Ex Defensoria - Aula 03 - Felipe Almeida
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A aula de hoje será baseada na resolução de exercícios, nos quais eu procurei colocar
questões que já foram objeto de concursos e outras para que possamos treinar questões mais
novas, que ainda não foram objeto de concurso.
Princípios Penais é uma matéria que cai sempre, está previsto em todos os editais do
Concurso da Defensoria, devendo o candidato se preocupar com esse tema. Assim é indicada a
leitura da parte de princípios do livro do Nilo Batista – Introdução Crítica ao Direito Penal.
Recomendo também a leitura do livro do Luiz Louize – Princípios Penais Constitucionais –
Editora Fabris, somente na parte de princípios.
1ª Pergunta:
Comentários:
Segundo os Ministros que compõem a Corte, todos esses requisitos seriam de ordem
objetiva, ou seja, não seriam requisitos subjetivos, pois levariam em consideração tanto o
desvalor da ação do agente, como o desvalor do evento ou resultado, sendo uma análise de cunho
objetivo.
Com muita freqüência, nos casos como o apresentado abaixo, verifica-se que o assistido
ostenta várias passagens pela Vara Criminal e tem inúmeras anotações por delitos idênticos,
sendo que a defesa quase sempre usa o argumento a baixa reprovabilidade da conduta, de que o
desvalor da ação é irrisório, bem como a magnitude do patrimônio do lesado (repercussão
patrimonial) ao ponto de legitimar a atuação do Direito Penal.
No conceito atual de tipicidade, não basta a mera tipicidade formal, sendo necessária a
tipicidade material, que nada mais é do que a efetiva lesão ao bem jurídico tutelado, ou, pelo
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menos, a exposição à risco de lesão do bem jurídico tutelado (ex. crimes de perigo). Assim, o
princípio da insignificância está diretamente ligado ao conceito de tipicidade material, pois esse
princípio considera uma idéia de proporcionalidade entre a conduta praticada pelo agente e a
resposta do Direito Penal.
Cuidado com o que é sustentado pelo Professor Luiz Flávio Gomes, pois no conceito de
bagatela ele mistura culpabilidade (finalidade da pena – funcionalistas – delito bagatelar próprio
– que excluiria a própria tipicidade - e delito bagatelar impróprio – excluiria a culpabilidade) e
tipicidade, sendo que a teoria da bagatela foi desenvolvida tendo como base a exclusão da
tipicidade, pois após a análise dos requisitos se conclui que a conduta é atípica. (Claus Roxin,
Política Criminal e Sistema Jurídico Penal).
2ª Pergunta:
Maria, moradora de uma comunidade carente, foi presa em flagrante delito quando
tentava sair de um supermercado com 02 (dois) frascos de desodorante avaliados em R$ 2,50
cada, escondidos sob seu casaco, ocasião em que foi surpreendida pelos seguranças do referido
estabelecimento.
Denunciada pelo Ministério Público como incursa nas penas do art. 155 c/c art. 14,
inciso II do Código Penal, Maria teve indeferido seu pedido de liberdade provisória formulado
pela defesa por ostentar diversas anotações criminais e condenações por furto e roubo e não ter
conseguido comprovar endereço fixo.
O Juiz ao decidir, condenou Maria a uma pena de 01(um) ano e 06 (seis) meses de
reclusão em regime semi-aberto, afastando a tese defensiva da insignificância ao argumento que
"no presente caso. diante da reiteração criminosa praticada pela ré e a sua personalidade
voltada para o crime, não se pode admitir a aplicação de tal princípio, do contrário estaríamos
legitimando furtos de pequeno valor e chancelando a impunidade de delinqüentes que vivem
destes pequenos delitos".
Você, Defensor Público substituto, ao ser designado nas férias do Defensor Titular para
exercício no aludido órgão, é intimado pessoalmente da mencionada sentença condenatória.
Adote a(s) medida(s) cabível (is) para melhor salvaguardar os interesses de seu assistido.
