Tese Mestrado Paulo Soares
Tese Mestrado Paulo Soares
Tese Mestrado Paulo Soares
Universidade de Coimbra
Faculdade de Cincias do Desporto e Educao Fsica
Orientadores:
Prof. Doutor Manuel Joo Cerdeira Coelho
e Siva
Prof. Doutor
Figueiredo
Antnio
Jos
Barata
Agradecimentos
Ao concluir esta etapa do meu percurso acadmico e pessoal, no posso deixar de agradecer
a todos aqueles que contriburam e colaboraram na realizao deste trabalho. A todos
expresso o meu profundo agradecimento e reconhecimento.
Ao Doutor Manuel Joo Coelho e Silva pelo desafio, disponibilidade e orientao desta
pesquisa. Os seus conhecimentos e ensinamentos foram fundamentais. Foi o responsvel pela
concepo do projecto, delineamento e estruturao deste estudo. Sem ele no teria sido
possvel a sua concretizao.
A todos os meus amigos pela sua amizade, preocupao, encorajamento e ajuda que sempre
me demonstraram.
Por fim mas no por ltimo, uma palavra de enorme gratido para com aqueles que estiveram
sempre ao meu lado: os meus pais. A eles lhes devo a minha formao acadmica mas
principalmente os valores e princpios com que me educaram.
Resumo
Metodologia: Foram observados 24 jogadores de Futsal com idades compreendidas entre 1838 anos. Consideraram-se variveis morfolgicas (massa corporal, estatura, pregas de gordura
subcutnea (tricipital, bicipital, subescapular, supraliaca, geminal medial, abdominal) e a
percentagem de massa gorda e no gorda por pletismografia). A anlise de dados considerou
a estatstica descritiva. A associao entre dados foi realizada atravs do coeficiente de
correlao bivariada simples, com nvel de significncia igual ou menor a 0.01 ou 0.05.
Resultados: Os valores do coeficiente de correlao entre cada uma das pregas de gordura e
o valor de composio corporal, mais propriamente a percentagem de massa gorda
determinada por pletismografia de ar deslocado. Nenhum dos coeficientes superior a uma
magnitude de 0.26, sendo todos no significativos. A associao entre a densidade corporal
determinada pela frmula de Lohman (1971) e por pletismografia r=+0.10 (p = 0.64),
revelando a muito fraca associao.
ii
Abstract
Aim: The present study analyses the body composition of the futsal players in two
National Championship divisions, appreciating the association between body density
by plethysmography and by an anthropometric equation.
Methodology: The sample included 24 futsal players with 18 38 years of age. Were
considered morphological variables (body weight, height, skinfold (tricipital, bicipital,
subscapular, suprailiac, calf, abdominal) and the body fat and non-fat percentage by
plethysmography). The data analysis considered the descriptve statistics. The
association between data was through the coefficient of the simple bivariate
correlation, with significance level equal to the lesser of 0.01 or 0.05.
Results: The values of the corretion coefficient between each of the skinfold and body
composition value, more concretely, the body fat percentage determined by
plethismography. None of coefficients is superior to a magnitude of 0.26, all being not
significant. The association between the body density determined Lohmans formula
(1971) and by plethysmography is r =+0.10 (p = 0.64), revealing the very weak
association.
Conclusions: The sample shows homogeneous values as far as the measured
variables are concerned. The futsal players present sinkfold reduced values when they
compared to players of other modalities or non-athletes. The equation calculation of the
body density (Lohman, 1971) used for male adult population, reveals a weak
association with the body composition value, a fact that seems to indicate that the
formula used the general population cannot be applied to futsal players.
iii
ndice Geral
Agradecimentos
Resumo
ii
Abstract
iii
Lista de Tabelas
vi
Abreviaturas
vii
Capitulo I Introduo
Histria da modalidade
Identificao da Modalidade
Identificao Morfolgica
- Fora
- Velocidade de execuo
10
- Agilidade
11
- Resistncia
11
- Flexibilidade
12
Composio Corporal
13
Modelo Bicompartimental
15
Modelos Multicompartimentais
15
Modelo Tricompartimental
16
Modelo Tetracompartimental
16
17
Densitometria
17
Hidrometria
18
18
iv
ndice Geral
19
19
23
Caracterizao da amostra
23
Variveis
23
- Antropometria
23
25
- Pletismografia
25
26
Tratamento Estatstico
27
Capitulo IV Resultados
29
29
Estudo correlativo
30
31
Capitulo VI Concluses
35
Referncias Bibliogrficas
37
Lista de Tabelas
Tabela 1:
Tabela 2:
Tabela 3:
12
Tabela 4:
Tabela 5:
29
vi
30
Abreviaturas
BIA
bioimpedncia
BM
cm
centmetros
Dc
densidade corporal
DEXA
Dmg
Dmig
FC
frequncia cardaca
FCmx
FCmdia
FFDM
FIFA
massa gorda
g/cc
grama/ centimetro
IMC
Kg
Kg/m
quilograma
2
quilograma/ metro
litros
LST
metros
MC
massa corporal
MG
massa gorda
min
minutos
MIG
MRI
ressonncia magntica
ml/kg/min
mm
milmetro
m/s
metros/ segundo
nvel de significncia
presso
PDA
coeficiente de correlao
coeficiente de fiabilidade
vii
segundos
2
varincia inter-individual
SK
TAC
TBW
volume
VO2mx
40
potssio radioactivo
%G
% MG
viii
Capitulo I
Introduo
O Futsal uma modalidade recente, no entanto, em pouco tempo passou a ser um dos
desportos mais praticados escala mundial, tanto para fins de lazer como de competio. Um
dos factores que contribuiu para a popularidade do Futsal a necessidade de recursos, quer
financeiros, quer materiais e humanos, ser muito inferior quando comparado com o tradicional
futebol de 11. Adicionalmente, as reformulaes peridicas nas regras da modalidade tm
contribudo para o aumento do espectculo desportivo, tornando-o cada vez mais dinmico e
atraente.
Estes aspectos tm reflectido positivamente na estruturao da modalidade, que passou a
receber maior apoio financeiro, maior cobertura da imprensa, maior investimento dos clubes,
maior interesse e apoio por parte dos adeptos e pblico em geral.
