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AULA 7 PROCEDIMENTOS PENAIS ORDINÁRIO, SUMÁRIO E SUMARÍSSIMO

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PROCEDIMENTOS PENAIS: ORDINÁRIO, SUMÁRIO E SUMARÍSSIMO

Os procedimentos são bastante diversificados, o Código de Processo Penal não é


sistemático como o Código de Processo Civil. Tanto é que algumas leis processuais
penais especiais carregam em seu bojo procedimentos em conformidade com o delito.

Processo é diferente de procedimento = Este é a sucessão de atos realizados nos


termos do que preconiza a legislação, aquele se caracteriza por ser o conjunto, isto é, a
concatenação dos atos procedimentais.

a) “Procedimento Comum é regra, e pode ser dividido em:

i. Ordinário;

ii. Sumário;

iii. Sumaríssimo (juizados especiais criminais);

b) Procedimento Especial;”

F Em regra, será aplicado em todos os processos, o procedimento comum ordinário,


salvo disposição em contrário no Código de Processo Penal ou em lei especial. No tocante
aos procedimentos especiais, comum sumário ou comum sumaríssimo, o §5°, do art. 394,
estatui que a eles serão aplicadas, subsidiariamente, a disciplina do procedimento comum
ordinário.

è O procedimento comum é dividido em:

a) “Ordinário – quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou
superior a 4 anos de privativa de liberdade;

b) Sumário – quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a
4 anos de pena privativa de liberdade;

c) Sumaríssimo – para as infrações penais de menor potencial ofensivo (em regra são
aquelas cuja pena máxima abstrata não excede 2 anos, além das contravenções penais
comuns.”

F Já no âmbito do procedimento especial, estarão inseridos todos os ritos que tenham


regramento próprio, peculiar, diverso das três categorias apontadas, sejam previstos no
Código de Processo Penal, sejam em outros diplomas processuais penais (§2°, art. 394,
CPP).

Para aferição do tipo de procedimento se leva em conta a pena privativa de liberdade,


sendo indiferente a multa, para constatação do rito em regra, mas não é só o fato de se
verificar a pena privativa de liberdade máxima cominada no tipo para se instituir o rito
comum, deve haver outras indagações para verificar o rito a ser seguido.

è PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

F Procedimento será ordinário quando a pena máxima em abstrato do crime cometido for
maior ou igual a 4 anos.
F Diz o art. 394, CPP: O procedimento será comum ou especial.

Este procedimento se inicia com a denúncia do réu (ação penal pública), ou com a queixa-
crime (ação penal privada).

Neste procedimento as partes poderão arrolar até 8 testemunhas.

F Após oferecida a denúncia ou a queixa-crime, os autos irão para conclusão e o juiz


poderá tomar uma de duas decisões:

F - Receber a denúncia/queixa-crime

- Este recebimento se dará apenas se a peça inicial cumprir com os requisitos do artigo 41,
ou seja, houver indícios de autoria e materialidade do crime.

- Para esta decisão não cabe recurso, porém poderá haver eventual Habeas Corpus.

F - Rejeição (395)

- O juiz rejeitará a peça inicial caso esta seja inepta, falte condição ou pressuposto
processual ou haja falta de justa causa.

- Para esta decisão cabe Recurso em sentido estrito (RESE)

Desconsideremos a rejeição por hora. Recebida a denúncia/queixa, o réu será citado no


mesmo despacho em que o juiz realiza e comunica o recebimento.

F Após citado, o réu irá dispor de 10 dias para apresentar a sua resposta à acusação
= RA

A resposta a acusação é uma "prima" da contestação do processo cível, é a oportunidade


que a defesa tem de apresentar todas as teses pertinentes à defesa do acusado.

F O prazo para resposta começa a fluir da data em que o acusado é citado. No entanto,
caso tenha sido citado por edital (por não ter sido encontrado), o prazo só começa a fluir
da data em que o réu ou seu defensor comparecer, eis que havendo a citação por edital, e
não comparecendo o réu e não constituindo defensor, suspende-se tanto o processo
quanto o curso do prazo prescricional.

F É na resposta à acusação é a grande arma em favor do acusado que poderá alegar


tudo quanto for a seu favor.

Diz o art. 396-A, do CPP: Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar
tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar
as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua
intimação, quando necessário.

F Caso o acusado apresente alguma Exceção (de suspeição, impedimento, etc.), esta
será autuada em apartado (fora dos autos do processo principal), nos termos do art. 396-
A, § 1º, do CPP.

F Não apresentando resposta nem constituindo defensor, o Juiz nomeará defensor ao


acusado, na forma do § 2º do art. 396-A, CPP: Não apresentada a resposta no prazo
legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para
oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.

Portanto a resposta à acusação é uma peça jurídica obrigatória em todo o processo


criminal, não podendo ser dispensada.

Além disso, se mesmo tendo o acusado constituído advogado este não apresentar a
defesa, o Juiz deverá, de ofício, remeter os autos à Defensoria Pública (se houver na
localidade).

F Se não houver, deverá nomear um defensor dativo para que apresente a defesa em
favor do acusado.

O STF possui entendimento sumulado no sentido de que a ausência de defesa técnica é


causa de nulidade absoluta: Súmula 523, do STF: No processo penal, a falta de defesa
constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de
prejuízo para o réu.

F Em havendo constatação da existência de uma defesa deficiente o Juiz poderá, de


ofício, intimar o acusado para que constitua um novo advogado ou nomear um novo
defensor dativo.

F Na resposta a acusação o advogado poderá levantar três tipos de teses, que levaram
a três tipos diferentes de pedidos, quais sejam

- preliminar – levantam-se questões de nulidade processual.

- mérito – tese que tentará convencer o juiz a conceder a absolvição sumária do réu (art.
397 – julgamento antecipado da lide a favor do réu)

- tese subsidiária – Se, eventualmente, o juiz recusar as duas primeiras teses, poderá o
advogado, sem prejuízo, alegar circunstâncias que visem melhorar a condição do réu caso
este venha a ser condenado.

F Como na denúncia/queixa o MP/querelante podem arrolar suas testemunhas, este é o


momento em que a defesa poderá realizar o arrolamento de suas testemunha.

F O processo volta a conclusão para que o juiz aprecie os pedidos, podendo ocorrer uma
de três hipóteses diferentes:

- Diante de novo juízo de admissibilidade, com uma nova cognição poderá rejeitar a
denúncia (art. 395 do CPP);
- Determinar a absolvição sumária do réu (art. 397 do CPP); ou

- Designar a data de audiência de instrução e julgamento (art. 399 do CPP).

