AULA 7 PROCEDIMENTOS PENAIS ORDINÁRIO, SUMÁRIO E SUMARÍSSIMO
AULA 7 PROCEDIMENTOS PENAIS ORDINÁRIO, SUMÁRIO E SUMARÍSSIMO
AULA 7 PROCEDIMENTOS PENAIS ORDINÁRIO, SUMÁRIO E SUMARÍSSIMO
i. Ordinário;
ii. Sumário;
b) Procedimento Especial;”
a) “Ordinário – quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou
superior a 4 anos de privativa de liberdade;
b) Sumário – quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a
4 anos de pena privativa de liberdade;
c) Sumaríssimo – para as infrações penais de menor potencial ofensivo (em regra são
aquelas cuja pena máxima abstrata não excede 2 anos, além das contravenções penais
comuns.”
è PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
F Procedimento será ordinário quando a pena máxima em abstrato do crime cometido for
maior ou igual a 4 anos.
F Diz o art. 394, CPP: O procedimento será comum ou especial.
Este procedimento se inicia com a denúncia do réu (ação penal pública), ou com a queixa-
crime (ação penal privada).
F - Receber a denúncia/queixa-crime
- Este recebimento se dará apenas se a peça inicial cumprir com os requisitos do artigo 41,
ou seja, houver indícios de autoria e materialidade do crime.
- Para esta decisão não cabe recurso, porém poderá haver eventual Habeas Corpus.
F - Rejeição (395)
- O juiz rejeitará a peça inicial caso esta seja inepta, falte condição ou pressuposto
processual ou haja falta de justa causa.
F Após citado, o réu irá dispor de 10 dias para apresentar a sua resposta à acusação
= RA
F O prazo para resposta começa a fluir da data em que o acusado é citado. No entanto,
caso tenha sido citado por edital (por não ter sido encontrado), o prazo só começa a fluir
da data em que o réu ou seu defensor comparecer, eis que havendo a citação por edital, e
não comparecendo o réu e não constituindo defensor, suspende-se tanto o processo
quanto o curso do prazo prescricional.
Diz o art. 396-A, do CPP: Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar
tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar
as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua
intimação, quando necessário.
F Caso o acusado apresente alguma Exceção (de suspeição, impedimento, etc.), esta
será autuada em apartado (fora dos autos do processo principal), nos termos do art. 396-
A, § 1º, do CPP.
Além disso, se mesmo tendo o acusado constituído advogado este não apresentar a
defesa, o Juiz deverá, de ofício, remeter os autos à Defensoria Pública (se houver na
localidade).
F Se não houver, deverá nomear um defensor dativo para que apresente a defesa em
favor do acusado.
F Na resposta a acusação o advogado poderá levantar três tipos de teses, que levaram
a três tipos diferentes de pedidos, quais sejam
- mérito – tese que tentará convencer o juiz a conceder a absolvição sumária do réu (art.
397 – julgamento antecipado da lide a favor do réu)
- tese subsidiária – Se, eventualmente, o juiz recusar as duas primeiras teses, poderá o
advogado, sem prejuízo, alegar circunstâncias que visem melhorar a condição do réu caso
este venha a ser condenado.
F O processo volta a conclusão para que o juiz aprecie os pedidos, podendo ocorrer uma
de três hipóteses diferentes:
- Diante de novo juízo de admissibilidade, com uma nova cognição poderá rejeitar a
denúncia (art. 395 do CPP);
- Determinar a absolvição sumária do réu (art. 397 do CPP); ou
F O art. 222, do CPP trata de hipótese de testemunha que reside fora da jurisdição do
Juiz. Neste caso, deverá ser ouvida mediante carta precatória e rogatória.
F Art. 401, do CPP: Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas
arroladas pela acusação e 8 (oito) pela defesa.
- causa complexa; ou
Não havendo requerimento de diligências, ou, tendo havido, após a realização destas ou o
seu indeferimento, entra-se na fase das alegações finais.
