A Indústria Petroquímica
A Indústria Petroquímica
A Indústria Petroquímica
Braslia-DF.
Elaborao
Flvio Ferreira da Silva
Produo
Equipe Tcnica de Avaliao, Reviso Lingustica e Editorao
Sumrio
APRESENTAO................................................................................................................................... 4
ORGANIZAO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA...................................................................... 5
INTRODUO...................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
CARACTERIZAO............................................................................................................................... 9
CAPTULO 1
DEFINIO DA INDSTRIA PETROQUMICA................................................................................ 9
CAPTULO 2
CARACTERSTICAS DA INDSTRIA PETROQUMICA.................................................................... 11
CAPTULO 3
CADEIA DE VALOR................................................................................................................. 17
CAPTULO 4
PRINCIPAIS PRODUTOS E SUAS APLICAES............................................................................ 20
UNIDADE II
HISTRICO, EVOLUO E CONFIGURAO ATUAL DA PETROQUMICA NACIONAL................................ 29
CAPTULO 1
EVOLUO NO BRASIL........................................................................................................... 29
CAPTULO 2
CONFIGURAO ATUAL DA INDSTRIA PETROQUMICA NACIONAL.......................................... 36
UNIDADE III
CADEIA DE VALOR.............................................................................................................................. 40
CAPTULO 1
CADEIA DO ETENO................................................................................................................ 40
CAPTULO 2
PRINCIPAIS ESQUEMAS PRODUTIVOS....................................................................................... 45
CAPTULO 3
CADEIA DOS AROMTICOS ................................................................................................... 50
CAPTULO 4
ESQUEMAS PRODUTIVOS DE TRANSFORMAO DE PLSTICOS ............................................... 55
UNIDADE IV
MATRIAS-PRIMAS PETROQUMICAS..................................................................................................... 58
CAPTULO 1
GS NATURAL ....................................................................................................................... 58
CAPTULO 2
FRAES DE REFINO ............................................................................................................ 60
CAPTULO 3
COMPETITIVIDADE.................................................................................................................. 62
UNIDADE V
DINMICA ATUAL DA PETROQUMICA................................................................................................... 69
CAPTULO 1
ESTRUTURA ATUAL .................................................................................................................. 69
CAPTULO 2
CICLOS PETROQUMICOS....................................................................................................... 76
CAPTULO 3
INTEGRAO REFINO PETROQUMICA.................................................................................... 79
CAPTULO 4
MERCADO E COMPETITIVIDADE NACIONAL............................................................................. 83
CAPTULO 5
QUMICA VERDE.................................................................................................................... 92
CAPTULO 6
PERSPECTIVAS E NOVOS PROJETOS NO BRASIL........................................................................ 94
PARA (NO) FINALIZAR....................................................................................................................... 99
REFERNCIAS................................................................................................................................... 100
Apresentao
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa rene elementos que se entendem
necessrios para o desenvolvimento do estudo com segurana e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinmica e pertinncia de seu contedo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas metodologia da Educao a Distncia EaD.
Pretende-se, com este material, lev-lo reflexo e compreenso da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos especficos da rea e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convm ao profissional que busca a formao continuada para
vencer os desafios que a evoluo cientfico-tecnolgica impe ao mundo contemporneo.
Elaborou-se a presente publicao com a inteno de torn-la subsdio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetria a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
Organizao do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os contedos so organizados em unidades, subdivididas em captulos, de
forma didtica, objetiva e coerente. Eles sero abordados por meio de textos bsicos, com questes
para reflexo, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradvel. Ao
final, sero indicadas, tambm, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrio dos cones utilizados na organizao dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocao
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou aps algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questes inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faa uma pausa e reflita
sobre o contedo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocnio. importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experincias e seus sentimentos. As
reflexes so o ponto de partida para a construo de suas concluses.
Praticando
Sugesto de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didtico de fortalecer
o processo de aprendizagem do aluno.
Ateno
Chamadas para alertar detalhes/tpicos importantes que contribuam para a
sntese/concluso do assunto abordado.
Saiba mais
Informaes complementares para elucidar a construo das snteses/concluses
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informaes relevantes do contedo, facilitando o
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exerccio de fixao
Atividades que buscam reforar a assimilao e fixao dos perodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relao a aprendizagem de seu mdulo (no
h registro de meno).
Avaliao Final
Questionrio com 10 questes objetivas, baseadas nos objetivos do curso,
que visam verificar a aprendizagem do curso (h registro de meno). a nica
atividade do curso que vale nota, ou seja, a atividade que o aluno far para saber
se pode ou no receber a certificao.
Para (no) finalizar
Texto integrador, ao final do mdulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem
ou estimula ponderaes complementares sobre o mdulo estudado.
Introduo
Objetivo principal apresentar a Indstria Petroqumica, caracterizando-a sob ponto de vista
conceitual, abordando desde seu histrico at os dias atuais, passando pelas principais matriasprimas, sua dinmica atual e perspectivas futuras.
Das cinco unidades aqui abordadas a mais importante a ltima, onde mostrada a dinmica
atual da petroqumica mundial e nacional, a importncia da integrao com refino, os mercados e
perspectivas futuras de novos projetos.
No entanto, as quatro unidades anteriores so importantes, pois do o embasamento necessrio
para entender a dinmica da indstria. Na primeira so descritas as caractersticas da petroqumica,
depois na segunda unidade o histrico deste setor e sua configurao atual no pas. Na terceira
unidade so mostrados os esquemas produtivos tpicos da indstria petroqumica, por fim na
quarta unidade as matrias-primas so o foco, sempre pensando na competitividade que cada uma
proporciona.
Aps a realizao deste curso o aluno deve estar apto a compreender o vocabulrio petroqumico,
entender as principais aplicaes da petroqumica, identificar quais matrias-primas so mais
competitivas para os processos produtivos, compreender as principais sinergias e integraes
possveis com a indstria de leo e gs, dentre outras habilidades.
Objetivos
Promover informao e conhecimento sobre a indstria e sua dinmica.
Analisar tendncias estruturais de atuao nesta indstria.
Compreender a relao desta indstria com a indstria de leo & Gs e demais
correlatas.
CARACTERIZAO
UNIDADE I
CAPTULO 1
Definio da indstria petroqumica
A indstria petroqumica uma parcela da indstria qumica cujos produtos so
originados do petrleo e/ou gs natural. Esta definio simples oculta, no entanto,
uma enorme complexidade, derivada da grande diversidade e quantidade de
substncias envolvidas, tornando o estudo desta indstria mais difcil que das outras
mais homogneas. Acresce, ainda, a dificuldade de isol-la do conjunto da indstria
qumica, sendo raros os casos de empresas qumicas que se dediquem somente s
atividades petroqumicas.
Fonte: MELO, et al. A Indstria Petroqumica, 2005.
A indstria petroqumica uma subdiviso da indstria qumica. Esta indstria utiliza como
matrias-primas principais a nafta petroqumica (derivada do petrleo, obtida pelo refino) e os
lquidos de gs natural (etano, propano e mais pesados).
O petroqumico um setor industrial de base, serve de insumo para diversas outras indstrias,
dentre as principais; alimentos (via embalagem), automobilstica, construo civil, eletroeletrnica,
entre outras aplicaes relevantes.
A indstria petroqumica tambm tem como caracterstica o desenvolvimento tecnolgico, sendo de
grande dinamismo tecnolgico, seja em processos, seja em produtos.
Assim como a indstria de petrleo, intensiva em capital, porm de rentabilidade inferior e tem
seu custo principal, a matria-prima (70% a 80% do custo varivel), atrelado e impactado pelo
preo do petrleo no mercado internacional.
Elaborar uma lista de produtos petroqumicos pode se tornar uma tarefa rdua e extensa, dado
a complexidade desta indstria. A figura 1 apresenta os principais produtos petroqumicos e os
classifica por cadeia produtora.
UNIDADE I CARACTERIZAO
Figura 1. Exemplo de produtos petroqumicos.1
Pode-se atribuir indstria petroqumica uma srie de classificaes, alm das mostradas acima,
que abordam a questo dos diferentes tipos de produtos e suas origens e/ou aplicaes, outra
classificao bastante utilizada a considerao em termos das unidades produtoras. Essas podem
ser subdivididas em:
unidades de primeira gerao: so as produtoras de bsicos petroqumicos
olefinas (eteno, propeno e butadieno) e aromticos (benzeno, tolueno e xilenos); e
unidades de segunda gerao: so, sobretudo, as produtoras de intermedirios
e produtos finais.
Alm das primeiras e segundas geraes petroqumicas, existe o elo da cadeia petroqumica chamada
de terceira gerao, que so as unidades de transformao, os clientes da indstria petroqumica.
Eles transformam os produtos da segunda gerao em materiais e artefatos utilizados por diversos
segmentos, como o de embalagens, construo civil, eltrico, eletrnico e automotivo.
Atualmente, a indstria petroqumica consome cerca de 5 a 7% do petrleo do mundo, segundo a
IHS (consultoria especializada no segmento), e respondeu por um faturamento da ordem de US$
600 bilhes em 2012, conforme estudo do The Petrochemicals Market 2012-2022.
A Indstria petroqumica um segmento industrial onde a rentabilidade alcanada pelo diferencial
de custos entre os produtores, com exceo feita nos perodos dos picos de preos (fly-ups, tpico de
mercados de commodities e com o ciclo de vida aproximando-se da maturidade).
10
C4s corrente C4; DCE dicloroetano; MEG monoetilenoglicol; PTA cido tereftlico; VCM - ###; ABS resina
acrilonitrila-butadieno-estireno; PET polietileno tereftlico; PVC policloreto de vinila.
CAPTULO 2
Caractersticas da indstria
petroqumica
Nesse captulo iremos aprofundar nosso conhecimento sobre a indstria petroqumica. O objetivo
entender caractersticas bsicas desta indstria.
Dentre as principais caractersticas da indstria petroqumica, pode-se citar: economia de escala;
intensiva em capital; importncia da matria-prima; opera em ciclo de rentabilidade; mercado
globalizado; integrao e tecnologia.
A escala a ser projetada na unidade operacional deve ser sempre que possvel maior, respeitando-se
algumas regras do investidor, como por exemplo, nvel de investimento possvel, tamanho do
mercado a ser atendido e disponibilidade de matria-prima local.
Em termos de amortizao dos investimentos, a indstria petroqumica uma atividade caracterizada
por grandes empresas com elevadas escalas de produo. Assim, embora na indstria petroqumica
a escala seja importante, ela uma condio necessria, mas no suficiente, pois os processos
produtivos modificam-se de forma muito dinmica.
No entanto, existem empresas que atuam nos nichos de mercado, ou seja, geralmente empresas de
menor escala que evoluem nos seus negcios, muito focada na capacidade de definir competncias
tecnolgicas, industriais e mercadolgicas consistentes, de forma econmica.
Ser intensiva em capital significa ter uma necessidade de grande volume de recursos para realizar
a implantao de uma unidade produtora e a necessidade de capital para oper-la (capital de giro).
Na indstria petroqumica os nveis de necessidade de capital so enormes, no so to altos como
na indstria de petrleo, porm, so da mesma ordem de grandeza, ou seja, bilhes de dlares.
11
UNIDADE I CARACTERIZAO
O projeto de uma unidade petroqumica deve levar em considerao, no momento
de sua concepo, prioritariamente, sua capacidade de produo ou mercado local
de venda do produto a ser produzido?
Importncias da matria-prima
Para a indstria petroqumica a matria-prima , sem dvida, o item mais importante, no s por
representar a maior parte do custo desta indstria, mas tambm por ser determinante na execuo
de um projeto.
Uma das estratgias mais utilizadas para reduzir custos a integrao com a fonte de matria-prima,
uma vez que esta representa cerca de 70 a 80% do custo de produo de uma empresa petroqumica
(dependendo do produto e processo de produo).
Conhecer a estrutura da indstria petroqumica atual, principalmente, no que tange a competitividade
da matria-prima crucial para competir numa indstria, atualmente, guiada por custos.
Dado esta importncia da matria-prima no difcil supor onde os principais investimentos
devam ocorrer.
Os grandes investimentos em petroqumica so realizados em regies como Oriente Mdio (baixo
custo de matria-prima) e sia (menor custo de investimento), principalmente na China, motivados
por vantagens competitivas ou polticas industriais que estas regies apresentam. O recente
aparecimento do shale gas vem transformar esta equao, tornando os EUA como a segunda regio
mais competitiva nos derivados de eteno, gerando a perspectiva de grande investimento em novas
unidades.
O Oriente Mdio dispe das maiores reservas de leo do planeta e com isso o gs extrado associado
disponibilizado s petroqumicas a um preo muito competitivo, atualmente 0,75 US$/MMBtu.
Isso faz com que esta regio seja a mais competitiva no mundo em termos de custo, com foco na
cadeia dos derivados do eteno a despeito do custo de investimento. Entretanto, a disponibilidade
de GN (gs natural) est limitada ao crescimento do mercado de leo, o que indica uma expanso
menos acelerada da produo na regio nos prximos anos, associado a um crescimento do
consumo de GN energtico seja pelo aumento industrial, seja pelo aumento residencial, frente
ao anteriormente previsto. Em decorrncia disto, o prprio preo do GN vem sendo questionado,
havendo a perspectiva de que venha a ser mais elevado para novos projetos.
O advento do shale gas americano veio recolocar a petroqumica americana no
panorama mundial novamente. Diversos novos projetos j foram anunciados e esto
em execuo, planejando utilizar o etano abundante na regio como fonte supridora
de matria-prima. O impacto desse evento parece ainda intangvel, uma vez que
historicamente os Estados Unidos sempre foram dependentes externos de energia.
12
CARACTERIZAO
UNIDADE I
Mercado globalizado
Entende-se por mercado globalizado um segmento de mercado cujo produto universalmente
conhecido sob o ponto de vista de especificao e este produto transportvel a baixo custo por
todo o globo. Ou seja, a competio global, aberta a todos, isso quer dizer que, no mercado de
produtos finais, principalmente, para que uma empresa na sia possa competir e exportar seus
produtos para uma regio como a Amrica do Sul, basta ser competitiva em custo que compense a
diferena do frete.
