, Optical Society of America.
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