No entanto, embora esta seja a regra, o CPP permite que, sendo o caso muito complexo
(ou em razão do número excessivo de acusados), o Juiz autorize às partes
apresentarem as alegações por escrito, no prazo de cinco dias (MEMORIAIS) findo o
qual o Juiz deverá proferir a sentença, no prazo de dez dias.
F As alegações finais serão apresentadas por escrito, ainda, quando houver de ser
realizada alguma diligência, pois, nesse caso, é impossível apresentar as alegações finais
oralmente na audiência, já que ainda há uma instrutória em andamento
Conforme estabelece o artigo 394, §1º, inciso II, do CPP, o procedimento sumário será
adotado quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for inferior a 4
(quatro) anos de pena privativa de liberdade. O § 5° deste mesmo artigo prevê que
aplicam-se subsidiariamente a este procedimento as disposições do procedimento
ordinário.
Sendo a citação realizada por edital, o prazo começará a fluir a partir do comparecimento
pessoal do acusado ou do defensor constituído.
Na resposta, o acusado irá arguir preliminares e alegar tudo que interessar à sua defesa,
assim como irá oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e
arrolar testemunhas, sendo no máximo 5, requerendo sua intimação quando
necessário. Não apresentando a resposta no prazo, o juiz deverá constituir um defensor
para que a ofereça em seu lugar e conceder vista dos autos por 10 dias.
3. Citação e Interrogatório
Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para audiência, ordenando a
intimação do acusado, de seu defensor, do MP e se for o caso, do querelante e do
assistente. No caso do acusado preso, deverá ser requisitado para comparecer ao
interrogatório e sua apresentação deverá ser providenciada pelo Poder Público.
Com o novo procedimento, o processo inicia-se com a citação do acusado e não mais com
o recebimento da denúncia ou da queixa, como era observado anteriormente. Isto posto,
só pode falar em perempção do momento da citação em diante, e não mais antes dessa.
Deve ocorrer uma audiência una que abrangerá todas as etapas para a realização
completa da instrução e essa audiência deve ser realizada a tomada de declarações do
ofendido, se possível, à inquirição de testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa,
nessa ordem, com exceção das testemunhas que morarem fora da jurisdição do juiz que
deverão ser inquiridas pelo magistrado do lugar de sua residência, expedindo-se, para
esse fim, carta precatória com prazo razoável. Essa carta precatória não suspenderá a
instrução criminal. Findo o prazo estabelecido para o cumprimento da carta precatória
pode ser procedido o julgamento.
Todas as provas deverão ser produzidas nessa audiência, desde que o juiz as considere
relevantes, pertinentes e de possível apresentação imediata, ou seja, não protelatórias.
Nenhum ato deverá ser adiado, salvo quando imprescindível a prova faltante,
determinando o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer. Havendo ou não a
suspensão da audiência, a testemunha que comparecer será inquirida.
No debate serão oferecidas as alegações finais orais por 20 minutos, respectivamente,
pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 minutos. Se houver mais de um
acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. E o assistente do
MP, por sua vez, terá direito à manifestação por 10 minutos, após a manifestação do
primeiro, prorrogando-se por igual período o tempo da manifestação da defesa. Logo após
os debates o juiz proferirá sentença.
O juiz terá 30 dias para concluir o processo, independente de o réu estar solto ou preso.
5. Relatório
Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas
partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela apresentados. Sempre que
possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas
será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica
similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações. No caso
de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia do registro original,
sem necessidade de transcrição.
6. Ação Civil
A Lei nº 11.719/08 institui um parágrafo único no artigo 63 do CPP o qual prevê que
"transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo
valor fixado nos termos do inciso IV do caputdo art. 387 deste Código sem prejuízo da
liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido". Assim sendo permite ao juiz
criminal, ao sentenciar, que profira, além da decisão do mérito, uma condenação certa e
determinada e em parte líquida, que pode ser executada de plano pela vítima que sofreu o
dano e pretende reparação.
