Corrente Alternada CENFIM
Corrente Alternada CENFIM
Corrente Alternada CENFIM
0006
LNlB4BL
PLB4BBlC4
CBRRLN1L 4L1LRN4B4
CENFIM 1
NDICE
PARTE I - INTRODUO ..................................................................................... 3
1 OBJECTIVOS ESPECFICOS............................................................................... 3
2 ACTIVIDADE ENSINO/APRENDIZAGEM............................................................... 4
PARTE II - FOLHAS DE INFORMAO TECNOLGICA.............................................. 5
FIT 01 CORRENTE ALTERNADA MONOFSICA........................................................ 6
1 CORRENTE ALTERNADA ................................................................................... 6
1.1 GRANDEZAS CONSTANTES............................................................................ 6
1.2 GRANDEZAS VARIVEIS-NO PERIDICAS ..................................................... 7
1.3 PERIDICAS................................................................................................ 7
1.4 PERIDICAS - ALTERNADAS PURAS............................................................... 7
1.5 CORRENTE ALTERNADA SINUSOIDAL.............................................................. 8
1.6 PRODUO DA CORRENTE ALTERNADA DE FORMA SINUSOIDAL.......................15
1.7 POTNCIA EM CORRENTE ALTERNADA ...........................................................28
FIT 02 CORRENTE ALTERNADA TRIFSICA...........................................................35
1 SISTEMAS TRIFSICOS ..................................................................................35
FIT 03 COMPENSAO DO FACTOR DE POTNCIA.................................................48
1 CORRECO DO FACTOR DE POTNCIA............................................................48
CENFIM 2
2 DIMINUIO DO FACTOR DE POTNCIA............................................................49
3 COMPENSAO DA ENERGIA REACTIVA............................................................50
PARTE III - QUESTES E EXERCCIOS ................................................................54
1- QUESTES E EXERCCIOS .............................................................................54
PARTE IV - RESUMO/BIBLIOGRAFIA....................................................................60
1. RESUMO......................................................................................................60
1. BIBLIOGRAFIA..............................................................................................60
CENFIM 3
PARTE I - INTRODUO
1 OBJECTIVOS ESPECFICOS
No final desta Unidade Pedaggica dever ser capaz de:
Compreender a gerao de uma corrente alternada (C.A.)
Identificar os valores fundamentais numa corrente alternada
Compreender o comportamento das resistncias, bobinas e condensadores
quando ligados num circuito de corrente alternada
Compreender a correco do factor de potncia
Distinguir os sistemas trifsicos dos monofsicos
Enumerar as vantagens dos sistemas trifsicos em relao a outro tipo de
sistemas.
Resolver circuitos de corrente alternada
Temas a abordar:
Gerao da corrente alternada sinusoidal
Valores fundamentais da corrente alternada
Circuito com resistncia pura em C.A.
Circuito com bobina pura em C.A.
Reactncia indutiva
Circuito com condensador puro em C.A.
Reactncia capacitiva
Circuito srie R-L
Circuito srie R-C
Circuito srie R-L-C
Potncias em C.A.
Gerao da corrente alternada trifsica
LP
0006
CBRRLN1L 4L1LRN4B4
PARTE I - INTRODUO
CENFIM 4
Tenses simples e compostas
Ligao de cargas em estrela e em tringulo
Compensao do factor de potncia
Operao:
Durante o desenvolvimento desta Unidade Pedaggica devero ser executados
exerccios e demonstraes, de forma a que se possa ficar com uma viso tanto
quanto possvel universal dos ensinamentos adquiridos.
2 ACTIVIDADE ENSINO/APRENDIZAGEM
Pr-requisitos:
Dever:
Ter conhecimentos de lgebra.
Ter conhecimentos de Trigonometria.
Dever encontrar:
Acompanhamento adequado durante o decorrer dos exerccios e
demonstraes.
Equipamentos para execuo dos exerccios.
Folhas de informao tecnolgica.
Questes e exerccios.
CENFIM 5
PARTE II - FOLHAS DE INFORMAO TECNOLGICA
LP
0006
ClRCLl1B LLLC1RlCB
PARTE II - FOLHAS DE INFORMAO TECNOLGICA (FIT)
LP
0006
Fl1
01
CBRRLN1L 4L1LRN4B4
HBNBF4SlC4
Fl1
02
CBRRLN1L 4L1LRN4B4
1RlF4SlC4
Fl1
03
CBHPLNS44B BB F4C1BR
BL PB1NCl4
CENFIM 6
FIT 01 CORRENTE ALTERNADA MONOFSICA
1 CORRENTE ALTERNADA
O estudo da energia elctrica que fizemos nos captulos anteriores assentou nas
correntes e tenses contnuas, isto , naquelas que no variam ao longo do tempo,
que mantm o mesmo sentido (unidireccionais) e o mesmo sentido.
Existem no entanto, numerosas aplicaes em que so muito diversas as vantagens
em funo do tempo, das tenses, correntes e outras grandezas. Assim as grandezas
elctricas podem classificar-se em funo do tempo, como:
Constantes
No peridicas
Variveis Ondulatrias e Pulsatrias
Peridicas No Sinusoidais
Alternadas puras
Sinusoidais
1.1 GRANDEZAS CONSTANTES
No grfico. A corrente representada certamente constante, por no varia ao longo do
tempo.
Fig.1-Corrente constante
Fl1
01
CBRRLN1L 4L1LRN4B4
HBNBF4SlC4
CENFIM 7
1.2 GRANDEZAS VARIVEIS-NO PERIDICAS
A corrente representada possui valores diferentes de instante a instante mas tambm
o mesmo sentido.
Fig.2-Corrente varivel unidireccional
1.3 PERIDICAS
Uma grandeza diz-se peridica, quando se verifica uma repetio da sua configurao
ao longo do tempo. No estudo que iremos efectuar, surgir-nos-o diversas formas de
ondas peridicas. Representamos dois tipos de ondas peridicas: ondulatrias e
pulsatrias e as alternadas puras.
Fig.3-a) Corrente ondulatria; b) - Corrente unidireccional em dente de serra
1.4 PERIDICAS - ALTERNADAS PURAS
Fig.4-a) Tenso alternada triangular; b) Tenso alternada quadrada; c) Corrente
sinusoidal
CENFIM 8
Numa onda alternada, o conjunto dos valores assumidos em cada um dos sentidos
designa-se por alternncia ou semi-onda. Assim, temos alternncias positivas e
alternncias negativas.
O conjunto de duas alternncias consecutivas designa-se ciclo.
O valor assumido, em cada instante, por uma corrente ou tenso chamado valor
instantneo, que se representa por uma letra minscula, i, u.
Vulgarmente, estes sinais vo adicionar-se a tenses ou correntes contnuas para que
os elementos activos realizem o objectivo pretendido.
Assim, a tenso representada a sobreposio da componente contnua U
C
(note-se
que a grandeza representada por uma letra minscula e o ndice maisculo).
u
C =
U
C
+ u
C
Iremos agora tratar do estudo de correntes e tenses alternadas sinusoidais. A
importncia na Electrnica resulta do facto de qualquer sinal peridico alternado se
poder considerar como a soma de sinais alternados sinusoidais de frequncias
mltiplas. Convm, pois, definirmos as grandezas que caracterizam im sinal
sinusoidal.
1.5 CORRENTE ALTERNADA SINUSOIDAL
-FORMA DE ONDA
Fig.6-Gerao de
uma f.e.m.
sinusoidal
CENFIM 9
- CARACTERSTICAS DA CORRENTE ALTERNADA SINUSOIDAL
- EFEITOS DA CORRENTE ALTERNADA SINUSOIDAL
A potncia produzida por efeito de Joule proporcional ao quadrado da intensidade
de corrente, logo independente do seu sentido de circulao. facto que a produo
de energia calorfica varivel de instante a instante, anulando-se mesmo duas
vezes ao longo de um perodo; no entanto, e devido inrcia trmica dos corpos,
as variaes de temperatura so muito mais dbeis.
Todos os aparelhos trmicos sero utilizveis, tanto em corrente contnua, como em
corrente alternada. A frequncia tambm influenciar o funcionamento dos
aparelhos, por exemplo, das lmpadas de incandescncia.
Se por ventura, a frequncia for demasiado baixa (inferior a 25 Hz), a temperatura
das lmpadas variar lentamente e seria notria uma certa cintilao.
Na figura 7 representa-se uma cuba electroltica com sulfato de cobre, uma bobina
plana orientada na direco N-S com uma agulha magnetizada, uma bobina com
uma pea de ferro macio e fios de prata estendidos e paralelos.
Alimentando o circuito a corrente contnua, haver transporte de cobre por
electrlise e aco da bobina sobre a agulha magnetizada, que variam de sentido
com o sentido da corrente no circuito.
O efeito de Joule nos condutores de prata, a atraco da barra de ferro e a repulso
entre os fios de prata faz-se sentir independentemente do sentido da corrente no
circuito.
Fig.7-Efeitos da
corrente elctrica
Ao aplicar-se corrente alternada, no h transporte de cobre, a agulha no se desvia,
apresentando uma ligeira vibrao na sua posio N-S. Por outro lado, tal como em
corrente contnua, os fios aquecem e repelem-se, e a barra de ferro atrada.
