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1º TVC Processo Penal II - David Souza Arruda

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Nome: David Souza Arruda

Matrícula: 201904006

1- "DENÚNCIA":

CONTEÚDO: Discorrer sobre a "Denúncia", abordando principalmente os seguintes tópicos:


- Ação Penal cabível; - Legitimidade para seu oferecimento; - Requisitos Formais; -
Condições da Ação; - Conteúdo; - Protestos de Provas; - Número de Testemunhas; - Prazos
para seu oferecimento; - Alcance de eventual Preclusão; - Recursos eventualmente cabíveis
contra seu recebimento ou rejeição 581 CPP. Mencionar os dispositivos legais respectivos
em cada tópico, abordado, no mais, tudo o que achar necessário sobre o tema, tecendo
comentários e fazendo eventuais análises críticas que se fizerem necessárias. Vale 50
(cinquenta) pontos.

A denúncia tem como objetivo iniciar a ação penal, a fim que seja apurada a suposta
prática de um fato criminoso através da análise das provas de materialidade e possíveis
indícios de autoria. Assim, com o entrelace de evidências e indícios, a autoria do crime é
desvendada em sua verdade material, levando à uma eventual condenação do acusado.

Nesse contexto, cabe mencionar que, para o oferecimento da denúncia é necessário


que sejam atendidos os requisitos que a amparam, quais sejam: a justa causa, que se
baseia em indícios da autoria, assim como provas de que o delito de fato aconteceu, ou
seja, prova da materialidade. O próprio Código de Processo Penal, no art.395, inciso III,
entende como obrigatória a justa causa, haja vista que, caso ausente, a denúncia será
rejeitada.

Vale destacar que a Ação Penal cabível à denúncia é, via de regra, a pública
incondicionada, ou seja, aquela de iniciativa pelo próprio Estado, com legitimidade para
oferecimento da denúncia na figura do Ministério Público, conforme elucida o art. 100,§ 1º
do CPP. Não obstante, em certos casos, a lei pode exigir requisição do Ministro da Justiça
ou de representação do ofendido, conforme discorre o caput do art. 24 do CPP, sendo que,
no último caso, a Ação Penal cabível seria a pública condicionada à representação, sendo
legítima para oferecimento da denúncia a vítima dos fatos narrados. Uma terceira hipótese,
em se tratando da inércia da autoridade competente — Ministério Público — a Ação Penal
cabível seria a privada subsidiária da pública. Ela encontra sua aplicabilidade descrita no §3º
do art. 100 do CP, dizendo que vencido o prazo de atuação do fiscal da lei, sem o exercício
das providências cabíveis, pode intentar-se o particular, valendo aqui a ressalva de que o
MP não perderia suas funções habituais. Nessa feita, reforçando, em último caso, para que
se evite o perecimento pela via decadencial, é legítima a parte para oferecer denúncia.

Mergulhando um pouco mais profundo no assunto, quanto aos Requisitos Formais


e as Condições da Ação. Notória é a necessidade da tomada de decisões acertadas
quanto à instauração de inquérito policial e, consequentemente, de oferecimento da
denúncia frente ao homem médio comum presente na sociedade. Isto pois, apesar de
prevista em lei e por isso legal, os ritos penais por si só são extremamente prejudiciais à
moral social do réu. Mesmo que não seja instaurada ação penal ou até mesmo quando
indeferida a abertura do inquérito policial, aquele sujeito tipificado como réu ou suspeito, terá
sua moral questionada, afetando sua mais íntima "psique".

Partindo do Inquérito Policial, Título II do CPP, vemos uma recapitulação do descrito


no parágrafo acima, na figura do inciso II do art. 5º apertando em breve síntese as ações
penais cabíveis e suas respectivas legitimidades. Avançando no referido diploma legal, os
Requisitos Formais estão elencados no art. 41 do CPP, elencados de maneira objetiva e
lógica o conteúdo que deve estar presente da denúncia ou na queixa, são: o fato criminoso
— o ato praticado— e a sua tipificação — previsão legal— e circunstâncias — de que forma,
por quais meios e por quais razões — e a qualificação exaustiva do acusado para que se
possa identificá-lo objetivamente — Quem praticou. Atendido o conteúdo dos Requisitos
Formais da denúncia ou queixa podemos prosseguir no processo penal.