è PRAZO PARA REALIZAR AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

Diz o art. 400, do CPP: na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no


prazo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à
inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem,
ressalvado o disposto no art. 222, deste Código, bem como aos esclarecimentos dos
peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em
seguida, o acusado.

F O art. 222, do CPP trata de hipótese de testemunha que reside fora da jurisdição do
Juiz. Neste caso, deverá ser ouvida mediante carta precatória e rogatória.

F Art. 401, do CPP: Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas
arroladas pela acusação e 8 (oito) pela defesa.

Há exceções prescritas em lei:

- número de acusados for alto;

- causa complexa; ou

- deferida diligência complementar.

F Diz o art. 402, do CPP: Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério


Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer
diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na
instrução.

Não havendo requerimento de diligências, ou, tendo havido, após a realização destas ou o
seu indeferimento, entra-se na fase das alegações finais.

F Atualmente a regra é a de que as alegações finais sejam feitas oralmente,


concedendo-se prazo de 20 minutos para a acusação e para a defesa, prorrogáveis
por mais 10 minutos.
Ao final desse momento, o Juiz deverá proferir a sentença:

F Diz o art. 403, do CPP: Não havendo requerimento de diligências, ou sendo


indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos,
respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez),
proferindo o juiz, a seguir, sentença.

No entanto, embora esta seja a regra, o CPP permite que, sendo o caso muito complexo
(ou em razão do número excessivo de acusados), o Juiz autorize às partes
apresentarem as alegações por escrito, no prazo de cinco dias (MEMORIAIS) findo o
qual o Juiz deverá proferir a sentença, no prazo de dez dias.

F As alegações finais serão apresentadas por escrito, ainda, quando houver de ser
realizada alguma diligência, pois, nesse caso, é impossível apresentar as alegações finais
oralmente na audiência, já que ainda há uma instrutória em andamento

Procedimento Sumário (artigos 531 a 536, CPP)

Procedimento sumário penal - Lei 11.719/08

Procedimento adotado quando a sanção máxima cominada ao crime for inferior a 4


(quatro) anos de pena privativa de liberdade.

Conforme estabelece o artigo 394, §1º, inciso II, do CPP, o procedimento sumário será
adotado quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for inferior a 4
(quatro) anos de pena privativa de liberdade. O § 5° deste mesmo artigo prevê que
aplicam-se subsidiariamente a este procedimento as disposições do procedimento
ordinário.

1. Recebimento da denúncia ou queixa

Oferecida a denúncia ou a queixa, o juiz poderá recebê-la ou rejeitá-la liminarmente. Para


rejeitá-la deverá verificar um dos quesitos exigidos nos incisos do artigo 395, sendo estes:

 ser a denúncia manifestamente inepta;


 faltar algum pressuposto processual ou condição para exercício da ação penal; ou
 faltar justa causa para o exercício da ação penal.

Recebendo a denúncia ou queixa, o juiz deverá ordenar a citação do acusado para


responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 dias.

Sendo a citação realizada por edital, o prazo começará a fluir a partir do comparecimento
pessoal do acusado ou do defensor constituído.

Na resposta, o acusado irá arguir preliminares e alegar tudo que interessar à sua defesa,
assim como irá oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e
arrolar testemunhas, sendo no máximo 5, requerendo sua intimação quando
necessário. Não apresentando a resposta no prazo, o juiz deverá constituir um defensor
para que a ofereça em seu lugar e conceder vista dos autos por 10 dias.

2. Absolvição Sumária (julgamento antecipado pro reo)

O juiz absolverá sumariamente o acusado, conforme estabelece o artigo 397, após o


recebimento de sua resposta, quando verificar:

 existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;


 existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo
inimputabilidade;
 que o fato narrado evidentemente não constitui crime;
 extinta a punibilidade do agente.

3. Citação e Interrogatório

Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para audiência, ordenando a
intimação do acusado, de seu defensor, do MP e se for o caso, do querelante e do
assistente. No caso do acusado preso, deverá ser requisitado para comparecer ao
interrogatório e sua apresentação deverá ser providenciada pelo Poder Público.

O juiz que presidir a instrução deverá proferir a sentença, em decorrência do recém


adotado princípio da identidade do juiz no processo penal.

Embora haja certa discussão acerca da constitucionalidade do instituto, hoje é admitida a


citação por hora certa, que deverá ser observada quando o oficial de justiça perceber que
o réu está se ocultando dolosamente para não ser citado.

Com o novo procedimento, o processo inicia-se com a citação do acusado e não mais com
o recebimento da denúncia ou da queixa, como era observado anteriormente. Isto posto,
só pode falar em perempção do momento da citação em diante, e não mais antes dessa.

4. Audiência de Instrução e Julgamento

Deve ocorrer uma audiência una que abrangerá todas as etapas para a realização
completa da instrução e essa audiência deve ser realizada a tomada de declarações do
ofendido, se possível, à inquirição de testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa,
nessa ordem, com exceção das testemunhas que morarem fora da jurisdição do juiz que
deverão ser inquiridas pelo magistrado do lugar de sua residência, expedindo-se, para
esse fim, carta precatória com prazo razoável. Essa carta precatória não suspenderá a
instrução criminal. Findo o prazo estabelecido para o cumprimento da carta precatória
pode ser procedido o julgamento.

Nessa audiência também deverá proceder-se os esclarecimentos dos peritos, se as partes


assim requererem previamente, às acareações e o reconhecimento de pessoas e coisas,
interrogando-se, em seguida, o acusado e, por fim, procedendo-se os debates.

Todas as provas deverão ser produzidas nessa audiência, desde que o juiz as considere
relevantes, pertinentes e de possível apresentação imediata, ou seja, não protelatórias.
Nenhum ato deverá ser adiado, salvo quando imprescindível a prova faltante,
determinando o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer. Havendo ou não a
suspensão da audiência, a testemunha que comparecer será inquirida.
No debate serão oferecidas as alegações finais orais por 20 minutos, respectivamente,
pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 minutos. Se houver mais de um
acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. E o assistente do
MP, por sua vez, terá direito à manifestação por 10 minutos, após a manifestação do
primeiro, prorrogando-se por igual período o tempo da manifestação da defesa. Logo após
os debates o juiz proferirá sentença.

O juiz terá 30 dias para concluir o processo, independente de o réu estar solto ou preso.

5. Relatório

Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas
partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela apresentados. Sempre que
possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas
será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica
similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações. No caso
de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia do registro original,
sem necessidade de transcrição.