Sumário:
Ordinário:
Procedimento Sumaríssimo
Suas diferenças com os outros procedimentos desde antes do surgimento da ação penal,
pois se o sujeito for preso em flagrante será lavrado um termo circunstanciado, ou se logo
após o crime comparecer imediatamente ao juizado e assinar termo de compromisso
informando que irá comparecer em audiência em data e local marcados, a este não será
imposta prisão nem se exigirá fiança.
Nesta primeira audiência haverá, primeiramente, uma tentativa de conciliação que poderá
ser de duas formar:
Caso seja infrutífera a conciliação será oferecida a denúncia, aqui feita de forma oral.
Neste procedimento o número de testemunhas não está estipulado em lei, sendo adotado
de modo geral até 5 testemunhas e em casos mais complexos pode vir a ser aceito até 8
testemunhas, há ainda correntes que dizem que por este ser um procedimento mais célere
o número máximo deva ser 3 testemunhas.
A parte poderá desistir de inquirir qualquer de suas testemunhas, se o juiz fizer questão de
ouvi-la, pois o Juiz pode determinar a oitiva de testemunha que não tenha sido arrolada
pela parte.
As provas deverão ser sempre produzidas numa mesma audiência. Caso as partes
desejem algum esclarecimento dos peritos, deverão requerer esses esclarecimentos
previamente.
Desse modo, ao analisarmos os temas delineados acima, devemos fazer isso a luz do
princípio do devido processo legal, seja no seu aspecto formal (exige o respeito a um
conjunto de garantias processuais mínimas, como contraditório, juiz natural, a duração
razoável do processo e outras) e em sua dimensão substancial[2] (está ligada a ideia de
um processo legal justo e adequado, materialmente informado pelos princípios da justiça,
com base nos quais os juízes podem e devem analisar os requisitos intrínsecos da lei).
A resposta à inicial acusatória é peça obrigatória, dessa maneira, não é concebível que
não seja a resposta oferecida nos autos, razão pela qual o §2°, do art. 396-A, CPP, passou
a dispor que “não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não
constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferece-la, concedendo-lhe vista dos
autos por 10 dias. Quanto ao conteúdo, a resposta à inicial acusatória não tem similitude
com a defesa prévia antes regrada pelo CPP, que não tinha outra utilidade senão a de
apresentar o rol de testemunhas. Agora, o juiz tem autorizativo legal expresso para julgar
antecipadamente o mérito penal quando estiver comprovada situação fática ou jurídica que
autorize provimento que afaste o pedido condenatório (art. 397, CPP).
Realizado ao final da audiência de instrução e julgamento, a par das novas regras da lei n°
11.719/2008, o interrogatório observará ainda os artigos 185 e seguintes, do Código de
Processo Penal, com a redação dada pela lei n° 10.792/2003 e 11.900/09. Tratando-se do
interrogatório do acusado preso, admite-se a realização do ato no estabelecimento
prisional onde estiver recolhido, com as cautelas atinentes à segurança das pessoas que
participam da audiência, publicidade do ato, além da presença do defensor.
Com a nova roupagem procedimental, o princípio da oralidade ganha destaque, com forte
apego à palavra falada, notadamente quando se conclui que os debates orais passam a
ser regra, e os memoriais exceção. Ademais, o princípio da concentração também irriga o
procedimento, já que os atos de instrução estarão concentrados numa só audiência.
Enxergamos a possibilidade de a audiência ser desmembrada, notadamente pelo elevado
número de pessoas a serem ouvidas, o que pode inviabilizar o ato em um só dia. Podemos
invocar, por analogia, o art. 348 do CPP, que trata da mutatio libelli, onde, havendo o
aditamento da denúncia e posterior manifestação defensiva, o juiz designará dia para a
continuação da audiência que tinha sido interrompida (§2°). Tem-se ainda o princípio da
imediatidade, onde a instrução probatória irá tramitar perante o juiz que preside o feito, já
que é ele quem vai proferir decisão (princípio da imediatidade física do julgador). Em boa
hora foi consagrado o princípio da identidade física, que já era assimilado no processo civil
(art. 132 do CPC). O magistrado que preside a instrução é aquele que vai decidir, pois
conhece o manancial probatório e por sua vez, o réu a ser julgado. Nada impede que a
regra seja excepcionada, como por afastamento, licença, aposentadoria, dentre outros
motivos (analogia ao art. 132 do CPC)[3].
