Graal PDF
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A LENDA DO GRAAL
O Santo Graal, o Clice da ltima Ceia, guardado num castelo cujo rei fora gravemente
ferido e sofre continuamente, dada a impossibilidade de que suas feridas venham a cicatrizar. Todo
o pas e seu povo esto em desolao e sofrimento.
O rei foi ferido no incio da sua adolescncia, quando, certo dia, vagando pelos bosques,
encontrou um acampamento. Nele havia um salmo assando num espeto, do qual, como estivesse
faminto, serviu-se de um pedao. Ao fazer isso, queimou seriamente os dedos. Para aliviar a dor,
lambeu os dedos, aps comer um pedao de peixe. Passou desde ento a ser conhecido por Fisher
King, o Rei Pescador, por ter sido ferido por um peixe. Tambm foi ferido na coxas, e por isso no
pde mais gerar; e todo o pas tornou-se estril como ele.
O rei permanece sempre deitado em sua liteira e precisa ser carregado para onde quer que
v. s vezes, porm, consegue pescar, e esses so os nicos momentos em que se sente feliz.
O Fisher King impera no castelo onde guardado o Graal, mas no pode toc-lo nem ser
curado por ele. O bobo da corte profetizar que ele se curaria quando algum tolo, absolutamente
ingnuo, chegasse corte.
Numa regio isolada, vive um menino com sua me viva, cujo nome Heart Sorrow, Dorde-Corao. No incio, o garoto parece no ter nome e s muito mais tarde que ele prprio fica
sabendo que se chama Parsifal. Seu pai, cavaleiro, fora morto em pelejas. Sua me, ento, levou-o
para bem longe e o criou em circunstncias primitivas. Ele usa roupas grosseiras, tecidas em casa,
no tem instruo alguma, no faz perguntas. um jovem simples e ingnuo.
No incio de sua adolescncia, v cinco cavaleiros montados em seus cavalos e fica
fascinado pelos arreios dourados e escarlates, pelas armaduras, pelo vesturio. Corre para a me e
diz-lhe que vira cinco deuses e que quer sair de casa para segui-los. A me chora, pois alimentara
esperanas de que ele no sofresse o mesmo destino do pai e dos irmos. Entretanto, d-lhe sua
bno e trs conselhos: dever respeitar as donzelas, dever ir igreja todos os dias (na igreja
encontrar todo o alimento de que necessitar) e, finalmente, no dever fazer nenhuma pergunta.
Parte Parsifal procura dos cinco cavaleiros. No os encontra e passa por toda sorte de
aventuras. Um dia encontra uma tenda; e como em toda a sua vida apenas conhecera uma simples
cabana, supe ser a tenda a igreja de que falara sua me. V, ento, uma donzela usando um anel
e , obediente ao conselho de sua me, abraa a jovem para manifestar-lhe seu carinho. Depois
tira-lhe a jia do dedo e supondo tratar-se do alimento de que lhe falara a me, pe-se a comer,
sem saber que o banquete estava preparado para o namorado da donzela. Aflita, a jovem implora
a Parsifal que v, porque se seu cavaleiro o encontra ali, certamente o matar.
Eliane Pietroluongo Vianna Psicloga Clnica
Rua Conde de Bonfim 232 sala 301 Tijuca Rio de Janeiro RJ
Telefone: 21 2234-2399 e-mail: eliane@epvpsicologia.com
Mais tarde tambm reencontra a donzela da tenda e ela reitera tudo que de errado ele
fizera. Diz-lhe que a espada que lhe foi dada quebrar-se- na primeira vez em que for usada, e que
s poder ser soldada pelo armeiro que a fez. Depois disso, jamais tornar a partir-se.
No curso de sua jornada, Parsifal derrota muitos cavaleiros e os via mandando corte de
Arthur. Quando l estivera no fora reconhecido como heri, mas o prprio Arthur, agora, vai
procur-lo, para que a corte possa honr-lo, sem saber que Parsifal est acampado ali bem perto.
Enquanto isso, no acampamento, um falco ataca trs gansos, ferindo um deles, e o
sangue que cai na neve faz com que o jovem se recorde de Blanche Fleur e cai em transe. Dois dos
homens de Arthur o vem e tentam persuadi-lo a voltar com eles, mas Parsifal os arranca de suas
montaria. Um terceiro cavaleiro, Gawain, gentilmente convence-o a ir corte, onde recebido em
triunfo.