A elevada comercializao representa uma forte caracterstica dessa indstria. As empresas
possuem um elevadssimo grau de internacionalizao em termos comerciais, com presena em
grande nmero de mercados, e um processo de internacionalizao da produo elevado, mas em
nvel mais modesto. Assim, a internacionalizao pode ocorrer primeiramente no nvel comercial e
depois no nvel industrial, que costuma se dar em segmentos bem definidos.
Uma das caractersticas principais das empresas que adotaram a estratgia de internacionalizao
a necessidade de ampliar a base de amortizao e rentabilidade dos seus investimentos fixos, de
base tecnolgica.
Existem poucas barreiras entrada em mercados. A logstica uma delas, porm, com o advento
dos supernavios, os custos reduzem cada vez mais. Particularmente, a Amrica do Sul tem uma
desvantagem nesse quesito por no ser rota comercial de grandes navios e no ter portos modernos
com calado apropriado. Com isso os custos de fretes internacionais para importaes nesta regio
so maiores que em regies tradicionais como EUA e Europa.
Existem tambm as barreiras tarifarias, a mais conhecida delas so os impostos de importao. No
Brasil, em mdia, para se importar uma resina termoplstica paga-se 14% do preo CIF2 do produto.
A tabela 1 mostra a tarifa de impostos de importao de alguns produtos petroqumicos.
13
UNIDADE I CARACTERIZAO
Tabela 1. Tarifas de imposto de importao (I.I.) de alguns produtos petroqumicos.
Produtos
I.I. (%)
Benzeno
4%
Estireno
10 %
Polietileno
14 %
PET
14 %
PVC
14 %
Fonte: MDIC ALICEWEB.
Integrao
Sendo este setor uma indstria de competio em custos, uma vez que seus produtos so
commodities, de suma importncia a integrao. Uma empresa integrada consegue obter uma
srie de redues e de custos que fazem a diferena no custo do produto e consequentemente geram
ganhos de margens para esta empresa.
Dentre as principais vantagens esto, ganho na otimizao de produo, ganhos no custo de mo de
obra, redues tributrias, ganhos logsticos e ganhos de ordem negocial.
Ganho na otimizao de produo entende-se por um planejamento integrado entre as unidades de
forma a maximizar a rentabilidade da empresa. Ou seja, uma unidade no produzir um produto
que a outra no usar como matria-prima naquele momento.
Os ganhos no custo de mo de obra decorrem de simplificao de estruturas, por exemplo as reas
de contabilidade ou recursos humanos, cada empresa tem uma, mas ao ocorrer a integrao no h
mais essa necessidade.
Redues tributrias, impostos que antes oneravam as transaes de compra e venda entre as
empresas, ao ocorrer a integrao no so mais tributveis.
Ganhos logsticos, como exemplo pode-se utilizar o caso de um navio que chega com matria-prima,
se voltasse vazio, o frete dele seria mais caro, ao ocorrer a integrao, a empresa pode aproveitar o
mesmo navio para exportar seus produtos.
Ganhos de ordem negocial so os ganhos de barganha ou mesmo a opo de esconder a margem
na parte da empresa que lhe convir.
A reduo do consumo de gua e a reutilizao de correntes de processo associam a integrao
a benefcios ambientais. Por fim, mas no menos importante, a integrao permite um acesso
privilegiado da petroqumica s matrias-primas oriundas da indstria petrolfera. Alm da
reduo dos investimentos requeridos, a integrao permite que eventuais resultados financeiros
positivos da atividade de refino possam contrabalanar eventuais resultados negativos obtidos na
produo petroqumica, e vice-versa. Nesse sentido, a integrao reduz a volatilidade dos retornos
sobre o capital e, portanto, os nveis de risco do investimento. (GUERRA, 2009)Atualmente, quase
impossvel, que um novo projeto no seja planejado de forma integrada. Quando est se falando de
14
CARACTERIZAO
UNIDADE I
primeiras e segundas geraes quase obrigatrio que isso ocorra. O que as empresas buscam hoje
em dia a integrao com refino e muitas vezes com a explorao e produo de petrleo e gs.
Como exemplo de empresas integradas que se beneficiam desse fator pode-se citar a Exxon. Por
meio de sua subsidiria Exxon Chemicals, a Exxon atua em petroqumica de forma integrada
fisicamente e empresarialmente. Podem-se citar ainda outras empresas como a francesa Total, a
indiana Relliance, entre outras que atuam dessa maneira.
Tecnologia
Embora sendo listada por ltimo, mas no menos importante, a questo do desenvolvimento
tecnolgico est entre as principais caractersticas desta indstria. De uma forma geral, as empresas
adotam estratgias no desenvolvimento tecnolgico. Que podem ser o desenvolvimento de produtos
diferenciados, onde conseguem melhores margens, tentando minimizar a condio de commodities
dos mesmos. Ou, mas no excludente, o licenciamento de tecnologias de produo. Estas estratgias
funcionam no somente como armas para ganhar e desenvolver novos mercados, mas tambm
geram um efeito de proteo aos ciclos petroqumicos.
Em petroqumica os produtos, de uma forma geral, so considerados commodities, uma vez que
tm especificao conhecida, geralmente, de fcil reproduo por outros concorrentes, logo a
estratgia de desenvolvimento de novos produtos funciona por um tempo, porm, em curto espao
de tempo, os concorrentes lanam os chamados contratipos, produtos similares que competem em
desempenho e preo com o original.
Assim, para fugir desta condio transitria, muitas empresas recorrem ao licenciamento
de tecnologias, processo este bastante caro, demandante de investimentos que s podem ser
amortizados sobre uma base produtiva muito ampla. Uma empresa de grandes dimenses dilui sua
carteira de projetos tecnolgicos por uma base econmica e financeira ampla.
As empresas que comandam esses processos podem se apropriar de duas fontes de rendimentos
e lucratividade: a margem resultante dos lucros de monoplio temporrio da inovao (novos
produtos, com preos mais elevados; e processos mais econmicos, com custos reduzidos) e a renda
associada ao licenciamento dessas tecnologias para outras empresas.
O capital tecnolgico e industrial acumulados geram lucros e capacidade de autofinanciamento
para que essas empresas prossigam em sua escalada tecnolgica, tornando o processo recorrente e
autorreforado.
Assim, confortadas por sua posio tecnolgica, industrial e comercial singular, as empresas
dominantes buscam escapar da ciclicidade e das adversidades ordinrias.
Segundo Guerra (2009), a petroqumica considerada uma indstria madura, com uma tendncia
a reduzir seus investimentos em desenvolvimento tecnolgico. Mesmo assim, no possvel
subestimar o papel da tecnologia para a competitividade no setor. De fato, com o acirramento da
competio, as empresas procuram, pela via da inovao, manter, renovar ou expandir suas posies
15
UNIDADE I CARACTERIZAO
de mercado. Diante disso, as seguintes tendncias tecnolgicas devem ser:A crescente maturidade
tecnolgica do setor petroqumico levou a competio por inovaes de produtos para o campo do
desenvolvimento de aplicaes, por meio de copolmeros, blends, uso de aditivos e compostagem.
Novos aditivos e cargas, incluindo nanocargas, so alguns dos meios utilizados.
Desenvolvimento de matrias-primas alternativas nafta e ao gs natural, com
particular nfase no segmento alcoolqumico e seus impactos sobre a viabilidade
econmica da produo de polietileno a partir do etileno do lcool.
Desenvolvimento de tecnologias de craqueamento de petrleo pesado.
Sistemas catalticos alternativos, principalmente aos da famlia Zigler-Nata para
a polimerizao de olefinas, enfatizando as ameaas e oportunidades associadas
difuso dos catalisadores metalocnicos.
Desenvolvimento tecnolgico em setores intensivos em cincia (biotecnologia e
nanotecnologia), focando seus impactos na produo petroqumica.
Biopolmeros, com nfase em polmeros biodegradveis.
Novas demandas ambientais, que incluem a reciclagem de resinas e outros produtos
petroqumicos.
Sabe-se que o recurso ao licenciamento de tecnologias ainda largamente utilizado
no setor. Em face dos desdobramentos da competio por inovaes cabe, entretanto,
questionar at que ponto os novos entrantes principalmente aqueles localizados
em regies sem tradio em P&D podero concorrer com os tradicionais
produtores, mesmo nos mercados de commodities, em que o desempenho depende
da capacidade de acompanhar os desenvolvimentos tecnolgicos e de introduzir
inovaes, ainda que incrementais.
16
CAPTULO 3
Cadeia de Valor
A indstria petroqumica est posicionada na cadeia de valor numa posio prxima ao consumidor
final, o que caracteriza seu vis tecnolgico no desenvolvimento de produtos como forma de
competio entre as diversas empresas do setor.
A Cadeia de Valor qual a petroqumica est inserida se inicia pela indstria de explorao e
produo de petrleo, a qual responsvel por localizar e extrair o petrleo encontrado. O prximo
elo dessa cadeia a indstria de refino, que responsvel pelo refinamento do petrleo, produzindo
diversos derivados e entregando s indstrias subsequentes, uma delas a petroqumica.
A indstria petroqumica, que se subdivide em outros elos (ser visto em breve), recebe a matriaprima da indstria de refino (seja a separao da nafta do petrleo ou do etano e elementos mais
pesados do gs natural) transforma esta matria-prima em produtos semi-industrializados para
serem vendidos para o prximo elo que dar o tratamento final a esses petroqumicos.
Como j descrito, pode-se segmentar em trs estgios, ou geraes, a atividade petroqumica:
1a gerao: fornece os produtos petroqumicos bsicos (tais como eteno, propeno,
butadieno etc.) produzidos nas chamadas centrais petroqumicas;
2a gerao: processa os petroqumicos bsicos transformando-os nos chamados
petroqumicos finais (polietileno (PE), polipropileno (PP), polivinilcloreto (PVC),
polisteres, xido de etileno etc.);
3a gerao: o estgio onde produtos finais so transformados em produtos
semi ou industrializados. A indstria do plstico o setor que movimenta a maior
quantidade de produtos fabricados com materiais petroqumicos.
Como ser visto mais a frente, para auferir uma melhor competitividade fundamental que as
indstrias petroqumicas estejam fisicamente interligadas (integradas) em polos petroqumicos
com os fornecedores de nafta ou de gs natural a montante (upstream) e com as empresas
utilizadoras de seus produtos a jusante (downstream). Normalmente, nas atividades de 1a gerao
dos polos esto tambm includas as prestaes de servios de utilidades, tais como fornecimento de
gua industrial, energia, tratamento de efluentes, manuteno, etc. Enquanto que a totalidade das
plantas de 1a e 2a geraes, frequentemente, ficam localizadas nos polos, a maioria das indstrias de
3a gerao se apresenta distribuda por outras regies, mesmo afastadas.
A indstria petroqumica se caracteriza por utilizar derivados do petrleo ou gs natural como
matrias-primas bsicas. Dos derivados de petrleo, a nafta costuma ser a principal matria-prima,
podendo tambm ser utilizados hidrocarbonetos leves de refinaria (HLR), fraes lquidas de
gs natural e correntes pesadas de petrleo. Outras opes so fontes renovveis como o etanol,
17
UNIDADE I CARACTERIZAO
principalmente. A figura 2 abaixo ilustra a relao e demonstra onde esta enquadrada a indstria
petroqumica.
Figura 2. Esquema de Cadeia de Valor da Indstria Petroqumica.
A figura acima mostra a cadeia de valor dessa indstria. As refinarias fornecem as matriasprimas para a petroqumica, dentre elas o etano, HLR (off gas dos FCCs), GLP, nafta e correntes
pesadas como gasleos. Os principais petroqumicos bsicos so as olefinas, como eteno, propeno e
butadieno, e os aromticos, como benzeno, tolueno e xilenos. A partir destes, so obtidos os produtos
de segunda gerao, como as resinas termoplsticas (polietilenos, polipropileno, poliestireno, PVC
e PET), elastmeros (SBR e BR, por exemplo) e outros intermedirios (como fenol, acrilonitrila e
xido de eteno). As empresas de terceira gerao, mais conhecidas por empresas de transformao
plstica, so os clientes da indstria petroqumica que transformam os produtos da segunda gerao
e intermedirios em materiais e artefatos utilizados por diversos segmentos, como o de embalagens,
construo civil, eltrico, eletrnico e automotivo.
Aps a insero da petroqumica na cadeia do valor, interessante expandir a cadeia petroqumica
mostrando sua complexidade e extenso. A figura 3 mostra de forma simplificada parte da cadeia
petroqumica, porm o nmero de derivados infinitamente grande, mas bvio que nem todos os
produtos so produzidos na mesma escala.
18
CARACTERIZAO
UNIDADE I
19
CAPTULO 4
Principais produtos e suas aplicaes
Nesse captulo sero abordadas as principais aplicaes dos produtos petroqumicos. Como visto
acima, a cadeia petroqumica bastante complexa e extensa, logo, para exemplificar as aplicaes
escolheu-se os principais produtos petroqumicos em termos de volume de produo mundial.
Dentre os produtos a serem abordados neste captulo esto: eteno, propeno, benzeno, butadieno,
estireno, polietileno, polipropileno, PVC e PET. Para cada um deles sero descritos, frmula qumica,
matrias-primas, formas de obteno e aplicaes de forma objetiva e sucinta. Ao longo de toda a
disciplina, estes sero os produtos abordados, eventualmente pode-se necessitar excluir algum ou
incluir outro nessa lista.
Eteno
O eteno o principal produto petroqumico, produzido a partir do craqueamento da nafta e do etano
(em sua maior parte) tem seu consumo basicamente em outros produtos petroqumicos. A frmula
qumica do eteno :
Figura 4. Frmula qumica do Eteno.
Alm da pirlise da nafta e do etano (ou outro derivado do petrleo) pode ser obtido atravs do
etanol ou processos no convencionais como a mettese.
o produto base de uma central petroqumica, que projetada baseada no consumo estimado de
eteno. de difcil transporte e armazenagem, devido suas caractersticas fsico-qumicas. Com isso
melhor transportado sob forma de seus derivados.
