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A Crise Dos Paradigmas

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RESENHAS

Eduardo Henrique de Matos Lima UFVJM Diamantina/MG

______________________________________________________________________ A Crise dos Paradigmas e a Educao Zaia Brando - org. A Crise de Paradigmas e o surgimento da Modernidade Danilo Marcondes Os paradigmas podem ser vistos ento como 'realizaes passadas dotadas de carter exemplar' (KUHN, 1962, p. 218). E, mais adiante, temos que 'um paradigma aquilo que os membros de uma comunidade cientfica partilham e, inversamente, uma comunidade cientfica consiste em homens que partilham um paradigma' (id., p. 219)." (pag. 17) "Uma crise de paradigmas caracterza-se assim como uma mudana conceitual, ou uma mudana de viso de mundo, consequncia de uma insatisfao com os modelos anteriores predominantes de explicao". (pag. 17) Descartes = subjetividade - cgito; Kant = sujeito transcendental (estrutura universal da subjetivdade - relao cognitiva com a realidade: sensibilidade pura, intuio pura, entendimento, capacidade de formular juzos; Iluminismo = conscincia individual, autnoma em sua capacidade de conhecer o real: conhecimento, cincia e educao; Romantismo = sentimento e intuio como formas da relao entre o homem e a realidade subjetividade em outro sentido; Hegel = intersubjetividade - linguagem (sistema simblico), trabalho (interao com o mundo) e ao recproca (interao entre conscincias); Marx = transformao da sociedade, eliminar o domnio de uma classe sobre as outras, no apenas pela Educao e pela Cincia; Nietzschen e Kierkegaard = angstia e desespero no questionamento do sentido da existncia humana; A Crise dos Paradigmas e a Crise do Conceito de Paradigma Carlos Alberto Plastino Plato - paradigma um modelo, idia. Tb ver, viso, como aspectos da coisa vista. Thomas Kuhn - paradigma o prprio conhecimento. "(...) parece-me necessrio discutir no apenas a questo da crise de determinado paradigma, mas a crise do conceito mesmo de paradigma, o que significa questionar a especializao das disciplinas cientficas e sua produo, isto , as problemticas social, econmica, poltica e cultural das sociedades nas quais esta produo se realiza. A questo central que atravessa a crise do paradigma da Cincia moderna a das relaes entre o ser e o advir ou, pode-se dizer, entre a permanncia e a mudana." (pag. 35) "Esta perspectiva iluminista foi hoje abandonada pela Fsica e pelas Cincias da natureza em geral. Liberados da fascinao de uma racionalidade fechada, esses saberes no mais sustentam a necessidade de negar a possibilidade do novo e do diverso, em nome de uma lei universal e