O novo CPC, em seu artigo 366, trouxe regra, aplicável por analogia, com redação que
autoriza concluir pela existência desse princípio (identidade física). A ideia é a de que o
feito seja julgado pelo juiz que conduziu a instrução, só excepcionando a regra quando
diante de afastamentos legais duradouros. Sendo o caso de afastamento temporário e de
curta duração do magistrado, não estará configurada situação apta a obrigar que o juiz que
o substitui nesse interregno profira a sentença. A contrário sensu, também não lhe será
permitido, nesse breve tempo de afastamento, preferir sentença no feito que não instruiu,
mormente porque o titular do feito não estará, a rigor, incurso nas condições suficientes
que permite a substituição (juiz licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou
aposentado).
Procedimentos Especiais
São muitos os procedimentos especiais previstos nas leis processuais penais e no próprio
Código de Processo Penal. Alguns ritos são tratados como especiais, por exemplo,
quando se distinguem apenas por uma fase preliminar, que antecede o recebimento da
denúncia, ou a partir do prazo concedido para as alegações finais. A diferença, por vezes
é tênue. Em outros casos, é verificada uma distinção em virtude de tramitar o processo em
órgão colegiado.
O intérprete deve estar atento para a multiplicidade de ritos e mesmo para sobreposição
de enunciados normativos que demandarão compreensão hermenêutica com vistas a
evitar alegação de nulidade ou mesmo de trazer prejuízo para as partes. O procedimento
envolve, não raras vezes, questões sobre competência e critérios relativos ao sujeito
passivo ou ao tipo de crime.
Malgrado seja muitos os procedimentos especiais, não iremos abordar nesse artigo
científico toda gama, devido ser bastante amplo o rol de procedimentos, e a análise ser
totalmente analítica.
Aplica-se a crimes cometidos por funcionário público, que não tenha prerrogativa inerente
à função ou ao cargo que exerce, sendo a competência para julgamento do juiz de
primeiro grau. A denúncia ou queixa deve vir instruída com a documentação que confira
lastro probatório mínimo à acusação, ou seja, “com documentos ou justificação que façam
presumir a existência do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade de
apresentação de qualquer dessas provas” (art. 513, CPP).
O procedimento especial previsto nos artigos 513 a 518 do Código de Processo Penal só
se aplica aos delitos funcionais típicos, descritos nos artigos 312 a 326 do Código Penal,
nesse sentido:
E também, o STF:
Peculiaridades:
c) Perda da condição de funcionário público: não mais terá direito à defesa preliminar.
Este fato deve ser constatado na fase procedimental adequada, quando o magistrado for
determinar a notificação para o ato.
Boa parte dos crimes contra a honra é regida pela lei dos juizados especiais. Com a
promulgação da lei n° 10.259/2001, que instituiu os juizados especiais federais, a doutrina
e a jurisprudência majoritária passaram a entender que a definição de delito de menor
potencial ofensivo é baseada, exclusivamente, no quantitativo máximo da pena em
abstrato, não excepcionando mais a especialidade do rito, como antes fazia a lei n°
9.099/1995, em seu art.61, alterado pela lei n° 11.343/2006. O que levou à consolidação
dessa posição foi a noção de isonomia, de status constitucional. Dessa forma, quase todos
os delitos contra a honra passaram a ser processados perante o juizado especial criminal
federal ou estadual, à exceção, por exemplo:
1) Dos crimes eleitorais, onde não se tem um juizado especial eleitoral e há um rito
próprio das leis eleitorais;
3) Dos crimes contra honra perpetrados por agente com prerrogativa de função, cujo
processo tem rito próprio estatuído em disciplina normativa específica;
O procedimento especial para os crimes contra a honra sobejou, pois, de maneira restrita,
já que a regra é que tais infrações sejam processadas no seio dos juizados especiais.