Sua principal aplicao na composio dos polietilenos, que representa quase 70% do consumo
de eteno no mundo. A figura 5 mostra a proporo de consumo do eteno no mundo, segundo IHS.
20
CARACTERIZAO
UNIDADE I
Outros; 8,2%
Estireno; 6,3%
xido de Eteno;
14,8%
Polietileno;
60,3%
PVC; 10,4%
Propeno
O propeno um coproduto da produo do eteno, geralmente, para cada tonelada de eteno
produzido, meia tonelada de propeno ser produzida. A frmula qumica do propeno :
Figura 6. Frmula qumica do propeno.
Pode ser obtido pela pirlise de derivados de petrleo, atravs das unidades de craqueamento
cataltico nas refinarias (como coproduto da produo de gasolina) e ainda atravs de processos
chamados own purpose (de produo dedicada), tais como mettese, desidrogenao de propano,
entre outros. Tambm tem seu transporte custoso, porm no como o eteno. Pode ser transportado
em navios de GLP ou em caminhes especiais onde existam condies de presso e temperatura que
o tornem lquido.
Sua principal aplicao na produo de polipropileno, mais de 70% do propeno mundial vai
para este uso. um dos mais versteis produtos petroqumicos, tendo uma das cadeias mais
complexas.
21
UNIDADE I CARACTERIZAO
Benzeno
Benzeno mais um coproduto da produo de eteno. Sua proporo no processo aumenta com o
aumento da complexidade da carga. Cargas leves como etano, praticamente, no produzem benzeno.
A frmula qumica do benzeno :
Figura 7 . Frmula qumica do Benzeno.
No processo de pirlise cataltica, o benzeno sai junto na corrente chamada gasolina de pirlise,
vai para uma unidade de extrao de aromticos onde separado. Alm deste processo, pode ser
obtidos atravs de reformas catalticas, unidades utilizadas para aumentar a produo de gasolina.
Existem tambm processos de converso de aromticos, como HDA (Hidrodealquilao do tolueno),
que transformam tolueno em benzeno. de fcil manuseio e transporte, salvo por condies de
segurana e contato com a pele.
Sua aplicao principal na cadeia do estireno (junto com eteno), mas muito utilizado em outras
cadeias como do cumeno (junto com propeno), na parte de frmacos entre outros. A figura 8 a
seguir mostra as principais aplicaes do benzeno.
Figura 8. Principais aplicaes do benzeno, base 2012 IHS.
Outros; 9,7%
Nitrobenzeno;
9,8%
Anidrido
Maleico; 2,1%
Cumeno;
22,0%
22
Estireno;
56,5%
CARACTERIZAO
UNIDADE I
Butadieno
O butadieno outro coproduto obtido na produo de eteno via pirlise da nafta. Sua frmula
qumica :
Figura 9. Frmula qumica do Butadieno.
No processo de pirlise o butadieno sai na corrente chamada C4, junto com butenos, iso-butenos,
butanos, entre outros. Sua separao ocorre em unidades distintas, localizadas nas reas frias da
central petroqumica. Alm desta via de produo, possvel produzi-lo atravs de desidrogenao
de butanos, porm um processo muito custoso e, mesmo atualmente, com preos excessivamente
altos de butadieno no parece ser vivel tal processo.
Em termos de transporte, suas condies se assemelham s do propeno, precisa de presso alta e
temperatura baixa para se liquefazer e assim ser transportado.
Sua aplicao principal na cadeia de elastmeros (polibutadieno, ESBR, NBR entre outros), para
uso no setor automotivo (pneus, autopeas etc.). utilizado tambm no ABS. Na figura 10 so
mostradas as principais aplicaes do butadieno.
Figura 10. Principais aplicaes do butadieno, base 2012 IHS.
Outros; 27,0%
ABS;
11,8%
Polibutadieno;
28,4%
ESBR; 28,5%
NBR; 4,4%
23
UNIDADE I CARACTERIZAO
Polietileno
Principal resina termoplstica, produzido a partir do eteno. Sua frmula qumica geral :
Figura 11. Frmula qumica do Polietileno.
24
CARACTERIZAO
UNIDADE I
Polipropileno
Assim como sua matria-prima considerado o mais verstil dos plsticos possuindo propriedades
que competem com praticamente todas as principais resinas, produzido a partir do propeno. Sua
frmula qumica geral :
Figura 12. Frmula qumica do Polipropileno.
25
UNIDADE I CARACTERIZAO
Moldagem por injeo: envolve a fuso do material, junto com a adio de
corantes ou aditivos.
Moldagem por sopro: usada para a produo de frascos, garrafas, reservatrios
para veculos, etc. Filmes de polipropeno so largamente empregados para a
embalagem de alimentos e outros artigos.
Extruso: por este processo podem ser obtidos inmeros artigos contnuos,
que incluem tubos, chapas, rfia, etc. Fibras de polipropeno so usadas para a
produo de carpetes, tapetes e cordas, entre outros.
Estireno
Derivado do eteno e do benzeno, o estireno considerado um intermedirio, pois ainda na cadeia
petroqumica utilizado por outras unidades para produzir uma gama de produtos finais, dentre os
quais se destacam o poliestireno, os elastmeros, ABS entre outros. Sua frmula qumica :
Figura 13. Frmula qumica do Estireno.
Pode ser obtido por um processo direto, em que o eteno reage com o benzeno em uma unidade
dedicada, produzindo o etilbenzeno, depois ocorre outra reao gerando o estireno em outra
unidade dedicada. Alm do processo tradicional, existe ainda uma rota comercial onde o estireno
produzido como sub produto da produo do xido de propeno.
Transportado a granel em navios, em isotanques ou em caminhes tanque.
Sua principal aplicao ainda na produo de poliestireno, porm outros usos do estireno tm
crescido em importncia, como ABS, EPS e at mesmo os elastmeros. A figura 14 a seguir mostra a
distribuio de usos do estireno.
26
CARACTERIZAO
UNIDADE I
Figura 14. Percentagem de uso de estireno por aplicao, base 2012 IHS.
Outros;
21,3%
Poliestireno;
37,6%
ESBR; 3,7%
ABS; 14,7%
EPS; 22,6%
PET
O polietileno tereftalato um produto final derivado, pela rota atualmente mais aplicada, de dois
intermedirios, o PTA (cido tereftlico) e o MEG (monoetilenoglicol). Tem uma das cadeias mais
complexas sob o ponto de vista tanto da produo como dos negcios.
Existe tambm uma rota que deriva do DMT (dimetil tereftalato), porm esta rota est em desuso
por ser muito custosa ficando antieconmica. Sua frmula qumica :
Figura 15. Frmula qumica do PET.
Sua principal aplicao para embalagens de bebidas, como refrigerantes, guas e no exterior
em cervejas (no Brasil este uso ainda no foi regulamentado). Quando se fala de polister (uma
abrangncia maior que somente PET) a aplicao principal no ramo txtil.
De fcil manuseio e transporte, geralmente, embalados em sacos ou big bags (sacos maiores).
Quando de navio, transportado em containers, quando de caminho em sacos. A figura 16 mostra a
distribuio de usos do PET. Sendo sua aplicao principal em embalagens s mudando o segmento
de aplicao.
27
UNIDADE I CARACTERIZAO
Figura 16. Percentagem de uso de PET por aplicao, base 2012 IHS.
Cosmticos;
1,2%
Farmrcia; 0,8%
Alimentao;
6,3%
Outros;
12,8%
Bebidas; 78,9%
PVC
O PVC derivado do eteno. Sua frmula qumica :
O processo de produo convencional via eletrlise do sal, gerando o DCE (dicloroetano) que
depois reage com o acetato de vinila gerando o MVC (monocloreto de vinila), posteriormente
polimerizado at chegar ao PVC.
Na China, principalmente, existe uma rota alternativa, que se origina no acetileno. Esta rota mais
competitiva, pois deriva do carvo chins, no entanto em termos de qualidade no consegue ter a
mesma excelncia que a rota convencional.
De fcil manuseio e transporte, geralmente, embalados em sacos ou big bags (sacos maiores).
Quando de navio, transportado em containers, quando de caminho em sacos.
Sua principal aplicao na construo civil, respondendo por quase 70% do consumo total, segundo
o instituto do PVC.
28
HISTRICO, EVOLUO E
CONFIGURAO ATUAL DA UNIDADE II
PETROQUMICA NACIONAL
CAPTULO 1
Evoluo no Brasil
A petroqumica surgiu nos Estados Unidos da Amrica, em 1920, quando a Standard Oil e a Union
Carbide fabricaram isopropanol e glicol. Ela se desenvolveu durante a Segunda Guerra Mundial,
com a demanda de produtos estratgicos (como tolueno e glicerina para explosivos). No perodo de
1940 e 1950, os EUA duplicaram sua produo petroqumica. No ps guerra, a Europa comeou a
usar a nafta como matria prima petroqumica, substituindo os subprodutos do carvo. Desde ento,
a petroqumica europeia tem tido grande impulso. No Japo, a petroqumica comeou em 1955, mas
em 1970 o pas j era o segundo produtor do mundo. O crescimento foi atribudo ao estmulo
produo de petroqumicos bsicos e aos seus preos competitivos no mercado internacional.
Durante a dcada de 1980 a petroqumica experimentou perodos de altas margens. Os produtos
ainda estavam em fase de desenvolvimento de mercado, no eram considerados commodities. Ao
passar pela dcada de 1990 iniciou-se um processo de busca por menores custos e maior integrao
das operaes. Os produtos j comeavam a ser considerados como maduros, a globalizao nivelava
a competio fazendo com que grandes empresas prevalecessem frente s menores, que tinham que
buscar nichos de mercado para sobreviver.
Por fim, na dcada de 2000 se intensificou o movimento de fuses e aquisies na petroqumica,
empresas que desenvolveram o setor, como DuPont, Hoescht, Basf e outras comearam a migrar
para setores com melhor rentabilidade, como qumica fina, petroqumicos especiais entre outros.
Ento, empresas focadas na explorao e produo de petrleo comearam a integrar para frente,
buscando agregao de valor de suas correntes, e na maioria delas eram empresas estatais, como as
rabes e as chinesas, principalmente.
A indstria petroqumica nacional comeou de forma incipiente, com sua primeira planta entrando
em operao em 1948, uma unidade de formol da ALBA.
Usualmente, pode-se dividir a evoluo da petroqumica nacional em 6 fases. A primeira fase a
etapa inicial, indo dos anos de 1950 at meados da dcada de 1960, antes da criao da Petroquisa.
29
30
UNIDADE II
Praticamente todos os ativos implantados foram feitos por iniciativa privada, com exceo da
refinaria. Este ponto no estava claro na legislao que estabeleceu o monoplio estatal do petrleo
para a Petrobras, que no explicitava se a petroqumica estava ou no inclusa nele.
31
32
UNIDADE II
33
34
UNIDADE II
Grupos
ODEBRECHT
Salgema, CPC
Empresas
Localizao
Alagoas
Bahia
Poliolefinas, CPC
So Paulo
ECONMICO
MARIANI
Bahia
UNIPAR
Nitrocarbono, Policarbonatos
PQU, Poliolefinas, Unipar, Carbocloro, Oxipar
So Paulo
IPIRANGA
Deten
Copesul, Ipiranga Petroqumica
Bahia
Rio Grande do Sul
Braspol
Rio de Janeiro
Polibrasil
Norquisa/Copene, Polibrasil, Politeno
Bahia
Rio Grande do Sul
Petroflex
Rio de Janeiro
ULTRA
Petroflex
Norquisa/Copene, Oxiteno
Bahia
Bahia
UNIGEL
PQU, Oxteno
CPB, Metacril, Policarbonatos
So Paulo
Bahia
PEIXOTO DE
CBE, Proquigel
Prosint
So Paulo
Rio de Janeiro
CASTRO
Metanor
Bahia
SUZANO
35
CAPTULO 2
Configurao atual da indstria
petroqumica nacional
O captulo anterior, propositadamente, encerra sua narrativa no ano de 2007. Esse o ano que se
inicia a consolidao final da indstria petroqumica nacional, resultando na configurao atual.
Nesse captulo ser apresentado o final da histria, ou seja, como foi formada a configurao atual,
onde a Braskem a empresa dominante dos produtos bsicos e da produo de poliolefinas (PE e PP).
Existem ainda diversas empresas atuantes no pas em petroqumica, mas quase todas dependem de
matria-prima oriunda da Braskem e atuam em cadeias diferentes as que a Braskem atua.
Em 2007 ocorreu o primeiro passo para a reorganizao. Dito como uma estratgia da Petrobras para
fortalecer o setor, nesse ano ocorreram as operaes de compra da Ipiranga e Suzano Petroqumica,
duas gigantes do setor nacional.
A Petrobras, a Ultrapar e a Braskem adquiriram juntas as empresas do Grupo Ipiranga. No somente
a parte petroqumica, mas a refinaria e a parte de distribuio. Os acionistas dividiram os ativos sob
a seguinte forma; os ativos petroqumicos seriam integrados Braskem e a Petrobras aumentaria
sua participao na Braskem; a refinaria ficaria com a Petrobras; a rede de distribuio e posto ficou
dividida entre Petrobras e Ultra, ficando a Ultra com as operaes no sul e sudeste e Petrobras com
Norte e Nordeste.
Este processo se seguiu por diversas aes no CADE para aprovar incorporaes dos diversos ativos
adquiridos, perdurando por quase dois anos aps o fechamento da operao.
Estava formada a primeira base da estratgia de eleger os campees nacionais, neste caso em
petroqumica. Os polos do Sul e da Bahia estavam sob mesmo comando, faltavam os ativos do sudeste.
Em 2007, a Petrobras adquiriu o capital social da Suzano Petroqumica S.A. e, em conjunto com a
Unipar, concebeu uma nova petroqumica, denominada Quattor. Em 2008, a Petrobras, a Unipar, a
Suzano Petroqumica e a Petroqumica Unio comunicaram a continuao ao processo de formao
da Quattor Participaes. A Unipar detm o controle da Quattor, cabendo Petrobras e Petroquisa,
na qualidade de acionistas minoritrias relevantes, os direitos previstos no Acordo de Acionistas.