6. Ação Civil

A Lei nº 11.719/08 institui um parágrafo único no artigo 63 do CPP o qual prevê que
"transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo
valor fixado nos termos do inciso IV do caputdo art. 387 deste Código sem prejuízo da
liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido". Assim sendo permite ao juiz
criminal, ao sentenciar, que profira, além da decisão do mérito, uma condenação certa e
determinada e em parte líquida, que pode ser executada de plano pela vítima que sofreu o
dano e pretende reparação.

Diferenças do procedimento sumário e ordinário

Sumário:

 Pena máxima inferior a 4 anos;


 Prazo de 30 dias para conclusão do processo;
 Arrolamento de no máximo 5 testemunhas por parte;
 Não há previsão de requerimento de diligências e nem de
memoriais.

Ordinário:

 Pena máxima igual ou superior a 4 anos;


 Prazo de 60 dias para conclusão o processo;
 Arrolamento de no máximo 8 testemunhas por parte;
 Há previsão de requerimento de diligências e de memoriais.

Passo a passo ilustrado

Procedimento Sumaríssimo

Este é o procedimento adotado para o julgamento de infrações penais de menor potencial


ofensivo, ou seja, quais quer contravenções penais ou crimes cujas penas máximas em
abstrato não ultrapassem 2 anos e a competência para o julgamento destes é do Juizado
Especial Criminal (JECRIM)
Este procedimento não está previsto no Código de Processo Penal, mas sim na lei
9099/1995.

Suas diferenças com os outros procedimentos desde antes do surgimento da ação penal,
pois se o sujeito for preso em flagrante será lavrado um termo circunstanciado, ou se logo
após o crime comparecer imediatamente ao juizado e assinar termo de compromisso
informando que irá comparecer em audiência em data e local marcados, a este não será
imposta prisão nem se exigirá fiança.

Nesta primeira audiência haverá, primeiramente, uma tentativa de conciliação que poderá
ser de duas formar:

- Composição Civil: acordo entre vítima e acusado com a finalidade de se alcançar a


reparação do dano causado.

- Transação Penal: acordo entre o acusado e o MP onde se estabelece alguma pena


alternativa e, se o acusado cumprir o acordo, o MP deixará de propor ação penal. Porém,
caso o acusado não venha a cumprir o acordo, a situação inicial retornará e o MP irá dar
início a ação penal.

Caso seja infrutífera a conciliação será oferecida a denúncia, aqui feita de forma oral.
Neste procedimento o número de testemunhas não está estipulado em lei, sendo adotado
de modo geral até 5 testemunhas e em casos mais complexos pode vir a ser aceito até 8
testemunhas, há ainda correntes que dizem que por este ser um procedimento mais célere
o número máximo deva ser 3 testemunhas.

Oferecida a denúncia será designada audiência de instrução e julgamento, nesta audiência


una a defesa oferecerá sua defesa prévia, neste mesmo momento o juiz apreciará a
defesa, caso rejeite cabe recurso de apelação em 10 dias, se aceita, haverá a oitiva das
testemunhas, interrogatório, debates orais (20 minutos prorrogáveis por mais 10), neste
procedimento não há previsão legal para substituição dos debates por memoriais.

Dada a audiência o juiz proferirá sentença, recorrível através de recurso de apelação,


prazo de 10 dias, ou poderão ser oferecidos embargos de declaração no prazo de 5 dias.

§ 1º Nesse número não se compreendam as que não prestem compromisso e as referidas.

§ 2º A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas,


ressalvado o disposto no art. 209, deste Código.

A parte poderá desistir de inquirir qualquer de suas testemunhas, se o juiz fizer questão de
ouvi-la, pois o Juiz pode determinar a oitiva de testemunha que não tenha sido arrolada
pela parte.
As provas deverão ser sempre produzidas numa mesma audiência. Caso as partes
desejem algum esclarecimento dos peritos, deverão requerer esses esclarecimentos
previamente.

§ 1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as


consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.

§ 2º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes.

Após o momento de produção de provas, poderá o acusador (MP ou querelante), o


assistente de acusação e o acusado requerera realização de diligências, de forma a
esclarecer algum fato.

Desse modo, ao analisarmos os temas delineados acima, devemos fazer isso a luz do
princípio do devido processo legal, seja no seu aspecto formal (exige o respeito a um
conjunto de garantias processuais mínimas, como contraditório, juiz natural, a duração
razoável do processo e outras) e em sua dimensão substancial[2] (está ligada a ideia de
um processo legal justo e adequado, materialmente informado pelos princípios da justiça,
com base nos quais os juízes podem e devem analisar os requisitos intrínsecos da lei).

Observação: existe diversos procedimentos especiais no corpo do Código de Processo


Penal e até mesmo fora, então não serão abordados todos os procedimentos especiais
pelo fato de ser bastante extenso a sua variedade.

A resposta à inicial acusatória é peça obrigatória, dessa maneira, não é concebível que
não seja a resposta oferecida nos autos, razão pela qual o §2°, do art. 396-A, CPP, passou
a dispor que “não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não
constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferece-la, concedendo-lhe vista dos
autos por 10 dias. Quanto ao conteúdo, a resposta à inicial acusatória não tem similitude
com a defesa prévia antes regrada pelo CPP, que não tinha outra utilidade senão a de
apresentar o rol de testemunhas. Agora, o juiz tem autorizativo legal expresso para julgar
antecipadamente o mérito penal quando estiver comprovada situação fática ou jurídica que
autorize provimento que afaste o pedido condenatório (art. 397, CPP).

O que se percebe, claramente, é que a defesa tem a possibilidade de investir na


apresentação de todos os argumentos fáticos e jurídicos que militam em favor do
imputado, na expectativa de convencer o magistrado, ab initio, que a lide deve chegar ao
fim, com resolução do mérito, num julgamento antecipado favorável a defesa. Os cuidados
precisam ser redobrados, pois caso o magistrado não se convença acerca da viabilidade
da absolvição sumária, o processo irá prosseguir, sendo que o fator surpresa se perdeu,
pois a acusação já tem conhecimento de todas as teses que serão levantadas ao longo da
instrução, pois antecipadas na defesa preliminar. Portanto, como já assentado, que a
apresentação da defesa preliminar é obrigatória, contudo, a profundidade e abrangência
do seu conteúdo será definida estrategicamente pelo defensor, e nada impede, a depender
da conveniência do caso concreto, que ele opte por apresentar uma peça evasiva,
superficial, não havendo de se falar em prejuízo para a defesa.
2.1.1. Natureza Jurídica do recebimento da petição inicial: o recebimento da denúncia ou
da queixa não só deflagra o processo, mas também transforma até então quem era mero
suspeito em acusado, interrompe o prazo prescricional e fixa a prevenção. Nessa ótica,
acreditamos tratar-se de verdadeira decisão judicial interlocutória, a merecer
argumentação (art. 93, IX, CF88). Não é necessária fundamentação profunda, até para
que o magistrado não adentre prematuramente no mérito. Contudo, deve o juiz demonstrar
por que recebeu a inicial, e isso se deve quando ele se convence que os requisitos de
admissibilidade da demanda estão presentes (artigos 41 e 395 do CPP).