A agulha magntica em corrente alternada tambm solicitada por foras
electromagnticas. Mas essa solicitao muda de sentido 100 vezes por segundo, pelo
que, devido inrcia, permanece praticamente em repouso.
Perodo T
o tempo em que decorre duas alternncias consecutivas, ou seja, o tempo gasto
num ciclo. Representa-se por T e expressa-se em segundos.
CENFIM 10
Frequncia f
o nmero de ciclos efectuados num segundo. Representa-se por f e a sua unidade
o Hz (hertz). Note-se que a frequncia e o perodo esto relacionados numa
proporo inversa. Um ciclo demora a realizar-se num perodo T; logo f ciclos
demoraro 1 segundo.
f = 1 / T
As frequncias das ondas dependem das suas utilizaes. Assim, a energia elctrica
distribuda a 50 Hz. A gama das audiofrequncias vai de 20 Hz a 20 KHz e
comporta o que vulgarmente se designa por electroacstica. Rdio, televiso, ultra-
sons, radar e microondas comportam gamas de frequncias que ultrapassam os
MHz (mega hertz) e, por vezes, os GHz (giga hertz),
Fig.8 - Perodo de grandeza sinusoidal
Exemplo 1:
Determinar o perodo de uma onda alternada de 20 KHz.
T = 1 / f T = 1 / 0,05 x 10
3
T = 50 s
Amplitude
o valor instantneo mais elevado atingido pela grandeza. Tambm se designa
por valor mximo.
H amplitudes positivas e negativas.
Ao valor medido entre os valores mximos positivo e negativo chama-se valor
de pico a pico.
Na figura 9, teremos:
I
pp
= 2 x I
mx.
CENFIM 11
Fig.9 - Representao da amplitude de uma corrente sinusoidal
Valor mdio
Demonstra-se que: I
med
=
2 / I
mx
= 0.637 I
mx
Fig.10-Valor mdio de uma corrente sinusoidal
Se considerarmos agora tenses alternadas sinusoidais, teremos:
U
md
= 2 / U
max
= 0,637 U
mx
Teremos aqui que considerar apenas metade do ciclo de uma corrente
alternada sinusoidal, pois o valor mdio de um ciclo zero. Representa o
valor que uma corrente contnua deve possuir para transportar no
mesmo tempo, a mesma quantidade de electricidade.
CENFIM 12
Valor eficaz
J referimos que o calor desenvolvido na resistncia por efeito de Joule
independente do sentido de circulao da corrente.
Deste modo, existir uma corrente contnua que no mesmo intervalo de tempo
T, ou seja, um perodo, produzir a mesma quantidade de calor que a produzida
pela corrente alterna,
A essa quantidade chama-se valor eficaz e representa-se por I.
Matematicamente, chega-se concluso de que o quadrado da intensidade eficaz
igual ao valor mdio do quadrado de i, ou seja:
I
2
= I
2
mx
/ 2 I = I
mx
/ 2 = 0,707 I
mx
Se em vez de correntes representarmos tenses, vir de igual modo:
U
2
= U
2
mx
/ 2 U = U
mx
/ 2 = 0,707 U
mx
Por tanto, o valor eficaz de uma corrente alternada o valor da intensidade
que deveria ter uma corrente contnua para, numa resistncia provocar o mesmo
efeito calorfico, no mesmo intervalo de tempo.
Para realar a importncia do valor eficaz, refira-se que so valores eficazes que
os voltmetros e ampermetros nos indicam ao medirem grandezas sinusoidais.
Exemplo 2:
s 6
Fig.11-Tenso sinusoidal
CENFIM 13
Relativamente tenso sinusoidal representada na Fig. 11, determinar:
2.1 - a frequncia e o perodo
2.2 - o valor mdio de uma alternncia
2.3 - o valor eficaz
2.4 - o ponto de demora a atingir o primeiro pico.
Resoluo:
2.1 - 6 s = 2,5 T T = 6 / 2,5 x 10
-6
s = 2,4 s f = 1 / T = 1 / 2,4 x 10
-6
= 417
KHz
2.2 - U
mx
= 5 V U
md
= 0,637 x U
mx
= 0,637 x 5 = 3,185 V
2.3 - U = U
mx
/ 2 = 5 x 0,707 = 3,535 V
2.4 - T = 2,4 s
O primeiro pico ocorre a T /4, ou seja, aps 0,6 s = 600 ns
Exemplo 3 :
Dispomos de uma resistncia de 330 K e 1/8 W, Determinar:
3.1 - o valor eficaz da mxima intensidade de corrente que a pode percorrer;
3.2 - a amplitude da mxima tenso a que pode ser submetida
Resoluo:
3.1 - P = RI
2
I
2
= P / R I = P / R = 1 / 8x330x10
3
= 6,15x10
-4
A
I = 0,615 x 10
-3
A = 0,615 mA = 615 A ;
3.2 - P = U
2
/ R U = P.R U = 330x10
3
/ 8 = 200V
U
mx
= 2. U U
mx
= 282,9 V
-REPRESENTAO GRFICA DE UMA GRANDEZA SINUSOIDAL
-EQUAO DE UMA CORRENTE SINUSOIDAL
O seno do ngulo que o vector OP faz com o eixo das abcissas :
sen = PA / OP
Sendo OP = I
mx
i = I
mx
. sen
CENFIM 14
PA = i , vir, por substituio para valor instantneo da corrente:
i = I
mx
sen
Fig.12-Seno do ngulo (P-A)
-VELOCIDADE ANGULAR OU PULSAO
O vector OP descreve um ngulo de 2 radianos em cada volta, ou seja, em cada
perodo.
Define-se velocidade angular como sendo o nmero de radianos percorridos
por segundo. Assim:
2 --- T
--- 1 teremos = 2 / T ou = 2 f expressa em radianos /
segundo.
Podemos, agora, generalizar a frmula representativa da corrente sinusoidal,
determinando o valor do ngulo . Assim, o vector demora um tempo t a
percorrer o ngulo e um perodo T a percorrer 2 radianos. Logo:
= 2 . t / T ou ainda = t
Vir : i = I
mx
sen t
Esta frmula ter, ainda, de ter em conta o ngulo que o vector forma com a
origem da contagem dos ngulos, no instante inicial. A este ngulo chama-se
fase.
A frmula representativa de uma corrente ser: I = I
mx
sem ( t - )
CENFIM 15
1.6 PRODUO DA CORRENTE ALTERNADA DE FORMA SINUSOIDAL
Um gerador elementar constitudo por um anel condutor colocado de tal forma que
possa ser movimentado no seio de um campo magntico fixo. Como se verifica, o
campo magntico criado por um man permanente. O anel de fio condutor designa-
se por espira ou induzido.
Nas extremidades desta espira esto adaptados dois anis, constitudos ainda por
material condutor e que se designam por anis colectores. A ligao ao exterior
feita por meio de duas peas perfeitamente adaptveis aos anis colectores de forma a
estabelecer bom contacto, o que se chamam escovas normalmente construdas em
grafite.
Analisemos o funcionamento de um gerador.
Fig. 13-Gerador elementar
Ao rodar no sentido indicado, a espira vai cortar as linhas de fora do campo
magntico, produzido- se nela uma fora electromotriz induzida que provoca a
circulao de uma corrente atravs do circuito exterior.
Ao deslocar-se da posio A para a posio B, a espira corta um nmero mximo de
linhas de fora.
Pelo que a f.e.m.. induzida atinge um valor mximo aps se ter deslocado 90. Note-
se que tanto na parte branca como na preta, surgiro f.e.m. que vo adicionar-se, pelo
que pode concluir-se que a corrente no circuito exterior ser tanto mais elevada,
quanto maior for o nmero de condutores que cortam o campo magntico.
Quando a espira continua a rodar at ocupar a posio inversa posio de partida,
vai cortando um menor nmero de linhas de fora at o seu plano se dispor
perpendicularmente s referidas linhas, deixando de ser sede de f.e.m. induzida.
CENFIM 16
Fig.14-Produo de f.e.m. sinusoidal com deslocamento de 90
Fig.15-F.e.m. sinusoidal produzida com deslocamento de 90 a 180
A partir deste momento, o sentido da f.e.m. induzida na espira contrrio ao anterior.
No entanto, e a menos do sentido, tudo se passa do modo descrito. A f.e.m. induzida
atinge um valor mximo aps a rotao de 270, comeando a diminuir at se anular
quando o plano da espira se coloca perpendicularmente s linhas de fora do campo
homogneo, o que sucede aps uma rotao completa, voltando posio A .
Fig. 16-F.e.m. obtida pela rotao entre 180 e 360
CENFIM 17
Por cada rotao da espira obter-se- uma sinuside. A amplitude da f.e.m. obtida
ser tanto maior, quanto maior for o nmero de espiras que constitui o induzido.
Logicamente, a frequncia depender da velocidade de rotao,
A descrio que acabamos de efectuar conduzir aos mesmos resultados se agora
dispusermos de um rtor (parte mvel) constitudo por um man (electroman
alimentado em c,c,) e um esttor (parte fixa), constitudo por bobinas onde vo surgir
as f.e.m. induzidas, por movimentao do rtor. Ao dispositivo descrito, capaz de
produzir corrente alternada sinusoidal, chama-se alternador.