(LIMA, 2008)
Segundo Lima, o Conselho de Administrao da Quattor passou a ser composto por nove membros,
sendo seis deles indicados pela Unipar e trs pela Petrobras. Segundo a Unipar e a Petrobras,
formou-se uma empresa petroqumica com escala global e elevada competitividade, com capacidade
de produo, ao final de 2008, de cerca de 1,9 milho de toneladas de poliolefinas, integrada
produo de 2,8 milhes de petroqumicos bsicos e intermedirios.
36
UNIDADE II
Estavam formados dois grandes grupos petroqumicos com porte global para atuao no pas e
a Petrobras era um acionista relevante dos dois grupos, sendo tambm o principal supridor de
matria-prima de ambos.
Figura 20. O antes e depois da indstria petroqumica nacional.
Este modelo perdurou por cerca de dois anos at meados dos anos 2010, quando comear as
tratativas para uma fuso entre Braskem e Quattor.
37
38
UNIDADE II
39
CADEIA DE VALOR
UNIDADE III
CAPTULO 1
Cadeia do eteno
Nesse captulo sero abordadas as cadeias de valor do eteno e seus principais derivados. O objetivo
fazer uma apresentao sucinta sobre os produtos e suas principais aplicaes.
O monmero eteno, segundo a classificao IUPAC, tambm conhecido como eteno, o
hidrocarboneto mais simples da famlia das olefinas, formado por dois tomos de carbono e quatro
de hidrognio (C2H4). uma molcula pequena, plana e simtrica, e um dos monmeros de menor
peso molecular (28,05 g/mol). uma molcula, em termos eletrnicos, muito equilibrada, sendo
perfeitamente apolar. Resultando numa molcula pouco reativa.
Em condies normais de temperatura e presso um gs incolor e com odor adocicado, no
txico. inflamvel ao contato com oxignio. Assim, precaues devem ser tomadas durante o
manuseio, o transporte e o armazenamento.
O principal processo de obteno do eteno o craqueamento a vapor (steam cracker). Existem outras
fontes de gerao de eteno, como desidrogenao do etanol (principalmente ndia e Paquisto),
a partir do carvo e seus lquidos derivados (principalmente frica do Sul e China), a partir do
metanol (MTO metanol to olefins) e a mettese.
Dado suas condies fsico-qumicas o transporte de eteno precisa ser realizado sob condies
especiais (transportado em cilindros pressurizados ou em tanques refrigerados) o que torna esta
operao custosa quando realizada para grandes distncias. Para pequenas distncias transportado
por dutos.
A quantidade de eteno transportada por via martima pelo mundo est estimada como sendo
entre 2 e 3 milhes de toneladas mtricas por ano. Entre os pases que mais exportam eteno nessa
modalidade esto o Reino Unido, a Arbia Saudita, o Japo, a Coreia do Sul, os pases do Benelux,
a Alemanha, a Itlia, o Mxico, Cingapura, a Malsia e os EUA.
A partir do eteno se designa uma grande cadeia de petroqumicos, como mostra a figura 21. Dentre
os principais derivados do eteno esto o polietileno, o etilbenzeno/estireno, o Oxido de Eteno, o PVC,
entre outros de menor aplicao. Ainda na figura 21 so mostrados os usos finais de cada um deles.
40
CADEIA DE VALOR
UNIDADE III
Matrias-primas
Petrleo
Gs Natural
Rota renovvel
Produto
Nafta
Etano
Etanol
Eteno
Derivado principal
Polietileno
Estireno
xido de
Eteno
PVC
A partir de agora sero abordado alguns processos produtivos para obteno de eteno.
41
Produto
nafta
etano
propano
gasleo
Eteno
30%
80%
45%
23%
Propeno
16%
2%
16%
14%
Corrente C4
10%
0%
4%
9%
Gasolina de
Pirlise
7%
1%
4%
4%
A partir do carvo
A reao de Fischer-Tropsch a partir do gs de sntese obtido do carvo o processo mais comum e
utilizado para obteno de eteno. Os combustveis sintticos da Sasol, na frica do Sul, empregam
estas tcnicas para a produo de eteno. Na China, devido a abundancia do carvo, este processo
bastante empregado.
De forma indireta o metanol obtido do carvo e depois convertido a eteno.
A partir do etanol
A desidrogenao cataltica do lcool etlico gera etenol. O etanol aquecido a uma temperatura
de 315C e passa por uma esteira contendo catalisadores de slica-alumnio. A corrente de vapor
resultante sai desta etapa a 360C. Os materiais oxigenados so removidos do produto resfriado
pelo contato direto com a gua, seguido de tratamento custico (para remoo de CO2), secagem
com peneirao molecular e destilao criognica para isolar o eteno. O aproveitamento gira em
torno de 93%. Esta rota pode ser enquadrada dentro do que se denomina alcoolqumica.
Mettese
A mettese um processo onde ocorre uma reao de dupla troca entre duas molculas de propeno
so reagidas gerando uma molcula de eteno e uma de buteno.
42
CADEIA DE VALOR
UNIDADE III
Eteno dicloro
Todo eteno dicloro (EDC) produzido pela clorinao ou pela oxiclorao do eteno. As duas rotas
principais a partir do eteno para o EDC envolvem sequncia de sntese distintas, como a:
Clorinao Direta do Eteno: a reao da fase lquida ou gasosa do eteno com
cloro, em presena de um catalisador cloreto metlico, a 60C, produz EDC.
Oxiclorao do Eteno: um cloreto metlico catalisa a reao do eteno com o
cido clordrico e oxignio, a 220C, para gerar EDC. O cido clordrico utilizado
geralmente um produto associado pirlise do EDC para gerar vinil-cloro em
plantas integradas.
Cerca de 95% do EDC consumido mundialmente direcionado produo de
vinil-cloro (VCM), que quase que totalmente convertido em resinas de cloreto de
vinila (PVC).
xido de eteno
O xido de eteno (EO) produzido pela oxidao direta do eteno com oxignio. O processo de
oxidao com oxignio consome aproximadamente 0,85 unidades de eteno para cada unidade
de EO.
convertido em outros produtos qumicos, principalmente glicis. O etilenoglicol, por exemplo,
utilizado na fabricao de aditivos anticongelantes para automveis, e como intermedirio na
produo de resinas polister para fibras, filmes e garrafas. O segundo maior uso do xido de eteno
na produo de agentes ativos no inicos de superfcie para detergentes, cosmticos e produtos
de limpeza.
43
Polietilenos
Os dois processos bsicos de polimerizao do eteno so os de alta presso, que geram polietileno
de baixa densidade (LDPE), e os de baixa e mdia presso, que geram polietileno de alta densidade
(HDPE), mdia densidade (MDPE) e linear de baixa densidade (LLDPE).
A maior parte das resinas HDPE utilizada para moldagem por sopro. Essa categoria inclui
garrafas, principalmente as voltadas para alimentos lquidos e produtos de limpeza domstica,
garrafas de leo lubrificante e tanques automotivos para combustvel. O HDPE tambm utilizado
em moldagem por injeo, produzindo uma ampla variedade de utilidades. Durante o processo de
extruso h a transformao do HDPE em filmes e folhas, tubos e condutes, isolamento de fios e
cabos etc.
J para o LDPE e para o LLDPE, o maior mercado o de filme para embalagens (para alimentos
ou no) e sacos de lixo. nesse mercado que a competio entre LDPE e LLDPE se torna mais
intensa. Desde sua introduo, nos anos 1970, o LLDPE vem capturando uma importante parcela
do mercado de filmes de LDPE.
Vinil acetato
O vinil acetato (VAM) produzido pela reao do eteno com cido actico e gua na presena de um
catalisador de cloreto de paldio. O VAM convertido em monmero e polmero de vinil acetato,
que so utilizados na produo de tintas, adesivos e coberturas de papel. Outras aplicaes so o
lcool polivinlico e o etil-vinil acetato (EVA).
O eteno o principal produto de uma unidade de craqueamento. Todo projeto de
unidade de craqueamento petroqumico baseado na capacidade de produo de
eteno, embora atualmente o propeno esteja mais valorizado que o eteno, dado a
necessidade de manter as taxas operacionais altas, nunca um cracker ser projetado
para produzir outro produto que no eteno. Todo esse panorama de produo de
eteno acarreta na percepo de valor dessa corrente. A cadeia de valor do eteno
implica na combinao dos elementos principais abaixo:
Uso local: dado o custoso processo de transporte de eteno, todo seu
consumo na maior parte das vezes local.
Precificao: em decorrncia do segundo ponto, a precificao do eteno
esta associada ao custo de produo do eteno que usar o combustvel
mais custoso, na maior parte das vezes a nafta e com diferena significativa
regionalmente devido dificuldade logstica.
Escala das unidades novas: considerando o elevado valor do investimento
e o custo da operao das unidades de craqueamento, a escala das novas
unidades fator crucial para a competitividade.
44
CAPTULO 2
Principais esquemas produtivos
Cadeia do propeno
Nesse captulo sero abordados os esquemas produtivos dos produtos bsicos, como eteno,
propeno, butadieno e benzeno. O objetivo apresentar o esquema de produo, caractersticas
mais importantes, nomear principais tecnologias e indicar valores de nvel de investimento de uma
unidade tpica. Aqui o foco no em termos de tecnologias e informaes sobre parmetros de
processo e sim dar uma viso geral para que em termos de negcio seja entendido pelo leitor como
se d o processo.
O propeno, nome oficial dado pela IUPAC, tambm chamado propileno, um hidrocarboneto
insaturado (alceno) de frmula C3H6, apresentando-se normalmente como um gs incolor e
altamente inflamvel. Solvel em lcool e ter, com ponto de fuso em -185C e ponto de ebulio
em -47,6C, o propeno uma das mais importantes matrias-primas da indstria petroqumica.
Possui peso molecular igual a 42,081.
De uma forma geral o propeno um subproduto do refino de petrleo ou produzido como
coproduto no processo de produo do eteno. Alm do craqueamento trmico e do craqueamento
cataltico (FCC nas refinarias) o propeno tambm obtido por processo como a desidrogenao de
propano, mettese a partir do lcool entre outros.
Em condies normais de temperatura e presso o propeno um gs no txico. Em uso industrial,
o maior perigo ser altamente inflamvel: a parcela inflamvel varia entre 2% e 11,1% de sua
quantidade no ar. Um possvel perigo para o propeno em seu estado lquido a vigorosa reao que
guarda com elementos oxidantes.
Dadas suas condies fsico-qumicas, o transporte do propeno, assim como o eteno, precisa
ser realizado sob condies especiais o que torna esta operao custosa quando realizada para
grandes distncias. Para pequenas distncia transportado por dutos, o transporte rodovirio
mais acessvel em termos de custo, uma vez que por ser uma molcula mais pesada que o eteno
necessita de menor energia para ser liquefeita.
A partir do propeno se origina uma das mais diversificadas cadeias de petroqumicas, como mostra a
figura 22. Dentre os principais derivados do propeno so o polipropileno, a cadeia do cido acrlico,
o cumeno, a acrilonitrila, o xido de propeno, entre outros de menor aplicao. Ainda na figura 22
so mostrados os usos finais de cada um deles.
45
Matrias-primas
Petrleo
Petrleo
Propano
C2 + C4
Produto
Derivado principal
Craqueamento
FCC
Propeno
PDH
Mettese
Polipropileno
cido
Acrlico
Cumeno
Acrilonitrila
xido de
Propeno
A partir de agora sero abordado alguns processos produtivos para obteno de eteno.
46
CADEIA DE VALOR
UNIDADE III
Mettese
Esse processo nasceu para consumir o propeno gerado no craqueamento e que no tinha bom valor
comercial. Como a vida d voltas, hoje utilizado para produzir propeno. Em 1985, a primeira
unidade comercial para produo de propeno derivado de eteno entrou em operao. O processo
foi desenvolvido e licenciado pela Phillips. Nele o eteno , primeiro, dimerizado para buteno-2. O
buteno-2 e o eteno adicional passam, ento, por um processo de mettese que gera propeno.
Desidrogenao de propano
Esse processo consiste em retirar hidrognio do propano para formar o propeno. A economicidade
da desidrogenao do propano sofreu ganhos considerveis nos ltimos anos, com os avanos
tecnolgicos. Para que o processo seja competitivo em termos de custo em relao a outros processos,
necessrio haver uma diferena de preo entre o propeno e o propano de, no mnimo, US$ 200
por tonelada mtrica. Nos EUA com o shale gas que reduziu muito os custos de propano, esta
economicidade ficou melhor ainda.
cido acrlico
O cido acrlico produzido, predominantemente, pela oxidao do propeno. Praticamente todo o
cido acrlico consumido sob a forma de polmero. No passado, a maior parte do cido acrlico era
convertida para ster, mas o crescimento da demanda por superabsorventes (SAP) elevou o consumo
de cidos homopolimricos. O cido acrlico tambm utilizado como componente para diversos
copolmeros, dentre os quais se destacam o cido poliacrlico e o copolmero de cido acrlico.
Acrilonitrila
Desde que houve a substituio dos antigos processos de gerao de xido de eteno e aceteno, a
amoxidao cataltica do propeno, um processo desenvolvido pela Standard Oil nos anos de 1960
vem sendo a principal via para a produo da acrilonitrila em todo o mundo. A acrilonitrila
consumida, principalmente, para a produo de fibras acrlicas, resinas ABS/SAN, adiponitrila
(intermedirio do nylon 66) e elastmeros de nitrila. A produo de acrilamida, convertida em
poliacrilamida, tambm consome acrilonitrila.
47
Cumeno
O cumeno, ou isopropilbenzeno, um hidrocarboneto aromtico de frmula C9H12. Apesar de estar
presente em muitos petrleos e em muitas correntes de refino, a alquilao do benzeno com propeno
a nica rota de produo de todo o cumeno produzido comercialmente. O propeno (em uma
corrente de propeno/propano) e o benzeno reagem em altas temperatura e presso em presena de
um catalisador (quase sempre cido fosfrico, cido sulfrico ou cloreto de alumnio). Praticamente
toda a produo de cumeno utilizada na produo de fenis, obtendo acetona, alfa-metilestireno e
acetofenona como produtos associados. O fenol, por sua vez, entra na composio de uma srie de
produtos, tais como resinas fenlicas (adesivos), caprolactama (nylon e outras fibras sintticas) e
bisfenol A (policarbonatos e resinas epxi).
xido de propeno
A produo mundial de xido de propeno quase que igualmente dividida entre os processos de
hidroperoxidao e cloridratao.