Subitamente, em meio as celebraes, surge uma mula decrpita, manca das quatro patas,
montado por uma horripilante donzela de negros cabelos, divididos em tranas e mos, como
garras, da cor de ferra negros. Pequenos olhos maldosos de rato; ventas de gato e chimpanz;
beios de burro e de boi. Barbada era ela, corcunda no peito e nas costas, dorso e ombros
retorcidos como razes de uma rvore. Jamais em corte real fora vista donzela igual. Ela se
aproxima de Parsifal, apontando-lhe o dedo em riste acusa: tudo culpa sua. Determina tarefas a
todos os cavaleiros e diz ao jovem que volte a procurar pelo Castelo do Graal e que, desta vez,
faa a pergunta.
Parsifal passa por muitos outros episdios. Em algumas verses viaja por cinco anos; em
outras vinte; e no transcurso torna-se amargo e desiludido. Pratica atos hericos, mas esquece-se
da Igreja, de Blanche Fleur e do prprio Castelo do Graal.
Certo dia, encontra alguns peregrinos que lhe perguntam o motivo de estar armado numa
Sexta-feira Santa. Cheio de remorsos, acompanha-os at um eremita, para a confisso. O velho
absolve-o e manda-o ir imediatamente ao Castelo do Graal.
O poema de Chrtien de Troyes para aqui, e houve muitos autores que tentaram terminlo. Numa das verses, Parsifal vai ao Castelo, faz a pergunta certa e a resposta dada
imediatamente: o Graal serve ao Rei do Graal.
Este no o Fisher king mas o Rei do Graal, que sempre morou na sala central do Castelo,
desde tempos imemoriais. O rei curado instantaneamente, o pas se recupera e o povo pode,
ento, viver feliz para sempre.
CONCLUSO-Interpretao do Mito
O que um mito?
O mito uma fora viva que existe dentro de cada um, sendo comum a
toda a humanidade. Um mito reflete os vrios processos psicolgicos e espirituais
que se desenrolam na psique.
Um mito est para a humanidade em geral, assim como um sonho est
para o indivduo. O sonho mostra a algum uma verdade psicolgica importante
sobre si prprio. O mito, em contrapartida, mostra uma verdade psicolgica
importante que se aplica a toda a humanidade.
Este trabalho foi baseado no livro HE, de Robert A. Johnson, que aborda,
entre inmeros mitos, a histria do Santo Graal. Existem vrias verses para
este mito porm o autor se utilizou da verso francesa, extrada do poema de
Chrtien de Troyes.
Historicamente o mito do Graal surgiu quando o homem comeou a
despertar sua conscincia sobre o seu princpio feminino e portanto reproduz a
luta interior travada na busca da sua individuao. Era uma poca (sc. XII XIII) marcada pelos impulsos destrutivos e desejos masculinos da guerra, que
reclamavam a necessidade de uma abordagem mais suave e interiormente
centrada. Para a mulher, o mito tambm importante, pois ela possui o seu
princpio masculino interiorizado.
O mito comea narrando as dificuldades em que se encontra o rei e seu
castelo. Podemos dizer que o bem estar de um povo depende do bem estar do
seu rei. Assim o Castelo do Graal est em srias dificuldades pois o seu rei
encontra-se doente. O Rei Pescador representa o ego que foi ferido quando ainda
jovem ao entrar em contato com uma nova conscincia que no conseguiu
integrar. Esta nova conscincia seria representada pelo episdio relacionado ao
salmo que, segundo a tradio cltica, era conhecido como o peixe da
Eliane Pietroluongo Vianna Psicloga Clnica
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muito influenciado
maduro e
controlada,
para
que
agressividade
esteja
sua
disposio
Parsifal veste as roupas de Red Knight por sobre as vestes tecidas por sua
me, misturando sua nova masculinidade com a fixao materna, e claro, o
resultado de suas atitudes fica comprometido.
Assim, Gournamond representa o padrinho arquetpico que consegue
convenc-lo a retirar as vestes maternas e ensina-lhe o necessrio para tornarse um verdadeiro cavaleiro: jamais seduzir uma donzela ou deixar-se seduzir por
ela ( no deixar-se seduzir pela anima pois pode-se enlouquecer ), sair em busca
do Castelo do Graal e perguntar A quem serve ao Graal ( o processo de
individuao, o encontro consigo mesmo).
A seguir morre a me de Parsifal que nos fala da ruptura com a
dependncia materna. Coincidentemente depois encontra Blanche Fleuer e
passa a servi-la. Ela se torna o princpio animador de sua vida. Ela sua anima.
Na Idade Mdia, quando o homem comeou
para dentro de si mesmo. Admitir erros e acertos sempre difcil mais com
certeza a nossa tarefa depois de termos provado o salmo.
Raquel Salaverry
Ruth Sant`anna
Bibliografia: