Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Alexander Calder

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 7

FUNDAO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

Centro de Cincias Tecnolgicas CCT Curso de Arquitetura e Urbanismo MsC. Rodrigo Porto Oliveira

Mbiles
Definio A origem latina do termo mbile remete idia de "mbil", "movimento". Nas artes visuais, a noo empregada para nomear esculturas, em geral abstratas, compostas de materiais leves, suspensos no espao por meio de fios. As peas, movimentadas pelo ar, se caracterizam pelo equilbrio, leveza e harmonia. Em 1932, Marcel Duchamp (1887 1968) usa a palavra mbiles para fazer referncia a algumas esculturas do norteamericano Alexander Calder (1898 - 1976). Os trabalhos so formados por placas planas de metal, algumas pintadas, equilibradas em fios de arame fino que as mantinham suspensas. Os mbiles movem-se ao sabor da aragem mais suave, produzindo efeitos mutveis em funo da luz. Formado em engenharia mecnica - o que explica o seu interesse precoce pela pesquisa dos materiais e pelas mquinas -, Calder, em seus primeiros trabalhos como pintor, se destaca pela habilidade em passar a ideia de movimento usando uma nica linha. Em seguida, comea a construir esculturas de arame, sendo a primeira delas um relgio solar com a forma de galo, datada de 1925. Dois anos depois, atua como projetista de brinquedos mveis para a Gould Manufacturing Company. Nos anos 1930, j conhecido por seus retratos e, sobretudo, por suas esculturas de arame, passa a integrar o grupo Abstraction-Cration, no qual lana-se no abstracionismo. As pesquisas abstratas de Calder se beneficiam da abstrao geomtrica de Piet Mondrian (1872 - 1944), cujo ateli ele visita em 1930. A ambio de Calder levar a construo abstrata para o espao, o que o leva a definir seus trabalhos como "Mondrian mveis", embora a influncia de Jon Mir sobre seus mbiles seja evidente. A nova plasticidade na pintura, sistematizada por Mondrian e Theo van Doesburg (1883 - 1931) - a recusa do espao pictrico tridimensional, da linha curva, da modelagem, das texturas e da idia de arte como representao -, tem impacto decisivo nas construes de Calder, na predileo de suas peas pelas cores primrias e, sobretudo, pela nfase na relao entre os elementos da composio. Se Calder, como Mondrian, tambm anseia por uma arte que siga as leis matemticas, para ele esta no poderia ser esttica, mas dotada de movimento, como o prprio universo. O dadasmo de Duchamp e Francis Picabia (1879 - 1953), que a partir de 1920 constroem obras mecnicas, destitudas de qualquer sentido de utilidade, considerada uma das matrizes dos mbiles de Calder, assim como as preocupaes com a introduo do movimento na arte anunciadas, por exemplo, no Manifesto Realista de Antoine Pevsner (1886 - 1962) e Naum Gabo (1890 - 1977) e em de Lszl Moholy-Nagy (1895 - 1946). Os mbiles de Calder antecipam a arte cintica, como categoria artstica toma o movimento como princpio de estruturao. O cinetismo rompe com a condio esttica da pintura, apresentando a obra como um objeto mvel, que no apenas traduz ou representa o movimento, mas que est em movimento. Nas peas mveis de Calder, por exemplo, o movimento independe da posio e do olhar do observador. A este cabe contemplar o movimento inscrito nas obras, "desenhos quadridimensionais", como ele

os define. At os anos 1970, Calder cria grande quantidade de mbiles - alguns motorizados, outros no - de vrias dimenses. Algumas de suas peas ocupam espaos pblicos, como o Vermelho, Negro e Azul (1967), no aeroporto de Dallas, Estados Unidos. Com base no seu emprego nos anos de 1930, o uso do termo mbile se generaliza denominando outras obras de mesmo tipo. Experimentos com mbiles so realizados por diversos artistas do sculo XX, entre eles o escultor ingls Lynn Chadwick (1914). A partir da segunda metade do sculo, os mbiles popularizam-se como objetos de decorao de interiores, perdendo a conotao originalmente dada por Calder. O Brasil conhece de perto a obra de Calder, em 1949, por meio de uma individual do artista realizada no Museu de Arte de So Paulo Assis Chateaubriand (Masp) -, mostra que, ao lado de outras do mesmo perodo, tem impacto decisivo no desenvolvimento das tendncias abstracionistas entre ns. No entanto, parece difcil localizar artistas mais diretamente ligados criao de mbiles no pas o que no impede de relacionar alguns nomes que trabalham o movimento na arte. O movimento tico dos relevos de Srgio de Camargo (1930 - 1990), as transformaes dos bichos manipulveis de Lygia Clark (1920 - 1988) e a "fragilidade e energia" das droguinhas de Mira Schendel (1919 1988) fazem uso da "linguagem do movimento" tal como utilizada na arte contempornea, diferenciando-se assim da arte cintica tradicional.