O desempenho desportivo deve ser encarado como o produto da interaco dos aspectos
morfolgico (estrutura), funcional-motor, psicolgico, gentico e ambiental. Atendendo em parte
estes aspectos, a cineantropometria destaca-se como uma importante rea de conhecimento
aplicada ao desporto, pois oferece mtodos para quantificao do tamanho, da forma, das
propores, da maturao biolgica e da funo-motora.
No Futsal, valores de massa gorda reduzidos podem favorecer o rendimento mximo, visto que
a movimentao durante os jogos extremamente intensa, com alta exigncia energtica.
Captulo I - Introduo
Assim, a massa corporal excedente, provocada pela maior acumulao de tecido adiposo,
denominada de massa corporal inactiva, resultar num maior dispndio energtico, dificultando
no processo de recuperao ps-esforo. A resistncia muscular, a fora/potncia dos
membros inferiores, a agilidade e a flexibilidade so capacidades fsicas consideradas
essenciais para a prtica do Futsal.
Observa-se que a estrutura corporal segue tendncia de homogeneizao em grupos
especficos de atletas competitivos, em relao a um perfil que se acredita como adequado ou
indicado para uma determinada actividade. A importncia em se determinar o perfil fsico do
jogador de Futsal reside no facto da existncia de uma relao entre forma corporal e
desempenho fsico.
O presente trabalho tem como tema Composio Corporal de atletas de Futsal e tem como
objectivo estudar e caracterizar a composio corporal nos praticantes desta modalidade.
Assim, iniciamos o nosso trabalho com uma Reviso da Literatura existente nesta rea,
tentando caracterizar esta modalidade bem como referir os aspectos fundamentais da
composio corporal. Seguidamente, apresentamos os objectivos e a descrio da
metodologia utilizada no estudo.
Os resultados obtidos sero apresentados de uma forma esquemtica com recurso a quadros,
seguindo-se a discusso dos mesmos, com base em estudos cientficos efectuadas na rea da
composio corporal.
Atravs dos resultados obtidos julgamos poder encontrar algumas concluses que sero
destacadas aps a Discusso dos Resultados, seguidas da apresentao das Referncias
Bibliogrficas consultadas para a realizao deste trabalho.
Captulo II
Reviso da Literatura
Histria da modalidade
A origem do futebol de salo remete ao Uruguai de 1930. Era uma poca feliz graas
conquista do primeiro Campeonato do Mundo da FIFA, e uma bola rolava em cada campo de
Montevidu. Juan Carlos Ceriani, um professor de educao fsica argentino que morava na
cidade, notou que, por causa da falta de campos de futebol, as crianas praticavam o desporto
em campos de basquetebol.
Usando regras de plo aqutico, andebol e basquetebol, Ceriani deu forma s regras do jogo,
que rapidamente se expandiu pela Amrica do Sul. Em 1965, a Confederao Sul-Americana
de Futebol de Salo foi fundada. Seus membros eram Uruguai, Paraguai, Peru, Argentina e
Brasil, pas onde o desporto era uma paixo.
O Futsal surgiu oficialmente no incio da dcada de 90, por meio da fuso entre o futebol de
salo, praticado principalmente na Amrica do Sul, com o futebol de cinco, praticado na
Europa, sendo actualmente o desporto mais evidenciado dentro do ambiente escolar, alm de
praticado por milhes de pessoas pelo mundo inteiro.
O Futsal por fazer parte das modalidades desportivas colectivas abrange elementos em
comum com outros desportos como a bola, espao de jogo, adversrios, colegas de equipa,
um objectivo ou alvo a ser atacado e regras especficas. ainda uma modalidade que exige
inteligncia, movimentao e rapidez por parte dos atletas, alm de ser caracterizado pela sua
extrema velocidade e intensidade de disputa de bola. Relata-se na literatura que o jogador de
Futsal contemporneo necessita ser muito verstil, saber actuar em todos os sectores do
campo, desempenhando diferentes funes tcticas (defender e atacar com a mesma
qualidade e magnitude). Desta forma, com excepo dos guarda-redes, os atletas de linha
(fixos, alas e pivs) passam a no desempenhar uma nica funo especfica no decorrer de
um jogo.
Identificao da modalidade
O Futsal uma modalidade desportiva colectiva jogada por equipas de cinco jogadores, que se
ope num campo rectangular de 25 a 42 metros de comprimento e 15 a 25 metros de largura.
Um jogo tem dois perodos de 20 minutos cada, com intervalo de 10 minutos entre eles. No h
limite de substituies durante um jogo, ou seja, cada jogador pode entrar e sair do jogo
quantas vezes forem necessrias. Estas e outras caractersticas fazem do Futsal um desporto
veloz e dinmico, exigindo ao atleta uma preparao capaz de manter rendimento ptimo
durante o jogo.
A distribuio dos jogadores em campo determina o sistema de jogo adoptado pela equipa,
sendo o posicionamento do jogador confere-lhe uma funo tctica especfica. Cada funo
tctica ou posio de jogo recebe uma denominao e tem as suas caractersticas bsicas,
que so:
- Guarda-redes: actua no espao delimitado pela rea de baliza e a sua principal funo
impedir, com qualquer parte do corpo, que a bola ultrapasse a linha de golo. Eventualmente,
ultrapassa o limite da rea de golo para participar em jogadas de ataque. Repe a bola em jogo
por meio de um pontap de sada, iniciando o ataque. Aps realizar uma defesa, o
responsvel por iniciar o contra-ataque.
- Fixo: ocupa a zona compreendida entre a rea de baliza da sua equipa e a linha central de
campo. A sua funo dificultar as aces ofensivas do adversrio e evitar possveis situaes
de finalizao. o patro da defesa, servindo de referncia aos demais jogadores na
organizao defensiva da equipa.
- Alas: jogam nas extremidades do campo, prximos s linhas laterais. So responsveis pela
organizao das jogadas ofensivas e os principais finalizadores.
- Piv: posiciona-se entre a linha central e a rea de baliza do adversrio, evitando as laterais
do campo. A sua funo principal preparar jogadas para as finalizaes e rematar baliza.
Embora existam estas classificaes, os jogadores trocam de posio constantemente nas
movimentaes ofensivas, e, nas aces de defesa, todos os jogadores participam
efectivamente.