Julgados:
Sequência:
O rito para os crimes contra a propriedade imaterial está disposto nos artigos 524 a 530-I,
CPP. Nota-se uma especial preocupação legislativa nessa esfera, mormente em face da
ampliação da disciplina normativa e do agravamento das penas dos crimes de pirataria
(“crimes contra a propriedade intelectual”), dado pela lei n°10.695/2003, que expressou
que esse procedimento também é aplicável aos processos iniciados mediante queixa (art.
530-A CPP), assim como previu expressamente que “as associações de titulares de
direitos de autor e os que lhes são conexos poderão, em seu próprio nome, funcionar
como assistente da acusação nos crimes previstos no art. 184 do Código de Penal”
(violação de direito autoral), “quando praticado em detrimento de qualquer de seus
associados” (art. 530, H, CPP).
Observe que o prazo decadencial para o início da ação penal privada por crime contra a
propriedade imaterial que deixe vestígios é peculiar. É assim que o art. 529, CPP, estatui
que não será admissível queixa-crime, com fundamento em apreensão e em perícia,
depois de transcorridos 30 dias da homologação do laudo. Tem prevalecido o
entendimento que a previsão do procedimento especial deve ser compatibilizada com a
regra geral para a propositura da ação privada, que é de 6 meses, contados do
conhecimento da autoria da infração. Desta forma, conhecido o infrator, é deflagrado o
prazo decadencial de 6 meses. Ficando pronto o laudo, com a respectiva homologação,
terá então a vítima no máximo 30 dias para deflagrar a ação.
O laudo pericial dos objetos que constituam o corpo de delito deve acompanhar a
denúncia ou a queixa que narra crime contra a propriedade imaterial sempre que a
infração for daquelas que deixem vestígios, sendo o laudo verdadeira condição de
procedibilidade sem a qual a inicial não será recebida (art. 525, CPP). Isso equivale dizer
que, se o crime não deixar vestígios, a exigência do laudo será despropositada[10].
A materialidade delitiva é, pois, indispensável para tornar possível o recebimento da
denúncia ou da queixa, nos delitos não transeuntes (que deixam vestígios). Para tanto,
poderá ser requerida busca e apreensão dos objetos relacionados com o crime, quando
não tiver sido o caso de apreensão pela autoridade policial. Para a realização dessa
diligência, o juiz nomeará 2 peritos com a incumbência de verificarem “a existência de
fundamento para a apreensão, e quer esta se realize, quer não, o laudo pericial será
apresentado dentro de 3 dias após o encerramento da diligência (art.527, caput, CPP). É
de ver que “o requerente da diligência poderá impugnar o laudo contrário à apreensão, e o
juiz ordenará que esta se efetue, se reconhecer a improcedência das razões aduzidas
pelos peritos” (parágrafo único, art. 527 CPP). Uma vez encerradas as diligências, os
autos de busca e apreensão serão conclusos para fins de homologação do laudo (art. 28
do CPP). Em razão da alteração propugnada no art. 159 do CPP pela lei n° 11.690/2008, o
perito oficial, atuará sozinho, não sendo mais necessária a participação de 2 experts.
Por fim, o art. 530-G, CPP, explicita que o juiz, ao proferir “sentença condenatória, poderá
determinar a destruição dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos e o perdimento
dos equipamentos apreendidos”, quando se destinem precipuamente “à produção e
reprodução dos bens, em favor da Fazenda Nacional, que deverá destruí-los ou doá-los
aos Estados, Municípios e Distrito Federal, a instituições públicas de ensino e pesquisa ou
de assistência social”, como também “incorporá-los, por economia ou interesse público, ao
patrimônio da União, que não poderão retorná-los aos canais de comércio”.
Julgados:
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos
neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou
assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
F conceito por Plácido e Silva, Ed. Forense, 3º ed., pág. 331: "Já assim se diz, no sentido
da lei brasileira, para a pessoa que está legalmente investida em cargo público. E, desse
modo, toda pessoa que exerce cargo criado por lei, em número certo e denominação
própria, remunerado pelos cofres públicos".