Comentários:
Maria tem várias anotações, tem a personalidade voltada para o crime. Boa parte da
jurisprudência vai entender que deve ser analisado o requisito subjetivo para ser configurado o
crime de bagatela e aplicado o princípio da insignificância, evitando, de certa forma, algumas
impunidades.
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Para a Defensoria, vamos defender a posição de Juarez Tavares (STJ), que afirma que
para o reconhecimento da insignificância jamais podemos fazer uma análise subjetiva de seus
requisitos, pois o Direito Penal é sempre da análise do fato, não do autor do fato. Analisar
requisito subjetivo é ter preocupação com o Direito Penal do autor do fato, o que deve ser
indiferente ao julgador, este deve sempre se ater ao fato. As condutas pretéritas do autor do fato
somente serão analisadas no momento da aplicação da pena.
(nesse momento o Professor foge do assunto para responder inúmeras perguntas dos alunos, que não tratam do tema).
3ª Pergunta:
Comentários:
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4ª Pergunta:
Comentários:
Não se trata de recepção do princípio da retroatividade da lei mais benigna, mas de
expressão previsão legal no art. 5º, XL da CF/88. A retroatividade da lei mais benigna é um
preceito constitucional, sendo exceção a aplicação desse princípio, para alguns autores, a lei
temporária é exceção (art. 3º CP– que possui termo inicial e termo final determinados) e leis
excepcionais – constituídas considerando um fato extraordinário, que cessadas suas condições, a
lei perde sua vigência.
O art. 3º CP afirma que as leis temporárias e excepcionais são ultrativas, pois, embora
cessada sua vigência, seja pelo decurso do prazo, seja pelas situações que lhe deram origem, os
fatos praticados enquanto vigentes serão puníveis. A doutrina entende isso como exceção à
retroatividade da lei mais benigna, pois se tais leis tipificarem uma determinada conduta “ex.
urinar na rua é crime de 01/01/2009 a 31/12/2009 e o sujeito urinou no último dia, o MP pode
denunciá-lo”. Mesmo que tenha havido a superveniência de uma lei mais benigna, essa não vai
poder retroagir.
Existem autores que discordam, afirmando que o art. 3º CP não foi recepcionado pela
CF/88, pois o artigo 5º da CF/88 não faz nenhum tipo de exceção. Assim, se a lei é mais
benéfica, ela necessariamente vai retroagir. A corrente majoritária defende que o artigo é
constitucional, mas para a Defensoria, indique as posições e se filie àquela que for mais
favorável para a defesa.
Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Tempo do crime
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5ª Pergunta:
FRANCISCO, vulgo "CORNO", foi preso em flagrante dia 07/09/2008 por violação dos
art. 213 e 214 do Código Penal. Mantida a sua custódia cautelar, devidamente processado.
FRANCISCO foi condenado pelo Juízo da 24ª Vara Criminal da Comarca da Capital, a uma
reprimenda total de 12 (doze) anos de reclusão, considerando que a pena foi fixada em seu
mínimo legal para cada injusto praticado.
Comentários:
A intenção é falar da novatio legis in mellius na Lei 12.015. Conselho, peguem todos os
enunciados da VEP do TJ/RJ, que tiveram nova redação em 23 dezembro de 2009
(http://www.tjrj.jus.br/institucional/vep/legislacao_vep/uniformizacao_decisoes.pdf), pois eles
ganharam nova redação e resolvem alguns conflitos de lei penal no tempo, notadamente da Lei
11.343/2006.
A novatio legis in mellius da 11.343/06 está batida - o antigo art.18, III da 6.368/76 não
é mais causa de aumento; aplicação retroativa do art. 33§4º, onde há uma controvérsia; para
alguns, houve a abolitio criminis do art. 12, §2º, III da 6.368/76. (qualquer livro fala disso).
Bom, voltando a questão, se a pena, no caso concreto acima, foi fixada em seu mínimo
legal para cada injusto praticado, então a pena em cada crime foi de 6 anos em cada crime, o que
identifica que todas as circunstâncias do art. 59 CP são favoráveis, ou seja, o sujeito é primário e
de bons antecedentes.