imutvel. O conhecimento da ordem necessria, dada desde sempre e capaz de exprimir-se em um sistema fechado, deixa lugar possibilidade de um conhecimento parcial de um mundo aberto, de cuja construo o homem participa (Prigogine & Stengers, 1990, p. 302 e ss.). Assim o tempo, o sujeito e a histria se transformam em fatores imprescindveis para a compreenso do ser e da transformao, parmetros iniludveis para a construo do conhecimento." (pag. 36) "(...) no de uma crise dos paradigmas que devemos falar, porque no se trata de substituir um modelo que se verifica incapaz de refletir uma realidade dada. O que enfrentamos a crise do conceito mesmo de paradigma, na medida em que, no existindo uma realidade dada - entendida como sistema fechado - j no se trata de discutir a maior ou menor pertinncia de um modelo (paradigmas) que a reflita, mas preciso criticar a pertinncia do prprio conceito de paradigma. Esta segunda perspectiva inclui a crtica do conceito de crise dos paradigmas, j que, ao contrrio do modelo positivista, essa crise no deriva da inadequao dos paradigmas a uma realidade, mas de sua incompatibilidade com nossas escolhas ticas. Afirmar que no existe uma verdade necessria que cabe Cincia conhecer, no significa negar a possibilidade ou a necessidade de uma racionalidade que cabe construir. Esta, entretanto, no se define por uma relao a determinada ordem dada desde sempre, mas deve ser construda em ntima relao com os objetivos em torno dos quais se desenvolvem as relaes dos homens entre si e com o mundo natural. Assim sendo, a racionalidade a ser construda passa necessariamente pelo crivo de nossas opes ticas." (pag. 48-49) A Crise dos Paradigmas em Educao na tica da Psicologia Maria A. C. Mamede Neves Pag. 59 - sobre um novo ser... "(...) um ser de uma afetividade intensa e instvel, que sorri, ri, chora, um ser ansioso e angustiado, um ser gozador, brio. Esttico, violento, furioso amante, um ser inadido pelo imaginrio, um ser que conhece a morte mas que no pode acreditar nela, um ser que segrega o mito e a magia, um ser possudo pelos espritos e pelos deuses, um ser que se alimenta de iluses e de quimeras, um ser subjetivo, cujas relaes com o mundo objetivo so sempre incertas, um ser sujeito ao erro a vagabundagem, um ser brico que produz desordem. (...) Sendo assim, necessrio pensar que o desfraldamento do imaginrio, que as derivaes mitolgicas e mgicas, que as confuses da subjetividade, que a multiplicao dos erros e a ploriferao da desordem, longe de terem constitudo desvantagens para o Homo Sapiens, esto, muito pelo contrrio, ligadas aos seus prodigiosos desenvolvimentos (...) (apud Morin, 1991, pp. 108-9, grifo do original) MORIN, E. O Paradigma Perdido - a Natureza Humana. Sintra, Publicaes Europa-Amrica, 1991. Paradigmas em Crise e a Educao Pedro Benjamim Garcia "Os acontecimentos se precipitam e as nossas categorias se tornaram pobres para entend-los. Queda do muro de Berlim, fracasso do socialismo real, fundamentalismo iraniano, AIDS, neonazismo, intolerncia tnica... Imploso dos grandes sistemas, dos modelos, dos blocos. Fragmentao a que se deu o nome de ps-moderno." (pag. 61) "Ter chegado o momento de nos assumirmos, sem pai nem me ideolgicos, com todos os riscos que isto implica. E talvez seja este o nosso temor, o nosso desalento." (pag. 63)

"(...) a Educao tem um papel a desempenhar. (...) Trata-se de 'remar contra a mar', vale dizer, contra o modelo de sociedade que temos, com a sua tica excludente, competitiva e predatria. Porm, mais do que buscar se opor, perspectiva em que o outro d as cartas, e ns estamos sempre correndo atrs, trata-se de CONSTRUIR atravs de processos educativos, e neles mesmos, formas solidrias, igualitrias e plurais de convivncia entre os homens." (pag. 67) (...) a "crise de paradigmas" uma questo limitada a um pequeno crculo intelectual. Provavelmente, 95% da populao nem sabe o que significa paradigma e faz do seu dia-a-dia uma luta cotidiana pela sobrevivncia. Sem nenhum populismo, h muito a aprender neste contato. E aprender se juntando, somando foras, buscando juntos solues coletivas. Sem elas, no h sada." (pag. 68) CASTORIADIS, C. O Mundo Fragmentado - As Encruzilhadas do Labirinto/3. Paz e Terra, Rio de Janeiro. ------------------------------------------Um Discurso Sobre as Cincias Boaventura de Sousa Santos O Paradigma Dominante "O modelo de racionalidade que preside cincia moderna constitui-se a partir da revoluo cientfica do sculo XVI e foi desenvolvido nos sculos seguintes basicamente no domnio das cincias naturais. (...) Sendo um modelo global, a nova racionalidade cientfica tambm um modelo totalitrio, na medida em que nega o carter racional a todas as formas de conhecimento que se no pautarem pelos seus peincpios epistemolgicos e pelas suas regras metodolgicas. (...) Est consubstanciada, com crescente definio, na teoria heliocntrica do movimento dos planetas de Coprnico, nas leis de Kepler sobre as rbitas dos planetas, nas leis de Galileu sobre a queda dos corpos, na grande sntese da ordem csmica de Newton e finalmente na conscincia filosfica que lhe conferem Bacon e sobretudo Descartes." (pag. 21-22) (...) A natureza to s extenso e movimento; passiva, eterna e reversvel, mecanismo cujos elementos se podem desmontar e depois relacionar sob a forma de lei; no tem qualquer outra qualidade ou dignidade que nos impea de desvendar os seus mistrios, desvendamento que no contemplativo, mas antes activo, j que visa conhecer a natureza para a dominar e controlar. (pag. 22) (...) A matemtica fornece cincia moderna, no s o instrumento privilegiado de anlise, como tambm a lgica da investigao, como ainda o modelo de representao da prpria estrutura da matria. (...) Deste lugar central da matemtica na cincia moderna derivam duas consequncias principais. Em primeiro lugar, conhecer significa quantificar. O rigor cientfico afere-se pelo rigor das medies. (...) O que no quantificvel cientificamente irrelevante. Em segundo lugar, o mtodo cientfico assenta na reduo da complexidade. (...) Conhecer significa dividir e classificar para depois poder determinar relaes sistemticas entre o que se separou. (pag. 27-28) (...) As leis da cincia moderna so um tipo de causa formal que privilegia o como funciona das coisas em detrimento de qual o agente ou qual o fim das coisas. por esta via que o conhecimento cientfico rompe com o conhecimento do senso comum. (pag. 30) (...)