Fig.17-Produo de uma grandeza sinusoidal
-ANLISE DE CIRCUITOS EM C.A SINUSOIDAL
Se analisarmos a experincia de verificao da Lei de Ohm mas aplicando agora
grandezas alternadas, chegaremos concluso que se mantm constante o quociente
U / I. A este quociente chamaremos impedncia do circuito, ao qual aplicamos a
tenso alternada e que se representa por Z. A sua unidade obviamente o ohm.
Assim, a Lei de Ohm assume a forma, que designada por Lei de Ohm generalizada.
U = Z.I
A diferena entre Z e R deve-se ao facto de Z depender da frequncia. Assim, em
corrente alternada, a relao entre a tenso e a corrente depende, para uma dada
frequncia, da impedncia Z e do ngulo de desfasamento .
Por definio designar-se-:
Z cos - por resistncia R
Z sen - por reactncia X
CENFIM 18
Fig.18-Tringulo das impedncias
Seguidamente estudaremos os circuitos em que surgem correntes alternadas
sinusoidais, que so formados por resistncias, bobinas e condensadores.
Veremos, no entanto, em primeiro lugar, os circuitos ideais, ou seja, os constitudos
por resistncias, por bobinas puras (sem resistncia) e por condensadores puros (sem
resistncias de perdas). Tal como sucede na realidade.
No entanto, algumas destas trs grandezas, que formam os elementos reais
(resistncia, reactncia indutiva e reactncia capacitiva), assumem valores to baixos
que podem desprezar-se face aos restantes.
o caso, por exemplo, das lmpadas de incandescncia, que podem, sem grande erro,
ser consideradas como resistncias puras.
-CIRCUITO PURAMENTE RESISTIVO
Ao aplicarmos uma tenso alternada sinusoidal resistncia puramente hmica,
qual ser a forma de onda da corrente no circuito?
Aplicando a Lei de Ohm aos sucessivos instantes e uma vez que Z = R, j que a
reactncia nula, facilmente se verifica que:
- medida que a tenso aumenta, a corrente tambm o far, j que se
relacionam pela Lei de Ohm, U = R. I;
- Quando a tenso aplicada muda de polaridade, tambm a intensidade de
corrente muda de sentido.
CENFIM 19
Fig.19-Resistncia pura alimentada em C.A.
Logo as curvas representativas da tenso e da corrente esto em fase, ou seja, a
um mximo da tenso corresponde a um mximo de corrente, o mesmo
sucedendo para os zeros.
Carga hmica
Ao ser ligada a uma rede de corrente alterna una resistncia (p. ex. una lmpada
de incandescncia), a intensidade de corrente que circula tem Ia mesma forma
sinusoidal que a tenso da rede. Quando a tenso passa pelo valor zero, neste
instante no circula corrente (sua intensidade zero). Quando a tenso alcana
o valor mximo, a intensidade igualmente mxima. Diz-se ento que a tenso
e a intensidade esto em fase. (fig. 19).
No caso de cargas hmicas, a tenso e a intensidade de corrente variam
simultaneamente.
Fig.20-Tenso e intensidade em fase
CENFIM 20
-CIRCUITO COM UMA BOBINA
As bobinas esto presentes em todos aqueles receptores nos quais seja
necessrio a produo de um campo magntico. Por exemplo nos electromanes,
contactores, motores, reactncias de arranque de lmpadas de descarga
(fluorescentes, vapor de mercrio, vapor de sdio, etc.), transformadores, etc.
Para o estudo do comportamento da bobina devemos ter em conta que as
bobinas so de cobre, por isso apresentarem uma determinada resistncia.
Em corrente contnua: Se ligarmos una bobina a una tenso contnua, circular
por ela uma corrente elctrica que ser unicamente limitada pela resistncia.
Segundo a lei de Ohm: I = U/R. Dado que esta resistncia ser pequena, e se
aplicamos una tenso elevada bobina, circular pela mesma uma corrente com
uma intensidade elevada, o que originar uma forte potncia dissipada, que
poder destruir a bobina devido ao calor gerado.
Em corrente alterna: Se ligarmos a mesma bobina a una tenso alterna, pode-
se comprovar experimentalmente que a corrente que circula pela mesma
apresenta um valor menor. Se ligarmos um wattmetro poderemos comprovar
que o consumo de potncia praticamente nulo, apesar da existncia de una
certa corrente. Assim poderemos chegar concluso que a bobina apresenta
uma certa oposio passagem da corrente diferente do caso anterior em que a
oposio era devida resistncia ohmica.
Todos estes fenmenos devem-se ao efeito de auto-induo da bobina:
Quando a bobina percorrida por uma corrente alternada, aparece uma corrente
varivel, e por tanto um campo magntico tambm varivel. Dado que as linhas
de fora do fluxo magntico, que ela mesma gera, cortam a sus prprios
condutores, surge una f.e.m. de auto-induo que, segundo a lei de Lenz, se vai
opor causa que lhe deu origem.
Fig.21-A f.e.m. de
auto-induo da
bobina ope-se
corrente.
CENFIM 21
Quando a corrente, seguindo as variaes da funo sinusoidal, tende a crescer,
o campo magntico tambm cresce.
Aparece ento uma f.e.m. que se ope a que a corrente se estabelea,
provocando um atraso na comente elctrica em relao tenso. (Uma bobina
ao ser ligada a uma tenso alternada, a tenso aparece de imediato aos seus
terminais)
Carga indutiva
Se a uma rede de corrente alterna for ligado um receptor indutivo, vai dar
origem a um desfasamento entre a tenso e a intensidade. Esta ltima, em
virtude da auto-induo, estar atrasada em relao tenso.
Este desfasamento, como todo o ngulo, pode ser medido em graus. No caso de
una carga indutiva pura, em que resistncia hmica nula, o desfasamento ser
de 90.
No caso de carga indutiva pura, a intensidade de corrente ente atrasada 90 (
1/4 de perodo) em relao tenso.
Fig.22-Diagrama vectorial de U e I numa bobina pura.
CENFIM 22
Neste caso diz-se que a intensidade est desfasada em atraso em relao
tenso em um quarto de ciclo.
-REACTNCIA INDUTIVA DE UMA BOBINA
Como a oposio apresentada pela bobina corrente alternada tem a ver com os
fenmenos de auto-induo. Esta ser maior quanto maior seja o coeficiente de
auto-induo L, e mais rpidas sejam as variaes da corrente alternada.
Chamamos reactncia indutiva X
L
oposio apresentada pela bobina
corrente, pelo que: .
fL X
L
2 =
X
L
= Reactncia indutiva em ohms ( )
f = Frequncia em hertz (Hz)
L = Coeficiente de auto-induo em henris (H)
-POTNCIA NUMA BOBINA
Tal como indicmos ao princpio deste tema, mede-se a potncia de uma bobina
pura, pode-se comprovar que a leitura atravs de um wattmetro indica uma
potncia igual a zero.
Ao contrrio do que ocorre numa resistncia, numa bobina pura no se produz
nenhum consumo de energia calorfica.
A corrente que percorre a bobina serve unicamente para gerar o campo
magntico.
Na realidade o que ocorre que, ao crescer a corrente pela bobina, tambm,
acontece o mesmo ao campo o campo magntico, produzindo-se um consumo de
energia elctrica. Neste caso a energia fli do gerador at bobina e quando
dizemos que esta est a consumir energia electromagntica. Uma vez alcanada
a corrente mxima e o fluxo mximo, estes tendem a diminuir seguindo a
trajectria sinusoidal, desenrolando-se uma f.e.m. de auto-induo de tal sentido
que gera uma energia elctrica que, agora, fli desde a bobina at ao gerador.
Neste caso, a bobina devolve a energia ao gerador. Desta maneira dizemos que a
bobina no consome realmente a energia, mas simplesmente a toma emprestada
durante um quarto de ciclo para gerar o seu campo electromagntico, para a
devolver no quarto de ciclo seguinte.
CENFIM 23
Dado que o wattmetro mede o valor mdio da potncia e esta s positiva
durante um quarto de ciclo e negativa no segui1nte. Este no indica nenhuma
potncia.
Assim a bobina no consome energia. As constantes cargas e descargas da
mesma originam com que e circule uma determinada corrente nos condutores,
por tanto, tambm aparece uma potncia, a que chamaremos potencia reactiva
(Q)
Circuito RL
Uma bobina real apresenta resistncia hmica devido sua constituio.
Fig.23-Bobina
Assim podemos obter um circuito idntico ao da figura 24. Neste caso deveremos
considerar o valor da resistncia R e o da reactncia indutiva X
L
separados.
Fig.24
Numa bobina: Q
C
= XLI
2
(VAR) (volt ampere reactivos)
2 2
L
X R Z + =
CENFIM 24
No caso do circuito R L, o desfasamento varia entre 0 e 90.
-POTNCIAS
S = U . I
(VA)
P = U
R
. I = U . I COS
(W)
Q
L
= X
L
. I = U . I SEN
(VAr)
Fig.25-Potncias numa bobina
-CARGA CAPACITIVA
-CIRCUITO COM UM CONDENSADOR
Os condensadores no so receptores que sejam utilizados habitualmente como
as resistncias e as bobinas. No entanto so muito teis, por exemplo, para
contrariar os fenmenos negativos que produzem as potncias reactivas das
bobinas.
Em corrente continua, s circular corrente elctrica pelo circuito durante a
carga do condensador. Desta forma, pode-se dizer que um condensador no
permite a passagem da corrente contnua.
