6 - Memoriais
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Direito Penal
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendona
MEMORIAIS
1. PROCEDIMENTO DOS MEMORIAIS
2) A defesa tem 20 minutos, tambm por acusado, podendo ser prorrogvel por
mais 10 minutos para oferecer alegaes finais orais. No caso de ter existido
manifestao do assistente de acusao, a defesa ter mais 10 minutos para suas
alegaes finais orais (art. 403, caput e 2, do CPP).
nos exatos termos do art. 403, 1, do CPP. Ou seja, em havendo, por exemplo, dois
acusados, cada um dos acusados ter o prazo de defesa de 20 minutos podendo ser
prorrogvel por mais 10 minutos para as alegaes finais orais.
A exceo passou a ser o cabimento das alegaes finais por escrito, tambm
chamada de memoriais, tendo em vista que ela somente poder ser apresentada de forma
escrita quando o juiz entender que o caso complexo ou possui um grande nmero de
acusados ou h pedido de diligncia de uma das partes cuja necessidade se origine de
circunstncias ou fatos apurados na instruo criminal.
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RECURSO
PROTOCOLIZADO
DESTEMPO.
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Ocorre quando o fato atpico, no sendo previsto como crime pela legislao
ptria. Ou seja, no existe um tipo penal para a conduta narrada nos autos. At pode ter
ocorrido o fato, entretanto, ele no constitui crime.
Ex. Ocorrncia de induzimento ao suicdio em que resultam apenas leses leves,
neste caso a conduta atpica, j que s existe crime se, ao menos, resultar em leso
corporal de natureza grave.
IV estar provado que o ru no concorreu para a infrao
penal;
Neste caso, no decorrer da instruo criminal, fica claro que houve o crime, mas
est provado que o acusado NO concorreu para o cometimento do delito, ou seja, resta
provado que o ru no foi autor ou partcipe do crime.
Ex. O ru foi acusado de praticar o crime de leso corporal praticado no dia
12/01/2010, mas neste mesmo dia o ru no estava no local do crime, estava viajando,
sendo acostadas aos autos a passagem e a hospedagem em nome do ru.
V no existir prova de ter o ru concorrido para a infrao
penal;
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Admite-se que houve o fato, restando este provado, mas provou-se que o ru
NO foi nem autor nem partcipe do fato.
Ex. Mataram um sujeito, restando provado este fato. O ru foi acusado de ter
matado o sujeito, entretanto, provou-se no curso da instruo criminal que o ru estava
em outra cidade na hora do crime.
III o fato no constituir infrao penal;
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Caso fique demonstrado que o ru est amparado por uma causa de excluso de
ilicitude ou de culpabilidade ser alegado este inciso.
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OBS.: A Pronncia ocorre quando o juiz, ao analisar o caso concreto, verificar que
existem prova da materialidade do fato e de indcios suficientes de autoria. Ela
tambm chamada de sentena interlocutria, pois ela no pode adentrar no mrito. O
juiz simplesmente no poder condenar, ser o tribunal do jri que poder faz-lo.
3) Desclassificao art. 419 do Cdigo de Processo Penal.
No caso o juiz diz que houve o crime, com indcios suficientes de autoria e
materialidade, o acusado responsvel pelo crime, mas o crime simplesmente NO
da competncia do Tribunal do Jri. Com isso, o juiz desclassifica o crime e remete para
o juiz competente, ela chamada de desclassificao prpria.
Ex. Ao final da instruo probatria percebe-se que houve o crime de latrocnio
e NO de homicdio.
A desclassificao NO gera nulidade dos atos anteriores praticados, NO zera
o processo, tudo que foi feito ser aproveitado pelo juzo competente. Este que
proferir sentena.