No sculo XVIII este esprito precursor ampliado e aprofundado e o fermento intelectual que da resulta, as luzes, vai criar as condies para a emergncia das cincias sociais no sculo XIX. A conscincia fillsfica da cinca moderna, que tivera no racionalismo cartesiano e no empirismo baconiano as suas primeiras formilaes, veio a condensar-se no positivismo oitocentista. (pag; 33) (...) - as cincias sociais surgem com base no modelo mecanicista, mas de duas formas distintas: a) tendo as as cincias naturais como referncia e desenvolvimento metodolgico, sujeita ao positivismo (fsica social); b) reinvindica um estatuto epistemolgico e metodolgico prprio, com base na especificidade do ser humano e sua distino polar em relao natureza. A segunda vertente argumenta que a ao humana radicalmente subjetiva, no pode ser descrito e explicado simplesmente com base em caractersticas exteriores e objetivveis. (...) tem de compreender os fenmenos sociais a partir das aitudes mentais e do sentido que os agentes conferem s suas aes, para o que necessrio utilizar mtodos de investigao e mesmo critrios epiistemolgicos deferentes dos correntes nas cincias naturais, mtodos qualitativos em vez de quantitativos, com vista obteno de um conhecimento intersubjetivo, descritivo e compreensvel, em vez de um conhecimento objetivo, explicativo nomottico. Esta concepo de cincia social reconhece-se numa postura antipositivista e assenta na tradio filosfica da fenomenologia e nela convergem diferentes variantes (...) Contudo, numa reflexo mais aprofundada, esta concepo,(...) revela-se mais subsidiria do modelo de racionalidade das cincias naturais do que parece. Partilha com este modelo a distino natureza/ser humano e tal como ele tem da natureza uma viso mecanicista qual contrape, com evidncia esperada, a especificidade do ser humano.(...) ambas as concepes de concia social pertencem ao paradigma da cincia moderna, ainda que a concepo mencionada em segundo lugar represente, dentro deste paradigma, um sinal de crise e contenha alguns dos componentes da transio para um outro paradigma cientfico." (pag. 38-39)