Previsto no artigo 395 do CPP, as condições da denúncia ou queixa serão recebidas


quando estiverem preenchidas de justa causa para o exercício da ação penal, os
pressupostos processuais dentre elas a competência do juízo. Finalizando a fase
pré-processual, tem-se que o prazo para oferecimento da denúncia é de 5 dias para réu
preso e 10 dias para réu solto. Após, há a possibilidade de início da ação penal ou, através
de despacho, do não recebimento da ação penal sendo o RESE (recurso em sentido estrito)
a medida cabível se assim achar de direito. Entretanto, conforme elucida Guilherme de S.
Nucci (2023) em seu livro “Curso de Direito Processual Penal”, 20ª edição, pág. 187, em
casos de prisão em flagrante ou decretada a prisão preventiva do réu o inquérito deve estar
concluído em 10 dias, sob pena de gerar constrangimento ilegal, provocando a soltura do
investigado. Todavia, há a possibilidade de prorrogação da prisão por até 15 dias, pelo juiz
de garantias, mediante representação da autoridade policial, ouvido o Ministério Público, tal
hipótese encontra amparo no art. 3º-B, §2º. Vale destacar que essa possibilidade não pode
ocorrer mais de uma vez e necessita ser indispensável para a investigação. O autor ainda
finaliza pontuando que, findado o prazo da prorrogação e não tendo sido concluído o
inquérito, surge o constrangimento ilegal e a prisão deve ser imediatamente relaxada.

Dando continuidade, instaurada a ação Penal, sobre o protesto de provas, tem-se o


artigo 396-A do CPP que dá a liberdade para que o réu se muna de tudo aquilo que acha
importante para se defender da acusação. Diz o artigo que é livre o acusar para protestar
por meio de arguição de preliminares, assim como o que achar de direito, especificar as
provas e arrolar as testemunhas, podendo requerer as devidas intimações. Não obstante,
conforme arts. 401; 406, §2º e §3º do CPP, são permitidas ao arrolamento 08 (oito)
testemunhas pela acusação e 08 (oito) pela defesa para cada fato imputado, podendo ser a
vítima arrolada a qualquer tempo. Destaque para as testemunhas de ofício que podem ser
arrolados quantos parentes do réu julgar necessário, assim como os relativamente e os
absolutamente incapazes (menores de 14 anos).

Fechado o prazo para protesto de provas não há mais no que se falar em novas
provas ou reexame de questão processual, tal fenômeno se chama preclusão e existe para
garantir a segurança jurídica e o princípio da não surpresa processual da parte contrária.
Sobre os efeitos da preclusão temos o exemplo do art. 3° do CPP c/c 471 do CPC vedando
o reexame de questões processuais, ou seja, os atos e medidas adotadas ao longo do
processo, exceto a sentença por se tratar também de coisa julgada material. Assim, temos
que os vícios e/ou nulidades não absolutos existentes no processo devem ser alegados sob
pena de precluir (sob pena de não mais poderem ser alegados). A incompetência Relativa,
por se tratar de nulidade relativa, tratada no art. 567 do CPP, sofrerá com os efeitos da
preclusão se não alegada no prazo cabível de 10 dias conforme §1º do art. 108 do CPP.

EMENTA: HABEAS CORPUS - APROPRIAÇÃO INDÉBITA-


INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO - COMPETÊNCIA TERRITORIAL
RELATIVA - AUSÊNCIA DE PREJUÍZO - EXCEÇÃO DE
COMPETÊNCIA INTEMPESTIVA - CONFIGURADA A
PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA - ILEGALIDADE NÃO
VERIFICADA. A incompetência territorial constituiu nulidade relativa,
exigindo-se arguição em tempo oportuno e modo adequado, sob
pena de preclusão e prorrogação, sendo necessária, ainda, a
demonstração de prejuízo ao acusado em razão da alegada
incompetência do julgador. (TJMG - Habeas Corpus Criminal
1.0000.23.015025-2/000, Relator(a): Des.(a) José Luiz de Moura
Faleiros , 1ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 07/03/2023,
publicação da súmula em 08/03/2023)

Dessa forma, vencido o prazo para alegação, não poderá ser reformada a decisão
proferida em juízo incompetente, sendo assim válida. Reiterando que, isso só ocorre por se
tratar de nulidade relativa que não prejudica a cognição exauriente do processo. Em caso de
nulidade absoluta, permanece o entendimento de que é nulo tudo posterior a ela.