(Diante das perguntas dos colegas, o Professor decide seguir para a pergunta abaixo
para, após responder as duas juntas).
6ª Pergunta:
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Antes o tipo em questão enxergava que havia duas condutas – art. 213 e 214 (coito anal
e cópula vagínica), a discussão era que parcela da doutrina entendia que era concurso material e
outra parte afirmava que era crime continuado, pois aplicava os requisitos do art.71 (verificando
se eram crimes da mesma espécie – havia 3 correntes: a) se atingem o mesmo bem jurídico
tutelado; b) se previstos no mesmo tipo penal (o art. 213 e 214 não seriam); c) crimes que
possuem semelhanças nos elementos subjetivos e objetivos (furto e roubo seriam da mesma
espécie, mas dano e furto não seriam, mas para o primeiro entendimento seriam).
O STF, um pouco antes da Lei 12.015, entendia que estupro e atentado violento ao
pudor não eram crimes da mesma espécie, mas crimes do mesmo gênero (crimes sexuais).
Assim, não haveria a possibilidade de crime continuado, pois não satisfaria os requisitos do art.
71 CP - vide HC 86.238.
Com a introdução da Lei 12.015, o legislador coloca no mesmo tipo penal as condutas
que, antes, estavam previstas em tipos penais separados, agregadas às condutas do estupro.
Agora no estupro estão as condutas de conjunção carnal e atos libidinosos diversos. Assim, hoje,
o art. 213, a partir da Lei 12.015, é um tipo de conteúdo múltiplo ou variado.
Agora, devemos verificar se ele é um tipo penal de conteúdo cumulativo – vai implicar
em concurso material, mas se o tipo for tipo misto de conteúdo variado ou alternativo, no qual há
fungibilidade entre comportamentos – haverá um único crime (art. 33 da Lei 11.343/06).
Assim, o art.213 com a nova redação da Lei 12.015, é um tipo misto de conteúdo
variado ou alternativo, não havendo mais possibilidade de concurso material, se no mesmo
contexto fático o agente prática várias condutas, logo, é um crime somente. A reprovabilidade da
pratica das duas condutas ao invés de uma é que será maior, com a exasperação da pena.
Voltem à questão anterior: o sujeito vai responder somente pelo art. 213, mas ele terá
uma exasperação na 1ª fase da aplicação da pena. Tendo a sentença transitado em julgado, cabe
requerimento de redução de pena, sendo a autoridade competente para a apreciação o Juiz da
VEP, mera aplicação do art. 76, I do CP, é direito público subjetivo do réu, pois houve lei
posterior que favorece o agente.
Alguém falou em HC, mas se tiver que haver nova análise de prova, não poderá
produzir prova, mas HC é prova pré-constituída, o que é diverso de dilação probatória. Assim
sendo, poderá ser impetrado HC, desde que a prova esteja pré-constituída e não tenha que haver
dilação ou produção probatória.
Então, para o caso da menina do desodorante ali no caso acima, é lógico que o Defensor
vai entrar com uma apelação, mas deveria ser impetrado um HC concomitantemente, pois HC
não é recurso, é ação autônoma de impugnação. Não vou poder esperar ser julgada a apelação
para ver meu assistido livre, ou com mudança de regime.
Voltando à resposta da 5ª pergunta: o art. 214 deixou de existir, mas não houve a
abolitio criminis, pois o sujeito deverá responder pela conduta prevista no art. 213, já que a
conduta do atentado violento ao puder integra a do estupro, prevista no art. 213. O Juiz da VEP
fará nova dosimetria da pena, preservando os 6 anos, do art. 213 e faria como se ele fosse
condenado hoje, com a exasperação da pena. Assim, o juiz fixará nova pena, em 7 anos, nos
termos do art. 59 CP, já que o art. 214 não existe mais autonomamente.