2.1.2. Interrogatório: renovação e momento processual

Realizado ao final da audiência de instrução e julgamento, a par das novas regras da lei n°
11.719/2008, o interrogatório observará ainda os artigos 185 e seguintes, do Código de
Processo Penal, com a redação dada pela lei n° 10.792/2003 e 11.900/09. Tratando-se do
interrogatório do acusado preso, admite-se a realização do ato no estabelecimento
prisional onde estiver recolhido, com as cautelas atinentes à segurança das pessoas que
participam da audiência, publicidade do ato, além da presença do defensor.

O acusado, além do seu direito de silenciar, tem a faculdade de não comparecer ao


interrogatório, realizado ao final da audiência de instrução. É de duvidosa
constitucionalidade a condução coercitiva, apesar da comum aceitação de tal medida no
âmbito doutrinário e jurisprudencial. O interrogatório está bem afirmado como meio de
defesa (apesar de reconhecermos sua natureza híbrida, de também ser meio de prova). A
ausência do réu ao ato não pode ser interpretada em seu prejuízo.

Questão importante diz respeito aos procedimentos especiais em que o interrogatório


figura como primeiro ato da instrução, a exemplo da lei n° 8.038/1990 e do Código
Eleitoral. Em entendimento do qual compartilhamos, a despeito da especialidade, tem
entendido o STF pela aplicabilidade da sistemática introduzida pela reforma processual,
deslocando-se o interrogatório para o último ato a ser realizado.

Todavia, caso o interrogatório já tenha ocorrido antes da vigência da lei n° 11.719/2008,


não é imperiosa sua nova realização, salvo se, no curso da instrução, advierem
conhecimento de fatos que não foram indagados do acusado. A compreensão do direito
processual penal deixa de se assentar na mera escolha da letra do Código, para enfatizar
um aspecto constitucional: o princípio do contraditório e da ampla defesa.

Aplicação do novo Código de Processo Civil por analogia

Com a nova roupagem procedimental, o princípio da oralidade ganha destaque, com forte
apego à palavra falada, notadamente quando se conclui que os debates orais passam a
ser regra, e os memoriais exceção. Ademais, o princípio da concentração também irriga o
procedimento, já que os atos de instrução estarão concentrados numa só audiência.
Enxergamos a possibilidade de a audiência ser desmembrada, notadamente pelo elevado
número de pessoas a serem ouvidas, o que pode inviabilizar o ato em um só dia. Podemos
invocar, por analogia, o art. 348 do CPP, que trata da mutatio libelli, onde, havendo o
aditamento da denúncia e posterior manifestação defensiva, o juiz designará dia para a
continuação da audiência que tinha sido interrompida (§2°). Tem-se ainda o princípio da
imediatidade, onde a instrução probatória irá tramitar perante o juiz que preside o feito, já
que é ele quem vai proferir decisão (princípio da imediatidade física do julgador). Em boa
hora foi consagrado o princípio da identidade física, que já era assimilado no processo civil
(art. 132 do CPC). O magistrado que preside a instrução é aquele que vai decidir, pois
conhece o manancial probatório e por sua vez, o réu a ser julgado. Nada impede que a
regra seja excepcionada, como por afastamento, licença, aposentadoria, dentre outros
motivos (analogia ao art. 132 do CPC)[3].

O novo CPC, em seu artigo 366, trouxe regra, aplicável por analogia, com redação que
autoriza concluir pela existência desse princípio (identidade física). A ideia é a de que o
feito seja julgado pelo juiz que conduziu a instrução, só excepcionando a regra quando
diante de afastamentos legais duradouros. Sendo o caso de afastamento temporário e de
curta duração do magistrado, não estará configurada situação apta a obrigar que o juiz que
o substitui nesse interregno profira a sentença. A contrário sensu, também não lhe será
permitido, nesse breve tempo de afastamento, preferir sentença no feito que não instruiu,
mormente porque o titular do feito não estará, a rigor, incurso nas condições suficientes
que permite a substituição (juiz licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou
aposentado).

Também é perfeitamente possível, não havendo ofensa ao princípio, a realização de atos


por precatória, como a oitiva de testemunhas, e o próprio interrogatório do réu. Pensar de
outra forma é inviabilizar, em algumas situações, a própria instrução. Entretanto, como o
interrogatório é eminentemente de defesa, tendo sido deslocado para o final da instrução,
ao ser realizado por precatória, o adequado é que a audiência de instrução já tenha sido
realizada, até para que o réu tenha conhecimento do manancial probatório que foi
produzido em audiência.

O juízo deprecante deve se empenhar no sentido de que a audiência de instrução seja


realizada antes do interrogatório do acusado, informado, inclusive, sua data ao juízo
deprecado, para que esse, de sua parte, vele para que o ato ocorra após a audiência. A
sentença, obviamente, não será proferida em audiência, porquanto a carta precatória, a
essa altura, ainda não terá sido devolvida, cumprindo ao juiz, por consequência, aplicar o
art. 493 §4°, juntando-se os memoriais das partes e proferindo-se a sentença. Só assim, a
nosso juízo, se atenderá a ratio legis[4].

Procedimentos Especiais

São muitos os procedimentos especiais previstos nas leis processuais penais e no próprio
Código de Processo Penal. Alguns ritos são tratados como especiais, por exemplo,
quando se distinguem apenas por uma fase preliminar, que antecede o recebimento da
denúncia, ou a partir do prazo concedido para as alegações finais. A diferença, por vezes
é tênue. Em outros casos, é verificada uma distinção em virtude de tramitar o processo em
órgão colegiado.

O intérprete deve estar atento para a multiplicidade de ritos e mesmo para sobreposição
de enunciados normativos que demandarão compreensão hermenêutica com vistas a
evitar alegação de nulidade ou mesmo de trazer prejuízo para as partes. O procedimento
envolve, não raras vezes, questões sobre competência e critérios relativos ao sujeito
passivo ou ao tipo de crime.
Malgrado seja muitos os procedimentos especiais, não iremos abordar nesse artigo
científico toda gama, devido ser bastante amplo o rol de procedimentos, e a análise ser
totalmente analítica.

