Cromo Duro
Cromo Duro
Cromo Duro
Andr Souza andre.souza@cascadura.com.br Arthur Laboni arthur@cascadura.com.br talo Coutinho italo@cascadura.com.br Resumo: O atual nvel de desenvolvimento dos revestimentos e tratamentos de superfcie justificou a criao de um campo especfico de atuao que denominamos como Tecnologia de Superfcies.Esta tecnologia resultante dos esforos conjuntos de um grupo de tcnicos e pesquisadores que resolveu investir no desenvolvimento dos diversos processos de revestimentos e tratamentos de superfcie, para atender crescente demanda da industria moderna e dentro das exigncias do alto padro de qualidade. A aplicao de cromo duro em ferramentas automobilsticas teve incio nas indstrias japonesas, proporcionando grandes melhorias na qualidade, eficincia e custo de produo. A camada de Cromo Duro proporciona elevada resistncia ao desgaste, em virtude de sua dureza superficial da ordem de 900 HV (60~70 HC), proporcionando uma maior vida til da ferramenta, retardando seu desgaste. O Cromo Duro possui baixo coeficiente de atrito, permitindo a reduo de lubrificantes. Numa superfcie cromada, devido a sua caracterstica de alta repelncia, no h adeso de partculas, eliminando-se assim o perigo de incrustaes e engripamentos, permitindo a reduo do tempo de parada na estampagem (evitando polimentos e ajustes intermedirios). A aplicao de Cromo Duro atravs do Processo de Eletrodeposio, tornando-se difcil estabelecer e controlar a densidade de corrente. Assim se faz necessrio um sistema de construo de anodos leves e montagem rpida, mantendo a uniformidade do perfil da ferramenta. Palavras-chave: cromo duro, ferramentas, estampagem
1 Encontro de Integrantes da Cadeira Produtiva de Ferramentas, Moldes e Matrizes - 28/10/03 a 30/10/03 em So Paulo SP Engenharia de Aplicaes - Cascadura Industrial S.A.
1. Camadas de cromo duro eletroltico O cromo (Cr) um metal branco-azulado quebradio, que pode ser polido mecanicamente at o espelhamento tico. No sistema peridico dos elementos figura ao lado de molibdnio, tungstnio e urnio. O cromo usado em quantidades bem maiores do que molibdnio e tungstnio na fabricao de aos inoxidveis para melhorar a resistncia contra a corroso e ao calor, alm de suas propriedades mecnicas. O cromo um dos poucos metais que pode ser depositado com alta dureza a partir de eletrlitos aquosos. Podemos dividir a utilizao do revestimento de cromo em dois grupos principais: Cromo Decorativo e Cromo Duro Industrial. Nos casos do Cromo Decorativo, o que se deseja a capacidade de reflexo de luz que a superfcie cromada produz, melhorando significativamente a aparncia das peas revestidas. Como o cromo no embaa, sua capacidade reflexiva mantm-se constante. Alm da aparncia, ressaltamos tambm a excelente resistncia corroso. Na cromagem decorativa, a pea aps tratamentos superficiais adequados, recebe uma camada de nquel com espessura de 20 micrometros. Imediatamente aps esta deposio segue-se a cromagem cuja espessura de camada varia de 2 a 10 micrometros. Denominam-se Cromo Duro Industrial camadas acima de cerca de 5 micrmetros de espessura quando depositadas diretamente no metal base. As caractersticas principais do cromo duro depositado por eletrlise so sua dureza entre 800 e 1.200 Vickers (superior do quartzo), estrutura cristalina cbica, densidade de 7,2 g/cm, ponto de fuso de 1.903 C e um coeficiente de dilatao trmica parecido ao do ao.