O volume caracterizado pela distncia total percorrida durante o jogo e pelo nmero de
aces realizadas. J a intensidade do esforo no jogo de Futsal pode ser caracterizada pela
percentagem da distncia total percorrida em alta intensidade, sendo o principal factor de
diferena entre as equipas de qualidade.
Bello Jnior (1998) afirma que o Futsal exige que os jogadores se desloquem por todas as
posies de jogo e desempenhem mltiplas funes tcticas. Este autor realizou filmagens de
jogos para quantificar as distncias percorridas durante um jogo e revelou que h diferenas
Em outro estudo analisando a distncia percorrida durante um jogo, Arajo et al. (1996)
quantificaram os deslocamentos quanto ao tipo (frente, costas e lateral) e intensidade (trote,
andar e sprint).
Tabela 1 Distncia percorrida (m) durante um jogo de Futsal para cada tipo e intensidade de
deslocamento conforme as diferentes posies tcticas (Adaptado de Arajo et al. (1996)
Fixos / Alas
Pivs
Jogging
Andar
Sprint
Jogging
Andar
Sprint
Frente
1.650
633
538
824
588
343
Costas
608
426
514
347
Lateral
466
347
250
302
TOTAL
2.724
1.406
538
1.589
1.237
343
porm
realizam
aces
muito
particulares,
limitando-se
utilizar
Garcia (2004), em estudo com jogadores da seleco venezuelana de futsal da categoria sub20 durante o Campeonato Sul-Americano, concluiu que mesmo um jogo realizado em duas
partes de 20 min, com um intervalo de 10 min, tem uma variao de 75 a 90 min na durao
final, sendo que durante 54% desse tempo o jogo est parado e durante 46% a bola est em
jogo. Em cada jogo, H cerca de 150 a 170 interrupes, e o tempo mdio de cada uma de
12 s. Os jogadores realizam, em mdia, 671 aces diferentes (andar para trs, andar, andar a
trote, realizar corridas rpidas e sprints e conduzir a bola). O jogador percorre, em mdia, 3.400
m, sendo que 1.909 m (57%) so percorridos realizando-se aces de alta e mdia intensidade
e 1.441 m (43%) so percorridos realizando-se aces de baixa intensidade. Cerca de 641 m
Num estudo com jogadores profissionais europeus, Barbero-Alvarez et al. (2008) apresentaram
as aces por minuto e revelaram que eles correm por volta de 117 m por minuto de jogo.
Desse valor, 28,5% so percorridos em corridas de mdia intensidade, 13,7% em corridas de
alta intensidade e 8,9% em sprints. No mesmo estudo, verificaram que a frequncia cardaca
mdia (FCmdia) durante o jogo 90% da frequncia cardaca mxima (FCmx); quando
observaram o tempo gasto em trs zonas de frequncia cardaca (FC) (>85%, 85% a 65% e
<65% da FCmx), evidenciaram que os jogadores gastaram 83%, 16% e 1%, respectivamente.
Por fim, verificaram tambm que, durante a segunda parte do jogo, houve uma reduo na
percentagem do tempo gasto com uma intensidade acima de 85% da FCmx (primeira parte x
segunda parte: 83% x 79%).
Identificao morfolgica
Como o Futsal um desporto com pocas de competies, importante que os jogadores as
iniciem com um nvel ptimo de preparao. A composio corporal um aspecto
extremamente importante relacionado ao desempenho fsico no Futsal, uma vez que a gordura
corporal actua como peso morto em actividades de alta intensidade.
Com relao aos indicadores antropomtricos, os estudos sugerem que o jogador de Futsal,
possui tamanho comum, tendendo a ser mediano, forte e magro. A percentagem de gordura
corporal varia normalmente entre 8,5% e 15% (Souza et al., 2005; Nogueira Filho e Boas,
2006; Lage, 2006a; Santi Maria e Arruda, 2007a; Santi Maria, Arruda e Hespanhol, 2007;
Rebelo et al., 2007). Num levantamento de literatura tanto nacional quanto internacional,
observa-se que os valores mdios de estatura, massa corporal (MC) e percentagem de gordura
(G) de jogadores de Futsal variam pouco.
Pas
Categoria
Estatura
MC
(cm)
(kg)
(%)
Sub-17
174
69,2
14,5
Sub-20
176,9
69,2
13,6
Brasil
Profissional
173,7
70,4
11,4
Lage (2006a)
Espanha
Sub-20
173
68,4
12,5
Espanha
Profissional
178
75,2
Portugal
Profissional
173
73,2
15,7
Brasil
(2007)
Rebelo et al (2007)
Com jogadores da categoria sub-20, Santi Maria e Arruda (2007c) mostraram que, aps seis
semanas de pr-temporada, houve uma diminuio significante na percentagem de massa
gorda (%G) dos jogadores, que inicialmente estava a 18,5% e ao final do programa de treino
passou a 12,3%.
Santi Maria, Arruda e Hespanhol (2007), num estudo com jogadores de Futsal sub-20
brasileiros, referem que os guarda-redes (80,45 kg e 15,73%) so mais pesados que os fixos,
alas e pivs (67,96 kg e 11,62%, 68,70 kg e 12,85%, 66,92 kg e 11,74%, respectivamente) e
possuem maior percentagem de massa gorda, confirmando os resultados encontrados por
Lage (2006a), num estudo com jogadores de Futsal espanhis, em que os guarda-redes
apresentaram massa corporal de 74,26 kg e percentagem de massa gorda de 14% em mdia,
enquanto os jogadores de campo apresentaram 67,29 kg e 12,2%. Porm, em relao
estatura, no foram encontradas diferenas significativas entre os jogadores de campo (172,83
cm) e os guarda-redes (174,59 cm) espanhis (Lage, 2006a).
Conforme os dados apresentados, percebe-se que a variao da estatura dos jogadores, tanto
europeus quanto brasileiros, das categorias sub-17, sub-20 ou profissionais, muito pequena:
de 170 a 180 cm. A massa corporal varia pouco entre as posies dos jogadores de campo,
mas observa-se que os guarda-redes so mais pesados que os restantes jogadores; a
percentagem de massa gorda varia em mdia 7%.