A Crise do Paradigma Dominante "A crise do paradigma dominante o resultado interactivo de uma pluralidade de condies. Distingo entre condies sociais e condies tericas." (pag. 41) Condio terica: 1) o aprofundamento do conhecimento permitiu ver a fragilidade dos pilares em que se funda - a relatvidade de Einstein um exemplo; 2) a mecnica quantica - Heisenberg e Bohr demonstram que no possvel observar ou medir um objeto sem interferir nele, sem o alterar; no conhecemos do real seno a nossa interveno nele - princpio da incerteza de Heisenberg; 3) o teorema da incompletude e os teoremas sobre a impossibilidade de encontrar dentro de um dado sistema formal a prova da sua consistncia - as investigaes de Gdel vm demonstrar que o rigor da matemtica carece ele prprio de fundamento; 4) os avaos do conhecimento nos domnios da microfsica, da qumica e da biologia a partir da dcada de 1960 - a lgica de auto-organizao numa situao de no-equilbrio de Prigogine; Em vez da eternidade, a histria; em vez do determinismo, a imprevisibilidade; em vez do mecanicismo, a interpenetrao, a esponraneidads e a auto-organizao; em vez da reversibilidade, a irreversibilidade e a evoluo; em vez da ordem, a desordem; em vez da necessidade, a criatividade e o acidente;

"Mas a importncia maior dessa teoria est em que ela no um fenmeno isolado. Faz parte de um movimento convergente, pujante sobretudo a partir da ltima dcada, que atravessa as vrias cincias da natureza e at as cincias sociais, um movimento de vocao transdisciplinar que Jantsch designa por paradigma da auto-organizao e que tem afloraes, entre outras, na teoria de Prigogine, na sinergtica de Haken, no conceito de hiperciclo e na teoria da origem da vida dd Eigen, no conceito de autopoiesis de Maturana e Varela, na teoria das catstrofes dd Thom, na teoria da evoluo de Jantsch, na teoria da 'ordem implicada' de David Bohm ou na teoria da matriz-S de Geoffrey Chew e na filosofia do 'bootstrap' que lhe subjaz." (pag. 48-49) Reflexes epistemolgicas: 1) so questionados o conceito de lei e o conceito de causalidade que lhe est associado. As leis tm um carter probabilstico, aproximativo e provisrio, bem expresso no princpio da falsificabilidade de Popper. Mas principalmente, a simplicidade das leis constitui uma simplificao arbitrria da realidade. A noo de lei tem vindo a ser parcial e sucessivamente substituda pelas noes de sistema, de estrutura, de modelo e, por ltimo, pela noo de processo. O conceito de causalidade adequa-se bem a uma cincia que visa intervir no real e que mede o seu xito pelo mbito dessa interveno. reconhecido que a causalidade apenas uma das formas do determinimo e que por isso tem um lugar limitado, ainda que insubstituvel, no conhecimento cientfico. Na biologia e na microfsica o causalismo vem perdendo terreno em favor do finalismo. 2) o conhecimento cientfico moderno um conhecimento desencantado e triste que transforma a natureza num autmato, ou, como diz Prigogine, num interlocutor terrivelmente estpido. O conhecimento ganha em rigor o que perde em riqueza e a retumbncia dos xitos da interveno tecnolgica esconde os limites da nossa compreenso do mundo e reprime a pergunta pelo valor humano do af cientfico assim concebido. Qualitativos e no somente quantitativos (limitados). Condies sociais: A cincia ganhou em rigor nos ltimos anos mas perdeu em capacidade de auto-regulao. "As idias da autonomia da cincia e do desinteresse do conhecimento cientfico, que durante muito tempo constituram a ideologia espontnea dos cientistas colapsaram perante o fenmemo global da industrializao da cincia a partir sobretudo das dcadas de trinta e quarenta." (pag. 56-57) O poder econmico, social e poltico passaram a ter um papel decisivo na definio das prioridades cientficas. A comunidade cientfica estratificou-se, as relaes de poder entre cientistas tornaram-se mais autoritrias e desiguais; e a proletarizao de grande parte dos cientistas. A investigao capitalintensiva tornou impossvel o livre acesso aos equipamentos, resultando na desiqualdade no desenvolvimento cientfico e tecnolgico entre os pases centrais e os pases perifricos. A crise do paradigma possibilita uma "busca de uma vida melhor a caminho de outras paragens onde o otimismo seja mais fecundo e a racionalidade mais plural e onde finalmente o conhecimento volte a ser uma aventura encantada." (pag. 58)