FUNDAO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA


Centro de Cincias Tecnolgicas CCT Curso de Arquitetura e Urbanismo MsC. Rodrigo Porto Oliveira

Alexander Calder - a arte e os brinquedos

A percepo e interpretao do espao tridimensional, o desenho e a representao so, entre outras, algumas das competncias que distinguem uma predisposio para a Arquitetura. No inteno, aqui e agora, defender a ligao direta e causal ou indireta e casual entre a brincadeira e a apetncia e competncia profissional. Se por um lado so citados exemplos de sucesso, muitos so os exemplos de uma formao em Arquitetura que tem resultado numa profisso profundamente diferente. Na Itlia, por exemplo, onde o nmero de arquitetos per capita o mais elevado do mundo (1 arquiteto por cada 500 habitantes), o que no falta so pessoas com formao especfica em Arquitetura, que, pelos casos da vida, exercem outra profisso. Neste sentido, a personagem acerca da qual falaremos a seguir , sem dvida, um dos exemplos mais paradigmticos neste mbito. Nesta histria, conceitos como educao, formao, brincadeira ou arte e cincia, encontram-se misturados em torno de uma vida dedicada produo artstica onde arte e brincadeira se fundiram at se tornarem uma nica coisa. A sua herana no se limitou ao campo das artes: nos quartos e nos beros de milhes de crianas de todo o mundo encontram-se pendurados num contnuo, lento e infinito movimento objetos que possuem uma forma e um funcionamento que pode ser considerado herdeiro das suas obras e que costumamos chamar mobile. Trata-se do artista norte-americano Alexander Calder. Alexander Calder nasceu no dia 22 de Julho de 1898 em Lawnton, Pensilvnia, segundo filho da pintora Nanette Lederer Calder, e do escultor Alexander Stirling Calder. Nos primeiros anos de vida encontramos os principias ingredientes do seu futuro sucesso enquanto artista plstico. Durante duas dcadas de vida a famlia mudou de cidade praticamente todos os anos para seguir a carreira do pai que aceitava encargos pblicos em diferentes estados dos EUA. Apesar disso os pais de Alexandre demonstraram uma especial ateno para a educao do filho ao reservar, em praticamente todas as casas em que viveram, um quarto sua disposio como atelier. Quando a casa no tinha condies, a soluo passava por montar uma tenda com um

pavimento em madeira, no exterior da habitao. Em 1906, o pequeno Alexander recebeu as suas primeiras ferramentas para trabalhar madeira e ferro com as quais criou jias para as bonecas da irm com algumas contas e uma ponta de fio de cobre que alguns eletricistas tinham deixado na rua. O prprio Calder mais tarde chegou a comentar as condies nas quais costumava construir os prprios brinquedos enquanto criana: In California, I had a friend with whom I made armor and weapons from sheet metal and boxwood. We made shields, breastplates, helmets, swords, lances. I even covered an old pair of my mother's gloves in tin scales. He was Sir Lancelot, and me, I was Sir Tristan. We planned to stage (friendly) fights, but he was more agile than I, and once he dealt me a blow to the head with the flat side of his (wooden) sword and I quit the game for good. Another time I had some horses made of cowhide stuffed with sawdust25 centimeters highand a mechanical wire track whose carriages were 7 centimeters tall, and I became enraged when my neighbors all came over to play with them. On a different occasion, we had some branding irons that we had heated up over a candle. The metal got too hot and we burned the horses and the sawdust came out. Se por um lado se compreende como Calder se tornou um grande artista plstico, por outro lado no se compreende como tenha sobrevivido a uma infncia circundada por latas, serrotes, fios eltricos e brinquedos em chamas. Dois anos mais tarde, no Natal de 1909, com somente 11 anos de idade, Calder doou aos seus pais duas pequenas esculturas - um co e um pato - feitos de chapa de lato. O pato uma pea de particular interesse porque demonstra uma enorme capacidade de abstrao formal e em manusear os vrios materiais. Alm disso, uma das primeiras experincias cinticas de Calder porque tendo o fundo curvo fica a balouar quando se carrega na calda. O ano seguinte construiu, por ocasio do aniversrio do pai, um jogo de estratgia que consistia num tabuleiro dividido em quadrados onde se movimentavam cinco animais em madeira: um tigre, um leo e trs ursos. Com uma infncia passada a viajar pelos Estados Unidos, em 1915 Calder j possua estabilidade suficiente para se inscrever no Stevens Institute of Technology em Hoboken, New Jersey, onde estudou, entre outras coisas, Qumica, Desenho Mecnico, Agronomia e Artes Aplicadas. Em 1919, aps algumas breves passagens em vrios campos de treino militar, Calder formou-se em engenharia mecnica no Stevens Institute. Nos quatro anos sucessivos aceitar vrios trabalhos: algum tempo como engenheiro e desenhista na indstria automobilstica, nove meses como fiscal numa serrao, engenheiro hidrulico a colorir projetos de instalaes e engenheiro de obra. Em 1922, Calder reaproxima-se das artes quando, na primavera se inscreve, em horrio ps laboral, nas aulas de desenho de uma escola pblica de Nova Iorque. Aps mais alguns servios profissionais, ainda como engenheiro, procura emprego no Canad. Ser justamente em Vancouver, durante uma conversa com o engenheiro que o ia supostamente empregar, que Calder tomar a deciso de se tornar num artista e de