2- "ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA E DESCLASSIFICAÇÃO":

CONTEÚDO: Discorrer sobre "Decisões da 1ª Fase do Procedimento do Júri",


especificamente sobre "Absolvição Sumária" e "Desclassificação", falando
principalmente sobre os seguintes tópicos: - Definição/Hipóteses; - Conteúdo; Exigência;
Natureza Jurídica; Trânsito em Julgado; Crimes Conexos; Recursos e demais tópicos
abordados em sala de aula sobre cada uma dessas espécies de Decisões, mencionando os
dispositivos legais pertinentes a cada tópico, abordando, no mais, tudo o que achar
necessário sobre o tema, tecendo comentários e fazendo eventuais análises críticas
que se fizerem necessárias. Vale 50 (cinquenta) pontos.

As decisões da 1ª fase do Procedimento do júri consistem em 4 hipóteses, todas


prevista no CPP, são elas: a pronúncia, art.413; a impronúncia art.414; a absolvição
sumária, art.415; e a desclassificação, prevista no art. 419. Atendendo ao horizonte
delimitado, passarei a análise da Absolvição Sumária e da Desclassificação
respectivamente.

Guilherme de S. Nucci (2023) em seu livro “Curso de Direito Processual Penal”, 20ª
edição, pág. 863, conceitua absolvição sumária como a decisão de mérito que coloca fim ao
processo, julgando inocente o réu, encerrando a pretensão punitiva do Estado. o autor
também elucida que a absolvição sumária exige certeza, pois acaso ela não exista o júri é o
juízo competente para deliberar sobre o tema. Sendo assim, o art. 415 do cpp indica as
hipóteses legais de tal decisão, são elas em seus respectivos incisos: (I) a prova da
inexistência do fato; (II) provado não ser ele autor ou partícipe do fato; (III) o fato não
constituir infração penal; (IV) demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do
crime.

Absolvição sumária : EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO -


DECISÃO DE PRONÚNCIA - HOMICÍDIO QUALIFICADO - ART.
121, §2°, INCISOS II, III E IV, DO CP - PRELIMINAR - CARÊNCIA
DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO - INOCORRÊNCIA -
PREFACIAL REJEITADA - PROVA DA MATERIALIDADE DELITIVA -
INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA - ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA -
LEGÍTIMA DEFESA - NÃO CABIMENTO - AUSÊNCIA DE PROVAS
CABAIS DE OCORRÊNCIA DA JUSTIFICANTE - ELEMENTOS QUE
CORROBORAM A TESE DE PRESENÇA DE ANIMUS NECANDI -
MANUTENÇÃO DA DECISÃO DE PRONÚNCIA - RECURSO NÃO
PROVIDO.
- Não há que se falar em carência de fundamentação da decisão
combatida se esta deixou devidamente consignadas as razões de
fato e de direito que ensejaram o juízo de pronúncia do recorrente.
- A decisão de pronúncia é baseada apenas na prova da
materialidade do fato e na existência de indícios suficientes de
autoria ou de participação, atento ao disposto no art. 413 do Código
de Processo Penal.
- Se há real indício de autoria e prova da materialidade, outro
não poderia ser o caminho senão a admissibilidade do
julgamento pelo Tribunal do Júri, pois, ainda que existissem
outros elementos nos autos a suscitar eventual dúvida, a
pronúncia se imporia como medida jurídica salutar, em respeito
ao princípio in dubio pro societate.
- Não há que se falar em absolvição sumária sob o amparo de
excludente de ilicitude fundada em legítima defesa se esta não
restou cabalmente evidenciada nos autos, pois, nesta fase
processual, não se admite análise aprofundada acerca do mérito
do delito atribuído ao acusado, sob pena de se exercer
indevidamente a competência soberana do Conselho de
Sentença. (TJMG - Rec em Sentido Estrito
1.0116.12.002237-5/001, Relator(a): Des.(a) Jaubert Carneiro Jaques
, 6ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 06/07/2021, publicação da
súmula em 16/07/2021)

Nesse sentido, a decisão proferida pelo juiz absolvendo sumariamente o réu tem
natureza jurídica de decisão definitiva de mérito, pois extingue o processo penal através de
sentença. Dessa forma o trânsito em julgado da referida sentença faz coisa julgada formal e
material. Isto pois, simultaneamente, tutela a pretensão trazida à provocação do Estado e
extingue o processo