Fora
No mbito do desporto, a fora tem sido entendida complexamente, uma vez que, possui vrios
elementos procedimentais para sua conceituao (Hespanhol, 2004). Nesse sentido, a fora
compreendida como a capacidade do sistema neuromuscular de gerar tenso (Badilo e
Ayestarn, 2001) com certa intensidade (Fleck e Kraemer, 1999) e em determinada velocidade
(Knuttgen e Kraemer, 1987; Manso, Valdivielso e Canallero, 1996; Badillo e Ayestarn, 2001;
Manso, 2002; Platonov e Bulatova, 2003) a fim de superar, suportar ou atenuar certa
resistncia externa, que pode ser o prprio corpo do atleta, a bola, ou o adversrio (Badillo e
Ayestran, 2001), aplicada em perodos de tempo muito reduzidos (Badillo e Ayestarn, 2001;
Knuttgen e Komi, 1992), conduzindo os componentes e factores que a influenciam nas suas
vrias formas de manifestao nos desportos (Hespanhol, 2004).
Mesmo com toda a importncia de se ter um ptimo desempenho da fora explosiva, poucos
so os estudos relacionados ao Futsal.
Velocidade
O Futsal desporto de velocidade, com constantes sprints em contra-ataques, saltos para
cabeceamentos e movimentaes rpidas para fugir ou fazer marcao. Os atletas realizam
uma sucesso de esforos intensos e curtos em ritmos diferentes, com um nvel de exigncia
funcional muscular muito alto, como as aces de corridas, nos saltos, nas movimentaes
tcticas e na tcnica de conduo de bola, que solicitam dos atletas mobilizao mxima das
suas capacidades funcionais, velocidade e fora.
No Futsal, a velocidade necessria nas aces de alta intensidade, tanto nas movimentaes
ofensivas quanto nas defensivas, uma vez que, o atleta de uma determinada equipa, ao ser
mais rpido e veloz que o seu adversrio, ter maior probabilidade de sucesso para fazer golo,
e nas aces defensivas, chegar antes do adversrio e evitar o golo.
10
regra e da dinmica do Futsal, que tem exigido a participao efectiva dos atletas em
diferentes posies de jogo.
Agilidade
Em virtude do tamanho reduzido do espao de jogo, vrias so as aces que exigem dos
jogadores mudanas rpidas de direco, ou seja, a agilidade tambm extremamente
importante na prtica do Futsal de alto nvel.
A agilidade pode ser definida como uma varivel neuromotora caracterizada pela capacidade
de realizar mudanas rpidas de direco, sentido e deslocamento da altura do centro de
gravidade de todo o corpo ou parte dele, sendo mais efectiva quando est associada a altos
nveis de fora, resistncia e velocidade (Rigo, 1977; Barbanti, 1996; 2003; Bompa, 2002).
A agilidade tambm foi verificada em outro estudo (Santi Maria, Arruda e Hespanhol, 2007), no
qual, foi utilizado o Illinois Agility Test, e foram encontrados valores mdios para os guardaredes de 16,17 e 21,81 s (sem e com bola, respectivamente); valores semelhantes foram
encontrados para as outras posies (15,36 s sem bola e 19,88 s com bola para os fixos, 15,29
s sem bola e 19,90 s com bola para os alas, 15,34 s sem bola e 19,99 s com bola para os
pivs).
Resistncia
Diversos autores demonstram a importncia de uma boa potncia aerbica, no somente por
tornar o jogador apto a um treino de alto nvel, mas, tambm, por permitir uma melhor
recuperao entre duas ou mais aces intensas ou entre dois treinos de alta intensidade,
assegurando um alto rendimento energtico durante uma partida.
Com uma alta potncia aerbica, o jogador de Futsal tem maior eficincia de movimento, sem
se cansar rapidamente, pois os seus msculos esto mais bem capacitados para captar e
utilizar maior volume de oxignio. O Futsal moderno, em que h constante movimentao de
11
jogadores, com trocas de posies, e alta intensidade de movimentos, exige um VO 2mx que
d resposta s necessidades energticas impostas.
Em ltima anlise, este facto compromete o rendimento de uma equipa, fazendo diferena no
resultado final de um jogo, muito relacionado no distncia total percorrida, mas
percentagem dessa distncia realizada em elevada intensidade e com exigncia de mudanas
rpidas de direco.
Pas
Categoria
Idade
VO2mx
(anos)
(ml/kg/min)
Espanha
Profissional
22,8
62,9
Brasil
Profissional
22,7
53
Brasil
Profissional e
23
58,7
Brasil
Profissional
22,6
61,3
Itlia
Semiprofissional
55
62,9
68,6
Seleco
(3 Diviso)
Alvarez, DOttavio e Castagna (2007)
Espanha
Profissional
(2 Diviso)
Espanha
Sub-20
(Elite)
Flexibilidade
Em desportos com movimentos balsticos, como o Futsal, nveis elevados de flexibilidade
trazem algumas vantagens, e uma efectiva amplitude de movimento se faz necessria para
armazenar energia elstica. Por exemplo, previne leses, pois um msculo bem alongado
12
Dantas (1985) define a flexibilidade como uma capacidade fsica expressa pela maior
amplitude do movimento ou pelas combinaes de uma ou algumas articulaes em
determinado sentido. O grau de flexibilidade verifica-se pela elasticidade muscular e pela
amplitude articular.
Para Johnson e Nelson (1969 apud Marins e Giannichi, 2003), a flexibilidade a habilidade de
mover o corpo e as suas partes dentro dos seus limites mximos sem causar leses nas
articulaes e nos msculos envolvidos.
Composio Corporal
A composio corporal tem vindo a ser estudada h mais de um sculo quer em cadveres
quer in vivo. Wang, Pierson & Heymsfield (1992) desenvolveram um sistema em cinco nveis
diferenciados de anlise da composio corporal (Heymsfield, Wang & Withers, 1996; Malina,
Bouchard & Bar-Or, 2004).
Nvel I Atmico. Compreende cerca de 50 elementos, sendo que mais de 98% da massa
corporal total determinada pela combinao de oxignio, carbono, hidrognio, nitrognio,
clcio e fsforo. Os 44 elementos restantes representam menos de 2% da massa corporal total.
A avaliao feita por mtodos radioisotpicos.