OBS.: Na desclassificao imprpria, o juiz diz que houve o crime, o acusado o
autor do delito, mas o problema que o crime NO o que foi imputado ao agente,
embora continue sendo de competncia do tribunal do jri. Neste caso deve o juiz
adotar o procedimento do art. 384 do Cdigo de Processo Penal. Este artigo traz o
instituto da mutatio libelli, esta ocorre quando o juiz entender que o crime que
efetivamente ocorreu diferente do narrado na pea acusatria. Como o ru defende-se
dos FATOS apresentados, deve o juiz mandar que o Ministrio Pblico proceda ao
aditamento da denncia, da pea acusatria. Caso no haja esse aditamento o juiz ir
adotar o procedimento previsto ao art. 28 do Cdigo de Processo Penal, remetendo o
processo ao Procurador Geral de Justia.
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Endereamento:
EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE __________ (Regra Geral)
EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA
CRIMINAL DA SEO JUDICIRIA DE __________ (Crimes da Competncia da
Justia Federal)
EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DO
TRIBUNAL DO JRI DA COMARCA DE ________ (Regra geral)
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5) Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrncia rejeio
liminar da pea acusatria.
OBS.: Com j foi dito, as preliminares so apenas mencionadas, no mrito e que se
poder aprofundar alguma tese das preliminares, como no caso da preliminar de
excluso da ilicitude.
3. Do Mrito
Deve-se alegar o que mais salta aos olhos, devendo demonstrar conhecimento.
Se nas preliminares citou-se o instituto jurdico, por exemplo, da legitima defesa, deve
discorrer sobre os requisitos da legitima defesa. Deve-se discorrer sobre os institutos
demonstrando os requisitos do instituto.
No se deve discorrer sobre temas controversos, deve-se falar o que todo
mundo sabe. Use ideias fceis, simples e que todos conhecem.
Lembre-se tambm que toda vez que se mencionar uma preliminar, deve-se
falar no mrito sobre ela em um pargrafo.
OBS.: Ao elaborar sua tese de defesa tente sempre demonstrar a necessidade de
absolvio do ru.
4. Dos Pedidos
Pedido de Absolvio = Pedido Principal
No pedido de memoriais a regra o de absolvio, no caso do rito comum
ordinrio, sumrio ou sumarssimo pede-se a absolvio com base no art. 386
do Cdigo de Processo Penal. J nos casos do rito do tribunal do jri pede-se a
absolvio sumria com base no art. 415 do mesmo diploma legal.
Pedidos Secundrios.
Deve-se atentar para a possibilidade de alegao dos pedidos secundrios,
lembrando que tambm necessrio discuti-los no mrito.
Podendo haver, por exemplo, os seguintes pedidos subsidirios:
Desclassificao do Crime;
Afastamento de qualificadora;
Reconhecimento da atenuao da pena;
Reconhecimento de causa de diminuio de pena no momento;
Se o juiz entender pela condenao que seja aplicada a pena mnima ou que
seja aplicada pena restritiva de direito.
OBS.: Cuidado que, como j abordado, os pedidos secundrios no caso de rito do
jri ser o de impronncia ou desclassificao, conforme o caso concreto, alm da
possibilidade do pedido de anulao da instruo probatria em virtude de alguma
preliminar arguida.
Aps terminar os pedidos pula 1 linha e coloque:
Nestes termos, (no canto da pgina)
Pede deferimento. (em outra linha sem saltar)
Aps salte 2 ou trs linhas, v para o meio da pgina e coloque
Comarca, data (Centralizado)
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Advogado, OAB
OBS.: NO h a apresentao de rol de testemunhas nos memoriais tendo em vista que
elas j foram devidamente arroladas no momento oportuno, qual seja, em resposta
acusao.
3. CASOS PRTICOS
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3. Do Mrito
Cumpre esclarecer ao douto julgador a inocorrncia do crime capitulado no
art. 148, 1, I do Cdigo Penal. Entende a melhor doutrina que para a configurao do
delito em anlise, faz-se a necessidade do dolo por parte do agente em querer privar a
liberdade da vtima, tendo-se o elemento subjetivo do tipo o dolo, no havendo
previso para a modalidade de natureza culposa.