Em corrente alternada, o condensador ficar carregado alternadamente
permitindo assim corrente no circuito.
No circuito indutivo a corrente atrasada de um ngulo em relao tenso
CENFIM 25
Fig.26-Diagrama vectorial de U e I num condensador.
A carga capacitiva (condensador), quando inserido num circuito de corrente
alternada origina um desfasamento entre tenso e intensidade. A corrente
aparece em avano em relao tenso.
No caso da carga capacitiva pura, a intensidade de corrente adianta 90 (1/4 de
perodo) em relao tenso.
-REACTNCIA CAPACITIVA DE UM CONDENSADOR
Um condensador, em CA., permite que flua constantemente uma corrente
elctrica pelo circuito devido s constantes, cargas e descargas do mesmo.
importante notar que esta corrente nunca atravessa o dielctrico do
condensador, mas sim pelos condutores do circuito.
Chamamos reactncia capacitiva do condensador X
C
oposio que o
condensador apresenta corrente.
Xc = Reactncia capacitiva
em ohms
f = Frequncia em hertz
C = Capacidade do
condensador em farads
Fig.27-Reactncia capacitiva
-POTNCIA NUM CONDENSADOR
Igual ao que ocorre com a bobina, se for medida com um wattmetro a potncia
de um condensador, pode-se comprovar que a potncia indicada igual a zero.
Num condensador no existe consumo de energia activa. Durante o primeiro
quarto de ciclo o condensador carregado com energia elctrica em forma
fC
X
C
2
1
=
CENFIM 26
de carga electrosttica, pelo que a energia fli do gerador de C.A. para o
condensador. No quarto de ciclo seguinte o condensador descarrega para o
circuito at ao gerador, devolvendo ao mesmo a energia acumulada.
Tambm aparece una potncia reactiva Qc produzida pela energia que trocada
entre o condensador e o gerador.
-CIRCUITO R C
Fig.27-Circuito RC
Neste caso o desfasamento varia entre 0 e 90 (fig.27).
R = Z COS
X
C
= Z SEN
Z
2
= R
2
+ X
2
C
U
R
= U COS
U
C
= U SEN
U
2
= U
R
2
+ U
2
C
S = U . I (VA)
P = U .I . cos (W)
Q
C
= U .I . ses (VAr)
S
2
= P
2
+ Q
2
C
Fig.28
Num condensador: Qc = Xc I
2
(V AR) ( volt- ampere reactivos )
CENFIM 27
- CIRCUITO R L C
Se ligarmos uma resistncia, uma bobina e um condensador obtemos um
circuito RLC.
Fig.29-Circuito RLC
Neste caso a impedncia do circuito vem:
Z
2
= R
2
+ X
2
Z
2
= R
2
+ (X
L
X
C
)
2
fC
X
fL X
C
L
2
1
2
=
=
fC
fL X
2
1
2 =
Fig.30
Quando X = 0, (X
L
= X
C
), h ressonncia no circuito.
Neste caso a impedncia do circuito igual a R.
Z = R
CENFIM 28
1.7 POTNCIA EM CORRENTE ALTERNADA
-POTNCIA MDIA E INSTANTNEA
Em corrente alternada a tenso e a corrente variam a cada instante pelo que a
potncia dissipada tambm ser varivel.
Define-se potncia instantnea como sendo o produto dos valores de u e i, em
cada instante.
-RECEPTORES HMICOS
Verifica-se que a potncia instantnea sempre positiva. A potncia mxima
quando forem mximos a tenso e a corrente, anulando-se quando u e i se
anulam.
Fig.31
Os valores instantneos de U e I so dados pelas equaes:
U = U
Mx
sen wt
I = I
Mx
sen wt
A potncia , portanto, sempre positiva, qualquer que seja o instante
considerado e o seu grfico desenvolve-se sempre acima do eixo dos tempos.
O sinal sempre positivo da potncia associada a qualquer receptor hmico signi-
fica que ele recebe continuamente energia da rede, isto , energia que
consumida e efectivamente transformada. Da a sua habitual designao de
potncia activa.
esta grandeza que podemos ler em qualquer wattmetro. Exprime-se em watt,
CENFIM 29
como sabemos. Os contadores de energia activa daro, por conseguinte, a
energia consumida durante um certo tempo em kWh (kilowatt hora).
Fig.32 - Evoluo conjunta das funes corrente, tenso e potncia num circuito
puramente resistivo.
Da anlise da fig. 32 conclumos ainda que:
a potncia tem frequncia dupla da tenso e da intensidade.
-RECEPTORES INDUTIVOS (INDUTNCIA PURA)
Fig.33
Na figura 34 encontram-se desenhadas as curvas de u e i e ainda da potncia
que lhes vem associada.
0
90 270
180 360
p
u
i
u
i
p
Quadrante
+
+
+ + -
-
-
-
+ + + +
1 2 3 4
CENFIM 30
Os valores instantneos de U e I so dados pelas equaes:
U = U
Mx
sen wt
I = I
Mx
sen (wt - 90)
Como no caso anterior:
A Potncia tem frequncia dupla da tenso e da intensidade.
No primeiro e terceiro quartos de perodo U e I tm sinais contrrios, pelo que
nesses quadrantes a potncia ser negativa, o que significa estar a ser fornecida
energia rede.
No segundo e quarto quadrantes, U e I tm o mesmo sinal e a potncia toma
sinal positivo, o que significa, como sabemos, que nestes intervalos a bobina
recebe energia na mesma quantidade que havia anteriormente enviado para
rede.
Fig.34-Evoluo conjunta das funes corrente, tenso e potncia num circuito
puramente indutivo.
Vemos, assim, que h uma oscilao contnua de energia, ora da rede em
direco carga, ora desta para aquela.
u
i
p
Quadrante
+
+
+ - +
-
-
-
- - + +
1 2 3 4
90
0
180 270
360
u
i
p
CENFIM 31
Essa energia nunca chega a ser transformada e, portanto, a potncia mdia que
lhe est associada nula. Isto posto em evidncia pela igualdade e simetria
das reas delimitadas pela funo potncia, cuja soma algbrica relativa a um
perodo nula. Podemos ento afirmar que uma indutncia pura no consome
energia activa. Porm, essa energia que circula alternadamente entre a rede e a
carga, embora no seja consumida, tem um determinado valor e designada por
ENERGIA REACTIVA, designando-se igualmente por reactiva a potncia que lhe
vem associada.
Nota-se pela letra Q e a sua unidade no S.I. o VOLT-AMPERE REACTIVO
(VAR) e pode ser medida pelos VARMETROS e a energia correspondente pelos
CONTADORES DE ENERGIA REACTIVA, medida em VARh. Essa energia
corresponde ao campo magntico criado na indutncia pela passagem da
corrente.
Como podemos concluir, a bobina comea por fornecer energia rede. Podemos
tambm afirmar:
-RECEPTORES CAPACITIVOS (CAPACIDADE PURA)
Fig.35
Na figura 35 est representado um condensador C entre cujos terminais est
aplicada uma tenso alternada sinusoidal U.
Como sabemos, a corrente I est em avano de 90, conforme nos mostram as
equaes:
U = U
Mx
sen wt
Uma indutncia um fornecedor de energia reactiva.
Q>0
CENFIM 32
I = I
Mx
sen (wt + 90)
Fig.36-Evoluo da corrente, tenso e potncia num circuito capacitivo puro.
Na figura 36, u e i esto representadas graficamente juntamente com a curva da
potncia.
Nos 1 e 3 quadrantes a potncia positiva, e negativa nos 2 e 4 quadrantes.
A situao oposta verificada anteriormente, pois o condensador comea por
consumir energia da rede (potncia positiva) para na oscilao seguinte voltar a
fornec-la na mesma quantidade.
Pela igualdade e simetria das reas positivas e negativas delimitadas pela curva
e seguindo um raciocnio idntico ao j utilizado nos dois pontos anteriores,
podemos tirar as seguintes concluses:
A potncia tem frequncia dupla da tenso e da intensidade.
Uma capacidade pura no consome energia activa. P=0
Contrariamente bobina, um condensador comea por receber energia
da rede.
Um condensador um consumidor de energia reactiva. Q<0
Tambm ao condensador est associada uma energia oscilante que no
0
p
u
i
90 180
270
360
u
i
p
Quadrante
+
+
- + -
-
-
+
+ + - -
1 2 3 4
CENFIM 33
transformada.
A potncia associada designa-se por POTNCIA REACTIVA. Esta tem por
unidade o VOLT-AMPERE REACTIVO (VAR) e medida pelos VARMETROS, como
sabemos.
Para medir a energia reactiva utilizam-se CONTADORES DE ENERGIA REACTIVA,
cuja indicao dada em VARh (VOLT-AMPERE REACTIVO HORA).
-CARGA PREDOMINANTEMENTE INDUTIVA
Consideremos agora uma carga tipo R, L como na figura 37.
Fig.37
Quando aplicamos uma tenso U nos seus terminais, a corrente I resultante vai,
naturalmente, estar em sendo de desfasamento funo dos valores de R e L.
A figura 38 que tipicamente ilustra esta situao, refere-se em particular
evoluo da potncia numa bobina onde tenso e corrente esto desfasadas de
um ngulo diferente de 90 (Indutncia pura).