13
Nvel II Molecular. Divide os compostos qumicos corporais, que compreendem mais de 100
mil molculas diferentes, em cinco grupos: gua, lpidos, protenas, minerais e hidratos de
carbono. Este ltimo encontra-se no msculo-esqueltico sob a forma de glicognio e no
usual a sua incluso na estimativa da composio corporal (Malina, 2007). A maior parte do
contedo mineral encontra-se nos ossos e uma pequena poro noutros tecidos. A avaliao
feita atravs de mtodos bioqumicos, como por exemplo o istopo deutrio para calcular a
componente molecular da gua corporal total.
Nvel III Celular. A massa corporal interpretada em funo da composio celular e extracelular. Divide o corpo em trs componentes: massa celular total, fluido extracelular (incluindo
plasma intra e extra celular) e slidos extracelulares. In vivo no possvel medir os slidos
das clulas. A avaliao feita atravs de tcnicas bioqumicas e histolgicas como por
exemplo a medio do potssio corporal para estimar a massa celular total.
Nvel IV Tecidular-sistmico (dos tecidos, rgos e sistemas). So quatro as categorias de
tecidos apresentadas neste nvel: muscular esqueltico, visceral, adiposo e tecido residual. A
este nvel a excreo urinria de creatina pode ser usada para estimar o msculo-esqueltico;
Nvel V Corpo Inteiro ou Corpo Total. Neste nvel, o corpo analisado segundo as
caractersticas morfolgicas, com medidas relacionadas a tamanho, forma e propores do
corpo humano. Outras duas propriedades importantes no estudo da composio corporal so,
o volume e a densidade corporal. As pregas subcutneas so indicadores antropomtricos
mais utilizados a este nvel. A medida da espessura da prega adiposa pode ser feita atravs de
tcnicas antropomtricas e por imagem.
A massa isenta de gordura (MIG) utilizada como sinnimo de massa magra (Fat-Free Mass,
FFB). No entanto, esta numericamente superior MIG em 2-3% j que comporta MG
essencial (fosfolpidos), necessria para o bom funcionamento de certas estruturas (crebro,
tecido nervoso e cardaco, medula ssea e membranas celulares). Devido ao facto de ser
tecnicamente impossvel estimar com preciso esta MG essencial, tem sido abandonada a
designao de massa magra e adoptada a de MIG (Sardinha, 1997).
14
Modelo bicompartimental
Grande parte dos mtodos que tm servido de suporte conceptual aos mtodos de campo,
foram desenvolvidos e validados atravs do modelo bicompartimental. Este modelo traduzido
pela expresso:
Massa corporal = MG + MIG
O modelo de duas componentes possui limitaes nas crianas devido s alteraes das
componentes da MIG e da sua densidade durante o crescimento e maturao. Estas
alteraes na densidade da MIG devem-se ao decrscimo da gua corporal total e ao
incremento do contedo mineral sseo (Heyward & Stolarczik, 1996). A estimativa da MG
deriva da expresso: MG = MC x % MG, em que Mc a massa corporal. Por sua vez, o clculo
da MIG decorre da frmula: MIG = MC - MG.
Brozek e col. (1963) verificaram que a 36 a MIG era composta por 73.8% de gua, 19.4% de
protena e 6.8% de mineral. No modelo a dois compartimentos conferida uma relao estvel
para a densidade da MG de 0.9 g/cc e da MIG de 1.1 g/cc (Martin e col., 1990; Heyward &
Stolarkzic, 1996; Sardinha, 1997).
Modelos multicompartimentais
O modelo multicompartimental pretende fazer uma avaliao atravs do clculo das diferentes
fraces de massa corporal. Estes so segundo Lohman (1992) os modelos mais indicados
para estabelecer dados de referncia e para desenvolver equaes preditivas da composio
corporal em crianas (Heyward & Stolarczik, 1996). Existem diferentes modelos com a
subdiviso e sistematizao da massa corporal a trs, quatro e mais compartimentos.
15
Modelo tricompartimental
Quando avaliao da densidade corporal se associa medio da gua corporal, observa-se
uma diminuio do erro de estimativa da MG entre 1.5% e 2.0% (Sardinha, 1997).
Este modelo subdivide a MIG em, gua corporal total (TBW) e em massa residual (fat free dry
mass, FFDM) que inclui protenas, glicognio, mineral sseo e tecido mineral (Malina,
Bouchard & Bar-Or, 2004), atravs da expresso:
Modelo tetracompartimental
O modelo a quatro componentes um modelo de referncia na avaliao da composio
corporal e aquele que melhor aproximao consegue estimativa da percentagem de MG
em adolescentes.
A validade deste modelo depende do erro de medida inerente tcnica laboratorial utilizada na
avaliao dos diferentes compartimentos da MIG. No entanto, o modelo permite maior controlo
sobre a variabilidade biolgica da MIG, comparativamente com o modelo bicompartimental,
16
Dos diferentes mtodos de referncia, trs tm sido utilizados com regularidade no estudo da
composio corporal. A densidade corporal atravs da densitometria, a gua corporal total
atravs da hidrometria (diluio de istopos) e o contedo mineral corporal atravs da
espectroscopia do potssio 40 e da densitometria radiolgica de dupla energia, DEXA (Martin e
col, 1990; Sardinha, 1997; Lohman & Milliken, 2003).
Densitometria
Entende-se por densitometria o conjunto dos procedimentos tcnicos utilizados para determinar
a densidade total do corpo. O procedimento mais utilizado baseia-se na pesagem hidrosttica
ou na volumetria de um corpo imerso num fluido.
A densidade corporal uma medida critrio para estimar a composio corporal, considerada
por Malina & Bouchard (1991) como a medida de ouro. A densidade corporal decresce
ligeiramente nos rapazes aproximadamente entre os 8 - 10 anos, apresentando um incremento
linear at aos 16 -17 anos, e um ligeiro declnio aps a adolescncia.
A Densidade corporal (Dc) tem sido amplamente utilizada para calcular indirectamente a MG e
a MIG atravs da seguinte equao:
17
Actualmente, estas variveis podem ser estimadas atravs de uma forma precisa, confortvel e
rpida por pletismografia. A avaliao por pletismografia para o corpo total tem sido uma nova
prtica alternativa pesagem hidrosttica (Fields, Goran & McCrory, 2003).