deixar a engenheira: I went to Vancouver and called on him, and we had quite a talk about what career I should follow. He advised me to do what I really wanted to do, he himself often wished he had been an architect. So, I decided to become a painter. Assim, no ano seguinte, em 1923, Calder inscreveu-se nas aulas de composio e pintura de John Sloan e de retrato com George Luks, na escola The Art Students League em Nova Iorque. Em 1925 Calder j tinha comeado a sua produo artstica quando um jornal local, o National Police Gazette, encomendou-lhe as ilustraes para alguns artigos sobre o Ringling Brothers and Barnum and Bailey Circus (que ainda hoje existe). Nesta experincia Calder ganhar um gosto e uma paixo para o circo que marcar o seu futuro artstico. Em 1926 Calder decidiu visitar a Europa mas, infelizmente, no tinha dinheiro para pagar a passagem. Esta condio de pobreza, demonstrada nas freqentes cartas aos pais a pedir dinheiro para pagar os vrios encargos, o acompanhar ao longo da primeira fase da vida e o obrigar, entre outras coisa, a ser extremamente inventivo na forma de produzir objectos e de obter lucro. Mesmo assim consegue, com a ajuda do seu professor Clinton Balmer, ser admitido como tripulante do barco ingls Galileo que fazia a rota de Nova Iorque para a cidade inglesa de Hull. Em troca da sua mo-de-obra como pintor do casco do navio ter a sua primeira passagem para a Europa paga. Instalado em Paris em 1926 (em finais de Agosto j tinha alugado uma casa e um atelier), Calder consegue sobreviver desenhando ilustraes para o jornal Le Boulevardier. Apesar deste empenho no deixa de projetar e construir brinquedos, alm de figuras humanas e animais com vrios materiais. A qualidade dos seus brinquedos e a sua falta de dinheiro eram tais que, no mesmo ano, quando um comerciante de brinquedo srvio o encoraja a pensar numa possvel produo em larga escala dos seus brinquedos, Calder resolve produzir uma grande srie de figuras em arame e madeira. Como o mesmo Calder comentou mais tarde, a sua capacidade de construir brinquedos era claramente fruto da sua anterior formao: As I had always worked with tools, and indeed, graduated from an engineering college, I found no particular difficulty with this medium. O comerciante srvio nunca mais apareceu mas Calder no quis parar e a serie de brinquedos acabou por ser a primeira verso do Cirque Calder, um espetculo complexo de bonecos em movimento que foi sujeito a alteraes e atualizaes ao longo dos seguintes cinco anos. O conjunto reunia pequenos artistas, animais e objetos que tinha observado no Ringling Brothers Circus. Com fios, peles, roupas e outros materiais que eram encontrados, o Circo Calder era projetado, construdo e dirigido pessoalmente por Calder. Alm disso todo o conjunto era pensado para poder ser arrumado em 5 malas permitindo a Calder actuar em qualquer lugar. O espetculo demorava cerca de duas horas e existiu ao longo de 40 anos tendo sido apresentado centenas de vezes nos contextos e diante das assistncias mais diferentes.