O Paradigma Emergente Especulaes a partir dos sinais que a crise do paradigma atual emite;

Pontos de convergncia e diferenas nas snteses sobre o novo paradigma: Ilya Prigogine nova aliana e metamorfose da cincia; Fritjof Capra nova fsica e o Taoismo da fsica; Eugene Wigner mudana do segundo tipo; Erich Jantesch o paradigma da auto-organizao; Daniel Bell da sociedade ps-idustrial; Habermas da sociedade comunicativa; Boaventura conhecimento prudente para uma vida decente. ... o paradigma a emergir dela (revoluo cientfica) no pode ser apenas um paradigma cientfico (o paradigma de um conhecimento prudente), tem de ser tambm um paradigma social (o paradigma de uma vida decente). (p. 60) 1. Todo o conhecimento cientfico-natural cientfico-social "A distino dicotmica entre cincias naturais e cincias sociais deixou de ter sentido e utilidade." (pag. 61) Os avanos recentes da fsica e da biologia pem em causa a distino entre o orgnico e inorgnico, seres vivos e matria inerte, humano e no humano. Reconhecer os conceitos de historicidade e de processo, de liberdade, de auto-determinao e de conscincia; Conhecimento no dualista, um conhecimento que se funda na superao das distines familiares e obvias natureza / cultura, natural / artificial, vivo / inanimado, mente / matria, observador / observado, subjetivo / objetivo, coletivo / individual, animal / pessoa cincias naturais / cincias sociais; ... a medida que as cincias naturais se aproximam das cincias sociais estas aproximam-se das humanidades. O sujeito, que a cincia moderna lanara na dispora do conhecimento irracional, regressa investido da tarefa de fazer erguer sobre si uma nova ordem cientfica. (p. 69) "(...) No vir longe o dia em que a fsica das partculas nos fale do jogo entre as partculas, ou a biologia nos fale do teatro molecular ou a astrofsica do texto celestial, ou ainda a qumica da biografia das reaes qumicas. Cada uma destas analogias desvela uma ponta do mundo. (...) Jogo, palco, texto ou biografia, o mundo comunicao e por isso a lgica existencial da cincia ps-moderna promover a situao comunicativa tal como Habermas a concebe. Nessa situao confluem sentidos e constelaes de sentidos vindos, tal qual rios, das nascentes das nossas prticas locais e arrastando consigo as areias dos nossos percursos moleculares, individuais, comunitrios, sociais e planetrios. No se trata de uma amlgama de sentido (que no seria sentido mas rudo), mas antes de interaes e de intertextualidades organizadas em torno de projetos locais de conhecimento indiviso. (p. 72-73) 2. Todo o conhecimento local e total

Dilema bsico da cincia moderna: seu rigor aumenta na proporo direta da arbitrariedade com que espalha o real conhecimento disciplinar e disciplinado (ignorante especializado); No paradigma emergente o conhecimento total, mas tambm local; A fragmentao ps-moderna no disciplinar e sim temtica. Os temas so galerias por onde os conhecimentos progridem ao encontro uns dos outros. (p. 76) Essa nova cincia tradutora, incentiva os conceitos e as teorias locais a emigrarem para outros lugares conhecimento sobre as condies de possibilidade (pluralidade metodolgica). "O conhecimento ps-moderno, sendo total, no determintico, sendo local, no descritivista. um conhecimento sobre as condies de possibilidades. As condies de ppssibilidades da ao humana projetada no mundo a partir de um espao-tempo local. Um conhecimento desse tipo relativamente imetdico, consritui-se a partir de uma pluralidade metodolgica. Cada mtodo uma linguagem e a realidade responde na lngua em que perguntada." (pag. 77) "A cincia ps-moderna no segue um estilo unidimensional, facilmente identificvel; o seu estilo uma configurao de estilos construda segundo o critrio e a imaginao pessoal do cientista." (pag. 78-79) fuso de estilos, composio transdisciplinar e individualizada na realizao de estudos e pesquisas. 3. Todo o conhecimento autoconhecimento Na cincia moderna o homem epistmico, mas no sujeito emprico. Um conhecimento objetivo, factual e rigoroso no tolerava a e interferncia dos valores humanos ou religiosos. (p. 80) Distino dicotmica sujeito / objeto enorme distino na antropologia: antroplogo (sujeito) e povo primitivo ou selvagem (objeto), sendo reduzida com metodologias (trabalho de campo etnogrfico, observao participante) ; menor distino na sociologia: cientistas estudando seus concidados, sendo aumentada com a metodologia (anlise documental, estrevistas estruturadas). manuteno da separao; O ato de conhecimento e produto do conhecimento passam a ser inseparveis, sujeito passa a ser novamente objeto; Nova gnose em gestao desejo de harmonia e comunho com tudo o que nos rodeia; ... podemos afirmar hoje que o objeto a continuao do sujeito por outros meios. Por isso, todo o conhecimento cientfico autoconhecimento. A cincia no descobre, cria, e o ato criativo protagonizado por cada cientista e pela comunidade cientfica no seu conjunto tem de se conhecer intimamente antes que conhea o que com ele se conhece do real." (p. 83)