Fig.38-Evoluo tpica da
corrente, tenso e potncia
num circuito
predominantemente
indutivo
u
i
p
Quadrante
+
+
-
-
- - + +
1 2 3 4
-
0
180
360
90
u
i
p
u
CENFIM 34
Da anlise da funo potncia vemos que as reas positivas por ela delimitadas
so superiores s negativas.
A sua diferena corresponde energia efectivamente consumida durante um
perodo, isto , energia activa.
Tambm h a assinalar uma energia reactiva que corresponde s reas que se
compensam. Esta energia circula na rede, como sabemos, sem ser transformada.
-RESUMO-POTNCIAS EM CORRENTE ALTERNADA
Fig.39-Potncias em corrente alternada
P - POTNCIA ACTIVA
W (watt)
Q - POTNCIA REACTIVA
De forma anloga chegaramos expresso:
VAR (volt-ampere reactivo)
S - POTNCIA APARENTE
VA (volt-ampere)
P = U
I
L
cos
Q = U
I
L
sen
S = U
I
L
CENFIM 35
FIT 02 CORRENTE ALTERNADA TRIFSICA
1 SISTEMAS TRIFSICOS
A utilizao dos sistemas trifsicos em toda a cadeia de energia tem um carcter
praticamente exclusivo. Somente a nvel da utilizao vamos encontrar um
significativo e variado nmero de aparelhos, assim como instalaes de pequena
potncia alimentadas com tenses monofsicas.
- VANTAGENS DOS SISTEMAS TRIFSICOS
Para a mesma potncia a fornecer, um alternador trifsico tem menor
volume e preo que a correspondente unidade monofsica e maior
fiabilidade de servio.
As redes de transporte e de distribuio resultam mais simples e econmicas.
Utilizam trs condutores de fase e, eventualmente, um quarto condutor neutro,
dispensando seis condutores que requer uma rede monofsica equivalente.
economia do cobre e menores perdas em linha aliam-se os menores custos e
maior simplicidade de concepo e implantao das estruturas de apoio das
linhas.
A simplicidade de construo, menores custos e grande fiabilidade de
funcionamento dos transformadores trifsicos e ainda dos motores
assncronos de campo girante, de emprego generalizado e que no tm
equivalente em monofsico, justificam s por si a existncia de sistemas
trifsicos.
- REPRESENTAES CARTESIANA E VECTORIAL
(1) (2)
Fig.1-Representao cartesiana (1) e vectorial (2) de um sistema trifsico de
tenses. Notar que esto desfasadas entre si de 120, ou seja, 1/3 de perodo.
Fl1
02
CBRRLN1L 4L1LRN4B4 1RlF4SlC4
120
120
120
u
1
u
2
u
3
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
400
180 270 360
90
u1 u2 u3
CENFIM 36
Na fig. 1, podemos ver em representao cartesiana a evoluo das tenses
de um sistema trifsico a partir dos respectivos valores instantneos.
Pode ainda fazer-se uma representao vectorial do mesmo sistema (fig.60-2),
se atendermos a que um desfasamento no tempo de 1/3 de perodo equivale a
uma diferena angular de 120 entre os vectores representativos das tenses.
Supe-se todo o sistema rodando a uma velocidade angular no sentido
indicado, que arbitramos como positivo.
, 3 , 2 , 1 U U U constituem, assim, um conjunto de trs vectores girantes cuja
grandeza mede em valor eficaz as referidas tenses.
-SEQUNCIA DE FASES
Da anlise da fig.1 - 1 vemos que U
3
est em avano relativamente a U
1
. De
facto, se escolhermos, por exemplo, a origem dos tempos como referncia,
verificamos que U
3
tem j um certo valor positivo numa fase decrescente da sua
alternncia, enquanto que U
1
nulo e s agora ir iniciar a alternncia positiva
por valores sucessivamente crescentes.
Verificamos igualmente que U
2
est em atraso relativamente a U
1
. Isto significa
que se admitirmos todo o sistema rodando no sentido indicado na fig.1-2 e
tomarmos como referncia a posio ocupada a dado momento por um desses
vectores, por exemplo 1 U , que esta ser sucessivamente ocupada pelos vectores
2 U e 3 U .
A sequncia de fases indicada 1, 2, 3 e chama-se SEQUNCIA DE FASES
POSITIVA. Portanto, a sequncia de fases a ordem pela qual se sucedem as
fases num sistema trifsico.
-LIGAO DE CARGAS TRIFSICAS
Existem duas formas tpicas de associao, as chamadas:
Ligao em ESTRELA.
Ligao em TRINGULO ou DELTA.
CENFIM 37
Fig.2-Ligao em estrela de 3 cargas monofsicas utilizando um nico condutor
comum central (condutor neutro). Neste condutor no circula corrente, I
N
= O
poderia mesmo suprimir-se.
As trs cargas representadas caracterizam-se pelo mesmo valor de impedncia,
isto , Z
1
= Z
2
= Z
3
. As respectivas extremidades esto ligadas aos terminais de
cada um dos enrolamentos do alternador e so referenciadas pelas letras UX,
VY, WZ.
Nos condutores de alimentao estabelecem-se assim trs correntes com o
mesmo valor eficaz mas desfasadas de 120.
Os valores instantneos dessas correntes diferem, contudo, em cada momento e
em cada uma das fases.
Poderamos retirar o CONDUTOR NEUTRO do circuito sem alterao ou prejuzo
das condies de funcionamento. E s no o fazemos por uma medida
preventiva, salvaguardando assim a hiptese das trs cargas poderem sofrer
qualquer alterao.
CENFIM 38
Estas ligaes configuram uma estrela, tanto na fonte como na carga. O ponto
comum designa-se por PONTO NEUTRO.
Como exemplo, se considerarmos os valores de I
1
, I
2
, I
3
(fig.2) correspondendo a
uma corrente eficaz de 8 A por fase e relativos ao momento em que t = 90,
temos:
0
90 = t
I
1
= I
mx
sen t I
1
= 11,32 sen 90 = 11,32 A
I
2
= I
mx
sen ( t - 120) I
2
= 11,32 sen (-30) = -5,66 A
I
1
= I
mx
sen t I
3
= 11,32 sen 210 = 5,66 A
Neste, como em qualquer outro instante, a soma algbrica das correntes zero:
I
0
= I
1
+ I
2
+ I
3
= 11,32 - 5,66 - 5,66 = O A
em que I
0
representa a corrente no neutro.
A fig.3 mostra este sistema de correntes em representao cartesiana, onde,
para cada instante, a soma das ordenadas correspondentes interseco da
vertical com as respectivas sinusides sempre igual a zero.
0
11,32
-5,36
Fig.3
CENFIM 39
- SISTEMAS EQUILIBRADOS
Quando todas as cargas tm o mesmo valor, isto , a mesma impedncia, o
sistema diz-se equilibrado e as correntes em cada uma das fases so iguais.
Foi o caso abordado no ponto anterior.
Num sistema trifsico equilibrado a soma vectorial das correntes igual a zero.
0
I corrente no neutro 0 vector nulo
-TENSES SIMPLES E COMPOSTA
TENSO SIMPLES
Consideremos um sistema trifsico com neutro, (cujas linhas de alimentao so
constitudas por trs condutores de fase e pelo condutor neutro, referenciados,
respectivamente, por L
1
(R), L
2
(S), L
3
(T) e N.
Consideremos ainda os pontos 1, 2, 3 e N correspondentes aos terminais de
ligao.
Fig. 4-Tenses simples ou tenses de fase.
Num sistema trifsico com neutro temos, portanto, trs tenses simples, que
designamos por U
1
, U
2
e U
3
. Como sabemos, so iguais em grandeza e
vectorialmente formam uma estrela trifsica de tenses (fig.64).
Designa-se por TENSO SIMPLES a tenso existente entre qualquer
condutor de fase e o condutor neutro.
0
3 2 1 0
= + + = I I I I
CENFIM 40
Fig.5-Estrela trifsica de tenses.
TENSO COMPOSTA
Fig.6-Tenses compostas.
Na fig.6 assinalamos as referidas tenses com simbologia j nossa conhecida,
isto :
2 1 12
U U U =
1 3 31
U U U =
que representam, respectivamente, as tenses entre as fases R e S, S e T, T e R.
Estas expresses possibilitam-nos desenhar os vectores representativos das
tenses compostas de um sistema trifsico a partir das respectivas tenses
simples.
Define-se TENSO COMPOSTA como a tenso existente entre duas quaisquer
fases do sistema trifsico.
3 2 23
U U U =
U
1
U
2
U
3
120
120
120
0
3 2
1
U1
U2
U3
U23
U12 U31
CENFIM 41
-RELAO DE GRANDEZA ENTRE AS TENSES SIMPLES E COMPOSTA
Do respectivo diagrama vectorial busquemos a relao entre a tenso composta
e a tenso simples: os trs vectores formam um tringulo issceles, cujo ngulo
obtuso corresponde ao desfasamento existente entre
1
U e
2
U isto , 120.
Os restantes dois ngulos valem 30 cada um.
U
12
= 2 U
2
cos 30 como cos30 =
2
3
Ento U
12
= 3 U
2
Sendo U
1
= U
2
= U
3
= U
S
e U
12
= U
23
= U
31
= U
C
temos que
onde Us representa a tenso simples e Uc a tenso composta.
Quando nos sistemas trifsicos se indica um determinado valor da tenso sem
qualquer adjectivao, deve subentender-se que ele se refere a uma tenso
composta. Por exemplo, se dissermos que uma determinada linha de MT de 15
kV, devemos entend-la como a tenso composta.