O processo de hidroperoxidao composto por duas etapas: o isobutano ou o etilbenzeno
convertido primeiramente em um hidroperxido, que ento reage com o propeno para formar o
xido de propeno e um terc-butil lcool (caso a matria-prima tenha sido o isobutano) ou um metilfenil-carbinol (caso a matria-prima tenha sido etilbenzeno) como produtos associados. Enquanto
o terc-butil lcool usado como solvente ou convertido em MTBE (um aumentador de octanagem
para gasolina), o metil-fenil-carbinol pode ser desidratado e transformado em estireno.
O processo de cloridratao, por sua vez, a reao inicial do propeno com o cido hipocloroso produz
propeno cloridratado, que por sua vez decloridatado com soda custica e transformado em xido
de propeno.
O xido de propeno consumido quase que exclusivamente como qumico intermedirio. Seus
dois maiores mercados so os poliis-politer-uretanos (que so convertidos em espuma flexvel
ou rgida) e os propeno-glicis (utilizados como solventes, emulsificantes, umectantes etc.). Outros
usos para o xido de propeno incluem solventes para revestimento de superfcies, produtos de
limpeza, carbonato de propeno entre outros.
48
CADEIA DE VALOR
UNIDADE III
49
CAPTULO 3
Cadeia dos aromticos
Os aromticos so produtos petroqumicos bsicos caracterizados por possurem em sua estrutura,
pelo menos um anel de seis tomos de carbono, com ligaes insaturadas, formando um hbrido de
ressonncia.
Os principais compostos aromticos com aplicaes na petroqumica em larga escala so:
benzeno;
tolueno;
xilenos (orto, meta e para); e
etilbenzeno/cumeno.
Figura 23. Estrutura qumica dos principais aromticos bsicos.
50
CADEIA DE VALOR
UNIDADE III
51
Do paraxileno obtm-se uma cadeia mais simples, como mostra a figura 27. A principal utilizao
do paraxileno na produo do cido tereftlico (PTA).
Figura 27. Cadeia de valor do para-xileno.
H ainda as cadeias do orto-xileno (anidrido ftlico e plastificantes, por exemplo) e do tolueno que
no so abordadas neste estudo, pois a Petrobras no atua nessas linhas.
52
CADEIA DE VALOR
UNIDADE III
A figura 28 mostra a proporo das diferentes formas de produo de benzeno utilizadas no mundo,
evidenciando que a maior parte do benzeno proveniente de reforma catalca e steam cracker, com
ligeira liderana do reformado.
Figura 28. Formas de produo de benzeno no mundo.
Fonte: Chemsystems.
Em alguns casos, a operao da reforma cataltica pode estar voltada para a obteno da corrente
BTX visando o mercado qumico, como ocorre no Brasil nos complexos petroqumicos de Camaari
e So Paulo. Na sia e na China, a reforma, que voltada apenas para o uso qumico, mais relevante
do que aquela com objetivo de produzir gasolina.
O crescimento acelerado da demanda mundial por aromticos petroqumicos em relao gasolina,
em particular do para-xileno devido demanda do mercado txtil (PET grau fibra), tornar cada vez
mais comum a soluo da produo ad hoc da corrente BTX. A Reforma produz uma maior proporo
de xilenos em relao ao steam cracker, que por sua vez produz mais benzeno que xilenos na sua fatia
de rendimento de aromticos. A reforma catalca permite ainda adequar a proporo dos aromticos
a serem produzidos atravs da preparao da nafta na carga da unidade (proporo de C6).
Figura 29. Formas de produo de para-xileno no mundo.
Fonte: Chemsystems.
53
2016
Reforma Cataltica
Gasolina de Pirlise
HDA
Desproporo de Tolueno
2011
2006
0%
20%
40%
60%
80%
100%
54
CAPTULO 4
Esquemas produtivos de transformao
de plsticos
Nesse captulo sero abordados os principais processos produtivos na transformao das resinas em
produtos plsticos. Entre os processos abordados esto a transformao por sopro, extruso, injeo
e calandragem. O objetivo apresentar a lgica de produo, caractersticas mais importantes e
qual aplicao indicada a partir de casa processo.
Os produtos plsticos so moldados por vrios processos de transformao, onde as diversas
resinas so alimentadas em formato de grnulos, p ou lquidos, depois aquecidas para ento serem
processadas por mtodos como sopro, extruso, injeo, calandragem, entre outros. Neste captulo
ser aprofundado o conhecimento sobre os principais processos de transformao.
Sopro
A moldagem por sopro permite a confeco de peas ocas, como frascos ou garrafas, alm, de
embalagem para materiais de limpeza. O processo consiste na expanso de um pr-formado aquecido
de material plstico, sob ao de ar comprimido, no interior de um molde bipartido. Em contato
com o molde, o material resfria e endurece, permitindo a abertura da ferramenta e a retirada do
artefato. Pode-se observar no frasco plstico uma linha contnua, em relevo, que percorre de cima
para baixo toda a embalagem, resultante desse tipo de moldagem.
A tabela 2 mostra algumas caracterstica deste processo.
Tabela 2. Caractersticas do processo de sopro.
VARIVEIS
VALORES
Peso (kg)
0,001 a 0,3
Espessura (mm)
0,4 a 3
Complexidade (perfil)
Baixa
0,2 a 1,6
1 mil a 10 milho
Extruso
Uma extrusora consiste essencialmente num cilindro em cujo interior gira um parafuso de Arquimedes
(rosca sem fim), que promove o transporte do material plstico. Este progressivamente aquecido,
plastificado e comprimido, sendo forado atravs do orifcio de uma matriz montada no cabeote
existente na extremidade do cilindro e promovido ao longo do cilindro e no cabeote geralmente por
resistncias eltricas, vapor ou leo.
55
VARIVEIS
VALORES
Peso (kg)
1 a 1.000
Espessura (mm)
0,1 a 900
Complexidade (perfil)
Baixa
0,5 a 12,5
10 mil a 1 milho
Injeo
De todos os processos de transformao de plsticos o processo de injeo um dos mais tradicionais.
Permite a confeco de utenslios plsticos em geral como bacias, tampas, caixas e peas de grandes
dimenses. Consiste na introduo de uma composio moldvel fundida em um molde fechado,
frio ou pouco aquecido, por intermdio de presso, fornecida por um mbolo. O material preenche
as cavidades do molde e o artefato posteriormente extrado. Em geral, pode-se observar na base da
pea plstica uma cicatriz, que o ponto de injeo do material plstico dentro do molde.
A tabela 4 mostra algumas caracterstica deste processo.
Tabela 4. Caractersticas do processo de extruso.
VARIVEIS
VALORES
Peso (kg)
0,01 a 25
Espessura (mm)
0,3 a 10
Complexidade (perfil)
Alta
0,2 a 1,6
10 mil a 1 milho
Calandragem
Tem este nome, pois o processo consiste em passar o plstico em uma calandra. um processo
contnuo. O nmero de cilindros podem variar conforme o polmero, o acabamento superficial
56
CADEIA DE VALOR
UNIDADE III
desejado, a tecnologia aplicada, entre outros fatores. Para o PVC, normalmente, a calandra tem
quatro cilindros de tamanhos distintos, que giram a velocidades ligeiramente diferentes para formar
lminas ou filmes. O PVC (cloreto de polivinila) o plstico de maior produo por calandragem.
Outros polmeros que so calandrados em menor quantidade so algumas borrachas, alguns tipos
de poliuretano, polipropileno reforado com talco, ABS etc.
O processo de calandragem utilizado para a produo de filmes planos, chapas e laminados, que
so posteriormente confeccionados dando origem a produtos para a indstria, seja alimentcia,
farmacutica, automobilstica, caladista entre outras. A principal vantagem obter um material
com espessura constante e com um excelente acabamento.
Esse processo consiste em extrusar o polmero, formando um cordo ou uma fita que ser depositado
em um sistema de cilindros aquecidos que formam a calandra. No processo mais comum, o material
normalmente passa, na sada da extrusora, por um cabeote tipo flat dye, que o distribui a um
sistema de cilindros conferindo espessura e aspecto final ao laminado/filme.
Dentre as principais caractersticas dos materiais obtidos pelo processo de calandragem esto: a
possibilidade de obter-se materiais planos com ou sem brilho; podem ser obtidos os mais diversos
tipos de acabamento/gravao; podem ser transparentes, translcidos, opacos, ou coloridos;
baixa permeabilidade ao vapor dgua; possibilidade de obteno de produtos atxicos; espessura
constante; e obteno de materiais rgidos ou flexveis.
A tabela 5 mostra algumas caractersticas deste processo.
Tabela 5. Caractersticas do processo de calandragem.
VARIVEIS
VALORES
Peso (kg)
1 a 1.000
Espessura (mm)
0,1 a 900
Complexidade (perfil)
Baixa
0,5 a 12,5
10 mil a 1 milho
57
MATRIAS-PRIMAS
PETROQUMICAS
UNIDADE IV
CAPTULO 1
Gs natural
COMPONENTES
GS ASSOCIADO
GS NO ASSOCIADO
N2
0,7 %
1,4 %
CO2
0,7 %
1,3 %
C1
76 %
92 %
C2
12 %
3,7 %
C3
7%
1,3 %
C4
3%
0,2 %
C5+
0,6 %
0,1 %
Fonte: ANP
Dentre os principais usos do gs natural esto a reinjeo nos poos de petrleo, substituio do
GLP no uso residencial, comercial entre outros, como matria-prima petroqumica e da indstria de
fertilizantes, substituio do leo diesel nas frotas urbanas.
58
MATRIAS-PRIMAS PETROQUMICAS
UNIDADE IV
Para a utilizao na indstria petroqumica, que o foco deste captulo, interessam as fraes C2,
C3 e C4 do gs natural. Fraes C5+ tambm so utilizadas na indstria petroqumica, porm, em
propores menores.
Para se obter as fraes acima citadas necessrio realizar um fracionamento no gs natural,
processo semelhante destilao do petrleo.
Normalmente, o gs natural separado nos seguintes produtos, gs residual (N2, CO2 e C1), etano
(C2), GLP (C3 e C4) e gasolina natural (C5+).
O esquema bsico de separao das fraes de gs natural mostrado na figura 31.
Figura 31. Esquema de fracionamento do gs natural.
COMPONENTES
ETANO
PROPANO
Eteno
80%
45%
Propeno
2%
16%
Corrente C4
0%
4%
Gasolina de Pirlise
9%
18%
Fonte: Chemsystem.
59
CAPTULO 2
Fraes de refino
A principal frao de refino utilizada na indstria petroqumica a nafta petroqumica. A nafta
petroqumica oriunda, principalmente, da destilao atmosfrica do petrleo, com faixa de
destilao entre 35oC e 190oC. Compreende hidrocarbonetos entre cinco e nove tomos de carbono
e possui massa especfica em torno de 0,70g/cm3. dita parafnica quando possui mais de 60% de
alcanos, e naftnica quando o teor de ciclanos atinge 30% em massa. A nafta parafnica tem seu
melhor uso no processo de pirlise, enquanto que as naftnicas so mais adequadas reforma, pois
geram mais aromticos.
A figura 32 indica rendimentos tpicos de nafta a partir de petrleos leves.
Figura 32. Rendimentos da Destilao Atmosfrica de Petrleos (%v/v)
A nafta pode ser utilizada no pool de gasolina, existe um limite para esta adio. Logo, a relao
de preo entre uso na gasolina e uso na petroqumica que indica onde a nafta petroqumica ser
utilizada.
A nafta pode ser obtida da destilao, chamada nafta dd (destilao direta) e tambm pode ser
obtida atravs do FCC, a chamada nafta craqueada. A operao das unidades de FCC produz nafta
craqueada com boa octanagem permitindo maior incorporao de nafta gasolina. A adio de
zelita cida ZSM5 para maximizar o propeno resulta em ainda melhores octanagens na nafta
craqueada, o que permite incorporar mais nafta petroqumica.
A tabela 8 mostra os rendimentos tpicos do craqueamento de uma nafta.
60
MATRIAS-PRIMAS PETROQUMICAS
UNIDADE IV
COMPONENTES
NAFTA
Eteno
30%
Propeno
16%
Corrente C4
10%
Gasolina de Pirlise
23%
Fonte: Chemsystem.
61
CAPTULO 3
Competitividade
A consultoria CMAI (atual IHS Chemical) realiza periodicamente um estudo que efetua um ranking
de cada unidade de olefinas no mundo, permitindo uma comparao entre as diversas regies do
mundo, sendo que o ponto na curva de cada regio dado pela mdia ponderada das unidades da
mesma. A curva elaborada pela CMAI estimando-se os custos de produo para cada pirlise
no mundo e alinhando os mesmos na ordenada y em ordem crescente de custos e em capacidade
cumulativa na abscissa x.
O CMAI tem um modelo de custo geral para a indstria do eteno que tem um custo representativo
de cada unidade de eteno no mundo. Um grande componente da anlise de custos a do perfil da
carga, juntamente com os custos de matria-prima como etano, propano, butano, naftas ou gasleo,
ou, mais frequentemente, combinaes das mesmas. Com a partida da primeira planta de metanol
para olefinas (MTO em ingls) em 2010, o carvo tambm se tornou uma matria-prima. Ainda,
com objetivo de tentar atingir maior preciso, o modelo considera outras variveis e custos fixos
de operao (catalisadores e qumicos, utilidades, trabalho direto, manuteno, impostos, seguro
e overhead da planta. No entanto, o custo de matria-prima e do perfil da carga processada so os
componentes mais crticos na determinao das fontes de produo de eteno mais competitivas.