9. Corindon 8. Topsio 7. Quartzo 6. Feldspato 4. Fluorita 2. Gipsita 5. Apatita 10. Diamante 3. Calcita
1. Talco
Em virtude da alta dureza do cromo duro, no so recomendadas camadas espessas, para evitar excesso de tenses internas na camada. O cromo, assim como o titnio, o alumnio e o magnsio, extremamente ativo. Em sua superfcie forma-se uma fina pelcula de xido de cromo no ar e em temperatura ambiente, extremamente estvel que, no apenas responsvel pela resistncia a corroso, mas tambm pela repelncia, baixo coeficiente de atrito, resistncia microsolda e incrustaes, dureza e resistncia ao desgaste. As propriedades de proteo contra corroso e repelncia do xido de cromo so inalteradas mesmo acima do ponto de fuso do metal (1903C). Isso acontece porque o ponto de fuso do xido de cromo de 2330C a partir de 850C aumenta rapidamente a velocidade de difuso mtua do cromo e ferro, porm pela formao da pelcula de xido, mantm-se um equilbrio por redifuso. 2. Eletrodeposio de Cromo Duro Antes da eletrodeposio e necessrio executar a preparao e ativao da superfcie a ser revestida. Devido ao seu baixo poder de cobertura, o cromo duro no deposita em poros, trincas ou pequenos defeitos superficiais. necessrio ento que a superfcie esteja lisa e isenta de defeitos. Deve ser executada a limpeza da superfcie deixando-a perfeitamente limpa e desengraxada. Em seguida executada a ativao da superfcie. A ativao se faz necessria, afim de garantir o incio de processo, atravs da eliminao de filmes de xidos metlicos que recobrem a superfcie. A ativao pode ser executada mecanicamente, atravs de jateamento abrasivo, por exemplo, ou quimicamente. A seguir a pea levada ao banho onde ocorrer a eletrodeposio. A eletrodeposio do cromo duro se faz da seguinte forma: O banho de cromo composto de Anidrido crmico (Cr2O3) dissolvido em gua (H2O) e passa a ser cido crmico. Na soluo adicionado o catalizador: cido sulfrico (H2SO4). A pea fixada no plo negativo catodo, onde ocorre a deposio do cromo metlico. No plo positivo fixamos os anodos, onde ocorre a reconstituio do cido crmico. Os anodos, devido ao baixo poder de penetrao e a grande variao das caractersticas fsicas do depsito com a densidade da corrente, deve acompanhar a geometria da superfcie a ser cromada de modo que a distncia at a pea seja sempre constante para garantir a uniformidade da deposio. O processo de deposio iniciase quando, mediante a passagem de corrente contnua promovemos a eletrlise da soluo. A equao da reao dada pela equao: 2(H 2CrO4) 3 E = Cr(OH)Cr O4+3 OH Sob ao da corrente contnua a molcula de cido crmico, tendo excesso de trs eltrons, portanto fortemente negativa, migra para o anodo. Influenciado pelo catalizador na superfcie andica, forma-se a molcula complexa da segunda parte da equao acima. Este complexo tem uma terminao alcalina que fixa-se no catodo, e uma terminao cida que se orienta para o eletrlito, formando uma densa camada catdica.
O catalizador de banho H2SO4 na proporo de 1:100 penetra na camada catdica pelo seu reduzido tamanho, atingindo a superfcie catdica. Em contato com o radical alcalino OH dissolve este, permitindo a reduo do on de cromo para cromo metlico.
Polo Positivo
_
Anodos
Polo negativo
Figura 1 Eletrodeposio de Cromo 3. Processo de Estampagem A estampagem um processo de conformao mecnica, realizado geralmente a frio, que compreende um conjunto de operaes, por intermdio das quais uma chapa plana submetida a transformaes de modo a adquirir uma nova forma geomtrica, plana ou oca. A deformao plstica levada a efeito com o emprego de Prensas de Estampagem, com auxlio de dispositivos especiais chamados de ferramentas de estampos ou matrizes (veja Figura 1).