Ao dizer “crimes de responsabilidade de funcionários públicos”, na verdade, o
legislador quis tratar dos crimes praticados por funcionários públicos NO EXERCÍCIO DE
SUAS FUNÇÕES.
ü Os crimes funcionais próprios só podem ser praticados por funcionários públicos, ou seja
a conduta apenas é ilícita quando praticada por um funcionário público;
ü crimes funcionais impróprios, são aqueles que podem ser praticados também por
particulares, independe de ser ou não o agente funcionário público, ocorre apenas uma
nova tipificação.
è QUANTO AO PROCEDIMENTO:
F São inafiançáveis os crimes apenados com reclusão em que a pena mínima for superior
a 2 anos, conforme o artigo 323, I, do Código Processual Penal.
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro
do prazo de quinze dias.
F Não sendo o caso de rejeição liminar com fundamento no artigo 395 do CPP,
determinará o juízo a notificação do acusado para responder à acusação, conforme o
artigo 514 do CPP.
F A decisão que recebe a inicial é irrecorrível, mas nada impede a impetração de habeas
corpus. Do despacho que rejeita a denúncia cabe, como sempre, recurso em sentido
estrito (artigo 581,l do CPP).
O teor do art. 513 é bastante simples: é ressaltada a competência dos juízes de direito
para o caso de crimes de responsabilidade de funcionários públicos, e especificado que a
queixa (no caso de delitos de ação penal privada) e a denúncia (em crimes de ação penal
pública) devem ser instruídas com documentos ou justificativas que façam presumir a
existência do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade da
apresentação de qualquer dessas provas.
Art. 514
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro
do prazo de quinze dias.
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar fora da
jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta
preliminar.
O ponto chave do art. 514 é a chamada defesa preliminar, que deve ser apresentada uma
vez que o funcionário público é notificado da acusação.
Defesa Preliminar
A defesa preliminar aqui apresentada é verdadeiro direito do funcionário públi- co, que se
aplica ao caso concreto com o objetivo de evitar que a denúncia seja recebida, motivo
pelo qual tal defesa ocorre antes da avaliação do recebimento da denúncia.
Uma vez concedido o prazo para a defesa preliminar, o CPP determina a manutenção dos
autos no cartório da vara, para que possam ser analisados tanto pelo funcionário público
acusado quanto por seu defensor.
Além disso, se o funcionário público opta por não exercer a defesa preliminar, também não
há nulidade do feito, haja vista que estamos diante de um ato facul- tativo: o funcionário
só exerce esse direito se quiser
Art. 516
Este é um artigo simples, cuja leitura é essencial e cujo conteúdo é bastante simples. A
rejeição da denúncia ou queixa, nos crimes funcionais, deve ser reali- zada sempre de
forma fundamentada, em casos nos quais o juiz se convencer de que não houve crime
ou que a ação intentada improcede.
Perceba, portanto, que a principal diferença entre o rito comum e o rito espe- cífico de
apuração de delitos praticados por funcionários públicos está na defesa preliminar. Não
tem muito segredo!
Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acusado citado, na forma estabele-
cida no Capítulo I do Título X do Livro I.
Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos do processo, observar-se-á o
dis- posto nos Capítulos I e III, Título I, deste Livro.
Os dois artigos acima são realmente muito simples: o legislador determina que, após o
recebimento da denúncia/queixa, deve-se seguir o procedimento co mum
ordinário para os passos seguintes do processo. É só isso!
O rito especial previsto no artigo 514 e seguintes do CPP não se aplicam a quem possua
foro privilegiado junto ao STF, STJ, Tribunais de Justiça dos Estados e Tribunais
Regionais Federais, nesses casos o procedimento a ser aplicado é o previsto nos artigos 1
a 12 da Lei 8038 de 1990 – refente a procedimentos para os processos perante o STJ
e STF