Os modelos no incluem dados proprietrios especficos de nenhuma empresa e usa modelos no
especficos de sites para o clculo dos custos de produo, fixos e variveis. Vrios parmetros so
identificados em cada site como tendo maior impacto em custos fixos e variveis no modelo geral,
incluindo capacidade de produo da unidade e do site, tecnologia de processo, custos regionais
de matrias-primas e de energia, custos fixos de investimento e custos de mo de obra regionais,
logstica de matrias-primas e de coprodutos especfica do site, integrao vertical, localizao
geogrfica, e outros fatores de custo. O uso de uma metodologia consistente em todas as plantas
permite uma comparao das plantas para avaliar a competitividade relativa.
No Brasil, com exceo da planta da Riopol, a produo de petroqumicos baseada em nafta.
Com dados de 2009, o Ethylene Cash Cost Study da consultoria CMAI coloca o Brasil, em 2014,
em uma posio relativamente desfavorvel em relao mdia mundial, com maiores custos de
matria-prima.
62
MATRIAS-PRIMAS PETROQUMICAS
UNIDADE IV
O mesmo estudo mostra o Brasil ainda em posio desfavorvel na projeo para 2014 em relao
aos Estados Unidos. No entanto, esse estudo foi realizado antes do boom da produo de gs no
convencional dos Estados Unidos, sendo que as projees do cash cost para este pas tm sido
revistas, com a produo norte-americana baseada em etano, tendo se deslocado para uma posio
mais favorvel na curva de custos mundial, atrs apenas do Oriente Mdio.
Uma anlise com dados mais recentes, apresentada em fevereiro de 2012, mostra que os Estados
Unidos seguem em posio favorvel, com sua produo baseada em etano frente de diversas outras
regies, principalmente aquelas, como o nordeste da sia e a Europa Ocidental, cuja principal matriaprima para o eteno a nafta, sendo a Europa Ocidental um produtor marginal (formador de preos).
63
$1600
$1600
West
Northeast Europe
Asia
Southeast
Asia
2011
U.S.
Demand
U.S.
Average
Ethane
$1400
$1400
$1200
$1200
$1000
$1000
$800
$800
$600
$600
$400
$400
Alberta
$200
$200
Middle East
$0
$0
Middle East
0
0
20
20
40
40
60
60
80
80
100
100
120
120
140
140
160
160
A Europa tambm ir enfrentar uma presso crescente das importaes do Oriente Mdio devido
sua proximidade geogrfica e, na mdia, maior posio de custos. No entanto, restries logsticas
iro retardar a penetrao do Oriente Mdio no mercado europeu. Segundo anlise da consultoria
CMAI, os produtores da Amrica do Norte tero uma vantagem de custos menor apenas que a do
Oriente Mdio e alavancaro essa vantagem para aumentarem suas exportaes, principalmente
para mercados da Amrica Latina.
Uma anlise comparativa, em nmeros mais recentes, atualizados em fevereiro de 2012, dos mesmos
custos de produo estimados pela CMAI mostra a progressiva vantagem de custos da Amrica
do Norte para a produo de eteno, na mdia ponderada das matrias-primas, sobre a produo
baseada em nafta da Europa Ocidental. Essa vantagem progressiva a partir de 2009, alcanado
seu maior valor em 2012, e, a partir da, decrescendo. A produo base da nafta da Europa pode ser
comparada produo base da nafta do Brasil.
Figura 35. Cash Cost produo eteno.
64
MATRIAS-PRIMAS PETROQUMICAS
UNIDADE IV
Ainda, pode-se observar que a produo de eteno dos Estados Unidos com base gs em relao
nafta foi fortemente beneficiada pela produo de gs no convencional e esta vantagem, acreditam
os analistas, deve se manter ao longo do tempo.
Em resumo, os polietilenos (PE) devem continuar recuperando mercado e ganhando competitividade
em detrimento do polipropileno (PP), devido s perspectivas de custos reduzidos de insumos
(eteno EUA e Oriente Mdio). Os crackers da nafta continuaro a dominar a produo global de
eteno, representando 56% da produo total de 2011. O craqueamento de etano subiu para 34%
e continuar a subir, acompanhando o desenvolvimento da produo do shale gas. A demanda
global de eteno em 2011 foi de 127 milhes de toneladas, com crescimento estimado em 4,7% a.a,
representando uma taxa de operao de 86% da capacidade instalada. O Oriente Mdio comea a
diversificar sua produo de eteno, antes base etano, com o craqueamento de cargas mais pesadas
(nafta) visando os subprodutos de maior valor no cenrio atual (propeno, butadieno e benzeno).
As adies de capacidade sero nas regies de disponibilidade de etano barato ou nas regies de
elevada taxa de crescimento de demanda.
65
66
MATRIAS-PRIMAS PETROQUMICAS
UNIDADE IV
Com o descolamento dos preos do petrleo e do gs natural nos EUA, o etano a baixo custo promoveu
uma vantagem significativa pra os produtores de eteno. No entanto, a crescente preferncia
pelo craqueamento de cargas leves diminuiu de forma importante as ofertas de propeno e C4s,
aumentando seus preos. Os preos do propeno, em relao ao eteno aumentaram, mostrando um
prmio de quase 50% em 2011. Foi alterada tambm uma tendncia histrica de que os preos do
eteno tinham valor superior aos do propeno.
Nos Estados Unidos existem quatro unidades de propeno on-purpose em operao.
LyondellBasell
2 unidades de mettese.
BASF/Fina
1 unidade de mettese.
Petrologistics
1 unidade de desidrogenao de propano.
At o momento, foram anunciados planos para trs outras unidades de propeno on-purpose.
Dow
2 unidades de PDH (desidrogenao de propano) 2015 e 2018.
Capacidade combinada de 900 M ton.
1 unidade com 750 M ton de capacidade esta unidade pode inviabilizar a construo da segunda
unidade.
A primeira unidade, no Texas, recebeu aprovao da diretoria da empresa em 07 de maro de 2012
para finalizar a engenharia detalhada e comprar o equipamento de lead-time longo. A tecnologia
ser UOP C3 Olefelex para propeno on purpose de propano. A Dow j realizou um acordo de
licenciamento com a UOP. A fase de engenharia bsica j foi iniciada.
LyondellBasell
1 unidade de mettese 225 M ton 2014.
Segundo o CMAI, vrias outras unidades de desidrogenao de propano devem ser construdas no
horizonte 2015-2010, substituindo o propeno de steam cracker, perdido devido ao favorecimento
de cargas leves.
Nota-se que pelo lado do eteno, os EUA melhoraram bem sua posio na curva de custos, porm
no propeno e no butadieno, tendem a estar entre os produtores marginais, ou seja, entre os que
possuem maior custo de produo. O preo internacional do propeno elevou-se e tende a ficar
assim, pois o produtor marginal ser um com produo dedicada (on purpose), com custos maiores
que os crackers e as refinarias (onde o propeno subproduto).
67
68
DINMICA ATUAL DA
PETROQUMICA
UNIDADE V
CAPTULO 1
Estrutura atual
A indstria petroqumica atualmente uma indstria global que luta pela reduo do custo. Seus
produtos so commodities e sua precificao conhecida em todas as regies. As empresas hoje
atuantes e que so as maiores do segmento cada vez mais so empresas estatais que ocuparam lugar,
por meio de aquisies ou fuses, de empresas privadas que voltaram sua ateno segmentos mais
rentveis, como qumica fina, ou produtos de maior valor agregado.
Esse captulo tem como objetivo mostrar a realidade da indstria petroqumica, mostrando a forma
como tentam ganhar competitividade em custo e quem so os maiores player atualmente.
Contexto atual
A indstria petroqumica um segmento industrial em que a rentabilidade alcanada pelo
diferencial de custos entre os produtores, com exceo feita nos perodos dos picos de preos (flyups, tpico de mercados de commodities e com o ciclo de vida aproximando-se da maturidade).
Uma das estratgias mais utilizadas para reduzir custos a integrao com a fonte de matria-prima,
uma vez que ela representa cerca de 70 a 80% do custo de produo de uma empresa petroqumica
(dependendo do produto e processo de produo).
Conhecer a estrutura da indstria petroqumica atual, principalmente, no que tange a competitividade
da matria-prima crucial para estabelecer os limites superiores de viabilidade dos preos das
matrias-primas.
A dinmica da indstria petroqumica tem se modificado constantemente. Ao longo das ltimas
dcadas passou de uma indstria de produtos diferenciados (onde as novas aplicaes ainda no
tinham sido exploradas) para produtos cada vez mais comoditizados. Essa condio no alterada
69
70
UNIDADE V
Os grandes investimentos em petroqumica tem sido e sero realizados em regies como Oriente
Mdio (baixo custo de matria-prima) e sia (menor custo de investimento), principalmente na
China, motivados por vantagens competitivas ou polticas industriais que essas regies apresentam.
O recente aparecimento do shale gas vem transformar esta equao, tornando os EUA a segunda
regio mais competitiva nos derivados de eteno, gerando a perspectiva de grande investimento em
novas unidades.
O Oriente Mdio dispe das maiores reservas de leo do planeta e com isso o gs extrado associado
disponibilizado s petroqumicas a um preo muito competitivo, atualmente 0,75 US$/MMBtu.
Isso faz com que a regio seja a mais competitiva em termos de custo no mundo, com foco na cadeia
dos derivados do eteno a despeito do custo de investimento. Entretanto, a disponibilidade de GN
est limitada ao crescimento do mercado de leo, o que indica uma expanso menos acelerada da
produo na regio nos prximos anos, associado a um crescimento do consumo de GN energtico
seja pelo aumento industrial, seja pelo aumento residencial, frente ao anteriormente previsto. Em
decorrncia disto, o prprio preo do GN est sendo questionado, havendo a perspectiva de que
venha a ser mais elevado para novos projetos.
A figura 37 mostra a curva de competitividade na produo de eteno, destacando-se a posio do
Oriente Mdio frente s demais regies, bem como a mudana de posio relativa dos EUA devido
ao shale gas.
Figura 37. Custo de produo de eteno.
Em relao integrao entre 1a e 2a gerao petroqumica, a tabela 9 a seguir ilustra bem a situao
que existe atualmente na indstria. Mostra que os principais novos projetos de crackers de eteno
no mundo so integrados com algum derivado, ou seja, a utilizao do eteno ser cativa dentro dos
novos complexos.
71
Empresa
Localizao
Eteno / PEs
Data de
Partida
Braskem - Idesa
Mxico
500 / 500
2015
Ilam PC
Ir
460 / 300
2014
SABIC
Arbia Saudita
460 / 260
2011
Arbia Saudita
600 / 275
2012
Emirados rabes
1.945 / 1.520
2014
Gail
ndia
450 / 435
2014
ONGC
ndia
890 / 872
2013
CNPC
China
1.625 / 1.010
2012
Exxon
Cingapura
1.000 / 975
2012
(kta)
A integrao fsica e empresarial, num mesmo complexo petroqumico, que abriga plantas tanto de
1a quanto de 2a gerao, gera possibilidades de sinergia de planejamento de produo, custos fixos,
comerciais e tributrios entre outras.
O Brasil evoluiu, apenas mais recentemente, neste sentido, deixando de haver uma separao bem
definida das geraes. A integrao entre as geraes petroqumicas foi solucionada no que tange
s poliolefinas e ao PVC, mas ainda h espao para a integrao com as matrias-primas, alm da
captura de outras vantagens competitivas. Outras cadeias relevantes no passaram pelo processo
de consolidao/integrao.
Projetos em outras regies s se justificam se houver um incentivo para implantao (polticas
industriais), vide caso do projeto da Braskem no Mxico, onde, segundo as informaes disponveis,
ter uma diferenciao no preo do etano em relao referncia Mont Belvieu.
A sia, em particular a China, tem recebido uma quantidade at maior de projetos que o Oriente
Mdio. Os projetos nessa regio tm, em sua maioria, a nafta como carga dos crackers e, portanto
no tem na matria-prima o valor diferenciado como fator de competitividade. A vantagem asitica
esta associada ao baixo custo do investimento e da mo de obra. Alm destas vantagens internas,
h o grande potencial de mercado devido a concentrao da indstria de transformao que
competitiva para exportar os seus produtos transformados para o resto do globo. A figura 38 ilustra
a vantagem competitiva de mo de obra desta regio e a tabela 10 mostra a diferena de valor de
investimento estimado para cada regio.
72
UNIDADE V
A vantagem competitiva da China frente aos outros pases muito grande no custo de mo de obra,
o que justifica a implantao de empresas de terceira gerao na regio, aumentando o mercado
interno de resinas e as exportaes de transformados.
Tabela 10. Valores de investimento.
Planta/Investimento
Eteno (base nafta 1100 kta)
PEAD (600 kta)
EUA
Europa
China
MMUS$ 947
MMUS$ 1128
MMUS$ 833
MMUS$ 218
MMUS$ 260
MMUS$ 192
Na China, pela tabela acima, os investimentos so em mdia 12% menores que nos EUA. Existem
ainda outros fatores de vantagem competitiva na sia como tributrios, de infraestrutura, credito
acessvel e barato entre outros.
Alm dos fatores de competitividade anteriormente citados, uma mudana estrutural de relevncia
e sem precedentes ocorreu na indstria petroqumica norte americana, o shale gas.
Com o uso do shale gas na matriz energtica houve um grande aumento de disponibilidade de gs
natural causando uma reduo nos preos do gs. A consequncia uma melhora considervel
da competitividade da indstria petroqumica norte americana, principalmente, num cenrio de
petrleo em torno de US$ 100/bbl. A figura 40 a seguir mostra o descolamento do valor energtico
do gs em relao ao petrleo.
73
25
120%
100%
20
60%
10
% Gas/leo
US$/MMBtu
80%
15
40%
5
20%
Brent
Gas Natural
15
14
20
13
20
12
20
11
20
20
10
09
20
08
20
07
20
06
20
05
20
04
20
03
20
02
20
20
01
0%
20
20
00
% Gas/leo
Fonte: IHS.
A figura 39 informa que a relao gs/leo, historicamente no patamar acima de 60%, caiu
drasticamente para algo em torno de 30% e neste nvel dever permanecer nos prximos anos. Com
este cenrio, empresas esto optando por maximizar o uso de gs nos crackers ao invs de nafta.