3.1. Crimes afiançáveis imputados a funcionário público

Aplica-se a crimes cometidos por funcionário público, que não tenha prerrogativa inerente
à função ou ao cargo que exerce, sendo a competência para julgamento do juiz de
primeiro grau. A denúncia ou queixa deve vir instruída com a documentação que confira
lastro probatório mínimo à acusação, ou seja, “com documentos ou justificação que façam
presumir a existência do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade de
apresentação de qualquer dessas provas” (art. 513, CPP).

A especialidade do rito aparecerá quando o crime imputado a funcionário público for


afiançável. Com a lei n° 12.403/2011 passou a ser afiançável todos os crimes, salvo
quando houver vedação ou impedimento legal.

Em situação de crime afiançável imputado a funcionário público, o juiz, mandando autuar a


denúncia ou queixa que esteja em sua devida forma, determinará a notificação do
funcionário acusado para responder por escrito, no prazo de 15 dias, à imputação que lhe
é feita. Essa resposta do agente antecede o recebimento da peça acusatória. Cuida-se de
uma resposta prévia, semelhante a uma contestação, onde o funcionário poderá alegar
matéria preliminar e de mérito que tenham o condão de sucedânea a rejeição da denúncia
ou da queixa, fazendo anexar documentos e justificações. Daí que o juiz – se se
convencer dos argumentos do acusado ou de seu defensor concernentes à inexistência do
crime ou à improcedência do pedido condenatório – poderá rejeitar a queixa ou denúncia,
fundamentadamente com base no art. 395 do CPP.

O procedimento especial previsto nos artigos 513 a 518 do Código de Processo Penal só
se aplica aos delitos funcionais típicos, descritos nos artigos 312 a 326 do Código Penal,
nesse sentido:

“CRIME DA LEI DE LICITAÇÕES (ARTIGO 90 DA LEI 8.666/1993). RECEBIMENTO DA


DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE DEFESA
PRELIMINAR. ARTIGO 514 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. VIOLAÇÃO.
INOCORRÊNCIA. DELITO QUE NÃO SE QUALIFICA COMO FUNCIONAL.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. DESPROVIMENTO DO RECURSO.
1. O procedimento especial previsto nos artigos 513 a 518 do Código de Processo Penal
só se aplica aos delitos funcionais típicos, descritos nos artigos 312 a 326 do Código
Penal. Precedentes. 2. No caso dos autos, os recorrentes foram denunciados pelo crime
de fraude à licitação, o que afasta a incidência do artigo 514 do Estatuto Processual. 3.
Recurso improvido.” (STJ – RHC: 37309 PE 2013/0123364-3, Relator: Ministro JORGE
MUSSI, Data de Julgamento: 03/09/2013, T5 – QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe
17/09/2013)

E também, o STF:

“Agravo regimental em recurso ordinário em habeas corpus. 2. Divulgação de fatos


inverídicos e difamação eleitoral (arts. 323 e 325 do Código Eleitoral). Denúncia. 3.
Pretensão de nulidade do processo. Inviabilidade. O rito especial previsto nos arts. 513 e
seguintes do CPP somente se aplica quando a ação penal versar sobre a prática de
crimes funcionais típicos, em que a condição de servidor público é elemento essencial do
tipo penal. As condutas imputadas à recorrente não constituem crimes funcionais típicos,
afastando o procedimento específico. 4. Recurso ordinário interposto em face de acórdão
proferido pelo TSE em sede de recurso ordinário em habeas corpus. Impossibilidade.
Inaplicabilidade do princípio da fungibilidade em razão de erro grosseiro. 5. Ausência de
argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. Mesmo que a petição fosse
conhecida como habeas corpus, não seria caso de concessão da ordem de ofício. 6.
Agravo regimental a que se nega provimento”. (STF – RHC: 120363 RJ, Relator: Min.
GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 25/02/2014, Segunda Turma, Data de
Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-054 DIVULG 18-03-2014 PUBLIC 19-03-2014)

Peculiaridades:

a) Obrigatoriedade da defesa preliminar: como se dessume do texto legal (art. 514 do


CPP), a apresentação da defesa preliminar é mera faculdade, sendo estratégia a ser
utilizada ou não pela defesa. Contudo, a notificação para a sua apresentação é obrigatória,
sob pena de nulidade.

b) Capacidade Postulatória: a defesa preliminar, como peça facultativa, pode ser


apresentada pelo próprio denunciado ou por seu advogado. É o ato que não exige
capacidade postulatória. Se o funcionário público não for encontrado para ser notificado,
ou estando fora da jurisdição, ser-lhe-á nomeado defensor para a prática do ato. Desta
forma, não há expedição de precatória nem notificação por edital. Não sendo encontrado o
funcionário para ser notificado pessoalmente, e imprimidos esforços neste sentido,
nomeia-se advogado dativo.

c) Perda da condição de funcionário público: não mais terá direito à defesa preliminar.
Este fato deve ser constatado na fase procedimental adequada, quando o magistrado for
determinar a notificação para o ato.

d) Concurso de infratores e de infrações: havendo mais de um réu, a defesa preliminar


só será oportunizada àqueles que estejam na condição de funcionário público. Por seu
turno, havendo concurso de crimes, sendo um funcional e outro não funcional,
entendemos que deve haver notificação para defesa preliminar em face de ambos os
delitos, e o procedimento mais amplo e especial abrangeria até mesmo o delito não
funcional, ampliando-se a esfera defensiva[8]. Para o STF no caso de concurso de
infrações, não deve haver defesa preliminar para nenhuma delas, suprimindo-se a
especialidade do procedimento[9].

e) Efeitos da rejeição da inicial: a depender dos elementos trazidos na defesa preliminar,


a rejeição da inicial acusatória terá o status de decisão definitiva, fazendo coisa julgada
material.
Desentranhar do processo:

1°) Remessa e distribuição do inquérito policial ao judiciário;

2°) Oferecimento da inicial acusatória;

3°) Notificação para defesa preliminar, a ser apresentada em 15 dias;

4°) Rejeição ou recebimento da inicial, seguindo-se neste último caso o procedimento


comum ordinário.

3.2. Crimes contra a honra

Boa parte dos crimes contra a honra é regida pela lei dos juizados especiais. Com a
promulgação da lei n° 10.259/2001, que instituiu os juizados especiais federais, a doutrina
e a jurisprudência majoritária passaram a entender que a definição de delito de menor
potencial ofensivo é baseada, exclusivamente, no quantitativo máximo da pena em
abstrato, não excepcionando mais a especialidade do rito, como antes fazia a lei n°
9.099/1995, em seu art.61, alterado pela lei n° 11.343/2006. O que levou à consolidação
dessa posição foi a noção de isonomia, de status constitucional. Dessa forma, quase todos
os delitos contra a honra passaram a ser processados perante o juizado especial criminal
federal ou estadual, à exceção, por exemplo:

1) Dos crimes eleitorais, onde não se tem um juizado especial eleitoral e há um rito
próprio das leis eleitorais;

2) Dos crimes militares, com previsão no Código de Processo Penal Militar;

3) Dos crimes contra honra perpetrados por agente com prerrogativa de função, cujo
processo tem rito próprio estatuído em disciplina normativa específica;

4) Se o fato, em razão da sua complexidade, não permitir o oferecimento da inicial nos


juizados; e
5) Havendo necessidade de citação por edital, por ser incompatível com o rito
sumaríssimo;

O procedimento especial para os crimes contra a honra sobejou, pois, de maneira restrita,
já que a regra é que tais infrações sejam processadas no seio dos juizados especiais.