Não obstante, há a necessidade de se tratar dos crimes conexos, previstos nos arts.
81, P.ún. c/c art. 384 do cpp. A combinação dos artigos mencionados obrigam o juiz, no caso
do Júri, a remeter o processo ao juiz competente acaso decida pela desclassificação ou
absolvição. O detalhe a ser tratado encontra-se na manutenção de sua conexão, ou seja, o
Júri continuará competente quanto aos demais processos, devendo o juiz do Júri analisar o
caso para manter ou remeter o processo ao juiz competente. Encerrada a instrução
probatória, é livre o Ministério Público para aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 05
(cinco) dias, sob pena de desclassificação ou de arquivamento do caso se assim entender o
juiz por tipo penal diferente do qualificado ou pela inexistência do ato criminoso.

Por fim, em se tratando de recurso frente à absolvição sumária, temos duas hipóteses: a
primeira, Apelação, prevista no artigo 416 do CPP; já a segunda, trata-se do recurso de
ofício, prevista no artigo 574, II, do mesmo diploma legal. Segue entendimento
jurisprudencial:

EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - CRIME DE


HOMICÍDIO SIMPLES TENTADO - PRONÚNCIA - PROVA DA
MATERIALIDADE E INDÍCIOS DA AUTORIA - TESE DA LEGÍTIMA
DEFESA AFASTADA - INVIABILIDADE DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
- DESCLASSIFICAÇAO DA IMPUTAÇÃO PARA CRIME DIVERSO
DAQUELES DOLOSOS CONTRA A VIDA - CABIMENTO -
CONJUNTO PROBATÓRIO QUE AUTORIZA EXCLUIR, DE PLANO,
O "ANIMUS NECANDI" - REMESSA AO JUÍZO COMPETENTE -
NECESSIDADE - RECURSO PROVIDO EM PARTE. - Na fase da
pronúncia ("iudicium accusationis"), reconhecida a materialidade do
delito, qualquer questionamento ou ambiguidade faz incidir a regra
do brocardo "in dubio pro societate", sob pena de violar a
competência do Tribunal do Júri. Logo, inexistindo prova cabal de
que o réu agiu sob o amparo da alegada legítima defesa, incabível é
absolvê-lo sumariamente. - Nos termos do art. 419 do Código de
Processo Penal, detectada, de plano, a ausência de provas
mínimas que indiquem ter o réu agido com "animus necandi",
deve ser procedida à desclassificação da imputação para crime
diverso daqueles dolosos contra a vida, previstos no §1º do art.
74 do referido diploma legal, com a devida remessa dos autos ao
juízo competente. (TJMG - Rec em Sentido Estrito
1.0433.18.013824-3/001, Relator(a): Des.(a) Catta Preta , 2ª
CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 23/02/2023, publicação da
súmula em 28/02/2023)

Em atenção à desclassificação, temos que seu conceito e hipóteses estão atrelados


ao art. 419 do cpp. Conforme já explanado acima, caso o juiz entenda diferentemente da
acusação em relação ao tipo penal aplicado ela utilizará da ferramenta de desclassificação
podendo remeter os autos ao juiz competente, tendo este à sua disposição o acusado preso.
Tal decisão possui natureza jurídica de Decisão Interlocutória Mista Não Terminativa, pois
não põe fim à matéria, mas somente ao processo. Nessa feita, o trânsito em julgado da ação
afeta somente o aspecto processual da lide, tendo-se em vista que a matéria poderá ser
discutida em outro juízo.

Proferida a sentença, entendendo-se diferentemente do juiz que a prolatou, abre-se


prazo para o RESE (Recurso em Sentido Estrito) conforme previsão do inciso II do artigo
581, II do cpp. Tendo o juiz desclassificado o crime é notório sua obrigação de remeter os
autos ao juiz competente, conforme já mencionado, nesse ponto atua o inciso II.

Referências Bibliográficas:
BRASIL. Código de Processo Penal. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm. Acesso em: 14
maio de 2023.

BRASIL. Código Penal. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de novembro de 1940. Disponível em:


https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em:14 de
maio de 2023.

Constituição Federal do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em:17 de maio de
2023.

NUCCI, Guilherme de S. Curso de Direito Processual Penal. Grupo GEN, 2023, 20º Ed.
E-book.ISBN 9786559643691. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559643691/. Acesso em: 14 de maio
2023.

Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Pesquisa de jurisprudência. Disponível em:


https://www.tjmg.jus.br/portal-tjmg/. Acesso em: 17 de maio de 2023.

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