Alternativas da metafsica, da astrologia, da religio, da arte, da poesia tambm so explicaes possveis da realidade. "A cincia do Paradigma Emergente mais contemplativa do que ativa. A qualidade do conhecimento afere-se menos pelo que ele controla ou faz funcionar no mundo exterior do que pela satisfao pessoal que d a quem a ele acede e o partilha." (p. 86) Cincia auto-biogrfica e auto-referencivel. Cincia mais contemplativa que ativa, no s controla ou faz funcionar; A dimenso esttica da cincia passa a ser reconhecida. A criao cientfica como uma criao artstica (preocupao esttica). 4. Todo o conhecimento cientfico visa constituir-se em senso comum A cincia moderna nos ensina pouco sobre a nossa maneira de estar no mundo, produz conhecimentos e desconhecimentos cientista um ignorante especializado, o cidado comum um ignorante generalizado; Na cincia ps-moderna, o conhecimento do senso comum o mais importante, conhecimento vulgar e prtico que nos orienta nas aes e d sentido nossa vida fundamental para enriquecer nossas relaes; Apesar de ser conservador, o senso comum tem uma dimenso utpica e libertadora que pode ser ampliada dialogando com o conhecimento cientfico; O senso comum criatividade e responsabilidade individual, prtico e pragmtico, fivel e securizante, transparente e evidente, exmio em captar a profundidade das relaes, indisciplinar e imetdico, reproduz-se expontaneamente, aceita o que existe tal como existe, privilegia a ao, retrica e metafrica, no ensina, persuade. Na cincia ps-moderna o salto mais importante o que dado do conhecimento cientfico para o conhecimento do senso comum, devemos exercer a insegurana em vez de a sofrer; Sabemos o caminho, mas no exatamente onde estamos na jornada; Criatividade Criatividade o olhar diferente para o mundo e para si mesmo (Quzia Bombonatto Psicopedagoga) Imaginao mais importante do que conhecimento (Albert Einstein) Pessoas Criativas: - Gostam do que fazem; - Confiam em si prprias, mas no se sentem donas do mundo;