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CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Estupro
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Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém,
mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de
vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem
econômica, aplica-se também multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
7ª Pergunta:
PROVÃO PRELIMINAR DO XVIII PARA DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO - 5a Questão: Antônio, por ter praticado relações sexuais com Maria, foi
condenado à pena de 09 anos de reclusão, por infringência ao artigo 213 c/c 224, "a", c/c art. 9º
da Lei 8.072/90, fixado o regime integralmente fechado para o cumprimento da pena. Apelou,
sendo a sentença condenatória transitou em julgado, que medida judicial e sob que fundamento
pode ser adotada em favor do sentenciado? Indique, também, o órgão jurisdicional competente.
Essa questão trata somente de uma premissa, qual seja, a da violência presumida (art.
224 CP), em que havia uma discussão muito grande se o sujeito que praticava o estupro com
violência presumida poderia ter sua pena aumentada pelo art. 9º da 8.072/90.
Outra parcela da doutrina, minoritária, entendia que poderia ser usada para aumentar a
pena, sem implicar em bis in idem, pois o STF permitia esse aumento ainda que a presunção da
violência tivesse sido usada para a caracterização do estupro.
O que eu quero focar aqui, nessa questão, é a superveniência da Lei 12.015 – pois os
tipos previstos no art. 9º da Lei 8.072/90, hoje, as hipóteses do art. 224 CP, integram tipos
penais, seja pelo art. 217-A, do estupro de vulnerável.
Vamos partir da premissa que era bis in idem, o sujeito somente poderia receber a pena
de 6 anos. Se o sujeito praticou o estupro contra menor de 14 anos (presunção de violência), mas
se valendo de violência real, nesse caso, haveria o aumento do art. 9º da 8.072/90 (sem bis in
idem), com o aumento para 9 anos.
Imaginem, se o sujeito praticou o estupro com violência e teve o aumento, apena dele
chegou a 9 anos, esses dois autores, com a 12.015, a situação dele é melhor, pois pena é de 8
anos, devendo a pena ser alterada de 9 anos para 8 anos, Informativo 409 do STJ – Resp
1.102.005-SC. O STJ entendeu que esse indivíduo teria uma situação mais benéfica.
Obs: ver o Informativo 574 do STF – sobre o art. 33,§4º e crimes da 6.368/76 e
combinação de leis.
8ª Pergunta:
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Isso gera uma discussão na doutrina: se o sujeito responde por uma tentativa e depois
por um resultado culposo, ou se ele responde pelo dolo geral. Essa questão de dolo geral é uma
teoria antiga, criada por “Welzel” na década de 40, que explicava que o dolo do finalismo puro.
No Brasil, não se aplica o finalismo puro, pois Welzel trazia para dentro do dolo a causalidade.
Dolo geral é hipótese de erro de tipo, é crime aberrante, é a teoria pela qual você
esclarece o chamado erro sucessivo, ou erro quanto à causalidade (“aberratio causae”), que era
resolvido por uma teoria antiga chamada dolo geral, a qual afirmava que se não houve desvio
penal relevante, ainda que o sujeito tenha atingido o resultado por outra situação diversa do dolo
inicial, o agente responde como se o crime estivesse consumado. Para Roxin, seria concurso de
crimes, mas isso não se aplica no Brasil.
No Brasil, se não houve algum desvio causal relevante, o dolo geral resolve o problema,
se o resultado foi obtido por outra conduta, o sujeito responde pelo dolo inicial, mas, nesse caso
concreto, isso não se aplica, pois houve a superveniência de uma causa relativamente
independente (art. 13§1º CP), qual seja, a cobra, por si só já teria matado o sujeito. Aqui se
trabalha com a causalidade física, ou seja, “conditio sine qua non”.
Relação de causalidade
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
Roberto é a vítima, vamos ver a conduta de Estevão: Roberto era seu desafeto,
encontrado com vida, então a conduta de Estevão é omissão de socorro simples, pois o resultado
morte decorreu da concausa superveniente relativamente independente, sendo o crime de
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omissão de socorro de mera conduta (não possui resultado naturalístico), para o qual não se
admite tentativa e que se consumou a partir do momento em que ele deixou de prestar socorro
quando podia fazê-lo sem risco pessoal.