Basicamente, a estampagem compreende as seguintes operaes: - corte - dobramento e encurvamento estampagem profunda Este processo amplamente utilizado na Indstria automobilstica para a fabricao de peas e chaparias dos veculos. Figura 3 pea estampada (lateral de automvel) 4. Aplicao de Cromo Duro em Ferramentas de Estampo Em virtude da globalizao e da alta competividade dos ltimos anos, a indstria automobilstica, como em outros ramos, foi obrigada a melhorar a qualidade e produtividade. Assim procurou-se alcanar uma melhor performance dos veculos, maior segurana, reduo do consumo de combustvel e melhor resistncia corroso. Isto fez gerar mudanas significativas na fabricao dos automveis. Uma destas mudanas tem como reflexo a utilizao do uso de latarias com chapas mais finas e revestimentos especiais como nquel e zinco para melhoria da resistncia corroso. Essas mudanas, embora tenham conferido melhor qualidade aos veculos, trouxeram algumas dificuldades a serem superadas durante o processo de estampagem. As principais dificuldades encontradas no processo de estampagem foram o desgaste prematuro das ferramentas, engripamentos e sucessivas paradas de produo para ajustes e limpeza das matrizes, com grande perda de produtividade, bem como o aumento do consumo de leo com maior impacto ambiental. Figura 4 Defeito apresentado
As dificuldades mencionadas acima comprometiam a qualidade das peas estampadas com a ocorrncia de riscos, rugas, rupturas, pontos sem revestimento, caroo e deformao, causando retrabalhos constantes. Figura 5 Defeito apresentado
Assim iniciou-se a cromagem dura das ferramentas de estampos na indstria automobilstica japonesa h vrios anos, proporcionando grandes melhorias na qualidade, aumentando a eficincia e reduzindo o custo de produo. A aplicao de Cromo Duro em ferramentas extremamente difcil devido ao grande tamanho e peso, forma complexa e mistura de diversos materiais na superfcie como: ferros fundidos, insertos, soldas, etc, que sero cromados simultaneamente. Pioneira no Brasil, a Cascadura Industrial S.A. tm realizado para a Indstria Automobilstica Brasileira, a cromagem de ferramentas de estampo, obtendo excelentes resultados. Podem ser revestidos a matriz, o puno e o anel de reteno (prensa chapa). A seguir mostramos algumas fotos de ferramentas cromadas pela Cascadura Industrial S.A.:
Figura 6 Exemplo de aplicaes 5. Vantagens do Processo de Cromagem de Ferramentas para Estampagem As camadas de Cromo Duro proporcionam elevada resistncia ao desgaste, em virtude de sua dureza superficial da ordem de 900HV, proporcionando uma maior vida til da ferramenta.
Cromo Duro possui coeficiente baixo de atrito, permitindo a reduo ou at mesmo a eliminao de lubrificantes, e conseqentemente do custo operacional. Numa superfcie cromada, devido a sua caracterstica de alta repelncia, no h adeso de partculas, eliminando-se assim o perigo de incrustaes, e evitando-se ainda o retrabalho. Quando se estampam chapas zincadas, o revestimento de Cromo Duro no permite a adeso de partculas de zinco na superfcie da ferramenta, evitando a necessidade de polimentos, e melhorando a qualidade da superfcie da pea estampada. O revestimento de Cromo duro retarda o desgaste da ferramenta, permitindo uma produo com qualidade adequada por mais tempo. O revestimento de cromo duro atua como indicador de desgaste. Quando comeam a aparecer na superfcie da ferramenta algumas reas sem cromo, possvel detectar facilmente o momento exato para um novo revestimento, preservando-se assim a forma geomtrica original da ferramenta, dispensando-se reparos de alto custo. 5.1 Vantagens na fabricao das ferramentas: 5.1.1 Economia no Custo das Ferramentas O Cromo Duro proporciona o uso de graus mais baratos de ferro fundido e elimina necessidade de ligas exticas ou ferro fundido nodular. Economia de 30% nos custos do material so possveis. Os materiais mais usados na construo de ferramentas no Japo so FC25 - equivalente ao GG25 ou PS11. 5.1.2 Facilidade de Usinagem O ferro fundido cinzento mais fcil de ser usinado. Ele promove aumento na vida da ferramenta de corte e permite um uso mais eficiente da mquina de usinagem. 5.2 Vantagens Operacionais 5.2.1 Dureza e Resistncia ao Desgaste O Cromo Duro para ferramentas tem uma dureza superficial de 900 HV, quatro a cinco vezes mais que o ferro fundido, e possui uma elevada resistncia ao desgaste e riscos.
1000 Ferro Fundido Ferro Fundido TT Ao TT Ao Temperado 200 0 Ferro Fundido Ferro Fundido TT Ao TT Ao Temperado Ao Nitetrado Cromo Duro Ao Nitetrado Cromo Duro
Dureza Vickers
5.2.2 Elimina Lubrificao As propriedades de baixo atrito inerente ao Cromo Duro proporcionam a reduo ou at mesmo a eliminao de lubrificantes e reduzindo os problemas ambientais.