Hidrometria
O mtodo da hidrometria estima a gua corporal total. A gua a componente com maior
percentagem e a sua maioria situa-se na MIG. Partindo do princpio que 73% da MIG gua, e
que a MG no possui gua, possvel estimar a MIG a partir do clculo da gua corporal total.
Com o clculo da MIG, possvel estimar a MG. A hidrometria utiliza o mtodo da diluio de
istopos atravs da administrao do istopo de deutrio (Heyward & Stolarczik, 1996). A
tcnica algo complexa e induz em erros de estimativa da percentagem da MG, at 2.5% de
sobrestimativa ao qual poder acrescer o erro tcnico do mtodo instrumental (Sardinha,
1997).
viscerais
feito
atravs
de
detectores
40
especficos.
Actualmente
utiliza-se
absorciometria bifotnica DEXA (Dual Energy X-Ray Absorptiometry) para estimar o contedo
mineral sseo e o tecido mineral no sseo (tecido mineral magro ou Lean Soft Tissue, LST) e
consequentemente o contedo mineral total.
18
Existem outras tcnicas em funo do seu objectivo: (1) a activao de neutres para medir o
clcio e o nitrognio como indicadores da massa mineral e do contedo proteico,
respectivamente; (2) ultra-sons para medir a MG, massa muscular e tecido sseo; (3) excreo
de 3-Metilistidina e de creatina para estimar a massa muscular e a MIG, respectivamente; (4)
ressonncia magntica (MRI) e tcnica axial computorizada (TAC) para avaliar a MG, massa
muscular e tecido sseo; (5) bioimpedncia (BIA) de monofrequncia ou espectral para a MIG
e a gua corporal total; (6) antropometria para a MG (Malina & Bouchard,1991; Malina e
col.,2004) e (7) a pletismografia para o clculo da densidade e do volume corporal (McCrory e
col. 1995; Nuez e col. 1999).
As pregas so normalmente includas nas equaes para estimar a MG por serem indicadores
do tecido adiposo subcutneo, baseando-se na existncia de uma associao entre a
espessura das pregas e a percentagem de MG corporal. Segundo Lohman (1981) os valores
das pregas so normalmente includos em equaes para estimar a MG e apresentam uma
estimativa aproximada da gordura corporal, porque 50-70% aqui localizada. A equao
matemtica de estimativa da MG assume que apenas a adiposidade subcutnea preditiva da
adiposidade total (Silva e col., 2008) no considerando a componente profunda da MG.
19
A pletismografia revela-se uma tcnica vlida e fivel para a avaliao da composio corporal,
comparativamente pesagem hidrosttica (McCrory e col. 1995; Nuez e col, 1999). Tem sido
usada amplamente para estudar a composio corporal em populaes peditricas, que
revelam mais dificuldade em serem submetidos pesagem em imerso.
O BOD POD (Life Measurement Instruments, Concord, CA, USA) um pletismgrafo por
deslocamento de ar, que consiste numa cmara dupla, balana electrnica acoplada, um
computador e software (verso 3.2.5). O software desenvolvido para adultos resulta numa
tendncia para a aplicao em crianas e adolescentes e publicaes recentes no
demonstram a utilizao de correces consistentes especficas para crianas. Bosy-Westphal
e col. (2005) estudaram as correces em pletismografia especficas em crianas tendo em
considerao a tendncia ou influncia desfavorvel das frmulas para adultos.
20
21
22
Capitulo III
Metodologia
Caracterizao da amostra
A amostra ser constituda por 24 atletas de jogadores de Futsal, que actuam em dois clubes
da zona Centro do Pas, que participam no Campeonato Nacional de Futsal da 1
Diviso/FUTSAGRES e na 2 Diviso do Campeonato Nacional de Futsal/Zona Norte, Instituto
D.Joo V e Associao Acadmica de Coimbra - OAF, respectivamente. A escolha desta
amostra deve-se ao facto de estas equipas serem as duas da zona Centro do Pas que
participam nas divises mais competitivas dos Campeonatos Nacionais de Futsal. A equipa do
Instituto D. Joo V atingiu as meias-finais do playoff que decide o Campeo Nacional de Futsal,
enquanto que a Associao Acadmica de Coimbra OAF ficou em 2 do Campeonato
Nacional de Futsal/Zona Norte, lugar que permitiu a subida principal diviso do Futsal
Nacional.
Variveis
Antropometria
A antropometria pressupe o uso de referncias cuidadosamente estandardizadas.
necessria a utilizao de instrumentos apropriados e em boas condies bem como a
colaborao dos sujeitos observados. Foram seguidos os procedimentos antropomtricos
publicados no livro Cineantropometria Curso Bsico, Sobral, Coelho e Silva & Figueiredo
(2007), para avaliar as variveis antropomtricas: Estatura, Massa Corporal, Altura Sentado, e
Pregas adiposas subcutneas (Tricipital, Bicipital, Subescapular, Suprailiaca, Abdominal e
Geminal Medial).
a) Estatura
A estatura foi registada atravs de um estadimetro Harpenden, modelo 98.603. Os valores
foram expressos em centmetros com aproximao s dcimas. Para a sua medio os sujeitos
foram observados na posio de p, imveis e descalos, em cales e t-shirt, encostados ao
estadimetro, mantendo os membros superiores naturalmente ao lado do tronco e
imediatamente aps inspirao profunda, sendo a cabea ajustada pelo observador de forma a
orientar correctamente o Plano Horizontal de Frankfort.
b) Massa corporal
23
A massa corporal foi medida com a balana acoplada ao pletismgrafo com um grau de
preciso de 100 gramas. Os valores foram expressos em quilogramas (Kg).
Os sujeitos apresentaram-se descalos, em cales e t-shirt. Cada um, aps subir para a
balana manteve-se em posio esttica com os membros superiores naturalmente ao lado do
tronco e olhar na horizontal.
c) Pregas subcutneas
Na recolha de todas as pregas de gordura subcutneas recorreu-se a um adipmetro LANGE
Skinfold Caliper com aproximao a 0.2mm tendo sido medidas em duplicado no lado direito do
corpo, com o indivduo em posio antropomtrica. No sentido da preciso das medies foi
realizada uma terceira medio para encontrar a mediana. Todas as medies sero
realizadas pelo mesmo tcnico no Laboratrio de Biocintica da Faculdade das Cincias do
Desporto e Educao Fsica da Universidade de Coimbra.