Outras vezes aparecem-nos duas tenses escritas seguidamente apenas com um
trao oblquo a separ-las. Por exemplo, uma rede 230/400 V. A primeira
designa ento a tenso simples e a segunda a tenso composta.
-SISTEMAS TRIFSICOS DESEQUILIBRADOS
Diz-se que um sistema trifsico desequilibrado ou de cargas desequilibradas se
as impedncias por fase no forem todas iguais.
Nesta situao, o papel desempenhado pelo condutor NEUTRO fundamental,
como veremos.
Iremos ento estudar o funcionamento de uma carga trifsica desequilibrada
ligada em estrela com neutro, e seguidamente sem neutro, e avaliar os
resultados.
U
C
= 3 U
S
CENFIM 42
-ESTRELA COM NEUTRO
Fig.7-Determinao
vectorial da corrente no
condutor neutro em
sistemas trifsicos
desequilibrados.
Circular assim uma corrente no neutro
N
I correspondente resultante da
soma vectorial das correntes nas trs fases.
Conclumos que:
Essa corrente igual soma vectorial das correntes das fases
-ESTRELA SEM NEUTRO
A supresso do condutor neutro num sistema desequilibrado origina um
desequilbrio das tenses simples sujeitando os diversos receptores a suportar
nuns casos sobretenses, noutros tenses inferiores ao respectivo valor nominal.
-LIGAO EM TRINGULO
Num sistema em estrela desequilibrado circula sempre uma corrente no
neutro.
3 2 1
I I I I
N
+ + =
imprescindvel o condutor neutro para dar passagem corrente de
defeito.
CENFIM 43
Fig.8-Vrias perspectivas de uma mesma ligao em tringulo.
Numa ligao em tringulo, as trs cargas ligam-se sequencialmente
configurando uma malha fechada triangular (fig.8), sendo cada ponto comum
ligado a uma fase.
Podemos verificar que:
No existe condutor neutro por no haver ponto comum s trs fases.
A tenso aplicada a cada uma das cargas a tenso composta.
-CORRENTES NA LINHA E NA FASE
As correntes de linha I
L
, como a prpria designao indica, so as correntes que
circulam nos condutores de alimentao e que na figura foram notadas por I
1
,I
2
e
I
3
.
Chamam-se correntes de fase I
f
s correntes que circulam nos ramos do
tringulo. So as correntes I
12
,I
23
e I
31
da fig. 361. Todas tm o mesmo sentido
de circulao {arbitrado}.
-TRINGULO EQUILIBRADO
Um sistema trifsico diz-se em tringulo equilibrado quando todas as cargas do
tringulo so idnticas e portanto tm a mesma impedncia.
Nesta situao as correntes nas linhas so todas iguais, isto , I1 = I
2
= I
3
assim
como as correntes nas fases, ou seja, I
12
= I
23
=
I
31
em qualquer caso desfasadas
120 entre si.
-RELAO ENTRE CORRENTE DE LINHA E CORRENTE DE FASE
I
L
= 3 I
f
CENFIM 44
Esta relao permite-nos enunciar que a corrente na linha 3 vezes maior que
a corrente de fase.
-TRINGULO DESEQUILIBRADO
Quando as cargas no so todas iguais, o tringulo desequilibrado e a relao
do ponto anterior no vlida. As correntes de linha deixam de ser iguais, assim
como as correntes de fase. Mantm-se, contudo, as tenses de fase nos
terminais de cada uma das cargas.
-POTNCIA EM CIRCUITOS TRIFSICOS
-FORMULAAO MATEMTICA
O clculo de potncias em c.a. trifsica, nomeadamente das potncias activa,
reactiva e aparente, sintetiza e segue uma formulao idntica dos
consumos por fase.
Considerando o caso geral que contempla todas as situaes de carga a que
temos vindo a fazer referncia - cargas equilibradas ou no, ligao em estrela
ou em tringulo -, pode ser assim equacionado:
CASO GERAL
- POTNCIA ACTIVA P = P
1
+ P
2
+ P
3
- POTNCIA REACTIVA Q = Q
1
+ Q
2
+ Q
3
- POTNCIA APARENTE S =
2 2
Q P +
Cada uma das parcelas indexadas representa uma potncia por fase, e as
respectivas equaes so:
P
f
= U
F
I
F
cos
F
Q
f
= U
F
I
F
sen
F
A potncia activa, sendo correspondente a uma potncia consumida, sempre
positiva e a referida soma aritmtica.
CENFIM 45
A potncia reactiva total o balano da potncia que circula entre os
componentes reactivos e a rede, sendo negativa quando consumida, e positiva
quando fornecida. A sua soma , portanto, algbrica.
-CARGAS EQUILIBRADAS
Quando as cargas so iguais nas trs fases, as expresses para as potncias
resultam mais simples. Analisemos, ento, as ligaes em estrela e em tringulo.
-LIGAO EM ESTRELA
Nesta montagem e nas condies enunciadas, temos que:
As correntes de fase so iguais em grandeza e iguais s correntes de
linha.
Nos terminais de cada carga est aplicada uma tenso simples.
Nestas consideraes baseiam-se as dedues para as diferentes potncias:
- POTNCIA ACTIVA
P
1
= P
2 =
P
3
= U
S
I
L
cos
P = P
1
+ P
2
+ P
3 =
U
S
I
L
cos
Como
3
C
S
U
U =
P = 3
3
C
U
I
L
cos
e portanto
W (Watt)
- POTNCIA REACTlVA
De forma anloga chegaramos expresso:
P = 3 U
C
I
L
cos
CENFIM 46
VAR (Volt-Ampere Reactivo)
- POTNCIA APARENTE
VA (Volt-Ampere)
-LIGAO EM TRINGULO
Nesta montagem e nas condies enunciadas, temos que:
As correntes nas linhas so 3 superiores s correntes nas fases e tm o
mesmo valor em todas elas.
A tenso aplicada a cada um dos elementos do tringulo a tenso
composta.
Sendo assim, deduzamos as expresses para as diferentes potncias:
- POTNCIA ACTIVA
P
1
= P
2 =
P
3
= U
C
I
f
cos
P = 3 U
C
I
f
cos = 3 U
C
3
L
I
cos
e portanto
W (watt)
- POTNCIA REACTIVA
De forma anloga chegaramos expresso:
VAR (volt-ampere reactivo)
- POTNCIA APARENTE
VA (volt-ampere)
Q = 3 U
C
I
L
sen
S = 3 U
C
I
L
Q = 3 U
C
I
L
sen
S = 3 U
C
I
L
P = 3 U
C
I
L
cos
CENFIM 47
-EXPRESSO GERAL DA POTNCIA EM SISTEMAS TRIFSICOS
EQUILIBRADOS
Comparando as expresses que deduzimos no caso da ligao em tringulo e em
estrela verificamos que so iguais, pelo que podemos escrever para ambos os
casos:
P = 3 U
C
I
cos Q = 3 U
C
I
sen S = 3 U
C
I
CENFIM 48
FIT 03 COMPENSAO DO FACTOR DE POTNCIA
1 CORRECO DO FACTOR DE POTNCIA
Da intensidade absorvida por um receptor, s uma fraco desta, mais
propriamente a sua componente activa, aproveitada de forma til.
Uma dada corrente absorvida ser tanto melhor aproveitada quanto maior for a sua
componente activa e mais prximo da unidade, portanto, for o factor de potncia. A
parte correspondente sua componente reactiva circula simplesmente na rede, sem
ser transformada.
A absoro, por parte dos receptores indutivos, de correntes cujo valor superior ao
necessrio para o respectivo funcionamento tem importantes implicaes a todos os
nveis do Sistema Elctrico de Energia, cujos inconvenientes so seguidamente apon-
tados.
-IMPLICAES TCNICAS
Necessidade de aumentar a potncia instalada nas centrais produtoras. Os
grupos tero, assim, de ser sobredimensionados para fazerem face a uma carga
reactiva adversa.
As linhas tero igualmente de ser sobredimensionadas para que possam
veicular a corrente por essa razo excedentria.
Maiores quedas de tenso em linha U = Z I e maiores as perdas P = Z I
2
.
Sobredimensionamento de toda a aparelhagem de corte e proteco, como, por
exemplo, seccionadores e disjuntores.
Aumento da potncia dos transformadores estticos nas subestaes
transformadoras.
-IMPLICAES ECONMICAS - Os custos so proporcionais potncia unitria dos
grupos.
Linhas de maior seco, naturalmente mais caras. O investimento na sua
construo no tem, assim, a contrapartida de maior nmero de utilizadores, o
que se traduz numa perda da potencial receita de facturao.
Fl1
03
CBHPLNS44B BB F4C1BR BL
PB1NCl4
CENFIM 49
Contabilizao das perdas por efeito Joule nas linhas.
Toda a aparelhagem da rede de custo mais elevado.
Naturalmente, o agravamento de custos ser suportado pelo utilizador.
Se o utilizador de baixa tenso, tipo domstico, o factor de potncia muito apro-
ximadamente unitrio e o distribuidor apenas factura a energia activa consumida. Os
custos e inconvenientes derivados da utilizao de receptores do tipo indutivo, como
lmpadas fluorescentes e esporadicamente motores, so geralmente suportados pela
entidade distribuidora.