Julgados:

“DECISÃO: ACORDAM os Magistrados integrantes da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de


Justiça do Estado do Paraná, à unanimidade, em dar parcial provimento ao recurso.
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIMES CONTRA A HONRA. PLEITO
PARA QUE SE ADOTE O RITO SUMÁRIO ANTE A APLICABILIDADE DA LEI MARIA DA
PENHA (LEI Nº 11.340/2006). DESCABIMENTO.CRIME CONTRA A HONRA EM QUE SE
APLICA O PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO. DECISÃO QUE JULGOU EXTINTA A
PUNIBILIDADE ESTATAL PELA PEREMPÇÃO, ANTE O NÃO COMPARECIMENTO DA
QUERELANTE EM AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO DO ART. 520 DO CPP. EQUÍVOCO
JUDICIAL. PRESENÇA A TAL ATO NÃO OBRIGATÓRIA. RELAÇÃO PROCESSUAL QUE
NÃO FOI FORMADA. DECISÃO QUE DEVE SER ANULADA, DEVENDO O FEITO TER
NORMAL PROSSEGUIMENTO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1.Tratando-se
de crime contra a honra, irrefragável que o rito processual a ser seguido é o comum
ordinário. 2.A audiência prevista no artigo 520 do Código de Processo Penal não obriga a
presença das partes.I.” (TJPR – 2ª C.Criminal – RSE – 1291361-4 – Foz do Iguaçu – Rel.:
José Mauricio Pinto de Almeida – Unânime – – J. 26.02.2015) (TJ-PR – RSE: 12913614
PR 1291361-4 (Acórdão), Relator: José Mauricio Pinto de Almeida, Data de Julgamento:
26/02/2015, 2ª Câmara Criminal, Data de Publicação: DJ: 1526 16/03/2015)

Sequência:

a) Remessa e distribuição do inquérito policial ou do TCO ao judiciário;

b) Oferecimento da inicial acusatória;

c) Audiência de conciliação (crimes de ação privada);

d) Recebimento ou rejeição da denúncia ou queixa-crime;


e) Citação;

f) Defesa preliminar e eventual exceção de verdade;

g) Contestação: em dois dias, podendo-se alterar ou complementar o rol de


testemunhas;

h) Julgamento de exceção de verdade e possibilidade de absolvição sumária;

i) Segue-se os demais termos do procedimento comum sumário;

3.3. Procedimento para os crimes contra a propriedade imaterial

O rito para os crimes contra a propriedade imaterial está disposto nos artigos 524 a 530-I,
CPP. Nota-se uma especial preocupação legislativa nessa esfera, mormente em face da
ampliação da disciplina normativa e do agravamento das penas dos crimes de pirataria
(“crimes contra a propriedade intelectual”), dado pela lei n°10.695/2003, que expressou
que esse procedimento também é aplicável aos processos iniciados mediante queixa (art.
530-A CPP), assim como previu expressamente que “as associações de titulares de
direitos de autor e os que lhes são conexos poderão, em seu próprio nome, funcionar
como assistente da acusação nos crimes previstos no art. 184 do Código de Penal”
(violação de direito autoral), “quando praticado em detrimento de qualquer de seus
associados” (art. 530, H, CPP).

Observe que o prazo decadencial para o início da ação penal privada por crime contra a
propriedade imaterial que deixe vestígios é peculiar. É assim que o art. 529, CPP, estatui
que não será admissível queixa-crime, com fundamento em apreensão e em perícia,
depois de transcorridos 30 dias da homologação do laudo. Tem prevalecido o
entendimento que a previsão do procedimento especial deve ser compatibilizada com a
regra geral para a propositura da ação privada, que é de 6 meses, contados do
conhecimento da autoria da infração. Desta forma, conhecido o infrator, é deflagrado o
prazo decadencial de 6 meses. Ficando pronto o laudo, com a respectiva homologação,
terá então a vítima no máximo 30 dias para deflagrar a ação.

O laudo pericial dos objetos que constituam o corpo de delito deve acompanhar a
denúncia ou a queixa que narra crime contra a propriedade imaterial sempre que a
infração for daquelas que deixem vestígios, sendo o laudo verdadeira condição de
procedibilidade sem a qual a inicial não será recebida (art. 525, CPP). Isso equivale dizer
que, se o crime não deixar vestígios, a exigência do laudo será despropositada[10].
A materialidade delitiva é, pois, indispensável para tornar possível o recebimento da
denúncia ou da queixa, nos delitos não transeuntes (que deixam vestígios). Para tanto,
poderá ser requerida busca e apreensão dos objetos relacionados com o crime, quando
não tiver sido o caso de apreensão pela autoridade policial. Para a realização dessa
diligência, o juiz nomeará 2 peritos com a incumbência de verificarem “a existência de
fundamento para a apreensão, e quer esta se realize, quer não, o laudo pericial será
apresentado dentro de 3 dias após o encerramento da diligência (art.527, caput, CPP). É
de ver que “o requerente da diligência poderá impugnar o laudo contrário à apreensão, e o
juiz ordenará que esta se efetue, se reconhecer a improcedência das razões aduzidas
pelos peritos” (parágrafo único, art. 527 CPP). Uma vez encerradas as diligências, os
autos de busca e apreensão serão conclusos para fins de homologação do laudo (art. 28
do CPP). Em razão da alteração propugnada no art. 159 do CPP pela lei n° 11.690/2008, o
perito oficial, atuará sozinho, não sendo mais necessária a participação de 2 experts.

Por fim, o art. 530-G, CPP, explicita que o juiz, ao proferir “sentença condenatória, poderá
determinar a destruição dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos e o perdimento
dos equipamentos apreendidos”, quando se destinem precipuamente “à produção e
reprodução dos bens, em favor da Fazenda Nacional, que deverá destruí-los ou doá-los
aos Estados, Municípios e Distrito Federal, a instituições públicas de ensino e pesquisa ou
de assistência social”, como também “incorporá-los, por economia ou interesse público, ao
patrimônio da União, que não poderão retorná-los aos canais de comércio”.