Nesta altura da vida de Calder a paixo pelos brinquedos era muito forte e a sua produo conseqente; alm disso, o circo era o seu principal sustento. Os seus animais foram exibidos numa galeria de Paris e a 4 de Agosto de 1927 a edio parisiense do jornal New York Herald publicou um artigo onde o prprio Calder refere: I began by futuristic painting in a small studio in the Greenwich village section of New York. It was a lot different to engineering but I took to my newfound art immediately. But it seemed that during all of this time I could never forget my training at Stevens, for I started experimenting with toys in a mechanical way. I could not experiment with mechanism as it was too expensive and too bulky so I built miniature instruments. From that the toy idea suggested itself to me so I figured I might as well turn my efforts to something that would bring remuneration. From then on I have constructed several thousand workable toys. No Outono do mesmo ano, ao regressar para os Estados Unidos, Calder contacta a Gould Manufacturing Company para propor a produo de um conjunto de animais chamados "Action Toys". Uma vez mais, nada feito. A partir dos anos 30 Calder comea a ter os primeiros reconhecimentos artsticos da sua obra e, apesar de ainda no ser economicamente autnomo (em 1930 escreve aos pais a pedir dinheiro para pagar a renda e as suas freqentes viagens aos Estados Unidos, e continuas mudanas de residncia e de escritrio, parecem ser mais para fugir aos credores que outra coisa), j muito conhecido nos crculos artsticos mais exclusivos de Paris. Conhece e freqenta com regularidade os ateliers de artistas como Joan Mir, Fernand Lger, James Johnson Sweeney, Piet Mondrian e Marcel Duchamp. Com o treino ganho na criao de material para o circo em fio de ferro, Calder comeou a fazer retratos em arames de figuras pblicas, encontrando mais uma fonte de rendimento. Em 1928 teve a primeira exposio sozinho na Weyhe Gallery de New York, seguiram-se outras como as de Paris ou de Berlim. Numa das viagens entre Paris e Nova York de navio conheceu Louisa James, sobrinha do escritor Henry James; casaram-se em 1931. Ainda 1931 Calder criou a obra que ir, sucessivamente, caracterizar a sua produo mais conhecida: uma escultura cintica que inaugurava uma forma de arte inovadora. A primeira experincia foi uma pea acionada por um sistema de manivelas e motores que Marcel Duchamp apelidou mobile (em francs mobile significa quer movimento como motivao). Mais tarde Calder abandonou o uso de motores e de mecanismos de movimento quando percebeu que as suas peas eram muito mais interessantes quando movidas pelas correntes de ar. Jean-Paul Sartre chegar a escrever, num texto escrito em ocasio de uma exposio de Calder, que a sua obra questionava a definio de escultor porque no trabalhava com a massa parada mas com elementos bidimensionais que se mexiam no espao. Desta forma, dizia Sartre, A

"mobile," () is a little private celebration, an object defined by its movement and having no other existence. O resto da histria seria mais uma tediosa descrio do sucesso artstico e profissional de Calder: exposies, prmios e grandes obras pautaram a vida deste artista at 1976, ano em que, com 78 anos de idade, morreu. Aps mais de trs dcadas de produo artstica, as esculturas de Calder habitam muitas cidades do mundo e os seus mbiles agitam-se, sem parar, por baixo das grandes coberturas de museus ou outros edifcios pblicos. No so certamente os poucos brinquedos desenhados por ele que ainda se encontram em produo que representam a sua principal herana. O que Calder conseguiu foi reconhecer um territrio e neste traar alguns caminhos. Um territrio onde arte, engenharia e brinquedos se cruzam e se enriquecem reciprocamente e ganham novos significados. Por enquanto no me perguntem porqu (prometo que um dia irei estudar o assunto) mas acredito que Calder conseguiu encontrar uma forma de criar objetos artsticos, ldicos e de consumo emocional que no possuem limites de idade e que, mesmo por causa disso, no necessitam de uma prvia formao cultural. Se verdade, e nisso acredito piamente, que a funo da obra de arte aumentar o conhecimento do sujeito sobre o universo que o rodeia e que a mesma definio pode ser aplicada ao brinquedo, ento vejo em toda a obra de Calder a fantstica capacidade de encontrar um espao de produo material e intelectual que consegue originar objetos com verdadeiras qualidades intelectuais, materiais e, sobretudo, ldicas e, por isso, emocionais. Em 1930, quando a mulher Louisa tomou a deciso de casar com Alexandre (apelidado de Sandy), resolve escrever me para lhe descrever o seu noivo: To me Sandy is a real person which seems to be a rare thing. He appreciates and enjoys the things in life that most people haven't the sense to notice. He has ideals, ambition, and plenty of common sense, with great ability. He has tremendous originality, imagination, and humor which appeal to me very much and which make life colorful and worthwhile. He enjoys working and works hard, and thus ends the summary of his character.

REFERNCIAS

BRETT, Guy. Kinetic Art - the language of movement. London/ New York, Studio-Vista/ Reinhold Book Corporation, 1968, 95 pp. Il. p&b CHALVERS, Ian. DICIONRIO OXFORD DE ARTE. 2.ed. Traduo Marcelo Brando Cipolla. So Paulo: Martins Fontes, 2001. 584p. LA NUOVA ENCICLOPEDIA DELL'ARTE GARZANTI, Milano, Garzanti Editore, 1986, 1112 pp. VETTESE, Angela. Capire L'Arte contemporanea, dal 1945 ad oggi. Milano, Umberto Allemandi & C., 1996, 327 pp. Il. p&b. color. Fundao Calder, Berkshire Museum, Whitney Museum

Você também pode gostar