9ª Pergunta:
Pergunta -se: Em tese, deve ser correto esse posicionamento do MP? Justifique a
resposta. Sendo negativa a resposta à pergunta anterior, qual o crime, em tese, teria praticado
Beto?
Resposta:
O art. 13,§1º CP é a única limitação da conditio sine qua non, sendo que a expressão
“por si só” significa que o resultado está fora da linha de normal desenvolvimento da ação, ou
linha de homogeneidade, linha de desdobramento natural. Aqui o que tem que ser analisado é se
o resultado morte estava nessa linha de desdobramento natural. Para excluirmos o resultado
morte, tudo vai depender da expressão “por si só”, ou seja, o resultado não depende da atuaçaõ
do agente.
Nesse caso, o médico amputar a perna – erro médico, isso configura a própria causa
superveniente. Notem, Damásio não pensa assim, mas aqui o médico foi imperito. O resultado
decorreu unicamente daquela condição, não tendo o agente contribuído para o resultado,
devemos sempre desvincular o resultado da atuação do agente.
Crime de Beto: lesão corporal de natureza leve. Se CHICO fosse hemofílico e BETO
não sabia: o dolo de Beto era lesão, BETO responderia por lesão corporal somente, não poderia
ser lesão corporal seguida de morte, pois isso é responsabilidade objetiva, isso fere o principio da
culpabilidade, art. 19 CP. Se ele sabia e agiu com o dolo de matar – homicídio.
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10ª Pergunta:
Essa teoria gera alguns problemas, quando à previsibilidade, mas tudo se resolve com o
elemento subjetivo, que este dirá qual o crime. Na prática, como vamos provar o dolo? Esse é o
problema, além da culpa normativa. Enfim, essa teoria comporta anos de estudo e várias
críticas.
11ª Pergunta:
Assim, na tentativa perfeita não há como haver desistência voluntária, pois o agente já
esgotou os meios que estavam à disposição para a consumação do crime, mas tem como se
arrepender. Na tentativa imperfeita, o sujeito não esgota todos os meios que estavam à sua
disposição; logo, cabe a desistência voluntária.
Nos crimes materiais, sim, caberia a desistência voluntária, mas nos formais e de mera
conduta não admitem o arrependimento eficaz, mas admitem a desistência voluntária, pois o
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crime formal é de consumação antecipada, sendo que o resultado não precisa ocorrer para se
consumar. O legislador considera o crime no meio do caminho executório.
12ª Pergunta:
13ª Pergunta:
14ª Pergunta:
A maioria entende que sendo uma injusta agressão, seria incompatível, pois não se pode
consentir numa injusta agressão. Outra parte da doutrina entende que seria compatível, se o
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15ª Pergunta:
Essas duas teorias visam explicar a descriminantes putativas, uma foi adotada pelo CP,
a outra é adotada pela maioria da doutrina (teoria extremada – todo e qualquer erro sobre a
ilicitude é erro de proibição – erro sobre uma descriminante ou causa de justificação. Se a pessoa
erra quanto á causa de justificação e se esta ilide a ilicitude, se há erro quanto essa causa = erro
de proibição).
O CP adotou a teoria limitada (veja a exposição de motivos, no item 17), segundo a qual
há distinção das hipóteses de erro. Se erro for quanto ao pressuposto fático de causa de
justificação, isso é erro de tipo permissivo, cujas conseqüências, se invencível exclui o dolo e a
culpa, mas se vencível – é punível culposamente se existente o tipo culposo (art. 20,§1º CP) –
erro é quanto aos limites = erro de proibição indireto (art. 21 CP).
16ª Pergunta:
17ª Pergunta:
18ª Pergunta:
Sim, pois os ébrios, alcoólatras e dependentes químicos são considerados pela OMS
como dementes patologicamente, estando enquadrado no art. 26, caput, como inimputáveis, pois
não possuem capacidade de se auto-determinar. Depende de perícia para a declaração de
insanidade mental. Tal condição exclui a culpabilidade.
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