Julgados:

“APELAÇÃO. CRIME CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL. PROCEDIMENTO


PREPARATÓRIO PARA AJUIZAMENTO DE AÇÃO PENAL PRIVADA. BUSCA E
APREENSÃO. 1. LAUDO PERICIAL. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Apreendido o maquinário da
empresa requerida, o laudo respectivo foi confeccionado por dois peritos da confiança do
juízo, acompanhados pelas partes durante as diligências respectivas. Em que pese, na
conclusão, tivessem extrapolado suas atribuições, sugerindo ao magistrado a destruição
dos bens ou venda para reciclagem com entrega do produto a entidades assistenciais, não
se observa imparcialidade ou intenção de… (TJ-RS – ACR: 70035765619 RS, Relator:
Fabianne Breton Baisch, Data de Julgamento: 06/04/2011, Oitava Câmara Criminal, Data
de Publicação: Diário da Justiça do dia 30/06/2011)

“VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL – IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL – CRIME


CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL – COMERCIALIZAÇÃO DE CD's E DVD's
FALSIFICADOS – DELITO CARACTERIZADO – ABSOLVIÇÃO – IMPOSSIBILIDADE –
CONDENAÇÃO LANÇADA – A realização da perícia por amostragem é procedimento
regular, sendo prescindível o exame de cada um dos produtos apreendidos. – Aquele que
expõe à venda, com objetivo de lucro cópia de obra intelectual, fonograma ou videograma
produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral, atestado por perícia, responde
o agente pelas sanções do art. 184, § 2º, do Código Penal. – A adequação social não tem
condão de afastar figuras típicas devidamente eleitas pelo legislador. – Recurso provido.
V.V. EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL – VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL – ART. 184,
§ 2º DO CP – RECURSO MINISTERIAL – CONDENAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE.
RECURSO NÃO PROVIDO. 1. O crime do art. 184, § 2º, do CP, está sujeito a
procedimento especial, que exige rigorosa prova técnica da materialidade do crime (arts.
530-B, 530-C e 530-D, do CPP). 2. Se o auto de apreensão e o laudo pericial não
descrevem de forma pormenorizada e individualmente os CDs e DVDs apreendidos e que
seriam, em tese, contrafeitos, a prova técnica é imprestável para a comprovação da
existência material do delito.”(TJ-MG – APR: 10707081560625001 MG, Relator: Silas
Vieira, Data de Julgamento: 19/03/2013, Câmaras Criminais / 1ª CÂMARA CRIMINAL,
Data de Publicação: 01/04/2013)

PROCEDIMENTO DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 327, § 1º, in verbis:

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em


entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço
contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração
Pública.

§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos
neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou
assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.

F O funcionário público é todo aquele empregado de uma administração estatal, que


mantém um vínculo com o Estado.

F conceito por Plácido e Silva, Ed. Forense, 3º ed., pág. 331: "Já assim se diz, no sentido
da lei brasileira, para a pessoa que está legalmente investida em cargo público. E, desse
modo, toda pessoa que exerce cargo criado por lei, em número certo e denominação
própria, remunerado pelos cofres públicos".
Ao dizer “crimes de responsabilidade de funcionários públicos”, na verdade, o
legislador quis tratar dos crimes praticados por funcionários públicos NO EXERCÍCIO DE
SUAS FUNÇÕES.

F o Direito Processual Penal não guarda relação direta com os crimes de


responsabilidade praticados pelo Presidente da República e outras autoridades listadas
na CF/1988 (os quais, inclusive, são infrações de natureza administrativa, e não penal).

São, portanto, crimes de responsabilidade dos


funcionários públicos, sob o prisma do CPP, os
seguintes delitos, listados entre os artigos 312 a 326
do Código Penal:
Ou seja, aplicam-se as regras dos arts. 513 a 518 do
CPP para os delitos tipifi cados no Capítulo I do
Título XI do Código Penal,os crimes praticados por
funcionários públicos contra a Administração em
Geral.

ü Código de Processo Penal preve regras de procedimento especiais para os processos


referentes aos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos – ARTIGOS 513 a
518

ü No sentido estrito, a expressão crimes de responsabilidade refere-se às infrações


político-administrativas, sujeitas às sanções político-administrativas (perda de cargo, de
função, de mandato etc.) e submetidas à jurisdição política (Senado, Câmara dos
Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais).

ü Entretanto, em sentido mais amplo, a denominação abrange todos os delitos praticados


no exercício de função pública, do Executivo, Legislativo ou Judiciário.
Os crimes funcionais podem ser divididos em crimes funcionais próprios e impróprios.

ü Os crimes funcionais próprios só podem ser praticados por funcionários públicos, ou seja
a conduta apenas é ilícita quando praticada por um funcionário público;

ü crimes funcionais impróprios, são aqueles que podem ser praticados também por
particulares, independe de ser ou não o agente funcionário público, ocorre apenas uma
nova tipificação.

Tanto os crimes funcionais próprios como os impróprios submetem-se ao procedimento


especial, que é o caso dos crimes previstos nos artigos 312 a 326 do CP e 3º da lei 8.137-
1990.

è QUANTO AO PROCEDIMENTO:

Nestes crimes, o Código de Processo Penal diferencia o procedimento conforme o caráter


INAFIANÇÁVEL ou AFIANÇÁVEL do delito

F No crime inafiançável, o rito previsto é praticamente idêntico ao procedimento


comum ordinário, dele se diferenciando apenas em razão do que prevê o artigo 513 do
CPP.

F São inafiançáveis os crimes apenados com reclusão em que a pena mínima for superior
a 2 anos, conforme o artigo 323, I, do Código Processual Penal.

F No crime afiançável, estabelece o artigo 514 do CPP que, antes do recebimento da


inicial, deve o acusado ser notificado para apresentação de defesa preliminar, seguindo-
se, de resto, a disciplina do procedimento comum ordinário.

O procedimento especial para processo de crimes de responsabilidade de funcioná rios


públicos só se aplica aos crimes AFIANÇÁVEIS.

É o que se aduz da inteligência do art. 514 do CPP:

Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro
do prazo de quinze dias.

Uma vez que sabemos disso, naturalmente surge a seguinte pergunta:


F E como devem ser processados os crimes
funcionais inafiançáveis?
Segundo a doutrina, para os crimes funcionais inafiançáveis, deve ser aplica- do o
procedimento comum ordinário, e não o procedimento especial previsto no Título II,
Capítulo II do CPP.