Se o utilizador de baixa tenso mas possui instalaes com baixo factor de potncia,
ento o distribuidor obrig-lo- a instalar um contador de energia reactiva, obrigando-
o a suportar os custos da sua prpria instalao no corrigida.
Para factores de potncia cujo valor igualou superior a 0,8, o distribuidor no obriga
instalao de contadores de energia reactiva.
2 DIMINUIO DO FACTOR DE POTNCIA
Pelo que ficou dito ressalta a importncia da correco do factor de potncia, isto , a
possibilidade de o tornar o mais prximo possvel da unidade.
Consegue-se tal correco fazendo diminuir a componente reactiva da corrente,
recorrendo ao efeito conjugado de capacidade no circuito.
Como sabemos, a componente reactiva da corrente est em quadratura e atraso de
90 relativamente tenso.
Fig.1 - Carga indutiva antes da correco,
Baixo factor de potncia.
S
S
Q
QC
QC
Q
CENFIM 50
O consumo de energia reactiva est ligado a um mau factor de potncia (ou cos )
e instalao.
A noo de factor de potncia deve estar associada aos diferentes receptores utilizados
na indstria e no tercirio.
Permite-nos identificar os aparelhos cujo consumo em energia reactiva mais ou
menos importante.
Aparelho
cos tg
Motor assncrono 0,17 a 0,85 5,8 a 0,62
Lmpadas incandescentes 1 0
Lmpadas fluorescentes 0,5 1,73
Lmpadas de descarga 0,4 a 0,6 2,29 a 1,33
Fornos de resistncia 1 0
Fornos de induo 0,85 0,62
Fornos de aquecimento dielctrico 0,85 0,62
Mquinas de soldar de resistncia 0,8 a 0,9 0,75 a 0,48
Postos estticos monofsicos de soldadura por
arco
0,5 1,73
Grupos rotativos de soldadura por arco 0,7 a 0,9 1,02 a 0,48
Transformadores-rectificadores de soldadura por
arco
0,7 a 0,8 1,02 a 0,75
Fornos de arco 0,8 0,75
3 COMPENSAO DA ENERGIA REACTIVA
PORQU INSTALAR UM CONDENSADOR DE POTNCIA?
A instalao dum condensador em qualquer rede elctrica (HT ou BT) justifica-se pela:
Supresso das penalidades por consumo de energia reactiva.
Diminuio da potncia aparente subscrita.
Limitao das perdas de energia activa (perdas de joule) nos cabos.
Possibilidade de ter um aumento da potncia activa (KW) disponvel no
secundrio do transformador HT/BT.
Melhoria do nvel de tenso no fim da linha.
Os condensadores podem estar em 3 nveis diferentes nas sadas BT (QGE)
CENFIM 51
-COMPENSAO GLOBAL
Fig.2-Compensao global
suprime as penalidades por consumo excessivo de energia reactiva
ajusta a necessidade real da instalao em kW subscrio da potncia
aparente (8 em kVA)
alivia o posto de transformao (potncia disponvel em kW)
permite utilizar um disjuntor mais econmico
Observaes
a corrente reactiva (Ir) est presente na instalao desde o nvel 1 at aos
receptores
as perdas por efeito de Joule nos cabos no so diminudas (kWh)
-COMPENSAO PARCIAL
Fig.3-Compensao Parcial
CENFIM 52
suprime as penalidades por consumo excessivo de energia reactiva
optimiza uma parte da instalao, a corrente reactiva no veiculada entre os
nveis 1 e 2.
alivia o posto de transformao (potncia disponvel em kW)
permite utilizar um disjuntor mais econmico a montante do condensador.
Observaes
a corrente reactiva Ir est presente na instalao desde o nvel 2 at aos
receptores
as perdas por efeito de Joule nos cabos so diminudas (kWh)
-COMPENSAO LOCAL (nos bornes de cada receptor do tipo inductivo)
Fig.4-Compensao local
suprime as penalidades por consumo excessivo de energia reactiva
optimiza toda a rede elctrica. A corrente reactiva Ir fornecida no local do
seu consumo
alivia o posto de transformao (potncia disponvel em kW)
permite utilizar um disjuntor mais econmico a montante do condensador.
Observaes
a corrente reactiva j no circula pelos cabos da instalao
as perdas por efeito de Joule nos cabos so totalmente suprimidas (kWh).
CENFIM 53
Exerccio resolvido
1. Numa instalao fabril de 230/400 V - 50 Hz verificou-se que as energias
activa e reactiva medidas pelos contadores ao fim de 400 horas de
funcionamento eram respectivamente de 35000 kWh e 33 600 kVARh.
Calcule:
a) As potncias activa e reactiva.
b) O factor de potncia da instalao.
c) A capacidade de cada condensador, a ligar em tringulo, para elevar o
factor de potncia da instalao para 0,8.
RESOLUO
a) P = W
P
/ t = 35000 / 400 = 87,5 KVA
Q = W
Q
/ t = 33600 / 400 = 84 KVAR
b) tg
i
= Q
/P = 0,96 => cos
i
= 0,72
c) cos
f
= 0,8 => tg
f
= 0,75
Q
F
= P tg
f
= 87,5 x
0,75 = 65,63 KVAR
Q
3C
= P(tg
i
- tg
f
) = Q
i -
Q
f
= 84 - 65,63 = 18,37 KVAR
Q
C =
Q
3C
/ 3 = 18,37 / 3 = 6,123 KVAR = 6123 VAR (cada condensador)
C = Q
C
/ (U
2
.2. f . ) = 6123 / (400
2
x 2 x . x 50) = 1,21 x 10
-4
F = 121
F
CENFIM 54
PARTE III - QUESTES E EXERCCIOS
1- QUESTES E EXERCCIOS
1 Calcule o perodo correspondente a uma frequncia de 10 kHz. (0,0001 s)
2 Calcule a frequncia de uma c.a. sinusoidal cujo perodo 0,1 s. (10 Hz)
3 Quantos ciclos faz num segundo uma corrente cujo perodo 0,001 s? (1000)
4 Quanto tempo demora uma corrente a efectuar 100 ciclos sabendo que a sua
frequncia de 5000 Hz? (0,02 s)
5 Qual o perodo de uma onde de rdio cuja frequncia 500 kHz? (0,000002 s
= 2 s)
6 Uma onde de radar tem um perodo de 1 nanossegundo. Calcule a sua
frequncia. (10
9
Hz= 1 GHz)
7 Um voltmetro de c.a. indica-nos 200 V. Calcule:
a) O valor eficaz da tenso. (200 V)
b) O valor mximo da tenso. (282,84 V)
8 Um calorfero de 500 W consome em corrente contnua 2,3 A. Se o ligarmos a
corrente alternada da mesma tenso, qual ser o valor eficaz da corrente
consumida? (2,3 A)
9 O valor eficaz de uma tenso alternada sinusoidal de 500 V. Qual ser o valor
aritmtico mdio? (450,15 V)
10 Qual das frequncias (50 e 100 Hz) demora mais tempo a efectuar 1 ciclo? (50
Hz)
11 A equao i=3sen(2 f t) representa uma corrente alternada sinusoidal.
a) Indique o valor da amplitude da corrente. (3 A)
b) Calcule o valor eficaz. (2,12 A)
c) Indique o valor da velocidade angular. (314 rad/s)
d) Calcule o valor da frequncia. (50 Hz)
e) Calcule o valor do perodo. (20 ms = 0,002 s)
f) Calcule o valor instantneo da corrente, no instante t = 0,005 s. (3 A)
g) Faa a representao temporal desta corrente.
12Uma bobina tem uma resistncia de 10 e uma reactncia de 20. Calcule:
a) A impedncia da bobina. (22,24)
b) A intensidade que percorre a bobina quando se lhe aplica 30 V. (1,34 A)
LP
0006
CBRRLN1L 4L1LRN4B4
PARTE III - QUESTES E EXERCCIOS
CENFIM 55
13A um balastro, cuja resistncia de 10 e a reactncia 120, aplicada
uma tenso de 180 V. Calcule:
a) A sua impedncia. (120,4)
b) A intensidade que o percorre. (1,5 A)
14Um circuito elctrico, cuja tenso 110 V, constitudo por uma resistncia de
100 e uma bobina pura de 500. Calcule:
a) A impedncia e a reactncia da bobina. (500) ; (500)
b) A impedncia do circuito. (509,9)
c) A intensidade absorvida. (0,22 A)
15Uma bobina no pura, cuja reactncia 200, absorve uma intensidade de
0,8 A quando ligada a 230 V. Calcule:
a) A impedncia da bobina. (287,5)
b) A sua resistncia. (206,53)
16Calcule a reactncia de uma bobina que absorve 0,5 A quando submetida a
150 V. A sua resistncia de 100. (282,8)
17Calcule a impedncia de uma bobina cujo coeficiente de auto-induo 1,5 H e
cuja resistncia 100 (f=50 Hz). (481,7)
18Uma bobina percorrida por 1,5 A quando se lhe aplica uma tenso contnua
de 50 V. Ao aplicar-lhe 50 V em corrente alternada a intensidade baixa para 0,3
A. Calcule:
a) A resistncia da bobina. (33,33)
b) A reactncia da bobina. (163,3)
c) O seu coeficiente de auto-induo, se f=50 Hz. (0,52 H)
19Um aquecedor cuja resistncia igual a 70 est ligado a 230 V (c. a.).