5.2.3 Reduo do Tempo deparada na Estampagem A camada homognea de Cromo Duro resiste aderncia do zinco ou outras partculas sobre a superfcie da ferramenta eliminando incrustaes e reduzindo a necessidade de polimento em servio. Isto reduz drasticamente o tempo de parada da prensa entre uma pea e outra. 5.2.4 Indicador Visual de Desgaste Uma camada de Cromo Duro de 25m age como um indicador visual de desgaste. Quando o cromo est gasto em reas de maior desgaste da ferramenta, pode ser facilmente visto. Uma rpida remoo do cromo e nova cromagem permite que a ferramenta mantenha seu perfil original durante toda a sua vida. Isto significa que a manuteno por soldagem eliminada e a ferramenta pode ser retornada produo com um mnimo de tempo. 5.2.5 Perfil da Ferramenta Constante Um perfil constante facilita a rpida troca da ferramenta e proporciona uma qualidade constante na pea prensada, evitando novos try-outs. 5.3 Vantagens de Qualidade 5.3.1 Aumento da Performance com o uso de Chapas de Ao Zincadas Ferramentas revestidas com Cromo Duro permitem o uso de chapas zincadas com facilidade. A camada homognea de cromo, finamente polida, resiste aderncia de zinco ou outras partculas sobre a superfcie de estampagem, reduzindo ou eliminando incrustaes na superfcie da chapa reduzindo riscos, engripamento ou trincas. A necessidade de retrabalho na chapa estampada drasticamente reduzida. 5.3.2 Rpido Retorno Operao O Cromo Duro pode ser aplicado sobre uma ferramenta em mdia em 4 dias. Isto inclui um pr-polimento (quando necessrio), fabricao do anodo, cromagem e polimento final. A decapagem do cromo pode ser realizada no mesmo tempo sem acarretar aumento no prazo de entrega. 5.4 Outros Benefcios Todos os benefcios citados podem ser aplicados a uma larga gama de materiais de prensagem como ao laminado, ao revestido, alumnio, ao inoxidvel, etc. O processo de cromagem dura pode ser igualmente aplicado para ferramentas usadas ou novas em uma grande gama de materiais incluindo todas as ligas de ferro fundido, com ou sem reparos de solda de alto teor de nquel e insertos, aos ferramenta, ao temperado a chama, ao temperado a laser, etc.
1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 leo Re-trabalho Parada de Linha
antes do cromo depois do cromo
Tabela 2 Custos em R$1.000,00 com linha de produo anual (Fonte: Volkswagen / Brasil)
(horas) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Roof B Pillar Front Door Front Door Inner Inner Front Fender Inner antes do cromo depois do cromo
Bibliografia VOLKSWAGEN DO BRASIL. Gerao de Idias, apresentao PowerPoint. 2002 ETT, ROLF. Revestimentos Cascadura. So Paulo/SP. 1999. CHIAVERINI, VICENTE. Tecnologia Mecnica Vol. II. So Paulo, Makron Books. DIESEL MARINE INTERNATIONAL. The DMI Process of Hard Chromium Plating of Automotive Press Tools . North Shields / England. 2001.
SUPERFICIAL COATINGS SURFACE TECNOLOGY CHROMIUM PLATING OF PRESS TOOLS, DIES AND PUNCHS
Andr Souza andre.souza@cascadura.com.br Arthur Laboni arthur@cascadura.com.br talo Coutinho italo@cascadura.com.br Abstract The current level of development of coatings and surface treatment has justified the criation of a specific field of work, which is called Surface Tecnology. This tecnology is the result of the constants efforts of a group of technicians and researchers that decided to invest in the development of diverses processes of coatings and superficials treatments. They intended to respond to the increasing demand of the modern industry and the high standard of quality required. Chrome plating of dies has been used extensively by the Japanese car industry for many years to provide dramatic improvements in quality, efficiency and production costs. The chromium layer, being very much harder (900HV), than the base material, resists wear far better, giving the tool a longer use. The polished chromium layer has a low coefficient of friction and works well with minimum lubrication. The introduction of a highly finished chrome layer resists the adhesion and build up of zinc and thus reduces scoring on panels and eliminates blank holder surface damage. Subsequent re-work and scrap levels could be greatly reduced. It was found that press down time could be reduced by the use of chrome. The deposition of chrome plating is an electroplating process, being very difficult to define and control the necessary density of eletric current. Therefore, it is necessary a complex anode building and a quick assembly systems to keep the uniformity of the shape of the press tools and car dies. Key words: Chrome plating, press tools and pressing of body panels
1 Encontro de Integrantes da Cadeira Produtiva de Ferramentas, Moldes e Matrizes - 28/10/03 a 30/10/03 em So Paulo SP Engenharia de Aplicaes - Cascadura Industrial S.A.