Investimentos so anunciados (at projetos Green Field) em uma regio que, at pouco tempo, era
considerada sem condies de competir por novos investimentos.
Focalizao
Estava claro que ns no poderamos fazer crescer todos estes negcios de forma
eficiente, rentvel e conquistar a liderana em todas estas reas.
Rein Willems (Vice-Presidente Executivo para produtos qumicos bsicos e intermedirios da Shell)
74
UNIDADE V
A busca de excelncia e liderana nas reas de atuao, no caso da Shell, se d mais prximas da
refinaria e da central do que das especialidades.
Em resumo, como maior parte do crescimento previsto da oferta est localizado no
Oriente Mdio, regio com matrias primas abundantes e baratas, e na sia, regio
de alto crescimento da demanda. Para a produo do Oriente Mdio, fundamental
o acesso aos mercados asiticos, dada a estreiteza dos seus prprios mercados.
Diante desse quadro, pode-se inferir que as melhores oportunidades surgiro para
os produtores capazes de:
vender a maior parte de sua produo em mercados dinmicos e prximos
das unidades produtivas;
ter acesso a matrias primas baratas e abundantes, inclusive pela via do
desenvolvimento tecnolgico de alternativas; e
diferenciar produtos e ofertar especialidades.
Dessa forma, os elementos chave na posio competitiva so:
a adoo de estratgias que assegurem presena nos mercados dinmicos; e
baixo custo de produo de petroqumicos bsicos, principalmente
etileno e propileno, por serem de maior demanda.
Esses elementos tm motivado tanto a realizao de mudanas internas nas
reas de gesto como a promoo de modificaes externas (fuses, aquisies,
desinvestimentos e spin offs) pelas empresas do setor, conforme o enquadramento
das mesmas na tipologia acima delineada.
Com base nessas consideraes preliminares, pode-se inferir que, como regra geral:
As empresas petrolferas vm realizando um explcito movimento de
integrao (para frente) de suas atividades de refino com a petroqumica.
As empresas com atividades diversas, focalizadas ou no na petroqumica,
tm buscado uma integrao para trs, em muitos casos mediante o
estabelecimento de joint ventures com empresas de petrleo. O objetivo
principal ter acesso a fontes de matrias-primas. Quando isto no
possvel, procuram focar suas atividades em negcios nos quais possuam
ser reconhecidas vantagens competitivas (tecnologia superior, expressiva
parcela de mercado e expertise mercadolgica e/ou operacional).
75
CAPTULO 2
Ciclos petroqumicos
Esse captulo tem como objetivo mostrar o motivo da ocorrncia dos ciclos petroqumicos, que no
fundo so um descasamento entre oferta e demanda.
A indstria petroqumica caracterizada por ter comportamento de rentabilidade cclico. O jargo
uma indstria de ciclos amplamente escutado nos principais fruns do setor. Ento, vamos
entender, por que os ciclos ocorrem.
A ciclicidade est ligada ao fato de se concentrarem investimentos em perodos quando a rentabilidade
est favorvel. Tal movimento gera uma situao de sobre oferta. Com a propenso dos agentes em
manter o market share, a vendas passam a ter resultados marginais. Isso devido indstria ser
intensiva em capital e ser inflexvel no que diz respeito ao ajuste nos custos fixos desembolsveis
(mo de obra, seguro etc.). A figura 40 ilustra a ciclicidade desta indstria.
Ou seja, ao reduzirem sua taxa de operao as empresas operam com seus custos de produo
desotimizados, juntando-se a este fato a queda nos preos pelo excesso de oferta, gerando uma
queda de rentabilidade.
Por outro lado num ambiente de grande demanda, as empresas operam com altos nveis de taxa de
operao, reduzindo seus custos unitrios, aliando-se a este fato a possibilidade de praticar preos
maiores, fazendo com que a rentabilidade da empresa cresa.
Figura 40. Esquema simplificado de ciclicidade da indstria petroqumica.
Fonte: KUPFER.
76
UNIDADE V
Vamos agora aprofundar um pouco o assunto. O conceito bsico aqui a questo do preo de
petrleo com o ciclo petroqumico e as margens da indstria petroqumica.
lgico supor que ao aumentar o preo do petrleo o custo da indstria petroqumica suba,
uma vez que o preo da nafta (principal insumo petroqumico) tambm sobe. No entanto, no
necessariamente, isso acarreta em perda de margens. A relao entre margens petroqumicas e
preo de petrleo no existe, quando se fala, principalmente, de mdio e longo prazo. Ao observar o
grfico abaixo, podemos notar isto.
77
Por meio do grfico acima, nos perodos circulados da linha tracejada, nota-se que:
no primeiro perodo apesar da queda no preo do petrleo (rea) as margens
(barras) tambm se reduzem isso devido uma reduo na oferta, que pode ser
representada pela taxa operacional, mesmo que indiretamente;
no segundo perodo ocorre o contrrio, o preo do petrleo sobe, no entanto, as
margens tambm sobem. Ou seja, a demanda est aquecida com isso independente
do preo do petrleo as margens crescem.
78
CAPTULO 3
Integrao refino petroqumica
O objetivo desta seo identificar as principais sinergias, em termos de aproveitamento de
correntes, entre refino e os petroqumicos bsicos (1a gerao).
A figura 43 mostra as principais correntes que podem ser trocadas entre uma refinaria e uma central
petroqumica (1a gerao). Na figura esto esquematizadas apenas as correntes entre estes dois elos da
cadeia, no esto representadas as correntes entre a 1a e a 2a gerao por no ser escopo dessa seo.
Figura 43. Principais correntes trocadas entre refino e petroqumica 1a gerao.
HLR
O HLR um gs com mistura de hidrocarbonetos, com teor economicamente explorvel de etano/
eteno. O HLR pode ser produzido na unidade de FCC ou na UCR (Unidade de Coqueamento
79
Propeno de FCC
O propeno produzido por unidades de FCC (Fluid Catalytic Cracking, na sigla em ingls) atravs
das refinarias. um processo originalmente direcionado produo de gasolina de alta octanagem,
cujo rendimento de 50 a 65% do volume em relao carga processada. Porm, existem refinarias
que operam com maximizao de mdios visando o mercado de diesel. O segundo derivado em
maior volume de produo o GLP, cujo rendimento de 25 a 40% do volume em relao carga.
80
UNIDADE V
Obs.: Apenas foram representadas no esquema as correntes principais ou de interesse para esta
anlise.
Portanto, o balano de GLP decisivo na precificao do propeno, pois quando se retira o propeno,
reduz-se o volume (e aumenta a densidade) do GLP produzido, podendo ser necessrio uma
importao de propano para recompor a corrente.
Etano
O gs natural associado e o etano nele contido so valorados em funo das oportunidades do
mercado. A realidade do shale gas americano trouxe novas presses competitivas para as empresas
produtoras de gs natural. Muitos projetos para produo de eteno nos EUA vm sendo anunciados,
mas ainda no existem projetos relevantes nos EUA utilizando metano, o que indica que o nvel de
preo na faixa de US$ 4,5 MM BTU ainda no suficiente para tornar competitiva a produo de
metanol e fertilizantes.
81
Aromticos
A corrente de aromticos est intimamente associada ao refino. Contidos, principalmente, nas
correntes de gasolina, podem ser separados e utilizados na petroqumica conforme variao de
preos.
Os aromticos so produzidos tanto no refino quanto na petroqumica, ao se craquear a nafta gerada
uma corrente chamada gasolina de pirlise que rica em aromticos e nas centrais petroqumicas
vai para as unidades de reforma para se extrair aromticos dessas correntes.
Essa corrente gerada na petroqumica, a gasolina de pirlise, pode ser aproveitada no booster de
gasolina, sendo inclusive uma corrente nobre devido ao seu elevado grau de octanagem.
Outras oportunidades
Enquanto os exemplos acima esto muito ligados s correntes principais como propeno,
aromticos, HLR e etano existem ainda outras oportunidades menos badaladas, que geram enorme
valor e ganhos na integrao, por exemplo:
Seleo de petrleos e carga para os fornos: seleo de petrleos e correntes
entre refino e petroqumica, otimizando com um modelo de programao linear,
que inclui todo o universo de correntes disponveis, preos e todas as refinarias,
unidades de olefinas e unidades de aromticos.
Otimizao de C5: correntes C5 do cracker so normalmente hidrogenadas para
reduzir o teor de diolefinas a olefinas, o que permite a adio na gasolina, conferindo
octanagem. Para uso como carga no cracker, precisa de mais hidrogenao para
reduzir as olefinas nas correntes saturadas.
Otimizao de C4 ETBE, Alquilao: correntes C4 na refinaria se destinam
ao GLP (uso combustvel). Os componentes individuais possuem maior valor em
aplicaes especficas na petroqumica.
isobuteno (ETBE),
buteno-1 (propeno e hexeno-1),
buteno-2 (isononanol e butadieno), e
isobutano (alquilado para gasolina).
Existem ainda inmeras outras oportunidades, que no cabem aqui no escopo deste trabalho.
82
CAPTULO 4
Mercado e competitividade nacional
A indstria qumica est presente em praticamente todos os bens de consumo e em todas as
atividades econmicas. um setor intensivo em capital, em conhecimento e em recursos humanos
qualificados, com investimentos caracterizados por elevados prazos de maturao e extensa vida
til. A indstria qumica considerada estratgica no somente por sua capacidade de gerao de
postos de trabalho qualificado e de renda, mas tambm por sua contribuio s demais atividades
econmicas e ao consumo do pas. Por isso importante estudar o mercado e os fatores de
competitividade da indstria nacional.
Mercado nacional
A indstria qumica brasileira relevante no mundo, tendo a 6a posio em faturamento (2011).
um setor que tende a crescer devido evoluo da economia do Brasil. O pas est com boa
perspectiva de matrias-primas com o Pr-Sal e possui um mercado interno forte e demandante,
pontos positivos para o crescimento desta indstria. Por isso, a questo da competitividade nos
investimentos precisa ser discutida, at no mbito do governo federal, por estar estagnando o
crescimento efetivo do setor.
Figura 46. Faturamento anual da indstria qumica em 2011.
A prxima figura mostra a balana comercial de produtos qumicos do Brasil, evidenciando que
o crescimento da demanda interna est sendo suprida cada vez mais por importaes. A taxa de
crescimento da importao maior que a da exportao, o que gera um dficit crescente. A indstria
nacional no tem aumentado sua oferta (adies de capacidade) na velocidade requerida pela
demanda.
83
A indstria petroqumica uma parte dessa indstria qumica e faz parte do grupo Produtos
qumicos de uso industrial que corresponde a 49% do faturamento da indstria qumica como um
todo, conforme mostrado na figura abaixo.
Figura 48. Faturamento lquido da indstria qumica brasileira 2012.
84
UNIDADE V
85
86
UNIDADE V
Competitividade
A competitividade da indstria petroqumica est intimamente relacionada com a escala de
produo, integrao, disponibilidade e preo de matria-prima, tecnologia, facilidade de acesso
ao mercado consumidor e custo de capital. Face ao aumento do dficit da balana comercial de
qumicos, a questo da competitividade da indstria petroqumica brasileira atinge a dimenso de
um problema estratgico para o desenvolvimento industrial no pas.
No Brasil, a Petrobras a principal fornecedora das matrias-primas para a indstria petroqumica.
A figura 51 mostra a localizao das refinarias e as correntes fornecidas para uso petroqumico.
Figura 51. Matrias-primas petroqumicas fornecidas pela Petrobras.
87
Cmbio
A petroqumica brasileira, por ter grande parte de seu fluxo de caixa dolarizado um segmento
industrial que sofre menos impacto da apreciao do real (vendas e compras de matrias primas,
alm dos impostos sobre o faturamento). O principal item no dolarizado o custo fixo de pessoal e
servios, que representa um percentual menor do custo total.
Os pontos relevantes para anlise do impacto do cmbio so: sobre as vendas; sobre os custos; sobre
os investimentos; sobre os resultados; e sobre o endividamento.
Com exceo do perodo de auge da ltima crise financeira para a economia brasileira (final de
2008 e 2009), quando a atividade econmica sofreu forte desacelerao e a taxa de cmbio sofreu
desvalorizao em funo de uma maior averso ao risco dos investidores, denota-se que, na ltima
dcada, o crescimento das importaes das resinas coincidiu com a trajetria de apreciao da
moeda brasileira frente ao dlar.
88
UNIDADE V
4500
3.5
4000
3.0
3500
2.5
3000
2500
2.0
2000
1.5
1500
R$/US$
1.0
1000
0.5
500
0
0.0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Importaes de resinas termoplsticas
A figura acima mostra o crescimento das importaes das resinas. A coincidncia com a trajetria
de apreciao da moeda brasileira frente ao dlar pode levar concluso apressada de que h uma
correlao direta entre os fatos. O fator determinante a expectativa de uma valorizao continuada
do real que diminui a percepo de risco do importador. A volatilidade e a tendncia de alta do dlar
so fatores de inibio das importaes, sendo irrelevante o valor da paridade a cada momento.
Para a competitividade da produo local das resinas termoplsticas, o comportamento esperado
para a taxa de cmbio no deve favorec-la, atuando, na melhor das hipteses, para dar certa
estabilidade cambial, como um elemento relativamente neutro sobre a competitividade do setor
frente s importaes.
Custos financeiros
Em termos das taxas de juros e dos custos financeiros, pode-se dizer que, encontramos hoje no
Brasil, condies favorveis de financiamento, principalmente para projetos de investimento, em
relao s praticadas na ltima dcada. Entretanto, na comparao internacional, alguns pases,
como os Estados Unidos, apresentam condies mais vantajosas para o empresrio.
No Brasil, a taxa bsica de juros cobrada nos financiamentos dos investimentos corresponde
Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), definida pelo Conselho Monetrio Nacional. Essa taxa,
que atualmente se encontra em 6% ao ano, representa o principal custo financeiro cobrado pelo
mais importante provedor de crdito s empresas no pas, o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econmico e Social (BNDES). As linhas de financiamento concedidas pelo BNDES so classificadas
basicamente em operaes diretas, indiretas e voltadas inovao.