- Sabem assumir riscos; - No tm medo de errar; - Aprender com os prprios erros; - Experimentam ousar; - Buscam autonomia e liberdade de pensamento; - Desejam romper limites e regras; - Tm vontade de fazer as coisas de maneira diferente. (Revista Nova Escola, junho/julho de 2002) MULTICULTURALISMO E INTERDISCIPLINARIDADE (Ivone Mendes Richter) Interdisciplinaridade - est sujeito a diferentes denominaes, principalmente a partir dos prefixos utilizados. Indica inter-relao entre duas ou mais disciplinas, sem que se sobressaiam. Estabelecimento de relao de reciprocidade e colaborao, com o desaparecimento de fronteiras entre as reas. muitas vezes desenvolvida em forma de projeto. Em Arte essa forma de trabalhar se mostra muito importante. Multidisciplinar indica a existncia de um trabalho entre muitas disciplinas, sem a perda de caractersticas ou fronteiras. Transdisciplinaridade busca um movimento de perpassar as diferentes reas do conhecimento. tambm chamado de transversalidade, utilizado nos PCNs como temas transversais, com temas a serem objeto de estudo em todas as disciplinas. Pluralidade Cultural e Multiculturalidade so vistos como sinnimos, utilizados para indicar s mltiplas culturas presentes hoje nas sociedades complexas. O temo Multicultural consagrado na rea de Educao e Arte-Educao, a forma que a questo da diversidade vem sendo estudada e discutida. Interculturalidade um termo utilizado atualmente, que implica na inter-relao de reciprocidade entre culturas. Muito adequado ao ensino-aprendizagem em Artes. Difinio de Sistema - A. Uyemov Sistema um agregado de elementos sobre os quais atua um conjunto de relaes, de tal maneira que estes possam partilhar uma ou alguma propriedades. Caractersticas e objetivos da Teoria dos Sistemas - Fritjof Capra Entendimento dos complexos e altamente integrativos sistemas da vida; Compor um arcabouo filosfico amplo que rene teorias sobre os sistemas vivos que pretendem oferecer uma viso unificada de mente, matria e vida; Clarificar a mudana de paradigma:

viso de mundo mecanicista ===>>> viso de mundo ecolgico Paradigma Mecanicista


Viso de mundo mecanicista (Descartes, Newton, Darwin..); Universo como sistema mecnico; Corpo como mquina; Homem / dualidade esprito/matria penso logo existo; A vida em sociedade uma luta competitiva.

Paradigma Ecolgico
Viso de mundo holstica/ecolgica (Pensamento Sistmico) Um universo relacional, no fragmetrio, em movimento; Universo como sistema vivo; Corpo como sistema vivo; Homem / unidade integrada de corpo mente e esprito; A vida em sociedade cooperao.

PARADIGMAS Voc, eu, todos ns precisamos de uma nova viso de mundo e de cincia mais abrangente para nos apoiar. H uma teoria surgindo agora que coloca todas as idias ecolgicas de que falamos numa estrutura cientfica coesa e coerente. Ns a chamamos de teoria dos sistemas, dos sistemas vivos. Como pode falar de uma rvore sem falar nas folhas ou razes? Eu conseguiria, sem nem mencionar essas partes. Um cartesiano olhara para a rvore e a dissecaria, mas a, ele jamais entenderia a natureza da rvore... Um pensador de sistemas veria as trocas sazonais entre a rvore e a terra, entre a terra e o cu. Ele veria o ciclo anual que como uma grande respirao que a terra realiza com suas florestas, dando-os o oxignio. O sopro da vida, ligando a terra ao cu e ns ao universo. Um pensador de sistemas veria a vida da rvore somente em relao vida de toda a floresta. Ele veria a rvore como o hbitat de pssaros, o lar de insetos. J, se voc tentar entender a rvore isolada, ficaria intrigado com os milhes de frutos que produz na vida, pois, s uma ou duas rvores resultaro deles. Mas, se voc vir a rvore como um membro de um sistema vivo maior, tal abundncia de frutos far sentido, pois, centenas de animais e aves sobrevivero graas a eles. Interdependncia. A rvore tambm no sobreviveria sozinha. Para tirar gua do solo, precisa dos fungos que crescem na raiz. O fundo precisa da raiz e a raiz precisa do fungo. Se um morrer, o outro morre tambm. H milhes de relaes como esta no mundo, cada uma envolvendo uma interdependncia. A teoria dos sistemas reconhece esta teria de relaes como a essncia de todas as coisas vivas. S um desinformado chamaria tal noo de ingnua ou romntica porque a dependncia comum a todos ns um fato cientfico.

Uma teia de relaes... Sim, mas desta vez a prpria teia da vida. A teoria dos sistemas realmente d o perfil de uma resposta quela questo eterna: O que a vida? (Texto extrado do filme O Ponto de Mutao - baseado no livro de mesmo nome de Fritjof Capra)

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