No caso concreto em anlise, o agente saiu de casa para trabalhar e terminou
se esquecendo de deixar a chave para que a sua mulher sasse posteriormente, j que
apenas possuam uma chave de entrada, inexistindo a figura do dolo por parte do
suposto acusado, que agiu com culpa ao ter se esquecido de deixar a chave.
mister destacar, ainda, que o crime crcere privado previsto no art. 148 do
Cdigo Penal apenas admite a modalidade dolosa, seja o dolo, sendo inadmissvel
como elemento subjetivo do tipo a culpa, por falta de previso legal. Com isso, o juiz
sequer deveria ter recebido a inicial acusatria, pois no h no ordenamento jurdico
esse tipo penal, nos termos do artigo 395, II do Cdigo de Processo Penal. Com isso, o
processo penal no ter um fim til, j que no ser aplicada uma pena privativa de
liberdade ao final do processo, devendo a denncia ter sido rejeitada liminarmente.
As testemunhas prestaram depoimentos perante a autoridade policial e ao
juzo competente, nada sabendo informar acerca do crime questionado. Alm disso, a
vtima informou em juzo que o seu marido no a deixou trancada dentro de casa,
apenas fechou saindo do domiclio com a chave e esquecido de deix-la na casa do
vizinho, para que este pudesse abrir a porta no horrio em que a depoente sairia de
casa, j que s possuam uma chave e Ronaldo sempre saa mais cedo de casa por conta
do trabalho.
Nesse caso, no h que se falar em justa causa para o exerccio da ao penal
porque, para a sua configurao, necessrio e imprescindvel o binmio prova da
materialidade do fato mais indcios suficientes de autoria. A ausncia de qualquer um
deles descaracteriza a justa causa, o que j deveria ter causado a rejeio da inicial
acusatria.
Ainda necessrio esclarecer, excelncia, que no entendendo pela absolvio
do agente, possvel a aplicao da pena mnima abstratamente prevista ao delito, qual
seja, dois anos, podendo este ser beneficiado pela substituio da pena privativa de
liberdade pela restritiva de direitos, j que preenchidos os requisitos previstos no artigo
44 do Cdigo Penal.
Apenas a ttulo de esclarecimento, em caso de negativa da substituio da
pena, seria possvel o incio do regime aberto como cumprimento de pena, j que a
pena mnima cominada ao crime seria de dois anos de recluso, conforme preceitua o
artigo 33, 2, c do Cdigo Penal.
4. Dos Pedidos
Diante de todo exposto, requer-se a Vossa Excelncia a absolvio do ru,
com fundamento no artigo 386, inciso III, do Cdigo de Processo Penal, visto o fato
evidentemente no constituir infrao penal.
Apenas por cautela, no sendo acolhido o pedido de absolvio, o que no se
espera, requer-se ao douto julgador seja decretada a anulao da instruo probatria
em virtude da ocorrncia manifesta falta de pressuposto processual ou condio, bem
como ausncia de justa causa para o exerccio da ao penal, nos termos do artigo 395,
II e III, do Cdigo de Processo Penal.
Por fim, no sendo acolhidos os pedidos acima, seja aplicada a pena mnima
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cominada ao delito, sendo, nesse caso, substituda a pena privativa de liberdade pela
restritiva de direitos, nos termos do artigo 44 do Cdigo Penal.
Ainda, no aceitando Vossa Excelncia na substituio dela pena restritiva de direitos,
possa o agente iniciar no regime mais benfico no cumprimento de pena, respeitandose o artigo 33, 2, c do Cdigo Penal.
Termos em que,
Pede deferimento.
So Paulo, capital do Estado de So Paulo, 26 de agosto de 2014.
Advogado, OAB
CASO PRTICO PROPOSTO
RESPOSTA:
Pea: MEMORIAIS, com fundamento no art. 403, 3, do Cdigo de Processo Penal.
Competncia: EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA
____ VARA DO TRIBUNAL DO JRI DA COMARCA ___________
Tese: Alegar no mrito que o agente no cometeu o crime, conforme comprovao nos
autos do processo.
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Pedido:
Principal: Absolvio sumria, com fundamento no art. 415, II, do Cdigo de
Processo Penal, por estar provado no ser ele o autor ou partcipe do fato.
Subsidirio: Anulao da instruo probatria em virtude da preliminar de
ausncia de justa causa para o exerccio da ao penal.
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