Tricipital
A prega de gordura assume uma orientao vertical na face posterior do brao, a meia
distncia entre os pontos acromial da omoplata e olecraneano do cbito.
Bicipital
Situada na parte mdia e anterior do brao com os mesmos procedimentos e pontos de
referncia da prega tricipital.
Subescapular
Esta prega assume uma orientao oblqua dirigida para baixo e para o fora. medida na
regio posterior do tronco, mesmo abaixo do bordo inferior e interno da omoplata.
Suprailaca
A prega suprailaca sobre a linha midaxilar e a 2cm do bordo superior da crista ilaca,
acompanhando a orientao das fibras do msculo grande oblquo (prega oblqua).
Geminal medial
Esta prega vertical medida com a articulao do joelho flectida formando a perna e a coxa
um ngulo de 90 entre si, na parte mdia e interna da perna, na zona de maior permetro
do meio da perna (prega vertical).
24
Abdominal
A prega abdominal medida no ponto localizado a 3cm ao lado do centro do umbigo e 1cm
abaixo do mesmo (prega horizontal).
25
destes procedimentos, passmos calibrao da cmara, tendo sido realizado para esse
efeito, um primeiro teste de determinao do volume de um corpo de dimenses volumtricas
conhecidas (cilindro com volume de 50.255L). Na sequncia da aceitao do teste de
calibrao pelo software, procedeu-se avaliao da volumetria do sujeito.
R = 1 (e / S )
2
na frmula, S a varincia inter-individual e (e) o erro tcnico de medida. Quanto maior for a
fiabilidade dos procedimentos de medio, menor poro de varincia intra-individual estar
presente na varincia inter-individual. A varincia inter-individual determinada pela seguinte
frmula:
26
r = ( Z / 2n)x0.5
2
Tratamento estatstico
Para se proceder ao tratamento estatstico dos dados ser utilizado o software, Statistical
Program for Social Sciences SPSS, verso 17.0 para o Windows.
- A Dc determinada pela avaliao dada por pletismografia e pela equao de Lohman (1971).
27
28
Captulo IV
Apresentao de Resultados
Os dados da Tabela 4, apresentam os valores mnimo, mximo, mdia e desvio padro para a
totalidade da amostra.
mximo
mdia
desvio
padro
Idade cronolgica,
anos
18.5
38.3
26.5
5.6
Estatura,
cm
162.2
183.6
172.8
5.1
Massa Corporal,
kg
62.5
79.6
70.1
4.8
21.50
25.50
23.48
1.34
-2
kg.m
Prega tricipital,
mm
12
7.3
1.7
Prega bicipital,
mm
4.6
1.1
Prega geminal,
mm
12
7.1
2.5
Prega subescapular,
mm
13
9.6
1.2
Prega abdominal,
mm
7.4
1.2
15
8.6
2.5
kg.L
1.072
1.082
1.079
0.002
Massa Corporal,
kg
62.53
86.61
72.28
6.22
Volume Corporal,
58.03
82.06
67.45
6.10
1.053
1.087
1.072
0.009
Prega supraliaca,
Densidade Corporal,
mm
1
-2
-1
Densidade Corporal,
kg.L
% massa gorda,
5.5
22.4
12.4
4.2
Massa gorda,
kg
4.04
18.75
9.34
3.96
% massa no gorda,
77.6
94.5
82.73
4.26
Massa no gorda,
kg
54.75
71.65
63.29
4.81
29
Prega tricipital
0.17
0.44
Prega bicipital
-0.08
0.72
Prega geminal
-0.01
0.97
Prega subescapular
0.03
0.90
Prega abdominal
-0.26
0.22
Prega supraliaca
-0.07
0.76
Por fim, a associao entre a densidade corporal determinada pela frmula de Lohman (1971)
e por pletismografia r = 0.10 (p = 0.64), revelando a muito fraca associao.
30
Captulo V
Discusso
kg/m . No que se refere s pregas de gordura subcutneas: tricipital 7.3 mm, bicipital 4.6 mm,
geminal 7.1 mm, subescapular 9.6 mm, abdominal 7.4 mm e supraliaca 8.6 mm. Apresentam
uma percentagem de massa gorda de 12,4 % e de massa no gorda de 82.73 %.
Em estudos realizados na rea de composio corporal na modalidade de canoagem, verificouse que, ao longo dos ltimos 25 anos, os atletas de elite tm vindo a apresentar valores mais
elevados de peso, porm com menores ndices de massa gorda (Kerr et al, 2008a). Todavia,
quando nos referimos a atletas de alta competio devemos ter em conta que este fenmeno
deve-se, normalmente ao tecido magro e no do excesso de tecido gordo (Cox, 1992), o que
pode ser confirmado pela % MG mdia de 10, 4 (3,7) %, tendo variado entre 5,6 e 14%. Alves
e Silva, 2009 observaram que os valores mdios do IMC (25,1) eram indicativos de excesso de
peso. Porm, comparando com a mdia da percentagem MG (10,4%), verificamos que este
excesso de peso era derivado do aumento da massa magra e no de tecido gordo. Os valores
mdios de peso (80,3 kg) e de estatura (178,7 cm) dos atletas estudados estavam
relativamente prximos dos valores de outros atletas estudados por diversos autores, tais
como: Capousek & Bruggemann (1996), Hernandez (1993) e Lenz (1990). Os valores de
estatura e de massa corporal nestes estudos eram de 177 cm e 74 kg (Capousek &
Bruggemann, 1990), 179,5cm e 78 kg (Hernandez, 1993) e de 182cm e 77,4 kg (Lenz, 1990),
respectivamente.
Num estudo realizado na modalidade voleibol, Rocha et al. (1996) com atletas das seleces
de formao brasileiras de 1995 foram encontrados, respectivamente, para as categorias de
juvenis e juniores, valores mdios para prega tricipital de 10,2mm e 9,3mm; prega
subescapular de 10,5mm e 11,4mm; prega supraliaca de 8,2mm e 16,1mm; e prega geminal
de 9,4mm e 7,9mm. Em relao ao estudo de Heimer et al. (1988) com atletas da seleco
snior da Jugoslvia, foram verificados valores mdios para prega subescapular de 8,0mm e
prega geminal de 4,4mm. No estudo de Rodacki (1997) com atletas paulistas participantes da
Liga Nacional de 1996, foram verificados valores mdios para a prega tricipital de 8,8mm;
prega subescapular de 10,5mm; prega supraliaca de 14,5mm; prega crural de 11,9mm e prega
31
Captulo V -Discusso
geminal de 7,7mm. Num estudo de Silva e Rivet (1988) com a Seleco Brasileira adulta de
1986, foi encontrado um valor de mdia de trs dobras cutneas (X3) igual a 8,0mm.