è PROCEDIMENTO PELO RITO ESPECIAL – CRIMES AFIANÇAVEIS

F A – Oferecimento da denúncia ou queixa:

A inicial deverá observar os requisitos do artigo 41 do CPP, instruída, ainda com os


documentos ou justificativas que façam presumir a existência do crime ou declaração
fundamentada quanto à impossibilidade de fazê-lo (artigo 513).

F B- Autuação e notificação para resposta preliminar em 15 dias (artigo 514):

F Não sendo o caso de rejeição liminar com fundamento no artigo 395 do CPP,
determinará o juízo a notificação do acusado para responder à acusação, conforme o
artigo 514 do CPP.

F Nucci ressalta que a notificação do acusado para, previamente ao recebimento da


denúncia, manifestar-se sobre o tema, apresentando sua defesa e evitando que seja a
inicial recebida, é privativa do funcionário público, não se estendendo ao particular que
seja coautor ou partícipe.

F C- Deliberação quanto ao recebimento ou rejeição da inicial:

ü o magistrado terá duas opções:

a. Rejeitar a denúncia ou a queixa, verificar hipótese do artigo 395 do CPP ou se concluir


no sentido da inexistência do crime ou da improcedência da ação (artigo 516 do CPP).

b. No caso se o juiz rejeitar a denúncia ou a queixa deve fazer um despacho


fundamentado, se convencido, pela resposta do acusado ou de seu defensor.
c. Receber a exordial acusatória, ordenando, então, a citação do acusado para, em dez
dias, responder à acusação com base no artigo 396 do CPP, ocasião em que poderá o
advogado arguir preliminares e alegar tudo o que interessa á sua defesa. Neste caso não
necessita de fundamentação do juiz.

F A decisão que recebe a inicial é irrecorrível, mas nada impede a impetração de habeas
corpus. Do despacho que rejeita a denúncia cabe, como sempre, recurso em sentido
estrito (artigo 581,l do CPP).

è PROSSEGUIMENTO SEGUNDO OS TERMOS DO RITO ORDINÁRIO (ARTIGO 518


DO CPP):

F Recebida a exordial, ordenada a citação do réu e apresentada a resposta do acusado,


determinará o magistrado o prosseguimento do processo nos exatos termos previstos para
o procedimento ordinário.

Art. 513 – Denúncia

Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo processo e


julgamento competirão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será instruída
com documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com
declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas
provas.

O teor do art. 513 é bastante simples: é ressaltada a competência dos juízes de direito
para o caso de crimes de responsabilidade de funcionários públicos, e especificado que a
queixa (no caso de delitos de ação penal privada) e a denúncia (em crimes de ação penal
pública) devem ser instruídas com documentos ou justificativas que façam presumir a
existência do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade da
apresentação de qualquer dessas provas.

Art. 514
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro
do prazo de quinze dias.

Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar fora da
jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta
preliminar.

O ponto chave do art. 514 é a chamada defesa preliminar, que deve ser apresentada uma
vez que o funcionário público é notificado da acusação.

Entretanto, é importante notar que, caso a acusação


esteja embasada em inquérito policial, a defesa
preliminar passa a ser considerada desnecessária,
por força da Súmula 330/STJ:
É desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 514 do Código de Processo
Penal – CPP, na ação penal instruída por inquérito policial.

Se a denúncia não estiver embasada no IP, no entanto, o fluxo procedimental que se


seguirá é o seguinte:

ILUSTRAÇÃO QUE NÃO APARECE O AVA

Observe que o CPP fala em NOTIFICAÇÃO, e não em CITAÇÃO, nesse caso.

Defesa Preliminar
A defesa preliminar aqui apresentada é verdadeiro direito do funcionário públi- co, que se
aplica ao caso concreto com o objetivo de evitar que a denúncia seja recebida, motivo
pelo qual tal defesa ocorre antes da avaliação do recebimento da denúncia.

É interessante notar que, como se trata de direito do funcionário público, se


um PARTICULAR praticar um delito funcional em concurso com um funcionário público,
aquele não terá o direito à defesa preliminar. Esse direito não se estende aos particulares!

E se o funcionário público praticar, em concurso,


dois delitos: um funcional e um comum?
Nesse caso, tanto o STF quanto o STJ entendem que o funcionário público não terá
direito de apresentar a defesa preliminar em ambos os crimes
Art. 515
Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante o prazo concedido para a
respos- ta, os autos permanecerão em cartório, onde poderão ser examinados pelo
acusado ou por seu defensor.

Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com documentos e justificações.

Uma vez concedido o prazo para a defesa preliminar, o CPP determina a manutenção dos
autos no cartório da vara, para que possam ser analisados tanto pelo funcionário público
acusado quanto por seu defensor.

O parágrafo único é autoexplicativo: a resposta (que irá caracterizar a defesa


preliminar) pode ser instruída com documentos e justificações.

Nulidade & Defesa Preliminar


Antes de continuar a leitura do CPP, é importante observar que o entendimento doutrinário
se mantém atualmente no sentido de que a nulidade gerada pela falta de defesa
preliminar é apenas RELATIVA.

Além disso, se o funcionário público opta por não exercer a defesa preliminar, também não
há nulidade do feito, haja vista que estamos diante de um ato facul- tativo: o funcionário
só exerce esse direito se quiser

Art. 516

Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, se


convencido, pela resposta do acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime
ou da improcedência da ação.

Este é um artigo simples, cuja leitura é essencial e cujo conteúdo é bastante simples. A
rejeição da denúncia ou queixa, nos crimes funcionais, deve ser reali- zada sempre de
forma fundamentada, em casos nos quais o juiz se convencer de que não houve crime
ou que a ação intentada improcede.

Perceba, portanto, que a principal diferença entre o rito comum e o rito espe- cífico de
apuração de delitos praticados por funcionários públicos está na defesa preliminar. Não
tem muito segredo!

Art. 517 & 518

Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acusado citado, na forma estabele-
cida no Capítulo I do Título X do Livro I.
Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos do processo, observar-se-á o
dis- posto nos Capítulos I e III, Título I, deste Livro.

Os dois artigos acima são realmente muito simples: o legislador determina que, após o
recebimento da denúncia/queixa, deve-se seguir o procedimento co mum
ordinário para os passos seguintes do processo. É só isso!

è FUNCIONÁRIO PÚBLICO COM FORO PRIVILEGIADO.

O rito especial previsto no artigo 514 e seguintes do CPP não se aplicam a quem possua
foro privilegiado junto ao STF, STJ, Tribunais de Justiça dos Estados e Tribunais
Regionais Federais, nesses casos o procedimento a ser aplicado é o previsto nos artigos 1
a 12 da Lei 8038 de 1990 – refente a procedimentos para os processos perante o STJ
e STF

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