Calcule:
a) A intensidade absorvida. (3,28 A)
b) A potncia aparente. (691,4 VA)
c) A potncia activa. (691,4 W)
d) O factor de potncia. (1)
20Uma bobina tem uma resistncia de 15 e uma reactncia de 150 .
Calcule, ao ser-lhe aplicada uma tenso de 150 V, as seguintes grandezas:
a) A intensidade absorvida. (0,99 A)
b) A potncia activa no circuito. (14,7 W)
c) A potncia aparente. (148,5 VA)
d) A potncia reactiva. (147,01 VAR)
e) O factor de potncia. (0,098)
CENFIM 56
21Relativamente ao problema anterior, suponha que aplicava uma tenso
contnua de 150 V. Calcule:
a) A intensidade absorvida. (10 A)
b) A potncia dissipada por efeito de Joule. (1500 W)
22Um condensador de 10 F ligado rede de distribuio de 230 V, 50 Hz.
Calcule:
a) A sua reactncia. (318,3)
b) A sua impedncia (se desprezarmos a resistncia prpria). (318,3)
c) A intensidade absorvida pelo condensador. (0,72 A)
23Calcule a capacidade de um condensador puro (R=0) que absorve 2 A quando
ligado a 230 V (50 Hz). ( 27,7 F)
24Um condensador puro de 5 F absorve 0,3 A (50 Hz). Calcule:
a) A sua reactncia. (636,62)
b) A tenso que lhe foi aplicada. (191 V)
25Um circuito RC srie, constitudo por um condensador puro de 47,7 F e uma
resistncia de 150 , alimentado por uma fonte de corrente alternada de
110 V, 50 Hz. Calcule:
a) A impedncia do circuito. (164,2)
b) A intensidade absorvida. (0,67 A)
c) A tenso em cada elemento. (100,5 V) ; (44,7 V)
d) As potncias activa e reactiva. (67,3 W) ; (29,9 VAR)
e) Faa o diagrama vectorial do circuito.
26Um circuito RLC srie constitudo por uma resistncia de 10 , coeficiente
de auto-induo igual a 0,4 H e capacidade de 30 F. A tenso aplicada de
100 V (c.a.). Calcule:
a) A reactncia da bobina e do condensador. (125,7) ; (106,1)
b) A impedncia do circuito. (22)
c) A intensidade absorvida. (4,55 A)
d) A tenso em cada elemento. (45,5 V) ; (571,9 V) ; (482,8 V)
e) As potncias activa, reactiva e aparente. (207 W) ; (405,8 VAR) ; (455 VA)
f) Faa o diagrama vectorial do circuito.
27Trs resistncias ligadas em estrela com neutro absorvem respectivamente 4A,
4A e 6A. A tenso simples de 230 V. Calcule os valores de:
a) R
1
, R
2
, R
3
. (57,5) ; (57,5) ; (38,33)
b) I
N .
c) P
1,
P
2
, P
3.
(920 W) ; (920 W) ; (1380 W)
CENFIM 57
28Trs lmpadas incandescentes, ligadas em estrela com neutro a uma rede de
230/400V, tm os valores de 242 , 322,5 e 484 . Calcule:
a) I
1
, I
2
e I
3
. (0,95 A) ; (0,71 A) ; (0,47A)
b) I
N
c) P
1,
P
2
, P
3.
(218,5 W) ; (163.3 W) ; (108,1 W)
29Trs receptores, ligados em estrela com neutro, tm respectivamente as
potncias de 500 W, 750 W e 1000 W. A rede de 230/400 V. Calcule:
a) I
1
, I
2
e I
3.
(2,17 A) ; (3,26 A) ; (4,34 A)
b) R
1
, R
2
, R
3
. (105,9) ; (70,55) ; (52,9 )
c) I
N
.
30Trs cargas indutivas ligadas em estrela com neutro rede de 230/400 V tm
respectivamente os seguintes valores: R
1
= 200 , X
L1
= 200 , R
2
= 300 ,
X
L2
= 300 , R
3
= 400 ,
X
L3
= 400 .
a) Calcule a impedncia de cada carga. (282,84) ; (424,26) ; (565,68 )
b) Calcule o valor da intensidade em ito.
d) Calcule o valor da intensidade no neutro.
e) Calcule o factor de potncia de cada carga. (0,707) ; (0,707) ; (0,707)
31Trs cargas resistivas iguais, ligadas em tringulo a 400 V, absorvem da rede
uma corrente (de linha) cuja intensidade 4A. Calcule:.
a) A intensidade em cada carga. (2,3 A)
b) A resistncia de cada carga. (173,9 cada carga. (0,81 A) ; (0,54 A) ; (0,40
A)
c) Faa o diagrama vectorial do circuito
d) A potncia de cada carga. (920 W)
32A uma rede de 400 V ligado um motor trifsico cujos enrolamentos so
ligados em tringulo. A intensidade na linha 6A; o factor de potncia do
motor 0,8. Calcule:
a) A intensidade em cada enrolamento do motor. (3,46 A)
b) A impedncia em cada fase do motor. (115,6 )
c) A potncia activa absorvida por fase. (1107,2 W)
33Os trs ramos de uma ligao em tringulo so constitudos por trs circuitos
RC srie, respectivamente com: Z
1
= 100 ,COS
1
=0,4; Z
2
=150 ,
cos
2
=O,5, Z
3
=200 , cos
3
=0,6. A rede de 230/400 V. Calcule:
a) A resistncia de cada ramo. (40 );(75 );(120 )
b) A intensidade que percorre cada ramo. (1 A) ; (2,66 A) ; (2 A)
CENFIM 58
c) A potncia activa de cada ramo. (40 W) ; (530,67 W) ; (480 W)
d) A potncia reactiva de cada ramo. (397,99 VAR); (922,22 VAR); (640 VAR)
34Um circuito de iluminao constitudo por 60 lmpadas fluorescentes de 58
W/230 V. O factor de potncia de cada lmpada 0,5. As lmpadas esto
igualmente distribudas pelas trs fases de um sistema trifsico, cuja tenso
composta de 400 V - 50 Hz. Calcule:
a) A potncia activa na instalao. (3480 W)
b) A intensidade na linha que alimenta o circuito. (10,04 A)
c) A potncia aparente da instalao. (6955,91 VA)
d) A capacidade de cada condensador, a ligar em tringulo, para efectuar a
compensao total do factor de potncia da instalao (cos =1). ( 39,97 F)
35A uma rede trifsica de 230/400 V-50 Hz est ligado um receptor trifsico
constitudo por trs bobinas iguais de 30 de reactncia e 40 de
resistncia ligadas em tringulo. Calcule:
a) A intensidade que passa em cada bobina. (8A)
b) A intensidade na linha que alimenta o receptor. (13,85 A)
c) O factor de potncia da carga. (0,8)
d) A capacidade de cada um dos condensadores a ligar em tringulo de modo a
fazer a compensao total do factor de potncia (cos =1). ( 22.05 F)
36
Observe a figura e calcule:
a) A intensidade indicada pelo ampermetro. (13,85 A)
b) O factor de potncia da carga. (0,6)
c) A potncia activa. (5760 W)
d) A capacidade de cada um dos condensadores, em tringulo, de modo a
compensar totalmente a carga (cos =1). (50,93 F)
CENFIM 59
37 Um motor trifsico tem uma potncia til de 15 CV, =80%, cos =0,85, Uc=400
V. Calcule:
a) A intensidade absorvida pelo motor. ( 23,43 A)
b) A capacidade de cada condensador, ligados em tringulo, de modo que
cos =1. (56,63 F)
c) A intensidade total absorvida depois de compensado o motor. (19,92 A)
38
A tenso da rede da figura de 400 V.
Com o interruptor S desligado os aparelhos marcavam: 15 A e 8 kW.
Ao ligar S, marcaram: 13 A e 8 kW. Calcule:
a) O factor de potncia da carga indutiva. (0,769)
b) A potncia reactiva trifsica da carga indutiva (Q inicial). (6651,16 VAR)
c) O factor de potncia final do circuito. (0,888)
d) A potncia reactiva total do circuito, com S ligado (Q final). (4136 VAR)
e) A capacidade de cada condensador. (16,68 F)
CENFIM 60
PARTE IV - RESUMO/BIBLIOGRAFIA
1. RESUMO
Esta unidade pedaggica pretendeu focar os aspectos mais relevantes relacionados
com a corrente alternada, tendo em considerao o grau de aprendizagem a que se
destina.
1. BIBLIOGRAFIA
ELECTROTECNIA-TERICA E APLICADA, (LVARO BADONI - PORTO EDITORA)
ELEMENTOS DE ELECTRICIDADE, (SIMES MORAIS - PORTO EDITORA)
ELECTROTECNIA PROBLEMAS E ITENS (DIDTICA EDITORA-JOS VAGOS
MATIAS)
ELECTROTECNIA PROBLEMAS E ITENS 2 (DIDTICA EDITORA-JOS VAGOS
MATIAS)
CATLOGO GERAL-91 (MERLIN GERIN)
ELECTROTECNIA (PARANINFO-PABLO ALCADE SAN MIGUEL)
LP
0006
CBRRLN1L 4L1LRN4B4
PARTE IV - RESUMO/BIBLIOGRAFIA