Relativamente estatura possvel acrescentar, de acordo com a mdia de estatura
observada para as categorias juvenis (194,0cm) e juniores (194,7cm) e tambm conforme o
estudo de Rocha et al. (1996) para as seleces brasileiras juvenis (194,7cm) e juniores
(197,6cm), que mesmo atletas de categorias de base j apresentam valores muito prximos
aos observados para as antigas equipas sniores.
Outra varivel que pode ser comentada em relao a estudos anteriores realizados com grupos
de atletas de voleibol a massa corporal. No estudo realizado por Rocha et al. (1996), foram
verificados valores de 83,6kg para a equipa de juvenis e 88,1kg para a equipa de juniores,
ambas das seleces brasileiras. Em outro estudo realizado pelos mesmos autores foram
verificados valores de 78,5kg para a categoria juvenis e 84,6kg para a categoria juniores,
estando esses valores abaixo dos observados para as seleces brasileiras nas mesmas
categorias. J a categoria de seniores apresenta um valor mdio de peso corporal de 93,5kg,
enquanto estudos anteriores realizados com atletas do Estado de So Paulo participantes da
Liga Nacional de Voleibol do ano de 1996 apresentaram um valor de 87,9kg (Rodacki, 1997);
atletas da Seleco Jugoslava de 1985 apresentaram um valor de 85,3 g (Heimer et al., 1988)
e atletas da antiga Unio Sovitica apresentaram valor mdio de 90,1kg (Viitasalo, 1982).
Na modalidade futebol, Moreno et al. (2004) realizou um estudo onde comparou a composio
corporal de crianas com 14 de anos de idade praticantes e no praticantes da modalidade
futebol, onde se verificaram os seguintes valores: grupo de no praticantes 54,50 kg de
2
massa corporal, 165 cm de estatura, 19,97 kg/m de IMC, 18,19% de massa gorda e 45,17 kg
de massa no gorda, enquanto o grupo de praticantes de futebol apresentou os seguintes
2
valores: 56,50 kg de massa corporal, 168 cm de estatura, 20,53 kg/m de IMC, 15,87% de
massa gorda e 47,61 kg de massa no gorda. Estes dados demonstram que o grupo de
praticantes de futebol apresentam valores superiores de estatura, massa corporal, IMC e
massa no gorda, quanto ao valor de percentagem de massa gorda inferior. Estes dados vo
ao encontro de que a prtica do futebol aumenta a massa corporal, mas atravs do incremento
de massa no gorda.
32
Captulo V -Discusso
Com relao aos indicadores antropomtricos, os estudos sugerem que o jogador de Futsal,
possui tamanho comum, tendendo a ser mediano, forte e magro. A percentagem de massa
gorda varia normalmente entre 8,5% e 15% (Souza et al., 2005; Nogueira Filho e Boas, 2006;
Lage, 2006a; Santi Maria e Arruda, 2007a; Santi Maria, Arruda e Hespanhol, 2007; Rebelo et
al., 2007).
Nogueira Filho e Boas (2006), num estudo com jogadores profissionais de elite de Futsal
brasileiro, chegaram a valores 11,2% e 8,5% de gordura na pr e ps-preparao,
respectivamente, tendo durao de cinco semanas a fase preparatria.
Com jogadores da categoria sub-20, Santi Maria e Arruda (2007c) mostraram que, aps seis
semanas de pr-temporada, houve uma diminuio significante na percentagem de massa
33
Captulo V -Discusso
gorda (%G) dos jogadores, que inicialmente estava a 18,5% e ao final do programa de treino
passou a 12,3%.
Santi Maria, Arruda e Hespanhol (2007), num estudo com jogadores de Futsal sub-20
brasileiros, referem que os guarda-redes (80,45 kg e 15,73%) so mais pesados que os fixos,
alas e pivs (67,96 kg e 11,62%, 68,70 kg e 12,85%, 66,92 kg e 11,74%, respectivamente) e
possuem maior percentagem de massa gorda, confirmando os resultados encontrados por
Lage (2006a), num estudo com jogadores de Futsal espanhis, em que os guarda-redes
apresentaram massa corporal de 74,26 kg e percentagem de massa gorda de 14% em mdia,
enquanto os jogadores de campo apresentaram 67,29 kg e 12,2%. Porm, em relao
estatura, no foram encontradas diferenas significativas entre os jogadores de campo (172,83
cm) e os guarda-redes (174,59 cm) espanhis (Lage, 2006a).
Conforme os dados apresentados, percebe-se que a variao da estatura dos jogadores, tanto
europeus quanto brasileiros, das categorias sub-17, sub-20 ou profissionais, muito pequena:
de 170 a 180 cm. A massa corporal varia pouco entre as posies dos jogadores de campo,
mas observa-se que os guarda-redes so mais pesados que os restantes jogadores; a
percentagem de massa gorda varia em mdia 7%.
34
Captulo VI
Concluses
Esperamos que o nosso estudo e as concluses a que chegamos, sirvam como reflexo
acerca desta modalidade. As anlises efectuadas podero contribuir para uma melhor
compreenso da composio corporal de atletas de Futsal e fornecer algumas respostas aos
intervenientes desta modalidade.
Deste modo, e atravs desta anlise aos valores registados e dos resultados obtidos, foi-nos
possvel formular algumas concluses, em funo dos objectivos definidos anteriormente.
As
pregas
de gordura subcutneas
recolhidas
35
Captulo VI -Concluses
elite desta modalidade apresentam nesta faixa etria. No entanto, esta concluso
necessita de maior fundamentao, uma vez que, a amostra apenas de 24 atletas.
Num futuro estudo sobre a composio corporal de atletas de Futsal seria importante aumentar
a amostra de forma a aumentar a consistncia dos resultados obtidos neste estudo.
36
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