A titulo de comparao internacional, verificamos que, embora o custo para captao de capital de
terceiros no Brasil esteja em patamares reduzidos, nos pases centrais os custos financeiros para a
realizao de investimentos esto ainda mais competitivos. Nos EUA, por exemplo, a referncia,
89
Logstica interna
A misso mais importante do setor logstico conseguir criar mecanismos para entregar os
produtos ao destino final e no tempo esperado, reduzindo os custos. Para isso, especialistas em
logstica estudam rotas de circulao, meios de transportes, locais de armazenagem (depsitos)
entre outros fatores que influenciam na rea. Com o desenvolvimento industrial, para serem
competitivas, a logstica se tornou cada vez mais importante para as empresas, no s em custos
como em atendimento da expectativa dos clientes e fidelizao. fcil imaginar que a quantidade
de mercadorias produzidas e consumidas aumentou muito, assim como o comrcio internacional e
os fluxos de mercadorias, sobretudo aps a globalizao.
Se no bastasse a elevada carga tributria que as empresas precisam arcar para produzir no Brasil
(que na indstria de transformao chega a 40% do preo dos produtos), a deciso de produzir no
pas ainda considera outros custos relacionados ineficincia da infraestrutura logstica do pas.
Segundo o estudo da FIESP DECOMTEC sobre Custos com Logstica. Dentre as concluses do
trabalho, destacam-se:
1,0% do faturamento das empresas gasto com logstica devido deficiente e 1,8%
do preo dos produtos se deve a essas deficincias;
entre as deficincias, destacam-se: a m conservao e saturao de capacidade das
rodovias e vias urbanas;
essa carga extra na forma de custos com logstica para a indstria da ordem de R$
17,1 bilhes anuais, sendo R$ 10,2 bilhes referentes a custos com transporte, R$ 6,2
bilhes a custos com manuteno de frota, e R$ 675 milhes com armazenamento
de mercadorias devido a atrasos e esperas;
tais aspectos prejudicam significativamente a competitividade dos bens industriais
brasileiros no mercado interno e internacional, uma vez que os bens estrangeiros
no so to onerados.
O modal rodovirio est saturado (representa 81,3% do total de custos com transporte) e a malha
ferroviria est no limite de sua capacidade de transporte. Quanto ao modal hidrovirio, ele no
existe, apesar de ser o modal que proporciona o menor custo de frete, de acordo com os parmetros
mundiais, mesmo possuindo uma malha de 28 mil quilmetros navegveis (a Amaznia, quase toda,
90
UNIDADE V
no conta com os grandes centros geradores de cargas). Os modais ferrovirio e hidrovirio possuem
grande potencial no Brasil, por ser uma pas de dimenses continentais, porm o investimento no
setor precisa ser estimulado ou at mesmo realizado pelo governo.
A intermodalidade fundamental para se utilizar melhor a infraestrutura no Brasil, mas enfrenta
alguns entraves, como o sistema tributrio e as condies de acesso aos portos. H a necessidade do
aperfeioamento tributrio do setor; do uso dos mecanismos tributrios para induzir investimentos,
como a depreciao acelerada; do equacionamento dos aspectos da legislao tributria que
dificultam a prtica da intermodalidade, e da reverso das contribuies e arrecadaes do setor
para o prprio setor.
Os produtos brasileiros perdem competitividade no mercado externo por causa da deficincia na
estrutura viria, que inclui os terminais de cargas e os pontos de integrao intermodal. Este quadro
responsvel, em parte, pela menor gerao de divisas. H que se considerar, ainda, as dificuldades
para a integrao fsica entre as cidades de diferentes estados e at mesmo com os pases vizinhos.
Tributos no Brasil
O efeito da pesada carga tributria um dos agentes que mais enfraquece a competitividade da
indstria brasileira como um todo, no s no setor petroqumico. Esse assunto amplamente
debatido e conhecido, porm de enorme complexidade e com condicionantes regionais, estaduais e
municipais fora a dificuldade poltica de se equalizar a situao, tornam o tema de difcil abordagem
e entendimento.
O assunto tem sido objeto de inmeros estudos, anlise e propostas, no mbito da reforma tributria
brasileira e, embora atingindo a todos os segmentos econmicos, encontra na cadeia produtiva dos
plsticos uma variedade de medidas pontuais e localizadas que afetam a competitividade dos agentes
da cadeia diferentemente nas regies, microrregies, estados e municpios em que se encontram.
A chamada Guerra Fiscal, em que estados e municpios brigam por apresentar aos potenciais
investidores, o melhor pacote de incentivos, visando estimular o desenvolvimento de sua rea de
atuao e otimizar sua arrecadao, geram grande desequilbrio entre as regies e as transaes
comerciais inter e intrarregionais. Alm disso, em algumas situaes, estados que oferecem
incentivos s importaes de produtos com similares nacionais disponveis em outros estados da
Unio, impem condies inviveis de competitividade aos produtores nacionais. A dimenso do
pas e as enormes disparidades entre as regies, juntamente com o desconhecimento e a dificuldade
de identificar os reais efeitos que algumas polticas de incentivo promovem na cadeia produtiva dos
plsticos, contribuem para tornar esse quadro ainda mais complicado.
91
CAPTULO 5
Qumica verde
Esse captulo pretende abordar a questo da qumica verde, no entanto no pretende ser um texto
exaustivo sobre este tema, at porque o nmero de desenvolvimentos enorme, tornando invivel
sua descrio aqui nesse trabalho.
Quanto aos produtos de origem renovvel, a maior dificuldade est em viabilizar processos
competitivos frente s alternativas convencionais que, em geral, j esto num estgio de grande
economia de escala com unidades de 500 a 1500 kta. Novos processos iniciam com escalas industriais
na ordem de 50 a 200 kta, dependendo da sua complexidade. No caso de um novo produto, soma-se
ainda a necessidade do desenvolvimento de aplicaes em substituio aos materiais existentes. Os
altos preos desses produtos, quando comparados aos convencionais de fonte fssil, dificultam o
desenvolvimento do mercado, no sustentando escalas produtivas competitivas.
Empresas estrangeiras que atuam nessa rea tm vindo ao Brasil em busca de matrias-primas
novas ou garantia de suprimento. Esta uma rea com considerveis investimentos no mundo
e para a qual o Brasil possui vocao natural devido a sua biodiversidade e s grandes reas de
boa qualidade para agricultura. Infelizmente poucas empresas nacionais tm aproveitado essa
oportunidade investindo no desenvolvimento e implantao de processos em unidades industriais.
No restante deste item, busca-se apontar os principais players na produo de bioplsticos e de seus
produtos intermedirios, no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa e no Japo.
Brasil
A Braskem foi fundada em 2002, ela uma subsidiria da Organizao Odebrecht. A Braskem
est construindo uma planta industrial de eteno produzido a partir de etanol no valor de R$ 500
milhes em Triunfo, no Rio Grande do Sul, para produo de polietileno verde. H uma plantapiloto em operao desde 2007, com capacidade de produo de 12 toneladas por ano. J em
Camaari, na Bahia, so produzidos buteno e propeno verdes, para a gerao de polietileno verde
de baixa densidade linear e polipropileno verde, respectivamente. Por fim, a Braskem inaugurou
recentemente, tambm em Camaari, duas plantas para produo de ETBE a partir de matriasprimas renovveis, um substituto para o aditivo gasolina MTBE, de origem fssil. O investimento
neste caso foi da ordem de R$ 100 milhes.
A Corn Products Brasil subsidiria do grupo Corn Products International, foi fundada em 1929 na
cidade de So Paulo. Alm de adoantes, amidos, poliis, ingredientes funcionais e proteicos, esta
empresa produz biopolmeros a partir do milho, sob a marca Ecobras, utilizando um polister
biodegradvel fabricado pela BASF e um polmero vegetal produzido pela matriz. Adicionalmente,
a empresa fornece apoio tcnico aos seus clientes a partir do seu Centro de Desenvolvimento de
Ingredientes, localizado em Mogi Guau, So Paulo.
92
UNIDADE V
93
CAPTULO 6
Perspectivas e novos projetos no Brasil
Na ltima dcada, consolidou-se a percepo que a inexistncia de matrias-primas a preos
competitivos no pas era o principal limitante para o desenvolvimento da indstria petroqumica.
De fato, a disponibilidade de hidrocarbonetos que no fossem demandados pelo mercado de energia
era muito limitada. A petroqumica compete com desvantagem pelos hidrocarbonetos quando h
um uso local para a energia, principalmente em suas variantes mais nobres como de fonte energtica
para motores Diesel e Otto e gerao de energia eltrica. Se este era um dado objetivo no Brasil e no
solucionvel pela Petrobras a menos que esta abrisse mo espontaneamente de receita, ele de certa
forma encobria a existncia de outros fatores limitantes.
A questo do custo de implantao de projetos abre uma vertente relevante na avaliao dos
novos projetos. Qualquer investimento no pas compara-se desfavoravelmente s regies onde a
petroqumica dinmica (EUA e sia). O Oriente Mdio compensa esta desvantagem relativa, se
existir, pelo preo das matrias-primas.
A recente descoberta do pr-sal e a expanso programada do refino vo aos poucos mudando
o quadro de oferta de matrias-primas no Brasil. Figura 53 mostra perspectiva de produo de
petrleo considerada no Plano de Gesto e Negcios da Petrobras.
Figura 53. Expectativa de produo de petrleo pela Petrobras.
94
UNIDADE V
Ao analisar os dados divulgados pela Petrobras em seu mais recente plano de negcios de se
esperar que a questo da disponibilidade de matria-prima se resolva ou no mnimo se atenue.
Figura 54. Expectativa de produo de derivados pela Petrobras.
95
Petroqumica Suape
O projeto do Complexo de Suape/CITEPE localizado em Suape e Ipojuca, municpios de Pernambuco,
contempla uma planta de PTA (Petroqumica Suape), outra de PET (CITEPE) e a parte de filamentos
(CITEPE).
Tem como motivao principal representar a autossuficincia no mercado nacional de filamentos,
revertendo um dficit da ordem de US$ 1 bilho na balana comercial e na indstria txtil nacional.
Alm de tornar o pas autossuficiente na cadeia do PET.
Com estes projetos sero gerados cerca de 1.800 empregos diretos e mais 44.000 indiretos.
Fases do projeto:
PTA Partida realizada em janeiro de 2013.
Filamentos Desde 2011 6 (seis) mquinas j entraram em operao, previsto
para abril de 2013 a totalidade das 64 (sessenta e quatro) mquinas entrarem em
operao.
PET Prevista entrada em agosto de 2013.
Capacidade nominal de produo :
PTA: 700 kta
PET: 450 kta
Filamentos: 242 kta
O projeto, atualmente, 100% da Petrobras, porm no incio existia um scio privado, CITENE.
Originalmente, o projeto contemplava apenas uma planta de PTA e a parte de filamentos. Porm,
com a desistncia da M&G4 em consumir o PTA produzido em Suape e a sada da CITENE do
projeto por motivos financeiros, o escopo do projeto se alterou at chegar ao modelo que hoje est
sendo implantado.
Utilizando tecnologias modernas de produo nas suas unidades como a tecnologia INVISTA para a
unidade de PTA, a tecnologia Lurgi na unidade de PET e filamentos que tambm utilizaro tecnologias
da Bhler e TMT, respectivamente. O fluxo de produo de Suape mostrado na figura 56.
4 M&G Mossi & Ghisolfi, empresa produtora de PET, localizada tambm em Pernambuco e que atualmente importa sua
matria-prima (PTA).
96
UNIDADE V
Petroqumica Suape
PTA
Para-xileno (450 kta)
PTA
(700 kta)
205 kta
PTA
390 kta
CITEPE
DTY 85 kta
FIOS
FDY 16 kta
(242 kta)
POY 86 kta
Chip 55 kta
PET
(450 kta)
O consumo de aromticos por Suape ser representativo, cerca de 450 kta de para-xileno. Tornando
Suape o maior consumidor de para-xileno da Amrica Latina. Atualmente o suprimento de Suape
ser composto de uma parte oriunda do mercado interno, cerca de 190 kta vindas da Braskem e o
restante ser importado, principalmente, da sia e Oriente Mdio.
Complexo Acrlico
A Basf ir investir mais de US$ 750 milhes na construo de fbricas no Polo de Camaari, na
Bahia, que sero as primeiras a produzir cido acrlico e polmeros superabsorventes (SAP) no
Brasil e na Amrica do Sul.
O investimento da Braskem ser na ordem de US$ 30 milhes. O propeno a ser fornecido pela
Braskem, no valor aproximado de US$ 200 milhes por ano, ser a principal matria-prima para
a produo de cido acrlico, utilizado em tintas, indstria txtil e no setor de minerao e ser
destinado exportao.
O acordo com a Basf permitir potencializar os benefcios para toda a cadeia produtiva do cido
acrlico em razo da capacidade de produo do projeto e do porte do investimento. Alm disso,
estimular o surgimento de um novo ciclo de investimentos no Polo de Camaari, atraindo novas
empresas de manufatura para a Bahia, diz Carlos Fadigas, presidente da Braskem. A criao do
complexo acrlico no polo de Camaari dever entrar em operao em 2014.
COMPERJ
A ideia original do empreendimento era produzir, a partir do petrleo pesado, produtos
petroqumicos, por meio de um FCC petroqumico, numa tecnologia inovadora. No entanto, com
o passar do tempo o escopo se alterou, e hoje se projeta um empreendimento cuja expectativa da
Braskem (empresa responsvel pela etapa petroqumica do projeto, a Petrobras constri a refinaria)
consumir gs do pr-sal.
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Planta de Butadieno
Em maro de 2011, a companhia iniciou a construo de uma nova planta de butadieno no Polo de
Triunfo. A planta, que iniciou produo em setembro de 2012, possui capacidade de produo de
103.000 toneladas por ano. O custo total do projeto foi de aproximadamente R$300 milhes.
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99
Referncias
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Triunfo: instalao, empresas, produtos, tecnologia, mercado, cadeia de produo
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